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Gemeses<br />
O Cavado na Barca do Lago é largo... com águas tranquilas e espraiadas pelas<br />
margens baixas, parece um lago, realmente. Enquanto não se fez uma ponte<br />
sobre o rio, este era um dos melhores locais de passagem, desde os remotos<br />
tempos medievais em que peregrinos se deslocavam para Santiago de<br />
Compostela. Por isso a “barca”, que ligava as duas margens num vai-e-vem<br />
constante, conforme havia gente para atravessar. Em ambas as margens havia<br />
barqueiros, que atendiam aos pedidos dos viajantes, de qualquer condição<br />
social. Quando D. Manuel I foi em peregrinação a Compostela, passou nesta<br />
barca, que era a única forma razoável de atravessar o Cavado. Mas este “lago”<br />
não favorece a região apenas com um bom ponto de passagem do rio. As<br />
águas são férteis em peixes, e a pescaria sempre aqui foi abundante e<br />
proveitosa. As técnicas da pesca nesta zona do rio são muito diversificadas,<br />
conforme as espécies desejadas; das redes às canas há várias maneiras de<br />
aproveitar o que o rio oferece. E não esqueçamos a lampreia, tão apreciada... e<br />
tão exigente na arte de a apanhar. O local é tão aprazível que as casas nobres<br />
aqui se fixaram. Havia residências de famílias brasonadas numa e noutra<br />
margem. Em redor do Lago havia actividade todo o ano. Mais recentemente, a<br />
Barca do Lago perdeu a sua função, quando a ponte transpôs o Cavado<br />
facilitando a passagem de pessoas e mercadorias. Mas ganhou outra<br />
atractividade, quando o lazer e os desportos náuticos passaram ao quotidiano<br />
de tantos de nós.<br />
Na divisória entre a freguesia de Gemeses e Perelhal (concelho de Barcelos)<br />
na base do Monte de Arnelas, existe um local com uma vista panorâmica<br />
fabulosa sobre a freguesia, o curso médio do rio Cavado no concelho de<br />
<strong>Esposende</strong> e o seu litoral norte. Neste cabeço sobranceiro a Gemeses,<br />
vislumbra-se restos de uma mamoa e vários esteios, ruínas de um velho<br />
moinho de vento de estrutura circular, e escombros graníticos que, segundo a<br />
tradição oral popular, pertenceriam à “Capela Velha do Monte” e que nunca<br />
teria sido finalizada, bem como um monólito que marca a divisão entre as duas<br />
freguesias.