GLOSSÁRIO AMBIENTAL - Águas do Algarve, SA
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<strong>GLOSSÁRIO</strong> <strong>AMBIENTAL</strong>
<strong>GLOSSÁRIO</strong><br />
Com este <strong>do</strong>cumento pretende-se definir alguns conceitos considera<strong>do</strong>s<br />
importantes para a melhor compreensão <strong>do</strong>s fenómenos intimamente<br />
relaciona<strong>do</strong>s com a água, incidin<strong>do</strong> particularmente no processo de tratamento<br />
da água destinada ao consumo humano, sua qualidade, distribuição, etc..<br />
Relativamente aos parâmetros de qualidade da água para consumo, as origens e<br />
efeitos a que se referem dizem apenas respeito à sua ocorrência em águas<br />
destinadas ao consumo humano, pelo que o facto de se dizer que determinada<br />
substância não é tóxica quan<strong>do</strong> é veiculada pela água, por ingestão ou contacto,<br />
não quer dizer que a mesma não o possa ser quan<strong>do</strong> em contacto com o Homem<br />
de qualquer outra forma, como por inalação, por exemplo.<br />
Quan<strong>do</strong> são referidas as etapas <strong>do</strong> processo de tratamento para a água<br />
destinada ao consumo humano, é feita uma introdução global, mas depois<br />
particulariza-se a sua descrição para o caso da ETA de Alcantarilha.
ÍNDICE<br />
ABSORÇÃO....................................................................................................................................... 12<br />
ÁCIDOS HÚMICOS............................................................................................................................ 12<br />
ADSORÇÃO: ..................................................................................................................................... 12<br />
ADUÇÃO: .......................................................................................................................................... 13<br />
AERÓBIO: ......................................................................................................................................... 13<br />
ÁGUA: ............................................................................................................................................... 13<br />
ÁGUA AGRESSIVA:.......................................................................................................................... 14<br />
ÁGUA BRUTA: .................................................................................................................................. 14<br />
ÁGUA CAPTADA PARA CONSUMO PÚBLICO:.............................................................................. 14<br />
ÁGUA DURA: .................................................................................................................................... 15<br />
ÁGUA MINERAL: .............................................................................................................................. 15<br />
ÁGUA POTÁVEL:.............................................................................................................................. 15<br />
ÁGUA POLUÍDA:............................................................................................................................... 15<br />
ÁGUA PRODUZIDA: ......................................................................................................................... 16<br />
ÁGUAS RESIDUAIS:......................................................................................................................... 16<br />
ÁGUA SUBTERRÂNEA: ................................................................................................................... 16<br />
ÁGUA SUPERFICIAL:....................................................................................................................... 17<br />
ÁGUAS DO ALGARVE, S.A.:............................................................................................................ 18<br />
ALCALINIDADE: ............................................................................................................................... 18<br />
ALGAS:.............................................................................................................................................. 18<br />
ALUMÍNIO: ........................................................................................................................................ 19
ALUVIÕES:........................................................................................................................................ 20<br />
AMACIAMENTO:............................................................................................................................... 20<br />
AMBIENTE: ....................................................................................................................................... 21<br />
ANAERÓBIO: .................................................................................................................................... 21<br />
ANÓXIA: ............................................................................................................................................ 21<br />
ANIDRIDO CARBÓNICO/DIÓXIDO DE CARBONO LIVRE:............................................................. 21<br />
ANTIMÓNIO:...................................................................................................................................... 22<br />
ANTROPOGÉNICO: .......................................................................................................................... 22<br />
AQUÍFERO: ....................................................................................................................................... 23<br />
ARGILAS:.......................................................................................................................................... 23<br />
ARMAZENAMENTO:......................................................................................................................... 23<br />
ARSÉNIO:.......................................................................................................................................... 23<br />
AUTODEPURAÇÃO: ......................................................................................................................... 24<br />
AZOTO AMONIACAL:....................................................................................................................... 24<br />
AZOTO KJELDAHL:.......................................................................................................................... 25<br />
BACTÉRIAS: ..................................................................................................................................... 26<br />
BACTÉRIAS INDICADORAS DE CONTAMINAÇÃO FECAL: .......................................................... 26<br />
BACTERICIDA: ................................................................................................................................. 27<br />
BÁRIO: .............................................................................................................................................. 27<br />
BARRAGEM: ..................................................................................................................................... 28<br />
BERÍLIO:............................................................................................................................................ 28<br />
BIOACUMULAÇÃO/BIOCONCENTRAÇÃO: .................................................................................... 28<br />
BOMBA:............................................................................................................................................. 29
BORO: ............................................................................................................................................... 29<br />
BROMATO:........................................................................................................................................ 29<br />
CÁDMIO:............................................................................................................................................ 30<br />
CÁLCIO: ............................................................................................................................................ 30<br />
CARBONATO DE CÁLCIO (CACO3): ............................................................................................... 31<br />
CARBONO:........................................................................................................................................ 32<br />
CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT): ........................................................................................... 32<br />
CARCINOGÉNIO/CANCERÍGENO: .................................................................................................. 33<br />
CAPTAÇÃO:...................................................................................................................................... 33<br />
CARVÃO ACTIVADO: ....................................................................................................................... 33<br />
CAUDAL:........................................................................................................................................... 34<br />
CHEIRO: ............................................................................................................................................ 34<br />
CHUVAS ÁCIDAS: ............................................................................................................................ 34<br />
CHUMBO: .......................................................................................................................................... 34<br />
CIANETOS:........................................................................................................................................ 35<br />
CIANOBACTÉRIAS/CIANOFÍCEAS/ALGAS AZUIS: ....................................................................... 36<br />
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA:................................................................................. 37<br />
CLORAÇÃO/CLORAGEM:................................................................................................................ 38<br />
CLORETOS: ...................................................................................................................................... 38<br />
CLORO: ............................................................................................................................................. 38<br />
CLORO RESIDUAL DISPONÍVEL:.................................................................................................... 39<br />
CLOROFILA: ..................................................................................................................................... 40<br />
CLOSTRÍDIOS SULFITOREDUTORES: ........................................................................................... 40
COAGULAÇÃO: ................................................................................................................................ 41<br />
COAGULANTE:................................................................................................................................. 41<br />
COBALTO: ........................................................................................................................................ 42<br />
COBRE: ............................................................................................................................................. 43<br />
COLIFORMES: .................................................................................................................................. 44<br />
COLIFORMES FECAIS (C.F.): .......................................................................................................... 44<br />
COLIFORMES TOTAIS (C.T.): .......................................................................................................... 44<br />
COMPOSTO: ..................................................................................................................................... 45<br />
CONCENTRAÇÃO: ........................................................................................................................... 45<br />
CONDUTIVIDADE: ............................................................................................................................ 45<br />
CONTAMINAÇÃO: ............................................................................................................................ 46<br />
CONTAMINAÇÃO ANTROPOGÉNICA:............................................................................................ 46<br />
CONTAMINAÇÃO NATURAL: .......................................................................................................... 46<br />
CONTROLO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO: .................................................. 46<br />
COR: .................................................................................................................................................. 47<br />
CORRECÇÃO DA AGRESSIVIDADE: .............................................................................................. 47<br />
CORRECÇÃO DO PH DA ÁGUA:..................................................................................................... 48<br />
CORROSÃO: ..................................................................................................................................... 48<br />
CRÓMIO: ........................................................................................................................................... 48<br />
DECANTAÇÃO:................................................................................................................................. 49<br />
DECOMPOSIÇÃO: ............................................................................................................................ 49<br />
DEGRADAÇÃO: ................................................................................................................................ 50<br />
DESIDRATAÇÃO DAS LAMAS:........................................................................................................ 50
DESINFECÇÃO DA ÁGUA:............................................................................................................... 51<br />
DES<strong>SA</strong>LINIZAÇÃO: .......................................................................................................................... 51<br />
DIÓXIDO DE CLORO: ....................................................................................................................... 52<br />
DIOXINAS:......................................................................................................................................... 53<br />
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA: ............................................................................................................... 54<br />
DOENÇAS TRANSMITIDAS PELA ÁGUA:....................................................................................... 54<br />
DUREZA TOTAL: .............................................................................................................................. 55<br />
EFLUENTES: ..................................................................................................................................... 56<br />
EROSÃO:........................................................................................................................................... 56<br />
ESCOAMENTO SUPERFICIAL: ........................................................................................................ 56<br />
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA): ............................................................................. 56<br />
ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA (EE):........................................................................................ 57<br />
ESTREPTOCOCOS FECAIS (E.F.): .................................................................................................. 57<br />
EUTROFIZAÇÃO/EUTROFICAÇÃO: ................................................................................................ 58<br />
EVAPORAÇÃO:................................................................................................................................. 58<br />
EVAPOTRANSPIRAÇÃO: ................................................................................................................. 58<br />
FENÓIS:............................................................................................................................................. 59<br />
FERRO:.............................................................................................................................................. 59<br />
FERTILIZANTES:............................................................................................................................... 61<br />
FILTRAÇÃO:...................................................................................................................................... 61<br />
FILTRAÇÃO DIRECTA:..................................................................................................................... 62<br />
FILTRADO: ........................................................................................................................................ 63<br />
FILTRO DE AREIA: ........................................................................................................................... 63
FILTRO PREN<strong>SA</strong>:.............................................................................................................................. 63<br />
FLOCO:.............................................................................................................................................. 63<br />
FLOCULAÇÃO: ................................................................................................................................. 64<br />
FLORESCÊNCIAS:............................................................................................................................ 64<br />
FLÚOR:.............................................................................................................................................. 64<br />
FOSFATOS:....................................................................................................................................... 65<br />
FÓSFORO:......................................................................................................................................... 66<br />
FOTOSSÍNTESE:............................................................................................................................... 66<br />
FUNGO: ............................................................................................................................................. 66<br />
GASTROENTERITE: ......................................................................................................................... 68<br />
GERMES TOTAIS (A 37°C E A 22°C): .............................................................................................. 68<br />
GOLPE DE ARÍETE OU CHOQUE HIDRÁULICO:............................................................................ 68<br />
HIDROCARBONETOS (HC): ............................................................................................................. 70<br />
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (HAP): ....................................................... 70<br />
HIDROCARBONETOS DISSOLVIDOS OU EMULSIONADOS: ........................................................ 71<br />
HIDROSFERA:................................................................................................................................... 71<br />
HERBICIDA: ...................................................................................................................................... 71<br />
HÚMUS: ............................................................................................................................................. 71<br />
INFILTRAÇÃO: .................................................................................................................................. 72<br />
INSECTICIDA:.................................................................................................................................... 72<br />
INTRUSÃO MARINHA:...................................................................................................................... 72<br />
IONIZAÇÃO: ...................................................................................................................................... 73<br />
LAMAS:.............................................................................................................................................. 74<br />
LAVAGEM EM CONTRA-CORRENTE:............................................................................................. 74
MAGNÉSIO:....................................................................................................................................... 76<br />
MANGANÊS/MANGANÉSIO: ............................................................................................................ 76<br />
METAHEMOGLOBINEMIA INFANTIL:.............................................................................................. 77<br />
MERCÚRIO:....................................................................................................................................... 77<br />
MISTURA RÁPIDA: ........................................................................................................................... 78<br />
MUTAGÉNEO: ................................................................................................................................... 78<br />
NANOFILTRAÇÃO: ........................................................................................................................... 79<br />
NASCENTE:....................................................................................................................................... 79<br />
NÍQUEL:............................................................................................................................................. 79<br />
NITRATOS: ........................................................................................................................................ 79<br />
NITRITOS:.......................................................................................................................................... 80<br />
NORMA OU PADRÃO DE QUALIDADE DA ÁGUA:......................................................................... 80<br />
NUTRIENTES: ................................................................................................................................... 80<br />
ORGANISMOS PATOGÉNICOS: ...................................................................................................... 81<br />
ORGANOCLORADOS:...................................................................................................................... 81<br />
OSMOSE INVER<strong>SA</strong>:.......................................................................................................................... 81<br />
OUTROS COMPOSTOS ORGANOCLORADOS (SEM SER OS PESTICIDAS): .............................. 82<br />
OXIDABILIDADE AO PERMANGANATO: ........................................................................................ 82<br />
OXIDAÇÃO: ....................................................................................................................................... 82<br />
ÓXIDO:............................................................................................................................................... 83<br />
OXIGÉNIO (O2): ................................................................................................................................. 83<br />
OXIGÉNIO DISSOLVIDO:.................................................................................................................. 83<br />
OZONO: ............................................................................................................................................. 84<br />
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS: ................................................................................................. 86
PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS: ............................................................................................. 86<br />
PARÂMETROS ORGANOLÉPTICOS: .............................................................................................. 87<br />
PARÂMETROS RELATIVOS A SUBSTÂNCIAS INDESEJÁVEIS:................................................... 87<br />
PARÂMETROS RELATIVOS A SUBSTÂNCIAS TÓXICAS:............................................................. 88<br />
PARASITAS:...................................................................................................................................... 88<br />
PARTÍCULAS COLOIDAIS:............................................................................................................... 88<br />
PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO:...................................................................................................... 89<br />
PERMANGANATO DE POTÁSSIO (KMNO4): .................................................................................. 89<br />
PESTICIDAS:..................................................................................................................................... 90<br />
PLÂNCTON: ...................................................................................................................................... 91<br />
POLIELECTRÓLITO:......................................................................................................................... 91<br />
POLUENTE:....................................................................................................................................... 91<br />
POLUENTE BIODEGRADÁVEL:....................................................................................................... 91<br />
POLUENTE NÃO BIODEGRADÁVEL:.............................................................................................. 92<br />
POLUIÇÃO: ....................................................................................................................................... 92<br />
PONTOS DE ENTREGA:................................................................................................................... 92<br />
POTÁSSIO:........................................................................................................................................ 92<br />
POTENCIAL DE HIDROGÉNIO, PH: ................................................................................................. 93<br />
PRATA:.............................................................................................................................................. 93<br />
PRECIPITAÇÃO: ............................................................................................................................... 94<br />
PRÉ-CLORAGEM:............................................................................................................................. 95<br />
PRÉ-OXIDAÇÃO:............................................................................................................................... 95<br />
PRÉ-OZONIZAÇÃO:.......................................................................................................................... 95<br />
PRESSÃO:......................................................................................................................................... 96
PRESSÃO ATMOSFÉRICA:.............................................................................................................. 96<br />
RADIAÇÕES ULTRAVIOLETA:......................................................................................................... 97<br />
REMINERALIZAÇÃO: ....................................................................................................................... 97<br />
RESERVATÓRIO:.............................................................................................................................. 98<br />
RESÍDUO SECO:............................................................................................................................... 98<br />
<strong>SA</strong>BOR: ............................................................................................................................................. 99<br />
<strong>SA</strong>LINIDADE: .................................................................................................................................... 99<br />
<strong>SA</strong>LINIZAÇÃO:.................................................................................................................................. 99<br />
<strong>SA</strong>LMONELAS: ............................................................................................................................... 100<br />
SEDE:............................................................................................................................................... 101<br />
SEDIMENTOS:................................................................................................................................. 102<br />
SELÉNIO:......................................................................................................................................... 102<br />
SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS: ................................................................................................ 102<br />
SÍLICA:............................................................................................................................................. 103<br />
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALTA: ................................................................ 103<br />
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM BAIXA:............................................................... 103<br />
SISTEMA MULTIMUNICIPAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO: .. 104<br />
SÓDIO:............................................................................................................................................. 104<br />
SÓLIDOS TOTAIS OU RESÍDUO SECO A 180°C: ......................................................................... 105<br />
SÓLIDOS SUSPENSOS TOTAIS: ................................................................................................... 105<br />
SOLO: .............................................................................................................................................. 106<br />
SOLUÇÃO: ...................................................................................................................................... 106<br />
SOLUTO: ......................................................................................................................................... 106<br />
SOLVENTE: ..................................................................................................................................... 106
SUBSTÂNCIAS EXTRAÍVEIS COM CLOROFÓRMIO: ................................................................... 106<br />
SUBSTÂNCIAS TENSOACTIVAS (QUE REAGEM COM O AZUL DE METILENO):...................... 107<br />
SULFATOS: ..................................................................................................................................... 107<br />
SULFURETO DE HIDROGÉNIO:..................................................................................................... 107<br />
TEMPERATURA:............................................................................................................................. 109<br />
TERATOGÉNEO:............................................................................................................................. 109<br />
TÓXICO:........................................................................................................................................... 109<br />
TOXINAS: ........................................................................................................................................ 109<br />
TRANSPIRAÇÃO:............................................................................................................................ 110<br />
TRATAMENTO DA ÁGUA:.............................................................................................................. 110<br />
TRIHALOMETANOS (THM’S): ........................................................................................................ 110<br />
TURVAÇÃO: .................................................................................................................................... 111<br />
USOS DA ÁGUA:............................................................................................................................. 113<br />
VA<strong>SA</strong>S:............................................................................................................................................ 114<br />
VÍRUS: ............................................................................................................................................. 114<br />
VANÁDIO:........................................................................................................................................ 114<br />
ZINCO: ............................................................................................................................................. 115
Absorção<br />
A<br />
Em termos químicos, é a fixação de um gás por um sóli<strong>do</strong> ou líqui<strong>do</strong>, ou de um<br />
líqui<strong>do</strong> por um sóli<strong>do</strong>. Ao contrário da adsorção, a substância que é absorvida<br />
infiltra-se na que a absorve. Ver adsorção.<br />
Áci<strong>do</strong>s Húmicos<br />
A maior parte <strong>do</strong>s compostos orgânicos são substâncias húmicas, precedentes da<br />
degradação microbiana e química <strong>do</strong>s hidratos de carbono e proteínas e <strong>do</strong>s<br />
polímeros fenólicos que se formam por condensações intramoleculares de lenhina<br />
e taninos de origem vegetal. Ambos os produtos combinam-se para formar<br />
poliheterocondensa<strong>do</strong>s amorfos (húmus). Dependen<strong>do</strong> da sua solubilidade, estes<br />
compostos diferenciam-se em áci<strong>do</strong>s húmicos (solúveis em meio alcalino) e<br />
áci<strong>do</strong>s fúlvicos (solúveis em meio áci<strong>do</strong>), no entanto esta designação é<br />
geralmente atribuída a ambos os compostos.<br />
Adsorção:<br />
Formação de uma camada de um gás ou de uma substância em solução sobre a<br />
superfície de um sóli<strong>do</strong> ou, menos frequentemente, de um líqui<strong>do</strong>. Consoante o<br />
tipo de forças envolvidas podemos ter <strong>do</strong>is tipos: adsorção química, onde uma<br />
única camada de moléculas, átomos ou iões é unida à superfície adsorvente por<br />
intermédio de ligações químicas, ou adsorção física, em que as moléculas<br />
adsorvidas são retidas por forças de Van der Waals. Certos compostos orgânicos<br />
como hidrocarbonetos, pesticidas, toxinas e outras substâncias causa<strong>do</strong>ras de<br />
cor, sabores e cheiros desagradáveis, podem ser removi<strong>do</strong>s da água por<br />
12
adsorção, utilizan<strong>do</strong> carvão activa<strong>do</strong> em pó directamente na água, ou em grãos,<br />
como meio filtrante juntamente com a areia. Em certas situações as reacções de<br />
adsorção são reversíveis, poden<strong>do</strong>-se extrair os poluentes adsorvi<strong>do</strong>s ao carvão<br />
activa<strong>do</strong>, haven<strong>do</strong> a sua recuperação. O carvão vegetal em pó ou a argila são<br />
excelentes adsorventes em virtude <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> valor da relação<br />
superfície/volume. Ver carvão activa<strong>do</strong>, cianobactérias.<br />
Adução:<br />
É o transporte da água entre o local de captação e a ETA, e/ou entre a ETA e a<br />
rede de distribuição, abrangen<strong>do</strong> geralmente grandes distâncias, e normalmente,<br />
sem derivações.<br />
Aeróbio:<br />
Que necessita de oxigénio livre para viver ou para se desenvolver.<br />
Água:<br />
Substância química muito estável, composta por <strong>do</strong>is átomos de hidrogénio e um<br />
átomo de oxigénio; como substância, a água pura é incolor, não tem cheiro nem<br />
sabor. Esta é a única substância que existe na Terra em três esta<strong>do</strong>s (sóli<strong>do</strong>,<br />
líqui<strong>do</strong> e gasoso), a temperaturas relativamente próximas, apresenta uma<br />
capacidade calorífica muito forte, e calores latentes de mudança de fase muito<br />
eleva<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> um isolante térmico natural (regula a temperatura da Terra,<br />
ten<strong>do</strong> um papel primordial no que respeita à estabilidade da sua temperatura e<br />
<strong>do</strong>s vários fenómenos climáticos). Além destas propriedades, a água é o solvente<br />
universal (tem a capacidade de dissolver uma quantidade enorme de compostos,<br />
pelo que na natureza não existe pura). A água ocupa cerca de <strong>do</strong>is terços da<br />
superfície da Terra e é o constituinte principal <strong>do</strong>s organismos vivos, pelo que<br />
sem ela não seria possível a vida.<br />
13
Água agressiva:<br />
Uma água com esta característica é uma água susceptível de promover o ataque<br />
corrosivo a condutas ou tubagens por ela atravessadas, devi<strong>do</strong> ao<br />
desenvolvimento de fenómenos galvânicos que vão atacan<strong>do</strong> progressivamente a<br />
superfície <strong>do</strong> metal até à sua completa destruição. Quan<strong>do</strong> as condutas são de<br />
ferro ou aço pode dar origem a ferrugem, se as condutas forem de chumbo,<br />
metal pesa<strong>do</strong> bioacumulável nos seres vivos, pode haver a sua dissolução,<br />
poden<strong>do</strong> causar danos à saúde. Os reservatórios e outros constituintes das redes<br />
de adução e/ou distribuição de betão e cimento podem ser prejudica<strong>do</strong>s pela<br />
dissolução <strong>do</strong>s componentes calcários, visto que se trata de uma água deficiente<br />
em carbonatos. Muitas vezes torna-se necessário proceder à correcção da<br />
agressividade. Há vários tipos de águas naturais agressivas, como as águas<br />
superficiais macias, águas superficiais duras (com elevada dureza carbonacea),<br />
águas subterrâneas duras (com dureza carbonacea substancial), e águas<br />
subterrâneas com baixa dureza carbonacea, mas com eleva<strong>do</strong> dióxi<strong>do</strong> de<br />
carbono livre. Ver correcção da agressividade, corrosão.<br />
Água bruta:<br />
Água natural (superficial ou subterrânea) que não foi submetida a nenhum<br />
processo de tratamento.<br />
Água captada para consumo público:<br />
É a água retirada <strong>do</strong> meio natural (água superficial ou subterrânea), e que é<br />
conduzida à Estação de Tratamento de Água. O tipo de captação depende das<br />
origens de água existentes no local, poden<strong>do</strong> ser, no caso das origens<br />
superficiais, constituídas por torres de captação implantadas no leito de um rio, e<br />
por furos, no caso das origens subterrâneas.<br />
14
Água dura:<br />
Ou água calcária, é uma água que contém grandes quantidades de cálcio e<br />
magnésio. Este tipo de água acaba por ser benéfica para a saúde, pois constitui<br />
um acréscimo de cálcio, que é um elemento importante para o organismo. No<br />
entanto é um pouco desagradável para o uso, pois pode causar graves danos em<br />
canalizações e electro<strong>do</strong>mésticos, por formação de depósitos de carbonato de<br />
cálcio que causam a sua obstrução. Se for muito dura pode mesmo tornar-se<br />
inadequada para o consumo humano, pois essas propriedades incrustantes<br />
podem causar a destruição de tubagens e outros materiais de captação ou<br />
distribuição, poden<strong>do</strong> haver contaminações da água que chega ao consumi<strong>do</strong>r.<br />
Para a remoção <strong>do</strong>s elementos que contribuem para a dureza da água faz-se o<br />
seu amaciamento. Ver também cálcio, magnésio e dureza total.<br />
Água mineral:<br />
Água que contém sais minerais dissolvi<strong>do</strong>s em maior quantidade que as águas<br />
potáveis comuns, nomeadamente o cálcio, o magnésio, o potássio o sódio e os<br />
bicarbonatos. Neste tipo de água existem bactérias naturais benéficas, como as<br />
que existem nos iogurtes (L. casei imunitass).<br />
Água potável:<br />
Água que está em condições fisico-químicas e microbiológicas para ser bebida,<br />
sem pôr em perigo a saúde humana. Para tal não deve conter microorganismos<br />
patogénicos ou substâncias químicas acima <strong>do</strong>s valores estabeleci<strong>do</strong>s na<br />
legislação.<br />
Água poluída:<br />
Considera-se que a água está poluída sempre que contenha substâncias<br />
poluentes, tóxicas, bactérias patogénicas e temperaturas excessivas<br />
15
Água produzida:<br />
É a água já tratada, que dá entrada no sistema de adução e armazenamento, ou<br />
directamente no sistema de distribuição.<br />
<strong>Águas</strong> residuais:<br />
<strong>Águas</strong> conten<strong>do</strong> desperdícios dissolvi<strong>do</strong>s e em suspensão que lhes conferem uma<br />
composição variável, dependen<strong>do</strong> das actividades que lhes deram origem. Podem<br />
tratar-se de águas residuais <strong>do</strong>mésticas, se a sua origem são as instalações<br />
residenciais e serviços, e também as águas pluviais, e caracterizam-se<br />
fundamentalmente por uma elevada carga orgânica, nomeadamente<br />
microorganismos de origem fecal, que provocam a sua contaminação. As águas<br />
residuais industriais por sua vez resultam da laboração das indústrias, ten<strong>do</strong> por<br />
isso, composições muito variáveis. Ambas têm de ser convenientemente tratadas<br />
em estações de tratamento destinadas a esse fim (ETAR’s) antes de serem<br />
descarregadas no meio hídrico. Se as águas residuais industriais forem<br />
compatíveis com as <strong>do</strong>mésticas, podem ser tratadas na mesma estação de<br />
tratamento, mas muitas instalações industriais possuem ETAR própria.<br />
Água subterrânea:<br />
Água que se situa abaixo da superfície <strong>do</strong> solo na zona de saturação e em<br />
contacto directo com o solo ou o subsolo, ocupan<strong>do</strong> os poros e fendas <strong>do</strong> solo e<br />
de formações rochosas. Este tipo de água é muito vulnerável à poluição,<br />
sobretu<strong>do</strong> agrícola, devi<strong>do</strong> à sua fraca capacidade de autodepuração (na maior<br />
parte <strong>do</strong>s casos não contém oxigénio dissolvi<strong>do</strong>). No entanto, se não estiver<br />
associada episódios de poluição ou sobre-exploração, apresenta melhor<br />
qualidade que as águas de origem superficial, requeren<strong>do</strong> um tratamento menos<br />
exigente para a sua potabilização. Ver água superficial, estação de tratamento de<br />
água, intrusão marinha, salinização, tratamento da água.<br />
16
Água superficial:<br />
Água que não penetra no subsolo, corren<strong>do</strong> ao longo da superfície <strong>do</strong> terreno, e<br />
acaban<strong>do</strong> por entrar nos lagos, rios ou ribeiros; água armazenada numa parede<br />
rochosa, represa ou barragem; água recolhida de uma pequena zona de<br />
drenagem como um telha<strong>do</strong>, e armazenada numa cisterna para uso <strong>do</strong>méstico.<br />
Em termos de abastecimento de água, esta é captada em rios, canais, ribeiras,<br />
lagos, bacias de retenção e albufeiras.<br />
As águas superficiais têm uma composição muito variável, consoante as<br />
características <strong>do</strong> local e as épocas <strong>do</strong> ano, apresentan<strong>do</strong> geralmente elevada<br />
turvação no Outono/Inverno, e algas na Primavera/Verão, conten<strong>do</strong> partículas<br />
em suspensão, substâncias químicas e microorganismos que as tornam<br />
impróprias para consumo humano sem tratamento.<br />
As principais características de uma água de superfície são:<br />
temperaturas relativamente altas;<br />
elevada concentração de matéria orgânica dissolvida, proveniente da<br />
decomposição de vegetação e de resíduos de origem antropogénica;<br />
elevada turvação, devida principalmente aos sóli<strong>do</strong>s suspensos (matéria<br />
orgânica finamente dividida, microorganismos, plâncton, areias, argilas, etc.);<br />
desenvolvimento por vezes excessivo de algas, bactérias, cistos e vírus<br />
patogénicos de grande variedade;<br />
sabores e cheiros resultantes de to<strong>do</strong>s estes fenómenos.<br />
Deste mo<strong>do</strong>, este tipo de água não deve ser consumida sem ser previamente<br />
submetida a um tratamento prévio (que depende das características da água a<br />
tratar), por forma a que não comprometa a saúde humana. Ver estação de<br />
tratamento de água, tratamento da água.<br />
17
<strong>Águas</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>, S.A.:<br />
Sociedade criada pelo Decreto Lei n.º 168/2000, de 5 de Agosto, por fusão das<br />
sociedades <strong>Águas</strong> <strong>do</strong> Barlavento Algarvio, S.A. e <strong>Águas</strong> <strong>do</strong> Sotavento Algarvio,<br />
S.A., concessionárias <strong>do</strong>s Sistemas Multimunicipais de Captação, Tratamento e<br />
Abastecimento de água ao Barlavento Algarvio e Sotavento Algarvio,<br />
respectivamente. A criação desta sociedade concessionária vem responder à<br />
necessidade de efectuar a ligação física entre os <strong>do</strong>is sistemas, passan<strong>do</strong> a servir<br />
13 municípios: Albufeira, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão,<br />
Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila <strong>do</strong> Bispo e Vila Real de Santo<br />
António, os quais têm reparti<strong>do</strong>s entre si um total de 34.2 % <strong>do</strong> capital social<br />
com direito a voto. A IPE - <strong>Águas</strong> de Portugal, Sociedade Gestora de<br />
Participações Sociais, S.A. tem 51 % <strong>do</strong> capital social com direito a voto, e a IPE<br />
Capital - Sociedade de Capital de Risco, S.A. tem os restantes 14.8 % <strong>do</strong> capital<br />
social com direito a voto. O Decreto-Lei N.º 172-B/2001, de 26 de Maio altera o<br />
artigo 3º <strong>do</strong> Dec-Lei N.º 167/2000 que cria o Sistema Multimunicipal de<br />
Saneamento <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> e o artigo 2º <strong>do</strong> Dec-Lei N.º 168/2000 que constitui a<br />
sociedade <strong>Águas</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>, S.A..<br />
Alcalinidade:<br />
Alcalinidade de uma água mede a sua capacidade para neutralizar compostos<br />
áci<strong>do</strong>s. Na maioria das águas naturais, que têm pH entre 6 e 8, pode-se dizer<br />
que corresponde à soma das concentrações das espécies carbonáceas (ião<br />
carbonato e bicarbonato), e de hidróxi<strong>do</strong>s de cálcio, magnésio, sódio e potássio.<br />
Algas:<br />
Plantas simples, que contém clorofila e/ou outros pigmentos fotossintéticos,<br />
muito abundantes na água e locais húmi<strong>do</strong>s. Estas plantas podem ter dimensões<br />
variadas, e as microscópicas podem encontrar-se livremente suspensas ou<br />
18
fixadas a certas superfícies. A sua classificação é feita consoante a sua estrutura,<br />
pigmentos, filamentos e natureza química da parede celular. O crescimento das<br />
algas depende da presença de vários elementos químicos presentes em<br />
determinadas proporções, nomeadamente o fósforo, o azoto e o carbono. Estes<br />
nutrientes podem ter várias fontes, como a degradação da vegetação, erosão das<br />
rochas, efluentes <strong>do</strong>mésticos e industriais, detergentes fosfata<strong>do</strong>s e escoamento<br />
agrícola. Estes organismos são caracteriza<strong>do</strong>s, em parte, por uma grande<br />
simplicidade de estrutura, diferin<strong>do</strong> <strong>do</strong> grupo das bactérias (à excepção das<br />
cianobactérias, antigamente denominadas algas azuis) pela presença de núcleo<br />
celular, reprodução sexuada e plastos chama<strong>do</strong>s cromatóforos que contém os<br />
pigmentos fotossintéticos.<br />
Para as empresas responsáveis pela distribuição de água para consumo humano,<br />
é fundamental o conhecimento de alguns géneros e espécies de algas<br />
<strong>do</strong>minantes, pois ela afectam a qualidade da água que chega ao consumi<strong>do</strong>r,<br />
produzin<strong>do</strong> cheiros e sabores desagradáveis. Há certas algas que interferem no<br />
processo de tratamento, sobretu<strong>do</strong> nas fases de coagulação/floculação,<br />
decantação e filtração. Há ainda algas que são de grande importância, como as<br />
cianobactérias, pois produzem substâncias tóxicas para o Homem, e compostos<br />
potencialmente mutagénicos e cancerígenos, quan<strong>do</strong> na presença de cloro. Ver<br />
cianobactérias.<br />
Alumínio:<br />
Este elemento metálico é um <strong>do</strong>s mais abundantes na Terra, logo após o<br />
oxigénio e o silício, poden<strong>do</strong> surgir em águas <strong>do</strong>ces devi<strong>do</strong> a descargas de<br />
efluentes industriais, ou à lixiviação <strong>do</strong> substrato. É utiliza<strong>do</strong> como coagulante no<br />
tratamento da água, na forma de sais de alumínio, como os sulfatos ou<br />
policloretos, para provocar a coagulação/floculação das partículas coloidais<br />
presentes na água bruta, que ao se aglomerarem formam precipita<strong>do</strong>s (flocos)<br />
sen<strong>do</strong> possível a sua separação da fase líquida. A quantidade de coagulante a<br />
utilizar depende da natureza e quantidade das substâncias coloidais, bem como<br />
<strong>do</strong> pH da água. Nem to<strong>do</strong> o alumínio fica no precipita<strong>do</strong>, permanecen<strong>do</strong> parte<br />
19
dele em solução, o que constitui o alumínio residual, que se encontra na água<br />
que bebemos.<br />
Para teores de alumínio residual acima de 0,5 mg/L (e para o pH usual da água<br />
para beber) formam-se compostos insolúveis como o hidróxi<strong>do</strong> de alumínio. Este<br />
forma um precipita<strong>do</strong> branco que torna a água imprópria para consumo por<br />
excesso de turvação. O precipita<strong>do</strong> não é necessariamente tóxico nestas<br />
concentrações. Os problemas de toxicidade são apenas de temer apenas em<br />
pessoas que não tenham a capacidade de eliminar o excesso de alumínio (a<br />
maior parte é eliminada através das fezes, não chegan<strong>do</strong> a ser absorvi<strong>do</strong> pelo<br />
organismo), fican<strong>do</strong> sujeitas a um processo de acumulação nas células,<br />
forman<strong>do</strong> depósitos volumosos que impedem o bom funcionamento ou mesmo a<br />
sobrevivência dessas células.<br />
Então, os efeitos que o alumínio pode ter sobre a saúde humana são a destruição<br />
das células cerebrais ou <strong>do</strong> miocárdio, causan<strong>do</strong> encefalopatias ou cardiopatias<br />
mortais por destruição progressiva e irreversível (estas células não se renovam<br />
ou fazem-no de uma forma muito escassa), a destruição de células hepáticas e a<br />
ocorrência de anemias e descalcificações ósseas. A toxicidade <strong>do</strong> alumínio está<br />
também associada a algumas formas de demência senil, como a <strong>do</strong>ença de<br />
Alzheimer. Ver coagulação, coagulante.<br />
Aluviões:<br />
Sedimentos constituí<strong>do</strong>s por calhaus, cascalho, areias e partículas finas<br />
transporta<strong>do</strong>s por correntes de água e que se depositam no leito principal <strong>do</strong>s<br />
rios. Estes materiais resultam da erosão hídrica das rochas a montante, sen<strong>do</strong><br />
transporta<strong>do</strong>s pelas correntes de água para jusante, principalmente na altura das<br />
cheias.<br />
Amaciamento:<br />
Processo de tratamento utiliza<strong>do</strong> para remover os elementos que contribuem<br />
para a dureza da água, cálcio e magnésio, quan<strong>do</strong> presentes em excesso. É um<br />
20
tratamento de precipitação (formação de compostos sóli<strong>do</strong>s, separáveis da fase<br />
líquida), por adição de um composto, como por exemplo, a cal apagada<br />
(hidróxi<strong>do</strong> de cálcio) ou a soda (carbonato de sódio). Por vezes torna-se<br />
necessário corrigir o pH da água por forma a aproximar-se o mais possível <strong>do</strong> pH<br />
de equilíbrio ou de saturação, para o qual a água se comporta como “inerte”.<br />
Para tal, é comum a utilização de dióxi<strong>do</strong> de carbono.<br />
Este tipo de tratamento é mais comum em águas subterrâneas. Ver água dura,<br />
dureza total.<br />
Ambiente:<br />
“... é o conjunto <strong>do</strong>s sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e <strong>do</strong>s<br />
factores económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato<br />
ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida <strong>do</strong> Homem.” (Lei de<br />
Bases <strong>do</strong> Ambiente, Lei n.º 11/87, de 7 de Abril)<br />
Anaeróbio:<br />
Que não pode viver ou desenvolver-se em contacto com o oxigénio <strong>do</strong> ar.<br />
Anóxia:<br />
Diminuição da quantidade de oxigénio num meio, ou a sua falta. Um processo<br />
anóxico é aquele em que não intervém o oxigénio. Tem um senti<strong>do</strong> muito<br />
próximo <strong>do</strong> anaeróbio.<br />
Anidri<strong>do</strong> carbónico/dióxi<strong>do</strong> de carbono livre:<br />
Na forma gasosa, o CO2 é produto da combustão e da respiração <strong>do</strong> Homem e<br />
<strong>do</strong>s animais de sangue quente, sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> pelas plantas durante a<br />
fotossíntese. É das substâncias presentes nas águas que mais influência tem no<br />
pH, e a forma livre diz respeito à fracção de CO2 agressivo (excesso de CO2, i.e.,<br />
21
existe uma quantidade maior à que seria necessária para manter o bicarbonato<br />
de cálcio em solução) e à de CO2 equilibrante (fracção tal que não ocorrem nem<br />
fenómenos de dissolução nem de precipitação). O equilíbrio entre os<br />
bicarbonatos (CO3 2- ) e o CO2 pode dar lugar à dissolução <strong>do</strong> carbonato de cálcio<br />
(agressividade) ou à produção de incrustações, dependen<strong>do</strong> da concentração de<br />
bicarbonato de cálcio presente em solução, fenómenos que por vezes se podem<br />
sobrepor às reacções electroquímicas de corrosão que ocorrem entre os metais e<br />
a água. Por vezes é utiliza<strong>do</strong> como complemento <strong>do</strong> tratamento da água, no<br />
processo de amaciamento da água, por forma a atingir o equilíbrio calco-<br />
carbónico, ou para fazer a sua remineralização, por incremento da concentração<br />
de bicarbonatos.<br />
Em termos de saúde não se conhecem efeitos deste composto quan<strong>do</strong> presente<br />
na água para consumo. No entanto, a sua presença nos sistemas de distribuição<br />
de água não é desejável devi<strong>do</strong> aos já referi<strong>do</strong>s efeitos corrosivos. Segun<strong>do</strong> a<br />
legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano, para este<br />
parâmetro físico-químico não estão regulamenta<strong>do</strong>s quaisquer valores, sen<strong>do</strong><br />
apenas referi<strong>do</strong> que a água não deve ser agressiva. Ver água agressiva,<br />
amaciamento, correcção da agressividade, corrosão.<br />
Antimónio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis de origens industriais (refinarias de<br />
petróleo, cerâmica, electrónica e soldadura). Embora com uma toxicidade inferior<br />
à <strong>do</strong> arsénico, os seus efeitos são muito semelhantes, nomeadamente o<br />
cancerígeno, poden<strong>do</strong> provocar o aumento <strong>do</strong> colesterol e a diminuição da<br />
glucose no sangue. É elimina<strong>do</strong> pelas excreções, e aparentemente o antimónio<br />
trivalente é elimina<strong>do</strong> a uma velocidade menor que o pentavalente.<br />
Antropogénico:<br />
Diz respeito às actividades humanas. Por exemplo, a contaminação por ingestão<br />
ou inalação de cádmio (metal pesa<strong>do</strong> tóxico) tem como origens várias<br />
actividades humanas, como a metalurgia, fabrico de baterias, revestimento de<br />
22
ecipientes para armazenamento de alimentos, fertilizantes fosfata<strong>do</strong>s, etc.,<br />
sen<strong>do</strong> portanto de origem antropogénica.<br />
Aquífero:<br />
Formação geológica ou solo poroso, limita<strong>do</strong> em superfície e em profundidade,<br />
através <strong>do</strong> qual a água se pode infiltrar a grandes profundidades, talvez muito<br />
lentamente, reten<strong>do</strong>-a como uma esponja, e proporcionan<strong>do</strong> água subterrânea<br />
para fontes e poços. Também chama<strong>do</strong> lençol de água subterrânea ou lençol<br />
freático. Ver água subterrânea, intrusão marinha, salinização.<br />
Argilas:<br />
Silicatos hidrata<strong>do</strong>s de alumínio, de magnésio e de ferro. As argilas são hidrófilas<br />
e impermeáveis, e apresentam-se sob a forma de partículas de pequenas<br />
dimensões (de 1 ou mais µm), constituídas por múltiplos folhetos, o que lhes<br />
proporciona um aumento da reactividade.<br />
Armazenamento:<br />
Após a injecção <strong>do</strong> desinfectante, geralmente cloro gasoso, na água filtrada, esta<br />
é armazenada em cisternas e depois é aduzida até aos reservatórios. O<br />
armazenamento tem pois várias funções: durante o tempo em que a água está<br />
armazenada, ao estar em contacto com o cloro, permite que se dê a oxidação de<br />
compostos orgânicos que eventualmente tenham escapa<strong>do</strong> ao tratamento, ou<br />
que tenham si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>s, p.e. por alguma rotura, contribuin<strong>do</strong> para a<br />
obtenção de uma água em condições para ser bebida; constitui uma reserva de<br />
água para dar resposta às flutuações <strong>do</strong>s consumos, e garante a existência de<br />
pressão hidráulica necessária na rede de distribuição (geralmente os<br />
reservatórios situam-se em locais com cotas elevadas para evitar a construção<br />
de estações elevatórias). Ver desinfecção, reservatório.<br />
Arsénio:<br />
23
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, pode ocorrer nas águas naturalmente e<br />
devi<strong>do</strong> a certas actividades humanas, como a extracção mineira, a combustão de<br />
carvões, adubos fosfata<strong>do</strong>s, pesticidas e detergentes. É uma substância cuja<br />
toxicidade depende da forma físico-química em que se encontra (o arsénio<br />
mineral é mais tóxico que o orgânico, e a forma trivalente oferece mais perigos<br />
que a pentavalente), da via de entrada no organismo, da <strong>do</strong>se e <strong>do</strong> sexo <strong>do</strong><br />
indivíduo exposto, e o seu de efeito é cumulativo (a intoxicação pode manifestar-<br />
se ao fim de um largo perío<strong>do</strong> de tempo, com uma ingestão diária de 3 a 6 mg).<br />
Os seus efeitos sobre a saúde humana são no caso de uma intoxicação aguda, ao<br />
nível neurológico, poden<strong>do</strong> causar a morte quan<strong>do</strong> em <strong>do</strong>ses entre 70 e 180 mg.<br />
No caso de intoxicação crónica, podem surgir inflamações nas mucosas <strong>do</strong>s<br />
olhos, nariz e laringe, astenia muscular generalizada, perda de apetite e<br />
náuseas. Pode ter efeitos graves aos níveis dermatológico, neurológico e<br />
circulatório, e inclusive originar tumores.<br />
Autodepuração:<br />
Tendência geral de uma massa de água para recuperar naturalmente da<br />
contaminação por compostos orgânicos. Este processo depende bastante das<br />
reacções bioquímicas em que vários microorganismos, nomeadamente bactérias,<br />
na presença de oxigénio dissolvi<strong>do</strong> em quantidade suficiente, utilizam a matéria<br />
orgânica como alimento, decompon<strong>do</strong> compostos complexos noutros mais<br />
simples e relativamente inofensivos. A luz solar também desempenha um papel<br />
importante na autodepuração da água, mas a condição essencial é a quantidade<br />
suficiente de oxigénio dissolvi<strong>do</strong>, sem a qual este processo cessa (ou seja, a<br />
velocidade de oxigénio absorvi<strong>do</strong> excede a velocidade de reabastecimento),<br />
originan<strong>do</strong> condições de eutrofização, associadas a maus cheiros, massas<br />
flutuantes de lama negra, e em casos drásticos, a extinção da vida aquática. Ver<br />
eutrofização, oxigénio dissolvi<strong>do</strong>.<br />
Azoto amoniacal:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, relaciona-se com a contaminação<br />
da água, poden<strong>do</strong> estar na origem <strong>do</strong>s problemas daí resultantes. O amoníaco<br />
24
(NH3) pode surgir nas águas como consequência da degradação incompleta da<br />
matéria orgânica, mas também devi<strong>do</strong> ao arrastamento de fertilizantes de solos<br />
agrícolas (por chuvadas ou rega), ou devi<strong>do</strong> a excrementos humanos e animais,<br />
e é muito tóxico para os peixes e homem quan<strong>do</strong> dissolvi<strong>do</strong> na água. O azoto é<br />
um <strong>do</strong>s constituintes essenciais da matéria viva, sen<strong>do</strong> assimila<strong>do</strong> pelas plantas<br />
por absorção, e contribui para o desenvolvimento de certos microorganismos que<br />
o assimilam por fixação <strong>do</strong> azoto, alteran<strong>do</strong> as características organolépticas da<br />
água e exigin<strong>do</strong> maiores <strong>do</strong>sagens de cloro para a desinfecção (pois reage com o<br />
cloro, forman<strong>do</strong> cloraminas).<br />
Azoto Kjeldahl:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, refere-se ao conjunto das<br />
substâncias azotadas inorgânicas e orgânicas presentes na água, como as<br />
proteínas, polipeptídeos e aminoáci<strong>do</strong>s. Não são incluí<strong>do</strong>s os nitratos e nitritos.<br />
Como se referem a vários tipos de substâncias, os seus efeitos e toxicidade são<br />
diversos.<br />
25
Bactérias:<br />
B<br />
Microorganismos unicelulares sem membrana nuclear, mitocôndrias, aparelho de<br />
Golgi e retículo en<strong>do</strong>plasmático, mas possuin<strong>do</strong> paredes celulares com alguma<br />
rigidez. As suas dimensões variam entre 1 e 20 µm, e a maioria é aeróbia, mas<br />
também podem ser anaeróbias. Podem existir no ar, na água, em animais ou<br />
plantas, e embora sejam capazes de sintetizar o seu próprio ADN, ARN e<br />
proteínas, dependem de um hospedeiro para a obtenção de condições favoráveis<br />
para o seu crescimento. A patogenicidade das bactérias depende da sua<br />
capacidade de interferir com as células <strong>do</strong> hospedeiro ou de libertar toxinas,<br />
haven<strong>do</strong> espécies que são inofensivas e por vezes úteis para o Homem (ajudam<br />
o processo digestivo, habitan<strong>do</strong> o intestino). Há ainda espécies que auxiliam na<br />
decomposição da matéria orgânica. Ver cianobactérias, <strong>do</strong>enças transmitidas<br />
pela água.<br />
Bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal:<br />
São microorganismos da flora <strong>do</strong> intestino <strong>do</strong> Homem e <strong>do</strong>s animais de sangue<br />
quente, como a Escherichia coli e os Estreptococos fecais, utiliza<strong>do</strong>s na pesquisa<br />
bacteriana como indica<strong>do</strong>res de contaminação fecal. Se estes microorganismos<br />
estiverem presentes na água, é muito provável que existam outras bactérias<br />
patogénicas. Em contrapartida se não foram encontra<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res de<br />
contaminação fecal na água, que são mais resistentes que os patogénicos, pode-<br />
se inferir que estes não estão presentes, e logo a água não se encontra<br />
bacteriologicamente contaminada.<br />
Características que os indica<strong>do</strong>res de contaminação fecal devem apresentar:<br />
- estar presentes sempre que haja microorganismos patogénicos na água, e<br />
estar ausentes em água não contaminadas;<br />
26
- devem encontrar-se num número muito superior ao <strong>do</strong>s microorganismos<br />
patogénicos;<br />
- devem ser mais resistentes às condições ambientais e processos de<br />
tratamento que os patogénicos;<br />
- o isolamento, contagem e identificação <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res deve ser fácil.<br />
Os indica<strong>do</strong>res microbiológicos de contaminação fecal utiliza<strong>do</strong>s com maior<br />
significa<strong>do</strong> são os coliformes totais e fecais, os estreptococos fecais e os<br />
clostrídios sulfitoredutores, por apresentarem graus de resistência distintos às<br />
condições ambientais, permitin<strong>do</strong> concluir sobre a origem e momento em que<br />
ocorre a contaminação fecal.<br />
Deverão ser realizadas análises a estes microorganismos tanto nas Estações de<br />
Tratamento de Água, como na redes de distribuição de água, por forma a<br />
averiguar da eficiência da desinfecção, garantin<strong>do</strong> que a água é<br />
bacteriologicamente segura. Se a entidade responsável pela distribuição da água<br />
detectar estes microorganismos, deverá de imediato tomar as medidas<br />
necessárias para assegurar que a água que chega ao consumi<strong>do</strong>r têm as<br />
condições de potabilidade necessárias, e tem de dar conhecimento da situação às<br />
Autoridades de Saúde competentes. Ver coliformes fecais, clostrídios<br />
sulfitoredutores, coliformes totais, estreptococos fecais, parâmetros<br />
microbiológicos.<br />
Bactericida:<br />
Substância utilizada para destruir bactérias, como alguns antibióticos,<br />
antisépticos e desinfectantes.<br />
Bário:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, ocorre na natureza na forma de<br />
minerais de baratina e viterita. Pode ser utiliza<strong>do</strong> na forma metálica como<br />
adsorvente em tubos de sistemas de vácuo, oxidan<strong>do</strong>-se muito facilmente em<br />
contacto com a água. Compostos solúveis de bário são extremamente tóxicos, e<br />
27
os seus efeitos sobre a saúde manifestam-se ao nível <strong>do</strong> coração, vasos<br />
sanguíneos e nervos.<br />
Barragem:<br />
Construção que permite a retenção de grandes volumes de água numa albufeira,<br />
regularizan<strong>do</strong> os caudais. Pode estar associada a aproveitamentos<br />
hidroeléctricos, prevenção de cheias, sistemas de abastecimento de água para<br />
consumo humano ou para irrigação, e recreio. Actualmente têm si<strong>do</strong> procuradas<br />
cada vez mais as águas superficiais como origem de água para abastecimento,<br />
devi<strong>do</strong> ao facto de os aquíferos terem pouca produtividade ou pela falta de<br />
qualidade da água, por sobreexploração, intrusão salina ou contaminação,<br />
sobretu<strong>do</strong> agrícola. Desta forma, apesar de gerarem impactes negativos, as<br />
barragens são muitas vezes as alternativas mais acertadas para responder às<br />
carências de água, que tendem a aumentar com a crescente evolução<br />
populacional, contribuin<strong>do</strong> igualmente para restabelecer o equilíbrio das águas<br />
subterrâneas. Ver águas subterrâneas, águas superficiais, captação.<br />
Berílio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origem em águas residuais<br />
industriais, poden<strong>do</strong> ser utiliza<strong>do</strong> no fabrico de ligas com cobre, usadas em<br />
reactores nucleares; óxi<strong>do</strong>s de berílio são usa<strong>do</strong>s na cerâmica e em reactores<br />
químicos. Este metal é resistente à oxidação pelo ar, mas reage com áci<strong>do</strong>s<br />
diluí<strong>do</strong>s (clorídrico e sulfúrico), e precipita a determina<strong>do</strong> pH, poden<strong>do</strong> estar<br />
envolvi<strong>do</strong> em ciclos bioquímicos complexos. O berílio e seus compostos são<br />
tóxicos, poden<strong>do</strong> provocar dermatites e <strong>do</strong>enças pulmonares muito graves.<br />
Bioacumulação/bioconcentração:<br />
Processo de acumulação ou concentração progressiva de uma substância em<br />
cada etapa da cadeia alimentar, poden<strong>do</strong> pôr em risco a saúde <strong>do</strong> Homem e <strong>do</strong>s<br />
outros animais e vegetais. Também é utiliza<strong>do</strong> para referência à capacidade que<br />
28
certas substâncias químicas têm para se acumularem ao longo <strong>do</strong> tempo em<br />
organismos vivos, em concentrações superiores às que se verificam na água ou<br />
alimento consumi<strong>do</strong> (mercúrio, cádmio, chumbo, compostos organoclora<strong>do</strong>s...).<br />
Bomba:<br />
Aparelho que fornece energia a um flui<strong>do</strong> por forma a deslocá-lo de um<br />
local/nível para outro, ou para aumentar a sua pressão. No caso das bombas<br />
centrífugas e das turbinas, os seus impulsores rotativos aumentam a velocidade<br />
<strong>do</strong> flui<strong>do</strong> e parte da energia que ele assim adquire é convertida em energia de<br />
compressão. As bombas de deslocamento (incluem pistões, êmbolos,<br />
engrenagens, hélices e bombas excêntricas) actuam directamente sobre o flui<strong>do</strong>,<br />
obrigan<strong>do</strong>-o a deslocar-se sob pressão. Ver estação elevatória de água.<br />
Boro:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que entra na composição de alguns<br />
detergentes, poden<strong>do</strong> integrar certos processos industriais, atingin<strong>do</strong> as águas<br />
por descargas de efluentes <strong>do</strong>mésticos e industriais, mas raramente é<br />
encontra<strong>do</strong> nas águas de consumo humano. Se for ingeri<strong>do</strong> na forma de borato<br />
ou de áci<strong>do</strong> bórico, o boro é absorvi<strong>do</strong> quase completamente no tracto intestinal.<br />
Se estiver presente na água em concentrações próximas de 1µg/L não apresenta<br />
perigo, muito embora tenha uma afinidade para o sistema nervoso.<br />
Bromato:<br />
Subproduto da ozonização quan<strong>do</strong> a água bruta contém o ião brometo, tóxico e<br />
potencialmente mutagénico a longo prazo. A sua taxa de formação depende da<br />
quantidade de matéria orgânica natural presente na água, da alcalinidade, e da<br />
<strong>do</strong>se de ozono aplicada.<br />
29
Cádmio:<br />
C<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas com origens antropogénicas, como<br />
certas indústrias, nomeadamente a metalúrgica, curtumes, produção de<br />
plásticos, explorações mineiras, e pode também resultar de resíduos de<br />
pesticidas e fertilizantes. Este metal pesa<strong>do</strong> é um <strong>do</strong>s mais perigosos poluentes<br />
ao nível <strong>do</strong>s recursos hídricos, é bioacumulável, e a sua ingestão pode ser fatal<br />
(a <strong>do</strong>se letal média é 0.027g/kg). Apesar de muitos <strong>do</strong>s efeitos que o cádmio<br />
potencialmente pode provocar não estarem suficientemente demonstra<strong>do</strong>s, o<br />
envenenamento crónico está associa<strong>do</strong> a danos no fíga<strong>do</strong>, rins e coração<br />
(nomeadamente hipertensão), haven<strong>do</strong> uma perda gradual de cálcio nos ossos.<br />
Podem também surgir danos nos aparelhos genitais, e efeitos mutagénicos,<br />
teratogénicos e cancerígenos. A água destinada ao consumo humano só pode<br />
conter um teor muito baixo deste elemento, de preferência na ordem de 1µg/L.<br />
Nas regiões cuja água de abastecimento tem um valor baixo de pH, o teor em<br />
cádmio geralmente é superior, pois originam uma maior corrosão das condutas<br />
de chumbo e cádmio.<br />
Cálcio:<br />
Parâmetro físico-químico com origens geológicas, e cuja presença e concentração<br />
na água depende das formações rochosas por ela atravessadas, encontran<strong>do</strong>-se<br />
na forma de carbonato de cálcio nas rochas calcárias. O cálcio é o principal<br />
elemento presente na água que contribui para a sua dureza, não sen<strong>do</strong> nem<br />
sintetiza<strong>do</strong> nem degrada<strong>do</strong> pelo organismo humano, mas “desloca<strong>do</strong>” nos<br />
sistemas biológicos conforme as necessidades. Tem um papel fundamental na<br />
constituição <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> ósseo, intervém no funcionamento <strong>do</strong>s músculos e vasos<br />
sanguíneos (vasoconstição), e ao nível neurológico na transmissão <strong>do</strong>s impulsos<br />
nervosos sen<strong>do</strong> um segun<strong>do</strong> mensageiro na transferência da mensagem entre<br />
células. Também intervém em muitas etapas da coagulação <strong>do</strong> sangue e em<br />
muitos outros <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> funcionamento químico <strong>do</strong> organismo. Quan<strong>do</strong> em<br />
30
excesso no sangue é sinal de morte celular, nomeadamente devi<strong>do</strong> a tumores<br />
ósseos, ou de excesso de actividade da paratiróide. Níveis baixos podem, por sua<br />
vez, resultar de deficiência de vitamina D, <strong>do</strong>ença renal, ou fraca actividade<br />
paratiroidea.<br />
As fontes mais importantes para a sua assimilação são os alimentos, no entanto<br />
deve existir sempre um residual na água para consumo, que deveria ser próximo<br />
de 40 mg/L, pois teores reduzi<strong>do</strong>s podem conduzir a <strong>do</strong>enças cardiovasculares.<br />
Ao nível <strong>do</strong> tratamento da água, esse residual tem de ser controla<strong>do</strong> visto que<br />
teores eleva<strong>do</strong>s traduzem-se na formação de depósitos de carbonato de cálcio, e<br />
teores reduzi<strong>do</strong>s podem conduzir a situações de corrosão. Por vezes, quan<strong>do</strong> a<br />
água é pouco mineralizada, torna-se mesmo necessário proceder-se à sua<br />
adição, por recarbonatação/remineralização.<br />
Nota: da<strong>do</strong> que os vários tipos de água para consumo à sua disposição têm<br />
origens diferentes (superficiais e subterrâneas destinadas ao consumo humano,<br />
águas minerais naturais e águas de nascente), também os seus teores em sais<br />
minerais são por vezes bastante diferentes. Neste senti<strong>do</strong>, é aconselhável que<br />
alterne o consumo de água, sobretu<strong>do</strong> se beber água com baixo teor em cálcio,<br />
ou com eleva<strong>do</strong> teor em sódio, pois o equilíbrio desses minerais é fundamental<br />
para o bom funcionamento <strong>do</strong> organismo.<br />
Carbonato de cálcio (CaCO3):<br />
Composto muito pouco solúvel na água que se decompõe por aquecimento<br />
forman<strong>do</strong> óxi<strong>do</strong> de cálcio (CaO - cal viva) e dióxi<strong>do</strong> de carbono. É utiliza<strong>do</strong> na<br />
produção de cal. Em termos sanitários, consoante as características da água para<br />
consumo humano, pode ser necessário controlar o seu pH por forma a que não<br />
ocorra a formação de depósitos de calcário, quan<strong>do</strong> a água é muito dura, ou<br />
fenómenos de corrosão, por dissolução <strong>do</strong>s carbonatos, quan<strong>do</strong> há deficiência<br />
destes compostos (água agressiva). Ver água agressiva, água dura, dureza total,<br />
amaciamento, correcção da agressividade.<br />
31
Ideias: como o calcário se deposita mais facilmente a temperaturas superiores a<br />
60°C, utilize os seus electro<strong>do</strong>mésticos a temperaturas inferiores, ou use<br />
produtos anticalcário; para lavar recipientes que tenham depósitos de calcário,<br />
use uma mistura de sal grosso e álcool de vinagre branco.<br />
Carbono:<br />
É um elemento não metálico, componente fundamental da matéria viva,<br />
juntamente com o hidrogénio, oxigénio e azoto. Está presente na atmosfera na<br />
forma de anidri<strong>do</strong> carbónico (CO2), e é introduzi<strong>do</strong> na matéria viva pela<br />
fotossíntese. Na natureza pode encontrar-se sob a forma de diamante,<br />
extremamente duro e com cristais altamente refractivos, e de grafite, substância<br />
mole, boa condutora de calor e electricidade.<br />
Carbono orgânico total (COT):<br />
É uma medida da matéria orgânica presente na água, sen<strong>do</strong> um indica<strong>do</strong>r da sua<br />
degradação. A maior parte <strong>do</strong>s compostos orgânicos são substâncias húmicas,<br />
procedentes da degradação microbiana e química de carbohidratos de lenhina e<br />
taninos de origem vegetal. Estes <strong>do</strong>is produtos combina<strong>do</strong>s formam o húmus<br />
(poliheterocondensa<strong>do</strong>s amorfos). Outras fontes naturais de substâncias<br />
orgânicas presentes na água são os microorganismos e produtos <strong>do</strong> seu<br />
metabolismo (metabolitos), e ainda os resíduos petrolíferos (metano,<br />
hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, etc.), que podem contaminar aquíferos<br />
situa<strong>do</strong>s nas proximidades <strong>do</strong>s depósitos naturais. Esta técnica permite detectar<br />
quantidades de matéria orgânica inferiores a 0.1 mg/L, mas sem distinguir entre<br />
carbono biodegradável e não biodegradável, nem determinar o grau de<br />
biodegradabilidade de cada substância. Não tem significa<strong>do</strong> específico em termos<br />
sanitários.<br />
Segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano<br />
qualquer causa de aumento das concentrações habituais deverá ser investigada.<br />
32
Carcinogénio/cancerígeno:<br />
Qualquer agente que provoque cancro, como o fumo <strong>do</strong> tabaco, certos químicos<br />
industriais (p.e., cloreto de vinilo, benzeno), radiação de ionização (p.e., raios-X<br />
e raios ultravioleta). A maior parte é também mutagéneo e teratogéneo.<br />
Captação:<br />
Local onde a água bruta é obtida, deven<strong>do</strong> ser o local mais adequa<strong>do</strong> para<br />
obtenção de uma água com qualidade e quantidade, por forma a que após o<br />
tratamento, sejam cumpridas as disposições legais, consoante o fim a que se<br />
destina. Devem ser respeita<strong>do</strong>s os recursos hídricos disponíveis, e ecossistemas<br />
envolventes.<br />
No caso das águas superficiais, a captação deve ser feita a montante das fontes<br />
polui<strong>do</strong>ras e da população a abastecer, situan<strong>do</strong>-se normalmente na parte<br />
central <strong>do</strong> curso de água, e próxima da superfície.<br />
Carvão Activa<strong>do</strong>:<br />
Utiliza<strong>do</strong> como adsorvente em certas Estações de Tratamento de Água, para a<br />
eliminação de microcontaminantes (principalmente THM), cheiros e sabores,<br />
hidrocarbonetos, pesticidas, detergentes e metais pesa<strong>do</strong>s. Costuma ser utiliza<strong>do</strong><br />
ou em pó, directamente num reactor, ou em grãos, na forma de leito, sen<strong>do</strong> que<br />
as suas propriedades como adsorvente variam num caso e noutro. Assim, no<br />
caso <strong>do</strong> carvão activa<strong>do</strong> em pó (PAC), as suas principais propriedades físicas são<br />
a filtrabilidade e densidade, ten<strong>do</strong> que se tomar as precauções necessárias para<br />
que não contamine a água filtrada. Quanto ao carvão activo granula<strong>do</strong> (GAC), as<br />
propriedades físicas mais importantes são a dureza e o tamanho <strong>do</strong>s grãos. Ver<br />
adsorção.<br />
33
Caudal:<br />
Quantidade de substância que passa num determina<strong>do</strong> ponto por unidade de<br />
tempo. Há diversas formas de quantificá-lo, mas relativamente à água é mais<br />
comum utilizar o caudal volúmico, expresso por m 3 /dia ou L/s. A sua medição é<br />
feita por intermédio de conta<strong>do</strong>res/caudalímetros.<br />
Cheiro:<br />
Parâmetro organoléptico que representa a detecção de substâncias voláteis<br />
contidas na água, poden<strong>do</strong> dever-se à existência de compostos orgânicos, sais<br />
inorgânicos ou gases dissolvi<strong>do</strong>s, de origens <strong>do</strong>mésticas, agrícolas ou naturais,<br />
estan<strong>do</strong> portanto associa<strong>do</strong> ou à contaminação na origem ou a um tratamento<br />
deficiente da água.<br />
Chuvas ácidas:<br />
<strong>Águas</strong> da chuva carregadas de áci<strong>do</strong> sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que existem<br />
na atmosfera fundamentalmente devi<strong>do</strong> à poluição industrial, através da queima<br />
de combustíveis, e à incineração de resíduos sóli<strong>do</strong>s. Por vezes essa queda de<br />
água dá-se sob a forma líquida acidificada, ou sob a forma de depósitos secos.<br />
As chuvas ácidas danificam os ecossistemas que atingem, nomeadamente<br />
florestas, rios e lagos e águas subterrâneas, e provocam a corrosão de diversos<br />
materiais de edifícios. No nosso país os seus efeitos são atenua<strong>do</strong>s pela<br />
existência de formações rochosas que provocam o afastamento das massas de ar<br />
contaminadas oriundas <strong>do</strong>s países europeus fortemente industrializa<strong>do</strong>s.<br />
Chumbo:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas com origem fundamentalmente<br />
industrial, utilizan<strong>do</strong>-se por exemplo, em baterias, ligas, balas, pesticidas,<br />
gasolina convencional, tintas e materiais de construção, nomeadamente nas<br />
redes prediais de distribuição de água e ramais de ligação construídas até há<br />
cerca de 50 anos. Juntamente com o mercúrio e o cádmio, é um <strong>do</strong>s poluentes<br />
34
da água que representa maiores riscos para a saúde pública. Trata-se de um<br />
poderoso neurotóxico, mesmo em pequenas concentrações, com tendência à<br />
bioconcentração, afectan<strong>do</strong> igualmente os músculos, os sistemas cardiovascular<br />
e renal, etc.. Um envenenamento agu<strong>do</strong> por chumbo provoca <strong>do</strong>res de<br />
estômago, de cabeça, tremuras, irritabilidade (esta<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> por Saturnismo)<br />
e ,em casos graves, coma e morte. A <strong>do</strong>se letal para os ratos é de 0.15 g/kg.<br />
Ainda que o chumbo que ingerimos tenha várias procedências, estu<strong>do</strong>s mostram<br />
que um aumento médio de 25 µg/L de sangue corresponderia a uma<br />
concentração média de 100 µg/L de água para consumo. As água ácidas, ricas<br />
em dióxi<strong>do</strong> de carbono, podem ter um poder dissolvente nas canalizações de<br />
chumbo antigas, poden<strong>do</strong> causar concentrações na ordem das centenas de µg/L,<br />
daí o risco de contaminações letais.<br />
Ideia: Se a sua canalização for antiga, não beba, nem utilize para preparar<br />
alimentos as primeiras águas da torneira, pois a água esteve parada a noite<br />
inteira em contacto com as paredes da tubagem, poden<strong>do</strong> haver a dissolução de<br />
chumbo e de outros elementos que podem ser prejudiciais à saúde. Mas não se<br />
esqueça de aproveitar essas águas para outros fins!<br />
Cianetos:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas de origem industrial, nomeadamente a<br />
metalurgia, produção de plásticos e fertilizantes. A sua maioria é biodegradável,<br />
poden<strong>do</strong> ser removi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s efluentes por tratamento químico antes da sua<br />
descarga no corpo de água receptor (o cloro geralmente decompõe eficazmente<br />
os cianetos remanescentes que possam ainda estar presentes na água bruta. No<br />
entanto, quan<strong>do</strong> presentes, são substâncias facilmente absorvidas pelos<br />
organismos, apresentan<strong>do</strong> um grau de toxicidade muito eleva<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong> a sua<br />
ingestão ser fatal. A intoxicação crónica caracteriza-se por problemas da tiróide e<br />
<strong>do</strong> sistema nervoso. A sua acção consiste basicamente no bloqueio <strong>do</strong>s<br />
mecanismos de oxidação da células carótidas e aórticas, o que leva à<br />
acumulação de produtos anaeróbios como o áci<strong>do</strong> láctico, estimulan<strong>do</strong> a<br />
respiração. No entanto, como os cianetos se combinam com o grupo <strong>do</strong> ferro<br />
catalítico da enzima citocromo-oxidase, impede a transferência de electrões para<br />
35
o oxigénio molecular, inibin<strong>do</strong> a sua absorção pelas células (asfixia). Por outro<br />
la<strong>do</strong>, também podem surgir convulsões e mesmo o coma devi<strong>do</strong> ao aumento de<br />
áci<strong>do</strong> láctico encefálico por ausência de oxidação da glucose.<br />
Cianobactérias/Cianofíceas/algas azuis:<br />
Organismos procarióticos (desprovi<strong>do</strong>s de núcleo), cujas paredes celulares são<br />
compostas por camadas de pepti<strong>do</strong>glicanos e lipopolissacári<strong>do</strong>s ao contrário das<br />
algas que têm paredes celulósicas. Estas algas tomam a designação de<br />
cianobactérias, visto que têm pigmentos fotossintéticos como as algas, mas<br />
apresentam características fisiológicas semelhantes às das bactérias. Estas<br />
espécies são capazes de seleccionar as profundidades em que as condições são<br />
mais favoráveis ao seu crescimento, poden<strong>do</strong>, por isso, encontrar-se a qualquer<br />
profundidade. Têm a capacidade de fixar o azoto atmosférico por isso, quan<strong>do</strong> o<br />
azoto é o factor limitante (o que implica que há muito fósforo), é necessário<br />
reduzir a concentração de compostos de fósforo. As condições em que<br />
normalmente produzem toxinas (neurotoxinas, hepatotoxinas e toxinas irritantes<br />
ao contacto directo) ainda não estão bem esclarecidas, mas sabe-se que pode<br />
ocorrer o colapso das suas florescências devi<strong>do</strong>: ou ao esgotamento de<br />
nutrientes, ou à diminuição da temperatura, ou à diminuição da intensidade<br />
luminosa. Há alguns aspectos detectáveis à vista desarmada, como a coloração e<br />
cheiro das florescências acumuladas nas margens das massas de água, que<br />
podem servir de alerta para situações graves, sobretu<strong>do</strong> nos locais de captação<br />
de água para abastecimento, mas também em qualquer local em que haja<br />
contacto com animais e pessoas: uma florescência recente apresenta em aspecto<br />
de tinta (a cor varia desde verde escuro ao castanho avermelha<strong>do</strong>, consoante o<br />
género de organismo em causa) e um cheiro semelhante ao da relva<br />
recentemente cortada. Uma florescência mais “velha” apresenta um cheiro<br />
semelhante ao das silagens fermentadas ou mesmo a lixo. Ver algas, bactérias,<br />
carvão activa<strong>do</strong>, toxinas.<br />
Curiosidade: as cianobactérias apareceram seguramente há cerca de 2000<br />
milhões de anos, e algumas constituem possivelmente os ancestrais <strong>do</strong>s<br />
36
cloroplastos (organitos próprios das plantas que contém clorofila, onde se<br />
processa a fotossíntese).<br />
Ciclo Hidrológico ou Ciclo da Água:<br />
Pode ser defini<strong>do</strong> como uma sequência fechada de fenómenos através <strong>do</strong>s quais<br />
a água passa <strong>do</strong> globo terrestre para a atmosfera na fase de vapor, onde<br />
permanece em média 8 dias, e regressa ao mesmo nas fases líquida e sólida.<br />
Este movimento da água é manti<strong>do</strong> pela radiação solar e pela atracção gravítica.<br />
A água é transferida para a atmosfera de duas formas: por evaporação das<br />
massas de água (oceanos, rios, lagos,...), ou por transpiração de animais e<br />
plantas. Ao conjunto destes <strong>do</strong>is factores chama-se evapotranspiração. À medida<br />
que o ar húmi<strong>do</strong> sobe, arrefece, e quan<strong>do</strong> em quantidade suficiente, ocorre a sua<br />
condensação em pequenos cristais, que crescem forman<strong>do</strong> gotas, ou flocos de<br />
neve. Estes, ao atingirem peso suficiente caem, ocorren<strong>do</strong> a precipitação, sob a<br />
forma de chuva, granizo ou neve. À medida que a precipitação atinge a superfície<br />
terrestre, a água pode tomar <strong>do</strong>is caminhos: alimentar directamente os cursos<br />
de água (riachos, ribeiras, lagos, rios, mares e oceanos), constituin<strong>do</strong> o<br />
escoamento superficial, poden<strong>do</strong> haver a sua intercepção em edifícios, poças,<br />
etc., ou penetrar nos solos por infiltração, in<strong>do</strong> constituir a reserva de água<br />
superficial que alimenta a evapotranspiração, ou atingir os lençóis de água<br />
subterrânea, os quais dependen<strong>do</strong> da estação <strong>do</strong> ano, podem alimentar os rios.<br />
As plantas absorvem a água <strong>do</strong> solo, e o Homem e os animais consomem a água<br />
<strong>do</strong>ce, eliminan<strong>do</strong>-a pela transpiração, por excreções várias e quan<strong>do</strong> morrem. O<br />
Homem ainda a rejeita sob a forma de resíduos sóli<strong>do</strong>s e águas residuais<br />
(<strong>do</strong>mésticas, agrícolas e industriais), que atingem os cursos de água, e o solo.<br />
A soma das evaporações igual à soma das precipitações, e ainda que chova mais<br />
<strong>do</strong> que se evapora nos continentes, e menos <strong>do</strong> que se evapora nos oceanos, os<br />
continentes reenviam o excedente para os oceanos, e o ciclo da água acaba por<br />
se equilibrar. É devi<strong>do</strong> a estes fenómenos que a água que existe actualmente é a<br />
mesma que existia há muitos milhões de anos! Ver escoamento superficial,<br />
evaporação, infiltração, precipitação.<br />
37
Cloração/cloragem:<br />
Tratamento de água com cloro para sua oxidação ou para a desinfecção. Muito<br />
embora o principal objectivo da cloração seja a destruição de microorganismos,<br />
graças ao poder germicida <strong>do</strong> cloro, o seu poder de oxidação é de grande<br />
importância, nomeadamente quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na pré-oxidação da água bruta.<br />
Promove a oxidação de substâncias inorgânicas reduzidas, como o ferro,<br />
manganês, e sulfuretos, elimina compostos que produzem cheiro e sabor, algas e<br />
microorganismos, e tem um efeito de coadjuvante da coagulação. Ver cloro,<br />
desinfecção, oxidação, pré-cloragem.<br />
Cloretos:<br />
Parâmetro físico-químico que pode ter várias origens. É um <strong>do</strong>s aniões<br />
pre<strong>do</strong>minantes na água, e ocorre naturalmente nos meios hídricos sob a forma<br />
de sais (p.e., de sódio, potássio e cálcio), poden<strong>do</strong> alcançar as águas <strong>do</strong>ces por<br />
intrusão salina ou pelos efeitos das marés, às vezes atingin<strong>do</strong> concentrações<br />
excessivas. Também podem ser sinal de contaminação, pois encontram-se em<br />
grandes quantidades nas excreções humanas e animais (poden<strong>do</strong> mesmo<br />
utilizar-se como indica<strong>do</strong>r de contaminação fecal). Outras origens <strong>do</strong>s cloretos<br />
são os efluentes industriais, escorrências ou infiltração através de alguns tipos de<br />
solos e condições climatéricas (sen<strong>do</strong> transporta<strong>do</strong>s pelas chuvas ou ventos). A<br />
sua presença em valores eleva<strong>do</strong>s causa efeitos nefastos, tornan<strong>do</strong> a água<br />
imprópria para consumo e para a rega. Ao nível <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, e quan<strong>do</strong> em<br />
concentrações elevadas, a sua presença manifesta-se principalmente ao nível<br />
das características organolépticas, conferin<strong>do</strong> um sabor desagradável, e provoca<br />
a corrosão de tubagens. Valores muito eleva<strong>do</strong>s, acima de 200 mg/L, podem ter<br />
consequências cardiovasculares.<br />
Cloro:<br />
É um gás muito tóxico, de cor amarelo-esverdea<strong>do</strong>, abundante na natureza na<br />
forma de cloreto de sódio na água <strong>do</strong> mar. Tem muitas aplicações como oxidante<br />
38
e desinfectante, nomeadamente no controlo da contaminação da água causada<br />
por microorganismos patogénicos, como bactérias, vírus, fungos, protozoários e<br />
suas formas resistentes, mas também como branquea<strong>do</strong>r e na produção de um<br />
grande número de químicos orgânicos. Além de ser o desinfectante por<br />
excelência, é muitas vezes utiliza<strong>do</strong> na pré-oxidação da água nas ETA’s,<br />
melhoran<strong>do</strong> as fases de tratamento seguintes, e reduzin<strong>do</strong> a <strong>do</strong>sagem a aplicar<br />
na desinfecção final. O seu uso tem, no entanto, que ser bem pondera<strong>do</strong> devi<strong>do</strong><br />
à formação de subprodutos como é o caso <strong>do</strong>s trihalometanos, resultantes da<br />
sua reacção com as substâncias orgânicas contidas na água bruta. O uso de cloro<br />
no tratamento da água também pode originar a formação de compostos que<br />
conferem sabor e cheiro desagradáveis, mesmo a baixas concentrações, como é<br />
o caso <strong>do</strong>s clorofenóis. Ver cloro residual disponível, desinfecção, pré-cloragem,<br />
trihalometanos.<br />
Ideias: Se a água que sai da torneira souber a cloro, pode eliminá-lo colocan<strong>do</strong> a<br />
água numa jarra ou garrafa coberta, p.e., com um guardanapo, e dentro <strong>do</strong><br />
frigorífico, ou adicionar algumas gotas de sumo de limão, que disfarça o sabor.<br />
Não se esqueça de lavar o recipiente em que coloca a água após cada utilização,<br />
e renove a água de <strong>do</strong>is em <strong>do</strong>is dias.<br />
Cloro residual disponível:<br />
O cloro é utiliza<strong>do</strong> para a desinfecção da água de abastecimento destinada ao<br />
consumo humano, ou seja, para destruir ou inactivar to<strong>do</strong>s os microorganismos<br />
patogénicos existentes.<br />
O cloro pode ocorrer na natureza com vários esta<strong>do</strong>s de oxidação, e desses<br />
apenas os compostos que têm números de oxidação positivos podem apresentar<br />
características desinfectantes, daí a designação de cloro disponível para<br />
desinfecção/desinfectante/activo. Ao se aplicar o cloro à água a desinfectar,<br />
ocorrem reacções de oxidação entre o cloro e vários tipos de compostos<br />
(compostos inorgânicos reduzi<strong>do</strong>s; compostos produtores de cheiros e sabores;<br />
algas e microorganismos), forman<strong>do</strong>-se compostos clora<strong>do</strong>s, nem to<strong>do</strong>s com<br />
poder desinfectante. Além disso, o cloro disponível para desinfecção, pode estar<br />
39
combina<strong>do</strong> ou não, pelo que é comum a distinção entre cloro disponível livre (na<br />
forma de cloro molecular, de áci<strong>do</strong> hipocloroso, de ião hipoclorito ou de uma<br />
mistura destas três formas) e cloro disponível combina<strong>do</strong> (cloro quimicamente<br />
combina<strong>do</strong> com amoníaco ou com compostos orgânicos cloroazota<strong>do</strong>s, forman<strong>do</strong><br />
cloraminas), com menor poder desinfectante.<br />
A concentração de cloro disponível na água vai varian<strong>do</strong> com a <strong>do</strong>se de cloro<br />
aplicada, variação essa que não é linear. Só a partir de determinada <strong>do</strong>sagem<br />
existe cloro residual livre, disponível para a desinfecção, o qual deve ser manti<strong>do</strong><br />
ou mesmo aumenta<strong>do</strong> tanto na ETA (completan<strong>do</strong> a oxidação de compostos<br />
difíceis de degradar) como no sistema de distribuição, por forma a garantir<br />
protecção contra qualquer contaminação posterior que a água possa sofrer até<br />
chegar ao consumi<strong>do</strong>r (o cloro tem tendência a desaparecer da água em função<br />
<strong>do</strong> seu tempo de permanência nas condutas, e muitas vezes o trajecto desde a<br />
ETA até aos reservatórios é de alguns quilómetros).<br />
O cloro residual presente na água ao nível <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r deverá ter uma<br />
concentração próxima de 0.2-0.3 mg/L, segun<strong>do</strong> a OMS, valores que não<br />
oferecem qualquer toxicidade para o consumi<strong>do</strong>r, mesmo que ligeiramente<br />
superior, muito embora possam ocorrer algumas colites e acidentes patológicos.<br />
Ver desinfecção, THM’s.<br />
Clorofila:<br />
Um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pigmentos (clorofila α e clorofila β) responsável pela cor verde da<br />
maioria das plantas. As moléculas de clorofila têm o papel fundamental na<br />
absorção de luz nas reacções de fotossíntese. Ver fotossíntese.<br />
Clostrídios sulfitoredutores:<br />
São bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal, de morfologia bacilar (em<br />
forma de bastonete), gram positivas, anaeróbias obrigatórias, com capacidade<br />
de formar en<strong>do</strong>sporos, e com actividade sulfitoredutora (reduzem o sulfito de<br />
sódio na presença de sais de ferro, produzin<strong>do</strong> sulfureto de hidrogénio). A<br />
pesquisa de bactérias sulfitoredutoras deve limitar-se ao Clostridium perfrigens,<br />
40
pois é a única espécie <strong>do</strong> género que pode ter origem fecal. No entanto, a<br />
presença destas bactérias na água indica a possibilidade de haver uma<br />
contaminação antiga, já que são microorganismos produtores de esporos, o que<br />
os torna muito mais resistentes que os C.F. e C.T.. A sua existência é pois<br />
especialmente importante na verificação da eficiência das etapas de<br />
floculação/filtração. O seu número na água é muito inferior que o de C.T. e E.F.,<br />
mas em águas com poucos E.F. pode levantar suspeitas da existência de uma<br />
contaminação antiga, o que se pode confirmar, por exemplo, com um diagnóstico<br />
indirecto pela presença de bacteriófagos fecais.<br />
Segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano<br />
devem estar ausentes.<br />
Coagulação:<br />
O processo de coagulação/floculação é apoia<strong>do</strong> nas câmaras de mistura rápida, e<br />
tem como objectivo eliminar as partículas em suspensão que conferem turvação<br />
e cor à água, que provocam sabores e cheiros, bactérias e outros<br />
microorganismos, algas e outros organismos planctónicos (partículas coloidais).<br />
Pode-se definir a coagulação química como um processo de desestabilização <strong>do</strong>s<br />
colóides por meio de reagentes químicos que anulam as forças repulsivas, e faz-<br />
se por adição de um coagulante (p.e. sulfatos e policloretos de alumínio, cloretos<br />
férricos, etc.) o qual é rapidamente disperso na massa líquida, neutralizan<strong>do</strong> as<br />
cargas superficiais negativas <strong>do</strong>s colóides. Desta forma ocorre a sua agregação a<br />
outras partículas que crescem, forman<strong>do</strong> flocos, e ganham um peso tal que<br />
permite a sua separação da fase líquida por sedimentação.<br />
Há diversos factores que intervém no processo de coagulação química, os quais<br />
estão directamente relaciona<strong>do</strong>s com a qualidade da água bruta, sobretu<strong>do</strong>: tipo<br />
e a quantidade de coagulante a utilizar, temperatura da água, tempo de mistura,<br />
pH, alcalinidade. Ver coagulante, floculação, mistura rápida, partículas coloidais.<br />
Coagulante:<br />
41
As partículas coloidais que existem na água bruta têm dimensões muito<br />
pequenas para sedimentarem num perío<strong>do</strong> de tempo razoável, pelo que a<br />
filtração, por si só, não é suficiente para as eliminar, por não ser possível retê-las<br />
no meio filtrante. Além disso, devi<strong>do</strong> às suas cargas superficiais negativas,<br />
repelem-se umas às outras, manten<strong>do</strong>-se em suspensão. Então, para ser<br />
possível a sua sedimentação, utiliza-se um reagente químico – coagulante -, que<br />
no caso das águas para consumo humano é geralmente um sal de alumínio ou<br />
ferro (sulfato de alumínio, policloreto de alumínio, etc.) promoven<strong>do</strong> a<br />
coagulação/floculação. A adição <strong>do</strong> coagulante é acompanhada por agitação<br />
mecânica para uma rápida e homogénea dispersão na massa de água.<br />
Principais propriedades que o coagulante deve ter :<br />
catião trivalente, que é o mais eficiente na neutralização das cargas<br />
negativas <strong>do</strong>s colóides (Al 3+ , Fe 3+ );<br />
não tóxico;<br />
deve formar precipita<strong>do</strong>s por forma a que o catião não permaneça na<br />
água.<br />
O tipo de coagulante a utilizar e a sua <strong>do</strong>sagem dependem obviamente das<br />
características da água bruta, sen<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong>s testes em laboratório para a sua<br />
determinação (“Jar test”). A sua optimização é de grande importância pois o<br />
alumínio residual na água ao nível <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r deve ser o menor possível. Ver<br />
alumínio, coagulação, floculação.<br />
Curiosidade: o sulfato de alumínio é o coagulante actualmente mais utiliza<strong>do</strong> no<br />
tratamento de água destinada ao consumo humano, e já é conheci<strong>do</strong> desde o<br />
tempo <strong>do</strong>s Egípcios, 2000 A.C., ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> comercializa<strong>do</strong> até 1461, quan<strong>do</strong> o<br />
Papa Pio II se propôs a criar o monopólio da sua produção. A sua utilização como<br />
coagulante em grandes sistemas de abastecimento de água só teve lugar em<br />
1881, em Bolton (Inglaterra).<br />
Cobalto:<br />
42
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, tem origens antropogénicas<br />
(certas indústrias) e naturais (rochas <strong>do</strong> tipo silicioso). Em termos <strong>do</strong>s seus<br />
efeitos sobre a saúde, actua sobre o sistema neurovegetativo e cardiovascular,<br />
sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> o agente indutor <strong>do</strong> bócio.<br />
Cobre:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis com origens antropogénicas, sen<strong>do</strong><br />
raramente encontra<strong>do</strong> em águas não poluídas. A sua principal fonte na água para<br />
consumo é a corrosão que pode ocorrer nos sistemas de distribuição. É um<br />
elemento essencial ao Homem, entran<strong>do</strong> na formação <strong>do</strong>s eritrócitos (glóbulos<br />
vermelhos), na libertação <strong>do</strong> ferro tecidular, desenvolvimento <strong>do</strong>s ossos, <strong>do</strong><br />
sistema nervoso central e <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> conjuntivo. Da<strong>do</strong> que os alimentos contém<br />
um eleva<strong>do</strong> teor neste elemento, não é comum a ocorrência de carências. Uma<br />
curta exposição, por ingestão de <strong>do</strong>ses excessivas, pode causar problemas<br />
gastrointestinais, e uma exposição a longo prazo afecta os sistemas nervoso e<br />
renal, por irritação e corrosão graves das mucosas, afectan<strong>do</strong> os vasos capilares,<br />
causan<strong>do</strong> também lesões hepáticas, e uma irritação <strong>do</strong> sistema nervoso seguida<br />
de esta<strong>do</strong>s de depressão. Se as suas concentrações forem superiores a 5 mg/L<br />
há a alteração das características organolépticas da água, conferin<strong>do</strong>-lhe um<br />
sabor adstringente desagradável, e há pessoas que para valores superiores a 3<br />
mg/L sofrem de irritação gástrica aguda. As lesões hepáticas geralmente<br />
ocorrem em indivíduos com deficiências no mecanismo de regulação <strong>do</strong> cobre, e<br />
a longo prazo, ou em bebés, pois neles o metabolismo <strong>do</strong> cobre ainda não está<br />
totalmente desenvolvi<strong>do</strong>. Em termos <strong>do</strong>s seus efeitos nos sistemas de<br />
distribuição de água para consumo, há o aumento da corrosão quan<strong>do</strong> os<br />
materiais são de ferro galvaniza<strong>do</strong>, aço, zinco e alumínio, produz manchas na<br />
roupa e loiça sanitária se a concentração for superior a 3 mg/L, e provoca o<br />
enegrecimento de alimentos durante a cozedura.<br />
43
Coliformes:<br />
Bactérias muito comuns no Ambiente, sen<strong>do</strong> desde há muito utilizadas como<br />
indica<strong>do</strong>res de contaminação fecal, devi<strong>do</strong> à simplicidade de análise e detecção,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> presentes em baixo número. Este grupo contém espécies que se<br />
multiplicam na água, mas não têm origem fecal, e outras termotolerantes, como<br />
a Escherichia coli, utilizada como bactéria indica<strong>do</strong>ra de contaminação fecal.<br />
A sua presença na água para consumo pode indicar deficiências no processo de<br />
tratamento, ou ocorrência de contaminação da água após tratamento. Ver<br />
bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal, coliformes totais e fecais.<br />
Coliformes Fecais (C.F.):<br />
São bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal, e integram os coliformes totais<br />
que sejam capazes de fermentar a lactose com produção de áci<strong>do</strong> e gás quan<strong>do</strong><br />
incubam em meio apropria<strong>do</strong> a 44°C em 24 horas (são termotolerantes). Os seus<br />
habitats são as fezes humanas e animais, águas superficiais poluídas e águas<br />
residuais.<br />
Os C.F. encontram-se em maior número que os E.F. nas fezes humanas.<br />
Coliformes totais (C.T.):<br />
São bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal, de morfologia bacilar (em<br />
forma de bastonete), gram negativas, aeróbias e/ou anaeróbias facultativas, com<br />
reacção de oxidase negativa, não esporuladas e capazes de fermentar a lactose<br />
com produção de áci<strong>do</strong> e gás em 48 horas a 37°C. São exemplos os géneros<br />
Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter.<br />
A concentração de coliformes totais nas águas naturais depende da temperatura<br />
da água e <strong>do</strong> arraste de terras e solos causa<strong>do</strong> pelas chuvas, o que leva à<br />
entrada de águas turvas no meio hídrico. Então, valores eleva<strong>do</strong>s de turvação e<br />
de matéria orgânica podem ser sinais de um número eleva<strong>do</strong> de coliformes<br />
44
totais, pois este tipo de microorganismos desenvolve-se na sua presença. No<br />
entanto, certas espécies estão frequentemente associadas a restos vegetais ou<br />
constituem uma população habitual não só de águas superficiais como <strong>do</strong> solo.<br />
Assim, a sua presença não significa necessariamente a existência de organismos<br />
de origem fecal, especialmente em países quentes onde os coliformes de outras<br />
origens podem ser abundantes.<br />
Os C.T. assumem grande importância nas águas de abastecimento tratadas e<br />
desinfectadas com cloro, sen<strong>do</strong> os melhores indica<strong>do</strong>res de contaminação global<br />
por materiais de origem fecal.<br />
Composto:<br />
Substância formada pela combinação de elementos em proporções fixas. Ao<br />
contrário das misturas, não podem ser separa<strong>do</strong>s por meios físicos.<br />
Concentração:<br />
Quantidade de determinada substância dissolvida (soluto) por unidade de<br />
quantidade de solvente em solução. Pode ser medida de várias formas, mas<br />
relativamente aos parâmetros referi<strong>do</strong>s a expressão mais comum é a de<br />
concentração em massa, i.e., massa <strong>do</strong> soluto por unidade de volume de<br />
solvente, nomeadamente Kg/dm 3 , mg/L (ou ppm), µg/L (ou ppb).<br />
Condutividade:<br />
Parâmetro físico-químico que mostra o conteú<strong>do</strong> salino da água, por medição da<br />
carga de corrente eléctrica da solução aquosa, que depende das substâncias de<br />
carácter iónico presentes, permitin<strong>do</strong> apreciar directamente a mineralização<br />
dessa água. Por exemplo, um água que apresente um condutividade entre 200 e<br />
700 apresenta uma mineralização média. Em termos de saúde pública não<br />
oferece, por si só, perigos, mas consoante a natureza das substâncias pode<br />
apresentar riscos para o consumi<strong>do</strong>r. Valores eleva<strong>do</strong>s podem conferir sabores<br />
45
desagradáveis à água, e conduzir à formação de depósitos e/ou corrosão de<br />
tubagens.<br />
Contaminação:<br />
Qualquer alteração na composição ou esta<strong>do</strong> da água como consequência directa<br />
ou indirecta das actividades humanas, tornan<strong>do</strong>-a inadequada para o seu uso.<br />
Além <strong>do</strong>s riscos directos de contaminação, há que considerar igualmente os<br />
indirectos, como p.e. os ambientais, a eutrofização e a contaminação de<br />
alimentos.<br />
Contaminação antropogénica:<br />
Resulta da actividade <strong>do</strong> Homem, e deve-se sobretu<strong>do</strong> ao desenvolvimento<br />
industrial. Os danos causa<strong>do</strong>s tanto aos seres vivos, como ao ambiente onde<br />
estes agentes são descarrega<strong>do</strong>s, devem-se não só às características destes,<br />
mas também à sua elevada concentração.<br />
Contaminação natural:<br />
A água na natureza não se encontra pura, já que contém várias substâncias que<br />
resultam <strong>do</strong> equilíbrio dinâmico da Terra, actividade geofísica e ciclo hidrológico,<br />
que levam à deposição atmosférica e a arrastamento dessas substâncias.<br />
Controlo da qualidade da água de abastecimento:<br />
As entidades responsáveis pela gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos em sistemas<br />
naturais ou as entidades gestoras <strong>do</strong>s sistemas de abastecimento de água<br />
destinada ao consumo humano empreendem uma conjunto de acções de<br />
avaliação da qualidade da água de uma forma regular de mo<strong>do</strong> a que esta<br />
mantenha a sua qualidade de acor<strong>do</strong> com os padrões ou normas<br />
regulamenta<strong>do</strong>s. No que respeita à qualidade da água para consumo humano, as<br />
entidades responsáveis fazem o seu controlo da qualidade analisan<strong>do</strong> uma série<br />
de parâmetros estipula<strong>do</strong>s pela Lei.<br />
46
Cor:<br />
Parâmetro organoléptico, que embora por si só não seja significativo em termos<br />
de saúde pública, é esteticamente desagradável, e sugere que a água requer um<br />
tratamento adequa<strong>do</strong>. Normalmente, as cores mais associadas à água bruta são<br />
o amarelo e o castanho, as quais se devem à presença de óxi<strong>do</strong>s de ferro e de<br />
manganês, que permanecem estáveis por estarem liga<strong>do</strong>s a biofilmes.<br />
Geralmente, e no caso de a água bruta não se encontrar poluída, a sua cor é<br />
causada pela presença de áci<strong>do</strong>s húmicos e fúlvicos. Se ocorrer poluição<br />
industrial, a água bruta pode apresentar uma gama de cores muito variada. Se a<br />
cor se dever à presença de substâncias orgânicas dissolvidas ou coloidais,<br />
designa-se cor verdadeira, e se for devida a materiais em suspensão, cor<br />
aparente. Esporadicamente o desenvolvimento excessivo de algas ou de<br />
microorganismos aquáticos podem igualmente conferir cor à água. Uma água<br />
tratada que tenha compostos de ferro ou manganês, de origem ou devi<strong>do</strong> a<br />
fenómenos de corrosão das tubagens com que contacta, pode ter o<br />
inconveniente de causar manchas na roupa e loiça.<br />
Correcção da agressividade:<br />
Se a água a distribuir para consumo humano apresentar características<br />
agressivas tais que possam provocar a corrosão de vários componentes <strong>do</strong><br />
sistema de abastecimento, torna-se necessário proceder à correcção <strong>do</strong> seu pH<br />
final, após filtração. Geralmente esta é feita com suspensão de leite de cal, que<br />
sen<strong>do</strong> alcalina eleva o pH da água. A neutralização <strong>do</strong> dióxi<strong>do</strong> de carbono<br />
agressivo permite diminuir ou eliminar uma das causas deste ataque<br />
electroquímico, pelo que o aumento da alcalinidade, ou a presença de sais<br />
deriva<strong>do</strong>s de áci<strong>do</strong>s fracos originam a deposição de uma película que protege a<br />
estrutura da corrosão. Ver água agressiva, correcção <strong>do</strong> pH da água,<br />
remineralização.<br />
47
Correcção <strong>do</strong> pH da água:<br />
Ou neutralização, é feita para restabelecer o equilíbrio carbónico da água, com a<br />
finalidade de proteger as condutas da corrosão ou das incrustações, consoante a<br />
água for agressiva ou dura, respectivamente. Numa ETA, no caso de ser<br />
necessário elevar o pH, pode-se utilizar suspensão de leite de cal na fase de<br />
floculação, ou após filtração .Ver correcção da agressividade, corrosão.<br />
Corrosão:<br />
Pode dever-se ao ataque químico ou electroquímico à superfície de um metal.<br />
Sen<strong>do</strong> a água o solvente universal, pode existir em solução uma grande<br />
variedade de substâncias e gases. Se a água for pouco mineralizada, destilada<br />
ou dessalinizada, ou seja, com poucas substâncias dissolvidas ou nenhumas,<br />
então trata-se de uma água agressiva para os metais e para o cimento. O facto<br />
de uma água apresentar características corrosivas deve-se fundamentalmente a<br />
um pH baixo, a uma elevada concentração de dióxi<strong>do</strong> de carbono livre, ou à<br />
ausência ou baixo valor de alcalinidade. O enferrujamento é a corrosão <strong>do</strong> ferro<br />
(ou aço), forman<strong>do</strong>-se um óxi<strong>do</strong> de ferro, e ocorre na presença tanto de água<br />
como de oxigénio.<br />
Se existirem condições anaeróbicas, i.e., a ausência de oxigénio, pode haver o<br />
desenvolvimento de bactérias sulfatoredutoras (Desulfovibrio desulfuricans),<br />
causa<strong>do</strong>ras da corrosão de estruturas de ferro, devi<strong>do</strong> à acção <strong>do</strong> sulfureto de<br />
hidrogénio que produzem, ten<strong>do</strong> como produto final o sulfureto de ferro.<br />
Também pode ocorrer corrosão física de condutas, bombas e válvulas devi<strong>do</strong> à<br />
cavitação, fenómeno hidráulico que se deve à existência de grandes velocidades<br />
da água no interior de condutas, e que pode causar a erosão da sua superfície.<br />
Ver agressividade, anidri<strong>do</strong> carbónico, golpe de aríete.<br />
Crómio:<br />
48
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origens naturais (rochas e solos,<br />
em pequenas concentrações) e industriais. É um elemento essencial à vida,<br />
sen<strong>do</strong> que a ingestão de pequenas quantidades (na ordem de vários<br />
microgramas) é considerada como útil ao metabolismo da glucose, haven<strong>do</strong><br />
mesmo quem afirme que exerce uma acção protectora contra a arteriosclerose.<br />
Contu<strong>do</strong>, é um elemento tóxico, sobretu<strong>do</strong> aos níveis hepático e renal, poden<strong>do</strong><br />
ser cancerígeno (especialmente via respiratória). A sua forma hexavalente é<br />
mais tóxica que a trivalente.<br />
Decantação:<br />
D<br />
Separação das fases líquida e sólida, devi<strong>do</strong> à deposição das partículas sólidas<br />
em suspensão na água. Esta deposição é resulta<strong>do</strong> da forte diminuição da<br />
velocidade de escoamento, o que provoca a queda <strong>do</strong>s flocos mais pesa<strong>do</strong>s, por<br />
acção da força gravítica, por terem um peso específico superior ao da água. Os<br />
flocos mais leves podem ainda ser reti<strong>do</strong>s em lamelas inclinadas, se o<br />
decanta<strong>do</strong>r for <strong>do</strong> tipo lamelar.<br />
Os flocos são extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r sob a forma de lamas com a ajuda de uma<br />
ponte raspa<strong>do</strong>ra, sen<strong>do</strong> espessadas mecanicamente e posteriormente conduzidas<br />
ao seu tratamento. Uma fracção destas lamas pode ser recirculada para as<br />
câmaras de floculação por forma a favorecer o contacto entre as partículas<br />
coloidais e os flocos já forma<strong>do</strong>s.<br />
A água decantada sai <strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r por descarga de superfície e segue para a<br />
fase seguinte – filtração. Ver desidratação das lamas, filtração, flocos, lamas.<br />
Decomposição:<br />
49
Reacção química na qual um composto se separa em compostos mais simples ou<br />
em elementos.<br />
Degradação:<br />
Tipo de reacção química orgânica na qual um composto é converti<strong>do</strong> em<br />
compostos mais simples por etapas.<br />
Desidratação das lamas:<br />
As lamas produzidas nos processos de tratamento da água para consumo<br />
provém da coagulação/floculação, sen<strong>do</strong> extraídas <strong>do</strong>s decanta<strong>do</strong>res, e ainda da<br />
água de lavagem <strong>do</strong>s filtros, após a sua equalização e decantação. As lamas<br />
sofrem condicionamento com suspensão de leite de cal e polielectrólito, sen<strong>do</strong><br />
assim concentradas antes de se proceder à sua desidratação, que fica assim<br />
mais facilitada. O méto<strong>do</strong> para realizar a sua desidratação é função <strong>do</strong> grau de<br />
humidade necessário para a sua deposição no ambiente, e logicamente <strong>do</strong>s<br />
custos envolvi<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> de transporte.<br />
Há vários processos de desidratação das lamas, como os filtros banda, centrífuga<br />
e os filtros prensa. Relativamente ao filtros prensa, existentes nas ETA's <strong>do</strong>s<br />
Sistemas geri<strong>do</strong>s pela <strong>Águas</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>, S.A., estes são constituí<strong>do</strong>s por 120<br />
placas verticais revestidas com tela e sub-tela, as quais vão conter e suportar a<br />
lama. A lama condicionada é introduzida no filtro por bombagem, passan<strong>do</strong><br />
através <strong>do</strong>s conjuntos placa+revestimento em to<strong>do</strong> o seu comprimento, e<br />
preenchen<strong>do</strong> o espaço eles, onde forma o “bolo” de lama, que juntamente com a<br />
tela+subtela constitui o meio filtrante. A pressão vai aumentan<strong>do</strong> gradualmente<br />
até que não há mais injecção de lama, pois tal pode ser contraproducente, e<br />
mantém-se esta pressão, perío<strong>do</strong> em que vai sen<strong>do</strong> retira<strong>do</strong> o filtra<strong>do</strong>, obten<strong>do</strong>-<br />
se os “bolos” de lama seca pretendi<strong>do</strong>s. O filtro é então aberto e a lama seca cai<br />
<strong>do</strong> espaço entre placas para os tapetes transporta<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> então conduzida<br />
para o seu destino final. As telas têm de ser frequentemente lavadas com água a<br />
50
alta pressão, e periodicamente com áci<strong>do</strong>, pois têm um eleva<strong>do</strong> teor em cal, e os<br />
filtros funcionam a altas pressões (entre 700 e 1700 KPa). Ver filtração, lamas.<br />
Desinfecção da água:<br />
Tem como objectivo a inactivação ou destruição <strong>do</strong>s microorganismos<br />
patogénicos de transmissão hídrica, como as bactérias, vírus, protozoários e<br />
fungos, bem como as suas formas resistentes (esporos, cistos).<br />
Relativamente à água destinada ao consumo humano a desinfecção realizada nas<br />
Estações de Tratamento de Água é geralmente feita com cloro gasoso, após<br />
filtração, e antes de distribuir a água para os consumi<strong>do</strong>res. É uma medida de<br />
protecção contra possíveis contaminações da água que possam ocorrer ao longo<br />
da rede e até estar disponível ao consumi<strong>do</strong>r, garantin<strong>do</strong> assim a sua<br />
potabilidade. Por vezes, devi<strong>do</strong> à distância entre a ETA e os locais onde a água é<br />
entregue serem grandes, torna-se necessário fazer a sua recloragem.<br />
Para o tratamento de menores volumes de água, e consoante o fim a que se<br />
destina a água, por vezes a sua desinfecção é feita por méto<strong>do</strong>s físicos (energia<br />
térmica e as radiações de alta frequência, como a Radiação U.V.), ou por outros<br />
méto<strong>do</strong>s químicos, nomeadamente com ozono. Ver cloro, ozono, radiação U.V..<br />
Dessalinização:<br />
Processo através <strong>do</strong> qual se removem os sais em excesso da água <strong>do</strong> mar, ou de<br />
outras fontes, por forma a poder ser utilizada para irrigação da terra ou para<br />
abastecimento de água para consumo público.<br />
É um processo dispendioso, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> em países ricos <strong>do</strong> Médio Oriente<br />
com problemas de falta de água, como a Israel. Os méto<strong>do</strong>s empregues incluem<br />
evaporação, muitas vezes sobre pressões reduzidas (a água é evaporada, e o<br />
vapor é condensa<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> os sais reti<strong>do</strong>s no recipiente onde se deu a<br />
evaporação), congelação, osmose inversa, electrodiálise e permuta iónica. Ver<br />
osmose inversa, salinidade e salinização.<br />
51
Dióxi<strong>do</strong> de cloro:<br />
Gás de cor vermelho-amarelada, de cheiro forte, solúvel em água fria, mas<br />
decompõe-se em água quente, com a formação de áci<strong>do</strong> perclórico, cloro e<br />
oxigénio. Este composto pode ter várias aplicações, nomeadamente como<br />
branquea<strong>do</strong>r, na moagem de farinha, polpação de madeira e, devi<strong>do</strong> às suas<br />
propriedades de oxidante e desinfectante, no tratamento de água. O dióxi<strong>do</strong> de<br />
cloro (ClO2) não deve ser armazena<strong>do</strong>, porque quan<strong>do</strong> em concentrações<br />
superiores a 10 % (v/v) e uma vez exposto ao ar e a temperaturas elevadas (por<br />
exposição à luz), é explosivo. Este efeito também pode dever-se à sua reacção<br />
com determinadas substâncias. Deste mo<strong>do</strong>, o dióxi<strong>do</strong> de cloro deve ser<br />
produzi<strong>do</strong> no local de aplicação, produção essa feita na forma de solução aquosa,<br />
a partir de soluções de Clorito de Sódio e Áci<strong>do</strong> Clorídrico, ou de Clorato de Sódio<br />
e Áci<strong>do</strong> Oxálico. Comercialmente o gás é produzi<strong>do</strong> pela reacção de áci<strong>do</strong><br />
sulfúrico conten<strong>do</strong> iões de cloro com dióxi<strong>do</strong> de enxofre.<br />
humano:<br />
Vantagens da sua utilização no tratamento de águas para consumo<br />
− Agente oxidante forte, com grande capacidade de melhorar o cheiro e a<br />
cor da água;<br />
− Comparativamente ao cloro, permite a desinfecção da água na presença<br />
de fenóis sem a formação de clorofenóis, e logo, sem a produção de<br />
sabores desagradáveis;<br />
− Ao contrário <strong>do</strong> cloro gasoso, o dióxi<strong>do</strong> de cloro não reage com os<br />
precursores <strong>do</strong>s trihalometanos e apenas conduz a uma formação em<br />
pequena escala de outros compostos potencialmente tóxicos e /ou<br />
carcinogénios, o que é muito importante face à qualidade da água em<br />
questão;<br />
− O dióxi<strong>do</strong> de cloro permanece na água na forma molecular nas gamas<br />
de pH características das águas naturais, e não reage com o azoto<br />
amoniacal e outros compostos azota<strong>do</strong>s (ao contrário <strong>do</strong> cloro gasoso);<br />
− É muito efectivo na destruição de oocistos de Cryptosporidium.<br />
52
O principal inconveniente da sua aplicação é que este composto contém uma<br />
quantidade considerável de cloro gasoso que pode produzir uma série de<br />
compostos indesejáveis. Os sub-produtos resultantes da sua aplicação são os<br />
cloritos (ClO2 - ) e cloratos (ClO3 - ), cujos efeitos sobre a saúde humana são ainda<br />
desconheci<strong>do</strong>s.<br />
Dioxinas:<br />
Grupo de mais de 200 compostos estreitamente relaciona<strong>do</strong>s, que surgem como<br />
consequência da incineração incompleta de resíduos cloreta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mésticos,<br />
combustão de plásticos e de gases em aterros e de processos de fabricação de<br />
produtos que abrangem fenóis cloreta<strong>do</strong>s.<br />
Tal como certos compostos tóxicos que as nossas células não conseguem<br />
degradar (p.e. PCB’s, solventes, compostos industriais...), as dioxinas<br />
acumulam-se nos teci<strong>do</strong>s adiposos pois são solúveis nas gorduras. A produção de<br />
leite materno para amamentação <strong>do</strong>s bebés exige um eleva<strong>do</strong> consumo de<br />
gordura, que é obti<strong>do</strong> recorren<strong>do</strong> aos teci<strong>do</strong>s adiposos. Então, o organismo além<br />
de consumir essas reservas de gordura, vai também retirar as substâncias nelas<br />
acumuladas, incluin<strong>do</strong> as dioxinas que são os mais tóxicos de to<strong>do</strong>s os<br />
compostos sintéticos conheci<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em alguns países<br />
da Europa, a quantidade média de dioxinas no leite materno é cerca de 4 a 10<br />
vezes superior à que seria permitida no leite de vaca para comercializar, e os<br />
bebés absorvem mais de 95 % das dioxinas que estão no leite. Segun<strong>do</strong> a<br />
Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice aceitável de ingestão de dioxinas<br />
é de 4 picogramas (equivalente a 10 -12 g) por Kg de peso corporal.<br />
Relativamente à sua presença na água para consumo, para se ter uma ideia,<br />
apenas 1 g de dioxinas num copo de água chegaria para fornecer a 100 milhões<br />
de pessoas a sua <strong>do</strong>se máxima admissível para a vida toda!<br />
Os seus efeitos na saúde pública manifestam-se ao nível <strong>do</strong>s sistemas nervoso<br />
central, imunitário, dermatológico, reprodutor, afectan<strong>do</strong> o funcionamento da<br />
tiróide, sen<strong>do</strong> potencialmente cancerígenas.<br />
53
Distribuição de água:<br />
Após desinfecção a água está pronta a ser distribuída até aos pontos de entrega<br />
(no caso <strong>do</strong>s sistemas de distribuição de água em alta, é designada por adução),<br />
e daí até aos reservatórios municipais, a partir <strong>do</strong>s quais a água é finalmente<br />
distribuída até aos consumi<strong>do</strong>res (distribuição de água em baixa). Normalmente<br />
há a combinação <strong>do</strong> transporte gravítico com a bombagem da água.<br />
A rede de adução e de distribuição deve ser de material que não altere as<br />
características de potabilidade da água com que contacta, e deve ser enterrada<br />
para evitar flutuações de temperatura, e situar-se acima da rede de saneamento<br />
para que não ocorram infiltrações, e a uma distância de segurança de tubagens<br />
de transporte de gás.<br />
Sempre que possível a rede de distribuição de água deve permitir que a água<br />
circule de forma contínua, sem que ocorram retenções nas quais possa haver a<br />
perda <strong>do</strong> desinfectante. Para tal, devem evitar-se bifurcações, mudanças bruscas<br />
de direcção, pontos de baixo consumo, etc.. A pressão na rede deve ser sempre<br />
positiva para evitar a sucção de águas contaminadas <strong>do</strong> subsolo por cortes no<br />
abastecimento, que podem gerar pressões negativas, as quais podem levar à<br />
rotura de condutas e pôr a população em perigo.<br />
Para que seja possível efectuar o controlo da qualidade da água, a rede de<br />
distribuição deve ter locais de toma de amostras representativos, tanto das<br />
instalações como na rede de distribuição. Só desta forma é possível controlar a<br />
eficácia <strong>do</strong> tratamento na ETA, e assegurar que a água que chega ao consumi<strong>do</strong>r<br />
apresenta as características de potabilidade requeridas.<br />
Doenças transmitidas pela água:<br />
A nocividade de uma água pode ser resulta<strong>do</strong> da sua má qualidade e/ou de uma<br />
quantidade insuficiente. Estes <strong>do</strong>is fenómenos, quan<strong>do</strong> em simultâneo, permitem<br />
a disseminação de <strong>do</strong>enças associadas à falta de higiene, pois a água é não só<br />
54
um veículo de transmissão de várias <strong>do</strong>enças (directa ou indirectamente), como<br />
também funciona como um reservatório onde os microorganismos patogénicos<br />
vivem e se desenvolvem. Algumas dessas <strong>do</strong>enças são causadas por bactérias,<br />
vírus, protozoários, vermes (helmintas) e larvas, como por exemplo:<br />
Bactérias: Febre tifóide, febre paratifóide, disenteria bacilar, cólera,<br />
gastroenterite, Leptospirose;<br />
Vírus: Hepatite infecciosa, Poliomielite, gastroenterite vírica;<br />
Protozoários: Amebíase ou disenteria amebiana, Giardíase, Isosporíase;<br />
Vermes (helmintas) e larvas: Esquistossomíase, Esparganose,<br />
Anquilostomíase, Ascaridíase, Equinococose, Tricocefalose.<br />
Um sistema de abastecimento de água para consumo humano não deve conter<br />
microorganismos patogénicos, ten<strong>do</strong> por isso de ser bem projecta<strong>do</strong>, construí<strong>do</strong>,<br />
opera<strong>do</strong>, manti<strong>do</strong> e conserva<strong>do</strong>, por forma a que a água não se torne nesse<br />
veículo de transmissão de <strong>do</strong>enças.<br />
Dureza total:<br />
Parâmetro físico-químico que exprime conjuntamente as concentrações de cálcio<br />
e magnésio presentes numa água. Valores eleva<strong>do</strong>s podem estar relaciona<strong>do</strong>s<br />
com menor incidência de acidentes cardiovasculares. As águas pouco duras são<br />
corrosivas e as muito duras provocam incrustações, nomeadamente em<br />
electro<strong>do</strong>mésticos.<br />
55
Efluentes:<br />
E<br />
Qualquer água residual de origem <strong>do</strong>méstica, agrícola ou industrial transportada<br />
ou não por uma rede de esgotos e lançada no meio natural ou numa Estação de<br />
Tratamento de <strong>Águas</strong> Residuais (ETAR). Ver águas residuais.<br />
Erosão:<br />
Processo através <strong>do</strong> qual há a separação de partículas de rochas e solo da sua<br />
localização inicial, sen<strong>do</strong> transportadas e depositadas noutro local. Os principais<br />
agentes causa<strong>do</strong>res da erosão são o vento e a água. Muito embora também<br />
exista erosão geológica ou natural (que é extremamente lenta), mais<br />
preocupante é sem dúvida a que deriva das actividades humanas.<br />
Escoamento superficial:<br />
Os fluxos de água superficial ocorrem sempre que cessa a infiltração da água que<br />
cai no solo, e constituem uma resposta rápida à precipitação, cessan<strong>do</strong> pouco<br />
tempo depois desta. Estes fluxos variam muito com a natureza <strong>do</strong> solo onde se<br />
dá a precipitação, <strong>do</strong> seu teor de humidade (relaciona<strong>do</strong> com as chuvadas<br />
anteriores), e sobretu<strong>do</strong> com a intensidade de precipitação. Esta água escoa-se<br />
sobre o solo, acumula-se em poças, regatos, ribeiras, acaban<strong>do</strong> por alimentar os<br />
rios e por fim regressa ao mar. Do total da precipitação, este fluxo representa<br />
em média 24%. Ver ciclo hidrológico.<br />
Estação de Tratamento de Água (ETA):<br />
É uma verdadeira indústria da água. É o local onde se produz água potável a<br />
partir de água bruta. O processo de tratamento a implementar numa ETA<br />
depende da origem da água bruta (subterrânea ou superficial) e das suas<br />
características, e cada vez mais se recorre a técnicas sofisticadas,<br />
56
nomeadamente para a eliminação de gases, de matérias em suspensão, de<br />
moléculas orgânicas e de metais. Numa ETA convencional para tratar água de<br />
origem superficial, o processo de tratamento pode englobar as seguintes fases:<br />
Pré-oxidação, Coagulação/Floculação, Decantação, Filtração, Desinfecção,<br />
Correcção <strong>do</strong> pH, Tratamento da águas residuais <strong>do</strong> processo (Decantação e<br />
Desidratação das lamas).<br />
Estação Elevatória de água (EE):<br />
Equipada com grupos elevatórios (bombas) que elevam a água até um ponto a<br />
partir <strong>do</strong> qual possa ser conduzida graviticamente. Por forma a regularizar o<br />
caudal e a pressão, a água elevada é geralmente armazenada num reservatório<br />
eleva<strong>do</strong>, ou localiza<strong>do</strong> num ponto de maior altitude, seguin<strong>do</strong> posteriormente o<br />
seu percurso graviticamente. Para a prevenção <strong>do</strong> “golpe de aríete”, que pode<br />
causar a rotura das condutas, devem existir sistemas com esse objectivo, como<br />
determina<strong>do</strong>s tipos de válvula para o controlo da velocidade, e os reservatórios<br />
de ar comprimi<strong>do</strong>, que permitem equilibrar a pressão no interior das condutas.<br />
Estreptococos fecais (E.F.):<br />
São bactérias indica<strong>do</strong>ras de contaminação fecal, de morfologia cocácea (forma<br />
esférica), gram positivas, aeróbias ou anaeróbias facultativas, sem catalase e<br />
fermentam a glucose com produção de áci<strong>do</strong> a 37°C num perío<strong>do</strong> de incubação<br />
máximo de 48 horas. São exemplos deste tipo de microorganismos as espécies<br />
Streptococcus faecalis, S. faecium, S. durans, S. bovis e S.equinus. São<br />
indica<strong>do</strong>res secundários, especialmente quan<strong>do</strong> se encontram C.T., e não C.F., o<br />
que confirmaria a contaminação <strong>do</strong> tipo fecal, pois têm origens várias além da<br />
fecal, como em vegetais, insectos e solos não contamina<strong>do</strong>s.<br />
Os E.F. encontram-se em maior número que os C.F. nas fezes <strong>do</strong>s animais,<br />
sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>mésticos e ga<strong>do</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano<br />
devem estar ausentes.<br />
57
Eutrofização/Eutroficação:<br />
Esta<strong>do</strong> em que uma água superficial (lagos , rios ou mares) pode atingir por<br />
excesso de nutrientes (nitratos e fosfatos), que leva a um desenvolvimento<br />
excessivo de algas e plantas superiores, que ao consumirem o oxigénio<br />
dissolvi<strong>do</strong> na água podem provocar a morte ao outros organismos aquáticos por<br />
asfixia ou colmatação. Os efeitos da eutrofização são:<br />
- criação de cor, sabores e cheiros na água devi<strong>do</strong> ao desenvolvimento<br />
excessivo de algas, o que implica maiores custos de tratamento;<br />
- menores efeitos atractivos da água para recreio e desporto;<br />
- assoreamento de canais de irrigação;<br />
- morte de vida aquática.<br />
Evaporação:<br />
Este fenómeno <strong>do</strong> ciclo hidrológico reenvia para a atmosfera parte da água<br />
existente na superfície terrestre, durante e após a precipitação. A esta<br />
evaporação directa, associa-se a transpiração <strong>do</strong>s animais e da vegetação,<br />
envian<strong>do</strong> para a atmosfera parte da água que se infiltrou no solo. Ver ciclo<br />
hidrológico, evapotranspiração, precipitação, transpiração.<br />
Evapotranspiração:<br />
É a “soma” <strong>do</strong>s fenómenos evaporação directa e transpiração de animais e<br />
plantas, e representa, sem dúvida, o fluxo maior <strong>do</strong> total das precipitações, em<br />
média 65%. O seu único “motor” é a irradiação solar que fornece o calor de<br />
vaporização ao solo e às plantas. Ver ciclo hidrológico, evaporação, precipitação,<br />
transpiração.<br />
58
Fenóis:<br />
F<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, com origens antropogénicas,<br />
nomeadamente através das águas residuais de indústrias de destilação de hulha,<br />
e petroquímicas, devi<strong>do</strong> ao uso de pesticidas fenólicos, ou directamente com<br />
fenol, e ao contacto da água com os revestimentos betuminosos das<br />
canalizações. Estes compostos também podem ocorrer naturalmente em águas<br />
superficiais devi<strong>do</strong> à degradação de algas e plantas superiores ou, no caso das<br />
águas subterrâneas, em áreas cujo solo contém estratos de carvão ou petróleo.<br />
O seu principal inconveniente é a formação de clorofenóis, produtos de sabor e<br />
cheiro desagradáveis e persistentes que se formam quan<strong>do</strong> há a sua reacção<br />
com cloro. Quan<strong>do</strong> a sua concentração na água bruta é elevada, devem ser<br />
elimina<strong>do</strong>s antes de se proceder à adição de cloro. Na fase final <strong>do</strong> tratamento,<br />
principalmente na desinfecção, há a redução da concentração de fenóis, que no<br />
entanto pode não ser suficiente para que não surjam alterações organolépticas,<br />
pelo que a definição <strong>do</strong>s valores regulamenta<strong>do</strong>s têm como base as<br />
características organolépticas e não a toxicidade (que se traduz no<br />
envenenamento das membranas celulares), já que esta só se manifesta para<br />
concentrações muito superiores, à excepção <strong>do</strong> pentaclorofenol (utiliza<strong>do</strong> como<br />
conservante da madeira), cujos limites organolépticos são muito superiores aos<br />
tóxicos.<br />
Ferro:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que, por ser bastante solúvel em<br />
água, se pode encontrar em solução, na forma coloidal ou em suspensão, ou<br />
forman<strong>do</strong> complexos com substâncias orgânicas ou minerais, etc., precipitan<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> diminui o anidri<strong>do</strong> carbónico dissolvi<strong>do</strong> ou por oxidação. É um <strong>do</strong>s<br />
elementos mais abundantes na crosta terrestre, e é essencial à nutrição humana.<br />
As águas <strong>do</strong>ces destinadas ao consumo público podem conter ferro devi<strong>do</strong> a<br />
59
factores naturais ou antropogénicos (p.e., a indústria metalúrgica). Quan<strong>do</strong> em<br />
situações de anoxia (em certas águas subterrâneas ou em zonas profundas de<br />
lagos e albufeiras) o ferro pode encontrar-se na forma de ião ferroso (Fe 2+ ), que<br />
é a sua forma mais solúvel. Quan<strong>do</strong> em contacto com o ar, o Fe 2+ é rapidamente<br />
oxida<strong>do</strong> a Fe 3+ (forma férrica), precipitan<strong>do</strong>. Em termos de saúde pública, a sua<br />
presença na água para consumo não acarreta riscos, só sen<strong>do</strong> absorvi<strong>do</strong> se o<br />
indivíduo tiver carências deste elemento. No entanto, a sua ingestão terapêutica<br />
pode originar perturbações gástricas <strong>do</strong> tipo irritativo, gastrite aguda, necroses e<br />
hemorragias. Se o ferro se encontrar na forma de ião ferroso, podem ocorrer<br />
colapsos vasculares às vezes letais. Quan<strong>do</strong> presente na forma de sulfato de<br />
ferro (FeSO4), se for absorvi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>ses excessivas, produz perturbações<br />
gastrointestinais, taquicardia, colapso cardiovascular e respiratório.<br />
O ferro entra na formação da hemoglobina (proteína <strong>do</strong> sangue), fixan<strong>do</strong> as<br />
moléculas de oxigénio para o seu transporte pelos teci<strong>do</strong>s. No entanto, a sua<br />
deficiência no sangue (anemia) deve-se geralmente a perdas de sangue, e não a<br />
uma ingestão insuficiente.<br />
Normalmente o ferro surge nas águas superficiais naturais na forma férrica,<br />
associa<strong>do</strong> ao manganês, ten<strong>do</strong> uma grande influência nas suas características<br />
organolépticas, já que afectam a cor e a turvação devi<strong>do</strong> à formação de flocos<br />
por precipitação quan<strong>do</strong> em contacto com o ar.<br />
As águas que contém estes elementos provocam frequentemente manchas<br />
amareladas ou enegrecidas nas roupas e cerâmicas, e alteran<strong>do</strong> o sabor <strong>do</strong> café<br />
e <strong>do</strong> chá (pode ter um gosto metálico se a concentração de ferro ultrapassar<br />
vários microgramas). Como curiosidade, os ovos fervem mais rapidamente se<br />
forem cozi<strong>do</strong>s numa água com concentração superior a 10 mg/L! Se as tubagens<br />
metálicas de ferro sofrerem processos de corrosão, podem dar origem a<br />
depósitos deste elemento.<br />
É de notar que a alteração das características organolépticas contribui para o<br />
desenvolvimento de microorganismos que transformam o ferro, como os<br />
60
clostrídios sulfitoredutores, dan<strong>do</strong> lugar a acumulações de óxi<strong>do</strong>s hidrata<strong>do</strong>s<br />
associa<strong>do</strong>s a massas bacterianas.<br />
Por vezes são utiliza<strong>do</strong>s sais de ferro como coagulantes no tratamento de água.<br />
Fertilizantes:<br />
Materiais que contém grandes quantidades de azoto e fósforo, sen<strong>do</strong> adiciona<strong>do</strong>s<br />
ao solo para aumentar a sua produtividade, estimulan<strong>do</strong> o crescimento das<br />
plantas cultivadas. Se atingirem rios e lagos, podem causar o desenvolvimento<br />
excessivo de algas que vão asfixiar os outros seres vivos aquáticos por utilizarem<br />
to<strong>do</strong> o oxigénio dissolvi<strong>do</strong> existente na água. Os nitratos forma<strong>do</strong>s por reacções<br />
nos alimentos, especialmente em legumes e água para beber, podem provocar<br />
riscos para a saúde humana, especialmente nas crianças, ao serem reduzi<strong>do</strong>s a<br />
nitritos no seu estômago, originan<strong>do</strong> a “<strong>do</strong>ença azul” ou metaemoglobinemia.<br />
Ver algas, eutrofização, nitratos, nitritos.<br />
Filtração:<br />
Processo físico que permite separar partículas sólidas suspensas num líqui<strong>do</strong> ou<br />
gás, fazen<strong>do</strong>-o passar através de um meio poroso que as retém (filtro), sen<strong>do</strong><br />
possível a sua extracção.<br />
Relativamente ao tratamento de água destinada ao consumo humano, o<br />
objectivo fundamental da filtração é a remoção das partículas que tenham<br />
escapa<strong>do</strong> com a água decantada (material em suspensão e substâncias coloidais)<br />
<strong>do</strong> meio líqui<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong> promover a redução <strong>do</strong> número de bactérias e alterar<br />
algumas características da água.<br />
A filtração consiste em fazer a água decantada atravessar um meio poroso, que<br />
em tratamento de águas de abastecimento é geralmente a areia, o qual retém os<br />
sóli<strong>do</strong>s e permite a passagem da água.<br />
Consoante a velocidade de filtração seja baixa (no máximo 0.5 m/h) ou elevada<br />
(no mínimo 5 m/h), assim a filtração se classifica em lenta ou rápida,<br />
61
espectivamente. Na ETA de Alcantarilha realiza-se a filtração rápida sobre leito<br />
de areia em duas baterias de 7 filtros cada, de funcionamento gravítico.<br />
A areia a utilizar deverá estar de acor<strong>do</strong> com a filtração a praticar, de tal forma<br />
que a espessura <strong>do</strong> leito e a velocidade de filtração empregues conduzam à<br />
obtenção de água com a qualidade pretendida. A selecção da granulometria <strong>do</strong><br />
meio filtrante é condicionada pelas características das partículas a reter,<br />
nomeadamente a sua dimensão, pelo funcionamento <strong>do</strong> filtro em termos de<br />
velocidade de atravessamento <strong>do</strong> meio (velocidades menores exigem<br />
granulometria mais fina), e pelos mecanismos de filtração preponderantes (em<br />
filtração rápida o mecanismo mais importante é a adsorção). Neste caso, a areia<br />
utilizada é siliciosa, e a sua granulometria é 1mm.<br />
A admissão da água decantada ao filtro é feita sobre a camada de areia através<br />
de uma comporta, forman<strong>do</strong>-se uma "almofada" de água cuja superfície livre se<br />
vai elevan<strong>do</strong>, face à colmatação <strong>do</strong> leito, i.e., à crescente dificuldade de<br />
passagem da água motivada pela progressiva retenção de flocos nos vazios <strong>do</strong><br />
meio filtrante quan<strong>do</strong> a água o atravessa. Além deste facto, a velocidade de<br />
filtração também diminui quan<strong>do</strong> o nível de água sobre o filtro diminui, ou ainda<br />
quan<strong>do</strong> o nível da água filtrada abaixo <strong>do</strong> leito filtrante aumenta.<br />
A areia que constitui o meio filtrante assenta sobre um fun<strong>do</strong> falso, constituí<strong>do</strong><br />
por placas e boquilhas colectoras que recolhem a água filtrada e, aquan<strong>do</strong> da<br />
lavagem <strong>do</strong> filtro, distribuem homogeneamente o ar e a água de lavagem, no<br />
senti<strong>do</strong> contrário ao da filtração. Ver filtração directa, lavagem em<br />
contracorrente.<br />
No caso da filtração efectuada para a desidratação das lamas resultantes das<br />
águas residuais <strong>do</strong> processo, o que se pretende não é a obtenção <strong>do</strong> filtra<strong>do</strong>,<br />
mas sim <strong>do</strong> bolo de lamas forma<strong>do</strong>. Ver desidratação das lamas.<br />
Filtração directa:<br />
Este tipo de filtração faz-se quan<strong>do</strong> as características da água bruta são tais que<br />
não é necessário proceder à floculação, omitin<strong>do</strong>-se a decantação,<br />
62
nomeadamente quan<strong>do</strong> a turvação é baixa. Faz-se então um “by-pass” à<br />
floculação, que conduz a água pré-oxidada às câmaras de coagulação,<br />
imediatamente a montante <strong>do</strong>s filtros, nas quais se podem adicionar os<br />
reagentes. Desta forma a produção de lamas é muito menor, sen<strong>do</strong> possível uma<br />
redução <strong>do</strong>s custos de exploração, sobretu<strong>do</strong> de reagentes, e energia. Ver<br />
filtração, coagulação, floculação, decantação.<br />
Filtra<strong>do</strong>:<br />
Líqui<strong>do</strong> “limpo” obti<strong>do</strong> por filtração. No caso <strong>do</strong>s filtros de areia, o filtra<strong>do</strong> é a<br />
água que após desinfecção está pronta a ser distribuída até ao consumi<strong>do</strong>r.<br />
Relativamente ao filtra<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> na desidratação das lamas, é uma água com<br />
eleva<strong>do</strong> teor em cal, que pode ser reintroduzida na linha de tratamento, ou ser<br />
aproveitada para a correcção <strong>do</strong> pH da água a tratar, quan<strong>do</strong> tal for necessário.<br />
Ver filtração, desidratação das lamas.<br />
Filtro de areia:<br />
Filtro em que o material poroso que retém as partículas em suspensão é a areia.<br />
Utiliza<strong>do</strong> geralmente na etapa de filtração das Estações de Tratamento de Água,<br />
poden<strong>do</strong> ser constituí<strong>do</strong> por areia com a mesma granulometria, ou com<br />
granulometrias diferentes, consoante as características da água a filtrar. Ver<br />
filtração.<br />
Filtro prensa:<br />
Ver desidratação das lamas.<br />
Floco:<br />
Aglomera<strong>do</strong> de materiais de diversas naturezas, que no caso das Estações de<br />
Tratamento de Água, é constituí<strong>do</strong> por produtos químicos e impurezas, como<br />
resulta<strong>do</strong> das etapas de coagulação/floculação, e é extraí<strong>do</strong>, sob a forma de<br />
lamas, na etapa de decantação.<br />
63
Floculação:<br />
Processo de agregação de partículas coloidais neutralizadas que, postas em<br />
contacto umas com as outras, vão ganhan<strong>do</strong> tamanho e peso tais que<br />
sedimentam graviticamente, sen<strong>do</strong> possível a sua separação da massa de água.<br />
Nesta etapa há uma agitação mecânica da massa de água, mas a uma<br />
velocidade mais lenta de mo<strong>do</strong> a promover o bom contacto entre as partículas e<br />
os flocos, e sem que haja a destruição daqueles já forma<strong>do</strong>s. Para promover a<br />
formação <strong>do</strong>s flocos pode-se fazer uma recirculação de lamas directamente <strong>do</strong>s<br />
decanta<strong>do</strong>res para as câmaras de floculação. Em situações de má floculação<br />
podem utilizar-se adjuvantes, como os polielectrólitos, e se for necessário<br />
corrigir o pH da água por exemplo com cal viva, cal hidratada, ou soda. O<br />
processo de coagulação/floculação surge integra<strong>do</strong> nos decanta<strong>do</strong>res, onde se<br />
processa a separação das fases sólida e líquida, sen<strong>do</strong> os flocos extraí<strong>do</strong>s sob a<br />
forma de lamas. Ver coagulação, partículas coloidais, decantação.<br />
Florescências:<br />
Ou “blooms”, significam o desenvolvimento excessivo de cianobactérias, o qual<br />
geralmente ocorre em dias quentes, de grande luminosidade, no Verão e Outono,<br />
em águas preferencialmente estagnadas e com grandes quantidades de<br />
nutrientes, nomeadamente compostos azota<strong>do</strong>s e fosfata<strong>do</strong>s. Ver cianobactérias.<br />
Flúor:<br />
É um elemento presente na natureza, com grande significa<strong>do</strong> em termos<br />
sanitários, e constitui um parâmetro relativo a substâncias indesejáveis. A sua<br />
ocorrência na água para consumo humano numa concentração aproximada de 1<br />
mg/L (1000 µg/L) constitui um mecanismo de prevenção primário em relação às<br />
cáries, poden<strong>do</strong> haver entre 65 e 75 % das cáries nas crianças, segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s<br />
64
ealiza<strong>do</strong>s, mas estes valores também podem estar associa<strong>do</strong>s a melhores<br />
práticas de higiene dentária, à medicamentação e à alimentação. Para<br />
concentrações superiores pode afectar o metabolismo <strong>do</strong> cálcio, ocorren<strong>do</strong> a<br />
fluorose dentária, que produz manchas permanentes no esmalte, deterioran<strong>do</strong>-o,<br />
ou fluorose <strong>do</strong> esqueleto. Se as concentrações forem maiores que 50 mg/L,<br />
podem ocorrer perturbações respiratórias, nervosas e da tiróide, e superiores a<br />
100 mg/L, poderão surgir atrasos no crescimento, mongolismo, alterações renais<br />
graves e artrite. Então, a fluoretação da água destinada ao consumo humano<br />
deve ser bem ponderada, para não se correr riscos de sobre<strong>do</strong>sagem. Há<br />
também algumas suspeitas da sua relação com certos tipos de cancro.<br />
Fosfatos:<br />
São sais de áci<strong>do</strong> fosfórico (H3PO4), constituin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s aniões (iões negativos)<br />
mais importantes presentes nas água (PO4 3- ). São utiliza<strong>do</strong>s como fertilizantes na<br />
agricultura, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s juntamente com os nitratos, os nutrientes das<br />
plantas, presentes nas águas <strong>do</strong>s lagos e rios. Sen<strong>do</strong> bem menos solúveis que os<br />
nitratos, geralmente encontram-se na água sob a forma de precipita<strong>do</strong>s que se<br />
depositam no fun<strong>do</strong>, ou de partículas em suspensão. Também podem ter como<br />
origem as águas residuais, por serem utiliza<strong>do</strong>s em detergentes sintéticos, ou<br />
surgiram naturalmente. Em quantidades excessivas são considera<strong>do</strong>s factor<br />
importante no processo de eutrofização da água, por proliferação de algas. Se<br />
estiverem presentes nas água destinada ao consumo humano, podem causar<br />
problemas no seu tratamento, armazenamento e distribuição. Os fosfatos não<br />
são reduzi<strong>do</strong>s, ou elimina<strong>do</strong>s naturalmente pelas bactérias <strong>do</strong> meio, só<br />
desaparecen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas por fixação nos solos ou por sedimentação e<br />
enterramento nos fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s lagos ou mares. Os sais de fósforo têm utilização<br />
no tratamento de águas como inibi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> processo de corrosão. Quanto aos<br />
seus efeitos no organismo, são facilmente absorvi<strong>do</strong>s, exceptuan<strong>do</strong> os casos em<br />
que os alimentos contém grandes quantidades de cálcio, o que leva à formação<br />
de fosfatos de cálcio. São praticamente insolúveis pelo que são excreta<strong>do</strong>s pelas<br />
fezes, sem haver a sua absorção no intestino.<br />
65
Fósforo:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, o fósforo é um elemento não<br />
metálico que pode ter origens naturais e antropogénicas, existin<strong>do</strong> na natureza<br />
diversas variedades alotrópicas, nomeadamente o fósforo branco, muito tóxico, e<br />
o fósforo vermelho, não tóxico. Na forma de fosfatos é essencial à vida, entran<strong>do</strong><br />
na composição <strong>do</strong>s ossos, conferin<strong>do</strong>-lhes a sua dureza característica, no<br />
entanto, quan<strong>do</strong> em quantidades muito elevadas pode interferir no metabolismo<br />
<strong>do</strong> cálcio e originar náuseas, diarreias, hemorragias gastrointestinais, formação<br />
de úlceras e problemas renais e hepáticos. Quan<strong>do</strong> os valores mínimos<br />
necessários ao metabolismo humano não são respeita<strong>do</strong>s podem ocorrer<br />
situações <strong>do</strong>lorosas e fraqueza generalizada.<br />
Fotossíntese:<br />
Processo de fabrico de matéria orgânica (hidratos de carbono) pelas plantas<br />
(verdes), que utilizam a energia luminosa solar, o dióxi<strong>do</strong> de carbono<br />
atmosférico, e água, libertan<strong>do</strong>-se oxigénio livre para a atmosfera. A clorofila é<br />
um pigmento indispensável à fotossíntese.<br />
Fungo:<br />
Organismo eucariótico, com o núcleo bem defini<strong>do</strong>, mitocôndrias, aparelho de<br />
Golgi e retículo en<strong>do</strong>plasmático. São extremamente comuns na natureza, onde<br />
existem como organismos de vida livre. Alguns produzem esporos que são<br />
resistentes às condições ambientais extremas. Os fungos podem ser unicelulares,<br />
pluricelulares (filamentosos) ou apresentar ambas as morfologias.<br />
Metabolicamente são organismos muito versáteis, e geram inúmeros<br />
metabolitos, alguns <strong>do</strong>s quais são tóxicos. Os fungos são heterotróficos ( tal<br />
como os animais, obtém a energia a partir da decomposição de substâncias<br />
orgânicas complexas, ao contrário das plantas que são autotróficas), saprófitas<br />
(vivem de matéria orgânica morta, ocasionan<strong>do</strong> ou auxilian<strong>do</strong> a sua<br />
decomposição) ou parasitas, não ten<strong>do</strong> clorofila, raízes, caules ou folhas,<br />
66
habitan<strong>do</strong> ambientes húmi<strong>do</strong>s e águas residuais ou efluentes, dispensan<strong>do</strong> a luz<br />
solar. Podem causar gosto desagradável ou o<strong>do</strong>res à água.<br />
67
Gastroenterite:<br />
G<br />
Infecção aguda <strong>do</strong> tubo digestivo que pode ser contagiosa, e que apresenta<br />
vários sintomas, nomeadamente vómitos e diarreias. As suas causas podem ser<br />
variadas: virose, intoxicação alimentar, reacções alérgicas, desequilíbrio<br />
bacteriano no trato digestivo, disenteria, etc..<br />
Germes totais (a 37°C e a 22°C):<br />
São bactérias não heterotróficas, aeróbias e anaeróbias facultativas, mesófilas e<br />
psicotróficas (certas espécies têm uma temperatura óptima de crescimento na<br />
ordem <strong>do</strong>s 30°C, e também conseguem desenvolver-se a temperaturas muito<br />
baixas) capazes de crescer num meio de agar nutritivo.<br />
As bactérias aeróbias a 37°C são uma medida <strong>do</strong> teor global de bactérias numa<br />
água, já que as bactérias patogénicas para o Homem têm um temperatura<br />
óptima de 37°C, sen<strong>do</strong> por isso de importância mais significativa que as bactérias<br />
aeróbias a 22°C<br />
Golpe de Aríete ou choque hidráulico:<br />
Designa o efeito, por vezes destrui<strong>do</strong>r, provoca<strong>do</strong> pelo choque de uma massa de<br />
água que circula nas condutas, quan<strong>do</strong> é bruscamente travada no seu<br />
movimento. Toda a mudança de velocidade da corrente de água numa conduta<br />
causa flutuações de pressão. Quanto maior e mais rápida for essa alteração,<br />
maior será a variação da pressão. A súbita interrupção de uma corrente de alta<br />
velocidade pode produzir perigosas ondas de pressão ascendentes e<br />
descendentes, ultrapassan<strong>do</strong> os limites de segurança operacionais das tubagens,<br />
acessórios, bombas, etc. (a água ao ser bruscamente parada volta para trás, até<br />
atingir o órgão que causou essa alteração, poden<strong>do</strong> danificá-lo, e depois segue<br />
novamente o percurso inicial, e assim sucessivamente até parar). Se por esta<br />
68
azão forem geradas pressões inferiores à pressão atmosférica, podem ocorrer<br />
danos nas condutas, por cavitação, e dar-se mesmo a sua rotura devi<strong>do</strong> à<br />
pressão exterior.<br />
As causas mais frequentes de mudança brusca da velocidade <strong>do</strong> escoamento<br />
são: arranque e paragem de bombas, fecho e abertura rápi<strong>do</strong>s de válvulas e<br />
enchimento das condutas com caudais excessivos. Para prevenir este fenómeno<br />
pode-se, p.e., controlar a velocidade <strong>do</strong> escoamento na rede, aliviar o refluxo<br />
que ocorre após a paragem da bomba, deixan<strong>do</strong> sair a água da tubagem, evitar<br />
o rápi<strong>do</strong> enchimento das condutas vazias, através da introdução de ar ou água<br />
na conduta quan<strong>do</strong> se prevê a ocorrência de uma subpressão atmosférica.<br />
69
Hidrocarbonetos (HC):<br />
H<br />
Compostos orgânicos constituí<strong>do</strong>s apenas por carbono e hidrogénio. Consoante a<br />
disposição <strong>do</strong>s átomos de carbono na molécula, subdividem-se em alifáticos<br />
(parafinas, olefinas, diolefinas, etc.) e cíclicos (aromáticos, e naftalenos ou<br />
cicloparafinas). A sua presença na água resulta principalmente da poluição<br />
industrial e derrames, ten<strong>do</strong> como origens os combustíveis fósseis (petróleo,<br />
óleos minerais, carvão, etc.), encontran<strong>do</strong>-se igualmente nos produtos da<br />
combustão parcial destas substâncias, como os gases de escape de veículos que<br />
utilizam deriva<strong>do</strong>s de petróleo, e de muitos deriva<strong>do</strong>s como o benzeno, estireno,<br />
etc., produzi<strong>do</strong>s na indústria petroquímica. Ver Hidrocarbonetos aromáticos<br />
policíclicos, hidrocarbonetos dissolvi<strong>do</strong>s ou emulsiona<strong>do</strong>s.<br />
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP):<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origens antropogénicas<br />
(escorrências de cisternas e oleodutos e perdas no transporte) e naturais (solos<br />
de bosques, transporte atmosférico). A principal fonte de HAP são os alimentos,<br />
sen<strong>do</strong> muito pequena a quantidade fornecida pela água de consumo. Por serem<br />
voláteis, tendem a desaparecer por evaporação para a atmosfera, mas a fracção<br />
que persiste na água pode originar gostos desagradáveis que podem ser<br />
reforça<strong>do</strong>s pela presença <strong>do</strong> cloro utiliza<strong>do</strong> para a desinfecção. De entre to<strong>do</strong>s os<br />
hidrocarbonetos, estes são os mais perigosos para a saúde humana pois têm um<br />
efeito cancerígeno muito forte. Sabe-se que atravessam as paredes <strong>do</strong>s<br />
intestinos e pulmões muito facilmente, acumulan<strong>do</strong>-se nas gorduras. Podem<br />
provocar hiperqueratose, hiperplasia e perda das glândulas sebáceas da pele.<br />
Para o benzeno, concentrações elevadas afectam o sistema nervoso central e<br />
falhas respiratórias que podem conduzir à morte, e em concentrações baixas tem<br />
um efeito cumulativo: ingeri<strong>do</strong> repetidamente durante um longo perío<strong>do</strong> de<br />
tempo afecta os teci<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s pelo sangue, reduzin<strong>do</strong> de uma forma<br />
crescente o número de glóbulos vermelhos e brancos nele presentes, poden<strong>do</strong><br />
70
originar leucemia (um tipo de cancro que não pode ser detecta<strong>do</strong> antes de atingir<br />
uma fase em que já não pode ser trata<strong>do</strong>). O benzo[α]pireno quan<strong>do</strong> ingeri<strong>do</strong>,<br />
provoca um aumento de tumores <strong>do</strong> estômago em ratos, estiman<strong>do</strong>-se uma<br />
concentração admissível para o Homem de 0.7 µg/L, que produziria um risco<br />
adicional de cancro para toda a vida na proporção de 1/10000.<br />
Hidrocarbonetos dissolvi<strong>do</strong>s ou emulsiona<strong>do</strong>s:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis.<br />
Hidrosfera:<br />
Cobertura superficial da Terra onde se desenrola o Ciclo da Água, agrupan<strong>do</strong> a<br />
atmosfera, parte superficial <strong>do</strong>s continentes, e os oceanos, mares, rios, etc..<br />
Herbicida:<br />
Normalmente é uma substância química utilizada para matar plantas (ervas<br />
daninhas ou invasoras) prejudiciais à lavoura ou a plantas ornamentais.<br />
Húmus:<br />
Componente orgânico complexo <strong>do</strong> solo, que resulta da decomposição de teci<strong>do</strong>s<br />
animais e vegetais, conferin<strong>do</strong>-lhe uma cor acastanhada ou enegrecida, sen<strong>do</strong><br />
muito importante para o crescimento das plantas. Ver áci<strong>do</strong>s húmicos.<br />
71
Infiltração:<br />
I<br />
Infiltração de água da precipitação serve, por um la<strong>do</strong>, para constituir o<br />
armazenamento na parte superior <strong>do</strong> solo que alimenta a evapotranspiração, e<br />
por outro, durante o Inverno, irá alimentar os lençóis de água subterrânea,<br />
constituin<strong>do</strong> o escoamento subterrâneo, que ocorre com grande lentidão,<br />
especialmente quan<strong>do</strong> se processa em terrenos porosos e continua a alimentar<br />
os cursos de água longo tempo após ter termina<strong>do</strong> a precipitação que o originou.<br />
Do total das precipitações, esta parcela representa, em média, 11%.<br />
Obviamente, a infiltração depende <strong>do</strong> tipo e esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo onde ocorre a<br />
precipitação, poden<strong>do</strong> infiltrar-se ou apenas molhar a sua superfície (intercepção<br />
pela vegetação, pavimentos, etc.). Ver ciclo hidrológico, evapotranspiração,<br />
precipitação.<br />
Insecticida:<br />
Substância química utilizada para matar, ou perturbar insectos. É raro os<br />
insecticidas serem selectivos, ou seja podem acabar por matar outros insectos<br />
que não aqueles a que se destinam, in<strong>do</strong> afectar os seus preda<strong>do</strong>res naturais. Os<br />
seres humanos também correm riscos pois um muitas dessas substâncias são<br />
extremamente tóxicas. Além disso, pode haver o desenvolvimento de resistência<br />
ao insecticida pela praga, o que leva ao aumento das quantidades aplicadas, com<br />
gravíssimos danos para o ambiente, ou arranjam-se alternativas.<br />
Intrusão marinha:<br />
Processo que se pode verificar nos aquíferos costeiros e que consiste no avanço<br />
sobre o continente de massas de água salgada. Ver aquíferos, salinidade,<br />
salinização.<br />
72
Ionização:<br />
Processo de produção de iões (átomo ou grupo de átomos que ou perdeu um ou<br />
mais electrões, fican<strong>do</strong> com carga positiva, ou que os ganhou, fican<strong>do</strong> com carga<br />
negativa). Certas moléculas ionizam-se em solução, como os áci<strong>do</strong>s; os iões<br />
também podem formar-se como resulta<strong>do</strong> da energia ganha por colisão com<br />
outra partícula, devi<strong>do</strong> ao impacto de radiação.<br />
73
Lamas:<br />
L<br />
No caso das Estações de Tratamento de Água, é a designação dada aos flocos<br />
deposita<strong>do</strong>s durante a fase de decantação, que são extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s orgãos onde<br />
esta etapa toma lugar, sob a forma de uma mistura com eleva<strong>do</strong> grau de<br />
humidade (geralmente superior a 98%). Os sóli<strong>do</strong>s que constituem estas lamas<br />
provém da água bruta, integran<strong>do</strong> os reagentes utiliza<strong>do</strong>s (nomeadamente<br />
polielectrólito e cal), e os hidróxi<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s na coagulação/floculação, ten<strong>do</strong><br />
um teor de matéria orgânica muito pequeno.<br />
Este tipo de lamas pode ter várias aplicações, nomeadamente na construção<br />
civil, na aplicação em solos para a correcção <strong>do</strong> seu pH e como meio de<br />
cobertura em aterros. Em termos de custos para a empresa gestora, a sua<br />
produção representa um problema a ter em atenção, sen<strong>do</strong> aconselhável a sua<br />
diminuição, bem como a recuperação química <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s. O tratamento a<br />
aplicar às lamas deve ser tal que permita a maior redução possível <strong>do</strong> seu<br />
volume, e a sua deposição final no ambiente tem que ser feita de forma segura.<br />
Algumas formas de reduzir a sua produção são a realização de filtração directa, a<br />
substituição <strong>do</strong> coagulante por outro mais efectivo a <strong>do</strong>ses inferiores, a<br />
conservação <strong>do</strong>s reagentes, determinan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>se óptima em intervalos de tempo<br />
frequentes à medida que as características da água bruta mudam. Ver filtração<br />
directa, desidratação das lamas.<br />
Lavagem em contra-corrente:<br />
O ciclo de lavagem inicia-se quan<strong>do</strong> a água filtrada já não apresenta a qualidade<br />
requerida, ultrapassan<strong>do</strong> o valor limite imposto, começan<strong>do</strong>-se eventualmente a<br />
notar flocos na água filtrada, ou ao se atingir a perda de carga terminal, i.e.,<br />
quan<strong>do</strong> não for possível produzir água filtrada à velocidade desejada, ou ainda<br />
sempre que a unidade esteja um longo perío<strong>do</strong> sem funcionar.<br />
74
A lavagem é feita em "contra-corrente", fazen<strong>do</strong>-se passar água filtrada (já<br />
clorada) e ar em senti<strong>do</strong> inverso ao da filtração, através das boquilhas colectoras<br />
colocadas no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s filtros de areia. A lavagem engloba duas fases, a de<br />
fluidificação, que é feita com ar comprimi<strong>do</strong>, para provocar a expansão <strong>do</strong> leito,<br />
por descompressão, e com água pon<strong>do</strong> as partículas em movimento. As areias,<br />
ao chocarem umas com as outras, fazem com que as partículas coloidais leves se<br />
libertem <strong>do</strong>s poros; seguidamente, na fase de lavagem propriamente dita é<br />
eleva<strong>do</strong> um caudal de água de lavagem com o qual essas partículas se escapam,<br />
tornan<strong>do</strong> assim a lavagem mais eficiente. Após alguns minutos este caudal é<br />
fecha<strong>do</strong>, e a areia assenta no lugar.<br />
A água suja é recolhida em caneletas dispostas transversalmente, com um<br />
comprimento de descarrega<strong>do</strong>r suficientemente eleva<strong>do</strong> para garantir uma<br />
velocidade de aproximação reduzida, evitan<strong>do</strong> o arrastamento de areia e uma<br />
boa repartição hidráulica, necessária para assegurar uma lavagem correcta. A<br />
água é então descarregada para um canal central, sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> filtro por intermédio<br />
de uma comporta para um canal paralelo ao da água decantada a filtrar. Deste<br />
canal a água segue para a cisterna da água da lavagem <strong>do</strong>s filtros e daí é<br />
elevada para o decanta<strong>do</strong>r circular. A água é assim recuperada e reintroduzida<br />
na linha de tratamento, após decantação para redução da concentração de<br />
sóli<strong>do</strong>s.<br />
As lamas resultantes <strong>do</strong> processo de deacantação da água da lavagem <strong>do</strong>s filtros<br />
juntam-se às <strong>do</strong>s decanta<strong>do</strong>res-espessa<strong>do</strong>res, e são encaminhadas ao seu<br />
tratamento. Ver desidratação das lamas, filtração, filtros de areia.<br />
75
Magnésio:<br />
M<br />
Parâmetro físico-químico muito abundante na natureza (cerca de 2% da crosta<br />
terrestre), de origem fundamentalmente geológica, mas que também pode ser<br />
resulta<strong>do</strong> de certas actividades industriais. O magnésio forma sais muito solúveis<br />
e juntamente com o cálcio é responsável pela dureza total da água. Quan<strong>do</strong><br />
presente em concentrações muito elevadas torna-se indesejável devi<strong>do</strong> aos<br />
problemas de incrustações que provoca. Em termos de saúde pública, intervém<br />
em inúmeros processos enzimáticos, e é um elemento constituinte <strong>do</strong> teci<strong>do</strong><br />
ósseo, mas tal como o cálcio, as suas formas mais assimiláveis encontram-se<br />
nos alimentos, principalmente em cereais. O seu déficit favorece a hipertensão, e<br />
ao ser adiciona<strong>do</strong> à dieta como suplemento, provoca a diminuição da tensão<br />
arterial, e tem um efeito diurético.<br />
Manganês/manganésio:<br />
A sua presença na água para consumo humano em grandes concentrações é<br />
indesejável, causan<strong>do</strong> inconvenientes semelhantes aos <strong>do</strong> ferro (alteração das<br />
características organolépticas). Pode ser encontra<strong>do</strong> tanto em águas<br />
subterrâneas como superficiais. Nas água superficiais, o manganês encontra-se<br />
precipita<strong>do</strong> nos sedimentos, mas quan<strong>do</strong> há a diminuição <strong>do</strong> oxigénio dissolvi<strong>do</strong>,<br />
ele retorna à forma dissolvida, poden<strong>do</strong> atingir concentrações elevadas.<br />
Em concentrações elevadas torna-se tóxico, mas devi<strong>do</strong> aos seus inconvenientes<br />
estéticos, acaba por ser elimina<strong>do</strong> durante o tratamento da água, por oxidação,<br />
antes de atingir tais valores. Se for absorvi<strong>do</strong> continuamente, pode originar, p.e.,<br />
a situação neurológica conhecida como parkinson mangánico, que evolui<br />
lentamente, durante meses ou anos, poden<strong>do</strong> criar esta<strong>do</strong>s graves. No entanto,<br />
visto que se trata de um oligoelemento essencial à vida humana, acaba por ter<br />
um aspecto positivo para suprir as carências Nas Estações de Tratamento de<br />
Água há também o problema <strong>do</strong> desenvolvimento de um certo tipo de bactérias,<br />
76
como a Gallionella, cuja presença causa perturbações no funcionamento <strong>do</strong>s<br />
filtros de areia. Há igualmente o problema da formação de depósitos e corrosão<br />
das canalizações no sistema de distribuição.<br />
Metahemoglobinemia infantil:<br />
Ver nitratos.<br />
Mercúrio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, tem origens naturais (erosão de<br />
depósitos de cinábrio) e antropogénicas, como a indústria da pasta de papel,<br />
tratamento de sementes, combustíveis fósseis, extracção mineira e refinação. O<br />
mercúrio, na forma metálica, é também utiliza<strong>do</strong> em termómetros, barómetros e<br />
até em brinque<strong>do</strong>s para crianças. Se houver um ambiente fecha<strong>do</strong> e aqueci<strong>do</strong> no<br />
qual ocorra um derrame, mesmo em pequenas quantidades, pode dar-se o<br />
envenenamento. Os compostos de mercúrio são tóxicos ou por ingestão, ou por<br />
inalação de partículas bioacumuláveis, originan<strong>do</strong>, nomeadamente por inibição<br />
<strong>do</strong>s sistemas enzimáticos, transtornos neurológicos e renais, consoante se<br />
tratarem de compostos orgânicos ou inorgânicos, respectivamente, e interferin<strong>do</strong><br />
no metabolismo <strong>do</strong> colesterol. Pequenas <strong>do</strong>ses provocam <strong>do</strong>res de cabeça,<br />
nervosismo e irritabilidade, enquanto que <strong>do</strong>ses maiores causam convulsões,<br />
coma e eventualmente a morte. Relativamente aos compostos orgânicos, o<br />
metil-mercúrio é bastante perigoso, ten<strong>do</strong> efeitos teratogénicos. Este composto<br />
provém da transformação microbiana <strong>do</strong> mercúrio inorgânico e de alguns<br />
compostos orgânicos que contém mercúrio. Geralmente os sais inorgânicos de<br />
mercúrio não constituem perigo para os organismos, sen<strong>do</strong> muito utiliza<strong>do</strong>s na<br />
agricultura para combater <strong>do</strong>enças e pragas. Por sua vez, os compostos<br />
orgânicos utiliza<strong>do</strong>s para combater <strong>do</strong>enças provocadas por fungos em sementes<br />
e plantas em crescimento, frutas e hortaliças podem ser absorvi<strong>do</strong>s pelo Homem,<br />
sen<strong>do</strong> muitíssimo tóxicos (o alquil-mercúrio pode causar atrasos mentais<br />
permanentes). São conheci<strong>do</strong>s vários casos de intoxicação colectiva, como<br />
sucedeu no Iraque, por utilização de sementes que haviam si<strong>do</strong> tratadas com<br />
mercúrio, e na baía de Minamata (Japão, 1950), onde uma fábrica descarregou<br />
77
este metal no meio hídrico, atingin<strong>do</strong> os peixes, principal alimento da população<br />
local.<br />
Microorganismos: seres microscópicos como as bactérias, fungos, algas,<br />
protozoários, rotíferos, crustáceos e nemátodas, que se encontram em<br />
ambientes vários, sen<strong>do</strong> indesejáveis quan<strong>do</strong> presentes numa água destinada ao<br />
consumo humano.<br />
Mistura Rápida:<br />
Esta operação consiste na distribuição acelerada e uniforme <strong>do</strong>s reagentes,<br />
nomeadamente <strong>do</strong> coagulante, e p.e., <strong>do</strong> permanganato de potássio, pela água,<br />
crian<strong>do</strong> uma fase homogénea. É neste momento que se inicia o processo de<br />
coagulação/floculação. Esta mistura é feita mecanicamente por intermédio de um<br />
electroagita<strong>do</strong>r, geralmente de pás planas. Ver Coagulação.<br />
Mutagéneo:<br />
Agente físico (radiações ionizantes) ou químico que pode modificar a estrutura<br />
química <strong>do</strong>s genes (material hereditário). Certas substâncias químicas ao<br />
reagirem com o ADN, molécula que transporta o material hereditário, são muitas<br />
vezes mutagénicas, como alguns insecticidas. Embora algumas mutações<br />
possam trazer alguns benefícios, a maioria tem um efeito perigoso ou neutro,<br />
sen<strong>do</strong> muitos <strong>do</strong>s mutagéneos igualmente cancerígenos.<br />
78
Nanofiltração:<br />
N<br />
Técnica de separação por membranas, que consiste em fazer passar sob pressão<br />
a água através de membranas filtrantes, as quais retém praticamente tu<strong>do</strong> (com<br />
a excepção <strong>do</strong>s pesticidas e nitratos), e deixan<strong>do</strong> passar a água. É uma variação<br />
da osmose inversa, técnica utilizada p.e., para a dessalinização da água, em que<br />
são separa<strong>do</strong>s da água os sais nela dissolvi<strong>do</strong>s. Ver osmose inversa e separação<br />
por membranas.<br />
Nascente:<br />
Ponto onde nasce a água subterrânea; fonte.<br />
Níquel:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas com origens industriais. É relativamente<br />
pouco tóxico via digestiva por ser fracamente assimila<strong>do</strong> no intestino, não<br />
representan<strong>do</strong> perigo para a saúde pública quan<strong>do</strong> presente nos alimentos e<br />
água para consumo. Em algumas experiências com animais, revelou-se<br />
carcinogénio.<br />
Nitratos:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, com origens tanto naturais<br />
(erosão de depósitos naturais) como antropogénicas, sobretu<strong>do</strong> a existência de<br />
dejectos humanos e animais, mas também podem ser provenientes <strong>do</strong>s produtos<br />
utiliza<strong>do</strong>s na agricultura. Os nitratos não são tóxicos para o Homem, ten<strong>do</strong><br />
apenas um efeito diurético, já que são total e rapidamente elimina<strong>do</strong>s pela urina.<br />
No entanto podem acarretar problemas especialmente para os bebés (tal como<br />
nos ruminantes), pois a baixa acidez ao nível <strong>do</strong> seu estômago permite o<br />
desenvolvimento de bactérias que fazem a redução <strong>do</strong>s nitratos a nitritos, além<br />
79
de terem um tipo de hemoglobina que reage facilmente com os nitritos. Quan<strong>do</strong><br />
ocorre esta reacção com a hemoglobina (pigmento vermelho <strong>do</strong> sangue,<br />
responsável pelo transporte <strong>do</strong> oxigénio) o transporte <strong>do</strong> oxigénio através <strong>do</strong><br />
organismo deixa de ser eficaz. Se tal acontecer a um nível significativo, o<br />
organismo pode mesmo sufocar, situação designada por metahemoglobinemia<br />
infantil, ou vulgarmente, a <strong>do</strong>ença azul, que pode mesmo ser fatal. Também está<br />
demostra<strong>do</strong> o seu efeito cancerígeno e teratogénico.<br />
São compostos bastante solúveis na água, pelo que a sua presença pode<br />
contribuir para a eutrofização de rios e contaminação de aquíferos. O “bloco”<br />
azota<strong>do</strong> (nitratos, nitritos e amónia) é na maior parte das vezes acompanha<strong>do</strong><br />
de teores eleva<strong>do</strong>s de cloretos, sulfatos e fosfatos.<br />
Nitritos:<br />
Em águas naturais, os nitritos são indício de poluição, mas são rapidamente<br />
converti<strong>do</strong>s em nitratos sobretu<strong>do</strong> em solos agrícolas, e absorvi<strong>do</strong>s pelas<br />
plantas. No entanto podem acarretar problemas aos seres humanos, como a<br />
metahemoglobinemia nos bebés e constituin<strong>do</strong> também um potencial risco de<br />
cancro devi<strong>do</strong> à formação endógena e exógena de compostos N-nitrosos e<br />
nitrosaminas. Também se podem formar no final <strong>do</strong>s sistemas de distribuição se<br />
for praticada a desinfecção com cloraminas.<br />
Norma ou Padrão de qualidade da água:<br />
Valores de parâmetros físicos, químicos, biológicos e microbiológicos que<br />
definem uma qualidade da água aceite como adequada para determina<strong>do</strong> uso,<br />
neste caso, para consumo humano.<br />
Nutrientes:<br />
Geralmente dizem respeito aos nitratos e fosfatos existentes nas águas<br />
superficiais, permitin<strong>do</strong> o desenvolvimento de algas, e provocan<strong>do</strong> a<br />
eutrofização, quan<strong>do</strong> em excesso.<br />
80
Organismos Patogénicos:<br />
O<br />
Responsáveis pela transmissão de <strong>do</strong>enças contagiosas, existin<strong>do</strong> uma grande<br />
variedade de bactérias, vírus e parasitas responsáveis pela transmissão de<br />
<strong>do</strong>enças por ingestão de alimentos ou água contaminada.<br />
Organoclora<strong>do</strong>s:<br />
Grupo de substâncias químicas que entram na formação de certos insecticidas,<br />
compostos por um hidrocarboneto clora<strong>do</strong> com um ou mais anéis aromáticos, ou<br />
um hidrocarboneto cíclico satura<strong>do</strong>. São compostos menos tóxicos que outros<br />
compostos orgânicos (fosfora<strong>do</strong>s, clorofosfora<strong>do</strong>s e carbamatos), mas são muito<br />
persistentes no ambiente, bioacumulan<strong>do</strong>-se. Ver bioconcentração.<br />
Osmose inversa:<br />
Também denominada hiperfiltração, é feita com membranas semipermeáveis que<br />
permitem a passagem da água, mas não <strong>do</strong>s seus solutos, com a excepção de<br />
algumas moléculas orgânicas muito semelhantes à água em termos de tamanho<br />
molecular e polaridade. Na osmose “normal”, a água tende a passar pela<br />
membrana desde a parte mais diluída até à mais concentrada, até atingir o<br />
equilíbrio osmótico, o que se traduz numa pressão hidrostática (pressão<br />
osmótica). Se for aplicada uma pressão superior à osmótica na zona mais<br />
concentrada, a água passará da zona de maior concentração de solutos para a de<br />
menor concentração, fican<strong>do</strong> estes reti<strong>do</strong>s na membrana.<br />
Este tipo de tratamento é feito para a dessalinização da água <strong>do</strong> mar ou salobra,<br />
para a obtenção de água potável, mas requer muita energia, e membranas,<br />
sen<strong>do</strong> uma técnica dispendiosa. Ver dessalinização, salinidade, salinização.<br />
81
Outros compostos organoclora<strong>do</strong>s (sem ser os<br />
pesticidas):<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, como o tetracloroetano e o<br />
tricloroetano.<br />
Oxidabilidade ao permanganato:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, que constitui um teste geralmente<br />
equivalente à matéria orgânica presente na água, já que inclui as substâncias<br />
redutoras susceptíveis de serem oxidadas pelo permanganato de potássio, que<br />
se trata de um oxidante forte. Juntamente com outros parâmetros, como o Azoto<br />
Kjeldahl, é considera<strong>do</strong> um indica<strong>do</strong>r indirecto de contaminação fecal, já que as<br />
águas residuais têm um eleva<strong>do</strong> teor em matéria orgânica. Uma vez que não se<br />
define a natureza <strong>do</strong>s compostos oxidativos, não tem significa<strong>do</strong> em termos<br />
sanitários.<br />
Oxidação:<br />
Esta denominação foi originalmente atribuída ao processo químico que ocorre<br />
quan<strong>do</strong> o oxigénio reage com outras substâncias, mas como este processo<br />
envolve reacções de redução (ganho de electrões) e de oxidação (perda de<br />
electrões) entre várias substâncias, é mais correctamente denomina<strong>do</strong> oxidação-<br />
redução (re<strong>do</strong>x). Um agente de oxidação ou oxidante provoca a oxidação de<br />
outras substâncias, fican<strong>do</strong> ele próprio reduzi<strong>do</strong>, e contém átomos com números<br />
de oxidação eleva<strong>do</strong>s.<br />
Relativamente à oxidação da matéria orgânica das águas naturais destinadas ao<br />
consumo humano, recorre-se a agentes oxidantes como o cloro e compostos<br />
clora<strong>do</strong>s (cloro gasoso, dióxi<strong>do</strong> de cloro, hipocloritos), ozono, permanganato de<br />
potássio, peróxi<strong>do</strong> de hidrogénio, etc.. Com este processo, e dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
agente oxidante utiliza<strong>do</strong> e da fase de tratamento em que este é aplica<strong>do</strong>,<br />
consegue-se remover a cor ,cheiros e sabores, inactivar esporos, destruir<br />
82
microorganismos, etc., melhoran<strong>do</strong> o desempenho das fases de tratamento<br />
seguintes.<br />
Óxi<strong>do</strong>:<br />
Composto resultante da combinação <strong>do</strong> oxigénio com outro elemento.<br />
Oxigénio (O2):<br />
Elemento gasoso, incolor, insípi<strong>do</strong> e ino<strong>do</strong>ro. É o elemento mais abundante na<br />
crosta terrestre (49.2% por peso), e o que está presente na atmosfera (28% por<br />
volume) é extremamente importante para to<strong>do</strong>s os organismos aeróbios. A<br />
respiração <strong>do</strong>s seres vivos conduz a um consumo importante de oxigénio, com a<br />
libertação concomitante de CO2. Contu<strong>do</strong>, o consumo excessivo de combustíveis<br />
fósseis traduz-se num aumento regular <strong>do</strong> teor de CO2 na atmosfera, o qual a<br />
fotossíntese não consegue regular completamente.<br />
Pode ser obti<strong>do</strong> por destilação fraccionada a partir de ar líqui<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> várias<br />
aplicações industriais. A sua forma comum é a diatómica (O2), sen<strong>do</strong> possível<br />
produzir o ozono (O3) por ionização <strong>do</strong>s átomos de oxigénio, que é um oxidante<br />
muito forte actualmente utiliza<strong>do</strong> para o tratamento da água destinada ao<br />
consumo humano. Quimicamente o oxigénio reage com a maioria <strong>do</strong>s elementos<br />
forman<strong>do</strong> óxi<strong>do</strong>s. Ver oxidação, ionização, ozono.<br />
Oxigénio Dissolvi<strong>do</strong>:<br />
Parâmetro físico-químico cuja presença é normalmente considerada como<br />
positiva, pois relaciona-se directamente com a existência de contaminação<br />
orgânica, em geral de origem fecal. Se existir este tipo de contaminação há a<br />
diminuição <strong>do</strong> seu teor, devi<strong>do</strong> ao metabolismo bacteriano. No entanto, há que<br />
ter em atenção que uma concentração muito elevada também pode indicar a<br />
ocorrência de contaminação, pois a degradação da matéria orgânica é<br />
acompanhada de um aumento da concentração de oxigénio dissolvi<strong>do</strong> (O.D.),<br />
poden<strong>do</strong> por este motivo ser considera<strong>do</strong> um indica<strong>do</strong>r de contaminação fecal.<br />
83
Então, deve se manter a sua concentração num valor próximo da saturação. Se<br />
não se garantir um teor mínimo de oxigénio dissolvi<strong>do</strong> podem ocorrer vários<br />
inconvenientes, nomeadamente a formação de sabores e o<strong>do</strong>res desagradáveis,<br />
corrosão das canalizações e proliferação de microorganismos. A solubilidade <strong>do</strong><br />
oxigénio depende sobretu<strong>do</strong> da temperatura da água e da existência de<br />
determinadas substâncias como os cloretos, varian<strong>do</strong> na razão inversa.<br />
Ozono:<br />
Variedade alotrópica <strong>do</strong> oxigénio, o ozono é um gás tóxico, incolor, solúvel em<br />
água, com cheiro característico, mesmo quan<strong>do</strong> em baixas concentrações (o<br />
olfacto humano detecta a sua presença quan<strong>do</strong> a sua concentração é de 0.01<br />
ppm), e dependen<strong>do</strong> da sua concentração tem uma coloração que varia de<br />
incolor ao azul-escuro. Por ser muito instável, não pode ser armazena<strong>do</strong> nem<br />
transporta<strong>do</strong>, pelo que para a sua aplicação tem que ser produzi<strong>do</strong> no local.<br />
É um oxidante excelente, com um poder de oxidação superior ao <strong>do</strong> cloro, e com<br />
propriedades bactericidas e virulicidas importantes e de acção rápida.<br />
Actualmente é bastante utiliza<strong>do</strong> como pré-oxidante no tratamento de águas,<br />
nomeadamente para consumo humano, visto melhorar a separação sóli<strong>do</strong>-<br />
líqui<strong>do</strong>, aumentar a capacidade de filtração e produzir água de muito melhor<br />
qualidade. No entanto, utilização <strong>do</strong> ozono não permite a existência de um<br />
residual que garanta protecção contra possíveis contaminações da água pelo<br />
que, no caso <strong>do</strong> tratamento de águas destinadas ao consumo humano, realiza-se<br />
a sua desinfecção com outro reagente, geralmente o cloro gasoso.<br />
A sua produção consiste em fazer passar uma corrente gasosa de oxigénio (ou<br />
ar) num ozoniza<strong>do</strong>r, que é basicamente um conjunto de eléctro<strong>do</strong>s, entre os<br />
quais é gera<strong>do</strong> um campo eléctrico, cria<strong>do</strong> por um potencial eleva<strong>do</strong> que, por<br />
descargas eléctricas, provoca a ionização <strong>do</strong> O2. O oxigénio monoatómico<br />
ioniza<strong>do</strong> recombina-se com o oxigénio diatómico, forman<strong>do</strong> o ozono – O3 -. Este<br />
é então posto em contacto com a água bruta, por exemplo sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> por<br />
meio de difusores em câmaras de contacto. Conforme as características da água<br />
84
uta exigirem mais ou menos ozono, a sua <strong>do</strong>sagem é facilmente regulável,<br />
simplesmente modifican<strong>do</strong> a voltagem <strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>res.<br />
O principal inconveniente da utilização <strong>do</strong> ozono é o seu eleva<strong>do</strong> custo de<br />
produção, sobretu<strong>do</strong> energético, mas também há a considerar a sua toxicidade<br />
para o Homem, que se manifesta a baixas concentrações (com uma<br />
concentração superior a 0.25 ppm na atmosfera já representa perigo para a<br />
saúde). No entanto, como é detectável a baixas concentrações, qualquer fuga<br />
acidental é facilmente resolvida. Ver pré-ozonização.<br />
Este composto é também produzi<strong>do</strong> pela acção de descargas eléctricas<br />
(relâmpagos) na estratosfera ou quan<strong>do</strong> esta é atravessada pela radiação<br />
ultravioleta (U.V.) que reage com o oxigénio, agin<strong>do</strong> como uma barreira<br />
protectora da Terra contra esta radiação. Uma fina camada de ozono foi-se<br />
forman<strong>do</strong> progressivamente devi<strong>do</strong> a estes factores nas camadas superiores da<br />
atmosfera terrestre primitiva à medida que esta se enriquecia em óxigénio,<br />
graças à fotossíntese. Como o ozono impede a passagem da radiação U.V.,<br />
protege os seres vivos contra a sua acção letal, o que permitiu o<br />
desenvolvimento rápi<strong>do</strong> das diversas formas de vida no planeta. A camada de<br />
ozono encontra-se a cerca de 15 a 50 km acima da crosta terrestre<br />
(estratosfera), e a sua espessura actualmente é desigual, encontran<strong>do</strong>-se mais<br />
fina no equa<strong>do</strong>r e nos pólos, como resulta<strong>do</strong> da sua reacção com compostos<br />
deriva<strong>do</strong>s da actividade humana, sobretu<strong>do</strong> os CFC’s, halogéneos, e óxi<strong>do</strong>s de<br />
azoto produzi<strong>do</strong>s pela aviação.<br />
Na troposfera (camada inferior da atmosfera, onde vivemos), o ozono é um<br />
poluente fotoquímico que contribui para o efeito de estufa, que se forma quan<strong>do</strong><br />
na presença de radiação solar, óxi<strong>do</strong>s de azoto e hidrocarbonetos emiti<strong>do</strong>s por<br />
combustão pelos veículos automóveis, incinera<strong>do</strong>res, chaminés de caldeiras, etc..<br />
Acima de determina<strong>do</strong> valor, o ozono é nocivo para o Homem e animais, e causa<br />
irritações nas mucosas oculares e respiratórias, especialmente em pessoas<br />
sensíveis.<br />
85
Parâmetros físico-químicos:<br />
P<br />
Segun<strong>do</strong> o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, alguns destes parâmetros incluem-se<br />
no grupo de frequência de amostragem G2, como a temperatura e o pH, e outros<br />
no grupo G3, como o cálcio, os cloretos, o magnésio, o potássio, o sódio, e os<br />
sulfatos. Além destes, são também parâmetros físico-químicos a condutividade, a<br />
sílica, o alumínio, a dureza total, os sóli<strong>do</strong>s totais, o anidri<strong>do</strong> carbónico livre e o<br />
oxigénio dissolvi<strong>do</strong>, alguns <strong>do</strong>s quais que podem ter efeitos negativos sobre a<br />
saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e sobre o funcionamento das Estações de Tratamento de<br />
Água e sistemas de distribuição.<br />
Parâmetros microbiológicos:<br />
De acor<strong>do</strong> com o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, estes parâmetros incluem-se<br />
no grupo G1 (com a excepção <strong>do</strong>s estreptococos fecais e <strong>do</strong>s clostrídios<br />
sulfitoredutores, que se incluem no grupo G2), ou seja, no grupo cujos<br />
parâmetros têm que ser analisa<strong>do</strong>s com maior frequência, pois são indica<strong>do</strong>res<br />
de situações perigosas imediatas para a saúde pública, dependen<strong>do</strong> da eficácia<br />
da desinfecção efectuada. Os parâmetros microbiológicos analisa<strong>do</strong>s são:<br />
coliformes fecais, coliformes totais, estreptococos fecais, clostrídios<br />
sulfitoredutores, e germes totais (a 22°C e a 37°C). Embora não seja obrigatório<br />
por lei, para completar o melhor possível o exame microbiológico da água, é<br />
conveniente realizar a análise a: salmonelas, bacteriófagos fecais, enterovírus,<br />
estafilococos patogénicos. Além disso, estas águas não devem conter:<br />
organismos parasitas, algas, organismos macroscópicos.<br />
86
Parâmetros organolépticos:<br />
De acor<strong>do</strong> com o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, são a cor, a turvação (grupo<br />
G2), o cheiro e o sabor (grupo G1), sen<strong>do</strong> parâmetros a que o consumi<strong>do</strong>r é<br />
particularmente sensível. A apreciação destes parâmetros deverá ser feita sem<br />
recurso a aparelhagem que não os senti<strong>do</strong>s da vista, tacto, olfacto e sabor,<br />
tratan<strong>do</strong>-se apenas de uma avaliação qualitativa. Uma água para consumo<br />
humano deve ser incolor, límpida, ino<strong>do</strong>ra e insípida. Normalmente quan<strong>do</strong> estes<br />
parâmetros ficam altera<strong>do</strong>s, não quer dizer que existam necessariamente riscos<br />
para a saúde, mas em determinadas circunstâncias podem estar associa<strong>do</strong>s a<br />
situações potencialmente perigosas.<br />
Parâmetros relativos a substâncias indesejáveis:<br />
Segun<strong>do</strong> o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, a maioria destes parâmetros<br />
incluem-se no grupo G3, como o azoto Kjeldahl, bário, boro, cobalto, cobre, COT,<br />
fenóis, ferro dissolvi<strong>do</strong>, fluoretos, fosfatos, hidrocarbonetos dissolvi<strong>do</strong>s,<br />
manganês, outros compostos organoclora<strong>do</strong>s, prata, substâncias extraíveis,<br />
substâncias tensoactivas, sulfureto de hidrogénio e zinco. Pertencem ao grupo<br />
G2 o azoto amoniacal, os nitratos e nitritos e ao grupo G1 o cloro residual<br />
disponível e a oxidabilidade.<br />
A presença destas substâncias acima de determina<strong>do</strong> valor pode indicar a<br />
ocorrência de situações, como o próprio nome indica, inconvenientes para o<br />
utiliza<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> estes efeitos geralmente visíveis e não desejáveis, e não<br />
necessariamente tóxicos. Por exemplo, a presença de concentrações excessivas<br />
de ferro, manganês, cobre, zinco, fósforo e cobalto provoca normalmente a<br />
formação de precipita<strong>do</strong>s, a ocorrência de turvação e/ou coloração na água,<br />
tornan<strong>do</strong>-a menos apetecível para o consumi<strong>do</strong>r.<br />
87
Parâmetros relativos a substâncias tóxicas:<br />
Segun<strong>do</strong> o D-L n.º 236/98, de 1 de Agosto, estes parâmetros estão incluí<strong>do</strong>s no<br />
grupo G3: antimónio, arsénio, berílio, cádmio, cianetos, chumbo, crómio,<br />
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, mercúrio, níquel, pesticidas totais<br />
selénio, vanádio. Estas substâncias, quan<strong>do</strong> presentes acima de determinadas<br />
concentrações, podem resultar em situações de toxicidade, com várias<br />
consequências carcinogénicas, mutagénicas e teratogénicas, mas a sua presença<br />
na água não varia muito ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />
Parasitas:<br />
São organismos bastante complexos, poden<strong>do</strong> ser unicelulares (protozoários –<br />
esporozoários, amibas, flagela<strong>do</strong>s e cilia<strong>do</strong>s) ou pluricelulares (helmintas), e<br />
dependem de um hospedeiro para viver, alguns estabelecen<strong>do</strong> uma relação<br />
permanente com o hospedeiro, e outros passam por uma série de fases de<br />
desenvolvimento em vários hospedeiros. Os protozoários variam entre 1 e 2 µm<br />
de diâmetro e os helmintas podem medir até 10 metros de comprimento. Muitos<br />
<strong>do</strong>s protozoários produzem toxinas, para além das lesões que causam ao<br />
hospedeiro após a adesão e replicação. Muitas das consequências patogénicas<br />
das infecções por helmintas estão relacionadas com o seu tamanho, movimento<br />
e longevidade. As lesões directas resultam <strong>do</strong> bloqueio mecânico <strong>do</strong>s orgãos<br />
internos ou <strong>do</strong>s efeitos de pressão exercida pelos parasitas em crescimento. Ver<br />
<strong>do</strong>enças transmitidas pela água.<br />
Partículas coloidais:<br />
São sistemas constituí<strong>do</strong>s por 2 ou mais fases, com uma (a fase dispersiva)<br />
distribuída na outra (a fase contínua), e pelo menos uma delas tem dimensões<br />
muito pequenas (entre 10 -9 e 10 -6 ). No tratamento de água para consumo,<br />
devi<strong>do</strong> a estas pequenas dimensões, os colóides não sedimentam num perío<strong>do</strong><br />
de tempo razoável, e passam através <strong>do</strong>s poros <strong>do</strong>s filtros. Estas partículas não<br />
se aglomeram porque têm cargas superficiais negativas, repelin<strong>do</strong>-se umas às<br />
88
outras, e mantém-se estáveis se permanecerem pequenas, e são animadas de<br />
um movimento contínuo chama<strong>do</strong> Movimento Browniano. Por forma a eliminá-<br />
las, faz-se a adição de um coagulante, sen<strong>do</strong> o mais comum o sulfato de<br />
alumínio, cujos iões Al3 + , por terem carga contrária à das partículas coloidais,<br />
neutralizam as suas cargas superficiais, sen<strong>do</strong> assim possível a sua agregação a<br />
outras partículas. A este fenómeno chama-se - desestabilização <strong>do</strong>s colóides -.<br />
Desta forma, as partículas podem crescer e ganhar peso, por aglutinações<br />
sucessivas, forman<strong>do</strong>-se precipita<strong>do</strong>s - flocos - que, ao sedimentarem, já<br />
permitem a separação da fase sólida da líquida. Ver coagulação, coagulante,<br />
floculação.<br />
Partículas em suspensão:<br />
Pequenos grãos de rocha, solo ou matéria orgânica transporta<strong>do</strong>s pela água e<br />
que podem ser separa<strong>do</strong>s desta por sedimentação ou filtração, consoante a<br />
velocidade da água e as características das próprias partículas. As suas principais<br />
origens são a erosão <strong>do</strong> solo, os organismos vivos, sobretu<strong>do</strong> bactérias e algas, e<br />
as actividades agrícolas, industriais e eutrofização. Em águas paradas, as<br />
partículas pesadas depositam, poden<strong>do</strong> apenas permanecer em suspensão as<br />
mais finas (normalmente com dimensões inferiores a 1 µm), ou as coloidais.<br />
Devi<strong>do</strong> às suas pequenas dimensões, possuem uma grande superfície que lhes<br />
confere uma grande capacidade de adsorção, poden<strong>do</strong> por isso constituir um<br />
meio de transporte de substâncias tóxicas, como metais pesa<strong>do</strong>s e pesticidas, ou<br />
de microorganismos como vírus e bactérias patogénicas, daí a necessidade da<br />
sua eliminação. Ver partículas coloidais, turvação.<br />
Permanganato de potássio (KMnO4):<br />
É um oxidante enérgico conheci<strong>do</strong> há muito tempo, muito embora não seja muito<br />
utiliza<strong>do</strong> no tratamento de águas de abastecimento. Apresenta-se sob a forma de<br />
cristais violeta escuro e em contacto com ele, a água adquire uma tonalidade<br />
rosa, o que permite detectá-lo facilmente. Apresenta várias vantagens sobre o<br />
cloro, já que a sua manipulação não acarreta riscos, é de baixo custo e não dá<br />
origem a sabores e cheiros desagradáveis. No entanto, não tem acção residual, e<br />
89
o seu controlo é complica<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong>-se necessário eliminar a coloração que<br />
confere à água, e ao longo <strong>do</strong> tempo forma-se um precipita<strong>do</strong> escuro na água<br />
que adere às paredes <strong>do</strong>s órgãos de tratamento e a materiais de cerâmica e<br />
vidro, sen<strong>do</strong> de difícil remoção sem causar estragos.<br />
A sua aplicação é recomendada, conjuntamente com o cloro, quan<strong>do</strong> a água<br />
bruta contém muita matéria orgânica, ten<strong>do</strong> uma acção muito rápida sobre esta.<br />
Geralmente é utiliza<strong>do</strong> para a oxidação de substâncias inorgânicas reduzidas,<br />
como sais de ferro e manganês. A sua aplicação deve ser feita antes da<br />
coagulação/floculação, já que há a produção de dióxi<strong>do</strong> de manganês o qual<br />
contribui para a eliminação de impurezas catiónicas por adsorção, favorecen<strong>do</strong> a<br />
floculação. Ver ferro, manganês, pré-oxidação.<br />
Pesticidas:<br />
Designação que inclui uma variedade substâncias com natureza distinta e<br />
variadas aplicações, como algicidas, insecticidas, fungicidas, herbicidas,<br />
fumigantes e rodenticidas. De to<strong>do</strong>s, os mais importantes são os produtos<br />
químicos orgânicos sintéticos, como o DDT, o paratião, etc., não só em termos<br />
de consumo, como da sua potencial contaminação ambiental, causan<strong>do</strong> a ruptura<br />
<strong>do</strong> equilíbrio natural. Ao atingir os rios, por escorrências, aplicação directa,<br />
lixiviação de solos agrícolas, descargas industriais ou transporte aéreo, podem<br />
conduzir ao desenvolvimento de espécies resistentes a estes produtos, o que<br />
pode ter efeitos negativos nas cadeias alimentares, e pode mesmo causar a<br />
morte a peixes e outros seres vivos aquáticos, contaminan<strong>do</strong> os lençóis freáticos,<br />
e logo a água potável e a comida. Embora no ambiente as suas concentrações<br />
sejam geralmente baixas, eles tendem a concentrar-se à medida que progridem<br />
na cadeia alimentar (bioconcentração), com consequências gravíssimas para a<br />
fauna e flora selvagens, e para a saúde humana. Cerca de 90% <strong>do</strong>s pesticidas<br />
que absorvemos provém <strong>do</strong>s alimentos que foram trata<strong>do</strong>s com estas<br />
substâncias, pelo que se torna obrigatório lavar os legumes e frutas antes de os<br />
confeccionarmos e comermos.<br />
90
Plâncton:<br />
Nos sistemas aquáticos constitui a unidade básica de produção de matéria<br />
orgânica. Os seus organismos mais representativos são as algas, bactérias,<br />
rotíferos, cladóceras, cocépodes, e algumas larvas. De acor<strong>do</strong> com a sua<br />
natureza, o plâncton pode ser dividi<strong>do</strong> em três categorias: bacterioplâncton,<br />
fitoplâncton e zooplâncton.<br />
Polielectrólito:<br />
Composto de cadeia longa e eleva<strong>do</strong> peso molecular utiliza<strong>do</strong> como adjuvante da<br />
floculação, ou na desidratação das lamas produzidas, que pode ter cargas<br />
negativas (aniónico), positivas (catiónico), ambas ou nenhuma. Estes compostos<br />
têm muitos locais activos onde há a adesão aos flocos, juntan<strong>do</strong>-os e forman<strong>do</strong><br />
um floco maior e mais coeso, que sedimenta muito melhor. O tipo de<br />
polielectrólito a utilizar, o local e a <strong>do</strong>se a aplicar dependem das características<br />
da água bruta, sen<strong>do</strong> adiciona<strong>do</strong>s à água nas situações de pior coagulação. Ver<br />
coagulação, floculação, desidratação das lamas.<br />
Poluente:<br />
Substância ou material que causa poluição, representan<strong>do</strong> um potencial ou real<br />
perigo ao ecossistema e/ou à saúde <strong>do</strong>s organismos que nele vivem, ou que com<br />
ele interactuam. Ver poluente biodegradável, poluente não biodegradável,<br />
poluição.<br />
Poluente biodegradável:<br />
Pode ser converti<strong>do</strong> em algo não perigoso, por processos naturais e,<br />
consequentemente não provoca necessariamente prejuízos permanentes se<br />
forem dispersos ou trata<strong>do</strong>s adequadamente, como por exemplo os<br />
esgotos/efluentes/águas residuais.<br />
91
Poluente não biodegradável:<br />
Eventualmente acumulável no ambiente, poden<strong>do</strong>-se concentrar nas cadeias<br />
alimentares, como os metais pesa<strong>do</strong>s e o DDT.<br />
Poluição:<br />
Alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas <strong>do</strong><br />
ambiente natural, causada directa ou indirectamente pela actividade humana,<br />
poden<strong>do</strong> ser prejudicial tanto à vida humana como não humana. Os usos a dar à<br />
água dependem da sua qualidade pelo que se esta estiver poluída pode perturbar<br />
ou mesmo destruir o equilíbrio <strong>do</strong>s ecossistemas e <strong>do</strong>s recursos naturais,<br />
poden<strong>do</strong> causar <strong>do</strong>enças e pôr em causa muitas formas de vida. Há duas classes<br />
principais de poluentes: os biodegradáveis (ex. esgoto), e os não biodegradáveis<br />
(ex. metais pesa<strong>do</strong>s, DDT), e a sua capacidade de interferir na qualidade da<br />
água depende da sua concentração e da capacidade de diluição <strong>do</strong> meio hídrico.<br />
Outras formas de poluição <strong>do</strong> ambiente incluem o ruí<strong>do</strong>, a poluição visual e a<br />
poluição térmica (p.e., devi<strong>do</strong> ao funcionamento de certas indústrias e centrais<br />
termoeléctricas e nucleares, que utilizam a água para arrefecimento).<br />
Pontos de entrega:<br />
São os reservatórios onde é entregue a água tratada proveniente da ETA,<br />
geralmente sem constituírem pontos de consumo, terminan<strong>do</strong> nesses locais a<br />
distribuição em alta, da responsabilidade da entidade gestora. A partir daqui a<br />
distribuição da água passa a ser feita em baixa, sen<strong>do</strong> da responsabilidade <strong>do</strong>s<br />
Municípios. Ver Sistema de abastecimento de água em alta e Sistema de<br />
abastecimento de água em baixa.<br />
Potássio:<br />
Parâmetro físico-químico de origens natural e antropogénica, nomeadamente<br />
algumas indústrias e restos de fertilizantes, que intervém nos mecanismos de<br />
regulação osmótica. É o 7º elemento mais abundante na Terra, e a sua<br />
92
concentração na maioria das águas naturais raramente excede 20 mg/L. É<br />
indispensável à vida, sen<strong>do</strong> absorvi<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo pelas raízes das plantas e<br />
incorpora<strong>do</strong> pelos animais através da alimentação. Juntamente com o sódio<br />
desempenha um papel essencial na transmissão <strong>do</strong>s impulsos nervosos<br />
electroquímicos aos nervos e fibras nervosas. A sua insuficiência provoca<br />
sintomas de fraqueza muscular e perda de capacidade cerebral, mas o seu<br />
excesso também pode ser fatal.<br />
Potencial de hidrogénio, pH:<br />
Parâmetro físico-químico que constitui uma medida <strong>do</strong> grau de acidez ou<br />
basicidade de um meio aquoso, varian<strong>do</strong> entre 1 e 14. Se o valor <strong>do</strong> pH é 7, para<br />
uma temperatura de 25°C, o meio é neutro. Os valores abaixo de 7<br />
correspondem a um meio áci<strong>do</strong> e os superiores a um meio básico/alcalino. Por<br />
exemplo, o áci<strong>do</strong> de bateria tem pH 1, o sumo de limão 2, o leite 6 e a soda<br />
cáustica 13. A escala de pH é logarítmica, em que pH = - log10 [H + ], sen<strong>do</strong> [H + ]<br />
a concentração <strong>do</strong>s iões hidrogénio. Então, uma mudança de uma unidade na<br />
escala representa uma multiplicação por dez, ou seja, uma solução com pH 2 é<br />
dez vezes mais ácida que uma com pH 3, e cem vezes mais ácida que uma com<br />
pH 4.<br />
Nas água naturais não poluídas, o pH é sobretu<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> pela inter-relação<br />
entre o CO2 livre e as espécies carbonáceas presentes, poden<strong>do</strong> variar entre 4 e<br />
9.<br />
Em termos da saúde pública este parâmetro não tem grandes repercussões, no<br />
entanto, uma água com características ácidas pode levar à solubilização de<br />
metais constituintes das tubagens (corrosão), que podem ser tóxicos, ten<strong>do</strong> por<br />
isso de ser controla<strong>do</strong>. Além destes aspectos, o pH influencia o processo de<br />
tratamento a que a água é submetida, sobretu<strong>do</strong> a decantação e a desinfecção,<br />
ten<strong>do</strong> de ser controla<strong>do</strong> para a optimização <strong>do</strong> processo.<br />
Prata:<br />
93
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis. Ocorre como elemento e como<br />
minerais (argenite e clorargirita), existin<strong>do</strong> nos minérios de ferro e de cobre,<br />
sen<strong>do</strong> extraída como produto intermediário na sua fundição e refinação, e tem<br />
utilizações várias (joalharia, talheres, reagentes de fotografia - compostos como<br />
o cloreto e nitrato de prata, que são sais iónicos de prata I). Nas águas naturais<br />
ocorre ocasionalmente, mas raramente surge em concentrações detectáveis na<br />
água para consumo. No tratamento de águas para consumo, pode ser utiliza<strong>do</strong><br />
como desinfectante, ou como constituinte de certos filtros.<br />
Curiosidade: antigamente utilizava-se recipientes de prata para armazenamento<br />
de água devi<strong>do</strong> às suas propriedades como desinfectante.<br />
Precipitação:<br />
formação de um precipita<strong>do</strong>, i.e., de uma suspensão de pequenas<br />
partículas sólidas num líqui<strong>do</strong>, por reacção química;<br />
relativamente ao ciclo hidrológico, pode ser considera<strong>do</strong> como o seu ponto de<br />
partida. Ao atingir o solo várias situações podem ocorrer: a água pode evaporar<br />
imediatamente, sobretu<strong>do</strong> se a superfície é muito quente; se o solo for seco e/ou<br />
poroso pode ocorrer a infiltração da água no solo, ou a sua intercepção pela<br />
vegetação, pavimento, prédios, etc.; ficar retida em pequenas depressões e<br />
poças até evaporar ou transbordar; dirigir-se directamente para o curso de água<br />
mais próximo, constituin<strong>do</strong> a água superficial. Estas quatro situações reduzem<br />
consideravelmente a quantidade directa de escorrência.<br />
A repartição da precipitação na Terra é desigual, tanto de região para região,<br />
como ao longo <strong>do</strong> ano, e muitas vezes de ano para ano. Relativamente à sua<br />
variação com a latitude ocorre em menor escala nos pólos e zonas cobertas de<br />
gelo, aumenta nas zonas temperadas, voltan<strong>do</strong> a diminuir na zona que precede<br />
os trópicos e voltan<strong>do</strong> a aumentar até atingir o seu máximo na zona<br />
intertropical. Além disso também chove mais nas zonas costeiras que no interior<br />
<strong>do</strong>s continentes, já que cerca de 85% <strong>do</strong> vapor de água na atmosfera vem <strong>do</strong>s<br />
oceanos (Efeito da Continentalidade). Ver ciclo hidrológico.<br />
94
Pré-Cloragem:<br />
Consiste na pré-oxidação com cloro das substâncias presentes na água bruta. A<br />
utilização de cloro gasoso ou de hipocloritos deve ser bem ponderada devi<strong>do</strong> à<br />
formação de Trihalometanos, substâncias potencialmente cancerígenas e<br />
mutagénicas, resultantes da reacção de substâncias orgânicas precursoras<br />
(sobretu<strong>do</strong> áci<strong>do</strong>s húmicos e fúlvicos) com o cloro. Ver cloração, cloro, pré-<br />
oxidação, Trihalometanos.<br />
Pré-oxidação:<br />
Traduz o início <strong>do</strong> processo de tratamento da água bruta, na qual é injectada<br />
uma substância oxidante, como o ozono, cloro, permanganato de potássio,<br />
dióxi<strong>do</strong> de cloro, etc., para a oxidação das substâncias presentes,<br />
nomeadamente a matéria orgânica, micropoluentes e metais. Sen<strong>do</strong> realizada<br />
com ozono é designada por Pré-Ozonização, e com cloro é a Pré-Cloragem. Esta<br />
fase é de grande importância, pois favorece as fases seguintes, nomeadamente a<br />
floculação e a filtração, evitan<strong>do</strong> a proliferação de algas e microorganismos nas<br />
instalações. Ver oxidação, pré-cloragem, pré-ozonização.<br />
Pré-ozonização:<br />
Consiste na pré-oxidação com ozono das substâncias presentes na água bruta. O<br />
ozono tem-se mostra<strong>do</strong> muito mais vantajoso que os outros oxidantes<br />
geralmente utiliza<strong>do</strong>s, melhoran<strong>do</strong> o desempenho <strong>do</strong>s orgãos seguintes, e<br />
consequentemente, produzin<strong>do</strong> melhor qualidade da água.<br />
Das múltiplas vantagens decorrentes desta fase, há a diminuição da proliferação<br />
de algas; não se verifica a formação de trihalometanos, pois oxida os seus<br />
precursores orgânicos e diminui a demanda de cloro a utilizar; promove uma<br />
leve floculação, mesmo em pequenas concentrações; melhora o tratamento<br />
biológico da água ao quebrar as grandes moléculas orgânicas, melhoran<strong>do</strong> a sua<br />
biodegradabilidade; elimina cheiros, sabores e cor devi<strong>do</strong> à sua grande acção<br />
sobre as substância responsáveis por esses fenómenos.<br />
95
A principal limitação da ozonização da água é a falta de acção residual <strong>do</strong> ozono,<br />
um <strong>do</strong>s aspectos mais importantes da desinfecção, pelo que torna-se necessário<br />
utilizar um desinfectante que tenha essa acção, geralmente o cloro.<br />
Pressão:<br />
Ver desinfecção, pré-oxidação, ozono.<br />
Força exercida normalmente numa unidade de área de uma superfície, ou a<br />
proporção de força por área. Em unidades <strong>do</strong> Sistema Internacional (S.I.) é<br />
expressa em Pascal. A pressão absoluta é medida numa escala cujo zero é li<strong>do</strong> à<br />
pressão zero e não à pressão atmosférica; a pressão manométrica é medida<br />
numa escala que lê zero à pressão atmosférica.<br />
Pressão atmosférica:<br />
Pressão exercida pelo peso <strong>do</strong> ar em qualquer ponto da superfície terrestre. Ao<br />
nível <strong>do</strong> mar, Patm = 101325 Pa (unidades S.I.).<br />
96
Radiações Ultravioleta:<br />
R<br />
Ondas electromagnéticas de comprimento de onda intermédio entre o violeta<br />
(visível) e os Raios-X (invisíveis), matam certos organismos, embora não sejam<br />
letais para o Homem. A radiação U.V. é utilizada para a desinfecção de água por<br />
inactivação de contaminantes através da sua reacção com a luz causan<strong>do</strong> a<br />
morte de microorganismos por destruição da parede celular, não originan<strong>do</strong><br />
resíduos nem subprodutos tóxicos, evitan<strong>do</strong> o uso de produtos químicos. No<br />
entanto, tal como o ozono, a radiação U.V. não deixa nenhum residual que<br />
previna alguma contaminação posterior, ten<strong>do</strong> de se recorrer a um desinfectante<br />
final, como o cloro. Este tipo de desinfecção da água (desinfecção física) é<br />
geralmente utilizada para o tratamento de pequenos caudais, como por exemplo,<br />
para a obtenção de uma água ultrapura ideal para a produção da última geração<br />
de componentes electrónicos. Isto consegue-se usan<strong>do</strong> uma série de barreiras,<br />
complementan<strong>do</strong> a osmose inversa com U.V. e ozono em várias fases<br />
alternadas: o ozono destrói microorganismos e elimina minerais, e a radiação<br />
U.V. que remove o excesso de ozono. Ver desinfecção da água.<br />
Remineralização:<br />
Também conhecida por recarbonatação, esta técnica de tratamento tem por<br />
objectivo o aumento <strong>do</strong> pH e <strong>do</strong> teor em cálcio, contribuin<strong>do</strong> para a formação de<br />
uma capa de protecção contra a corrosão electroquímica nas condutas e<br />
restantes estruturas, e promoven<strong>do</strong> a melhoria das características organolépticas<br />
da água para consumo. Geralmente é feita com recurso ao hidróxi<strong>do</strong> de cálcio<br />
(cal), com um complemento de dióxi<strong>do</strong> de carbono. Em meio aquoso, o CO2<br />
produz áci<strong>do</strong> carbónico, um áci<strong>do</strong> fraco capaz de reagir com compostos alcalinos<br />
transforman<strong>do</strong>-os em bicarbonatos neutros, obten<strong>do</strong>-se um meio<br />
suficientemente tampona<strong>do</strong> no valor de pH deseja<strong>do</strong>. Nota: uma solução<br />
tampão é uma solução resistente à mudança de pH quan<strong>do</strong> se lhe adiciona um<br />
áci<strong>do</strong> ou uma base, ou quan<strong>do</strong> a solução é diluída. Ver água agressiva, corrosão.<br />
97
Reservatório:<br />
Depósito destina<strong>do</strong> ao armazenamento de água. Os reservatórios de água<br />
municipais podem ser eleva<strong>do</strong>s ou apoia<strong>do</strong>s, consoante a necessidade de<br />
fornecer ou não pressão à água a distribuir.<br />
Para evitar flutuações da temperatura da água, e para a sua protecção contra<br />
insectos e roe<strong>do</strong>res, os reservatórios devem ser semienterra<strong>do</strong>s. Quanto à<br />
entrada da água no reservatório, esta deve ser feita na parte superior e a sua<br />
saída na inferior, contribuin<strong>do</strong> assim para a renovação da água armazenada. Os<br />
materiais de construção <strong>do</strong>s reservatórios, tal como das restantes infra-<br />
estruturas em contacto com a água, não devem introduzir substâncias,<br />
microorganismos ou formas de energia que alterem as suas condições de<br />
potabilidade. Ver armazenamento, desinfecção.<br />
Resíduo seco:<br />
Ver sóli<strong>do</strong>s totais.<br />
98
Sabor:<br />
S<br />
Parâmetro organoléptico que se pode dever à existência de compostos orgânicos,<br />
sais inorgânicos ou gases dissolvi<strong>do</strong>s, de origens <strong>do</strong>mésticas, agrícolas ou<br />
naturais, por decomposição de plantas, algas e fungos, poden<strong>do</strong> portanto indicar<br />
poluição na origem da captação, tratamento deficiente da água, corrosão química<br />
ou crescimento biológico no sistema de distribuição.<br />
A utilização de cloro no tratamento da água pode, se existirem compostos<br />
precursores, conduzir à formação de subprodutos causa<strong>do</strong>res de sabores e<br />
cheiros desagradáveis, como os clorofenóis. A corrosão de materiais de zinco ou<br />
cobre também confere um sabor adstringente à água.<br />
Muito embora a sua alteração não corresponda, na maior parte das vezes a um<br />
risco sanitário, pode estar associa<strong>do</strong> a situações potencialmente perigosas.<br />
Salinidade:<br />
Conteú<strong>do</strong> total de to<strong>do</strong>s os tipos de constituintes minerais dissolvi<strong>do</strong>s na água.<br />
As fontes mais comuns de salinidade são as nascentes que passam através de<br />
rochas que contém sais solúveis (origem natural), águas residuais <strong>do</strong>mésticas e<br />
industriais, salmouras e água de minas. A utilização e reutilização de água,<br />
especialmente em zonas de irrigação, também aumenta a concentração de sais,<br />
poden<strong>do</strong> mesmo provocar a salinização de solos e água para abastecimento. Ver<br />
salinização.<br />
Salinização:<br />
Diz-se quan<strong>do</strong> o solo ou a massa de água tem um excesso de sais tal que não<br />
suporta a vida vegetal e animal.<br />
99
Relativamente aos solos, o seu equilíbrio salino fica perturba<strong>do</strong>, permitin<strong>do</strong> que<br />
os sais se acumulem na zona de cultivo, ou que formem uma crosta salina à<br />
superfície. Estas situações são mais comuns em regiões áridas, com baixa<br />
pluviosidade, e taxas de evapotranspiração elevadas. A evapotranspiração<br />
provoca o aumento da concentração de sais da água que sobra, e nos sistemas<br />
de irrigação permanente, em que nunca há época de pousio, a água <strong>do</strong>s canais<br />
de irrigação infiltra-se nos solos, e ocorre a subida das águas subterrâneas que<br />
trazem sais para a superfície (a menos que se utilizem sistemas de drenagem).<br />
Os solos têm naturalmente uma concentração de sais diminuta, que acabam por<br />
se infiltrar com as águas da chuva. Se o solo tiver concentrações excessivas de<br />
sais, essa infiltração pode ser gravosa, pois a água acabará por atingir as águas<br />
subterrâneas adjacentes e/ou rios e outros cursos de água. Isto é o que acontece<br />
em muitas regiões africanas, em que a água disponível para consumo é reduzida,<br />
haven<strong>do</strong> locais onde está praticamente salinizada.<br />
Há muitas regiões em que a água subterrânea é naturalmente salina, mas esse<br />
teor de sais pode aumentar consideravelmente devi<strong>do</strong> a infiltrações de águas de<br />
irrigação, ou como já referi<strong>do</strong>, à subida <strong>do</strong> seu nível piezométrico, pois a água<br />
acabará por dissolver os sais solúveis das rochas que atravessa. Estas variações<br />
<strong>do</strong> nível piezométrico também pode levar à intrusão de água salobras adjacentes<br />
que muitas vezes datam de há centenas ou milhares de anos. Os aquíferos<br />
litorais também estão sujeitos a intrusão marinha, pela sua proximidade à água<br />
salgada <strong>do</strong>s mares e oceanos. Ver salinidade, dessalinização e intrusão marinha.<br />
Salmonelas:<br />
Estas bactérias têm morfologia bacilar, são geralmente móveis, gram negativas,<br />
sem capacidade de formação de esporos, não fermentam a lactose, mas a<br />
glucose com produção de gás. Produzem sulfureto de hidrogénio (H2S) e lisina<br />
descarboxilase e são oxidase negativa. Podem ter o citrato como a única fonte de<br />
carbono. As diferentes formas <strong>do</strong> género Salmonella existem no trato intestinal<br />
de porta<strong>do</strong>res humanos como <strong>do</strong>s animais sem provocar sintomas especiais. Na<br />
presença de alimentos, que são um excelente meio de cultivo, multiplicam-se<br />
100
apidamente provocan<strong>do</strong>, consoante as espécies, febre tifóide e paratifóide,<br />
gastroenterites agudas e septicemias. A infecção é geralmente contraída por<br />
ingestão de material contamina<strong>do</strong> por fezes ou urina humanas, incluin<strong>do</strong> água e<br />
alimenyos como o leite e marisco no caso da Salmonella typhi (causa<strong>do</strong>ra da<br />
febre tifóide), ou pela ingestão de água contaminada, no caso da Salmonella<br />
paratyphi A, B, ou C (causa<strong>do</strong>ras da febre paratifóide)<br />
Sede:<br />
É um mecanismo acciona<strong>do</strong> por detectores específicos que enviam sinais ao<br />
hipotálamo (no cérebro) quan<strong>do</strong> existe uma perda de água, quer pela<br />
transpiração normal, micção ou respiração, quer pela sudação excessiva devi<strong>do</strong> a<br />
uma actividade física, ou pelo aumento de sudação devida a um aumento da<br />
temperatura ambiente. O cérebro activa imediatamente um mecanismo que se<br />
traduz pela vontade de beber, e após satisfeita essa necessidade, há a absorção<br />
<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> pelo intestino, equilibran<strong>do</strong> o nível de água no organismo, cessan<strong>do</strong> o<br />
mecanismo da sede. No caso da sede que surge por ingestão de sal, que é um<br />
composto que como que absorve a água <strong>do</strong> sangue circundante da boca ou<br />
estômago, há o accionamento de receptores osmóticos, e desencadeia-se o<br />
mecanismo atrás referi<strong>do</strong>.<br />
O corpo humano é constituí<strong>do</strong> maioritariamente por água, numa percentagem<br />
média de 70 % num adulto, sen<strong>do</strong> fundamental a reposição diária de líqui<strong>do</strong>s<br />
para o correcto funcionamento <strong>do</strong> organismo. Em média deve beber-se<br />
diariamente cerca de 2 L, mas estes não têm necessariamente de ser de água,<br />
pois há alimentos com eleva<strong>do</strong> teor em água e todas as bebidas são<br />
fundamentalmente constituídas por este líqui<strong>do</strong>. No entanto, é a água que regula<br />
a temperatura corporal, transporta nutrientes, elimina produtos desnecessários<br />
<strong>do</strong> corpo, lubrifica-o e protege-o contra agressões, por isso devia ser a sua<br />
bebida de eleição.<br />
101
Conselhos para a saúde:<br />
- beba água regularmente, mesmo que não tenha sede, e principalmente<br />
quan<strong>do</strong> está calor;<br />
- beba em pequenas quantidades, e várias vezes ao dia;<br />
- se gosta de água fresca, beba em pequenas quantidades e devagar, caso<br />
contrário podem surgir problemas gástricos;<br />
- beba água durante a prática de exercício físico para não correr o risco de<br />
hipertermia;<br />
- consoante as necessidades <strong>do</strong> seu organismo, consuma água de diferentes<br />
origens, pois o seu conteú<strong>do</strong> em sais minerais por vezes é bastante diferente.<br />
Sedimentos:<br />
Materiais sóli<strong>do</strong>s, como as areias e argilas, que se depositam no fun<strong>do</strong> de um<br />
plano de água por sedimentação, e que se devem à acção das águas, vento ou<br />
outros agentes físicos. Os mais grosseiros são também chama<strong>do</strong>s aluviões, e os<br />
mais finos vasas.<br />
Selénio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, com origens naturais (erosão de<br />
depósitos) e antropogénicas (refinarias de petróleo e minas). A sua toxicidade<br />
ocorre a partir de exposições diárias de 200 µg/kg, e embora com sintomas<br />
pouco específicos, afecta o sistema circulatório, provoca a queda de cabelo e de<br />
unhas. Há estu<strong>do</strong>s que relacionam um aumento da exposição ao selénio com um<br />
aumento de cáries e com uma diminuição da frequência de episódios de cancro<br />
<strong>do</strong> estômago.<br />
Separação por membranas:<br />
102
Processo de tratamento que permite a separação de partículas presentes num<br />
fluí<strong>do</strong>, através de uma membrana que exerce uma resistência selectiva à<br />
transferência desses componentes. As membranas são películas delgadas (0.05 a<br />
2 mm), com composições químicas muito variáveis, quase todas produzidas via<br />
sintética. Os mecanismos de transferência através de membranas podem ser por<br />
filtração (membranas de filtração, osmose inversa, nanofiltração, ultrafiltração,<br />
microfiltração), permeabilização (para gases) e diálise (simples, piezodiálise ou<br />
electrodiálise).<br />
Sílica:<br />
Parâmetro físico-químico que depende sobretu<strong>do</strong> da natureza <strong>do</strong>s terrenos,<br />
resulta da erosão de rochas siliciosas (quartzos e arenitos), mas também pode<br />
ter como origens as actividades agrícolas e industriais. As águas naturais podem<br />
conter entre 1 mg/L de sílica em águas macias (pouco duras) pantanosas, e até<br />
40 mg/L em certas águas duras. Em zonas de actividade vulcânica e geotérmica,<br />
as águas podem ter valores muito superiores. Para os teores normais das águas<br />
naturais não são conheci<strong>do</strong>s efeitos tóxicos significativos.<br />
Segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as águas destinadas ao consumo humano<br />
não são atribuí<strong>do</strong>s quaisquer valores normativos para este parâmetro. Contu<strong>do</strong>,<br />
em certos processos industriais, podem surgir problemas de obstrução, sen<strong>do</strong> de<br />
difícil remoção.<br />
Sistema de abastecimento de água em alta:<br />
Sistema de produção de água e adução. É constituí<strong>do</strong> por todas ou parte das<br />
seguintes etapas: captação, tratamento e transporte, geralmente sem consumo<br />
de percurso. Pode incluir, p.e., instalações elevatórias e reservatórios de<br />
armazenamento de água bruta ou tratada.<br />
Sistema de abastecimento de água em baixa:<br />
103
Sistema de distribuição de água tratada. É constituí<strong>do</strong> por uma rede de<br />
distribuição até aos pontos de consumo directo. Pode incluir, p.e., instalações<br />
elevatórias e reservatórios de armazenamento de água tratada.<br />
Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água para<br />
consumo humano:<br />
Sistema em alta, abrange a área de pelo menos <strong>do</strong>is municípios e exige um<br />
investimento pre<strong>do</strong>minante <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> obrigatoriamente cria<strong>do</strong>s por<br />
decreto-lei. É constituí<strong>do</strong> por infra-estruturas e equipamentos destina<strong>do</strong>s à<br />
captação, adução, tratamento, armazenamento e distribuição da água destinada<br />
ao consumo humano.<br />
As grandes vantagens destes sistemas multimunicipais face aos municipais<br />
prendem-se com a possibilidade de selecção de locais de captação mais<br />
adequa<strong>do</strong>s e com a implementação de um sistema de gestão integra<strong>do</strong>, o que se<br />
deve ao facto de possuírem capital próprio e independência financeira e ainda<br />
uma área de abrangência muito alargada.<br />
Sódio:<br />
Parâmetro físico-químico muito abundante na natureza, as suas origens nas<br />
águas <strong>do</strong>ces são a intrusão salina e os efeitos das marés (ocorren<strong>do</strong> sob a forma<br />
de sais muito solúveis, como o cloreto de sódio), condições climatéricas, algumas<br />
actividades industriais e a natureza <strong>do</strong>s terrenos. Geralmente a contribuição da<br />
água para consumo para o total de sódio ingeri<strong>do</strong> diariamente é muito baixa,<br />
sen<strong>do</strong> as suas fontes principais o sal de cozinha e os próprios alimentos. O seu<br />
limite de detecção gustativo na água para consumo depende da forma como se<br />
encontra, e da temperatura da água. Por exemplo, o cloreto de sódio (o vulgar<br />
sal de cozinha) é detectável por volta de 150 mg/L Na e o sulfato de sódio a 220<br />
mg/L Na.<br />
Este elemento tem um papel fundamental nos mecanismos de regulação<br />
osmótica <strong>do</strong> organismo, pelo que os seus efeitos sob a saúde pública, quan<strong>do</strong> em<br />
104
concentrações excessivas, são sobretu<strong>do</strong> problemas cardiovasculares como a<br />
hipertensão, no entanto, geralmente valores um pouco acima <strong>do</strong>s<br />
regulamenta<strong>do</strong>s não são perigosos. É importante referir que o teor em sódio tem<br />
efeitos sobre a saúde <strong>do</strong>s bebés, não só por elevação da sua tensão arterial, mas<br />
visto que o seu aparelho urinário/renal, nomeadamente os rins, não está<br />
completamente desenvolvi<strong>do</strong>, o que pode levar a situações de desidratação por<br />
elevação <strong>do</strong> nível de sódio quan<strong>do</strong> sofrem de infecções gastrointestinais graves.<br />
Esta situação é perigosa, poden<strong>do</strong> conduzir a lesões neurológicas permanentes.<br />
Quan<strong>do</strong> for prescrita uma dieta isenta de sódio, deve-se ter em atenção a sua<br />
presença em todas as águas utilizadas.<br />
Quan<strong>do</strong> se faz o amaciamento da água com adição de soda (hidróxi<strong>do</strong> de sódio),<br />
pode haver um aumento significativo da sua concentração na água tratada.<br />
Sóli<strong>do</strong>s totais ou Resíduo seco a 180°C:<br />
Parâmetro físico-químico que indica os sóli<strong>do</strong>s e substâncias orgânicas e<br />
inorgânicas dissolvidas na água, que poderão ter origens várias, permitin<strong>do</strong><br />
determinar a mineralização total de uma água. Muito embora não se possa<br />
estabelecer uma relação directa entre este parâmetro e os seus efeitos sobre a<br />
saúde, por dependerem da sua natureza, se as águas apresentarem um valor<br />
muito eleva<strong>do</strong> de substâncias em suspensão e dissolvidas, podem ser de má<br />
qualidade, afectan<strong>do</strong> as suas características organolépticas, e podem ser<br />
corrosivas.<br />
Sóli<strong>do</strong>s suspensos totais:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis com origens diversas. Têm<br />
incidência em várias características da água, como a turvação, os sóli<strong>do</strong>s<br />
dissolvi<strong>do</strong>s totais, oxidabilidade ao permanganato, carga microbiana, etc.,<br />
dificultan<strong>do</strong> algumas operações de tratamento, nomeadamente a desinfecção. É<br />
pois uma medida aproximada <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong> presente na água, incluin<strong>do</strong><br />
a matéria orgânica e inorgânica, como o plâncton, gesso e argilas., e a sua<br />
presença nas águas superficiais varia bastante com o caudal e com a estação <strong>do</strong><br />
105
ano. Ao nível sanitário, a sua presença altera as características organolépticas da<br />
água, não oferecen<strong>do</strong> garantias de potabilidade. Por si só não representa perigo<br />
para a saúde humana, mas consoante a natureza <strong>do</strong>s elementos pode apresentar<br />
riscos para o consumi<strong>do</strong>r. Desta forma, segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as<br />
águas destinadas ao consumo devem estar ausentes.<br />
Solo:<br />
Composto de partículas minerais, matéria orgânica e organismos vivos, que leva<br />
um certo tempo para atingir o equilíbrio, tornan<strong>do</strong>-se apto para a agricultura. A<br />
sobreexploração agrícola, o derrube desenfrea<strong>do</strong> de matas e florestas ou técnicas<br />
antiecológicas de plantio e irrigação acarretam a sua rápida deterioração.<br />
Segun<strong>do</strong> a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 21 milhões de<br />
hectares de solo sofrem, anualmente, de desertificação.<br />
Solução:<br />
Mistura homogénea de um líqui<strong>do</strong> (solvente) com um gás ou sóli<strong>do</strong> (soluto).<br />
Soluto:<br />
Substância dissolvida num solvente na formação de uma solução.<br />
Solvente:<br />
Líqui<strong>do</strong> que dissolve outra ou outras substâncias forman<strong>do</strong>-se uma solução. A<br />
água é o solvente universal.<br />
Substâncias extraíveis com clorofórmio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que representa uma enorme<br />
variedade de constituintes que apenas têm em comum o facto de serem solúveis<br />
em clorofórmio, estan<strong>do</strong> presentes em quantidades reduzidas, razão pela qual<br />
são conheci<strong>do</strong>s por micropoluentes orgânicos. São exemplos destes compostos<br />
106
os insecticidas organoclora<strong>do</strong>s, compostos fenólicos, áci<strong>do</strong>s húmicos e<br />
polissacári<strong>do</strong>s. De uma forma geral, a presença destas substâncias na água para<br />
consumo traduz-se em alterações das suas características organolépticas, na<br />
diminuição da velocidade de autodepuração da água e em fenómenos de<br />
bioconcentração nas cadeias alimentares. Suspeita-se que muitas destas<br />
substâncias sejam cancerígenas ou mutagénicas.<br />
Substâncias tensoactivas (que reagem com o azul de<br />
metileno):<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis.<br />
Sulfatos:<br />
Parâmetro físico-químico que pode ter origens tanto naturais (hidrogeológicas,<br />
fundamentalmente devi<strong>do</strong> à dissolução de gessos e à oxidação de pirites,<br />
intrusão marinha, e reacções bioquímicas), como antropogénicas (agrícola,<br />
industrial, nomeadamente a indústria <strong>do</strong> papel e têxtil, chuvas ácidas e<br />
dejectos). Ao nível <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r estes aniões (SO4 2- ) são os menos tóxicos,<br />
poden<strong>do</strong> causar perturbações gastrointestinais (principalmente em crianças),<br />
actuan<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> como laxante, principalmente se associa<strong>do</strong> ao magnésio ou<br />
ao sódio, no entanto o seu efeito depende grandemente das próprias<br />
características de cada indivíduo, e da sua habituação. Os sulfatos também têm<br />
influência nos processos de corrosão, nomeadamente por contribuírem para o<br />
aumento da mineralização da água, e logo, da sua condutividade, por intervirem<br />
no metabolismo de bactérias sulfatoredutoras, em condições anaeróbias,<br />
conferin<strong>do</strong> à água um cheiro desagradável a ovos podres (facilmente eliminável<br />
por arejamento).<br />
Sulfureto de hidrogénio:<br />
107
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis, tem várias origens, como certos<br />
tipos de indústrias, como as papeleiras, corantes, pigmentos, etc., e como<br />
consequência da solubilização de sulfuretos minerais, e de fermentações<br />
anaeróbias. A sua presença altera as características organolépticas da água,<br />
nomeadamente cheiro e sabor desagradáveis, sen<strong>do</strong> detectáveis a concentrações<br />
aproximadas de 0.05 e 0.1 mg/L, e a sua ingestão oral provoca náuseas, vómitos<br />
e <strong>do</strong>res epigástricas, actuan<strong>do</strong> em alguns processos celulares de oxidação-<br />
redução, e bloquean<strong>do</strong> a acção de vários sistemas enzimáticos. Se ocorrer na<br />
forma de sal sódico, uma <strong>do</strong>se oral de 10 a 15 g é mortal. Se o sulfureto de<br />
hidrogénio estiver associa<strong>do</strong> ao ferro solúvel, podem formar-se precipita<strong>do</strong>s<br />
negros.<br />
Como as características organolépticas são detectáveis antes de ocorrerem<br />
episódios de toxicidade, segun<strong>do</strong> a legislação em vigor para as águas destinadas<br />
ao consumo humano não deve ser detectável organolepticamente.<br />
108
Temperatura:<br />
T<br />
Parâmetro físico-químico, que embora não seja de grande importância<br />
relativamente aos sistemas de abastecimento de água por manter-se<br />
praticamente constante, é um parâmetro que influencia os mecanismos vitais<br />
<strong>do</strong>s microorganismos que têm por base reacções químicas (taxas de<br />
crescimento, necessidades em nutrientes e vias metabólicas), determinan<strong>do</strong> a<br />
existência de determina<strong>do</strong>s grupos. É naturalmente afectada pelas condições<br />
meteorológicas, e por indústrias que utilizem a água como meio de refrigeração.<br />
Teratogéneo:<br />
Substância que provoca defeitos no feto de uma mulher a ela exposta. O mais<br />
conheci<strong>do</strong> é a tali<strong>do</strong>mida, medicamento que antigamente era utiliza<strong>do</strong> pelas<br />
grávidas. Outras substâncias potencialmente teratogénicas são os compostos<br />
orgânicos de mercúrio e as dioxinas.<br />
Tóxico:<br />
Algo capaz de enfraquecer, ferir ou matar um organismo, por meio de uma acção<br />
química. É o caso de gases como o ozono, monóxi<strong>do</strong> de carbono, as substâncias<br />
referidas em parâmetros relativos a substâncias tóxicas, etc..<br />
Toxinas:<br />
Substâncias produzidas pelas bactérias, que danificam os teci<strong>do</strong>s directamente<br />
ou desencadeiam actividades biológicas destrutivas. Relativamente às<br />
cianobactérias, as toxinas por elas produzidas podem ser neurotoxinas,<br />
hepatotoxinas, e toxinas irritantes ao contacto directo. Há vários tipos de<br />
neurotoxinas, algumas das quais funcionam como bloquea<strong>do</strong>res neuromusculares<br />
periféricos (em bioensaios com administração de <strong>do</strong>ses letais a ratos, causam a<br />
109
sua morte ao fim de poucos minutos), outros impedem a degradação da<br />
acetilcolina por inibição da enzima responsável, e outras bloqueiam os canais de<br />
sódio, inibin<strong>do</strong> a transmissão neuromuscular. As hepatotoxinas são promotoras<br />
de tumores, e quan<strong>do</strong> em bioensaios com ratos, em situações de toxicidade<br />
aguda, causam a morte de ratos ao fim de 2 a 6 horas devi<strong>do</strong> a hemorragia<br />
intra-hepática e choque hipovolémico. As toxinas irritantes ao contacto directo<br />
podem causar hipersensibilidade cutânea e respiratória. Ver cianobactérias.<br />
Transpiração:<br />
É o processo através <strong>do</strong> qual os animais e as plantas libertam vapor de água,<br />
estas últimas através <strong>do</strong>s poros das suas folhas. Juntamente com a evaporação<br />
directa constitui a evapotranspiração. Ver ciclo hidrológico, evaporação<br />
evapotranspiração.<br />
Tratamento da água:<br />
Série de processos fisico-químicos utiliza<strong>do</strong>s para remover sóli<strong>do</strong>s suspensos e<br />
dissolvi<strong>do</strong>s da água bruta, que englobam micropoluentes como metais pesa<strong>do</strong>s,<br />
compostos organoclora<strong>do</strong>s, pesticidas e hidrocarbonetos, por forma a produzir<br />
água com as características pretendidas. O tratamento a realizar depende das<br />
características da água bruta e da qualidade exigida para a água final, que<br />
obviamente depende <strong>do</strong>s fins a que se destina. Por exemplo, uma água<br />
destinada à hemodiálise requer um tratamento específico, não poden<strong>do</strong> ser<br />
utilizada água da rede, pois tem alumínio residual que é um composto que os<br />
<strong>do</strong>entes hemofílicos não têm capacidade de eliminar, poden<strong>do</strong>-lhes ser fatal. Ver<br />
Estação de Tratamento de Água.<br />
Trihalometanos (THM’s):<br />
Subprodutos halogena<strong>do</strong>s resultantes da reacção <strong>do</strong> cloro utiliza<strong>do</strong> no<br />
tratamento da água com substâncias orgânicas contidas na água (precursores),<br />
fundamentalmente constituídas pelo material algal e compostos naturais húmicos<br />
e fúlvicos deriva<strong>do</strong>s da actividade bacteriológica nas lenhites e taninos que<br />
110
constituem os seres vegetais. Alguns <strong>do</strong>s efeitos de alguns subprodutos da<br />
cloração da água são a alteração das suas características organolépticas por<br />
formação de sabores e cheiros perceptíveis ao consumi<strong>do</strong>r, mesmo a baixas<br />
concentrações, como é o caso <strong>do</strong>s clorofenóis, mas a presença <strong>do</strong>s THM’s é bem<br />
mais grave em termos da saúde pública. Embora existam na água em pequenas<br />
concentrações, a repetição de pequenas <strong>do</strong>ses pode provocar efeitos tóxicos<br />
crónicos. Estes compostos, sobretu<strong>do</strong> o clorofórmio e o dibromoclorometano, são<br />
potencialmente cancerígenos e mutagénicos, seja por ingestão, inalação ou por<br />
contacto. A Directiva Comunitária 98/83/CE, de 3 de Novembro de 1998, relativa<br />
à qualidade da água destinada ao consumo humano, e a ser transposta pelos<br />
Esta<strong>do</strong>s Membros até 25-12-2000, regulamenta para os THM’s totais um valor de<br />
100 µg/L, que tanto quanto possível deve ser inferior, sem comprometer a<br />
eficácia da desinfecção.<br />
A formação de THM’s e outros compostos organoclora<strong>do</strong>s ocorre muito<br />
rapidamente nas fases iniciais <strong>do</strong> tratamento, e a sua taxa de formação diminui<br />
com o tempo, sen<strong>do</strong> a sua presença maior nos meses de Verão. A temperatura e<br />
o pH também podem potenciar a sua formação, tanto na ETA como na rede de<br />
distribuição de água. Por forma a reduzir ou mesmo anular a sua formação, é<br />
necessário eliminar os seus precursores antes de se proceder à cloração da água<br />
(na pré-oxidação e/ou na desinfecção). As medidas a a<strong>do</strong>ptar para que não haja<br />
a sua formação dependem das características da água bruta. Algumas dessas<br />
medidas são a utilização de ozono na pré-oxidação, ou de carvão activa<strong>do</strong> em<br />
grãos antes da aplicação <strong>do</strong> cloro, ou ainda a nanofiltração, a que melhores<br />
resulta<strong>do</strong>s tem apresenta<strong>do</strong>, embora implique custos superiores.<br />
Turvação:<br />
Reflecte uma aproximação muito útil <strong>do</strong> teor em partículas coloidais minerais e<br />
orgânicas, como areias, argilas, microorganismos, plâncton, etc., (relaciona-se<br />
com os sóli<strong>do</strong>s suspensos totais) pelo que pode ser um sinal de contaminação.<br />
Além disso, as partículas que conferem turvação à água protegem os<br />
microorganismos <strong>do</strong>s efeitos da desinfecção, facilitan<strong>do</strong> o desenvolvimento de<br />
bactérias, o que faz aumentar as <strong>do</strong>sagens de cloro necessárias para a<br />
111
desinfecção. Então, antes de se proceder à desinfecção da água, tem de se<br />
eliminar a turvação, o que normalmente se consegue com as seguintes etapas:<br />
pré-oxidação, coagulação/floculação e filtração, ten<strong>do</strong> de se proceder à sua<br />
análise para o controlo da <strong>do</strong>se necessária de coagulante e adjuvante de<br />
coagulação.<br />
Ideia: uma água turva não é necessariamente imprópria para consumo, assim<br />
como uma água límpida não é necessariamente potável. Se a água da sua<br />
torneira aparecer turva, deixe-a em repouso. Se a turvação persistir, avise as<br />
autoridades responsáveis, pois pode haver alguma rotura nas canalizações<br />
<strong>do</strong>miciliárias ou da própria rede.<br />
112
Usos da água:<br />
U<br />
O Homem dá vários usos à água, consoante os quais os padrões de qualidade<br />
exigi<strong>do</strong>s são diferentes. De entre os vários usos, destacam-se:<br />
Abastecimento público (consumo humano e de animais)<br />
Irrigação<br />
Indústrias (produção, refrigeração)<br />
Rejeição de efluentes/águas residuais<br />
Produção de energia eléctrica<br />
Recreio<br />
Combate a incêndios<br />
113
Vasas:<br />
V<br />
Partículas finas que se depositam no fun<strong>do</strong> de um plano de água quan<strong>do</strong> a sua<br />
velocidade é baixa, e que têm como origens a erosão de rochas, o transporte<br />
pelo vento ou pelas águas.<br />
Vírus:<br />
São partículas infecciosas com diâmetros entre 18 nm e 300 nm, e consistem em<br />
ADN ou ARN e proteínas necessárias para a sua replicação e patogenicidade;<br />
estes componentes estão envolvi<strong>do</strong>s por uma cápsula proteica e alguns têm uma<br />
cobertura de natureza lipídica São parasitas intracelulares que dependem <strong>do</strong><br />
metabolismo celular <strong>do</strong> hospedeiro para a sua replicação.<br />
Vanádio:<br />
Parâmetro relativo a substâncias tóxicas, ocorre em vários minérios complexos,<br />
incluin<strong>do</strong> a vanadinita e carnotita, e o metal puro pode ser obti<strong>do</strong> por redução <strong>do</strong><br />
óxi<strong>do</strong> com cálcio.<br />
114
Zinco:<br />
Z<br />
Parâmetro relativo a substâncias indesejáveis que surge nas águas destinadas ao<br />
consumo humano como resulta<strong>do</strong> da lixiviação de terrenos e rochas e poluição<br />
industrial. A sua presença na água para consumo deve-se sobretu<strong>do</strong> à corrosão<br />
de condutas de ferro galvaniza<strong>do</strong> ou de reservatórios, e à sua dissolução de<br />
acessórios de latão. Quan<strong>do</strong> presente na água em concentração superior a 5<br />
mg/L provoca um sabor desagradável (adstringente), confere turvação à água,<br />
com formação de depósitos granulosos, e produz um película de aspecto<br />
gorduroso após ebulição. Em termos sanitários não apresenta riscos em<br />
concentrações “normais”, sen<strong>do</strong> mesmo um oligoelemento essencial à vida,<br />
necessário no funcionamento de inúmeros sistemas enzimáticos A <strong>do</strong>se<br />
recomendada deste elemento via alimentar depende da idade e <strong>do</strong> sexo,<br />
varian<strong>do</strong> entre 4 e 15 mg/dia, sen<strong>do</strong> superior nas grávidas. Doses diárias de 150<br />
mg alteram o metabolismo <strong>do</strong> ferro e <strong>do</strong> cobre. Se estiver presente em<br />
concentrações superiores às regulamentadas pode ser tóxico, provocan<strong>do</strong> a<br />
alteração da coordenação muscular, <strong>do</strong> balanço electrolítico, <strong>do</strong>res ab<strong>do</strong>minais,<br />
letargia, náuseas e falhas renais.<br />
115
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