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Avaliação da dor do escolar diante da punção venosa periférica

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Rev Dor 2010;11(2):145-149<br />

INTRODUÇÃO<br />

A criança interna<strong>da</strong>, na maioria <strong>da</strong>s vezes, é submeti<strong>da</strong> a<br />

vários procedimentos invasivos, e dentre eles a <strong>punção</strong><br />

<strong>venosa</strong> é uma <strong>da</strong>s mais comuns. Muitos autores afirmam<br />

que, talvez, essa seja a experiência mais estressante percebi<strong>da</strong><br />

pelas crianças no decorrer <strong>da</strong> sua internação.<br />

Em relação à situação de <strong>do</strong>ença, a internação determina<br />

para a criança uma conscientização em face <strong>da</strong>s incertezas,<br />

como por exemplo, me<strong>do</strong> de sentir <strong><strong>do</strong>r</strong>, de se submeter<br />

a manuseios desconheci<strong>do</strong>s, de ser maltrata<strong>da</strong>, de ser<br />

corta<strong>da</strong>, de ficar incapacita<strong>da</strong> e <strong>da</strong> morte 1 .<br />

Dentre as situações estressantes estão os procedimentos<br />

invasivos, como a <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>, para a retira<strong>da</strong> de uma<br />

amostra de sangue para exames laboratoriais, ou para<br />

o início de terapia por via <strong>venosa</strong>, muito contribui para<br />

aumentar o me<strong>do</strong> e a ansie<strong>da</strong>de, expressos por meio <strong>do</strong><br />

choro, <strong>da</strong> raiva e agressões peculiares à criança de três a<br />

seis anos de i<strong>da</strong>de. Nesta fase, o trauma é maior porque<br />

as crianças não têm estrutura cognitiva para compreender<br />

a experiência pela qual passam. Para a criança, este<br />

procedimento é visto como uma agressão, pois na maioria<br />

<strong>da</strong>s vezes é acompanha<strong>do</strong> de <strong><strong>do</strong>r</strong> e me<strong>do</strong>, o que se<br />

traduz em choro e ansie<strong>da</strong>de 2 .<br />

Revisão <strong>da</strong> literatura sobre a <strong><strong>do</strong>r</strong> evidenciou que a pior<br />

<strong><strong>do</strong>r</strong> descrita pelas crianças é a causa<strong>da</strong> por procedimentos<br />

invasivos como as “pica<strong>da</strong>s” de agulhas e injeções<br />

que estão em primeiro lugar, segui<strong>do</strong>s por punções para<br />

coleta de líquor e de medula óssea. A repetição desses<br />

procedimentos invasivos é a causa de maior sofrimento<br />

para crianças 3 .<br />

Como essa é uma prática comum em pacientes pediátricos,<br />

o objetivo deste estu<strong>do</strong> foi avaliar a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> <strong>da</strong><br />

criança em i<strong>da</strong>de <strong>escolar</strong> quan<strong>do</strong> submeti<strong>da</strong> á <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong><br />

<strong>periférica</strong>.<br />

MÉTODO<br />

Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa <strong>da</strong><br />

Irman<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia de Santos,<br />

(Projeto nº 152), durante o tempo de internação em<br />

hospital geral, de porte extra, <strong>da</strong> rede publica situa<strong>do</strong><br />

na ci<strong>da</strong>de de São Paulo, foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s 31 crianças<br />

em i<strong>da</strong>de <strong>escolar</strong>, sen<strong>do</strong> 64,52% <strong>do</strong> sexo masculino; e<br />

35,48% sexo feminino, sen<strong>do</strong> que 67,74% já haviam<br />

si<strong>do</strong> interna<strong>do</strong>s e vivencia<strong>do</strong>s o procedimento de <strong>punção</strong><br />

<strong>venosa</strong>.<br />

To<strong>da</strong>s as perguntas foram feitas para crianças de acor<strong>do</strong><br />

com a compreensão delas em relação à questão abor<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

pelos pesquisa<strong><strong>do</strong>r</strong>es.<br />

146<br />

Morete, Mariano, Vilar e col.<br />

Para a avaliação <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> no momento <strong>da</strong> <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>,<br />

os pesquisa<strong><strong>do</strong>r</strong>es utilizaram as escalas de faces para avaliação<br />

<strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> (Figura 1), que consiste em seis faces, que<br />

consiste em uma face sorridente para “nenhuma <strong><strong>do</strong>r</strong>” até<br />

uma face choran<strong>do</strong> para “dói demais”. Inicialmente era<br />

explica<strong>do</strong> para a criança que ca<strong>da</strong> face corresponde a uma<br />

criança que se sente feliz por não estar com <strong><strong>do</strong>r</strong> (primeira<br />

face) ou triste por estar com <strong><strong>do</strong>r</strong>, sen<strong>do</strong> que na face seguinte<br />

“dói um pouco”, na face seguinte “dói um pouco<br />

mais”, na face quatro “dói ain<strong>da</strong> mais”, na face cinco “dói<br />

muito” e na face seis “dói mais <strong>do</strong> que pode imaginar”,<br />

embora você possa não estar choran<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à <strong><strong>do</strong>r</strong>. Após<br />

receber essas informações a criança foi orienta<strong>da</strong> para escolher<br />

a face que representava sua <strong><strong>do</strong>r</strong> no momento <strong>da</strong><br />

<strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>.<br />

O outro instrumento usa<strong>do</strong> para avaliar a <strong><strong>do</strong>r</strong> foi escala<br />

visual numérica (EVN) (Figura 2) que consiste de uma<br />

linha reta com os extremos identifica<strong>do</strong>s com “sem <strong><strong>do</strong>r</strong>”<br />

e a “pior <strong><strong>do</strong>r</strong>” e “<strong><strong>do</strong>r</strong> mediana” no meio, com divisões<br />

ao longo <strong>da</strong>s linhas marca<strong>da</strong>s em uni<strong>da</strong>des de zero a 10.<br />

Após explicar para as crianças que o extremo zero <strong>da</strong><br />

linha significa sem <strong><strong>do</strong>r</strong> e que o extremo 10 significa que<br />

a pior <strong><strong>do</strong>r</strong>, a criança foi orienta<strong>da</strong> para escolher o numero<br />

que representava sua <strong><strong>do</strong>r</strong> <strong>diante</strong> <strong>do</strong> procedimento de<br />

<strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s quantitativamente e apresenta<strong>do</strong>s<br />

em números absolutos ou relativos.<br />

RESULTADOS<br />

Em relação à intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> 48,39% <strong>da</strong>s crianças<br />

informaram <strong><strong>do</strong>r</strong> leve, 32,27% <strong><strong>do</strong>r</strong> modera<strong>da</strong>, 9,67% <strong><strong>do</strong>r</strong><br />

insuportável, sen<strong>do</strong> que 9,67% <strong>da</strong>s crianças informaram<br />

que não sentiram nenhuma <strong><strong>do</strong>r</strong> no momento <strong>da</strong> <strong>punção</strong><br />

<strong>venosa</strong> (Tabela 1).<br />

Quan<strong>do</strong> se avaliou a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> de acor<strong>do</strong> com a<br />

faixa etária, verificou-se que a <strong><strong>do</strong>r</strong> insuportável somente<br />

foi referi<strong>da</strong> pelas crianças de 6 a 7 anos e 11 meses.<br />

Na faixa etária <strong>do</strong>s 8 a 9 anos e 11 meses a <strong><strong>do</strong>r</strong> leve<br />

(66,67%) foi a mais referi<strong>da</strong> e a faixa etária de 10 a 12<br />

anos foi a única faixa que não referiu <strong><strong>do</strong>r</strong> na <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong><br />

(Tabela 1).<br />

Analisan<strong>do</strong> as etapas <strong>do</strong> procedimento de <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong><br />

que causaram maior desconforto e <strong><strong>do</strong>r</strong> para as crianças,<br />

verificou-se que 32,28% informaram o uso <strong>do</strong> garrote o<br />

que causou mais desconforto, no entanto a introdução<br />

<strong>da</strong> agulha foi responsável pelo maior desconforto em<br />

29,03% e para 16,12% <strong>da</strong>s crianças a infusão de medicamentos<br />

foi a causa <strong>do</strong> maior desconforto (Tabela 2).<br />

Por faixa etária, a etapa <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> garrote foi mais im-

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