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Avaliação da dor do escolar diante da punção venosa periférica

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Rev Dor 2010;11(2):145-149<br />

crianças de 3 a 18 anos, demonstrou que a queixa <strong>do</strong>lorosa<br />

mais comum era “as pica<strong>da</strong>s de agulha” 6 , e 49%<br />

<strong>da</strong>s crianças com i<strong>da</strong>de entre 4 e 10 anos, interna<strong>da</strong>s,<br />

referiram que “as pica<strong>da</strong>s de agulha e as injeções” foram<br />

as piores experiências vivi<strong>da</strong>s durante a internação 7 .<br />

Os resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong>, que envolveu crianças com<br />

i<strong>da</strong>de varian<strong>do</strong> entre 6 e 12 anos, mostraram que 90% referiram<br />

<strong><strong>do</strong>r</strong> à <strong>punção</strong> de uma veia, porém para a maioria<br />

a <strong><strong>do</strong>r</strong> foi leve ou ausente e apenas 10% delas referiram<br />

<strong><strong>do</strong>r</strong> insuportável, porém foram as crianças mais novas<br />

que referiram <strong><strong>do</strong>r</strong> de maior intensi<strong>da</strong>de. Estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s embora<br />

reforcem os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de literatura que mostram ser a<br />

<strong><strong>do</strong>r</strong> <strong>da</strong> <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong> a queixa mais comum <strong>da</strong>s crianças,<br />

também revelam que neste estu<strong>do</strong> essa <strong><strong>do</strong>r</strong> esteve<br />

ausente ou foi de leve intensi<strong>da</strong>de.<br />

Estu<strong>do</strong>s mostram que o uso de anestésico tópico pode<br />

ser aplica<strong>do</strong> no local <strong>da</strong> <strong>punção</strong> com bons resulta<strong>do</strong>s,<br />

perceben<strong>do</strong> assim que, a reação <strong>da</strong>s crianças <strong>escolar</strong>es<br />

com anestésico tópico no local <strong>da</strong> <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong> <strong>periférica</strong><br />

mostrou que antes <strong>da</strong> <strong>punção</strong> 84% verbalizaram<br />

me<strong>do</strong> <strong>do</strong> procedimento, sen<strong>do</strong> que 16% demonstraram<br />

tranquili<strong>da</strong>de e disseram não sentir me<strong>do</strong>, porém durante<br />

a <strong>punção</strong> 58% cooperaram enquanto que para 42% foi<br />

necessária a contensão física feita pela mãe e/ou profissional<br />

<strong>da</strong> saúde. A surpresa foi que após o procedimento<br />

100% verbalizaram não ter senti<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong>, concluin<strong>do</strong> que<br />

a analgesia foi eficaz, mas que os perío<strong>do</strong>s pré e trans<strong>punção</strong><br />

<strong>venosa</strong> ain<strong>da</strong> são traumáticos para as crianças 8 .<br />

Em outro estu<strong>do</strong> com o objetivo de avaliar o uso <strong>da</strong> li<strong>do</strong>caína<br />

para analgesia na fossa antecubital antes <strong>da</strong> <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>,<br />

de pacientes pediátricos com 3 a 18 anos de i<strong>da</strong>de, houve<br />

diferença estatisticamente significativa na intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong><br />

nas crianças que receberam 0,5 mg de li<strong>do</strong>caína, compara<strong>da</strong><br />

com o placebo, porém a redução <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> após o uso de 0,25<br />

mg de li<strong>do</strong>caína não alcançou significância estatística. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

permitiram concluir que ambas as <strong>do</strong>ses são seguras<br />

e bem tolera<strong>do</strong>s pelos pacientes deven<strong>do</strong> ser administra<strong>da</strong>s 2<br />

a 3 minutos antes <strong>do</strong> procedimento 9 .<br />

Na tentativa de minimizar o trauma antes e após o procedimento,<br />

notaram-se que existem técnicas não farmacológicas<br />

que apresentam bons resulta<strong>do</strong>s para o controle<br />

<strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong>, como o toque terapêutico e a massagem que podem<br />

ser feitos pelos pais e profissionais <strong>da</strong> saúde antes<br />

<strong>da</strong> <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong> 10 .<br />

Além disso, notou-se que o uso de brinque<strong>do</strong>s, de desenhos,<br />

as dramatizações e a musicoterapia também contribuem<br />

para reduzir a <strong><strong>do</strong>r</strong> nas crianças e ansie<strong>da</strong>de antes <strong>do</strong><br />

procedimento. O uso <strong>do</strong> brinque<strong>do</strong> terapêutico em crianças<br />

submeti<strong>da</strong>s à coleta de sangue demonstrou boa eficácia<br />

para a compreensão <strong>do</strong> procedimento e para o controle <strong>da</strong>s<br />

148<br />

Morete, Mariano, Vilar e col.<br />

reações comportamentais 11 . Assim como, a música também<br />

pode ser usa<strong>da</strong> para o alivio <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> 12 .<br />

A etapa <strong>do</strong> procedimento de <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong> que causou<br />

maior desconforto e <strong><strong>do</strong>r</strong> para as crianças foi o momento<br />

<strong>da</strong> aplicação <strong>do</strong> garrote, especialmente para as crianças<br />

maiores, entre 10 e 12 anos, provavelmente pela expectativa<br />

<strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> <strong>da</strong> <strong>punção</strong>, mas a introdução <strong>da</strong> agulha também<br />

foi responsável pelo maior desconforto em um terço<br />

<strong>da</strong>s crianças, porém um número significativo de crianças<br />

informou que foi a administração <strong>do</strong>s medicamentos a<br />

causa <strong>do</strong> maior desconforto.<br />

A terapia por via <strong>venosa</strong> em pacientes pediátricos exige<br />

ações específicas para proteção <strong>da</strong> criança, o profissional<br />

deve estar atento para as particulari<strong>da</strong>des <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> criança<br />

e <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> escolha <strong>do</strong> local apropria<strong>do</strong> para realizar<br />

a <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>, assim como de usar material adequa<strong>do</strong><br />

e de boa procedencia 13 .<br />

Para as infusões de flui<strong>do</strong>s as veias <strong>da</strong>s mãos e <strong>do</strong>s braços<br />

são as mais comumente utiliza<strong>da</strong>s, e quan<strong>do</strong> seleciona<strong>da</strong>s<br />

vários fatores devem ser considera<strong>do</strong>s, tais como<br />

facili<strong>da</strong>de de inserção e acesso minimizan<strong>do</strong> o tempo <strong>do</strong><br />

procedimento, o tipo <strong>da</strong> agulha ou cateter emprega<strong>do</strong>,<br />

alem <strong>do</strong> conforto e segurança 14 . Para diminuir a <strong><strong>do</strong>r</strong> durante<br />

a <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong>, a pele deve ser manti<strong>da</strong> estica<strong>da</strong>,<br />

pela aplicação de certo grau de tração, e a agulha deve<br />

ser inseri<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente através <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> pele ultrapassan<strong>do</strong><br />

rapi<strong>da</strong>mente os receptores <strong>da</strong> <strong><strong>do</strong>r</strong> 15 .<br />

Para o enfermeiro realizar com eficiência a terapia intra<strong>venosa</strong><br />

em pacientes pediátricos é necessário conhecer<br />

a espessura e a consistência <strong>da</strong> pele de vários locais e<br />

as características <strong>da</strong>s veias, além de estar familiariza<strong>do</strong><br />

com a resposta fisiológica <strong>do</strong> sistema vascular quanto ao<br />

calor, frio e estresse 14 .<br />

CONCLUSÃO<br />

Embora o procedimento de <strong>punção</strong> <strong>venosa</strong> <strong>periférica</strong><br />

seja bastante comum na uni<strong>da</strong>de pediátrica, a <strong><strong>do</strong>r</strong> e o<br />

desconforto não estão relaciona<strong>do</strong>s apenas à <strong>punção</strong> propriamente<br />

dita, mas também aos aspectos psicológicos e<br />

emocionais envolvi<strong>do</strong>s em tal prática. Os profissionais<br />

de saúde devem buscar conhecimentos sobre a terapia<br />

intra<strong>venosa</strong>, assim como, instrumentos não farmacológicos<br />

para alivio <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de e <strong><strong>do</strong>r</strong> <strong>da</strong> criança <strong>diante</strong><br />

desse procedimento.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Monteiro LFLM. Viven<strong>do</strong> e aprenden<strong>do</strong> no ambiente<br />

hospitalar: percepções de crianças sobre a <strong>do</strong>ença.

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