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INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE DIVISÃO ... - Rickardo.com.br

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<strong>INTRODUÇÃO</strong> <strong>À</strong> <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DA</strong> <strong>ARTE</strong><<strong>br</strong> />

PROF. ROGERIO LIMA<<strong>br</strong> />

<strong>DIVISÃO</strong> <strong>DA</strong> PRÉ-<strong>HISTÓRIA</strong><<strong>br</strong> />

Paleolítico" ou "Idade da Pedra Antiga (lascada)" é um termo criado no século XIX para definir o período<<strong>br</strong> />

mais antigo da História do Homem, anterior ao "Neolítico" ou "Idade da Pedra Nova (polida)". A duração<<strong>br</strong> />

deste período, o mais longo da História da Humanidade, é de cerca de 2,5 milhões de anos, desde o<<strong>br</strong> />

momento em que surgiram os primeiros seres humanos que fa<strong>br</strong>icaram artefatos líticos até ao fim da última<<strong>br</strong> />

época glacial, que terminou há cerca de 10 000 anos.Durante o Paleolítico, o Homem vivia da exploração<<strong>br</strong> />

dos recursos silvestres. As atividades de subsistência resumiam-se à pesca, à caça e à coleta de vegetais.<<strong>br</strong> />

As analogias que se podem fazer <strong>com</strong> as sociedades de caçadores-coletores atuais permitem concluir que a<<strong>br</strong> />

unidade social básica devia ser o bando, isto é, um agrupamento de dimensão reduzida (vinte e cinco<<strong>br</strong> />

pessoas em média) formado pela união voluntária de um pequeno número de famílias. Estes grupos<<strong>br</strong> />

deslocavam-se regularmente, em função das variações na abundância dos recursos alimentares, no interior<<strong>br</strong> />

de um território delimitado. Era no quadro desta vida itinerante que tinham lugar, quando os grupos se<<strong>br</strong> />

reuniam para a realização de caçadas conjuntas ou a cele<strong>br</strong>ação de cerimônias religiosas, os acordos de<<strong>br</strong> />

acasalamento e a transmissão de idéias, de técnicas e de modas artísticas. O Paleolítico pode ser dividido<<strong>br</strong> />

em três fases distintas, que se definem em função dos tipos de utensílios de pedra sucessivamente<<strong>br</strong> />

utilizados: Inferior, Médio e Superior. A utilização deste critério de periodização deve-se ao fato de as peças<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>icadas em pedra serem aquelas que melhor se preservam e, portanto, serem também as mais<<strong>br</strong> />

numerosas e fáceis de encontrar.<<strong>br</strong> />

PALEOLÍTICO INFERIOR<<strong>br</strong> />

É o período em que surgem os primeiros utensílios em pedra. Estes são de início pouco elaborados (por<<strong>br</strong> />

exemplo, simples seixos lascados) e encontram-se em África, associados, num primeiro momento, à mais<<strong>br</strong> />

antiga forma humana conhecida, o Homo habilis, que foi o antecessor do Homo erectus, o primeiro<<strong>br</strong> />

hominídeo a colonizar o continente eurasiático. Porque um dos sítios onde estes utensílios primeiro foram<<strong>br</strong> />

caracterizados se chama Olduvai, no Quénia, a indústria lítica desta época é conhecida sob a designação<<strong>br</strong> />

genérica de Olduvense. Progressivamente, os utensílios líticos adquiriram formas mais <strong>com</strong>plexas. Os<<strong>br</strong> />

bifaces, peças que caracterizam o Acheulense, apareceram em África há mais de 1 milhão de anos. É deste<<strong>br</strong> />

período que data o primeiro povoamento humano da Europa.<<strong>br</strong> />

• aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.;<<strong>br</strong> />

• primeiros hominídeos;<<strong>br</strong> />

• caça e coleta;<<strong>br</strong> />

• controle do fogo; e<<strong>br</strong> />

• instrumentos de pedra e pedra lascada, madeira, ossos: facas, machados.<<strong>br</strong> />

PALEOLÍTICO SUPERIOR<<strong>br</strong> />

Aproximadamente 30.000 anos a.C. e A principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é o<<strong>br</strong> />

naturalismo. O homem primitivo representava os seres, um animal <strong>com</strong> uma função ritual. Atualmente, a explicação<<strong>br</strong> />

mais aceita é que essas manifestações eram realizadas por caçadores, e que faziam parte do processo de magia<<strong>br</strong> />

por meio do qual procurava-se interferir na captura de animais, ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha ter<<strong>br</strong> />

poder so<strong>br</strong>e o animal desde que possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro<<strong>br</strong> />

desde que o representasse ferido mortalmente num desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em<<strong>br</strong> />

rochedos e paredes de cavernas. O homem deste período era nômade. O homem do Paleolítico Superior realizou<<strong>br</strong> />

também trabalhos em escultura. Mas, tanto na pintura quanto na escultura, nota-se a ausência de figuras<<strong>br</strong> />

masculinas. Predominam figuras femininas, <strong>com</strong> a cabeça surgindo <strong>com</strong>o prolongamento do pescoço, seios<<strong>br</strong> />

volumosos, ventre proeminente e grandes nádegas: Vênus de Willendorf.<<strong>br</strong> />

• instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra: machado, arco e flecha, lançador de dardos, anzol e linha;<<strong>br</strong> />

e desenvolvimento da pintura e da escultura.<<strong>br</strong> />

Este período é marcado pelo desenvolvimento de pontas de projétil modeladas <strong>com</strong> matérias duras de<<strong>br</strong> />

origem animal (osso, marfim, corno de cervídeo), pela utilização de objetos de adorno pessoal (dentes de<<strong>br</strong> />

animais e conchas furados para serem usados <strong>com</strong>o pendentes, por exemplo), e pela arte. Os utensílios em<<strong>br</strong> />

pedra passam a serem quase sempre fa<strong>br</strong>icados so<strong>br</strong>e lâminas (lascas alongadas, de bordas paralelas,<<strong>br</strong> />

cujo <strong>com</strong>primento é significativamente superior à largura), e contêm micrólitos. Estes últimos são pequenos<<strong>br</strong> />

objetos de pedra usados <strong>com</strong>o barbelas que eram montadas, por encaixe ou fixação <strong>com</strong> resina, so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

pontas de zagaia feitas em madeira ou em matérias ósseas. Em certas épocas, no entanto, as pontas de<<strong>br</strong> />

zagaia eram também inteiramente em pedra, e a sua fa<strong>br</strong>icação fazia-se através de técnicas muito<<strong>br</strong> />

sofisticadas (aquecimento prévio do sílex, retoque por pressão) que permitiam a obtenção de peças de<<strong>br</strong> />

grande beleza. A evolução destes utensílios permitiu uma subdivisão mais detalhada do Paleolítico superior,<<strong>br</strong> />

1


que, do mais antigo para o mais recente, <strong>com</strong>preende, no Sudoeste europeu, as seguintes fases (de que se<<strong>br</strong> />

dão os limites cronológicos aproximados): Aurignacense (de 40 mil a 28 mil anos antes do presente);<<strong>br</strong> />

Gravettense (de 28 mil a 21 mil anos antes do presente); Solutrense (de 21 mil a 17 mil anos antes do<<strong>br</strong> />

presente); e Magdalenense (de 17 mil a 10 mil anos antes do presente). Estas designações baseiam-se nos<<strong>br</strong> />

nomes de sítios arqueológicos franceses em que aqueles tipos de vestígios foram pela primeira vez<<strong>br</strong> />

identificados de forma clara. O tipo humano representado nas jazidas do Paleolítico superior é o Homem<<strong>br</strong> />

anatomicamente moderno, Homem de Cro-Magnon, ou Homo sapiens sapiens. Na Europa, o Paleolítico<<strong>br</strong> />

superior corresponde aproximadamente à época da última Idade do Gelo, durante a qual a Inglaterra e a<<strong>br</strong> />

Escandinávia estiveram cobertas por uma extensa calota glacial e o clima era significativamente mais frio e<<strong>br</strong> />

seco, mesmo nas regiões meridionais, do que na atualidade.<<strong>br</strong> />

Materiais Utilizados<<strong>br</strong> />

Óxidos minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais e sangue de animais. Os elementos sólidos eram<<strong>br</strong> />

triturados e dissolvidos em gordura animal. Ou seja, uma técnica rústica de têmpera à óleo. Como pincel,<<strong>br</strong> />

utilizavam os dedos, e pequenas varetas <strong>com</strong> penas ou pêlos. Outra técnica é a de mãos em negativo, pó<<strong>br</strong> />

colorido a partir de rochas trituradas, misturados à um elemento fixador, provável a gordura animal, é<<strong>br</strong> />

soprado por um canudo so<strong>br</strong>e a mão pousada so<strong>br</strong>e a parede da caverna, obtendo-se assim o contorno da<<strong>br</strong> />

mão no meio da mancha colorida. É interessante perceber a necessidade técnica para utilizar a tinta sem<<strong>br</strong> />

que ela escorresse pela pedra. É provável, que as mãos fossem utilizadas para treinar o artista na dosagem<<strong>br</strong> />

de tinta e sopro necessários na execução das pinturas, mais ou menos <strong>com</strong>o um air-<strong>br</strong>ush primitivo!<<strong>br</strong> />

Representações Naturalistas<<strong>br</strong> />

Perfeccionistas na reproduções dos animais, deixam transparecer traços mais vigorosos nos animais<<strong>br</strong> />

maiores ou ferozes, e traços mais leves nos animais delicados, <strong>com</strong>o alces e cavalos. Nesse período<<strong>br</strong> />

também fazem esculturas, de formas femininas grávidas. São chamadas Vênus. Também, parecem<<strong>br</strong> />

inspiradas por uma força de reprodução e preservação da espécie. Nesse período não há apresentações da<<strong>br</strong> />

figura masculina. Mas temos provas de que haviam já escolas de artes para os mais jovens. Este período, o<<strong>br</strong> />

Paleolítico Superior também é conhecido <strong>com</strong>o período da Pedra Lascada. Caverna de LASCAUX, França,<<strong>br</strong> />

suas pinturas foram descobertas em 1940, possuem aproximadamente 17.000 anos. A cor preta, por<<strong>br</strong> />

exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês. Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma<<strong>br</strong> />

centena de desenhos feitos há 14.000 anos, foram os primeiros desenhos descobertos, em 1879. Sua<<strong>br</strong> />

autenticidade, porém, só foi reconhecida em 1902. Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras,<<strong>br</strong> />

cavalos, mamutes, hienas, dezenas de rinocerontes peludos e animais diversos, descoberta em 1994.<<strong>br</strong> />

NEOLÍTICO<<strong>br</strong> />

Cerca de 10.000 anos a C. A fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela<<strong>br</strong> />

manutenção de manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras<<strong>br</strong> />

instituições, <strong>com</strong>o família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do Neolítico desenvolveu a técnica de tecer<<strong>br</strong> />

panos, de fa<strong>br</strong>icar cerâmicas e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros arquitetos do<<strong>br</strong> />

mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do atrito e deu início ao trabalho <strong>com</strong> metais.<<strong>br</strong> />

Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo na arte. O homem, que se tornara um camponês, não<<strong>br</strong> />

precisava mais ter os sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído<<strong>br</strong> />

pela abstração e racionalização. Como conseqüência suas manifestações artísticas surgem simplificadas e<<strong>br</strong> />

geometrizadas.Os símbolos, signos, sinais e figuras mais sugerem do que reproduzem os seres <strong>com</strong> eles são na<<strong>br</strong> />

natureza. Os próprios temas da arte mudaram: <strong>com</strong>eçaram as representações da vida coletiva. Além de<<strong>br</strong> />

desenhos e pinturas, o homem do Neolítico produziu uma cerâmica que revela sua preocupação <strong>com</strong> a beleza e<<strong>br</strong> />

não apenas <strong>com</strong> a utilidade do objeto, também esculturas de metal. Desse período temos as construções<<strong>br</strong> />

denominadas dolmens. Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no solo, <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

fossem paredes, e uma grande pedra era colocada horizontalmente so<strong>br</strong>e elas, parecendo um teto. E o menir<<strong>br</strong> />

que era monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra fincado no solo em sentido vertical. O<<strong>br</strong> />

Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das primeiras o<strong>br</strong>as da arquitetura que<<strong>br</strong> />

a História registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam<<strong>br</strong> />

traves horizontais rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um<<strong>br</strong> />

altar. O conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício<<strong>br</strong> />

de que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lem<strong>br</strong>ando que as pedras eram colocadas umas so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

as outras sem a união de nenhuma argamassa.<<strong>br</strong> />

• instrumentos de pedra polida, enxada e tear;<<strong>br</strong> />

• início do cultivo dos campos;<<strong>br</strong> />

• artesanato: cerâmica e tecidos;<<strong>br</strong> />

• construção de pedra;<<strong>br</strong> />

• primeiros arquitetos do mundo<<strong>br</strong> />

2


Materiais Utilizados<<strong>br</strong> />

As pedras, agora, utilizadas <strong>com</strong>o revestimento, são deslocadas, e constroem moradias. Deve datar daí a<<strong>br</strong> />

invenção das rodas, ou preferível, 'rolamento' de objetos pesados. O fogo, também, já é elemento <strong>com</strong>um e<<strong>br</strong> />

totalmente dominado, as primeiras lâminas metálicas é desse período. Há ainda o cozimento da argila, para<<strong>br</strong> />

a cerâmica. A reciclagem do material de colheitas dá lugar as primeiras cestarias, o que por sua vez, insinua<<strong>br</strong> />

as primeiras técnicas de tecelagem.<<strong>br</strong> />

Representações Geométricas e Estilizadas<<strong>br</strong> />

A estilização é uma técnica, onde interferimos na forma representada, porém sem tirar-lhe as características<<strong>br</strong> />

principais. A geometrização dessa época, esboça a intenção da escrita alfanumérica. Ela aparece na<<strong>br</strong> />

contagem de estações, na divisão do espaço, distinguindo o de animais do de pessoas. Em alguns grupos,<<strong>br</strong> />

a geometrização se refere à pele de alguns animais, considerados, em tese, protetores. Vale a pena<<strong>br</strong> />

pesquisar mais a respeito.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> RUPESTRE BRASILEIRA<<strong>br</strong> />

De todos os capítulos da até hoje tão pouco conhecida Arqueologia Brasileira, um dos mais importantes e<<strong>br</strong> />

relativamente dos mais pesquisados é decerto o da chamada arte rupestre, a qual vinha despertando a<<strong>br</strong> />

curiosidade de bom número de amadores e de uns poucos profissionais nacionais ou estrangeiros desde<<strong>br</strong> />

pelo menos <strong>com</strong>eços do Séc. XIX (embora a ela já se refiram autores antigos, <strong>com</strong>o Am<strong>br</strong>ósio Fernandes<<strong>br</strong> />

Brandão e Barleus entre outros), mas cujo estudo científico só tomaria impulso na segunda metade do<<strong>br</strong> />

nosso próprio Séc. XX, depois que em 1950 Paulo Duarte fez vir ao Brasil a especialista francesa Annette<<strong>br</strong> />

Laming Emperaire. A partir principalmente da década de 1980, <strong>com</strong> o fim do regime militar, várias missões<<strong>br</strong> />

científicas francesas têm atuado no Brasil, chefiadas por pesquisadores <strong>com</strong>o Anne Marie Pessis (1984,<<strong>br</strong> />

Piauí), Niède Guidon (1989, Piauí), Ga<strong>br</strong>iela Martin (1989, Nordeste), Denis e Agueda Vilhena Vialou (1992,<<strong>br</strong> />

Mato Grosso) ou André Prous (1992, Minas Grais), os quais, após terem suplantado não poucas difiuldades,<<strong>br</strong> />

chegaram a significativos resultados quanto a um primeiro mapeamento das incisões e pinturas<<strong>br</strong> />

pré-históricas do país, <strong>com</strong> vistas ao futuro estabelecimento de um corpus da arte rupestre <strong>br</strong>asileira.<<strong>br</strong> />

Ressalte-se que a preocupação maior dos que têm estudado nossa arte rupestre volta-se muito mais para<<strong>br</strong> />

as pinturas que para os petroglifos. Como regra geral, somente uma cor era utilizada na elaboração de uma<<strong>br</strong> />

pintura rupestre, <strong>com</strong> o emprego de pigmentos minerais <strong>com</strong>o o óxido de ferro para o vermelho (a cor mais<<strong>br</strong> />

difundida) ou vegetais urucum, genipapo, carvão -, por vezes misturados a resinas também vegetais. Por<<strong>br</strong> />

outro lado a coexistência, por vezes numa única pintura, de formas abstratas geométricas e de formas<<strong>br</strong> />

figurativas de seres humanos e de animais poderia corresponder, segundo certos estudiosos, à<<strong>br</strong> />

antiquíssima divisão entre o trabalho feminino e o masculino: as mulheres, às quais sempre tocou o fa<strong>br</strong>ico<<strong>br</strong> />

de cestos, têxteis e cerâmicas -atividades nas quais a forma e so<strong>br</strong>etudo a decoração são obtidas pela<<strong>br</strong> />

utilização de padrões repetitivos -podem ter sido as autoras de todos esses pontos e círculos, losangos,<<strong>br</strong> />

cruzes e lancetas que ocorrem nas pinturas rupestres <strong>br</strong>asileiras; já os homns, essencialmente caçadores e<<strong>br</strong> />

por isso mesmo o<strong>br</strong>igados a conhecer <strong>com</strong> precisão a aparência e a natureza de cada animal, terão sido os<<strong>br</strong> />

responsáveis pelas formas orgânicas e pelas representações naturalistas. Com exceção do litoral, pode-se<<strong>br</strong> />

afirmar que todas as regiões do imenso território <strong>br</strong>asileiro conservam ainda hoje inúmeros exemplos de arte<<strong>br</strong> />

rupestre, a despeito das depredações ocorridas nas últimas décadas, motivadas o mais das vezes por<<strong>br</strong> />

motivos econômicos. Existem no entanto regiões que hoje se nos apresentam <strong>com</strong>o possuidoras de acervos<<strong>br</strong> />

rupestres mais ricos do que outras, o que talvez apenas signifique que nelas as pesquisas <strong>com</strong>eçaram mais<<strong>br</strong> />

cedo, ou <strong>com</strong> maiores recursos. Assim, entre os sítios particularmente notáveis pela abundância de sua arte<<strong>br</strong> />

rupestre devem ser destacados São Raimundo Nonato e Sete Cidades, no Piauí; o Vale do Seridó, no Rio<<strong>br</strong> />

Grande do Norte; a Pedra do Ingá, próximo a Campina Grande, na Paraíba, e a Pedra Furada, no município<<strong>br</strong> />

pernambucano de Venturosa; numerosas cavernas distribuídas pelos municípios de Lençois, Morro do<<strong>br</strong> />

Chapeu e Montalvânia, na Bahia; Serranópolis e Caiapônia, em Goiás; Lagoa Santa e Januária, em Minas<<strong>br</strong> />

Gerais, e Canhemborá e Pedra Grande, no Rio Grande do Sul.<<strong>br</strong> />

Piauí. São Raimundo Nonato, <strong>com</strong> suas inúmeras tocas -do Paraguaio, do Boqueirão da Pedra Furada, do<<strong>br</strong> />

Baixão das Europas, da Chapada da Cruz etc.-foi o ponto de onde se irradiou o que os especialistas<<strong>br</strong> />

chamam de Tradição Nordeste, tematicamente caracterizada por abundantes cenas de caça a tatus, veados<<strong>br</strong> />

e onças, representadas <strong>com</strong> auxílio de pinceis vegetais ou <strong>com</strong> os dedos. Predomina o vermelho, ocorrendo<<strong>br</strong> />

em menor escala o amarelo, o preto, o <strong>br</strong>anco e o cinza. As pinturas mais antigas -que são também as mais<<strong>br</strong> />

antigas já encontradas no Brasil -remontam a 17 mil anos, ancianidade essa <strong>com</strong>provada pelo teste do<<strong>br</strong> />

Carbono 14. Na Toca do Baixão das Europas I desco<strong>br</strong>iu-se curiosa representação, feita há uns 7 mil anos,<<strong>br</strong> />

de três figuras humanas cujas estaturas diversificadas sugerem uma canhestra perspectiva. Já nas pinturas<<strong>br</strong> />

rupestres achadas em Sete Cidades e de uma ancianidade estimada entre 6 mil e 4 mil anos, predominam<<strong>br</strong> />

os padrões geométricos, executados exclusivamente a tinta vermelha, se bem que ocorram raras figuras<<strong>br</strong> />

muito estilizadas e quase sem detalhamento anatômico de seres humanos e de animais.<<strong>br</strong> />

3


Rio Grande do Norte. Ao longo do Vale do Seridó espraiou-se o chamado Estilo Seridó, cuja principal<<strong>br</strong> />

característica é a sugestão de movimento e a expressão que o artista pré-histórico procurou imprimir às<<strong>br</strong> />

difereenetes figuras. Pintadas em <strong>br</strong>anco, amarelo, laranja ou vermelho, tais figurinhas de 15 cm e menos de<<strong>br</strong> />

altura raras vezes ocorrem isoladas, mas antes em grupos caçando, dançando, copulando, a dança sempre<<strong>br</strong> />

associada a árvores, ou a galhos e ramos. No sítio Xique-Xique I de Carnaúba dos Dantas, por exemplo,<<strong>br</strong> />

foram representadas <strong>com</strong> nitidez duas figuras que dançam em torno a um tronco de árvore.<<strong>br</strong> />

Paraíba. Em sítios <strong>com</strong>o a Pedra do Ingá, vasto paredão de 24 metros de extensão por três de alto, coberto<<strong>br</strong> />

de petroglifos realçados a vermelho, amarelo, preto e <strong>br</strong>anco, predominam as formas geométricas e padrões<<strong>br</strong> />

simples, <strong>com</strong>o pontos, círculos, cruzes ou lancetas. São raras as formas animais, e mais raras ainda as<<strong>br</strong> />

humanas, umas e outras tratadas num estilo linear abstratizante.<<strong>br</strong> />

Pernambuco. Destacam-se entre os principais sítios rupestres o da Pedra das Figuras, <strong>com</strong> representações<<strong>br</strong> />

estilizadas de répteis e emas em vermelho, e o da Pedra Furada, onde ocorrem figuras humanas e de animais<<strong>br</strong> />

simplificadas quase até à abstração.<<strong>br</strong> />

Bahia. Animais, aves principalmente, sempre muito estilizados, constituem a temática predominante na arte<<strong>br</strong> />

rupestre baiana. Particularmente importantes são os acervos rupestres localizados em Lençois e<<strong>br</strong> />

Montalvânia.<<strong>br</strong> />

Goiás. Calcula-se que 500 gerações humanas tenham-se sucedido na região hoje ocupada pelo Estado de<<strong>br</strong> />

Goiás, na qual se destacam os sítios de Serranópolis e Caiapônia. As pinturas são em número avultado, por<<strong>br</strong> />

vezes ocupando suportes de 80 metros de largo. Em Serranópolis foram localizadas pinturas de seres<<strong>br</strong> />

humanos e de animais alternando-se a figuras geométricas de elipses, círculos, triângulos etc., por vezes<<strong>br</strong> />

executadas so<strong>br</strong>e pinturas muito mais antigas, de até 11 mil anos atrás. Dessa mesma ancianiadade podem<<strong>br</strong> />

ser as pinturas rupestres "de gênero" encontradas em Caiapônia, mostrando figuras humanas em cenas de<<strong>br</strong> />

dança, executando piruetas, a<strong>com</strong>panhadas de crianças etc., invariavelmente feitas a vermelho ou preto.<<strong>br</strong> />

Motivo muito <strong>com</strong>um na arte rupestre achada no sudoeste de Goiás é o de uma ave de asas distendidas,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se prestes a alçar vôo, em primitiva mas convincente sugestão de movimento.<<strong>br</strong> />

Minas Gerais. A partir de Lagoa Santa -estudada já na primeira metade do Séc. XIX pelo paleontologista<<strong>br</strong> />

dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) e onde recentemente foram identificados mais de 200 sítios<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> pinturas rupestres, algumas <strong>com</strong> 12 mil anos de idade -, descendo até ao Paraná, predomina a<<strong>br</strong> />

chamada Tradição Planalto, <strong>com</strong> representações de animais executados monocrômicamente e se<<strong>br</strong> />

alternando a raras figuras humanas e a ainda mais raros padrões geométricos. Ao contrário do que em geral<<strong>br</strong> />

ocorre na pintura rupestre, onde pinturas mais recentes enco<strong>br</strong>em as mais antigas a ponto de torná-las<<strong>br</strong> />

ilegíveis, aqui certas pinturas parecem ter sido deliberadamente preservadas, quando não reavivadas de<<strong>br</strong> />

tempos em tempos pelas gerações mais novas. Em Santana do Riacho, enorme paredão de 100 metros de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>prido, recoberto de figuras sempre inter-relacionadas de peixes e veados, surge <strong>com</strong> inusual frequência<<strong>br</strong> />

estranho animal <strong>com</strong>pósito <strong>com</strong> cabeça de veado e pernas pisciformes. A Tradição Planalto é<<strong>br</strong> />

predominantemente figurativa; já a Tradição São Francisco, que se desenvolveu ao longo do grande rio, é<<strong>br</strong> />

ao contrário dominada pela geometrização, <strong>com</strong> mínima incidência de formas animais. Na Lapa dos<<strong>br</strong> />

Desenhos, em Januária, desco<strong>br</strong>iu-se raríssima representação de uma plantação <strong>com</strong> pés de milho,<<strong>br</strong> />

palmeiras e uns poucos animais.<<strong>br</strong> />

Rio Grande do Sul<<strong>br</strong> />

Mostrando ainda resquícios da monocromia original, quase sempre em preto mas também em verde, <strong>br</strong>anco,<<strong>br</strong> />

castanho ou lilás, as incisões de Canhemborá -pegadas de aves e mamíferos, representações sumárias de<<strong>br</strong> />

órgãos sexuais etc. -ligam-se à Tradição Humaitá (c. 1000 a. C.); já as da Pedra Grande, em São Pedro do<<strong>br</strong> />

Sul, datando as mais antigas de até 800 a. C., foram produzidas sucessivamente por grupos humanos<<strong>br</strong> />

procedentes de Canhemborá, por indígenas da Tradição Umbu e, bem mais recentemente, por Tupiguarani.<<strong>br</strong> />

Santa Catarina<<strong>br</strong> />

A atividade humana na Ilha de Santa Catarina teve início por volta de 5000 anos atrás, <strong>com</strong> a chegada dos<<strong>br</strong> />

primeiros caçadores e coletores, grupos pré-ceramistas que construíram os Sambaquis. Depois dos<<strong>br</strong> />

caçadores e coletores, ocuparam também o território ilhéu os ceramistas Itararé, vindos do planalto e,<<strong>br</strong> />

finalmente, o Carijó, índio guarani que viria a ter o contato <strong>com</strong> o europeu colonizador. Os Sambaquis são<<strong>br</strong> />

montes cônicos de conchas que podem atingir até 30 metros de altura. A palavra tem origem guarani:<<strong>br</strong> />

Tambá -conchas e Qui -monte cônico. Os caçadores e coletores, primeiros grupos humanos a habitarem o<<strong>br</strong> />

litoral de Santa Catarina, consumiam os moluscos e amontoavam as cascas para morarem so<strong>br</strong>e elas, pois<<strong>br</strong> />

constituíam um local alto e seco. Ocupação após ocupação fez <strong>com</strong> que estes montes atingissem alturas<<strong>br</strong> />

fantásticas. O Estado de Santa Catarina possui os maiores sambaquis do mundo, espalhados por seu litoral,<<strong>br</strong> />

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de norte a sul. Nos extratos arqueológicos de um sambaqui encontramos vários vestígios da ocupação<<strong>br</strong> />

humana, <strong>com</strong>o sepultamentos, instrumentos líticos, fogueiras, restos de cozinha (<strong>com</strong>o ossos de peixes,<<strong>br</strong> />

aves e mamíferos consumidos) e diversos tipos de adornos, <strong>com</strong>o colares e enfeites labiais. Mesmo sendo<<strong>br</strong> />

os grupos pré-cerâmicos de caçadores e coletores os construtores dos sambaquis, muitos foram<<strong>br</strong> />

reocupados pelas culturas ceramistas Itararé e guarani. A partir daí, para estudar a região, contamos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

dois hemisférios de análise arqueológica: a fase pré-cerâmica e a fase cerâmica. Era <strong>com</strong>um a escolha de<<strong>br</strong> />

dois ambientes sub aquáticos por estas populações para o estabelecimento de um assentamento: o mar e a<<strong>br</strong> />

água doce.<<strong>br</strong> />

No passado, havia a exploração dessas jazidas arqueológicas para a fa<strong>br</strong>icação de cal. Esta atividade de<<strong>br</strong> />

exploração calcária destruiu grande parte dos sambaquis, não só em Santa Catarina, mas em diversas<<strong>br</strong> />

partes do Brasil. As oficinas líticas, também chamadas de estações líticas ou <strong>br</strong>unidores, são vestígios<<strong>br</strong> />

deixados pelos indivíduos pré-históricos que se utilizavam o diabásio (rocha basáltica) e mais raramente do<<strong>br</strong> />

granito para afiarem e polirem seus instrumentos de pedra. Os polidores: depressões circulares em forma<<strong>br</strong> />

de pratos, decorrente do polimento de instrumentos. Depois de adquirido o formato, acredita-se que<<strong>br</strong> />

poderiam ser utilizadas <strong>com</strong>o moenda de grãos e outros. Os afiadores: marcas em forma de frisos deixadas<<strong>br</strong> />

pelo homem pré-histórico que se utilizavam das pedras também para dar fio aos seus machados e lâminas<<strong>br</strong> />

EGITO<<strong>br</strong> />

A arte no antigo Egito divide-se em quatro grandes períodos:<<strong>br</strong> />

I — I à X dinastia – Antigo Império (pirâmides)<<strong>br</strong> />

II — XI à XVII dinastia – Médio Império<<strong>br</strong> />

III — XVIII à XXVI dinastia – Novo Império – ápice da arte egípcia<<strong>br</strong> />

IV — XXVI á XXXI dinastia – Império Tardio<<strong>br</strong> />

A cultura egípcia desenvolveu-se no decorrer do IV milênio a. C. a partir de concepções e formas pré-históricas, e<<strong>br</strong> />

no início do III milênio havia atingido seu apogeu. A escrita (c. IV milênio) remonta sua origem na Mesopotâmia<<strong>br</strong> />

(Iraque) contribui para que a pré-história se tornasse história. A sociedade egípcia estava associada a um<<strong>br</strong> />

sistema politeísta que unia e ordenava todos os fenômenos cósmicos e terrenos. A relação entre os deuses e os<<strong>br</strong> />

homens era assegurada pela figura do faraó, que era ao mesmo tempo deus e homem. Cabia a ele, a sua família<<strong>br</strong> />

e a seu círculo mais íntimo de conselheiros e funcionários receber a vida eterna a<strong>br</strong>igados em preciosos túmulos;<<strong>br</strong> />

dessa forma o culto aos deuses, aos soberanos e aos mortos tornaram-se idênticos. O que sabemos do Egito e o<<strong>br</strong> />

que se conservou de sua cultura baseia-se, exceto por testemunhos escritos, quase exclusivamente nos templos<<strong>br</strong> />

e no conteúdo dos túmulos. Também so<strong>br</strong>e a vida do povo temos informações somente de oferendas colocadas<<strong>br</strong> />

junto aos mortos nos túmulos e representações em relevos e pinturas de túmulos no<strong>br</strong>es. Ao longo da bacia do<<strong>br</strong> />

Nilo surgiu em épocas remotas a civilização egípcia. Durante três milênios desenvolveram um aparato cultural e<<strong>br</strong> />

tecnológico cujas transformações repercutiram no decorrer da história da humanidade. Essencialmente religiosa<<strong>br</strong> />

toda sua arte e manifestações culturais estavam subordinadas ás suas crenças religiosas, baseadas no milagre<<strong>br</strong> />

renovado da fertilidade do rio Nilo e na possibilidade da existência de outras vidas além da morte. O legado<<strong>br</strong> />

egípcio é essencialmente voltado aos mortos, a posteridade a vida pós-morte. Desta maneira a concepção<<strong>br</strong> />

político-religiosa influiu no caráter expressivo de uma cultura em que as idéias de permanência e imutabilidade<<strong>br</strong> />

são princípios que a regem. A concentração em construções de templos e túmulos, únicas edificações em<<strong>br</strong> />

material não perecível, não permite reconhecer exatamente o aspecto das moradias dos faraós e de sua corte.<<strong>br</strong> />

Devem ter sido construídas <strong>com</strong> outros materiais que diferenciavam das construções do povo egípcio: o adobe e<<strong>br</strong> />

materiais vegetais.As pirâmides do deserto de Gizé são as o<strong>br</strong>as arquitetônicas mais famosas e, foram<<strong>br</strong> />

construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três pirâmides<<strong>br</strong> />

está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das<<strong>br</strong> />

areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso.<<strong>br</strong> />

As características gerais da arquitetura egípcia são:<<strong>br</strong> />

solidez e durabilidade; sentimento de eternidade; aspecto misterioso e impenetrável. As pirâmides possuem<<strong>br</strong> />

base quadrangular eram feitas <strong>com</strong> pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de<<strong>br</strong> />

largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A entrada principal da pirâmide voltava-se para a estrela<<strong>br</strong> />

polar, a fim de que seu influxo se concentrasse so<strong>br</strong>e a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia<<strong>br</strong> />

dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences. Os templos mais<<strong>br</strong> />

significativos são: KarnaK e Luxor,<<strong>br</strong> />

ambos dedicados ao deus Amon. Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os<<strong>br</strong> />

templos. Divididos em três categorias: Pirâmide túmulo real, destinado ao faraó Mastaba -túmulo para a<<strong>br</strong> />

no<strong>br</strong>eza Hipogeu -túmulo destinado à gente do povo Os templos da pirâmide de Quefren em Gizé de c. 2600<<strong>br</strong> />

a .C. da IV Dinastia do Antigo Império (Antigo Império: 2778-2200 a .C.) estão bem conservados que seu<<strong>br</strong> />

princípio de ordem se torna claro. De leste para oeste seguem-se o vestíbulo, um primeiro salão de colunas<<strong>br</strong> />

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mais largo e um segundo estendido para baixo, em exata disposição áxil-simétrica. O templo do Vale, menor,<<strong>br</strong> />

encontra-se em um deslocamento do eixo, o que é normalmente evitado, e está ligado através de uma<<strong>br</strong> />

barreira murada de 450 m ao templo funerário maior diante da pirâmide <strong>com</strong>a mesma estrutura. A pirâmide<<strong>br</strong> />

de Quefren, situada entre a pirâmide de Miquerinos, menor e de construção posterior, e a pirâmide de<<strong>br</strong> />

Quéops, um pouco mais antiga e maior, possui uma altura de 143 m por um <strong>com</strong>primento do lado de 215 m.<<strong>br</strong> />

É a única em cujo ápice ainda conservados restos do revestimento original de lajes polidas. Esfinge: Esta<<strong>br</strong> />

imensa estátua representando um leão deitado (força) <strong>com</strong> cabeça humana (sabedoria) era colocada na<<strong>br</strong> />

alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos. Esculpida na rocha ao pé das grandes<<strong>br</strong> />

pirâmides de Gizé, guarda a tumba do filho e sucessor de Queóps, o faraó Quéfren (c. 2520-2494 aC.) As<<strong>br</strong> />

pirâmides mais antigas, que datam da III dinastia, constituem em vários “degraus”. A câmara funerária ficava<<strong>br</strong> />

situada abaixo do nível do solo e o seu acesso era feito pelo norte, por um poço descendente. A pirâmide é<<strong>br</strong> />

rodeada, nas suas faces leste, norte e oeste, por galerias subterrâneas (armazéns) . A primeira de degraus,<<strong>br</strong> />

e provavelmente a única que foi terminada, fica em Saqqara e pertenceu a Netjerykhet Djoser. O Egito é um<<strong>br</strong> />

dos mais antigos núcleos de arquitetura onde predominam as linhas horizontais e os telhados sempre<<strong>br</strong> />

terminam em terraços. As tumbas reais, as dos altos funcionários e os templos solares ou divinos são<<strong>br</strong> />

ornados <strong>com</strong> seqüências de colunas <strong>com</strong> inspiração em troncos de palmeiras e feixes de papiro e junco, que<<strong>br</strong> />

junto <strong>com</strong> flores de lótus deram a forma a capitéis. O arquiteto Imhotep é o criador desse formato de colunas<<strong>br</strong> />

e capitéis <strong>com</strong> inspiração nos elementos da natureza.<<strong>br</strong> />

VALE DOS REIS<<strong>br</strong> />

Os faraós do Novo Império escolheram um vale na margem ocidental de Tebas para lugar do seu último<<strong>br</strong> />

repouso. Oficialmente, era conhecido <strong>com</strong>o Ta Sejet Âat, "a Grande Pradaria", mas Chapollion, no século<<strong>br</strong> />

XIX, deu-lhe pela primeira vez o nome de Vale dos Reis. A escolha deste local não foi uma questão do acaso,<<strong>br</strong> />

mas sim para seguir o costume religioso de situar no horizonte ocidental o reino dos mortos. Este caráter<<strong>br</strong> />

funerário foi reforçado pela presença de uma montanha em forma de pirâmide, el-Qurn, que presidia o Vale<<strong>br</strong> />

dos Reis é um Wadi (leito seco de um rio), escavado entre as montanhas tebanas. O seu curso bifurca-se<<strong>br</strong> />

em dois ramais: o ocidental, o Vale dos Macacos, onde se encontraram quatro sepulturas, entre elas as de<<strong>br</strong> />

Ay e de Amenófis III, e o principal, que forma o Vaole dos Reis, onde foram escavadas mais 58 sepulturas.<<strong>br</strong> />

Este afastado vale proporcionava aos reis um repouso sossegado, garantido por meio da vigilância de um<<strong>br</strong> />

corpo especial da polícia, o medyai, e da proteção da deusa-co<strong>br</strong>a Meretseger. Esta divindade, também<<strong>br</strong> />

chamada "a que ama o silêncio", encarregava-se de zelar pela segurança das necrópoles tebanas. O<<strong>br</strong> />

primeiro faraó a utilizar este vale para construir o seu túmulo foi Amenófis I (1527-1506 a.C.). O conceito de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexo funerário existente até essa época mudou <strong>com</strong> ele: o túmulo foi separado do templo, este passou<<strong>br</strong> />

a ser construído próximo à margem do rio ou em outro vale. A estrutura dos túmulos mudou ao longo dos<<strong>br</strong> />

séculos. As plantas seguiam dois modelos: o da XVIII dinastia, em forma de ângulo reto, e o da XX dinastia,<<strong>br</strong> />

de tipo retilíneo. Em ambos os casos, o sarcófago era depositado na sala mais profunda, e as paredes<<strong>br</strong> />

cobertas de abundante decoração. Quando os europeus redesco<strong>br</strong>iram o vale no século XVIII, <strong>com</strong>eçou a<<strong>br</strong> />

tarefa de desenterrar os segredos que faraós haviam levado para os túmulos. Esta investigação culminou<<strong>br</strong> />

em 1922, <strong>com</strong> a abertura, por Howard Carter, do único túmulo intacto do Vale: o hipogeu de Tutancâmon.<<strong>br</strong> />

Pintura<<strong>br</strong> />

Os enormes templos e extraordinários monumentos funerários do antigo Egito <strong>com</strong> profusão de hieróglifos<<strong>br</strong> />

são fonte de perplexidade para a concepção moderna, que não <strong>com</strong>preende facilmente sua utilidade ou<<strong>br</strong> />

significado. Entretanto esses monumentos conservam sua grandiosidade e deixam de ser tão perturbadores<<strong>br</strong> />

quando nós os entendemos <strong>com</strong>o expressão dos conceitos que os egípcios tinham de seu universo e das<<strong>br</strong> />

soluções. Diversas imagens e relatos sagrados de todo o tipo, se somados em conjunto podem ajudar a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender diversos fenômenos. O céu impenetrável é um oceano, um teto, uma vaca, um corpo de<<strong>br</strong> />

mulher. Toda imagem enraizada na tradição é pertinente, apesar de aspectos contraditórios, e ajuda-nos a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender e estabelecer <strong>com</strong>o divino. Pintura aristocrática ou ÁulicaA decoração colorida era um<<strong>br</strong> />

poderoso elemento de <strong>com</strong>plementação das atitudes religiosas: Suas características gerais são: a)<<strong>br</strong> />

ausência de três dimensões; b) ignorância da profundidade; c) colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem<<strong>br</strong> />

indicação do relevo. Lei da frontalidade: representação da cabeça, pernas e <strong>br</strong>aços de perfil, olho e coração<<strong>br</strong> />

frontais. Arte Funerária. Arte zoomórfica Quanto à hierarquia na pintura: eram representadas maiores as<<strong>br</strong> />

pessoas <strong>com</strong> maior importância no reino, ou seja, nesta ordem de grandeza: o rei, a mulher do rei, o<<strong>br</strong> />

sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto que as masculinas<<strong>br</strong> />

pintadas de vermelho.<<strong>br</strong> />

Desenvolveram três formas de escrita: Hieróglifos — considerados a escrita sagrada; Hierática — uma<<strong>br</strong> />

escrita mais simples, utilizada pela no<strong>br</strong>eza e pelos sacerdotes; Demótica — a escrita popular.<<strong>br</strong> />

Escultura<<strong>br</strong> />

Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem<<strong>br</strong> />

demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam <strong>com</strong> isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade. Com esse<<strong>br</strong> />

objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas<<strong>br</strong> />

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uma impressão de força e de majestade. Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura, geralmente<<strong>br</strong> />

esmaltadas de azul e verdes, destinadas a substituir o faraó morto nos trabalhos mais ingratos no além, muitas<<strong>br</strong> />

vezes coberto de inscrições. Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram também<<strong>br</strong> />

expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Reco<strong>br</strong>iam colunas e paredes, dando<<strong>br</strong> />

um encanto todo especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos, muitas vezes, em<<strong>br</strong> />

baixo-relevo. A mumificação é um método de preservar artificialmente os corpos das pessoas e animais mortos.<<strong>br</strong> />

A civilização do Antigo Egito não é a única no mundo a ter praticado este costume.<<strong>br</strong> />

O processo consiste das seguintes etapas: -Extração do cére<strong>br</strong>o -Remoção das vísceras através de incisão no<<strong>br</strong> />

flanco esquerdo; -Esterilização das cavidades do corpo e das vísceras; -Tratamento das vísceras: remoção do<<strong>br</strong> />

seu conteúdo, desidratação <strong>com</strong> natrão, secagem, unção e aplicação de resina derretida; - Enchimento do corpo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> natrão e resinas perfumadas; - Cobertura do corpo <strong>com</strong> natrão, durante cerca de 40 dias; -Enchimento<<strong>br</strong> />

subcutâneo dos mem<strong>br</strong>os <strong>com</strong> areia ou argila; -Enchimento das cavidades do corpo <strong>com</strong> panos ensopados em<<strong>br</strong> />

resina e sacos <strong>com</strong> materiais perfumados, <strong>com</strong>o mirra e canela, serradura, etc; -Unção do corpo <strong>com</strong> ungüentos;<<strong>br</strong> />

-Tratamentos das superfícies; - Enfaixamento e inclusão de amuletos, jóias, etc.<<strong>br</strong> />

GRÉCIA – DO SÉC. VII AO SÉC II a.C.<<strong>br</strong> />

GRÉCIA – PERIODIZAÇÃO<<strong>br</strong> />

Pré-Homérico XX-XII a.C.— Invasão dos indo-europeus e formação do homem grego<<strong>br</strong> />

Homérico XII-VIII a.C. — Época das <strong>com</strong>unidades gentílicas.<<strong>br</strong> />

Arcaico VIII-VI a.C. — Formação das polis (cidades-estados)<<strong>br</strong> />

Clássico V-IV a.C. — Guerras contra os persas; apogeu da Grécia; guerra entre os gregos<<strong>br</strong> />

Helenístico IV-II a.C. — Domínio macedônio so<strong>br</strong>e a Grécia e expansão de Alexandre para o Oriente.<<strong>br</strong> />

Cronologia da Grécia Antiga Pré-Homérico (2000a. C. — 1200a. C.)<<strong>br</strong> />

2000 a.C. — apogeu da civilização micênica (ou cretense)<<strong>br</strong> />

1900 a.C. — início da invasão dos aqueus<<strong>br</strong> />

1250 a.C. — aqueus derrotam Tróia<<strong>br</strong> />

1200 a.C. — Invasão dos Dórios destruindo a civilização micênica<<strong>br</strong> />

Homérico (1200 a.C. — 800 a.C.)1150 a.C. - uso de armas e instrumentos de ferro<<strong>br</strong> />

Arcaico (800 a.C. — 600 a.C.)750 a.C. - colônias gregas na Itália 600 a.C.<<strong>br</strong> />

uso da moeda se espalha pela Grécia<<strong>br</strong> />

Clássico (600 a.C. — 400 a.C.) 490a.C. - os persas do rei Dario são derrotados pelos gregos (guerras<<strong>br</strong> />

Médicas) 480 a.C.- os persas do rei Xerxes são derrotados pelos gregos (guerras Médicas) 462 a.C.<<strong>br</strong> />

-Reformas de Péricles em Atenas 431a.C.<<strong>br</strong> />

Início da guerra do Peloponeso (Atenas & Esparta) 404 a.C. - Esparta derrota Atenas<<strong>br</strong> />

Helenístico (400 a.C. — 146 a.C.) 371a.C. - Tebas derrota Esparta 338a.C.- Felipe da Macedônia torna-se<<strong>br</strong> />

o rei de toda Grécia 334 a.C.- Alexandre Magno <strong>com</strong>andando os gregos, inicia suas conquistas 323a.C. -<<strong>br</strong> />

Morte de Alexandre 146 a.C. — Grécia é dominada por Roma<<strong>br</strong> />

ASPECTOS CULTURAIS<<strong>br</strong> />

Religião: a religião dos antigos gregos era politeísta.Entre os vários deuses o mais importante era Zeus,<<strong>br</strong> />

símbolo da justiça, da razão e da autoridade. Habitava o monte Olimpo, juntamente <strong>com</strong> os outros<<strong>br</strong> />

deuses.Os deuses gregos foram criados a imagem e semelhança dos homens, além de se casarem entre si,<<strong>br</strong> />

os deuses gregos casavam-se também <strong>com</strong> seres mortais. Os filhos desses casamentos eram chamados<<strong>br</strong> />

de herói e considerados semideuses. So<strong>br</strong>e seus deuses e heróis, os gregos contavam muitas lendas que<<strong>br</strong> />

deram origem à rica mitologia grega.<<strong>br</strong> />

Filosofia: em grego quer dizer amor à sabedoria. O clima de liberdade e debates existentes nas cidades<<strong>br</strong> />

gregas que adotavam o regime democrático favoreceu o aparecimento de grandes filósofos, entre eles<<strong>br</strong> />

Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates, que era um educador, preocupou-se mais em conhecer o indivíduo<<strong>br</strong> />

que os fenômenos naturais. Platão, assim <strong>com</strong>o seu mestre Sócrates preocupou-se <strong>com</strong> a formação moral<<strong>br</strong> />

do indivíduo. Aristóteles, o principal discípulo de Platão, é considerado o filosofo grego que mais influenciou<<strong>br</strong> />

a civilização ocidental, um dos motivos era o de que ele dedicava-se aos mais diferentes tipos de<<strong>br</strong> />

conhecimento.<<strong>br</strong> />

Matemática: os dois mais importantes matemáticos gregos foram Tales de Mileto e Pitágoras. Tales<<strong>br</strong> />

formulou, por exemplo, o teorema segundo o qual se duas linhas se cruzam, os ângulos opostos pelo vértice<<strong>br</strong> />

são iguais. Já Pitágoras construiu um teorema dos números, classificando-os em pares, impares, primos<<strong>br</strong> />

etc., e desco<strong>br</strong>iu o teorema que, em sua homenagem foi chamado de teorema de Pitágoras.<<strong>br</strong> />

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Arquitetura: os gregos construíam templos harmoniosos sustentados por graciosas colunas. Observando<<strong>br</strong> />

essas colunas, conclui-se que os arquitetos gregos criaram três principais estilos de construção: o dórico, o<<strong>br</strong> />

jônico e o coríntio.<<strong>br</strong> />

Escultura: usando principalmente o mármore e o <strong>br</strong>onze, os escultores gregos produziram estátuas<<strong>br</strong> />

expressivas, singelas e ao mesmo tempo vigoras. Entre os mais geniais escultores gregos estão: Fídias,<<strong>br</strong> />

cujas principais o<strong>br</strong>as foram às estátuas de Atena e de Zeus; Míron autor de Discóbolo; e Praxíteles, que se<<strong>br</strong> />

notabilizou representando divindades humanizadas.<<strong>br</strong> />

Teatro: os gregos produziam texto e espetáculos teatrais de excelente qualidade e foram os inventores da<<strong>br</strong> />

tragédia e da <strong>com</strong>édia. Esses gêneros teatrais nasceram nas grandes festas onde se misturavam danças,<<strong>br</strong> />

musicas e coros, em homenagem a Dionísio, o deus do vinho. Entre os dramaturgos gregos que produziam<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as imortais, encontram-se Ésquilo, Sófoles, Eurípides e Aristófanes.<<strong>br</strong> />

História: a história também nasceu na Grécia Antiga. Um de seus historiadores mais famosos foi Heródoto,<<strong>br</strong> />

autor de Histórias, o<strong>br</strong>a na qual narra as guerras Médicas, mas ele narrou essa história claramente a favor<<strong>br</strong> />

dos gregos.Coube ao ateniense Tucídides fundar a história <strong>com</strong>o ciência, apresentando os fatos históricos<<strong>br</strong> />

de modo objetivo e preciso.<<strong>br</strong> />

Medicina: conhecido <strong>com</strong>o o pai da medicina, o grego Hipócrates lançou bases à clínica médica. Sua maior<<strong>br</strong> />

contribuição foi afirmar que as doenças possuíam causas naturais e, portanto, não podem ser explicados<<strong>br</strong> />

pela força do destino ou pela vontade dos deuses. Ainda hoje, médicos recém-formados continuam<<strong>br</strong> />

prestando o juramento de Hipócrates, através do qual se <strong>com</strong>prometem a dar o máximo de si para defender<<strong>br</strong> />

a saúde dos enfermos.<<strong>br</strong> />

Jogos olímpicos: centenas de jovens gregos se reunião em Olímpia para disputar os jogos em honra aos<<strong>br</strong> />

deuses. A <strong>com</strong>petição que reúne os melhores atletas da Grécia pretende estimular o maior aprimoramento<<strong>br</strong> />

técnico e intelectual dos jovens gregos. As olimpíadas eram realizadas de quatro em quatro anos no estádio<<strong>br</strong> />

de Olímpia.<<strong>br</strong> />

Cultura helenística: caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo a violência e a dor,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ponentes constantes dos novos tempos. Na agricultura predominavam o luxo e grandiosidade, reflexo<<strong>br</strong> />

da imponência do Império Macedônia. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.<<strong>br</strong> />

Período Arcaico (800a.C. — 600a.C.) Esparta – GUERRA<<strong>br</strong> />

(Oligárquica–conservadora–militarista)<<strong>br</strong> />

Fundada pelos dórios, na Península do Peloponeso, cercada por montanhas de pequena altitude. A<<strong>br</strong> />

organização sociopolítica estava baseada na posse da terra, porém em Esparta a terra era propriedade do<<strong>br</strong> />

ESTADO, mas utilizada pelos esparciatas ou espartanos. Sendo os detentores da terra, eram também os<<strong>br</strong> />

detentores do poder. Os espartanos ou esparciatas dedicavam-se tão somente à vida militar e à política,<<strong>br</strong> />

eram soldados profissionais, sempre prontos a defender Esparta. Não podiam exercer atividades <strong>com</strong>ercias,<<strong>br</strong> />

artesanais ou agrícolas. Sendo uma sociedade militarista, sua organização educacional, sob a<<strong>br</strong> />

responsabilidade do Estado, voltava-se para a preparação desde a infância, dos guerreiros espartanos. Os<<strong>br</strong> />

jovens eram treinados nas artes da guerra, estimulavam o laconismo e a xenofobia. Os periecos (os da<<strong>br</strong> />

periferia), camada intermediária da sociedade, viviam à margem do poder, sem qualquer direito político e<<strong>br</strong> />

realizavam as atividades que os aristocratas consideravam desprezíveis, entretanto, eram o<strong>br</strong>igados a<<strong>br</strong> />

servir o exército e a pagar os impostos. Os hilotas, maioria da população, formavam a base da sociedade<<strong>br</strong> />

espartana. Eram descendentes das populações dominadas e constituíam-se em propriedade do Estado. Por<<strong>br</strong> />

essa razão, alguns autores denominam o modelo espartano de "escravismo-público". Cultivavam a terra dos<<strong>br</strong> />

espartanos, pagavam os impostos em produtos e não possuíam qualquer direito político, sendo um foco<<strong>br</strong> />

constante de revoltas. Contrariamente aos escravos de outros Estados, os hilotas muitas vezes iam à guerra,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o escolta, carregadores, criados. Kriptéia – matança indiscriminada de hilotas, periodicamente<<strong>br</strong> />

autorizada pelo Estado, <strong>com</strong>o forma de conter possíveis revoltas. Os jovens espartanos em treinamento<<strong>br</strong> />

militar é quem praticavam a kriptéia. A mulher em Esparta recebia uma educação similar a do homem, tanto<<strong>br</strong> />

na parte física quanto na formação cívica, gozava de liberdade, possuía riqueza e podia praticar <strong>com</strong>ércio,<<strong>br</strong> />

atividade vedada ao homem, entretanto não exercia qualquer direito político.<<strong>br</strong> />

Período Arcaico (800a.C. — 600a.C.) ATENAS – <strong>ARTE</strong><<strong>br</strong> />

(Humanista–democrática–libertadora)<<strong>br</strong> />

Cidade fundada pelos jônios, na região da Ática, próxima ao litoral e cercada por montanhas, Atenas não<<strong>br</strong> />

sofreu <strong>com</strong> a invasão dos dórios e manteve sua prosperidade. Após a desagregação das <strong>com</strong>unidades<<strong>br</strong> />

clânicas, a população dividiu-se em três camadas: os eupátridas (donos das melhores e maiores terras),<<strong>br</strong> />

portanto os detentores do poder; os geomoros (pequenos proprietários rurais) e os demiurgos (camada<<strong>br</strong> />

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formada por artesãos e <strong>com</strong>erciantes). Democracia — ao assumir o poder em 509 a.C., Clístenes implanta<<strong>br</strong> />

em Atenas o regime democrático. Ao assumir o governo, redividiu Atenas em 10 tribos, <strong>com</strong>posta por<<strong>br</strong> />

cidadãos independentes de sua posição social: aristocratas, camponeses, artesãos, <strong>com</strong>erciantes,<<strong>br</strong> />

marinheiros, etc., reduzindo assim a influência dos eupátridas. De cada tribo eram escolhidos 50 homens<<strong>br</strong> />

para formar a Bulé que passou a ser o Conselho dos 500. Criou a Eclésia – Assembléia Popular, órgão<<strong>br</strong> />

supremo da política em Atenas, formada por todos o cidadão maior de 18 anos. Para evitar a usurpação do<<strong>br</strong> />

poder por parte dos tiranos, Clístenes estabeleceu o ostracismo – que consistia no exílio por um período de<<strong>br</strong> />

10 anos, de todos aqueles que colocassem em perigo a democracia ateniense.<<strong>br</strong> />

Estátuas e Esculturas<<strong>br</strong> />

Os Kouros eram definidos pela existência de om<strong>br</strong>os largos e fortes, dado serem representações de jovens<<strong>br</strong> />

atletas ou heróis; os peitorais eram bem marcados; a cintura mostrava-se muito delgada; as ancas<<strong>br</strong> />

apresentavam-se estreitas; o ventre era liso; tinha os punhos cerrados; os <strong>br</strong>aços encontravam-se colados<<strong>br</strong> />

ao corpo; existia uma grande preocupação no realce dos músculos e articulações; as pernas eram, portanto,<<strong>br</strong> />

muito fortes, verificando-se um adiantamento da perna esquerda em relação à direita; os olhos eram<<strong>br</strong> />

salientes e oblíquos, <strong>com</strong> a forma de amêndoa; notava-se um sorriso doce e o cabelo e a barba eram locais<<strong>br</strong> />

privilegiados de decoração e pormenor. As Korés tinham também características próprias: apresentavam<<strong>br</strong> />

vestes luminosas, vivas, cintilantes e repletas de encantos; os cabelos normalmente encontravam-se soltos<<strong>br</strong> />

ou entrançados; vestiam: túnicas <strong>com</strong> pregas que lhes caíam até ao nível dos tornozelos e xales de lã<<strong>br</strong> />

pesada e colorida, presos <strong>com</strong> alfinetes, o que lhes conferia uma gentileza e graciosidade.<<strong>br</strong> />

Cerâmica<<strong>br</strong> />

De todas as formas de Arte, a cerâmica pintada foi a que mais resistiu à ação do tempo. Restam-nos<<strong>br</strong> />

numerosos exemplos de todos os estilos e períodos artísticos.Inicialmente, somente os vasos utilizados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o oferendas fúne<strong>br</strong>es eram pintados. Com o tempo os vasos de utilidade diária passaram a ser também<<strong>br</strong> />

cuidadosamente decorados em quase toda a superfície <strong>com</strong> motivos geométricos, figuras de animais, cenas<<strong>br</strong> />

mitológicas e do dia-a-dia.A forma e o tipo de vaso teve grande variação ao longo da História Grega, e de<<strong>br</strong> />

modo geral pode-se dizer que o uso ditava a forma. Os tipos mais importantes de vaso no apogeu da<<strong>br</strong> />

cerâmica grega (épocas arcaica e clássica) estão esquematizados na figura ao lado.A ânfora e a hídria eram<<strong>br</strong> />

recipientes de armazenagem (vinho, azeite, cereais); a cratera,a enócoa, o cálice e o skýphos eram<<strong>br</strong> />

utilizados em refeições festivas; o lécito,o alabastro e o aríbalo guardavam azeite ou perfume para higiene<<strong>br</strong> />

pessoal; o lutróforo era usado somente em certos rituais das cerimônias de casamento. A confecção dos<<strong>br</strong> />

vasos seguia em geral o seguinte procedimento: primeiro, a argila era preparada e o pote moldado, em<<strong>br</strong> />

partes separadas, em uma roda simples de oleiro, posta a girar pelo próprio ceramista ou um ajudante.<<strong>br</strong> />

Depois de secar algum tempo ao ar livre e serem novamente levadas à roda, para dar a forma final, as peças<<strong>br</strong> />

eram unidas <strong>com</strong> argila líquida, as alças eram colocadas e as superfícies alisadas. Depois disso vinha a<<strong>br</strong> />

pintura, efetuada <strong>com</strong> diversas técnicas e, finalmente,<<strong>br</strong> />

o vaso era levado ao fogo. O apogeu da pintura dos vasos pode ser situado no século -VI e nas primeiras<<strong>br</strong> />

décadas do século V, época dos vasos de ' figuras negras ' de ' figuras vermelhas' dos quais os museus<<strong>br</strong> />

contém numerosos exemplos. Diversos artistas puderam ser identificados; outros são conhecidos apenas<<strong>br</strong> />

por apelidos mais ou menos sugestivos, em geral <strong>com</strong>eçando <strong>com</strong> a expressão "Pintor de" e mais o nome da<<strong>br</strong> />

cidade, do ceramista, de um vaso ou de uma cena famosa.Eis uma pequena lista dos mais importantes:<<strong>br</strong> />

Pintor de Amásis (séc. -VI); Exéquias (c.550/-530); Epicteto (c. -520/-500); Eufrônio (c. -515/-480); Onésimo<<strong>br</strong> />

(c. -505/-485); Pintores de Berlim, de Brigos e de Cleofrades (c. -500/-480); Douris (c. -500/-470); Pintor de<<strong>br</strong> />

Pã (c. -480/-450); Pintor dos Nióbidas (c. -465/-450); Pintor de Pentesiléia (c. -465/-445); Pintor de Erétria (c.<<strong>br</strong> />

-430/420); e o Pintor de Midias (c. -420/-400).<<strong>br</strong> />

Vasos De Figuras Negras A técnica "de figuras negras", inventada em Corinto por volta de -700, atingiu o<<strong>br</strong> />

auge mais de um século depois nas mãos dos ceramistas e pintores de Atenas. Algumas o<strong>br</strong>as notáveis, no<<strong>br</strong> />

entanto, também foram produzidas em outras regiões.<<strong>br</strong> />

Vasos De Figuras Vermelhas A técnica "de figuras vermelhas", inventada em Atenas por volta de -530, em<<strong>br</strong> />

poucas décadas suplantou os vasos de figuras negras. Aqui foram reunidos alguns exemplos dos mais<<strong>br</strong> />

importantes pintores dos primeiros 50 anos da técnica.<<strong>br</strong> />

Período Clássico (600 a.C. — 400 a.C.)<<strong>br</strong> />

Com as reformas de Clístenes e a implantação do regime democrático, Atenas passou viver seu apogeu a ter a<<strong>br</strong> />

hegemonia do mundo grego a partir do governo de Péricles (461 a 431 a.C.). Este período passou a ser conhecido<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o "Século de Ouro" ou "Século de Péricles". O governo de Péricles marcou o avanço da democracia<<strong>br</strong> />

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ateniense <strong>com</strong> a ampliação das possibilidades de participação política das camadas populares, apesar dessa<<strong>br</strong> />

participação estar restrita aos homens que tivessem pais atenienses. Eram excluídos os escravos, os metecos e as<<strong>br</strong> />

mulheres.Enquanto Atenas fortalecia suas estruturas democráticas, os persas, já dominavam grandes extensões<<strong>br</strong> />

no Oriente e <strong>com</strong>eçavam a avançar so<strong>br</strong>e o mundo grego. O imperialismo persa chocava-se <strong>com</strong> o imperialismo<<strong>br</strong> />

ateniense na Ásia Menor e representava uma ameaça aos gregos em geral. A invasão dos persas em Mileto, deu<<strong>br</strong> />

início aos conflitos militares. Momento início na história da Grécia Antiga, a união das cidades-estados em uma<<strong>br</strong> />

confederação não so<strong>br</strong>eviveu ao final do conflito. O imperialismo ateniense ficou evidente principalmente quando<<strong>br</strong> />

Péricles se apoderou dos recursos da Liga de Delos para fortalecer Atenas. A hegemonia ateniense estimulou as<<strong>br</strong> />

rivalidades internas fazendo <strong>com</strong> que Esparta organizasse a Liga do Peloponeso. Toda a arquitetura clássica<<strong>br</strong> />

(produzida entre os anos 500 e 300 a.C.) caracteriza-se por um senso absoluto de organicidade e equilí<strong>br</strong>io,<<strong>br</strong> />

subordinando-se suas proporções à ordem matemática. Nessa época, que se estende do término do templo dos<<strong>br</strong> />

Alcmeônidas, em Delfos, ao início do "século de Péricles", quando se empreendeu o embelezamento da acrópole<<strong>br</strong> />

de Atenas, os esforços dos arquitetos concentraram-se particularmente no aperfeiçoamento da ordem dórica. As<<strong>br</strong> />

cidades e ilhas jônicas caíram em poder dos persas, o que talvez explique a raridade dos templos jônicos na época.<<strong>br</strong> />

Em contraposição, os arquitetos esforçaram-se para harmonizar as relações entre os diversos elementos<<strong>br</strong> />

arquitetônicos e determinar módulos para a ordem dórica.<<strong>br</strong> />

A primeira grande construção dórica do período foi o templo de Zeus, em Olímpia, erguido segundo risco de Libão<<strong>br</strong> />

em 456 a.C. Quando Atenas foi reconstruída, no governo de Péricles, concentraram-se na colina da Acrópole<<strong>br</strong> />

vários templos dóricos, dos quais o mais importante --que, na verdade, marcou o apogeu do estilo clássico — é o<<strong>br</strong> />

Partenon, construído por Ictino e Calícrates e decorado <strong>com</strong> esculturas concebidas por Fídias. A partir de então,<<strong>br</strong> />

essa o<strong>br</strong>a, <strong>com</strong> oito colunas de frente e 17 de cada lado, influenciou toda a arte e toda a arquitetura da Grécia,<<strong>br</strong> />

fornecendo-lhe um padrão em que se une a concepção ideal da forma e das proporções humanas e um enfoque<<strong>br</strong> />

emocional sereno e despojado. Os templos jônicos do período clássico se perderam em amplitude quando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>parados aos da época arcaica, superaram-nos em graça e pureza. As ordens dórica e jônica lançavam mão de<<strong>br</strong> />

motivos abstratos ou semi-abstratos para simbolizar a vida orgânica. Os arquitetos do período clássico tardio, ao<<strong>br</strong> />

contrário, preferiram traduzi-la mais literalmente e para tal fizeram uso de ornamentos inspirados no acanto e outras<<strong>br</strong> />

plantas. Surgiu assim a última ordem da arquitetura grega, a coríntia, anunciada no templo de Apolo, em Bassas, e<<strong>br</strong> />

que se fez popular a partir de 334 a.C. Em seguida, o estilo coríntio <strong>com</strong>binou-se ao dórico em muitos edifícios:<<strong>br</strong> />

aquele reservado para o interior, este para a fachada (templos de Atena, em Tégea, por Escopas). O fim do período<<strong>br</strong> />

clássico presenciou uma revitalização do estilo jônico, por influência do arquiteto Píteas (túmulo de Mausolo, em<<strong>br</strong> />

Halicarnasso), que abandonou a busca do refinamento em troca da monumentalidade.<<strong>br</strong> />

Estátuas e Esculturas<<strong>br</strong> />

O período clássico representa o apogeu da escultura grega em todas as suas manifestações; as estátuas<<strong>br</strong> />

livres, especialmente, estão entre as o<strong>br</strong>as mais notáveis que chegaram até nós. Os mais importantes<<strong>br</strong> />

escultores do período foram Policleto, Míron, Fídias, Lisipo, Praxíteles e Scopas. Fídias (498 aC.-432 aC.)<<strong>br</strong> />

Nascido em Atenas, estudou nesta cidade e em Argos. Considerado o maior escultor grego, ganhou fama<<strong>br</strong> />

não pelo seu trabalho em mármore, mas pelas criselefantinas, que são estátuas em marfim, <strong>com</strong> roupas em<<strong>br</strong> />

ouro. As três mais famosas são o<strong>br</strong>as <strong>com</strong> cerca de 12 metros de altura: Atena de Lemnos, Atena do<<strong>br</strong> />

Paternão e o Zeus de Olimpo, considerado uma das sete maravilhas do mundo. Só fazia estátuas de deuses,<<strong>br</strong> />

imprimindo-lhes no<strong>br</strong>eza, austeridade e dignidade. Seu estilo deixou marcas permanentes na arte grega. Os<<strong>br</strong> />

principais mestres da escultura clássica grega são:<<strong>br</strong> />

- Praxíteles, cele<strong>br</strong>ado pela graça das suas esculturas, pela lânguida pose em “S” (Hermes <strong>com</strong> Dionísio<<strong>br</strong> />

menino), foi o primeiro artista que esculpiu o nu feminino;<<strong>br</strong> />

- Policleto, autor de Doríforo -condutor da lança, criou padrões de beleza e equilí<strong>br</strong>io através do tamanho<<strong>br</strong> />

das estátuas que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.<<strong>br</strong> />

- Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico, sua o<strong>br</strong>a-prima, e Atenéia.<<strong>br</strong> />

Realizou toda a decoração em baixos-relevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões, métopas e frisos<<strong>br</strong> />

- Lisipo, representava os homens “tal <strong>com</strong>o se vêem” e “não <strong>com</strong>o são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo<<strong>br</strong> />

que introduziu a proporção ideal do corpo humano <strong>com</strong> a medida de oito vezes a cabeças<<strong>br</strong> />

- Miron, autor do Discóbolo -homem arremessando o disco.<<strong>br</strong> />

- Praxíteles. Foi o maior escultor grego do século IV a.C. Trabalhou <strong>com</strong> mármore e distinguiu-se na arte de<<strong>br</strong> />

reproduzir fielmente a figura humana. Suas estátuas mostram jovens deuses cheios de graça, <strong>com</strong> alegria<<strong>br</strong> />

de viver e corpos descontraídos. As figuras apresentam o quadril flexionado em uma pose conhecida <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

"a curva do S de Praxíteles" e seus rostos têm uma expressão sonhadora. Várias de suas o<strong>br</strong>as originais<<strong>br</strong> />

foram preservadas. Sua habilidade principal era o perfeito acabamento que dava a cada trabalho; parecia<<strong>br</strong> />

realmente carne, cabelo e verdadeiros panos. Sua o<strong>br</strong>a mais famosa é a estátua de Hermes, <strong>com</strong> Dionísio<<strong>br</strong> />

no colo, que se encontra em Olímpia.<<strong>br</strong> />

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ARQUITETURA GREGA: UMA <strong>INTRODUÇÃO</strong><<strong>br</strong> />

A Antiguidade Clássica Grega, relativamente ao campo da arte, identifica-se em três épocas ou fases: a fase<<strong>br</strong> />

arcaica (pré-arcaico e arcaico), onde so<strong>br</strong>essai o esforço pelo inteligível; a fase clássica (clássico severo e<<strong>br</strong> />

clássico de ouro), na qual existe o sentido de superação da matéria, e, finalmente a fase helenística,<<strong>br</strong> />

caracterizada pelo poder de observação, do gosto pelo concreto, pelo individual e pelo singular. Na<<strong>br</strong> />

civilização clássica grega, podemos considerar dois aspectos relevantes que a constituem: a arquitetura e a<<strong>br</strong> />

escultura, os quais se apresentam <strong>com</strong>o os dois elementos que mais se evidenciaram na constituição deste<<strong>br</strong> />

povo, e que o permitiram obter uma glória eterna. A Arquitetura grega mostra-se <strong>com</strong>o um dos aspectos<<strong>br</strong> />

mais importantes da civilização grega, dado os seus colossais monumentos arquitetônicos provocarem<<strong>br</strong> />

grande admiração perante os olhos daqueles que os observam e mostrarem o grande controlo que os<<strong>br</strong> />

gregos exerciam so<strong>br</strong>e si mesmos, revelados nas suas o<strong>br</strong>as através da perfeição, do equilí<strong>br</strong>io e da<<strong>br</strong> />

harmonia. No período clássico a arquitetura inclina-se para a <strong>com</strong>unidade e revela-se uma verdadeira<<strong>br</strong> />

ciência na construção de templos e outros monumentos arquitetônicos. Realiza-se a construção da o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

mais conhecida do tempo da Antiguidade Clássica, o Parténon e, também, da Acrópole de Atenas, outra das<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as consagradas <strong>com</strong>o os colossos da arte grega.Finalmente, no período helenístico identifica-se uma<<strong>br</strong> />

passagem da ordem dórica para a coríntia e os monumentos colossais revelam-se <strong>com</strong>o os grandes<<strong>br</strong> />

empreendimentos arquitetônicos. As edificações que despertaram maior interesse são os templos. A<<strong>br</strong> />

característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e o dos fundos. O<<strong>br</strong> />

templo era construído so<strong>br</strong>e uma base de três degraus. O degrau mais elevado chamava-se estilóbata e<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e ele eram erguidas as colunas. As colunas sustentavam um entablamento horizontal formado por três<<strong>br</strong> />

partes: a arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e entablamento eram construídos segundo os modelos da<<strong>br</strong> />

ordem dórica, jônica e coríntia.<<strong>br</strong> />

As Ordens A Ordem Dórica<<strong>br</strong> />

A ordem dórica, revelada <strong>com</strong>o a mais antiga das existentes na arte grega, apresenta: formas geométricas,<<strong>br</strong> />

regras rígidas, uma elegância formal e um equilí<strong>br</strong>io de proporções.Relativamente às colunas que a<<strong>br</strong> />

constituem: mostram grandes diâmetros; são <strong>com</strong>postas por arestas vivas; não possuem qualquer tipo de<<strong>br</strong> />

base, assentando diretamente no estilóbato; têm um capitel de ordem muito simples, constituído por uma<<strong>br</strong> />

gola e um coxim; contém um friso dividido em métopas, normalmente esculpidas, e triglifos, Dado não<<strong>br</strong> />

conterem qualquer tipo de decoração, <strong>com</strong> excepção da encontrada nas métopas, à coluna da ordem dórica<<strong>br</strong> />

assemelha-se a definição de masculinidade, visto possuir uma imagem robusta e maciça. Como exemplo de<<strong>br</strong> />

monumentos característicos desta ordem temos: o templo de Poseidon.O templo, que media 31,39 m x<<strong>br</strong> />

76,82 m, era um octácilo, isto é, tinha oito colunas dóricas na frente, e 17 delas nas laterais. Na cela do<<strong>br</strong> />

santuário, repousava a imensa estátua criselefantina de Atena partenos, esculpida em mármore, ouro e<<strong>br</strong> />

marfim por Fídias. No frontão e nos lados, espalhavam-se estatuas e métopas em alto relevo, representando<<strong>br</strong> />

vários episódios onde o humano enfrentava o animal, onde a razão superava a superstição, e a civilização<<strong>br</strong> />

vencia a barbárie.. Harmonia, simplicidade e beleza, isso define o Pártenon. Péricles indicou <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

supervisor das o<strong>br</strong>as a serem iniciadas na acrópole em 447 a.C. o grande escultor Fídias, que também era<<strong>br</strong> />

seu amigo. Além dele, um <strong>com</strong>o arquiteto e o outro construtor, atuaram Ictinus e Calicrates. O projeto do<<strong>br</strong> />

templo, concluído em 438 a.C., concretizou os ideais do iluminismo jônico: um prédio onde as formas<<strong>br</strong> />

geométricas (o retângulo, sustentado por colunas verticais, encimado pelo triângulo), excluíam qualquer<<strong>br</strong> />

artifício ornamental. Ele, ciente da sua majestosa simplicidade, dominando inteiramente a paisagem lá do<<strong>br</strong> />

alto da acrópole, representava a razão em seu estado puro, tendo a planície as seus pés. Era a<<strong>br</strong> />

materialização arquitetônica da relação que o nous de Anaxágoras, tinha <strong>com</strong> a hile, a matéria dócil (a<<strong>br</strong> />

cidade lá embaixo) subordinada à inteligência (o templo lá encima na acrópole).<<strong>br</strong> />

A Ordem Jônica<<strong>br</strong> />

A ordem jônica percorreu uma lenta evolução desde a sua criação (séc. VI a.C.) até à sua constituição final<<strong>br</strong> />

no período clássico.A ordem jônica é caracterizada pela existência de: uma base seguida ou não de um<<strong>br</strong> />

plinto (denominado <strong>com</strong>o uma peça chata e quadrangular so<strong>br</strong>e a qual assenta uma coluna ou um pedestal);<<strong>br</strong> />

Tem igualmente um fuste delgado, na generalidade feito por uma só pedra, que possui mais caneluras, do<<strong>br</strong> />

que as existentes na ordem dórica; estas apresentam-se mais profundas e semicirculares, não possuem<<strong>br</strong> />

quaisquer arestas vivas e a sua ênfase mostra-se pouco notória; do mesmo modo apresenta um capitel<<strong>br</strong> />

muito característico <strong>com</strong> faces iguais duas a duas (normalmente são quatro volutas ou espirais unidas por<<strong>br</strong> />

linhas curvas); apresenta ainda um arquitrave <strong>com</strong>posto por três faixas progressivamente salientes e um<<strong>br</strong> />

friso contínuo e decorado.O estilo jônico revela-se uma ligação entre o interior e o exterior do templo e entre<<strong>br</strong> />

as paredes e os suportes; nota-se igualmente a existência de colunas esbeltas, decorativas, conectadas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o símbolo feminino e apresentando-se menos rigorosas. Temos <strong>com</strong>o exemplos de templos<<strong>br</strong> />

estritamente ligados <strong>com</strong> a ordem jônica: o Templo de Atena Níké, o Tesouro de Delfos e o Parténon. A<<strong>br</strong> />

Junção da ordem dórica e da ordem jônica originou o que designamos por propileus, ou seja, a entrada<<strong>br</strong> />

monumental dos antigos edifícios gregos. O Erecteion de Atenas, talvez o mais belo dos templos jônicos,<<strong>br</strong> />

levantando em honra de um lendário herói ateniense chamado Erecteu, terminou sua construção em 406 a.C.,<<strong>br</strong> />

11


estando localizado so<strong>br</strong>e a Acrópole da cidade. No interior do templo, guardavam-se os mais sagrados<<strong>br</strong> />

objetos de arte. Na parte sul da construção há um pórtico, o das koré ou cariátides (donzelas, em grego),<<strong>br</strong> />

sustentado, não por colunas, mas por seis estátuas de moças <strong>com</strong> cestas à cabeça. O templo de Atenéia,<<strong>br</strong> />

"Nike Aptera", foi construído em 429 a.C. em homenagem a Atenéia vitoriosa. Dentro do templo de Atenéia,<<strong>br</strong> />

os atenienses colocaram a estátua da vitória alada, mas, por via das dúvidas, cortaram-lhe as asas, para<<strong>br</strong> />

que não saísse voando do templo.<<strong>br</strong> />

A Ordem Cariátide<<strong>br</strong> />

Ligada à ordem jônica temos o surgimento de uma nova ordem, a ordem cariátide, que, inicialmente foi<<strong>br</strong> />

pouco utilizada. Para desempenhar o papel de colunas nos templos que adoptaram esta ordem temos as<<strong>br</strong> />

esculturas de mármore das jovens de Cária (jovens que foram reduzidas à escravidão, dado o seu povo ter<<strong>br</strong> />

realizado um pacto <strong>com</strong> os Persas). Como exemplo deste caso temos a existência do Templo de Erectéion,<<strong>br</strong> />

que simboliza a representação da graciosidade e da serenidade.<<strong>br</strong> />

A Ordem Coríntia<<strong>br</strong> />

A ordem coríntia nasceu através do "enriquecimento decorativo" da ordem jónica.A ordem coríntia tem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o características: a existência de uma base mais trabalhada do que as anteriores; de um fuste mais<<strong>br</strong> />

delgado do que o existente na ordem jónica; de um capitel representado na forma de sino invertido,<<strong>br</strong> />

constituído por duas filas de folhas de acanto (designada por uma planta herbácea, espinhosa, de folhas<<strong>br</strong> />

recortadas), que se encontram ainda muito estilizadas, <strong>com</strong> as pontas recurvadas para fora, encimadas<<strong>br</strong> />

por quatro pequenas volutas nos cantos; finalmente, a existência de um entablamento e de um frontão,<<strong>br</strong> />

os quais eram carregados de relíquias decorativas e precisão nos detalhes, de modo a simbolizar a<<strong>br</strong> />

ambição, a riqueza e o poder. Os monumentos que adaptaram esta ordem foram: o Monumento<<strong>br</strong> />

Corégico de Lisícrates e o Templo de Zeus. O templo de Olympeion de Atenas <strong>com</strong>eçou a ser<<strong>br</strong> />

construído em 170 a.C, e só terminou muito tempo depois. Dedicado a Zeus Olímpico, foi o maior<<strong>br</strong> />

edifício coríntio, restando apenas ruínas do templo. Esse estilo seria mais tarde retomado e modificado<<strong>br</strong> />

pelos romanos, que procuravam o luxo e a ostentação.<<strong>br</strong> />

Período Helenístico (400 a.C. — 146 a.C.)<<strong>br</strong> />

No final do século IV a.C., o decadente mundo grego foi conquistado e passou a fazer parte do Império<<strong>br</strong> />

Macedônico. Sob a liderança de Filipe II, tem início a formação de um grandioso império que alcançou seu<<strong>br</strong> />

apogeu sob o <strong>com</strong>ando de Alexandre Magno. Alexandre foi o responsável pela integração cultural no seu império,<<strong>br</strong> />

que resultou na formação da cultura helenística, fusão da cultura helênica <strong>com</strong> a cultura oriental. Diferente da<<strong>br</strong> />

arte helênica, marcada pelo equilí<strong>br</strong>io, pela leveza e pelo humanismo, a helenística caracterizou-se pelo realismo<<strong>br</strong> />

exagerado, <strong>com</strong> a grandiosidade e <strong>com</strong> o luxo.<<strong>br</strong> />

A Escultura Helenística<<strong>br</strong> />

No Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram<<strong>br</strong> />

representados apenas de acordo <strong>com</strong> a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o<<strong>br</strong> />

estado de espírito de um momento. O grande desafio e a grande conquista da escultura do período<<strong>br</strong> />

helenístico foi a representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a<<strong>br</strong> />

sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que pudessem ser observados. Além das<<strong>br</strong> />

tradicionais estátuas e relevos cultuais representando deuses, heróis e outras figuras mitológicas,<<strong>br</strong> />

tornaram-se <strong>com</strong>uns durante o período helenístico os retratos individualizados de estadistas, filósofos e<<strong>br</strong> />

literatos e as representações de pessoas <strong>com</strong>uns.<<strong>br</strong> />

ROMA do século VI a.C. ao século V d.C.<<strong>br</strong> />

No auge do esplendor, o Império Romano estendia-se da Inglaterra ao Egito e da Espanha ao sul da Rússia.<<strong>br</strong> />

Expostos aos costumes de terras estrangeiras, os romanos absorveram elementos de culturas mais antigas<<strong>br</strong> />

– notavelmente da Grécia – e transmitiram essa mistura cultural (greco-romana) a toda a Europa Ocidental e<<strong>br</strong> />

ao Norte da África. No primeiro momento, os deslum<strong>br</strong>amentos romanos foram voltados para a produção da<<strong>br</strong> />

arte grega. Diversos imperadores importaram galeões carregados e mármores e <strong>br</strong>onzes para adornar os<<strong>br</strong> />

fóruns romanos, somente Nero importou quinhentos <strong>br</strong>onzes de Delfos e, quando não restavam mais<<strong>br</strong> />

originais, os romanos <strong>com</strong>eçaram a fazer cópias. A arte romana sofreu duas fortes influências: a da arte<<strong>br</strong> />

etrusca popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da greco-helenística, orientada para a<<strong>br</strong> />

expressão de um ideal de beleza. Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos<<strong>br</strong> />

romanos foi o uso do arco e da abóbada nas construções.<<strong>br</strong> />

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Arcos<<strong>br</strong> />

São elementos de construção em forma de curvas, obtidos <strong>com</strong> aduelas, destinado a co<strong>br</strong>ir um vão de<<strong>br</strong> />

abertura. E quanto a forma dividem-se em: ARCO FERRADURA; ARCO MONTANTE OU RAMPANTE arco<<strong>br</strong> />

cujas extremidades não se nivelam horizontalmente; ARCO ABATIDO OU REBAIXADO TRICÊNTRICO<<strong>br</strong> />

Cuja curva é inferior a do arco pleno; ARCO TRILOBADO ARCO PLENO, PLENICENTRICO OU<<strong>br</strong> />

SEMICIRCULAR Cuja secção corresponde à semi-circunferência; ARCO AGUDO OU OGIVAL Formado<<strong>br</strong> />

por dois arcos que se cortam no vértice de um triangulo imaginário, cuja base é a do arco.<<strong>br</strong> />

Abóbadas<<strong>br</strong> />

Cobertura encurvada, obtida <strong>com</strong> pedras ou tijolos cortados em forma de cunha. No Brasil é feita geralmente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> tábuas. A técnica de construção dividi-se em: ABÓBA<strong>DA</strong> DE BERÇO O prolongamento do arco apoiado<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e duas paralelas ou geratrizes; <strong>com</strong>o o ARCO, pode ser abatida, ogival, alteada, plena ou cilíndrica.<<strong>br</strong> />

ABÓBA<strong>DA</strong> DE BARRETE DE CLÉRIGO Resultante da intersecção das abóbadas de berço, cujas geratrizes<<strong>br</strong> />

são paralelas aos lados do quadrado correspondente, produzindo arestas reentrantes no interior. ABÓBA<strong>DA</strong><<strong>br</strong> />

EM CÚPULA Resultante de uma geratriz ou muro, circular formando um espaço interno mais ou menos<<strong>br</strong> />

semi-esférico. ABÓBO<strong>DA</strong> DE ARESTA formada pelo cruzamento de duas abóbadas de berço iguais,<<strong>br</strong> />

produzindo arestas salientes no interior do espaço aberto, ou seja, <strong>com</strong> as geratrizes perpendiculares aos<<strong>br</strong> />

lados do quadrado correspondente.<<strong>br</strong> />

Arquitetura<<strong>br</strong> />

As duas grandes bases da arquitetura romana são etrusca e grega, mas ao longo de sua história, Roma<<strong>br</strong> />

assimila várias culturas, as culturas dos povos que conquista, assim as bases da arquitetura romana, ou até<<strong>br</strong> />

da sua cultura, são diversas.<<strong>br</strong> />

No que se refere á arquitetura, os romanos seguiam fielmente alguns princípios de utilidade racionalidade e<<strong>br</strong> />

ordem. Marco Vitruvio Polion foi e é fonte constante de inspiração de arquitetos de todos os tempos.<<strong>br</strong> />

Com o <strong>com</strong>eço do império, Roma precisou reformular totalmente sua política, que vive três séculos de<<strong>br</strong> />

esplendor, até encontrar seu fim, no ano 476 d.C. Porem, a arquitetura romana não seguiu à risca o mesmo<<strong>br</strong> />

caminho da política.<<strong>br</strong> />

De um ponto de vista mais restrito, a primeira parte era baseada nos etruscos, a segunda nos gregos e a<<strong>br</strong> />

terceira, uma arquitetura, digamos independentes. Nesse terceiro período, a os monumentos serviam <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um veículo de romanização das terras que vai submetendo.<<strong>br</strong> />

Os arquitetos romanos usavam o material que tinham mais a mão em cada província (um exemplo é na<<strong>br</strong> />

Espanha, onde usavam paredes de barro prensado).<<strong>br</strong> />

Entre os elementos fundamentais da arquitetura romana, destacam -se as colunas, os arcos, as abóbadas e<<strong>br</strong> />

cúpulas.<<strong>br</strong> />

O caráter unificador do império romano faz que encontremos construções semelhantes em seus diversos<<strong>br</strong> />

recantos, da mesma forma <strong>com</strong>o as cidades eram análogas quanto à vida quotidiana e à organização<<strong>br</strong> />

política e social de seus habitantes. As cidades cresceram, pois os pequenos proprietários que viviam no<<strong>br</strong> />

campo, perderam suas terras para os latifundiários (que naquela época eram muitos e privilegiados). Assim,<<strong>br</strong> />

o pequeno proprietário só tinha um lugar para ir, que era a cidade mais próxima.<<strong>br</strong> />

Assim o crescimento urbano se acelerou, surgindo desafios relativos a esse desenvolvimento. No entanto,<<strong>br</strong> />

os problemas de habitação, equipamentos, trânsito, etc., foram eficientemente ultrapassados pelos<<strong>br</strong> />

arquitetos romanos.<<strong>br</strong> />

Em termos de urbanização, foi adotado um sistema de ruas retas que se cruzam. As duas principais, uma<<strong>br</strong> />

em direção norte-sul (cardo maximus), outra em direção leste oeste (decumanus maximus) cruzam -se no<<strong>br</strong> />

foro, grande praça principal que era o centro político da cidade e em cujas proximidades se erguem os<<strong>br</strong> />

edifícios públicos mais importantes. As ruas restantes correm paralelamente a esses eixos. Em geral, eram<<strong>br</strong> />

ruas amplas, <strong>com</strong> pórticos, estátuas e monumentos, que desembocam em praças vazias.<<strong>br</strong> />

Tão importante quanto o foro era a praça do mercado ou macellum, onde se situavam as lojas. Esse tipo de<<strong>br</strong> />

organização se repetiu nas cidades medievais.<<strong>br</strong> />

Cada cidade se abastecia de grandes reservatórios de água, construídos em lugares próximos, de onde<<strong>br</strong> />

partiam canais ao ar livre que levavam a água vencendo os desníveis mediante arcos e sifões. Para os<<strong>br</strong> />

grandes desníveis, construíam -se aquedutos, formados geralmente pelas so<strong>br</strong>eposições de arcadas para<<strong>br</strong> />

suportar, na sua parte superior, um canal por onde corria a água. Na própria cidade, a necessidade manter<<strong>br</strong> />

reservas de água o<strong>br</strong>igava a construção de cisternas.Por último, construíram -se redes de esgotos para a<<strong>br</strong> />

eliminação das águas residuais.<<strong>br</strong> />

A princípio, as cidades romanas não tinham muralhas. Isso mudou a partir do século III, quando, em muitos<<strong>br</strong> />

lugares do império a ameaça de invasões o<strong>br</strong>igou a construí -las para a defesa dos cidadãos. A casa urbana<<strong>br</strong> />

(domus), na sua forma mais simples, consta de um vestíbulo ou saguão que dá para um pátio (atrium) <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

colunas ou pilares, criando uma galeria em volta da parte central descoberta para recolher as águas da<<strong>br</strong> />

chuva numa pequena cisterna sob o chão, da qual se abastecerá o poço. Aos lados do atrium encontram -se<<strong>br</strong> />

os quartos (cubícula) e ao fundo a sala de estar, que serve ao mesmo tempo de sala de jantar. Nas casas<<strong>br</strong> />

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mais no<strong>br</strong>es, além de dois quartos, atrás da sala de estar há um pátio <strong>com</strong> colunas, <strong>com</strong> quartos nos lados e<<strong>br</strong> />

uma sala de jantar ao fundo. Atrás, um jardim ou pequena horta. Os quartos eram decorados <strong>com</strong> pinturas e<<strong>br</strong> />

o chão <strong>com</strong> mosaicos. Este modelo de casa dá lugar ao palácio, que o desenvolve em tamanho e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexidade.<<strong>br</strong> />

Nas proximidades das cidades, construíam -se numerosas vilas ou casas de campo, umas para moradia e<<strong>br</strong> />

outras para estadias. Nelas havia uma organização parecida <strong>com</strong> a da domus, mas dando grande<<strong>br</strong> />

importância aos jardins. Especialmente interessantes são o famoso <strong>com</strong>plexo de Capri, construído por<<strong>br</strong> />

Tibério e a Vila Adriana de Tivoli.<<strong>br</strong> />

Para a vida social, tiveram grande importância as termas, que, <strong>com</strong> freqüência e, so<strong>br</strong>etudo em Roma,<<strong>br</strong> />

deram lugar a grandes construções. Nelas encontramos câmaras para banhos frios (frigidarium), mornos<<strong>br</strong> />

(tepidarium) e de água quente ou vapor (caldarium ou laconicum), além de dependências destinadas a<<strong>br</strong> />

massagens, a palestras etc.<<strong>br</strong> />

Junto às termas, deve-se mencionar os edifícios de caráter cultural, tais <strong>com</strong>o bibliotecas e arquivos.<<strong>br</strong> />

O centro da vida política romana estava na cúria, edifício assim chamado devido ao nome da assembléia na<<strong>br</strong> />

qual o povo outorgava o poder a um magistrado. Igualmente importante era o pretório, ou residência da<<strong>br</strong> />

autoridade militar. Outras construções muito repetidas eram as chamadas basílicas.<<strong>br</strong> />

Arquitetura<<strong>br</strong> />

As características gerais da arquitetura romana são:<<strong>br</strong> />

• busca do útil imediato, senso de realismo;<<strong>br</strong> />

• grandeza material, realçando a idéia de força;<<strong>br</strong> />

• energia e sentimento;<<strong>br</strong> />

• predomínio do caráter so<strong>br</strong>e a beleza; • originais: urbanismo, vias de <strong>com</strong>unicação, anfiteatro, termas.<<strong>br</strong> />

As construções eram de SEIS espécies, de acordo <strong>com</strong> as funções:<<strong>br</strong> />

1) Religião: Templos Os mais conhecidos são o templo de Júpiter Stater, o de Saturno, o da Concórdia e o de<<strong>br</strong> />

César. O Panteão, construído em Roma durante o reinado do Imperador Adriano foi planejado para reunir a<<strong>br</strong> />

grande variedade de deuses existentes em todo o Império, esse templo romano, <strong>com</strong> sua planta circular fechada<<strong>br</strong> />

por uma cúpula, cria um local isolado do exterior onde o povo se reunia para o culto. 2) Comércio e civismo:<<strong>br</strong> />

BasílicaA princípio destinada a operações <strong>com</strong>erciais e a atos judiciários, a basílica servia para reuniões da bolsa,<<strong>br</strong> />

para tribunal e leitura de editos. Mais tarde, já <strong>com</strong> o Cristianismo, passou a designar uma igreja <strong>com</strong> certos<<strong>br</strong> />

privilégios. A basílica apresenta uma característica inconfundível: a planta retangular, (de quatro a cinco mil<<strong>br</strong> />

metros) dividida em várias colunatas. Para citar uma, a basílica Julia, iniciada no governo de Júlio César, foi<<strong>br</strong> />

concluída no Império de Otávio Augusto. 3) Higiene: Termas Constituídas de ginásio, piscina, pórticos e jardins,<<strong>br</strong> />

as termas eram o centro social de Roma. As mais famosas são as termas de Caracala que, além de casas de<<strong>br</strong> />

banho, eram centro de reuniões sociais e esportes. 4) Divertimentos: a) Circo: extremamente a feito aos<<strong>br</strong> />

divertimentos, foi de Roma que se originou o circo. Dos jogos praticados temos:<<strong>br</strong> />

jogos circenses -corridas de carros; ginásios -incluídos neles o pugilato; jogos de Tróia -aquele em que<<strong>br</strong> />

havia torneios a cavalo; jogos de escravos -executados por cavaleiros conduzidos por escravos;<<strong>br</strong> />

Sob a influência grega, os verdadeiros jogos circenses romanos só surgiram pelo ano 264 a.C. Dos circos<<strong>br</strong> />

romanos, o mais céle<strong>br</strong>e é o "Circus Maximus". b) Teatro: imitado do teatro grego. O principal teatro é o de<<strong>br</strong> />

Marcelus. Tinha cenários versáteis, giratórios e retiráveis. c) Anfiteatro: O povo romano apreciava muito as<<strong>br</strong> />

lutas dos gladiadores. Essas lutas <strong>com</strong>punham um espetáculo que podia ser apreciado de qualquer ângulo.<<strong>br</strong> />

Pois a palavra anfiteatro significa teatro de um e de outro lado. Assim era o Coliseu, certamente o mais belo<<strong>br</strong> />

dos anfiteatros romanos. Externamente o edifício era ornamentado por esculturas, que ficavam dentro<<strong>br</strong> />

dos arcos, e por três andares <strong>com</strong> as ordens de colunas gregas (de baixo para cima: ordem dórica,<<strong>br</strong> />

ordem jônica e ordem coríntia). Essas colunas, na verdade eram meias colunas, pois ficavam presas à<<strong>br</strong> />

estrutura das arcadas. Portanto, não tinham a função de sustentar a construção, mas apenas de<<strong>br</strong> />

ornamentá-la. Esse anfiteatro de enormes proporções chegava a a<strong>com</strong>odar 40.000 pessoas sentadas e<<strong>br</strong> />

mais de 5.000 em pé. 5) Monumentos decorativos Arco de Triunfo: pórtico monumental feito em<<strong>br</strong> />

homenagem aos imperadores e generais vitoriosos. O mais famoso deles é o arco de Tito, todo em mármore,<<strong>br</strong> />

construído no Fórum Romano para <strong>com</strong>emorar a tomada de Jerusalém. Este Arco de Triunfo situado em<<strong>br</strong> />

Roma, ao lado do Coliseo, foi construído pelo povo e pelo senado Romano para <strong>com</strong>emorar a vitória de<<strong>br</strong> />

Constantino so<strong>br</strong>e Majencio no ano de 313 d.C. O grande friso que coroa os arcos traz a inscrição que<<strong>br</strong> />

justifica sua construção: “ Ao Imperador e Cesar Constantino, o grande, o mais afortunado que por<<strong>br</strong> />

inspiração de Deus, grandeza de espírito e valor de seu exército livrou o Estado do Tirano e de seus<<strong>br</strong> />

partidários, o Senado e o Povo de Roma dedicam este Arco de Triunfo”. b) Coluna Triunfal: a mais famosa é<<strong>br</strong> />

a coluna de Trajano, <strong>com</strong> seu característico friso em espiral que possui a narrativa histórica dos feitos do<<strong>br</strong> />

Imperador em baixos-relevos no fuste. Foi erguida por ordem do Senado para <strong>com</strong>emorar a vitória de<<strong>br</strong> />

Trajano so<strong>br</strong>e os dácios e os partos. 6) Moradia: Casa Era construída ao redor de um pátio chamado Átrio.<<strong>br</strong> />

14


Pintura<<strong>br</strong> />

Poderemos sentir dificuldades em distinguir a pintura grega da romana.<<strong>br</strong> />

A maioria das pinturas de estilo helenístico foram realizadas na Itália. Os romanos admiravam a cultura e a<<strong>br</strong> />

pintura de cavalete dos gregos, que foram copiadas em muros e decoraram cidades e palácios. Famosas<<strong>br</strong> />

escolas continuaram o trabalho dos gregos. Na verdade, a pintura romana (não por inteiro) foi apenas à<<strong>br</strong> />

continuação da pintura grega. Este “não por inteiro”, se refere ao fato de que a pintura romana talvez tenha<<strong>br</strong> />

uma certa individualidade, mas, infelizmente, não temos muitas provas disso. A pintura de cavalete é muito<<strong>br</strong> />

escassa e isso beneficiou as pinturas murais. Nessa época as cenas heróicas e mitológicas deram lugar a<<strong>br</strong> />

paisagens, natureza morta e coisas do gênero, fugindo assim da “herança helenística”.<<strong>br</strong> />

Infelizmente, a desaparição de pinturas murais helenísticas priva-nos de ter uma referência básica no<<strong>br</strong> />

momento de analisarmos os afrescos romanos que foram conservados graças à erupção do Vesúvio, em 79<<strong>br</strong> />

d.C., que co<strong>br</strong>iu algumas cidades e assim isolou-as do ar e suas impurezas.<<strong>br</strong> />

Pelo menos dois dos quatro estilos de afrescos romanos têm origens helenísticas e coincidindo já <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

tendências helenísticas, coloca em prova a originalidade da pintura romana. O quarto e o segundo estilos,<<strong>br</strong> />

por exemplo, estão bem presentes nas decorações dos teatros.<<strong>br</strong> />

Podemos observar que o mais simples e antigo dos estilos, o de incrustações, foi usado desde o século II e<<strong>br</strong> />

início do século I a.C. no revestimento das paredes, imitando placas de mármore de cores incrustadas.<<strong>br</strong> />

Estilo arquitetônico, por sua vez, apareceu no início do século I a.C. e continuou pelo seguinte. Nele, uma<<strong>br</strong> />

moldura fingindo uma coluna reco<strong>br</strong>e a parede e, nos requadros, são representadas cenas, paisagens ou<<strong>br</strong> />

naturezas mortas. Procurava-se produzir efeitos de profundidade, negando a evidência física da parede<<strong>br</strong> />

para ampliar ilusoriamente o espaço. As representações da Vila dos Mistérios, em Pompéia são exemplos<<strong>br</strong> />

de pinturas desse estilo. O terceiro estilo, o ornamental, desenvolveu se entre 15 a.C. e 60 d.C. Apresenta<<strong>br</strong> />

elementos arquitetônicos muito finos que sublinham a evidência do plano da parede, ao perderem<<strong>br</strong> />

consistência e sentido volumétrico, ficando reduzidos a simples elementos decorativos, <strong>com</strong>o se pode ver<<strong>br</strong> />

nas pinturas da Casa dos Vétios de Pompéia. O quarto estilo, fantástico ou ilusionista, derivou-se do<<strong>br</strong> />

segundo e, a partir do ano 60 d.C., o gosto pela cenografia e pelos espaços fingidos encontrou de novo o<<strong>br</strong> />

caminho livre. A Damos Áurea, levanta por Nero após o incêndio de Roma do ano 64 oferece um dos<<strong>br</strong> />

primeiros e mais belos exemplos deste estilo.<<strong>br</strong> />

Outro gênero que convinha especialmente ao gosto dos romanos era o retrato, <strong>com</strong>o mostra o<<strong>br</strong> />

desenvolvimento de sua escultura. As amostras que chegaram até nós são muito escassas, embora<<strong>br</strong> />

bastante ilustrativas. Alguns desses retratos, pintados enquanto os personagens eram vivos, estavam<<strong>br</strong> />

destinados a serem colocados so<strong>br</strong>e a sua urna a altura do rosto, <strong>com</strong>o uma derivação das representações<<strong>br</strong> />

do antigo Egito. Eram realizados so<strong>br</strong>e madeira, e às vezes so<strong>br</strong>e tela. Um grupo de representações<<strong>br</strong> />

procedente de Pompéia os efigiados de meio corpo, olhando nos de frente <strong>com</strong> os olhos fixos e fortemente<<strong>br</strong> />

caracterizados no seu individualismo. O retrato de Paquia Próculo e da sua esposa é a o<strong>br</strong>a principal deste<<strong>br</strong> />

grupo, onde a melancolia e um ar de sonho predominavam. Este tipo de retrato foi encontrado bastante em<<strong>br</strong> />

Roma e no Egito, no oásis de Al Fayum realizado durante o domínio romano, entre os séculos I e IV. O<<strong>br</strong> />

Mosaico e o afresco foram muito utilizados na decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral. A maior<<strong>br</strong> />

parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e Herculano, que foram<<strong>br</strong> />

soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura existente em Pompéia classificam<<strong>br</strong> />

a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro estilos: Primeiro estilo: reco<strong>br</strong>ir as paredes de<<strong>br</strong> />

uma sala <strong>com</strong> uma camada de gesso pintado; que dava impressão de placas de mármore. Segundo estilo:<<strong>br</strong> />

Os artistas <strong>com</strong>eçaram então a pintar painéis que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas<<strong>br</strong> />

paisagens <strong>com</strong> animais, aves e pessoas, formando um grande mural.Terceiro estilo: representações fiéis da<<strong>br</strong> />

realidade e valorizou a delicadeza dos pequenos detalhes. Quarto estilo: um painel de fundo vermelho,<<strong>br</strong> />

tendo ao centro uma pintura, geralmente cópia de o<strong>br</strong>a grega, imitando um cenário teatral.<<strong>br</strong> />

Mosaicos<<strong>br</strong> />

É difícil saber onde termina a época helenística e <strong>com</strong>eça a época romana dos mosaicos, pois a transição é<<strong>br</strong> />

praticamente imperceptível, tanto na capital, Roma, <strong>com</strong>o na periferia do Império. Após o rico apogeu<<strong>br</strong> />

helenístico, que podemos observar em Pompéia, temos a época dos Flávios (século I).<<strong>br</strong> />

Nessa época, na África, o mosaico apresentava cores fortes e ao mesmo tempo, no Oriente, eles<<strong>br</strong> />

apresentavam tendências helenístico-romanas.<<strong>br</strong> />

E na etapa final dos séculos IV e V, <strong>com</strong> cenas mitológicas, alegóricas, cinegéticas, de estilo vivo e<<strong>br</strong> />

naturalista, mas <strong>com</strong> um reflexo de uma rigidez futura.<<strong>br</strong> />

Depois de Constantino, o mosaico romano <strong>com</strong>eça a esquematizar -se e a ser dominado pelas alegorias, o<<strong>br</strong> />

que já denota o início da era paleo-cristã.<<strong>br</strong> />

Escultura<<strong>br</strong> />

No período de Augusto V, a escultura romana sofreu forte influência grega. É nesta época que a escultura grega<<strong>br</strong> />

(apesar de anteriormente já ter grandes artistas) se encontra plena e assumida. Respeitando os romanos, isto é, sem<<strong>br</strong> />

chegar a afirmações de que os romanos eram inferiores aos gregos, a influência neoática foi muito importante. Não foi<<strong>br</strong> />

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totalmente uma cópia, pelo menos no campo da escultura. Podemos dar o exemplo de uma estátua de Augusto que<<strong>br</strong> />

está <strong>com</strong> o <strong>br</strong>aço levantado, contrapondo-se ao resto do corpo. O <strong>br</strong>aço levantado nesta posição foge às regras da<<strong>br</strong> />

escultura grega.<<strong>br</strong> />

Outro exemplo, na mesma estátua citada, é que as estátuas gregas, da época helenística, davam idéias de<<strong>br</strong> />

movimento e esta estátua não dá, pois a túnica oculta qualquer movimento proposto. Devemos nos lem<strong>br</strong>ar, no<<strong>br</strong> />

entanto, que esta estátua é baseada nas o<strong>br</strong>as de Policleto, escultor grego.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, foi dada muita importância a detalhes <strong>com</strong>o a “decoração” da couraça usada por Augusto, algo<<strong>br</strong> />

desprezado nas estátuas gregas.<<strong>br</strong> />

Octávio teve várias imagens, nas quais prevaleceu o realismo. Estas estátuas representavam o poder do imperador.<<strong>br</strong> />

Onde havia estátuas dele, ali era seu domínio, pois representavam o próprio imperador. Passava-se o tempo e mais<<strong>br</strong> />

estátuas eram refeitas. No caso de Augusto, as estátuas novas eram colocadas junto das antigas. Existiam três tipos<<strong>br</strong> />

de retratos, que eram divididos por traços fisionômicos:<<strong>br</strong> />

1 – Accio - provavelmente criado após sua vitória so<strong>br</strong>e Antonio em Accio (31 a.C.) - A estátua tinha os cabelos<<strong>br</strong> />

desarrumados.<<strong>br</strong> />

2 - Prima Porta - criado na concessão do título de Augusto (27 a.C.) - A estátua tinha formas mais sublimes.<<strong>br</strong> />

3 - Os cabelos se recolhem para um lado, predominando intemporabilidade, ou até um caráter imoral que implica<<strong>br</strong> />

numa certa ruptura <strong>com</strong> o realismo.<<strong>br</strong> />

Ruptura que, aliás, nunca foi total, pois, ao longo da evolução da escultura, os artistas sempre (ou quase sempre)<<strong>br</strong> />

conseguiam captar o ser da pessoa esculpida, que normalmente era o Augusto.<<strong>br</strong> />

Percebe-se isto também, nos retratos da família imperial, <strong>com</strong>o por exemplo, à estátua de Lívia sentada (por volta do<<strong>br</strong> />

século I a.C., museu Arqueológico Nacional, Madri). Mas há ocasiões que ao realismo so<strong>br</strong>epõe-se outras tendências,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o Retrato de Lívia, em basalto, no Louvre que tem um corte moderno. Repara-se que a fisionomia é algo sólido,<<strong>br</strong> />

não dando a impressão de ter sido modelado, <strong>com</strong>o a maioria das esculturas romanas, mas sim, talhados, tal o<<strong>br</strong> />

aspecto de dureza e energia da massa. Dava um ar de monumento.<<strong>br</strong> />

Já na época da dinastia Júlio-claudiana, esse aspecto desaparece e a plasticidade predomina e enlaça as feições,<<strong>br</strong> />

eliminando o aspecto clássico conquistado no período de Augusto. No entanto, os retratos de Augusto não são a<<strong>br</strong> />

única manifestação da escultura monumental romana. O Foro de Augusto, do século dois a.C., foi à o<strong>br</strong>a mais<<strong>br</strong> />

importante, porém, atualmente está em ruínas.<<strong>br</strong> />

Por sorte não é o caso de outra grande o<strong>br</strong>a daquele período: o Ara Pacis, que é fundamental para a <strong>com</strong>preensão da<<strong>br</strong> />

arte -ou cultura romana -pois projeta sua influência na arte das províncias e nas futuras esculturas que não serão, no<<strong>br</strong> />

entanto, uma pura reprodução de seus relevos. Os mem<strong>br</strong>os da família Júlio-claudiana, que aparecem no Ara Pietatis<<strong>br</strong> />

(43 d.C. museu Arqueológico de Rávena) acentuam o realismo da época de Augusto, mesclando <strong>com</strong> mudanças que<<strong>br</strong> />

afetam as figuras e o conjunto em si. As figuras são mais espaçadas, o que acentua a individualidade de cada uma,<<strong>br</strong> />

praticamente sendo independente uma da outra. Assim, a visão se intensifica <strong>com</strong> as atividades de cada personagem,<<strong>br</strong> />

não se perdendo, no entanto, a visão do conjunto. Os gestos das estátuas são bastante enfatizados, denotando uma<<strong>br</strong> />

grande habilidade técnica dos escultores, bem <strong>com</strong>o a influência grega que é evidente.<<strong>br</strong> />

Para podermos <strong>com</strong>parar uma o<strong>br</strong>a monumental <strong>com</strong> o Ara Pacis devemos ir à época de Trajano onde encontramos<<strong>br</strong> />

três grandes monumentos, que enfocam as grandes conquistas romanas: Arco de Trajano, em Benevento (107 -117<<strong>br</strong> />

d.C.). Arco de Constantino, (106 -117 d.C.). Coluna Trajana, (110 -117 d.C.). Na época do imperador Adriano, os<<strong>br</strong> />

monumentos rendiam culto à beleza: Villa Adriana, (cerca de 130 d.C.). Estátua de Antínoo (130 -138 d.C. Museu<<strong>br</strong> />

Arqueológico de Nápoles). Retrato de Adriano (Cerca de 117, Museu de Canea, Creta). No reinado de Adriano, bem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o no de Antonino Pio, parece que os escultores expressam o Hedonismo, um dos ingredientes da cultura romana<<strong>br</strong> />

muitas vezes esquecido pela arte do Estado, mas nem por isso menos presente na vida do império. No período de<<strong>br</strong> />

Marco Aurélio a preocupação <strong>com</strong> a beleza dá lugar a outros interesses, mais próximos da arte romana tradicional,<<strong>br</strong> />

que enfoca as virtudes e os feitos dos imperadores, os ideais de seus governos bem <strong>com</strong>o cenas de guerras: Estátua<<strong>br</strong> />

eqüestre de Marco Aurélio (cerca de 166 Roma). Arco de Marco Aurélio (173 Roma). Columna Aureliana (180 -192,<<strong>br</strong> />

Roma).<<strong>br</strong> />

A ÉPOCA IMPERIAL TARDIA<<strong>br</strong> />

Na época imperial tardia, havia ocasiões em que não dava tempo de fazer o retrato dos<<strong>br</strong> />

imperadores-soldados. Então, a cabeça de um substituía à do outro no mesmo corpo. Exemplos de<<strong>br</strong> />

imperadores da época imperial tardia, assim retratados: Maximiano, o Trácio; Puerpino; Balbino; Gordiano III;<<strong>br</strong> />

Filipo, o Árabe; Filipo, o Jovem; Valeriano; Aureliano, entre outros. Tal sucessão política expressa na arte<<strong>br</strong> />

dessa forma, debilitou profunda e irreversivelmente o império.<<strong>br</strong> />

Deste período histórico, data a importante o<strong>br</strong>a conhecida <strong>com</strong>o o Arco de Constantino. Nele, as cenas são<<strong>br</strong> />

apresentadas dentro de uma rígida hierarquia, onde o imperador é maior e está mais presente que os<<strong>br</strong> />

simples cidadãos, assinalando um poder e domínio que excedem o propriamente humano. Da estátua<<strong>br</strong> />

colossal de Constantino se conservam alguns restos, especialmente a Cabeça (cerca de 330, Palazzo do<<strong>br</strong> />

Conservatori, Roma).<<strong>br</strong> />

No entanto, neste mesmo período, o poder do império entrou em decadência e uma estátua, por colossal<<strong>br</strong> />

que fosse, não foi suficiente para mantê-lo.<<strong>br</strong> />

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Escultura<<strong>br</strong> />

Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram muito diferentes dos<<strong>br</strong> />

gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e não a de<<strong>br</strong> />

um ideal de beleza humana, <strong>com</strong>o fizeram os gregos. Retratavam os imperadores e os homens da<<strong>br</strong> />

sociedade.<<strong>br</strong> />

Mais realista que idealista, a estatuária romana teve seu maior êxito nos retratos.<<strong>br</strong> />

Com a invasão dos bárbaros as preocupações <strong>com</strong> as artes diminuíram e poucos monumentos foram<<strong>br</strong> />

realizados pelo Estado. Era o <strong>com</strong>eço da decadência do Império Romano que, no séc. V precisamente no<<strong>br</strong> />

ano de 476 -perde o domínio do seu vasto território do Ocidente para os invasores germânicos.<<strong>br</strong> />

I<strong>DA</strong>DE MÉDIA<<strong>br</strong> />

A Idade Média <strong>com</strong>preende entre os séc. V e XV, aproximadamente desde a queda de Roma até o<<strong>br</strong> />

Renascimento. No período inicial, chamado de Idade das Trevas, depois da queda do Imperador Bizantino<<strong>br</strong> />

Justiniano, em 565, até o Reinado de Carlos Magno, em 800, os bárbaros destruíram o que se levara três mil<<strong>br</strong> />

anos para ser construído. Mas a Idade das trevas foi uma parte da Idade Média. Há muitos pontos de luz na<<strong>br</strong> />

arte e na arquitetura, desde o esplendor da corte bizantina, em Constantinopla, até a imponência das<<strong>br</strong> />

catedrais góticas. Três deslocamentos importantes tiveram ampla repercussão na civilização ocidental:<<strong>br</strong> />

1. A liderança cultural se deslocou do norte do mediterrâneo para França, Alemanha e Ilhas Britânicas.<<strong>br</strong> />

2. O Cristianismo triunfou so<strong>br</strong>e o paganismo e o barbarismo.<<strong>br</strong> />

3. A ênfase se deslocou do aqui e agora para o além, e da concepção de corpo belo para a de corpo corrupto.<<strong>br</strong> />

Uma vez que o foco cristão se dirigia para a salvação e a vida eterna, desapareceu o interesse pela<<strong>br</strong> />

representação realista do mundo. Os nus foram proibidos e até as imagens de corpos vestidos revelavam a<<strong>br</strong> />

ignorância da anatomia. Os ideais greco-romanos de proporções harmoniosas equilí<strong>br</strong>io entre corpo e<<strong>br</strong> />

mente desapareceram. O interesse nas manifestações de arte do período medieval residiam<<strong>br</strong> />

exclusivamente na busca pela essência, pela alma, e <strong>com</strong> o objetivo de iniciar os novos fiéis nos dogmas da<<strong>br</strong> />

igreja. A arte se tornou serva da igreja. Os teólogos acreditavam que os cristãos aprenderiam a apreciar a<<strong>br</strong> />

beleza divina através da beleza material, e o resultado foi uma profusão de mosaicos, pinturas e esculturas.<<strong>br</strong> />

Na arquitetura, essa orientação para o espiritual tomou a forma de construções mais arejadas, mais leves. A<<strong>br</strong> />

massa e o volume da arquitetura romana deram lugar a edificações que refletiam o ideal cristão: discretos no<<strong>br</strong> />

exterior, mas refulgentes <strong>com</strong> mosaicos, afrescos e vitrais espiritualmente simbólicos no interior. As artes<<strong>br</strong> />

medievais <strong>com</strong>põem-se de três estilos diferentes: o Bizantino, o Românico e o Gótico.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> SACRA BIZANTINA<<strong>br</strong> />

Se o foco principal da arte bizantina foi originalmente Bizâncio (Constantinopla), seu território <strong>com</strong>preende a<<strong>br</strong> />

Ásia Menor, a Síria, a Itália, a Grécia, os Bálcãs e a Rússia. A denominação “arte cristão do oriente” seria<<strong>br</strong> />

mais exata. Seu real desenvolvimento inicia-se <strong>com</strong> a conversão do imperador Constantino e a proclamação,<<strong>br</strong> />

em 325, do cristianismo <strong>com</strong>o religião de Estado, seu pleno desenvolvimento estende-se do século VI ao<<strong>br</strong> />

século XV.Oriunda da Antigüidade helenística e romana, a arte sacra bizantina foi essencialmente religiosa.<<strong>br</strong> />

O espaço arquitetural era aproveitado em função do jogo de luz e som<strong>br</strong>a e, reluzindo de ouro, o mosaico<<strong>br</strong> />

destaca a arquitetura. Distinguem-se três períodos principais:<<strong>br</strong> />

• O período justiniano (527-565). Corresponde à fixação dos grandes traços dessa arte imperial. As plantas<<strong>br</strong> />

arquitetônicas diversificaram-se: planta retangular <strong>com</strong> armação, ou centrada, <strong>com</strong> número de naves<<strong>br</strong> />

variável e coberta <strong>com</strong> uma cúpula. Santa Sofia de Constantinopla, atribuída a Artêmios de Talles e Isidoro<<strong>br</strong> />

de Mileto, é o templo mais notável dessa época, ao lado das igrejas de Ravena e Santa Catarina do Sinai. A<<strong>br</strong> />

crise do iconoclasmo, caracterizado pela rejeição da representação do divino, favoreceu o aparecimento da<<strong>br</strong> />

escola capadociana.<<strong>br</strong> />

• A renascença macedônica (867-1057). A arte sacra imperial humanizou-se: os santuários passaram a ter<<strong>br</strong> />

proporções menos imponentes, mas a planta em cruz inscrita chegava à perfeição e tornava-se perceptível<<strong>br</strong> />

do exterior. Colocada so<strong>br</strong>e pingentes ou so<strong>br</strong>e trompas de ângulo (porção da abóbada que sustenta uma<<strong>br</strong> />

parte saliente do edifício), a cúpula é sustentada pelas abóbadas em berço ou abóbadas em aresta. Na<<strong>br</strong> />

Grécia, Dáfni, São Lucas na Fócida e os Santos Apóstolos de Atenas são exemplos desse tipo, assim <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

a igreja do Pantocrator, em Constantinopla. As artes menores são testemunhos de um luxo refinado. Foi sob<<strong>br</strong> />

o reinado dos Comnenos que foram erguidas as numerosas igrejas da Iugoslávia (Ohrid, Nerezi, etc.).<<strong>br</strong> />

• O período dos Paleólogos (1258-1460) . Realismo e decoração narrativa tenderam a generalizarse. As<<strong>br</strong> />

cenas estão plenas de personagens (mosaico de São Salvador-in-Cora, hoje Kahriye camii, de<<strong>br</strong> />

Constantinopla); os afresco multiplicaram-se. Os grandes centros de arte sacra bizantina são Tessalônica,<<strong>br</strong> />

Trebizonda e Mistra. Apesar do desaparecimento do Império, a marca da arte bizantina manteve-se nas<<strong>br</strong> />

regiões mais diversas, <strong>com</strong>o o monte Atos, a Iugoslávia, a Bulgária, a Romênia e a Rússia, a qual<<strong>br</strong> />

continuaria a produzir notáveis ícones.<<strong>br</strong> />

• A arte sagrada dos ícones<<strong>br</strong> />

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• Oriente e Ocidente: iconógrafos e artistas<<strong>br</strong> />

• Enquanto o Ocidente expressa essa fé vivida mediante a experiência pessoal do artista, o Oriente atem-se<<strong>br</strong> />

aos cânones estabelecidos pela Igreja. O primeiro expressa sua própria experiência e os próprios<<strong>br</strong> />

sentimentos que experimenta sua fé, pintando <strong>com</strong> total e absoluta espontaneidade qualquer motivo<<strong>br</strong> />

religioso que lhe é sugerido, solicitado ou que, simplesmente, expresse o que ele sente ou experimenta. No<<strong>br</strong> />

Oriente, os iconógrafos, seguindo os ensinamentos do Mestre Dyonisios e, em geral, as determinações da<<strong>br</strong> />

Igreja, buscam reproduzir as mesmas passagens dos Evangelhos, omitindo qualquer experiência ou<<strong>br</strong> />

sentimento pessoal vivido, tratando, simplesmente, desde uma profunda vida de oração, expressar o<<strong>br</strong> />

conteúdo dos Evangelhos. Os iconógrafos, antes de a iconografia ter passado a ser objeto de ocupação de<<strong>br</strong> />

pessoas amantes das artes manuais eram sempre monges e a iconografia uma função conferida pela Igreja.<<strong>br</strong> />

A tarefa do iconógrafo sempre foi <strong>com</strong>parada ao do sacerdote. Primeiro porque ambos pregavam a Palavra<<strong>br</strong> />

de Deus, o primeiro <strong>com</strong> a pintura e as colores, o segundo mediante a palavra ou a escritura.<<strong>br</strong> />

• Desde o aparecimento dos ícones na história da Igreja, estes não eram considerados <strong>com</strong>o uma mera o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

artística. Os primeiros iconógrafos, tratavam de retratar <strong>com</strong> cores e pinturas o que os Evangelhos<<strong>br</strong> />

expressavam <strong>com</strong> palavras (Concílio de Nicéia II). Contudo, os ícones e, em geral, a cultura bizantina, é uma<<strong>br</strong> />

mescla de cultura, arte, historia, fé... que se faz viva no coração dos habitantes do Império. Desde os<<strong>br</strong> />

Imperadores até a pessoa mais humilde, viviam a experiência dos ícones <strong>com</strong>o expressão da fé de um povo<<strong>br</strong> />

que experimentava diariamente a intervenção de Deus, da Theotokos e dos Santos na sua vida cotidiana, tal<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o viviam as primeiras <strong>com</strong>unidades cristãs de Jerusalém. Toda a cultura bizantina: arquitetura, escultura,<<strong>br</strong> />

pintura, bordados e manuscritos, entre outros, está iluminada por essa fé que impregna cada uma das<<strong>br</strong> />

atividades e da vida dos habitantes do Império.<<strong>br</strong> />

Arquitetura<<strong>br</strong> />

A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte bizantina, elas eram planejadas so<strong>br</strong>e uma<<strong>br</strong> />

base circular, octogonal ou quadrada imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente<<strong>br</strong> />

decorados. A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi um dos maiores triunfos da<<strong>br</strong> />

nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Talles e Isidoro de Mileto, ela possui uma<<strong>br</strong> />

cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método tornou a cúpula extremamente elevada,<<strong>br</strong> />

sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta<<strong>br</strong> />

pinturas nas paredes, colunas <strong>com</strong> capitel ricamente decorado <strong>com</strong> mosaicos e o chão de mármore polido.<<strong>br</strong> />

Mosaicos O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as<<strong>br</strong> />

paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários<<strong>br</strong> />

imperadores.Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos romanos; são<<strong>br</strong> />

confeccionados <strong>com</strong> técnicas diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por<<strong>br</strong> />

exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a<<strong>br</strong> />

perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado devido à associação <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

maior bem existente na terra: o ouro.<<strong>br</strong> />

Ícones Eram pequenos painéis em madeira <strong>com</strong> imagens pintadas, supostamente <strong>com</strong> poderes<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>enaturais. As imagens dos santos e seres sagrados são rígidas, em pose frontal, geralmente <strong>com</strong> halo e<<strong>br</strong> />

olhar fixo. Acreditava-se que os ícones tinham propriedades milagrosas, tão fortes se tornou a devoção e o<<strong>br</strong> />

culto aos ícones que eles foram proibidos, entre 726 e 843, por desobediência ao mandamento contra a<<strong>br</strong> />

idolatria.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> ROMÂNICA<<strong>br</strong> />

Arquitetura<<strong>br</strong> />

Com a instituição da fé católica romana, uma onda de construções de igrejas varreu a Europa feudal de<<strong>br</strong> />

1050 a 1200. Os construtores tomaram emprestado elementos da arquitetura romana, <strong>com</strong>o as colunas e<<strong>br</strong> />

arcos redondos, surgindo assim o termo “romana” para definir a arte e a arquitetura desse período. Como os<<strong>br</strong> />

prédios romanos tinham os tetos em madeira, suscetíveis a incêndios, os artesãos medievais passaram a<<strong>br</strong> />

fazer os tetos da igrejas em abóbadas de pedra. Com esse sistema, abóbadas cilíndricas ou <strong>com</strong> arestas<<strong>br</strong> />

apoiadas em pilastras proviam grandes espaços, livres de colunas e obstáculos. Outra características<<strong>br</strong> />

destas construções está ligada a sua grandiosidade, pois nesse período as peregrinações aconteciam em<<strong>br</strong> />

grande escala e era necessário criar templos para a<strong>br</strong>igar essas pessoas. A planta dessas construções é<<strong>br</strong> />

Cruciforme, <strong>com</strong> uma longa nave atravessada por um transcepto mais curto, simbolizando o corpo de Cristo<<strong>br</strong> />

crucificado. Distinguem-se dois períodos na arte românica: a primeira arte românica (fim séc X ao segundo<<strong>br</strong> />

terço do séc. XI) representa a sua gênese, a segunda arte românica, a maturidade. O que distingue as<<strong>br</strong> />

construções românicas das demais é o seu tamanho. Elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem<<strong>br</strong> />

chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas e rígidas<<strong>br</strong> />

dessas igrejas é o fato da arte românica não ser fruto do gosto refinado da no<strong>br</strong>eza nem das idéias<<strong>br</strong> />

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desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente clerical. A arte desse período passa, assim<<strong>br</strong> />

a ser encarada <strong>com</strong>o uma extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade. A mais famosa é a<<strong>br</strong> />

Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que <strong>com</strong>eçou a ser<<strong>br</strong> />

construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, <strong>com</strong> o passar do tempo, o terreno<<strong>br</strong> />

cedeu. Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, rígidas e primitivas. As<<strong>br</strong> />

características mais significativas da arquitetura românica são:<<strong>br</strong> />

• abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;<<strong>br</strong> />

• pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;<<strong>br</strong> />

• aberturas raras e estreitas usadas <strong>com</strong>o janelas;<<strong>br</strong> />

• torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e<<strong>br</strong> />

• arcos que são formados por 180 graus.<<strong>br</strong> />

Pintura e Escultura<<strong>br</strong> />

No período Românico poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar<<strong>br</strong> />

histórias bíblicas ou <strong>com</strong>unicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da<<strong>br</strong> />

arquitetura. A arte tinha uma função catequizadora. A pintura românica desenvolveu-se, so<strong>br</strong>etudo, nas<<strong>br</strong> />

grandes decorações murais, através da técnica do afresco, que originalmente era uma técnica de pintar<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a parede úmida. Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características<<strong>br</strong> />

essenciais da pintura românica foram a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os<<strong>br</strong> />

sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por<<strong>br</strong> />

exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores<<strong>br</strong> />

chapadas, sem preocupação <strong>com</strong> meios tons ou jogos de luz e som<strong>br</strong>a, pois não havia a menor intenção de<<strong>br</strong> />

imitar a natureza. Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede<<strong>br</strong> />

semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas<<strong>br</strong> />

rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais.<<strong>br</strong> />

<strong>DA</strong>S TREVAS A LUZ: NASCE O GÓTICO<<strong>br</strong> />

O auge do desenvolvimento artístico na Idade Média, rivalizando <strong>com</strong> as maravilhas da Grécia e de Roma da<<strong>br</strong> />

antiguidade, foi a Catedral Gótica. Essas imensas catedrais superam até mesmo a arquitetura clássica em termos<<strong>br</strong> />

de ousadia tecnológica. Entre 1200 e 1500, os construtores medievais ergueram essas estruturas elaboradíssimas,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> seus interiores atingindo uma altura sem precedentes na história da arquitetura. O que tornou possível a<<strong>br</strong> />

catedral gótica foram dois desenvolvimentos da engenharia: a abóbada <strong>com</strong> traves e suportes externos chamados<<strong>br</strong> />

arcobotantes, ou contrafortes. A aplicação desses pontos de apoio nos locais necessários permitiu trocar paredes<<strong>br</strong> />

grossas <strong>com</strong> janelas estreitas por paredes estreitas <strong>com</strong> janelas enormes e <strong>com</strong> vitrais inundando de luz o seu<<strong>br</strong> />

interior. As catedrais góticas não conheceram a Idade das trevas. Sua evolução foi uma contínua expansão de luz,<<strong>br</strong> />

até que as paredes se tornaram tão perfuradas que ficaram verdadeiros pinázios emoldurando os imensos campos<<strong>br</strong> />

de vitrais coloridos que contam histórias religiosas.<<strong>br</strong> />

Arquitetura<<strong>br</strong> />

A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de modo geral,<<strong>br</strong> />

a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três naves do<<strong>br</strong> />

interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais. A rosácea é um elemento arquitetônico muito<<strong>br</strong> />

característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os séculos XII e<<strong>br</strong> />

XIV. Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais<<strong>br</strong> />

coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja. As catedrais góticas mais conhecidas são:<<strong>br</strong> />

Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.<<strong>br</strong> />

Iluminuras<<strong>br</strong> />

Iluminura é a ilustração so<strong>br</strong>e o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda inventada, ou<<strong>br</strong> />

então é um privilégio da quase mítica China) Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de<<strong>br</strong> />

expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à<<strong>br</strong> />

transcrição dos textos so<strong>br</strong>e as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas<<strong>br</strong> />

fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas <strong>com</strong> que se iniciava um texto.. Da<<strong>br</strong> />

observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a <strong>com</strong>preensão do<<strong>br</strong> />

caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das o<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />

copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores ao períodos gótico tornaram-se tão habilidosos na<<strong>br</strong> />

representação do espaço tridimensional e na <strong>com</strong>preensão analítica de uma cena, que seus trabalhos<<strong>br</strong> />

acabaram influenciando outros pintores.<<strong>br</strong> />

19


Pintura<<strong>br</strong> />

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando <strong>com</strong>eçou a ganhar<<strong>br</strong> />

novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o<<strong>br</strong> />

realismo na representação dos seres que <strong>com</strong>punham as o<strong>br</strong>as pintadas. Os principais artistas na pintura<<strong>br</strong> />

gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento (Duocento):<<strong>br</strong> />

• Giotto — a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos <strong>com</strong> seres<<strong>br</strong> />

humanos de aparência bem <strong>com</strong>um. E esses santos <strong>com</strong> ar de homem <strong>com</strong>um eram o ser mais importante<<strong>br</strong> />

das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao<<strong>br</strong> />

encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no<<strong>br</strong> />

Renascimento. O<strong>br</strong>as destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e Retiro de São<<strong>br</strong> />

Joaquim entre os Pastores.<<strong>br</strong> />

• Jan Van Eyck — procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua<<strong>br</strong> />

época. Nota-se em suas pinturas um cuidado <strong>com</strong> a perspectiva, procurando mostrar os detalhes e as<<strong>br</strong> />

paisagens. O<strong>br</strong>as destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.<<strong>br</strong> />

RENASCENÇA 1400 – 1600<<strong>br</strong> />

A RENASCENÇA: O COMEÇO <strong>DA</strong> PINTURA MODERNA<<strong>br</strong> />

Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou<<strong>br</strong> />

conhecido <strong>com</strong>o Renascimento ou Renascença. As características principais deste período são as<<strong>br</strong> />

seguintes:<<strong>br</strong> />

• Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos<<strong>br</strong> />

possuíam uma visão <strong>com</strong>pleta e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;<<strong>br</strong> />

• As qualidades mais valorizadas no ser humano passam a ser a inteligência, o conhecimento e o dom<<strong>br</strong> />

artístico;<<strong>br</strong> />

• Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV<<strong>br</strong> />

e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo). -A razão e a natureza passam a ser<<strong>br</strong> />

valorizados <strong>com</strong> grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar<<strong>br</strong> />

métodos experimentais e de observação da natureza e universo.<<strong>br</strong> />

Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais o<strong>br</strong>as:<<strong>br</strong> />

• Michelângelo Buonarroti (1475-1564)-destacou-se em arquitetura, pintura e escultura. O<strong>br</strong>as principais:<<strong>br</strong> />

Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina.<<strong>br</strong> />

• Rafael Sanzio (1483-1520) -pintou várias madonas (representações da Virgem Maria <strong>com</strong> o menino<<strong>br</strong> />

Jesus).<<strong>br</strong> />

• Leonardo da Vinci (1452-1519)-pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc o<strong>br</strong>as principais:<<strong>br</strong> />

Mona Lisa, Última Ceia.<<strong>br</strong> />

Os pintores e escultores renascentistas investigaram novas soluções para problemas visuais formais e<<strong>br</strong> />

muitos deles realizaram experiências científicas. Neste contexto, surgiu a perspectiva linear na qual as<<strong>br</strong> />

linhas paralelas eram representadas em ponto de fuga. Os pintores passaram a ser mais exigentes <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

tratamento da paisagem, dedicando maior atenção à representação de árvores, flores, plantas, distância<<strong>br</strong> />

entre montanhas e os céus <strong>com</strong> suas nuvens. O efeito da luz natural e o modo <strong>com</strong>o o olho percebe os<<strong>br</strong> />

diversos elementos da natureza, tornaram-se novas preocupações. Assim nasceu a perspectiva aérea, na<<strong>br</strong> />

qual os objetos perdemos contornos, a cor e o sentido de distância à medida que se afastam do campo de<<strong>br</strong> />

visão. Os pintores do norte da Europa, especialmente os flamengos, revelaram-se mais avançados que os<<strong>br</strong> />

italianos na representação das paisagens e introduziram o óleo <strong>com</strong>o nova técnica pictórica, contribuindo<<strong>br</strong> />

para o desenvolvimento desta arte em todo o continente. Embora o retrato se consolidasse <strong>com</strong>o gênero<<strong>br</strong> />

específico em meados do século XV, os pintores do Renascimento alcançaram o auge <strong>com</strong> a pintura<<strong>br</strong> />

histórica ou narrativa. Em uma paisagem ou moldura de fundo, figuras relatavam passagens da mitologia<<strong>br</strong> />

clássica ou da tradição judaico-cristã. Dentro de um contexto, o pintor representava homens, mulheres e<<strong>br</strong> />

crianças em poses reveladoras de emoções e estados de espírito. O renascimento das artes coincidiu <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

desenvolvimento do Humanismo que estudava e traduzia textos filosóficos. O latim clássico foi revalorizado.<<strong>br</strong> />

A par desta renovação de idéias, ocorreu o período de desco<strong>br</strong>imentos de novas terras. As embarcações se<<strong>br</strong> />

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lançaram em busca de novos caminhos marítimos, colhendo, <strong>com</strong>o resultado, diferentes rotas para a Ásia e<<strong>br</strong> />

a imensidão das Américas. Pintores, escultores, arquitetos e navegadores sentiam o mesmo anseio de<<strong>br</strong> />

aventura, o desejo de ampliar conhecimentos e obter novas soluções. Assim, tanto Leonardo da Vinci e<<strong>br</strong> />

Michelangelo, <strong>com</strong>o Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Ca<strong>br</strong>al desco<strong>br</strong>iram mundos novos e surpreendentes.<<strong>br</strong> />

O Renascimento na Itália<<strong>br</strong> />

O berço do Renascimento foi a Itália, extraordinário depósito de ruínas clássicas. Encontram-se vestígios do<<strong>br</strong> />

Império Romano em quase todas as cidades italianas. Os sarcófagos de mármore, decorados <strong>com</strong> relevos, são<<strong>br</strong> />

o exemplo mais <strong>com</strong>um. O idioma, uma corruptela do latim falado pelos antigos romanos, foi sistematizado no<<strong>br</strong> />

século XIV por Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Boccaccio. As primeiras manifestações do<<strong>br</strong> />

Renascimento italiano ocorreram em Florença. Três ourives e escultores, Brunelleschi, Ghiberti e Donatello,<<strong>br</strong> />

realizaram inovações que romperam <strong>com</strong> as convenções da arte gótica. Donatello, que também trabalhou em<<strong>br</strong> />

Veneza, Pádua, Nápoles e Roma veiculou, por toda a Itália, as novas formas estéticas. Na pintura, Masaccio<<strong>br</strong> />

introduziu um conceito naturalista e expressivo, assim <strong>com</strong>o a perspectiva linear e aérea. O introdutor, em<<strong>br</strong> />

Veneza, do ideário renascentista foi Bellini. Mais tarde, Veneza disputou <strong>com</strong> Florença o privilégio de ser o centro<<strong>br</strong> />

do movimento que modificou o pensamento humano. Após esta extraordinária explosão criativa, foi pouco<<strong>br</strong> />

significativa a produção artística italiana no <strong>com</strong>eço do século XV. Mas logo surgiram os nomes mais destacados<<strong>br</strong> />

do Renascimento e que influenciaram toda a o<strong>br</strong>a ocidental posterior: Leonardo da Vinci (1452-1519) e<<strong>br</strong> />

Michelangelo (1475-1564). Pintor, escultor, arquiteto, engenheiro e cientista, Leonardo da Vinci foi importante,<<strong>br</strong> />

principalmente, na pintura onde introduziu o conceito de perspectiva atmosférica. Michelangelo, pintor, escultor,<<strong>br</strong> />

arquiteto e poeta, transformou-se em um dos maiores criadores que o mundo já conheceu. Entre os artistas<<strong>br</strong> />

quatrocentistas, destacam-se Filippo Brunelleschi, Lorenzo Ghiberti, Donatello, Masaccio, Paolo Uccello, Fra<<strong>br</strong> />

Angelico, Pisanello, Jacopo Bellini, Gentile Bellini, Giovanni Bellini, Andrea Mantegna, Piero della Francesca,<<strong>br</strong> />

Leon Battista Alberti, Antonio del Pollaiuolo, Andrea del Verrocchio, Sebastiano del Piombo, Giorgione, Tiziano e<<strong>br</strong> />

Sandro Botticelli. Entre os artistas quinhentistas, destacam-se Leonardo da Vinci, Donato Bramante, Rafael,<<strong>br</strong> />

Michelangelo, Giorgione, Tiziano e Correggio. No norte europeu, as manifestações artísticas do gótico tardio<<strong>br</strong> />

foram contemporâneas dos desco<strong>br</strong>imentos marítimos e das mudanças de visão de mundo produzidas na Itália.<<strong>br</strong> />

Países <strong>com</strong>o Alemanha, Holanda e Inglaterra foram menos receptivos ao incipiente Renascimento.<<strong>br</strong> />

O Renascimento na Holanda<<strong>br</strong> />

Uma das o<strong>br</strong>as-primas da miniatura cortesã, Riquíssimas horas do duque de Berry(c. 1416), realizada pelos<<strong>br</strong> />

irmãos Limbourg, contém iluminuras que prenunciam van Eyck e revelam uma atenção pelo detalhe<<strong>br</strong> />

naturalista até então desconhecido. O pintor flamengo Jan van Eyck foi o criador da pintura renascentista em<<strong>br</strong> />

Flandres e na Holanda. Van Eyck <strong>com</strong>bina, <strong>com</strong> talento e habilidade, um estilo que é o contraponto da arte<<strong>br</strong> />

que Masaccio realizava, nesta mesma época, na Itália. Sua o<strong>br</strong>a Retábulo de Gent, concluída em 1432, é<<strong>br</strong> />

uma das mais extraordinárias do Renascimento. Apesar da ousadia de van Eyck, as inovações no uso da luz<<strong>br</strong> />

surgem <strong>com</strong> outro pintor, Robert Campin, conhecido <strong>com</strong>o o Mestre de Flémalle. Destacam-se também<<strong>br</strong> />

Rogier van der Weyden, Dirk Bouts, Hugo van der Goes, Hans Memling e Jerônimo Bosch.<<strong>br</strong> />

O Renascimento na França<<strong>br</strong> />

Leonardo da Vinci viajou para a França em 1516 a pedido do próprio rei, mas, devido a sua idade avançada,<<strong>br</strong> />

morreu antes de realizar trabalhos de importância. Os franceses foram resistentes em aceitar as inovações<<strong>br</strong> />

artísticas oriundas da Itália. Apenas no século XVI, conseqüência da presença de muitos artistas italianos na<<strong>br</strong> />

corte de Francisco I, a França <strong>com</strong>eçou a adotá-las. A o<strong>br</strong>a do Château de Fontainebleau é o ponto central<<strong>br</strong> />

da arte renascentista francesa.<<strong>br</strong> />

O Renascimento na Alemanha<<strong>br</strong> />

Entre os mais destacados estão Konrad Witz, Al<strong>br</strong>echt Dürer e Matthias Grünewald.<<strong>br</strong> />

O Renascimento na Espanha<<strong>br</strong> />

Na Espanha, os pintores renascentistas nunca chegaram a alcançar o nível artístico da Itália e dos países do<<strong>br</strong> />

norte da Europa, embora se ligassem às duas tradições. Os mecenas espanhóis confiaram a pintores e<<strong>br</strong> />

escultores estrangeiros as o<strong>br</strong>as mais importantes. A confirmação deste fato é Tiziano, sem residência fixa<<strong>br</strong> />

no país, ter sido o pintor da corte espanhola no século XVI. Na arquitetura, edifícios no estilo renascentista<<strong>br</strong> />

remontam ao final do século XVI. Um exemplo é El Escorial, <strong>com</strong>plexo arquitetônico próximo de Madri,<<strong>br</strong> />

construído por Felipe II. Artistas destacados dessa época são Diego de Siloé, Alonso Berruguete, Juan de<<strong>br</strong> />

Juni e Pedro Berruguete.<<strong>br</strong> />

O Renascimento em Portugal<<strong>br</strong> />

Apesar da esmagadora vigência do estilo manuelino <strong>com</strong>o ideologia estética, o Renascimento revelou-se,<<strong>br</strong> />

em Portugal, através de gravuras de livros impressos <strong>com</strong> tarjas decorativas, iluminuras, <strong>br</strong>onzes,<<strong>br</strong> />

tapeçarias, pinturas e jóias. A arte que refletiu, em primeiro lugar, o novo movimento foi a pintura já que, nos<<strong>br</strong> />

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quadros manuelinos, quase sempre as figuras são do góticotardio, de origem flamenga, enquanto os<<strong>br</strong> />

espaços em que elas se situam são renascentistas. Na arquitetura, a nova estética italiana constituiu um<<strong>br</strong> />

obstáculo aos mestres-pedreiros habituados aos sistemas construtivos góticos. A escultura <strong>com</strong>preendeu a<<strong>br</strong> />

renovação formal e criou um novo universo plástico que se reflete na Igreja Matriz de Caminha, cuja capela<<strong>br</strong> />

e o fronteiro portal lateral são o<strong>br</strong>as claramente proto-renascentistas.<<strong>br</strong> />

Leonardo da Vinci [Leonardo di ser Piero da Vinci]<<strong>br</strong> />

Leonardo da Vinci nasceu em 15/04/1452. Existem dúvidas so<strong>br</strong>e o lugar de seu nascimento: para alguns<<strong>br</strong> />

historiadores, seu berço foi uma casa de Anchiano, uma localidade de Vinci, enquanto para outros, foi o próprio<<strong>br</strong> />

lugar de Vinci, situado na margem direita do rio Arno, perto dos montes Albanos, entre Florença e Pisa. Foi um<<strong>br</strong> />

dos mais notáveis pintores do Renascimento e possivelmente seu maior gênio, por ser também anatomista,<<strong>br</strong> />

engenheiro, matemático músico, naturalista, arquiteto e escultor. Suas idéias científicas quase sempre ficaram<<strong>br</strong> />

escondidas em cadernos de anotações, e foi <strong>com</strong>o artista que obteve reconhecimento de seus contemporâneos.<<strong>br</strong> />

Estagiou no estúdio de Verrochio (importante artista da época), em Florença. Mudou-se para Milão em 1481,<<strong>br</strong> />

onde trabalhou para a corte de Ludovico Sforza. Até 1506 Leonardo trabalhou principalmente em Florença e tudo<<strong>br</strong> />

indica que nesta época tenha pintado a Mona Lisa, sua o<strong>br</strong>a mais famosa. Entre 1506 e 1516, viveu entre Milão e<<strong>br</strong> />

Roma. Convidado por Francisco I , viajou para a França em 1516, onde faleceu no ano de 1519.<<strong>br</strong> />

Rafael [Raffaello Sanzio, pintor, arquiteto] (1483-1520)<<strong>br</strong> />

Rafael é um dos únicos pintores que mereceram a honra de serem sepultados no Vaticano. Considerado por<<strong>br</strong> />

antonomásia um dos artistas clássicos de sua época, esse pintor oriundo de Urbino soube <strong>com</strong>binar em sua<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a as linhas puras de Michelangelo e o sfumato poético de Leonardo. Aos 30 anos já era considerado por<<strong>br</strong> />

muitos o grande mestre do cinquecento. Depois da morte do pai, Rafael se mudou para Perugia, <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

finalidade de se formar sob a tutela do pintor Perugino, cuja influência foi fundamental para suas o<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />

posteriores. Em seus primeiros quadros desco<strong>br</strong>em-se o lirismo e a arte do mestre, tanto na delicadeza das<<strong>br</strong> />

figuras quanto no tratamento da perspectiva na paisagem. Suas primeiras o<strong>br</strong>as são encargos da no<strong>br</strong>eza<<strong>br</strong> />

florentina. Nelas, graças ao estudo das o<strong>br</strong>as de Da Vinci e Michelangelo, seu estilo tão característico<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a se firmar paulatinamente. São dessa época os numerosos afrescos da Sagrada Família. No ano<<strong>br</strong> />

de 1508, <strong>com</strong> a morte de Bramante, Rafael é nomeado arquiteto oficial do Vaticano. Deve então se mudar<<strong>br</strong> />

para Roma. Aí tomaram forma seus afrescos mais importantes: as residências de veraneio dos papas Júlio<<strong>br</strong> />

II e Leão X. Também desenhou os motivos dos tapetes e dos afrescos das abóbadas. Em pouco tempo,<<strong>br</strong> />

devido ao volume do trabalho, teve de deixar muitos deles nas mãos de ajudantes. As reformas<<strong>br</strong> />

arquitetônicas lhe tomam mais tempo do que imaginava. Deve-se a Rafael a acertada mudança da planta<<strong>br</strong> />

central da catedral de São Pedro de cruz grega para latina. Em suas o<strong>br</strong>as nas casas de veraneio do<<strong>br</strong> />

Vaticano -A Disputa, A Escola de Atenas e Heliodoro Rafael introduz as linhas fundamentais da nova<<strong>br</strong> />

corrente maneirista: arquitetura desmedida, agrupamentos geométricos de figuras em intensa superposição<<strong>br</strong> />

de planos e modelagem exagerada da anatomia, <strong>com</strong> estudadas e <strong>com</strong>plicadas torsões musculares.<<strong>br</strong> />

Sandro Botticelli [Alessandro di Mariano Filipepi], Florença, (1445? - idem, 1510)<<strong>br</strong> />

Pintor italiano. Tem estudos literários e forma-se <strong>com</strong>o discípulo de Fra Filippo Lippi. A partir de 1470 tem a sua<<strong>br</strong> />

própria oficina, <strong>com</strong>eça a trabalhar para os Médicis e recebe numerosas en<strong>com</strong>endas. Em 1478 já alcança a<<strong>br</strong> />

maturidade que representa um quadro maravilhoso, A Primavera. Em 1480 leva a cabo notáveis pinturas murais na<<strong>br</strong> />

Igreja de Todos os Santos de Florença, sua cidade natal. Uma ano mais tarde está em Roma, onde faz parte da<<strong>br</strong> />

equipa encarregada das <strong>com</strong>posições murais para a Capela Sistina. Em 1482 já está de regresso a Florença, onde<<strong>br</strong> />

tem numerosas en<strong>com</strong>endas: mártires, crucificados, virgens, a Pietà... Cerca de 1485 pinta as quatro tábuas da<<strong>br</strong> />

História de Nastagio degli Onesti (três delas conservam-se no Museu do Prado de Madrid). Cerca de 1490 <strong>com</strong>eça<<strong>br</strong> />

uma série referente à Divina Comédia de Dante. Os seus últimos anos vêem-se ensom<strong>br</strong>ados pelas dificuldades<<strong>br</strong> />

económicas. Botticelli é o pintor mais notável da segunda metade do século xv. É um homem culto e de<<strong>br</strong> />

temperamento artístico apaixonado. Vive <strong>com</strong> o coração a aparição do humanismo na corte de Lorenzo de Médicis.<<strong>br</strong> />

No final da sua vida, influenciado pelas prédicas de Savonarola, reformador religioso que propugna a austeridade,<<strong>br</strong> />

deixa de tratar temas mitológicos e profanos e renuncia aos achados da perspectiva, voltando assim a uma pintura<<strong>br</strong> />

medieval (A Natividade Mística). Como Gozzoli e Ghirlandaio, Sandro Botticelli desenvolve uma pintura narrativa.<<strong>br</strong> />

Trata <strong>com</strong> nova amplitude temas não só profanos, mas inclusive de mitologia pagã. Os seus personagens são<<strong>br</strong> />

sensuais, delicados, melancólicos. Botticelli é um grande pintor da Virgem. Em contraposição às Virgens de Fra<<strong>br</strong> />

Angélico, que expressam a beatitude e a contemplação de Deus, as de Botticelli apresentam um olhar de sonho e<<strong>br</strong> />

uma expressão melancólica, quase triste. É também pintor de Epifanias.No domínio do profano tem o<strong>br</strong>as de<<strong>br</strong> />

inspiração literária, <strong>com</strong>o as cenas da Historia de Nastagio degli Onesti, do Decameron. Entre as o<strong>br</strong>as de temas<<strong>br</strong> />

pagãos, a mais notória é O Nascimento de Vénus. Uma Vénus carregada de simbolismo, pois no ambiente<<strong>br</strong> />

neoplatónico dos Médicis, ao qual Botticelli pertence, Vénus representa o humanismo, a harmonia, a beleza ideal.<<strong>br</strong> />

A Primavera é uma <strong>com</strong>posição alegórica povoada por figuras principalmente femininas: Vénus, Flora, Natura,<<strong>br</strong> />

Primavera, as Graças, Cupido, Céfiro... Os nus de mulher são belíssimos. Os corpos, cobertos por véus<<strong>br</strong> />

transparentes, estão enfeitados por cabeleiras doiradas. Cabe também citar A Calúnia e Vénus e Marte.<<strong>br</strong> />

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Ticiano (c. 1487-1576) [Tiziano Vecellio]<<strong>br</strong> />

Pintor italiano, activo em Veneza. É considerado um dos maiores artistas do renascimento pleno. Em<<strong>br</strong> />

1533, foi nomeado por Carlos V pintor da corte, tendo Filipe II, que lhe sucedeu, sido patrono de Ticiano.<<strong>br</strong> />

O trabalho do pintor revela um rico colorido e esquemas <strong>com</strong>positivos muito inventivos. Executou<<strong>br</strong> />

inúmeros retratos, pintura de temática religiosa e mitológica em que se incluem Baco e Ariadne<<strong>br</strong> />

(1520-1523), hoje na National Gallery (Londres), Vénus e Adónis (1554), no Museu do Prado (Madrid) e<<strong>br</strong> />

a Pietà (c. 1575), na Accademia (Veneza). Ticiano foi provavelmente discípulo de Giovanni Bellini, mas<<strong>br</strong> />

também aprendeu muito pelo contacto <strong>com</strong> Giorgione, pensando-se que tenha acabado algumas das<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as deixadas in<strong>com</strong>pletas por este pintor, <strong>com</strong>o Vénus Adormecida (c. 1510), na Gemäldegalerie<<strong>br</strong> />

(Dresda). A sua primeira o<strong>br</strong>a de vulto foi a Assunção da Virgem (1518), na igreja dos Frari (Veneza). O<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilhante uso da cor é visível nas três grandes telas <strong>com</strong> cenas mitológicas que executou nos anos<<strong>br</strong> />

seguintes para a família d’Estes, de Ferrara, <strong>com</strong> numerosas figuras influenciadas pelos cânones da<<strong>br</strong> />

escultura clássica. Por volta de 1530, a reputação de Ticiano estava já firmada. A sua Vénus de Urbino<<strong>br</strong> />

(1538), hoje Galeria dos Uffizi (Florença), <strong>com</strong> a sua subtileza de gradações foi também um significativo<<strong>br</strong> />

passo no estudo do nu. Ticiano provocou, <strong>com</strong> a sua pintura, (crescentemente liberta e <strong>com</strong> uma paleta<<strong>br</strong> />

mais som<strong>br</strong>ia ao longo dos anos) um grande impacto, quer na pintura veneziana, quer na arte européia.<<strong>br</strong> />

Michelangelo (c. 1475-1564) [“Miguel Ângelo" di Ludovico Buonarroti Simoni]<<strong>br</strong> />

Escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano (Caprese, 6-III-1475 - Roma, 18-II-1564). Muito moço <strong>com</strong>eçou a<<strong>br</strong> />

estudar pintura <strong>com</strong> Domenico Ghirlandaio, em Florença. A partir de 1489 voltou-se para a escultura, que<<strong>br</strong> />

estudou <strong>com</strong> Bertoldo. Falecendo Lourenço o Magnífico, seu protetor, transladou-se para Veneza, onde<<strong>br</strong> />

trabalhou no sarcófago de são Domingos. Pouco depois regressou a Florença, ali realizando um de seus<<strong>br</strong> />

mais famosos trabalhos no campo da escultura -o David. Com essa o<strong>br</strong>a adquiriu grande nomeada, e graças<<strong>br</strong> />

a ela foi chamado em seguida a decorar (juntamente <strong>com</strong> Leonardo da Vinci) a sala do Grande Conselho,<<strong>br</strong> />

em Florença. De tal incumbência não se deso<strong>br</strong>igou jamais, embora executasse diversos desenhos<<strong>br</strong> />

preparatórios para afrescos.<<strong>br</strong> />

Em 1505, foi chamado a Roma para executar na abside de São Pedro, o túmulo de Júlio II, projeto que<<strong>br</strong> />

logo abandonou. Entre 1508 e 1512 pintou no teto da capela Sistina, os gigantescos afrescos hoje tidos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o sua o<strong>br</strong>a-prima em pintura — e dos quais o mais notável é A Criação de Adão. Júlio II faleceu em<<strong>br</strong> />

1513, e Michelangelo novamente trabalhou em seu túmulo. Concluídas as estátuas de Moisés, da Vida<<strong>br</strong> />

Ativa e da Vida contemplativa — a primeira é uma de suas criações mais altas — abandonou<<strong>br</strong> />

definitivamente esse trabalho.<<strong>br</strong> />

Deixando Roma em 1527, para se instalar em Florença, logo depois foi chamado a decorar a parede da<<strong>br</strong> />

retaguarda da capela Sistina, vinte e quatro anos após a execução dos afrescos do teto. Pintou, então,<<strong>br</strong> />

O Juízo Final, cuja elaboração durou cinco anos, e que se alinha entre as o<strong>br</strong>as-primas da arte universal.<<strong>br</strong> />

Em 1542, enceta a realização de dois afrescos na capela Paolina, no Vaticano, concluindo-os nove anos<<strong>br</strong> />

depois. Essa será a última o<strong>br</strong>a de Michelangelo no campo da pintura, e no conjunto de suas criações<<strong>br</strong> />

ocupará lugar apenas discreto. A partir de 1550, Michelangelo — que aparentemente não tinha maiores<<strong>br</strong> />

predileções pela pintura, e sim pela arquitetura, e principalmente pela escultura — será somente<<strong>br</strong> />

escultor e arquiteto. Cultivará ainda a poesia, sendo autor de uma coletânea de Rimas.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e a pintura de Michelangelo influíram a arte de Massacio e a de Luca Signorelli. Os afrescos<<strong>br</strong> />

executados pelo primeiro na capela Brancacci foram objeto de minuciosos estudos, de parte de autor do<<strong>br</strong> />

Juízo final. Mas à grandiosidade de Masaccio alia Michelangelo maior liberdade de gestos e atitudes,<<strong>br</strong> />

enquanto de seus personagens titânicos se irradia uma sensação de movimento virtualmente oposta à<<strong>br</strong> />

estática masacciana, graças à arrojada disposição espacial que lhes emprestou o artista, e que<<strong>br</strong> />

repercutiria intensamente so<strong>br</strong>e a arte dos séculos futuros.<<strong>br</strong> />

Michelangelo foi, <strong>com</strong>o seu grande rival, Leonardo da Vinci, um gênio criador e um talento universal,<<strong>br</strong> />

ocupando lugar de primeiríssimo plano entre os mais ilustres representantes da Renascença italiana.<<strong>br</strong> />

Espírito inquieto, temperamento irascível, num tempo que era costume identificar gênio e loucura.<<strong>br</strong> />

Michelangelo viveu intensamente o drama moral e religioso de sua época, tendo sido na mocidade<<strong>br</strong> />

adepto de Savonarola, e mais tarde do evangelismo anti-reformista do papa Paulo III.<<strong>br</strong> />

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<strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DA</strong> <strong>ARTE</strong> – PROF. ROGERIO LIMA<<strong>br</strong> />

GLOSSÁRIO<<strong>br</strong> />

ACADEMIA. Pintura ou desenho do nu -masculino, de início, feminino depois -executado não <strong>com</strong>o um fim em si<<strong>br</strong> />

mesmo, porém <strong>com</strong>o parte de uma aprendizagem levada a cabo numa oficina ou academia de arte. No Brasil, coube<<strong>br</strong> />

ao pintor Manuel Dias de Oliveira -o Brasiliense ou o Romano -introduzir a prática da academia, em sua Aula Pública<<strong>br</strong> />

de Desenho e Figura criada no Rio de Janeiro em fins de 1800. As aulas de nu eram efetuadas à noite, posando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o modelo um indivíduo já maduro, "descarnado, mesmo malfeito" -<strong>com</strong>o escreveu, no Spectador Brasileiro de 12<<strong>br</strong> />

de agosto de 1826, anônimo missivista que se assina "O Carioca Constitucional B.F.G.".<<strong>br</strong> />

ACRÍLICA, Pintura. Pintura que utiliza <strong>com</strong>o medium uma resina acrílica em emulsão. Tem merecido as<<strong>br</strong> />

preferências de diversos artistas, so<strong>br</strong>etudo porque seca mais rapidamente que a pintura a óleo. No Brasil, onde vem<<strong>br</strong> />

sendo empregada desde a década de 1960, destacam-se entre os seus cultores Aldemir Martins Benjamim Silva e<<strong>br</strong> />

Antonio Maia, entre outros<<strong>br</strong> />

AFRESCO. Técnica de pintura mural que consiste em aplicar os pigmentos, diluídos num veículo aquoso, ao reboco<<strong>br</strong> />

ainda fresco de uma parede. Os pigmentos entranham no reboco, <strong>com</strong>binando-se quimicamente <strong>com</strong> ele, o que<<strong>br</strong> />

evita que a pintura se desprenda. Essa técnica, denominada igualmente buon fresco, tem sido pouquíssimo<<strong>br</strong> />

praticada no Brasil, destacando-se, entre seus cultores, Emeric Marcier, Fulvio Pennacchi, Antonio Gomide, Samson<<strong>br</strong> />

Flexor e poucos mais.<<strong>br</strong> />

AQUARELA. Técnica de pintura (ou, mais adequadamente, de desenho) que consiste em aplicar, so<strong>br</strong>e um suporte<<strong>br</strong> />

de papel, cores dissolvidas em água e aglutinadas <strong>com</strong> goma arábica, mel, açúcar ou outra substância similar.<<strong>br</strong> />

Conhecida já no Egito do Séc. II d. C., e utilizada em tempos medievais para iluminar manuscritos ou colorir<<strong>br</strong> />

xilografias, a aquarela alçouse ao nível de grande arte <strong>com</strong> Al<strong>br</strong>echt Dürer, mas só <strong>com</strong> os paisagistas ingleses de<<strong>br</strong> />

fins do Séc. XVIII e <strong>com</strong>eços do Séc. XIX atingiria seu ponto máximo de desenvolvimento.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> BRUTA. O equivalente em Português ao Francês Art Brut, expressão criada pelo pintor Jean Dubuffet para<<strong>br</strong> />

designar um tipo de criação artística produzido por crianças, psicóticos etc. no qual a matéria artística manifesta-se<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o que em estado <strong>br</strong>uto -caso, por exemplo, da produção de Arthur Bispo do Rosário, entre outros artistas<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiros.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> COMPUTADOR. O equivalente em Português ao Inglês Computer Art; designando a arte produzida <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

utilização de <strong>com</strong>putadores. Os primeiros exemplos de arte <strong>com</strong>putador surgidos no Brasil deveram-se a Waldemar<<strong>br</strong> />

Cordeiro, trabalhando <strong>com</strong> Giorgio Moscati em 1968.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> FRACTAL. Aquela produzida em conformidade <strong>com</strong> os postulados da estética fractal, por sua vez nascida em<<strong>br</strong> />

decorrência da descoberta em 1975, pelo matemático Mandel<strong>br</strong>ot e pelos estudiosos da Teoria do Caos, de uma<<strong>br</strong> />

nova geometria à qual foi dado o nome de fractal. Agindo intuitivamente, os artistas fractalistas não pretendem ilustrar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> suas o<strong>br</strong>as a teoria científica fractal, e por outro lado diferenciam seu trabalho do dos que operam <strong>com</strong> imagens<<strong>br</strong> />

simplesmente obtidas por meio de programas especiais de <strong>com</strong>putação. No Brasil, pioneiros da Arte Fractal já desde<<strong>br</strong> />

fins dos anos 60 foram Frans Krajcberg, Domenico Cala<strong>br</strong>one e Maria Bonomi os quais, <strong>com</strong> vários outros artistas,<<strong>br</strong> />

arquitetos, fotógrafos, músicos e poetas <strong>br</strong>asileiros e de outras nacionalidades integram o IFAG -International Fractal<<strong>br</strong> />

Art Group, surgido em São Paulo nos anos iniciais da década de 1990.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong> POSTAL Também chamada Arte Correio, Arte por Correspondência, Arte a Domicílio. Forma de expressão<<strong>br</strong> />

antiartística, anti-<strong>com</strong>ercial e anti-sistêmica na qual são utilizados desenhos, colagens, textos, xerox, propostas,<<strong>br</strong> />

carimbos, inscrições etc., executados so<strong>br</strong>e envelopes depois remetidos por via postal a um ou mais receptores. O<<strong>br</strong> />

pioneiro da Arte Postal teria sido Marcel Duchamp em 1916, mas o novo meio surgiria de fato apenas em 1960, nos<<strong>br</strong> />

Estados Unidos, <strong>com</strong> Ken Friedman e outros <strong>com</strong>ponentes do Grupo Flexus. Na década de 1970 inúmeras foram as<<strong>br</strong> />

exposições de Arte Postal realizadas em vários países, inclusive no Brasil, onde em 1975 Paulo Bruscky e Ypiranga<<strong>br</strong> />

Filho realizaram a 1ª Exposição Internacional de Arte Postal. A 27 de agosto de 1976, no auge da repressão militar,<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>iu-se a II Exposição Internacional de Arte Postal, no saguão do edifício-sede dos Correios em Recife, <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

participação de 3.000 trabalhos de artistas de 21 países: fechada pela Polícia minutos depois de inaugurada, seus<<strong>br</strong> />

organizadores Paulo Bruscky e Daniel Santiago foram detidos por três dias, e os trabalhos só liberados 30 dias<<strong>br</strong> />

depois.<<strong>br</strong> />

<strong>ARTE</strong>ÔNICA. Qualquer tipo de produto artístico realizado mediante o uso de recursos eletrônicos de <strong>com</strong>unicação. O<<strong>br</strong> />

vocábulo aparece no título de uma exposição realizada em São Paulo em março de 1971 na Fundação Armando<<strong>br</strong> />

Álvares Penteado -"Arteônica: o uso criativo de meios eletrônicos nas artes" -apresentada por Waldemar Cordeiro.<<strong>br</strong> />

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ASSINATURA. Marca ou sinal pessoal, representado pelo nome do artista, suas iniciais ou mesmo um arabesco ou<<strong>br</strong> />

ru<strong>br</strong>ica, aposto a uma pintura, de modo a lhe particularizar a autoria. O hábito de assinar pinturas aparece tardiamente,<<strong>br</strong> />

no Brasil: <strong>com</strong> as raríssimas exceções de sempre, irá tornar-se <strong>com</strong>um somente a partir de fins do Séc. XVIII. Não<<strong>br</strong> />

que os artistas de épocas anteriores não tivessem consciência de sua individualidade, mas porque não os seduzia a<<strong>br</strong> />

posteridade; mesmo porque ou eram religiosos, ou leigos trabalhando para a glória de Deus e dos seus santos,<<strong>br</strong> />

preferindo modestamente o anonimato. A assinatura do grande pintor colonial do Rio de Janeiro Frei Ricardo do Pilar<<strong>br</strong> />

não aparece por exemplo em nenhuma de suas pinturas, mas -uma única vez -em sua Profissão de Fé que é de<<strong>br</strong> />

1695.<<strong>br</strong> />

ATRIBUÍ<strong>DA</strong>. Pintura não assinada que, por motivos ponderáveis de natureza estilística ou histórica, pode ser<<strong>br</strong> />

imputada a determinado pintor. O historiador Valentín Calderon, após demoradas <strong>com</strong>parações estilísticas, foi<<strong>br</strong> />

levado a atribuir a uma só mão as várias pinturas antigas que ornam ainda hoje a capela-mor da Catedral de<<strong>br</strong> />

Salvador; e <strong>com</strong>o tais pinturas datam do terço final do Séc. XVII, época em que apenas um pintor -o jesuíta<<strong>br</strong> />

Domingos Rodrigues -trabalhou naquele templo, concluiu pela autoria de Domingos Rodrigues para todas aquelas<<strong>br</strong> />

pinturas.<<strong>br</strong> />

AUTO-RETRATO. Uma pintura na qual o artista ele próprio se representou, parcialmente ou de corpo inteiro,<<strong>br</strong> />

isoladamente ou em grupo. Entre os pintores <strong>br</strong>asileiros que mais produziram auto-retratos é lícito destacar Eliseu d'<<strong>br</strong> />

Angelo Visconti, José Pancetti e Emeric Marcier.<<strong>br</strong> />

AZULEJARIA. O vocábulo Azulejo, que deriva do árabe al-zullavcha, pedra cintilante, e nada tem a ver, por<<strong>br</strong> />

conseguinte, <strong>com</strong> azul, designa uma pequena placa de barro cozido, de forma regular, geralmente quadrada, tendo<<strong>br</strong> />

uma das faces esmaltada, <strong>com</strong> motivos decorativos geométricos ou figurativos, e servindo para o revestimento<<strong>br</strong> />

arquitetônico, em padrões repetitivos ou em painéis representando grandes <strong>com</strong>posições figuradas.<<strong>br</strong> />

O verdadeiro azulejo, de origem árabe ou bérbere, foi introduzido na Europa através da Península Ibérica e da Itália<<strong>br</strong> />

Meridional ao tempo das grandes invasões islâmicas, encontrando na Espanha, em Portugal, na Itália e<<strong>br</strong> />

posteriormente na Holanda solo propício onde se desenvolver. Em Portugal, os mais antigos azulejos recuam ao<<strong>br</strong> />

Séc. XVI. Monocrômicos, formam arranjos enxaquetados ou enxadrezados. Sucedem-se, a esses azulejos<<strong>br</strong> />

chamados de caixilho, os azulejos de lacaria e rosas, tricrômicos e <strong>com</strong> ornamentação abstrata. Só do Séc. XVII em<<strong>br</strong> />

diante ocorrem azulejos em azul e <strong>br</strong>anco, que terminariam por se impor quantitativamente.<<strong>br</strong> />

O criador do azulejo artístico português figurado foi Antonio de Oliveira Bernardes, ativo entre 1690 e 1720, e que<<strong>br</strong> />

criou uma verdadeira escola de azulejaria. <strong>À</strong> medida que o Séc. XVIII avança, nota-se a crescente influência da<<strong>br</strong> />

azulejaria holandesa de Delft. Por volta de 1740, diminui a utilização dos grandes painéis figurados, verificando-se a<<strong>br</strong> />

retomada de uma azulejaria mais singela. No fim do Setecentos aparecem os azulejos de grinalda e os de rosácea,<<strong>br</strong> />

que so<strong>br</strong>eviveriam até <strong>com</strong>eços do Séc. XIX. No Oitocentos, finalmente, o azulejo passa a ser produto<<strong>br</strong> />

semi-industrial, estampilhado, <strong>com</strong> predomínio da ornamentação floral e da coloração policrômica ou azul e <strong>br</strong>anca.<<strong>br</strong> />

O azulejo português, transplantado para o Brasil, aqui se desenvolveu substancialmente, tendo sido certamente a<<strong>br</strong> />

maior contribuição <strong>br</strong>asileira à arte do azulejo o revestimento de fachadas e muros externos, porquanto em Portugal<<strong>br</strong> />

os azulejos eram empregados exclusivamente no revestimento interno (Santos Simões). Não admira que a imensa<<strong>br</strong> />

maioria dos azulejos encontrados no Brasil -notadamente na Bahia, em Pernambuco, no Maranhão e no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro -sejam de origem portuguesa, muito embora Santos Simões tenha encontrado azulejos holandeses<<strong>br</strong> />

figurados no Convento e Igreja de Santo Antonio, em Recife.<<strong>br</strong> />

Após a Independência <strong>com</strong>eça a importação de azulejos franceses, alemães e belgas, sem que cesse de todo a<<strong>br</strong> />

utilização de peças portuguesas. Por volta de 1861, Survillo & Cia. fa<strong>br</strong>icam, em Niterói (RJ), os primeiros azulejos<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiros, que gradativamente <strong>com</strong>eçam a substituir os estrangeiros na aceitação geral.<<strong>br</strong> />

Entre os mais belos espécimes de azulejaria conservados no Brasil destacam-se os conjuntos do claustro do<<strong>br</strong> />

Convento de São Francisco em Salvador e da Matriz do Rosário em Cachoeira (BA), os da Capela Dourada e da já<<strong>br</strong> />

citada Igreja de Santo Antonio, em Recife, e da Igreja da Misericórdia, em Olinda (PE); os do Convento de Santo<<strong>br</strong> />

Antonio (PA), e da Igreja da Glória do Outeiro (RJ).<<strong>br</strong> />

Por longos anos caído em desuso, o azulejo conheceu uma fase de admirável revitalização quando arquitetos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Lúcio Costa, em <strong>com</strong>eços da década de 1940, tentaram restabelecer o uso da azulejaria no revestimento<<strong>br</strong> />

arquitetônico, momento em que Portinari desenhou e Rossi Osir executou os painéis de azulejos para o edifício-sede<<strong>br</strong> />

do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (OSIR<strong>ARTE</strong>).<<strong>br</strong> />

CARNAÇÃO. Numa imagem religiosa, a camada de pintura que reveste as partes não-cobertas da anatomia,<<strong>br</strong> />

simulando a cor e a textura da carne humana. A carnação era feita geralmente a óleo, depois polido, por pintores ou<<strong>br</strong> />

por artesãos especializados, os encarnadores. Durante o período colonial, muitos pintores, inclusive dos mais<<strong>br</strong> />

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importantes, incumbiramse, ao lado de o<strong>br</strong>as maiores, de pintura de painéis ou de tetos, de trabalhos de encarnação<<strong>br</strong> />

ou de douramento. Assim, Manoel da Costa Ataíde encarnou em 1805 as imagens de São Roque, Santo Ivo, São<<strong>br</strong> />

Francisco, do Pontífice, de São Luís e de dois Cardeais para a Igreja de São Francisco de Ouro Preto.<<strong>br</strong> />

CATALOGUE RAISONNÉ. Expressão francesa utilizada internacionalmente para designar o catálogo <strong>com</strong>pleto da<<strong>br</strong> />

produção de determinado artista, <strong>com</strong> indicações <strong>com</strong>o origem, medidas, técnica, natureza do suporte, detalhes de<<strong>br</strong> />

assinatura e datação, bibliografia e ainda outros dados que caracterizem perfeitamente cada o<strong>br</strong>a, da qual é também<<strong>br</strong> />

fornecida uma ilustração fotográfica. No Brasil foram raros até hoje os pintores que mereceram os cuidados de um<<strong>br</strong> />

catalogue raisonné, entre eles Tarsila do Amaral (Aracy A. Amaral) e Pancetti (José Roberto Teixeira Leite).<<strong>br</strong> />

COLAGEM. O equivalente em português ao francês collage, termo que designa um recurso fartamente empregado<<strong>br</strong> />

por dadaístas e surrealistas, e que consiste na utilização em pinturas de pedaços de papel ou jornal, bilhetes de metrô,<<strong>br</strong> />

fotografias, cartões postais, cromos e materiais análogos. A força expressiva de uma colagem reside na justaposição<<strong>br</strong> />

inesperada e não raro chocante de imagens ou fragmentos de imagens despojados de seus significados originais, e<<strong>br</strong> />

que por isso mesmo causam, no espectador, um impacto psicológico capaz de, no dizer dos surrealistas, "liberar as<<strong>br</strong> />

fantasias mais recônditas do subconsciente".<<strong>br</strong> />

CONSERVAÇÃO e Restauração de Pinturas. Chama-se conservação ao conjunto de técnicas e processos<<strong>br</strong> />

destinados a preservar uma pintura contra os fatores que lhe afetam a integridade, a<strong>br</strong>eviam-lhe a duração e<<strong>br</strong> />

terminam por destruí-la; restauração é uma verdadeira cirurgia estética, aplicada na medida do necessário a pinturas<<strong>br</strong> />

já afetadas. O correto tratamento de uma pintura consistirá, por conseguinte, em tentar prolongar ao máximo sua<<strong>br</strong> />

existência física (conservação), mediante um mínimo de intervenção recuperadora (restauração). Esse tratamento é<<strong>br</strong> />

antes de mais nada uma operação de natureza técnica, mas implica também em considerações de ordem estética.<<strong>br</strong> />

A conservação adequada de uma pintura requer medidas <strong>com</strong>o o controle da temperatura ambiente, da umidade e<<strong>br</strong> />

da exposição à luz, fácil sendo concluir que, no Brasil, onde raríssimos museus dispõem dos recursos necessários<<strong>br</strong> />

para esse tipo de controle, ainda se está muito longe das condições ideais de preservação, só encontráveis em<<strong>br</strong> />

países de avançada tecnologia, <strong>com</strong>o Estados Unidos, Japão, Alemanha, Países Baixos, Bélgica, Itália, Reino Unido<<strong>br</strong> />

e Canadá, entre poucos mais. Quanto às operações de restauro mais <strong>com</strong>uns citem-se a simples limpeza, a remoção<<strong>br</strong> />

dos vernizes, o retoque, a parquetagem ou consolidação do suporte, a transposição, etc.<<strong>br</strong> />

A história da conservação e da restauração, no Brasil, a<strong>br</strong>ange um período empírico, que vai do séc. XIX até a criação,<<strong>br</strong> />

em 1947, do Laboratório Técnico do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -confiado a Edson Motta, que<<strong>br</strong> />

concluíra dois anos de estágio na Universidade de Harvard, <strong>com</strong>o aluno de George Stout, R. Gettens e Richard Buck<<strong>br</strong> />

-, e um período a que chamaríamos científico ou técnico, daquela criação até nossos dias. Edson Motta também foi o<<strong>br</strong> />

responsável pela formação de uma nova geração de restauradores, lecionando desde 1951 na então Escola<<strong>br</strong> />

Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro Teoria, Conservação e Restauração de Pintura. Uma lista de profissionais<<strong>br</strong> />

que se destacaram no campo da restauração de pinturas, entre nós, certamente a<strong>br</strong>angeria, além do próprio Edson<<strong>br</strong> />

Motta, Luís Carlos Palmeira, Fernando Barreto, Marilka Mendes, Carlota Santos, João José Rescala, Jordão de<<strong>br</strong> />

Oliveira, Ado Malagoli, Claudio Valério Teixeira, Sergio Lima, Jair Afonso Inácio, Renzo Gori, Sartori, Thomas<<strong>br</strong> />

Christian Brixa e Marino Cardini.<<strong>br</strong> />

CONTRAFAÇÃO. É a cópia de uma pintura, apresentada <strong>com</strong>o se fosse a pintura original. A principal característica<<strong>br</strong> />

da contrafação é a utilização de um modelo, imitado em seus mínimos detalhes de técnica, cromatismo,<<strong>br</strong> />

envelhecimento e desgaste, <strong>com</strong> apelo a suportes e materiais apropriados<<strong>br</strong> />

CÓPIA. Pintura cuja finalidade é reproduzir servilmente outra, original; quando feita pelo próprio autor da original,<<strong>br</strong> />

chama-se réplica.<<strong>br</strong> />

Existem diferentes tipos de copistas, desde o aluno que tenta aprimorar-se reproduzindo o original de um mestre, até<<strong>br</strong> />

ao criminoso interessado em impingir <strong>com</strong>o original uma imitação ou cópia. Por outro lado, bons pintores realizaram<<strong>br</strong> />

cópias de céle<strong>br</strong>es originais alheios -caso, por exemplo, de Oscar Pereira da Silva, que copiou o Descanso do<<strong>br</strong> />

Modelo,de Almeida Júnior. Do mesmo modo, antes do advento e da generalização da Fotografia, o único jeito de se<<strong>br</strong> />

obter a duplicação de uma pintura era fazê-la copiar por um pintor, expediente esse que explica o avultado número de<<strong>br</strong> />

retratos de Dom Pedro I, de Dom Pedro II e de outras personalidades imperiais, ainda hoje existentes em óleos<<strong>br</strong> />

não-assinados.<<strong>br</strong> />

Finalmente, em leilões e antiquários, coleções particulares e até em museus não é in<strong>com</strong>um encontrarem-se velhas<<strong>br</strong> />

cópias de originais menos conhecidos de famosos mestres europeus, apresentadas <strong>com</strong>o se fossem os originais eles<<strong>br</strong> />

próprios.<<strong>br</strong> />

COR INEXISTENTE. Efeito tecnicamente controlável de percepção visual de cores em contraste, verificável em<<strong>br</strong> />

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função da distância em que se posta o espectador, dos tons de cor primária e da forma que esses assumem em dada<<strong>br</strong> />

pintura. O domínio da cor inexistente deveu-se ao pintor Israel Pedrosa em 1967, após cerca de 15 anos de<<strong>br</strong> />

experimentações <strong>com</strong> a cor, a partir de 1951. O próprio Israel Pedrosa assim explicou o porquê da denominação:<<strong>br</strong> />

A descoberta a que chamei domínio da cor inexistente é o controle prático do fenômeno produzido por uma<<strong>br</strong> />

cor-pigmento em várias gamas, levada ao paroxismo, resultando na produção de uma cor <strong>com</strong>plementar que<<strong>br</strong> />

poderemos chamar de inexistente, se analisada do ângulo da cor-pigmento, pois tal <strong>com</strong>plementar, não tendo sido<<strong>br</strong> />

pintada, não existe <strong>com</strong>o cor/pigmento. Daí sua denominação de cor inexistente em sua utilização estética.<<strong>br</strong> />

A descoberta da cor inexistente valeu a seu autor o Prêmio Thomas Mann, instituído pela Embaixada da então<<strong>br</strong> />

República Federal da Alemanha, <strong>com</strong> o qual Israel Pedrosa viajou por esse país, dando palestras e demonstrações<<strong>br</strong> />

práticas.<<strong>br</strong> />

CURADOR. Neologismo originado do Inglês Curator e de uso corrente em anos recentes no Brasil para designar o<<strong>br</strong> />

profissional, crítico de arte ou teórico, a quem <strong>com</strong>pete a curadoria, ou seja, a concepção, conceitualização,<<strong>br</strong> />

concretização e supervisão geral de uma exposição de arte em seus menores detalhes, incluindo seleção de o<strong>br</strong>as,<<strong>br</strong> />

contato <strong>com</strong> autores ou proprietários, seguro, embalagem, transporte, montagem, divulgação etc., feitos<<strong>br</strong> />

pessoalmente ou o mais das vezes por meio de agentes e pessoal especializado, além do preparo do respectivo<<strong>br</strong> />

catálogo, contendo um estudo crítico introdutório, relação descritiva e reprodução fotográfica de o<strong>br</strong>as expostas, além<<strong>br</strong> />

de outros dados técnicos julgados necessários.<<strong>br</strong> />

DECORATIVA, Pintura. 1. Diz-se de uma pintura que <strong>com</strong>plementa a arquitetura de uma igreja, de um palácio e<<strong>br</strong> />

assim por diante. Nesse sentido, pode-se falar na pintura decorativa de um José Soares de Araújo, em Minas Gerais,<<strong>br</strong> />

durante o Séc.<<strong>br</strong> />

XVIII. 2. Representação pictórica que se realiza por ocasião de uma grande festividade pública, <strong>com</strong>o um casamento<<strong>br</strong> />

real, uma coroação, uma entrada triunfal, etc. Assim, Jean-Baptiste De<strong>br</strong>et organizou, em 6 de fevereiro de 1818, a<<strong>br</strong> />

pintura decorativa e mais serviços de ornamentação do Rio de Janeiro, quando da Aclamação de Dom João VI <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Rei de Portugal, Brasil e Algarve. 3. Num terceiro significado, esse de natureza depreciativa, diz-se de uma pintura na<<strong>br</strong> />

qual o elemento ornamental, decorativo, supera o expressivo ou o emocional.<<strong>br</strong> />

DOURAMENTO. Revestimento em ouro de imagens, retábulos, tocheiros, peanhas etc., do qual se ocupavam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>umente, durante o período colonial, os pintores artísticos. A 22 de maio de 1823, Manoel da Costa Ataide ajustou<<strong>br</strong> />

pela soma de 1:300$000 a pintura e douramento da Capela da Senhora do Rosário dos Pretos e do altar-mor da<<strong>br</strong> />

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Mariana, trabalho esse concluído a 23 de janeiro de 1826, e que consistiu,<<strong>br</strong> />

no que respeita ao douramento, em raspagem e limpeza da madeira, aplicação de gesso, cola de pelica, nova<<strong>br</strong> />

camada de gesso, pintura à base de tinta fosca, lixamento, aplicação do bolo armênio (argila vermelha),<<strong>br</strong> />

assentamento de lâminas ou pães de ouro e <strong>br</strong>unidura final<<strong>br</strong> />

ENCÁUSTICA. Técnica de pintura já praticada no Egito e na Grécia, e que consiste em misturar os pigmentos em<<strong>br</strong> />

cera aquecida (de onde seu nome, do Grego Encaustikos, preparado <strong>com</strong> fogo), assim aplicando-os ao suporte.<<strong>br</strong> />

Entre suas propriedades acham-se a durabilidade e so<strong>br</strong>etudo a possibilidade de traduzir maravilhosamente a<<strong>br</strong> />

aparência das formas e cores naturais, de vez que, sendo a cera translúcida, a superfície da pintura assemelha-se<<strong>br</strong> />

quase a uma epiderme humana -o que explica a estranha sensação de vida que ainda hoje se evola dos retratos de<<strong>br</strong> />

múmias achados em Fayyum, no Egito, os quais recuam aos séculos iniciais da Era Cristã. Por outro lado, a pintura a<<strong>br</strong> />

encáustica não se adultera, jamais amarelecendo ou escurecendo, e também não é afetada por craquelures, ou<<strong>br</strong> />

rachaduras.<<strong>br</strong> />

A fórmula da encáustica perdeu-se durante a Idade Média e foi desconhecida dos pintores renascentistas e barrocos,<<strong>br</strong> />

tendo cabido a Caylus refazê-la, em 1752. Mesmo assim, o processo jamais se tornaria popular, raríssimos tendo sido<<strong>br</strong> />

os pintores que dele fizeram uso -entre eles devendo ser mencionado, no Brasil Eugenio de Proença Sigaud<<strong>br</strong> />

(1899-1979).<<strong>br</strong> />

ESTOFAMENTO. Numa imagem religiosa, a camada de pintura aplicada para simular a indumentária, opondo-se<<strong>br</strong> />

assim a carnação, que é a pintura em simulação da carne, isto é, das partes desnudas da figura. Era <strong>com</strong>um, durante<<strong>br</strong> />

todo o período colonial, que os pintores se ocupassem, indiscriminadamente, tanto da pintura propriamente artística,<<strong>br</strong> />

em painéis e tetos, o<strong>br</strong>as de cavalete, etc., quanto de trabalhos de menor importância, dourando retábulos,<<strong>br</strong> />

encarnando ou estofando imagens. O pintor baiano Domingos Duarte de Almeida, por exemplo, que trabalhou entre<<strong>br</strong> />

1781 e 1819 no Convento do Desterro, em Salvador, ainda nesse último ano recebeu 82$000 pela encarnação,<<strong>br</strong> />

estofamento e douradura de dois anjos tocheiros da capela-mor.<<strong>br</strong> />

ESTUDO. A primeira versão, geralmente apenas esboçada e em dimensões menores, de uma o<strong>br</strong>a de pintura a que<<strong>br</strong> />

posteriormente o autor dará acabamento. Por sua própria contingência, reveste-se de uma espontaneidade e de uma<<strong>br</strong> />

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frescura de execução que nem sempre o original concluído conservará. Os estudos foram muito <strong>com</strong>uns entre os<<strong>br</strong> />

pintores <strong>br</strong>asileiros do Séc. XIX e <strong>com</strong>eços do Séc. XX, tombando a seguir em desuso. O Descanso do Modelo, de<<strong>br</strong> />

Almeida Júnior, cuja versão definitiva se acha no Museu Nacional de Belas Artes, foi precedido, por exemplo, por<<strong>br</strong> />

vários estudos, de pequeno formato e não-assinado.<<strong>br</strong> />

EXPERTISE. Palavra francesa de uso internacional para designar um documento, geralmente escrito à mão no dorso<<strong>br</strong> />

de uma foto em preto e <strong>br</strong>anco, no qual um especialista -perito ou expert -opina so<strong>br</strong>e a autenticidade de determinada<<strong>br</strong> />

pintura. Tal documento transforma-se assim numa espécie de certidão oficial da o<strong>br</strong>a a que se refere, servindo-lhe de<<strong>br</strong> />

aval, tanto mais válido quanto maior a reputação daquele que o assina.<<strong>br</strong> />

Uma expertise evitará fazer menção a preços e a contingências de mercado, limitando-se a considerações objetivas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a o<strong>br</strong>a em estudo no que se refere a técnica, tema, dimensões, suporte, estado de conservação, características<<strong>br</strong> />

de assinatura e todas as demais que se fizerem necessárias, bem <strong>com</strong>o esclarecerá so<strong>br</strong>e se tal pintura foi<<strong>br</strong> />

examinada pessoalmente ou através de fotografia, <strong>com</strong> auxílio de aparelhos e técnicas especiais etc.<<strong>br</strong> />

Freqüentemente, as expertises são fornecidas por historiadores e críticos de arte, professores ou pesquisadores<<strong>br</strong> />

especialmente capacitados a falarem <strong>com</strong> autoridade so<strong>br</strong>e determinado pintor, ou determinado período ou escola de<<strong>br</strong> />

pintura, sendo menos confiáveis aquelas expedidas por <strong>com</strong>erciantes, que se pressupõem interessados.<<strong>br</strong> />

O<strong>br</strong>igatórias em vendas públicas em diversos países, <strong>com</strong>o a França por exemplo, as expertises são ainda<<strong>br</strong> />

facultativas no Brasil, funcionando <strong>com</strong>o garantia de vendas, em casos de avaliações para fins de seguro,<<strong>br</strong> />

partilha etc. Paradoxalmente, já<<strong>br</strong> />

o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novem<strong>br</strong>o de 1937, que organizou a proteção do patrimônio histórico e artístico<<strong>br</strong> />

nacional e se acha em pleno vigor, fala especificamente na o<strong>br</strong>igatoriedade das expertises em vendas de o<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />

de arte de qualquer natureza, manuscritos e livros raros ou antigos, estipulando em seu art. 28 e respectivo<<strong>br</strong> />

parágrafo único:<<strong>br</strong> />

-Nenhum objeto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta Lei poderá ser posto à venda pelos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>erciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio<<strong>br</strong> />

Histórico e Artístico Nacional, ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de 50% so<strong>br</strong>e o valor<<strong>br</strong> />

atribuído ao objeto. A autenticação do mencionado objeto será feita mediante o pagamento de uma taxa de<<strong>br</strong> />

peritagem de 50% so<strong>br</strong>e o valor da coisa, se este for inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco<<strong>br</strong> />

mil réis por conto de réis ou fração que exceder.<<strong>br</strong> />

EX-VOTO. Pintura oferecida por alguém beneficiado por uma intervenção so<strong>br</strong>enatural de Cristo, da Virgem Maria ou<<strong>br</strong> />

dos Santos, em memória da graça obtida, e exposta em igrejas ou capelas para edificação dos fiéis.<<strong>br</strong> />

FAISCADO. Pintura que imita a textura e a aparência do mármore, também chamada mármore fingido. Tais pinturas<<strong>br</strong> />

que fingiam mármore ou pedra foram <strong>com</strong>uns no período colonial. O baiano José de Souza Aguiar, falecido em 1757,<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igouse, em setem<strong>br</strong>o de 1749, a executar diversas o<strong>br</strong>as de pintura no cemitério e na Igreja da Ordem Terceira do<<strong>br</strong> />

Carmo, em Salvador, inclusive a pintura das tábuas das bocas das sepulturas <strong>com</strong> "fingimento de pedra".<<strong>br</strong> />

FALSIFICAÇÃO. Denominação genérica para qualquer pintura que, mediante meios fraudulentos, tenha sido<<strong>br</strong> />

executada para enganar outras pessoas, passando <strong>com</strong>o o<strong>br</strong>a original. A falsificação <strong>com</strong>preende diversos gêneros,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a truquage, a contrafação, o pasticho e a chamada falsificação integral, na qual o falsário imagina o tema e o<<strong>br</strong> />

desenvolve, adaptando sua técnica à do pintor que, <strong>com</strong> finalidade dolosa, deseja imitar.<<strong>br</strong> />

Tudo quanto possui valor já foi falsificado, pois a falsificação é conseqüência direta da valorização financeira da o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

de arte; no entanto, as falsificações pictóricas são de longe as mais numerosas, mesmo porque foi imensa, em todo o<<strong>br</strong> />

Séc. XX, a valorização financeira experimentada pelas pinturas.<<strong>br</strong> />

Quase sempre, o falsário lança mão de um original, que modifica (truquage) ou copia (contrafação); os falsificadores<<strong>br</strong> />

mais requintados, porém, <strong>com</strong>binam as diferentes partes de diversos originais (pasticho), enquanto os de gênio, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Dossena, Bastianini ou Van Meegeren, a tal ponto assimilaram o estilo do artista e da época que o viu trabalhar, que<<strong>br</strong> />

quase chegam a criar, <strong>com</strong>o se agissem mediunicamente.<<strong>br</strong> />

É mais fácil falsificar pinturas modernas -posteriormente a 1900 por exemplo -do que antigas, pois o falsário utiliza,<<strong>br</strong> />

nas modernas, materiais e técnicas que lhe são familiares. Para as pinturas tanto modernas quanto antigas existem<<strong>br</strong> />

porém numerosos testes físico-químicos capazes de desmascarar o engodo, a <strong>com</strong>eçar pelo exame dos pigmentos<<strong>br</strong> />

utilizados que proporcionam já um método de datação adequado -, pelo aspecto das rachaduras da camada pictórica<<strong>br</strong> />

e pelo teor de oxidação das tintas, chegando à análise à luz infravermelha ou ultravioleta, à radiografia etc.<<strong>br</strong> />

No Brasil são numerosíssimas as falsificações de pinturas, e já Olavo Bilac, numa crônica de 1904, afirmava a<<strong>br</strong> />

existência de bom número de falsos Castagnetos, a quatro anos de distância do falecimento do céle<strong>br</strong>e marinhista.<<strong>br</strong> />

28


Uma lista de pintores <strong>br</strong>asileiros que se têm revelado os favoritos dos falsários incluiria decerto, além do já citado<<strong>br</strong> />

Castagneto, nomes <strong>com</strong>o os de Pancetti, Guignard, Di Cavalcanti, Bonadei, Djanira, Volpi, Portinari e -entre os mais<<strong>br</strong> />

antigos -Visconti, Batista da Costa e Parreiras.<<strong>br</strong> />

FANTÁSTICA, Pintura. Segundo o velho Dicionário Técnico e Histórico de Assis Rodrigues, publicado em<<strong>br</strong> />

Lisboa em 1875 e ainda hoje digno de consulta, por Fantasia deve-se entender, em Belas Artes, "uma<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>posição fantástica, nascida da imaginação caprichosa dos artistas, sempre mais ou menos fundada nos<<strong>br</strong> />

objetos da natureza. Daqui as produções singulares do gênio, <strong>com</strong>o os ornamentos de capricho, as caricaturas,<<strong>br</strong> />

os grotescos, etc., por onde é costume dizer-se que tal artista é pintor de fantasias". De onde se conclui que<<strong>br</strong> />

fantástico deriva de fantasia, palavra que vem do Grego phantozomaí, facilidade de imaginação. É portanto pela<<strong>br</strong> />

imaginação que o pintor, partindo da realidade, atinge o fantástico, que outra coisa não é senão a ruptura da<<strong>br</strong> />

ordem natural, a subversão da lógica e do racional.<<strong>br</strong> />

FOTO-PINTURA. Uma fotografia ampliada que, retocada a óleo, guache ou pastel e colada so<strong>br</strong>e tela, dá a nítida<<strong>br</strong> />

impressão de uma pintura. Foi processo grandemente usado no Brasil, nos primórdios da arte fotográfica entre nós.<<strong>br</strong> />

Assim, num anúncio de janeiro de 1858, estampado no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, Joaquim Insley Pacheco,<<strong>br</strong> />

fotógrafo e pintor, a ele se refere neste termos:<<strong>br</strong> />

-O ilustrado público pode visitar no nosso estabelecimento de am<strong>br</strong>ótipo um retrato so<strong>br</strong>e vidro por esse método, o<<strong>br</strong> />

qual reúne todas as vantagens da fotografia às da pintura a óleo, de tal perfeição que nem a máquina de Daguerre por<<strong>br</strong> />

si só, nem o pintor só <strong>com</strong> o pincel, pode conseguir tal semelhança, tanta finura de contornos nem tanta beleza. A isto<<strong>br</strong> />

acresce que se pode obter um retrato perfeito, igual ao do mais excelente pintor por um preço bastante módico.<<strong>br</strong> />

Novo anúncio publicado em 1862 num periódico do Rio de Janeiro, esse da Chaix Photographia, referia-se a "retratos<<strong>br</strong> />

fotográficos so<strong>br</strong>e tela de pintor, coloridos a óleo de tamanho natural". Nessa oficina, aliás, trabalhou, entre 1866 e<<strong>br</strong> />

1870, o pintor José dos Reis Carvalho, que fora aluno de De<strong>br</strong>et e se notabilizara <strong>com</strong>o autor de naturezas-mortas e<<strong>br</strong> />

flores.<<strong>br</strong> />

Vários outros pintores se dedicaram a colorir fotografias, entre eles Ernst Papf e Henri Langerock, Auguste Moreau e<<strong>br</strong> />

Steffen. Tratava-se na maior parte dos casos de realçar cores em retratos, muito embora também ocorressem<<strong>br</strong> />

foto-pinturas decorativas, <strong>com</strong>o as obtidas por Carlos Hoenen em São Paulo, <strong>com</strong> a ajuda do pintor vienense F.<<strong>br</strong> />

Piereck, conforme se lê no número de 30 de a<strong>br</strong>il de 1878 de A Província de São Paulo:<<strong>br</strong> />

-Chama-se a atenção dos Srs. amadores das Belas Artes para um quadro feito neste estabelecimento, o qual é<<strong>br</strong> />

destinado para embelezar o teto da sala de jantar do novo e grande hotel do Sr. Glete, da rua de S. Bento. É o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

própria para decorar as salas de luxo dos Srs. proprietários de palacetes.<<strong>br</strong> />

A voga das foto-pinturas foi tão grande, que em 1866 o próprio Vítor Meireles, analisando a II Exposição Nacional,<<strong>br</strong> />

sentiu-se na o<strong>br</strong>igação de se pronunciar so<strong>br</strong>e as mesmas, fazendo-o nesses termos:<<strong>br</strong> />

-Trata-se da arte de fazer um retrato a óleo de dimensão natural, sem grande incômodo para a pessoa que deseja ser<<strong>br</strong> />

retratada, sendo bastante o tempo indispensável de alguns minutos, a fim de obter-se unicamente um retrato nas<<strong>br</strong> />

dimensões de um cartão de visita, que depois serve para reprodução em grande, so<strong>br</strong>e papel ou diretamente so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

tela. Este primeiro trabalho obtido é entregue ao pintor que, considerando-o já <strong>com</strong>o um esboço, encarrega-se de<<strong>br</strong> />

colorir. Esta arte de retratar, que está hoje tão em moda, tem desgraçadamente de contribuir para o regresso da<<strong>br</strong> />

verdadeira arte, a qual só deveria ser exercida segundo os seus indeclináveis preceitos. Por este novo meio<<strong>br</strong> />

conhecido pelo nome de foto-pintura foram executados todos os retratos, que ali vimos expostos entre a fotografia, e<<strong>br</strong> />

que, se algum merecimento podem ter é certamente devido ao pintor, e não ao fotógrafo.<<strong>br</strong> />

FUNK ART ("Arte fétida"). Expressão inglesa de uso no jargão artístico internacional e a princípio aplicada para<<strong>br</strong> />

designar um tipo de arte produzido nos meados dos anos 50 por Bruce Connor e outros artistas norte-americanos<<strong>br</strong> />

ativos na área de San Francisco; tem sido em época mais recente utilizada, no Brasil inclusive, para caracterizar<<strong>br</strong> />

trabalhos hí<strong>br</strong>idos de pintura e escultura que <strong>com</strong>binem ou empreguem materiais insólitos ou bizarros, enfocando não<<strong>br</strong> />

raro temas repulsivos, escatológicos ou francamente pornográficos.<<strong>br</strong> />

GRAFFITI. Inscrições, desenhos ou pinturas feitas em muros e paredes, geralmente de logradouros públicos. Os<<strong>br</strong> />

primeiros graffiti surgiram nos últimos anos da década de 1960, nos Estados Unidos da América, de onde se<<strong>br</strong> />

propagaram para as principais metrópoles do mundo ocidental -do Brasil inclusive. Primo po<strong>br</strong>e da arte muralista,<<strong>br</strong> />

dificilmente enquadráveis <strong>com</strong>o ela -na categoria de grande arte, os graffiti caracterizam-se pela liberdade<<strong>br</strong> />

bem-humorada de leitura e pelo apelo ao onírico e ao fantástico, atingindo não raro aquela co-Realidade a que se<<strong>br</strong> />

refere o critico Olívio Tavares de Araújo:<<strong>br</strong> />

29


-Também na mesma linha estão alguns dos grafiteiros que, numa vigorosa floração, invadem nos últimos anos os<<strong>br</strong> />

muros das grandes capitais. Mas mesmo entre os grafiteiros, pode-se notar uma alta incidência poética de fantasia,<<strong>br</strong> />

humor e evasão. E parece-me que, mais do que reivindicar ou protestar, a tendência dominante hoje, no país, entre<<strong>br</strong> />

os artistas que procuram sair do cavalete e ampliar seu circuito de audiência, é a de intervir no espaço urbano <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

intenção de nele instalar uma co-Realidade.<<strong>br</strong> />

Afastados do circuito tradicional da arte, voltando as costas ao mercado e à crítica, os grafiteiros são guerrilheiros<<strong>br</strong> />

estéticos que se recusam a atuar nos estreitos limites da galeria ou do museu, necessitando do espaço urbano para<<strong>br</strong> />

realizarem seu trabalho. Do mesmo modo, dispensam o connaisseur, o colecionador ou o aficionado, para se<<strong>br</strong> />

dirigirem diretamente ao cidadão <strong>com</strong>um, por isso utilizando imagens do quotidiano -aparelhos eletrodomésticos por<<strong>br</strong> />

exemplo -e lançando mão de uma estética popular urbana. Autênticos marginais da pintura, dispensam até mesmo o<<strong>br</strong> />

patrocínio de empresas particulares ou de organismos oficiais -ao contrário, por exemplo, dos muralistas urbanos -,<<strong>br</strong> />

preferindo manter sua independência a todo custo.<<strong>br</strong> />

No Brasil, foi <strong>com</strong>preensivelmente São Paulo a cidade onde os grafiteiros mais se sentiram à vontade, e ali também<<strong>br</strong> />

foi que surgiram, desde fins da década de 1970, os principais representantes do gênero, inclusive o mais típico deles<<strong>br</strong> />

-Alex Vallauri, o qual, chegando ao Brasil em 1965, daria início em 1978 a uma série de pichações a spray de<<strong>br</strong> />

silhuetas de cupidos, acrobatas e <strong>br</strong>uxas, ao lado de intrigantes botas pretas de cano longo e salto pontiagudo,<<strong>br</strong> />

televisão, guitarras elétricas ou telefones, imagens - diz Maurício Villaça - "de símbolos que estão no inconsciente<<strong>br</strong> />

coletivo". A participação de Vallauri na 18º Bienal de São Paulo, em 1985, <strong>com</strong> sua divertida manifestação ambiental<<strong>br</strong> />

Festa na Casa da Rainha do Frango Assado, seguida pouco depois pelo precoce desaparecimento do artista, em<<strong>br</strong> />

1987, tiveram o dom de congregar uma legião de novos grafiteiros, exercitando-se sob os viadutos e à margem dos<<strong>br</strong> />

muros em <strong>com</strong>oventes homenagens à memória de seu paladino. O sucesso do personagem criado por Alex Vallauri<<strong>br</strong> />

foi tamanho, que a Rainha do Frango Assado deixou sua condição visual de representação bidimensional ou plástica<<strong>br</strong> />

para se transformar em bem sucedida personagem teatral.<<strong>br</strong> />

GUACHE. Técnica de pintura similar à da aquarela, mas na qual as cores são opacas e mais encorpadas. Também<<strong>br</strong> />

ao contrário da aquarela, na qual as pequenas partículas de pigmento diluídas em água penetram nas fi<strong>br</strong>as do papel,<<strong>br</strong> />

o guache forma uma camada so<strong>br</strong>e o suporte, já que a densidade dos pigmentos impede a penetração por entre as<<strong>br</strong> />

fi<strong>br</strong>as. Os <strong>br</strong>ancos e de modo geral as colorações cremosas são obtidos <strong>com</strong> o emprego de pigmentos <strong>br</strong>ancos, em<<strong>br</strong> />

geral <strong>br</strong>anco de zinco. Não é in<strong>com</strong>um, por outro lado, que o artista utilize, num mesmo trabalho, o guache, a aquarela<<strong>br</strong> />

e o pastel.<<strong>br</strong> />

HAPPENING. Vocábulo inglês de uso recente no jargão artístico internacional, para designar um acontecimento<<strong>br</strong> />

(happening) que sintetize teatro e artes visuais numa ação em parte planejada, em parte improvisada, e <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

participação ativa dos espectadores. Os happenings surgiram em Nova Iorque, por volta de 1957, e eram a principio a<<strong>br</strong> />

extensão, no tempo e no espaço, da improvisação reinante no Expressionismo Abstrato, tendo também<<strong>br</strong> />

desempenhado papel primordial na evolução da Pop Art. O <strong>com</strong>positor John Cage, <strong>com</strong> suas teorias so<strong>br</strong>e o acaso,<<strong>br</strong> />

foi uma das grandes influências que determinaram o aparecimento do gênero -que se diferencia do teatro pela<<strong>br</strong> />

ausência <strong>com</strong>pleta de narrativa. No Brasil, o primeiro happening passa por ter sido o organizado em 1963 por Wesley<<strong>br</strong> />

Duke Lee no João Sebastião Bar, de São Paulo, <strong>com</strong> o título "Atração da Ambigüidade".<<strong>br</strong> />

INDÍGENA, Pintura. Muito embora seja <strong>com</strong> alguma freqüência executada so<strong>br</strong>e couros, esteiras, abanos e outras<<strong>br</strong> />

superfícies, a pintura dos indígenas <strong>br</strong>asileiros utiliza <strong>com</strong>o suporte predileto o próprio corpo humano, que assim se vê<<strong>br</strong> />

embelezado pela aplicação de padrões decorativos de infinita variedade, <strong>com</strong> predomínio absoluto das estilizações<<strong>br</strong> />

geométricas.<<strong>br</strong> />

Arte eminentemente feminina, a pintura corporal chegou a ter seus expoentes, cuja memória é reverenciada pela tribo.<<strong>br</strong> />

Darcy Ribeiro menciona uma famosa pintora Kadiweu, Anoã, a quem conheceu sexagenária, cercada do respeito da<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unidade. No passado, a pintura corporal era também praticada pelos kudina -homens que assumiam a condição de<<strong>br</strong> />

mulheres, chegando a se casar <strong>com</strong> outros homens -, e persistem padrões decorativos que seriam típicos dos kudina.<<strong>br</strong> />

Os melhores pintores índios são certamente os Kadiweu, cuja arte impressionou todos os antigos naturalistas de<<strong>br</strong> />

passagem pelo Brasil, e que aparece já em 1560 reproduzida numa xilogravura de Ulrich Schmmidel. Mas várias<<strong>br</strong> />

outras tribos -<strong>com</strong>o os Karaja, os Kayabi, os Timbira - destacaram-se também nessa atividade.<<strong>br</strong> />

As cores empregadas reduzem-se a umas poucas tonalidades: vermelho, à base de urucum, negro, obtido do sumo<<strong>br</strong> />

do jenipapo, e <strong>br</strong>anco, de tabatinga, são as mais utilizadas. O sumo do jenipapo, por entranhar-se fundamente na<<strong>br</strong> />

epiderme, empresta-lhe uma tonalidade negra que não empalidece senão ao cabo de semanas.<<strong>br</strong> />

As pinturas são feitas individualmente so<strong>br</strong>e a pele, embora certas tribos possuam rolos ou carimbos <strong>com</strong> os quais<<strong>br</strong> />

produzem os padrões.<<strong>br</strong> />

30


KITSCH. Palavra alemã de uso relativamente recente no vocabulário das artes visuais. Deriva do verbo verkitschen,<<strong>br</strong> />

vender abaixo do preço, e é empregada em contextos tão divergentes, que se torna problemática sua exata<<strong>br</strong> />

conceituação. De acordo <strong>com</strong> o The Thames and Hudson Dictionary of art Terms (Londres, 1984), é o produto<<strong>br</strong> />

artístico massificado, que macaqueie os padrões estéticos da cultura superior. Nesse sentido, as novelas de televisão,<<strong>br</strong> />

Esther Williams em Escola de Sereias e certas telas de fins do Séc. XIX podem ser consideradas corno típicos<<strong>br</strong> />

produtos Kitsch. Ao Kitsch -que surge <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o Romantismo, na aurora das sociedades de consumo e altamente civilizadas da Europa -, acham-se indelevelmente<<strong>br</strong> />

relacionados conceitos <strong>com</strong>o o de mau gosto (Eco), sentimentalismo, felicidade burguesa (Moles), irrealidade e<<strong>br</strong> />

inautenticidade ou imitação barata. Alguns exemplos de Kitsch na pintura <strong>br</strong>asileira incluiriam possivelmente o imenso<<strong>br</strong> />

pano-de-boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o<strong>br</strong>a de Eliseu d' Angelo Visconti, ou o céle<strong>br</strong>e tríptico da<<strong>br</strong> />

Faiseuse d'Anges, de Pedro Weingãrtner, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Por outro lado, alguns pintores<<strong>br</strong> />

contemporâneos <strong>br</strong>asileiros utilizaram criticamente o kitsch -caso, por exemplo, de Rubens Gerchman, em o<strong>br</strong>as da<<strong>br</strong> />

década de 1960, <strong>com</strong>o Um Amor Impossível - A Bela Lindonéia de 18 anos morreu instantaneamente, O Rei do Mau<<strong>br</strong> />

Gosto etc.<<strong>br</strong> />

Em 1984, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateau<strong>br</strong>iand, o crítico de arte Olney Krüse organizou a I Exposição<<strong>br</strong> />

Nacional do Kitsch, reunindo objetos de sua própria coleção.<<strong>br</strong> />

MONOTIPIA. Processo artístico a meio caminho entre a gravura e a pintura e participando da natureza de ambas.<<strong>br</strong> />

Consiste em pintar a óleo ou por outro qualquer meio so<strong>br</strong>e uma superfície lisa, geralmente uma placa de vidro.<<strong>br</strong> />

Colocando-se uma folha de papel so<strong>br</strong>e a pintura assim produzida, e calcando-a úmida ainda contra a matriz,<<strong>br</strong> />

obter-se-á uma única imagem, invertida, na folha (daí o nome monotipia). Inúmeros pintores <strong>br</strong>asileiros utilizaram <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

felicidade a monotipia, entre eles Portinari e Graciano.<<strong>br</strong> />

MOSAICO. Composição pictórica formada por diminutas pedras multicoloridas de aspecto <strong>br</strong>ilhoso (tesserae), que se<<strong>br</strong> />

incrustam numa parede. É técnica antiquíssima, que já existia na Mesopotâmia em 3.500 a.C., foi muitíssimo<<strong>br</strong> />

praticada em Grécia e Roma e conheceu sua fase de maior esplendor na Itália e em Bizâncio, depois que Constantino<<strong>br</strong> />

concedeu aos cristãos liberdade de culto. São admiráveis os conjuntos musivos ainda hoje conservados em Ravena<<strong>br</strong> />

e Istambul (Sécs. V e VI), Monreale, Palermo e Veneza (Séc. XII).<<strong>br</strong> />

Considerada autêntica pintura para a eternidade, em face da durabilidade dos seus materiais, o mosaico seria<<strong>br</strong> />

progressivamente abandonado à medida que, principalmente na Itália, os artistas iam desenvolvendo as novas<<strong>br</strong> />

técnicas do buon fresco e do fresco; por volta da segunda metade do Séc. XV o gênero praticamente deixara de ser<<strong>br</strong> />

cultivado.<<strong>br</strong> />

Tentativas de revitalização do mosaico ocorreram em pleno Séc. XX, graças a pintores <strong>com</strong>o o italiano Gino Severini,<<strong>br</strong> />

autor, a partir de 1922, de uma série de trabalhos musivos em igrejas de França e da Itália. Foi justamente <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Severini que uns poucos artistas <strong>br</strong>asileiros -<strong>com</strong>o Antonio Carelli, Luís Carlos Palmeira e Plínio Lopes Cipriano<<strong>br</strong> />

-aprenderam a técnica do mosaico em <strong>com</strong>eços da década de 1950, em Paris. Foram porém nulas todas as suas<<strong>br</strong> />

tentativas no sentido de popularizarem entre nós a arte musiva, permanecendo essa técnica <strong>com</strong>o simples recurso de<<strong>br</strong> />

ateliê, sem maiores conseqüências no revestimento decorativo. Mesmo assim, existem alguns raros exemplos de<<strong>br</strong> />

utilização moderna de mosaicos em edifícios <strong>br</strong>asileiros, tendo sido executada nessa técnica a avantajada decoração<<strong>br</strong> />

mural de Di Cavalcanti na fachada principal do Teatro Cultura Artística, em São Paulo.<<strong>br</strong> />

MURAL, PINTURA. Uma das grandes subdivisões da pintura, opondo-se, nesse sentido, à pintura de cavalete. A<<strong>br</strong> />

pintura mural é eminentemente arquitetônica e de caráter social, integrando-se à superfície de uma parede <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

finalidade decorativa, ilustrativa ou didática. Quando aplicada diretamente à parede, a pintura mural requer o emprego<<strong>br</strong> />

de técnicas que vão desde o mosaico ao secco, ao fresco, ao silicato de etila (que aderindo ao concreto possibilita a<<strong>br</strong> />

execução de murais externos), ao duco, ao acrílico, à piroxilina, etc.; se, contudo, a pintura deva antes ser executada<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e um suporte de madeira ou tela depois afixado a um muro, as técnicas usuais da pintura de cavalete -óleo,<<strong>br</strong> />

têmpera, etc. -podem ser utilizadas.<<strong>br</strong> />

MURALISMO URBANO. Expressão que, na ausência de outra mais precisa, designa certas pinturas executadas nas<<strong>br</strong> />

superfícies externas de edifícios -seja por um artista, seja por vários, ou mesmo por indivíduos sem treinamento<<strong>br</strong> />

profissional -, para lhes disfarçar ou atenuar a aridez ou feiúra ou para dissimular sua verdadeira função. Esses murais<<strong>br</strong> />

urbanos costumam ocorrer nos mesmos locais preferidos pelos grafiteiros -geralmente paredes de velhos prédios, ou<<strong>br</strong> />

de edifícios mesmo novos que se caracterizem por sua indistinção, situados em pontos amorfos da cidade, que assim<<strong>br</strong> />

avivam por seu colorido, pelo inesperado de sua presença e de sua figuração. Os murais urbanos, que necessitam de<<strong>br</strong> />

vastos recursos financeiros para sua concretização, não dispensando portanto o patrocínio, destacam-se<<strong>br</strong> />

tematicamente por certa tendência ao insólito e tecnicamente pelo emprego de cores chapadas de vivos matizes,<<strong>br</strong> />

para fácil visualização.<<strong>br</strong> />

31


OBRA DE ESTÚDIO. Também dita de ateliê, ou de oficina, é uma pintura de qualidade inferior, feita no estúdio de<<strong>br</strong> />

determinado pintor, sob sua direção e a partir de seus esboços originais, por um ou mais ajudantes. Vários painéis de<<strong>br</strong> />

Cândido Portinari foram realizados <strong>com</strong> emprego de ajudantes, entre os quais devem ser mencionados pintores de<<strong>br</strong> />

fôlego <strong>com</strong>o Graciano, Mário Gruber, Enrico Bianco e Otávio Araújo, sendo, por conseguinte, o<strong>br</strong>as de estúdio.<<strong>br</strong> />

Também Di Cavalcanti utilizou ajudantes até na execução de muitas pinturas de cavalete, assinando-as mais tarde<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o<strong>br</strong>a exclusiva.<<strong>br</strong> />

PALHETA. Utensílio portátil, geralmente de madeira e podendo assumir variados formatos (predominando o<<strong>br</strong> />

retangular e o cordiforme do tipo "Diaz"), so<strong>br</strong>e o qual o pintor distribui e mistura suas cores; por extensão,<<strong>br</strong> />

chama-se de palheta de determinado pintor as cores de que usualmente se utiliza, o que se pode verificar pelo<<strong>br</strong> />

exame dos seus quadros.<<strong>br</strong> />

PASTEL. Técnica de desenho que consiste em utilizar giz artificial colorido so<strong>br</strong>e suporte de papel, papelão ou cartão,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a obtenção de efeitos tanto gráficos quanto "pictóricos". Os desenhos produzidos a pastel devem ser fixados, sob<<strong>br</strong> />

pena de se desintegrar ao mínimo toque ou impacto.<<strong>br</strong> />

PASTICHO ou PASTICHE. Uma pintura cujo autor selecionou na o<strong>br</strong>a de outros pintores os elementos <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

plasmar seu próprio trabalho, que assim se revela amaneirado e sem originalidade. Uma imitação ou arremedo do<<strong>br</strong> />

estilo de outro pintor, evidentemente sem grande expressão nem qualidade. Uma falsificação que <strong>com</strong>bina elementos<<strong>br</strong> />

tirados de várias pinturas autênticas de um dado pintor.<<strong>br</strong> />

PICTÓRICO. Termo posto em circulação pelo céle<strong>br</strong>e historiador de arte alemão Heinrich Wöllflin, em seu livro de<<strong>br</strong> />

1915 Princípios de História da Arte: o pictórico opõe-se ao linear, e descreve a tradução das massas em termos de cor,<<strong>br</strong> />

tom, luz e som<strong>br</strong>eado.<<strong>br</strong> />

Também poder-se-ia fazer uma distinção entre pictórico e pitoresco: pictórico é o que é próprio à pintura, o que só em<<strong>br</strong> />

linguagem de pintura pode ser externado, ao passo que pitoresco seria, <strong>com</strong>o o definiu Aurélio Buarque de Holanda,<<strong>br</strong> />

o "graciosamente original". O vocábulo pitoresco, aliás, no seu sentido original equivalia ao atual pictórico, e assim o<<strong>br</strong> />

utilizou, por exemplo, Cyrillo Volckmar, ao escrever:<<strong>br</strong> />

-No seu primeiro estilo, menos acabado e mais pinturesco, são feitos os dois painéis que estão em São Roque.<<strong>br</strong> />

Do mesmo modo, tanto De<strong>br</strong>et quanto Rugendas utilizaram o vocábulo -pittoresque, Malerische -na sua acepção de<<strong>br</strong> />

pictórico, no título de suas Viagens pitorescas ao Brasil publicadas em <strong>com</strong>eços do Séc. XIX.<<strong>br</strong> />

PLÁGIO. A utilização não-assimilada de motivos ou elementos derivados de uma pintura alheia. Na história da pintura<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira, as acusações de plágio têm sido mais ou menos <strong>com</strong>uns, quer no passado <strong>com</strong>o no presente, e assim é<<strong>br</strong> />

que no Séc. XIX tanto a Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles, quanto a Batalha do Avaí, de Pedro Américo,<<strong>br</strong> />

não escaparam a essa pecha, dizendo seus detratores que não passariam de plágios respectivamente de Une<<strong>br</strong> />

Messe en Kabilie, de Horace Vernet, e da Bataille de Montebello, de Gustave Doré. Essa acusação a Pedro<<strong>br</strong> />

Américo, feita em 1879, parece ter calado fundo na alma do artista, que só um ano depois publicaria em francês o<<strong>br</strong> />

Discurso so<strong>br</strong>e o plágio na literatura e na arte, a pretexto de <strong>com</strong>entar a imputação de plagiário havia pouco lançada<<strong>br</strong> />

em Paris ao dramaturgo Victorien Sardou.<<strong>br</strong> />

Já no Séc. XX sucederam-se os casos de alegado plágio, tendo o mais trágico deles ocorrido <strong>com</strong> o jovem pintor<<strong>br</strong> />

Gaspar Puga Garcia, contemplado <strong>com</strong> o prêmio de viagem ao estrangeiro no Salão de 1911 <strong>com</strong> uma pintura,<<strong>br</strong> />

Pastor da Arcádia, que não seria senão um plágio de um original de Amoedo. Vítima de terrível campanha,<<strong>br</strong> />

Puga Garcia terminaria por suicidar-se, enforcando-se em seu ateliê. Muitos anos mais tarde, em seu livro<<strong>br</strong> />

autobiográfico Viagem da minha Vida, Di Cavalcanti, que era um menino quando o conheceu, assim se referiria<<strong>br</strong> />

ao rumoroso caso:<<strong>br</strong> />

-Sempre desconfiei da acusação que lhe fizeram: talvez fosse injusta. Aliás, no Brasil, é coisa <strong>com</strong>um, entre pintores,<<strong>br</strong> />

plagiar, e há legítimas glórias nacionais que são os melhores plagiários do mundo.<<strong>br</strong> />

Mas mesmo Di Cavalcanti, Portinari e outros pintores contemporâneos foram vez por outra acusados de plagiários.<<strong>br</strong> />

Assim, numa entrevista concedida em 1984 Roberto Burle-Marx não hesitou em insinuar:<<strong>br</strong> />

“— Eu vi uma exposição aqui, onde tinha vários Picasso, o que me deixou muito impressionado. Foi logo depois da<<strong>br</strong> />

Guerra e trouxe uma repercussão muito grande. Eu me lem<strong>br</strong>o que Portinari levou um Picasso para casa e depois<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçaram a aparecer uma série de quadros <strong>com</strong> as mesmas poses e cores... “<<strong>br</strong> />

PLEIN AIR. Expressão francesa de uso internacional para designar uma pintura (e, so<strong>br</strong>etudo uma paisagem)<<strong>br</strong> />

executada ao ar livre e não no interior de um ateliê. O pleinairisme surgiu em <strong>com</strong>eços do Séc. XIX <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

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paisagistas ingleses Constable e Bonington, e a partir de Jongkind, Boudin e dos impressionistas tornou-se<<strong>br</strong> />

procedimento usual entre os paisagistas.<<strong>br</strong> />

REGRAXO. Processo ou técnica de pintura pelo qual se aplica, a uma camada prévia dourada ou prateada, uma<<strong>br</strong> />

segunda camada de tinta, de tal forma que o dourado ou o prateado se destaquem do fundo. A técnica do regraxo foi<<strong>br</strong> />

muito empregada até o séc. XIX na pintura de imagens.<<strong>br</strong> />

RÉPLICA. É a repetição ou a duplicação de uma pintura feita pelo próprio autor. Difere por isso da mera cópia, que é<<strong>br</strong> />

a duplicação de original alheio. As réplicas, mesmo as mais fiéis, revelam menor liberdade de fatura e sinceridade de<<strong>br</strong> />

expressão que os originais que reproduzem. Há, todavia, réplicas que se afastam deliberadamente em certos<<strong>br</strong> />

detalhes dos originais: são as chamadas réplicas <strong>com</strong> variações, ou variantes. Exemplo de pintura da qual existem<<strong>br</strong> />

réplicas é o Descanso do Modelo, de Almeida Júnior.<<strong>br</strong> />

RETRATO. Representação pictórica de um indivíduo ou mais (retrato individual, retrato coletivo ou de grupo). Quase<<strong>br</strong> />

sempre limita-se a enfocar o ser humano no que tem de mais expressivo e particularizável -o rosto, observado de<<strong>br</strong> />

perfil, de face ou, <strong>com</strong>binadas uma e outra visões, voltado a três quartos; mas ocorrem também retratos de corpo<<strong>br</strong> />

inteiro, da cintura ou dos om<strong>br</strong>os para cima, eqüestres, etc. Quando reproduz a própria imagem do autor, chama-se<<strong>br</strong> />

auto-retrato; se é imaginário se busca recriar idealmente os traços fisionômicos de personagens dos quais somente<<strong>br</strong> />

restaram descrições literárias (por exemplo: um retrato imaginário do Aleijadinho). Gênero antiquíssimo -os retratos<<strong>br</strong> />

naturalistas das múmias de Fayum recuam ao primeiro século da Era Cristã -, na Idade Moderna continuou<<strong>br</strong> />

desempenhando sua função de resguardar a aparência das pessoas notáveis, de modo a lhes garantir a<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>evivência post-mortem; por isso os primeiros retratos representavam reis e príncipes, militares e conquistadores,<<strong>br</strong> />

lideres políticos e legisladores, chefes religiosos, etc., quase sempre em atitudes, envergando trajes ou ostentando<<strong>br</strong> />

símbolos e atributos capazes de lhes caracterizar nitidamente a elevada posição social. Nos retratos que se limitavam<<strong>br</strong> />

a reproduzir o rosto, buscou-se de início a imagem de perfil, delineando-se cuidadosamente o contorno da cabeça,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a obtenção de efígies do tipo das que ainda hoje só ocorrem em moedas ou medalhas. Assim, muitos dos<<strong>br</strong> />

melhores retratos renascentistas são perfis de homens e de mulheres ilustres, traçados <strong>com</strong> vigor e sensibilidade<<strong>br</strong> />

inexcedíveis. Passou-se mais tarde à representação frontal, que possibilitou maior minúcia no detalhamento dos<<strong>br</strong> />

traços do rosto e uma expressividade mais refinada. Finalmente tentou-se incutir animação e volumetria à imagem,<<strong>br</strong> />

conjugando-se perfil e visão frontal, tudo realçado pela perspectiva recém-desenvolvida, que possibilitava ao retrato<<strong>br</strong> />

habitar um espaço ou cenário particular. Por todo o Séc. XV a regra foi o retrato que somente enfocava cabeça ou<<strong>br</strong> />

rosto do retratado; no Séc. XVI, porém, <strong>com</strong>eçaram a surgir os retratos de corpo inteiro, ou então, <strong>com</strong>o símbolos de<<strong>br</strong> />

autoridade e liderança, insuperáveis retratos eqüestres, alguns em tamanho próximo ao do natural. Pela mesma<<strong>br</strong> />

época manifesta-se a tendência oposta: o retrato miniaturizado, criado por Holbein a partir da antiga arte da miniatura,<<strong>br</strong> />

e no qual tanto iriam destacar-se os ingleses. No Séc. XVII, notadamente nos Países Baixos, o retrato deixará de ser<<strong>br</strong> />

privilégio dos no<strong>br</strong>es para realçar os êxitos da burguesia enriquecida no <strong>com</strong>ércio. Ao mesmo tempo, e <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

tradicionalmente muitos retratos eram produzidos aos pares -rei e rainha, marido e mulher – e de tal modo que o<<strong>br</strong> />

segundo plano de cada pintura parecia prosseguir no da outra, formando assim um cenário continuado, despontam<<strong>br</strong> />

os retratos coletivos -famílias, militares, corporações, etc. -, dos quais o exemplo mais notável é decerto a assim<<strong>br</strong> />

chamada Ronda Noturna, de Rem<strong>br</strong>andt. Foge evidentemente aos limites do presente verbete o estudo da evolução<<strong>br</strong> />

do retrato na pintura ocidental. No que respeita ao Brasil, os mais antigos retratos recuam ao Séc. XVII. O gênero,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o escreveu Hannah Levy, constitui "ao lado da pintura religiosa decorativa, a parte mais numerosa do patrimônio<<strong>br</strong> />

artístico <strong>br</strong>asileiro do período colonial". As Santas Casas de Misericórdia, conventos e irmandades de Salvador, Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro e São Paulo conservam um acervo respeitável desses anônimos retratos coloniais, a maior parte<<strong>br</strong> />

representando fundadores, benfeitores, provedores, grandes beneméritos e outros personagens grados além de<<strong>br</strong> />

prelados, letrados, etc. Raríssimos são os retratos familiares <strong>com</strong>o o de Teodoro Gonçalves da Silva e sua mulher, da<<strong>br</strong> />

Santa Casa da Misericórdia de Salvador; quanto a retratos de mulheres e crianças só iriam ocorrer Séc. XIX, talvez<<strong>br</strong> />

porque na sociedade colonial <strong>br</strong>asileira, <strong>com</strong>o observou Gilberto Freyre, "esposas e filhos se achavam quase ao<<strong>br</strong> />

mesmo nível dos escravos". Além dos mencionados retratos de irmãos de confrarias e de ordens terceiras, devem ser<<strong>br</strong> />

citados os retratos de vultos destacados da administração civil e religiosa, constituindo uma classe à parte os retratos<<strong>br</strong> />

da família real portuguesa. Como norma, os retratados aparecem de pé, figurados de corpo inteiro em dimensões<<strong>br</strong> />

pouco aquém das naturais, em atitudes estáticas, rígidas e convencionais, não demonstrando qualquer sinal de<<strong>br</strong> />

emoção ou vida subjetiva, sendo essa apatia ou severidade mais acentuada pelo colorido som<strong>br</strong>io e terroso. Quanto<<strong>br</strong> />

à <strong>com</strong>posição é sempre muito simples, ocupando o retratado o exato centro do espaço pictórico, no primeiro plano,<<strong>br</strong> />

enquanto o segundo é valorizado por um detalhe de interior -cortinado ou móvel -, quando não por uma abertura de<<strong>br</strong> />

janela, através da qual vê-se ao longe algum detalhe paisagístico. Categoria bem distinta de retrato colonial é o<<strong>br</strong> />

chamado retrato de erudito, no qual o retratado é representado apenas em busto, quando não sentado, visto a três<<strong>br</strong> />

quartos. Esses retratos são quase todos de religiosos, que aparecem lendo ou escrevendo, em meio a livros e<<strong>br</strong> />

utensílios de escrita, tendo a fisionomia grave e concentrada e freqüentemente, perto de si, so<strong>br</strong>e a mesa ou carteira,<<strong>br</strong> />

a borla de doutor. São exemplos de retratos de eruditos o do Padre Antonio Vieira, no Colégio São Luís de São Paulo,<<strong>br</strong> />

e o do Bispo D. José Caetano da Silva Coutinho da Igreja de São Francisco de Paula no Rio de Janeiro, esse<<strong>br</strong> />

atribuído a José Leandro de Carvalho. Comparados a tais retratos por assim dizer burgueses ou plebeus, os retratos<<strong>br</strong> />

da família real, dos mem<strong>br</strong>os da no<strong>br</strong>eza e da alta administração possuem maior majestade ou dignidade,<<strong>br</strong> />

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prendendo-se, <strong>com</strong>o ressaltou a já mencionada Hannah Levy, ao "estilo internacional barroco e grandiloqüente do<<strong>br</strong> />

retrato, tão de gosto dos príncipes absolutistas". Destacam-se, nesse tipo de retrato por assim dizer oficial, a atitude<<strong>br</strong> />

no<strong>br</strong>e do modelo, seu vestuário opulento, o altivo olhar, etc. etc.<<strong>br</strong> />

Do ponto de vista do estilo, os retratos coloniais <strong>br</strong>asileiros -sejam os de no<strong>br</strong>es, sejam os de plebeus -continuam, em<<strong>br</strong> />

pleno Séc. XVIII, a tradição seiscentista lusitana, calcada, por sua vez, em anteriores modelos italianos, franceses ou<<strong>br</strong> />

flamengos. A partir do Séc. XIX, contudo, o gênero irá conhecer novos rumos sob o influxo das concepções estéticas<<strong>br</strong> />

introduzidas em 1816 no país pela Missão Artística Francesa. Assim, a uma plêiade de retratistas coloniais que inclui<<strong>br</strong> />

José de Oliveira Rosa, Manuel da Cunha, Leandro Joaquim, José Leandro de Carvalho e Francisco Pedro do Amaral,<<strong>br</strong> />

sucedemse os artistas franceses da Missão de 1816 e seus discípulos e continuadores, alguns dos quais -<strong>com</strong>o os<<strong>br</strong> />

próprios Nicolas-Antoine Taunay e Jean-Baptiste De<strong>br</strong>et, e ainda Simplício de Sá, Souza Lobo e Manuel de Araujo<<strong>br</strong> />

Porto-alegre -iriam alcançar notoriedade, além de iniciar no gênero artistas das gerações mais novas, <strong>com</strong>o Augusto<<strong>br</strong> />

Müller, José Correia de Lima ou Joaquim Lopes Ca<strong>br</strong>al Teive.Também a partir de <strong>com</strong>eços de Oitocentos diversos<<strong>br</strong> />

foram os retratistas europeus que atraídos pelo Brasil fixaram-se no Rio de Janeiro, onde chegaram a construir<<strong>br</strong> />

carreira e fortuna. Alguns dos mais conhecidos retratistas europeus do tipo foram os franceses Barandier, Jules Le<<strong>br</strong> />

Chevrel e Auguste Petit, os alemães Krumholz e Ernst Papf e o italiano Cicarelli.<<strong>br</strong> />

No período que vai da Regência até a Proclamação da República, disse Araújo Viana, bastaria, para estudar a<<strong>br</strong> />

evolução da pintura no Brasil, "tomar <strong>com</strong>o elemento inicial ou fundamental a efígie do imperador menino,<<strong>br</strong> />

adolescente, imberbe, <strong>com</strong> pouca barba, <strong>com</strong>pletamente barbado, e encanecido; o imperador, em to-dos os tempos,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> todas as idades". Na verdade, aí estão ainda hoje os numerosíssimos retratos de Dom Pedro II a atestarem a<<strong>br</strong> />

predominância de um gênero e a predileção por um modelo! Foi ao longo desse período que trabalharam muitos dos<<strong>br</strong> />

melhores retratistas <strong>br</strong>asileiros, embora raros fossem aqueles que se entregassem ao retrato <strong>com</strong>o especialidade ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> exclusividade. Ao contrário: para muitos pintores de história ou paisagistas o retratismo funcionava, ao lado do<<strong>br</strong> />

magistério, <strong>com</strong>o uma espécie de derradeiro recurso ou ganha-pão <strong>com</strong> que enfrentar o descaso de uma sociedade<<strong>br</strong> />

culturalmente tacanha, que no que respeitava às Belas Artes somente tinha olhos para apreciar a própria imagem<<strong>br</strong> />

reproduzida <strong>com</strong> fidelidade em óleos "tirados do natural"! Por isso é que são tão numerosos os retratos de um Vítor<<strong>br</strong> />

Meireles ou de um Almeida Júnior, por exemplo: porque lhes propiciavam recursos materiais, no longo intervalo entre<<strong>br</strong> />

as en<strong>com</strong>endas oficiais, quando as havia, ou quando o permitiam as intermináveis aulas na Academia ou no ateliê. O<<strong>br</strong> />

retrato experimentaria nas duas últimas décadas do Séc. XIX novo surto de prestígio, chegando a se tornar um dos<<strong>br</strong> />

gêneros favoritos da Belle Époque. Nesse momento, ver-se representado em tela por um dos numerosos mestres em<<strong>br</strong> />

voga tornou-se a aspiração maior de todo <strong>com</strong>erciante bem-sucedido. É que possuir seu retrato na sala de visitas,<<strong>br</strong> />

para negociantes de prosperidade recente, dava-lhes uma confortável sensação de segurança, <strong>com</strong>o se nele vissem<<strong>br</strong> />

não a própria imagem, mas a de algum ilustre antepassado. Carentes de tradição inauguravam sua própria dinastia; e<<strong>br</strong> />

se não dispunham de <strong>br</strong>asões, so<strong>br</strong>avam-lhes em contrapartida os cifrões. Os homens, de preferência em interiores<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>ios, rodeados de bens materiais, símbolos do seu status, e as mulheres, ataviadas em bizarras vestimentas e<<strong>br</strong> />

ostentando extravagantes chapéus, proporcionavam aos pintores alambicados retratos, nos quais uma técnica às<<strong>br</strong> />

vezes <strong>br</strong>ilhante mal disfarçava a superficialidade do sentimento. Não que faltasse talento aos pintores: é que aos<<strong>br</strong> />

retratados o que importava era unicamente a semelhança, o parecido, capaz de os tornar imediatamente<<strong>br</strong> />

individualizáveis, numa época de feroz individualismo. A isso, força é dizê-lo, prestavam-se docilmente os artistas<<strong>br</strong> />

mediante é claro, vultosos pagamentos, que a alguns deles possibilitaria ingressar <strong>com</strong> o passar dos anos, naqueles<<strong>br</strong> />

fechados círculos sociais a que coniventemente serviam <strong>com</strong> os pincéis. Tais retratos <strong>com</strong>põem, <strong>com</strong>o um todo, o<<strong>br</strong> />

retrato maior de uma sociedade fútil, cujo maior interesse cultural resumia-se a, em dias de Salão, <strong>com</strong>parar face a<<strong>br</strong> />

face retrato e retratado, tudo sob o olhar <strong>com</strong>placente e cúmplice dos artistas.<<strong>br</strong> />

Os retratistas europeus da Belle Époque -Bonnat e Carolus Duran, Boldini e Sargent, La Gandara e Clairin, entre<<strong>br</strong> />

tantos outros -criaram um tipo de retrato mundano que os pintores de outros países, do Brasil inclusive, imitariam.<<strong>br</strong> />

Nossos críticos da Belle Époque referem-se <strong>com</strong> freqüência a "retratos de cold-cream e veloutine", a "adoráveis<<strong>br</strong> />

cabeças penteadas <strong>com</strong> chic" ou a retratos "temperados <strong>com</strong> chocolate", <strong>com</strong>o que a sublinhar o artificialismo que os<<strong>br</strong> />

dominava. Citemos, entre os principais retratistas do período, os nomes de Eliseu Visconti, Latour, Décio Vilares,<<strong>br</strong> />

Rodolfo Chambelland e Lucílio de Albuquerque.<<strong>br</strong> />

A partir da irrupção do Modernismo restringiu-se gradativamente a prática do retrato, que sem embargo ainda<<strong>br</strong> />

teria cultores extraordinários em pintores <strong>com</strong>o Lasar Segall, Guignard, Cândido Portinari, Pancetti e Emeric<<strong>br</strong> />

Marcier, entre outros.<<strong>br</strong> />

SANGUÍNEA. Técnica de desenho que consiste em utilizar, so<strong>br</strong>e um suporte de papel, giz ou lápis à base de óxido<<strong>br</strong> />

vermelho de ferro, <strong>com</strong> a conseqüente formação de traços encorpados de grande maciez e característica coloração<<strong>br</strong> />

ru<strong>br</strong>a. Também são denominadas sangüíneas os desenhos assim produzidos.<<strong>br</strong> />

TACHISMO. Neologismo derivado do francês tachisme (de tache, mancha) que designa, de modo aliás in<strong>com</strong>pleto,<<strong>br</strong> />

um tipo de pintura não-figurativa surgido na década de 1950 em França, nos Estados Unidos e em outros países<<strong>br</strong> />

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ocidentais, muito sob a influência da caligrafia japonesa. O tachismo procura criar tensões dinâmicas através da<<strong>br</strong> />

manipulação inconsciente de manchas de cor, que por sua vez produzem no espectador um impacto emocional. Por<<strong>br</strong> />

seu aspecto dinâmico a tendência recebeu, nos Estados Unidos, o nome de action painting, mesmo porque, para o<<strong>br</strong> />

pintor tachista, o gesto é mais importante até do que a técnica, o virtuosismo de desenho e de pintura. Situando-se no<<strong>br</strong> />

avesso do não-figurativismo geométrico, o tachismo é uma das grandes vertentes da chamada arte informal. Seus<<strong>br</strong> />

representantes mais típicos foram, na Europa e nos Estados Unidos, Wols, Hartung, Pollock, Sam Francis, Alan Davie,<<strong>br</strong> />

Mathieu, Tapies, Cuixart, Feito, etc.; no Brasil praticaram-no <strong>com</strong> constância e proficiência variáveis Manabu Mabe,<<strong>br</strong> />

Fukushima, Sheila Brannigan, Laszlo Meitner e vários outros.<<strong>br</strong> />

TAPEÇARIA. Trabalho de agulha destinado a adornar, forrar ou revestir uma parede -nisso, aliás, distinguindo-se do<<strong>br</strong> />

tapete, para o chão -, cuja decoração naturalista, estilizada ou abstrata nasce dos próprios fios que se entrecruzam,<<strong>br</strong> />

sem utilização adicional de bordados. Verdadeira pintura têxtil, emprega <strong>com</strong>o matéria-prima a lã, o algodão, a juta e<<strong>br</strong> />

outros materiais, em suas tonalidades naturais ou tintados <strong>com</strong> pigmentos de origem animal, vegetal, mineral e, mais<<strong>br</strong> />

recentemente, sintética (anilinas). Pode ser feita à mão ou à máquina, e se desenvolve a partir de um risco, tirado a<<strong>br</strong> />

seu turno de um desenho ou cartão original. A urdidura de uma tapeçaria pode ser disposta horizontalmente (baixo<<strong>br</strong> />

liço) ou suspensa da vertical (alto liço), e a trama é desenvolvida <strong>com</strong> ajuda de bobinas, uma para cada cor, o que<<strong>br</strong> />

possibilita o emprego de uma variedade praticamente infinita de matizes (mais de 14.000, ao que se diz, em certos<<strong>br</strong> />

exemplares fa<strong>br</strong>icados na Manufatura dos Gobelins.<<strong>br</strong> />

TÊMPERA. Técnica de pintura já conhecida no Egito e na Grécia, e que antes da adoção da pintura a óleo no Séc.<<strong>br</strong> />

XV era de uso generalizado entre os pintores europeus. Consiste em diluir os pigmentos numa emulsão,<<strong>br</strong> />

estabilizando-os em seguida por meio de um agente que pode ser o ovo, por exemplo, ou a caseína. A têmpera<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um, a ovo, muito diluída em água, assemelha-se às cores da aquarela; se adensada <strong>com</strong> pigmento <strong>br</strong>anco<<strong>br</strong> />

aparenta-se ao guache ou ao pastel;se se lhe acrescenta óleo, o resultado é a têmpera a óleo, insolúvel em água e<<strong>br</strong> />

que ao secar adquire uma tonalidade fosca.<<strong>br</strong> />

TOPOGRÁFICA, PINTURA. Gênero de pintura descritiva que consiste em reproduzir em seus menores detalhes<<strong>br</strong> />

geográficos, descendo a minúcias de localização, particularidades de terreno, ocorrência de prédios e outras<<strong>br</strong> />

construções, determinado cenário natural ou urbano. Originou-se no Séc. XV em xilografias que ilustravam relatos e<<strong>br</strong> />

crônicas, para nos Sécs. XVII e XVIII desfrutar de popularidade em vários países da Europa.<<strong>br</strong> />

VERNISSAGE. Vocábulo francês significando envernizamento, em alusão ao antigo costume de os pintores, um dia<<strong>br</strong> />

antes da inauguração oficial de uma exposição, se reunirem para aplicar verniz em seus quadros. O vernissage,<<strong>br</strong> />

intimamente ligado aos Salons e ao academicismo do Séc. XIX tombou em desuso, permanecendo hoje a palavra<<strong>br</strong> />

para simplesmente designar o dia de inauguração de uma exposição.<<strong>br</strong> />

VITRAL. Composição ornamental formada por pedaços de vidro colorido de diferentes formatos e dimensões,<<strong>br</strong> />

interligados por nervuras metálicas. A técnica surgiu possivelmente no Oriente Médio, por volta do Séc. IX, mas já no<<strong>br</strong> />

Séc. X era Veneza o centro principal de produção.<<strong>br</strong> />

Usualmente relacionado <strong>com</strong> as catedrais dos Sécs. XI a XV, o vitral continuaria sendo praticado durante os Sécs.<<strong>br</strong> />

XVI, XVII e XVIII, e no Séc. XIX Burne-Jones e outros criariam o vitral romântico, <strong>com</strong>o se pode verificar na Catedral<<strong>br</strong> />

de Salisbury. Já no Séc. XX inúmeros seriam os que tentariam revitalizar o gênero, entre eles os alemães Heinersdorff,<<strong>br</strong> />

Thorn-Prikker e Schmidt-Rotluff, o inglês Hogan e o norueguês Haavardsbon.<<strong>br</strong> />

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