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Alcobacense 231

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<br />

Regra
de
São
Bento
<br />


<br />


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<br />


<br />

Alc.
<strong>231</strong>
<br />

i


Fol.1<br />

|1 Começa-se o _prologo da regla de sam beento abbade<br />

|2 Como nos convida a _sancta scriptura. que nos convertamos e tornemos pera deus<br />

|3 De quááes obras devemos de começar. pera hyr ao regno de deus<br />

|4 Per que modo e maneyra podemos herdar a _morada do rreyno de deus<br />

|5 Começa-se a _regla de sam béénto abbade<br />

|6 De como hy há quatro géérações de mõges<br />

|7 Qual deve seer o abbade<br />

|8 Per que modo e maneyra deve o abbade ensinar seus mõges<br />

|9 Que modo deve teer o abbade en castigar seus discipolos<br />

|10 De quááes há-de dar conto e razom a_ deus o _abbade e por que<br />

|11 De como deven séér chamados os frayres a _consselho<br />

|12 Quantos som os strumentos das boas obras<br />

|13 Da obedientia<br />

|14 Do silencio<br />

|15 Da humíldade<br />

|16 Do primeyro graaõ da humíldade.<br />

|17 Do segundo grááo da humíldade. do terceyro grááo<br />

|18 Do quínto e do sexto<br />

|19 Do VIIº. Do VIIIº. Do IXº. Do decimo<br />

|20 Do. XIº. do XIIº grááo da humíldade<br />

|21 A _que tempo se ham-de _levantar os mõges áás horas<br />

|22 de deus que se ham-de dizer de _noyte<br />

|23 Quantos salmos se devem a _dizer nas horas da noyte<br />

|24 Como se devem a _dizer as vigilias no dia do domĩgo.<br />

|26 Per que guysa se ham-de dizer os laudes no dia do domĩgo<br />

|27 Como e em que maneyra sejam dictos os laudes nos dias privados.<br />

ii


Fol.1v<br />

|28 Como e en que maneira se ham-de dizer as vigilias. nas festas dos sanctos<br />

|29 Em quaaes tenpos ham-de dizer. Alleluya<br />

|30 Como se ham-de dizer as horas de deus de dia<br />

|31 Quantos salmos se ham-de dizer per essas horas méésmas de dia.<br />

|32 Do repartímento dos salmos em sete vigilias.<br />

|33 Como e em que maneyra. devẽ os mõges léér. cantar e rrezar<br />

|34 De como devemos orar com muyta reverença e humíldade<br />

|35 Dos dayaães e curadores e meestres da congregaçom do mosteiro<br />

|36 Como devem dormír os mõges<br />

|37 Como e quando se deve poer a _excomunhom e por quaaes culpas<br />

|38 Qual deve séér o _modo e a _maneyra da excomunhom<br />

|39 Das graves culpas<br />

|40 Daquelles que se ajunctam a _conversar e falar cõ os excõmũgados<br />

|41 Como e en que maneira. o _abbade deve séér solícito e studioso<br />

|42 sobre os frades excomũgados<br />

|43 Daquelles que ameude forem castigados e non se querem enmẽdar<br />

|44 Se devem seer rrecebidos outra vez os frayres que se sayrem.<br />

|45 ou fugirem do moesteyro<br />

|46 Dos moços de meor hydade como os devẽ castigar<br />

|47 Do cellareyro do mosteiro de que condiçom deve de seer<br />

|1 Das fferramẽtas e das outras cousas do mosteiro<br />

|2 Se devem os mõges teer ou aver alguã cousa propria<br />

|3 Se devẽ os mõges receber todos ygualmẽte as cousas necessarias<br />

|4 Dos domaayros da cozínha<br />

|5 Dos enfermos<br />

|6 Dos velhos e dos moços pequenos<br />

|7 Do domaayro de leer aa _mesa<br />

|8 Da quantidade e mesura dos manjares.<br />

|9 Da mesura e quantidade do bever dos monges<br />

|10 A _que horas devem comer os mõges<br />

|11 De como nen huũ. non deve falar de_poys de conpleta.<br />

|12 Daquelles que aas horas de deus. ou á _mesa veerem e chegaren tarde<br />

|13 Daquelles que som excomũgados e apartados. como ham-de satisfazer<br />

|14 e acabar sua peendença.<br />

iii


|15 Daquelles que falecem e som enganados na igreja no que ham-de dizer<br />

|16 Da_quelles que em alguã cousa pecam e desfalecem hu quer<br />

|17 Do tanger e fazer synal aa _obra de deus<br />

|18 Da obra das maaos de cada dia per todo o _anno.<br />

|19 Em que ham-de trabalhar os mõges des as callendas de octubro<br />

|20 Da quareesma<br />

|21 Da observaça e guarda da quareesma<br />

|22 Dos frades que andam em lavor longe do oratorío. ou som<br />

|23 em camínho enviados.<br />

|24 Dos frayres que vaao e som enviados nõ muy longe do mosteiro<br />

|25 Do oratorio e da igreja do moesteiro<br />

|26 Como se ham-de rreceber os hospedes<br />

|27 Como nõ deve o _mõge rreceber leteras nen doões. nen outras joyas<br />

|28 Das vestiduras dos frayres.<br />

|29 Da mesa do abbade<br />

|30 Dos meesteyraaes do moesteyro<br />

|31 Como deven receber os frades novíços<br />

|32 Como devem seer rrecebidos os filhos dos rricos. e dos proves<br />

|33 Dos sacerdotes que queren morar no moesteyro<br />

|34 Dos mõges peregriis como deven seer recebidos no mosteiro<br />

|35 Dos sacercotes do moesteyro<br />

|36 Das ordens. dos graaos da congregaçom<br />

|37 Como e de quaaes pessoas. deve o _abbade seer fecto e ordenado<br />

|38 Do preposto e prior de toda a _congregaçom do moesteyro<br />

|39 Dos porteyros da porta do moesteyro<br />

|40 Dos frades enviados pera andar camynho<br />

|41 Dos frayres a que emcomẽdam alguãs cousas graves e que elles<br />

|42 non podem fazer<br />

|43 […] nenhuũ nõ seja ousado defender outro<br />

|44 Por tal que nõ presuma nẽ seja ousado de [ferir] I outro<br />

|45 De como os mõges devẽ seer obedientes huũs aos outros<br />

|46 […] aos prepostos<br />

|47 Do zeo boõ que devem […] os mõges<br />

I ferir] defender, talvez por influência da linha anterior.<br />

iv


Fol.2<br />

Fol.2v<br />

|48 […]<br />

|49 […]<br />

|1 Começa-se o prologo da rre |2 gla de san beento abbade:<br />

|3 Filho ascuyta os preceptos e mandamentos |4 do mééstre. e inclina e abaíxa a orelha |5<br />

do teu coraçõ. e recibe de _boamente e toma |6 o amoestamento e cõselho do padre<br />

piado |7 so. e afficadamente o comple e ponhe en |8 obra. por que te tornes per trabalho de<br />

obe |9 diencia. ááquel do qual te partiste e arre |10 daste per priguíça e peccado de<br />

desobe |11 diencia. Poys por esto. a _tý hora eu digo o _meu sermón e as |12 minhas<br />

palavras. quẽ _quer que tu es que queres renunciar e fugir a |13 os proprios deleytos e<br />

plazeres da carne e deste mundo. e tomas |14 armas de obediencia muy fortes e muy<br />

claras e nobres. pera ser |15 vir a jhesu christo. senhor e verdadeyro rrey: E<br />

primeyramente en co |16 meço do teu tornamento. demanda e roga a _el en tua oraçõ<br />

muito |17 afficadamente. que queyra complir e acabar. qualquer cousa de bem |18 que<br />

começas a _fazer. que poys que el ja teve por bem e lhe prougue |19 de nos poér e<br />

receber en no conto dos seus filhos. nõ se haja |20 de cõ_trístar e anojar en alguũ tempo<br />

dos nossos mááos fey |21 tos e obras. E assy certamente lhe devemos séér obedientes en |22<br />

todo tempo e en toda hora por los bẽes e mercees que del rrecebe |23 mos. que nõ tam<br />

solamente. assy como padre irado. nõ desexerde os |24 filhos en alguũ tempo. mas aínda<br />

que nen assy como senhor te |25 meroso e movido a sanha por los nossos peccados. de. a<br />

_pena e |26 a _lance en tormento pera sempre. os muy _mááos servos que o nõ<br />

quise |27 ren seguir pera ir áá sua gloria.<br />

Como nos cõvida a sancta scriptura |28 que nos convertamos e tornemos pera deus e<br />

diz:<br />

|29 Poys levantemonos irmaaõs se quer en alguũ tempo |30 do sono do peccado. ca a<br />

escriptura nos esperta e braa |31 da a _nos dizendo. Hora he ja. de nos levantarmos do<br />

sono. quer |32 dizer do peccado. E de_poys que abrirmos os olhos do nosso |1 coraçon. ao<br />

lume do conhecimento de deus cõ as orelhas do nosso |2 entendimento attentas. ouçamos<br />

aquelo que nos amoesta en _cada |3 huũ dia a _voz de deus. e diz. Hoje se ouvirdes a<br />

_voz do senhor |4 nõ queyrades endurentar os vossos coraçoões. E diz aín |5 da mays.<br />

Aquel que tem orelha de entendimento pera ouvir. ou |6 ça e entenda ben. aquelo que o<br />

spiritu de deus diz áás egrejas. E |7 que diz? Viińde vos filhos e ouvide-me e ensinar-<br />

v


Fol.3<br />

vos- hey que |8 cousa he o temor de deus. Correde e trabalhade enquanto have |9 des lume<br />

de vida. nẽ pella ventura as téébras da morte vos<br />

|10 encalcem e arrevatem. E querendo e buscando o nosso senhor deus |11 na multidóó̃e<br />

do seu pobóó. o seu obreyro. ao _qual estas cousas |12 brááda. diz mays. Qual he o homẽ<br />

que quer vida perduravil e |13 cobííça e quer véér boõs dias. A qual cousa se a _tu<br />

ouvires |14 e respondéres e disseres. Eu. Diz-te logo deus. Se tu queres |15 haver<br />

verdadeíra vida e pera sempre. quita e guarda a tua lingua de _to |16 do mááo falar. e a tua<br />

boca nõ fale engano. Parte-te de mal e |17 faze ben. busca e demanda a _paz e siguí-a. E<br />

quando vos esto |18 fezerdes. Os olhos da minha misericordia esguardaram sobre vos |19<br />

e as minhas orelhas serám aprestes pera ouvír as vossas prezes |20 e rogos e petiçoões. E<br />

antes que me chamedes. direy. Eys-me. |21 prestes soõ. pera comprir nossas petiçoões e<br />

desejos. Irmaaõs muyto |22 amados. e qual cousa pode séér melhor e mays dolçe a _nos<br />

que esta |23 voz do senhor. que nos convída e chama. en _cada huũ dia. Eys |24 o nosso<br />

senhor deus por la sua piedade. nos demostra o camínho e a |25 carreyra da vída<br />

perduravil.<br />

De quaaes |26 obras devemos de _começar pera ír ao regno de deus II<br />

|27 Primeyramente os nossos lombos e forças dos nossos cor |28 pos e das nossas almas ja<br />

cingídos e cercados e appare |29 lhados com fe e cõ observancia e guarda de boas obras.<br />

andemos |30 irmaaõs. os camínhos de deus perlo guíamento do evangelho. pera<br />

se |31 ermos dignos e merecedores. de _véér aquel senhor, que nos chamou. |1 en no seu<br />

reyno. En no qual regno se nos queremos e desejamos |2 víver e morar. nõ podemos a<br />

_el ír se nõ per _trabalho de boas obras. |3 E porém. se queremos saber como podemos ír<br />

morar ao seu rey |4 no. preguntemos o nosso senhor deus. com o _propheta. dizendo a<br />

_el. Se |5 nhor quẽ vívírá e morará no teu tabernaculo e morada do rreyno |6 dos cééos. ou<br />

quem folgará no teu sancto e alto monte? Depoys |7 desta pregunta. irmaaõs ouçamos o<br />

nosso senhor deus. que nos respon |8 de e demostra o caminho e a _ccarreíra da sua<br />

morada. e diz. Aquel |9 que entra e víve sem magoa e çugidade de peccado. e faz obras<br />

de |10 justiça e de _ben. Aquel que fala e diz verdade no seu coraçõ como a |11 fala e diz<br />

perla sua boca. Aquel que nõ fez engano cõ a sua lingua. |12 Aquel que nõ fez nẽ disse<br />

mal a _nehuũ homem. Aquel que nõ rece |13 béo nẽ lhe prougue o _mal e o doesto do seu<br />

proximo. nẽ o quis |14 ouvír de boa mente. Aquel que esquivou e empuxou de ante a |15<br />

presença do seu coraçõ. o diabóó malicioso que o _movia e cõselha |16 va falsamente<br />

II O espaço entre o fim do título e o fim da regra é preenchido por dois caldeirões, um em cada regra.<br />

vi


Fol.3v<br />

a mal fazer. e vencéo e trouve a nehuã cousa. el e todo |17 seu mááo movimento e<br />

cõselho. e tomou e reteve os começos das |18 cuydaçoões pequenas e das tentaçoões e<br />

maaos encitamentos e mo |19 vimentos del que nõ crecessem e quebrantou-os en jhesu<br />

christo cõfessan |20 do-os e demostrandóós a _el e chamando a sua graça e a_juda. E |21<br />

aqueles que temen deus e por lo ben e a boa vida que fazen nõ emsober |22 vecem nẽ se<br />

exalçam. mas cuydam e pensam que esse bem que en eles |23 ha. nõ pode viĩr nẽ<br />

proceder delles. mas que procede e ven do se |24 nhor deus. e magnificam e louvam o<br />

senhor que en elles obra. dizẽ |25 do cõ o propheta aquelo que he scripto: Non a _nos<br />

senhor. nõ a _nos |26 mas ao teu santo nome da a _gloria e o _louvor. Assi como o |27<br />

apostolo san paulo. que da sua préégaçõ. nunca a _ssi méésmo após |28 nẽ contou nehuã<br />

cousa. mas dizía. Aquello que eu som feyto. |29 perla graça de deus o soõ. E el diz mays.<br />

Aquel que se gloría |30 e alegra. en no senhor deus. se gloríe e alegre. E deste tal fala |31<br />

nosso senhor jhesu christo no evang[e]lho III . hu diz. Aquel que ouve |1 as minhas<br />

palavras e as faz e pohem en obra eu o farey seme |2 lhavil ao homem sabedor. que<br />

edificou e fundou a sua casa sobre |3 a pedra. véérom IV os rrios. sopráron os ventos. e<br />

empeçaron e |4 derom en aquella casa e nõ cayo. por que era fundada sobre pedra. |5<br />

Aquestas cousas complimdo V e acabando o nosso senhor VI |6 jhesu christo. aguarda e<br />

spera-nos cada día que hajamos de rrespõdér |7 a _estes seus santos amoestamentos cõ<br />

boas obras e cõ boõs feytos. |8 E por tanto. por emmenda e corregimento dos nossos<br />

males e |9 peccados. nos som dados e perlongados por treguas. os dias |10 desta vida<br />

presente. como diz o apostolo. Per ventura nõ sa |11 bes tu que a paciencia de _deus. te<br />

spera e trage a _penitẽcia? Ca o _nos |12 so senhor deus muy piadoso. diz perlo propheta.<br />

Non quero a _morte |13 do peccador. mas quero que se converta e torne a penitẽcia e víva.<br />

|14 Per que modo e maneyra podemos herdar a _morada do reyno de deus.<br />

|15 Irmaaõs. depoys |16 que nos fezemos pregunta ao nosso senhor deus. do mora |17 dór da<br />

sua casa. ouvímos o _precepto e encomendamento |18 que deve fazer e comprir aquel<br />

que en ela quiser viver e morar. |19 Poys se nos quísermos fazer e comprir o officio e<br />

obras de mo |20 rador desta casa. seremos herdeyros do regno dos cééos. E |21 pera esto<br />

III evangelho] evanglho.<br />

IV No Ms., para além das plicas, são visíveis dois diacríticos por baixo dos , assinalando o hiato.<br />

V complimdo] Nunes: complindo.<br />

VI senhor] seguido de deus, apagado.<br />

vii


Fol.4<br />

Fol.4v<br />

devemos de apparelhar os nossos coraçoões. e os nos |22 sos corpos. áá santa obediencia<br />

dos mandamentos de deus pera _o ser |23 vír. e batalhar e pugnar<br />

contra os peccados. E rroguemos ao |24 senhor que nos de e ministre á _ájuda da sua<br />

graça. pera fazer aquello |25 que a nossa natureleza VII en nos de sy nõ pode obrar. E se<br />

queremos |26 víí̃r áá vida perduravil fugíndo áás penas e tormentos do fogo |27 do<br />

inferno. enquanto aínda agora havemos tẽpo. e en estes cor |28 pos mortááes somos. e per<br />

aquesta carreyra de luz e de vída have |29 mos tempo pera esto fazer e comprir. por tanto<br />

devemos agora |30 de trabalhar e fazer. aquello que nos seja boõ e proveytoso pera<br />

sempre |31 Poys pera esto. queremos stabelecer e ordenar huã scola de serviço |1 de deus.<br />

no qual stabelecimento e ordenamento. nõ entendemos a _poér |2 nẽ ordenar cousa<br />

nehuã áspera nẽ grave. Peró se alguũ pouque |3 tinho. ditando e mostrando-nos. o juyzo.<br />

da boa rrazõ se seguir |4 e posermos alguã cousa mays streytamente que entedemos VIII<br />

por corre |5 gimento e emmenda dos vícios e peccados. e por guarda da carida |6 de. nõ<br />

tomes logo spanto nẽ pavor. nẽ fugas nẽ leixes o caminho |7 e a _carreyra da sahude. a<br />

_qual nẽ se deve nẽ pode começar. se nõ per |8 começo e entramento streyto e apertado.<br />

Mas per processo e acrecenta |9 mento de virtudes de boa vída e de fe. depoys andaremos<br />

perlo cami |10 nho dos mandamentos de deus cõ o coraçõ largo e spacioso e folga |11 do. cõ<br />

muyta dulcidón do amor de deus. sem conto e sem fin. As |12 sý. que nunca nos partindo<br />

do seu serviço. e en na sua doutrina. atá _á |13 morte perseverando. per paciencia<br />

padecendo e soffrendo. particepemos |14 e hajamos parte en nas payxoões e<br />

padecimentos de jhesu christo por |15 tal que sejamos merecedores de séér cõ el.<br />

parceyros e quínhoeyros do |16 seu regno.<br />

|17 De como hy ha quatro geeraçoões de monges..<br />

|18 Cousa certa e manifesta he. que quatro som as ge |19 eraçoões dos monges. A primeyra gééraçon<br />

|20 he. dos cenobitaaõs. e estes som aquelles que ví |21 vem nos mosteyros so rregla ou so abbade. 22|<br />

A segunda gééraçõ. he dos anacorítas. cõ |23 vẽ a _ssabér. dos hermitaães. nõ daquelles que<br />

nova |24 mente cõ fervor e desejo de _boa vída se convertem e tornã a deus. mas |25 daquelles que em<br />

_provaçõ perlongada de mosteyro e per longos tempos |26 nos mosteiros IX . ja ensinados per<br />

exemplo e vida e ajudoyro de muy |27 tos. aprendéron a _ssaber pugnar e lidar contra o diabóó. E<br />

elles |28 bem ensinados e doutrinados dá _áz e cõversaçõ forte da companhía |29 dos irmaaõs. pera<br />

batalhar e lidar apartadamente no hermo contra |30 as tentaçoões. e ja seguros. sem cõsolaçõ e sem<br />

VII natureleza] Nunes: naturaleza.<br />

VIII entedemos] Nunes: entẽdemos.<br />

IX mosteiros] Nunes: moosteiros.<br />

viii


Fol.5<br />

ajuda doutro nenhuũ |31 cõ sua maaõ sóó e cõ seu braço per forteleza do seu boõ víver e cõ |1 o<br />

ajudoyro de deus som abastantes e sofficientes pera no hermo<br />

|2 pugnar e lidar contra os vícios e peccados da carne e das cuy |3 daçoões. A terceyra gééraçõ dos<br />

monges muy féa e spãtosa. he |4 a dos sarabaytaaõs. os quááes nõ som esprovados nẽ<br />

examina |5 dos. per nehuã rregla. nẽ per experiencia e doutrina de mééstre. assi co |6 mo o ouro na<br />

fornalha. mas estes. fracos e molles assi como |7 o chumbo. guardando e fazendo ainda as obras<br />

do mundo. |8 mentẽ a deus perla tonsura e coroa e havito que tragem. Os quááes |9 dous e dous.<br />

ou tres e tres. ou certamente cada _huũ en sua parte sen |10 pastór e regedór. nõ ennos mosteyros<br />

e casas de deus. mas en su |11 as cellas e logares. appartados e ençarrados. tomam e ham por<br />

|12 ley fazer e comprir todas suas voõtades e os seus desejos. e qualquer |13 cousa que<br />

elles cuydarem ou pensarẽ segundo suas voõtades pera |14 fazer. ou elegerem e<br />

escol[h]erem X . Aquesta dizem que he boa e santa. E |15 aquella cousa que elles nõ<br />

quiserem fazer. dizẽ que nõ he boa nẽ lhes per |16 tééce. A quarta gééraçõ he dos monges<br />

que chamam girovagos. |17 os quááes toda sua vida despendem andando per desvayradas<br />

|18 provincias e terras. e per tres tres ou quatro quatro dias som hospeda |19 dos e<br />

recebidos per desvayradas cellas. sempre vagos e nunca sta |20 víís servindo aos proprios<br />

deleytamentos e cobííça e desejos da gar |21 ganta. e estes tááes en _todo e per _todo. som<br />

peores que os sarabaitas. |22 Da cõversaçõ e vida muy _mesquinha destes todos. melhor<br />

he |23 calar que falar. E por tanto leixadas todas estas gééraçoões. ve |24 nhamos a _poér e<br />

ordenar cõ á _ájuda de deus a vida da muy forte |25 e nobre gééraçõ dos monges<br />

cenobitaaõs que vivem nos mos |26 teyros so rregla e so abbade.<br />

Qual deve de séér o abbade<br />

|27 Aquel que he digno e merecedor |28 de séér abbade e regedor de mosteiro. sempre<br />

deve séér |29 nembrado que he dito e chamado abbade. quer dizer padre |30 e o _nome de<br />

mayor cõven a _ssaber d’abbade e de padre. deve cõplir |31 per _feytos e per obras. e<br />

reger bem e sagesmẽte e governar e ensinar. |1 castigar. e reprehender os monges seus<br />

filhos cõ amor de padre e |2 cõ discreçõ. por que créémos que el no XI mosteyro tem o<br />

_logo e as |3 vezes de jhesu christo que foy e he. nosso mééstre e nosso padre. por |4<br />

quanto o chamam per esse méésmo nome. per que jhesu christo he dito e cha |5 mado.<br />

segundo que diz o apostolo: Rrecebestes spíritu de adouçõ |6 quer dizer de filhos<br />

adoutivos. no qual spiritu chamamos e dizemos |7 abbade. padre. E<br />

X escolherem] escolerem.<br />

XI Vestígios de letras apagadas.<br />

ix


Fol.5v<br />

por tanto o abbade nõ deve ensinar cousa |8 nehuã nẽ stabelecer nẽ ordenar nẽ mandar.<br />

cõtra os preceptos e mã |9 damentos de deus. o que deus nõ mande. mas o seu<br />

mandamento e a sua |10 doutrina. seja fomento da justiça de deus e do seu amor.<br />

spargido |11 nos coraçoões e nas almas dos seus discipolos. O abbade sempre |12 seja<br />

renẽbrado. que no muy spantoso e temeroso dia do juízo de deus |13 lhe há-de _séér<br />

demandado e requerido conto e rrecado e rrazõ. tan |14 ben da sua doutrina come da<br />

obediencia dos seus discipulos. |15 E saba por certo o abbade. que qualquer cousa de<br />

_menos proveyto e |16 de mingua e desfalecimento que deus padre estonce poder achar<br />

nas |17 suas ovelhas: todo encostará e demandará ao pastor:. Peró en |18 tanto. sera libre e<br />

sen culpa o _pastór. se el fezer e _poser toda diligen |19 cia e studo e for bem solicito e<br />

discreto sobre a sua grey e cõpanha |20 que for máá e desobediente. e houver toda cura e<br />

cuydado. dos seus |21 autos mááos e enfermos e enfermidades corporááes. e lhes der e<br />

mi |22 nistrar todalas cousas necessarias pera _os corpos e perá _ás almas e |23 estonce o<br />

seu pastór. libre e assolto XII e quíte de culpa. diga ao se |24 nhor no dia do juyzo. cõ o<br />

_propheta. Senhor nõ neguey nẽ ascondy |25 a tua justíça no meu coraçõ. mas a tua<br />

verdade e a tua sahude lhes |26 disse e pronunciey e demostrey. mas elles mááos.<br />

sobervos e despre |27 zadores. desprezarõ-me e nõ curarom da minha doutrína e<br />

ensi |28 nança. E estonce finalmente a essas ovelhas máás e desobedi |29 entes a _el. seja-<br />

lhes pena e tormento muy grande e muy forte. essa |30 morte de _perdiçõ e cõdenaçõ. na<br />

qual cayron perla desobediencia.<br />

|31 Per que modo e maneyra deve o Abbade ensinar os seus monges<br />

|1 Quando alguũ recebe e toma encarrego e nome de Abba |2 de. per duas maneyras deve ensinar os<br />

seus discipulos. |3 convẽ a _ssaber. deve-lhes demostrar e ensinar. todalas |4 cousas boas e santas.<br />

mays per feytos e per obras. que per palavras. assi que |5 aos discipulos capazes e mays entendidos<br />

proponha e diga |6 -lhes per palavras e préégue os mandamentos de deus. mas ááqueles que |7 forem<br />

duros de coraçõ e mays simplices e que mays pouco enten |8 dimento ham. per seus feytos e per<br />

suas obras. lhes mostre os preceptos |9 e mandamentos de deus. E todas aquellas cousas que el<br />

ensinar aos |10 seus discipulos que som contrayras e empéécivíís áás suas almas. |11 en seus feytos<br />

primeyramente e en suas obras. as demostre. que se non |12 devẽ de _fazer. nẽ perventura el<br />

préégando aos outros. seja achado e |13 havudo por mááo préégador. e por que nõ diga deus en<br />

XII assolto] Nunes: assoluto.<br />

x


Fol.6<br />

alguũ tempo |14 a _el mááo. e peccador: Por que contas tu e dizes as minhas justi |15 ças e tomas e<br />

préégas o meu testamento perla tua boca? Ca tu<br />

avor |16 receste e entejaste a _mínha disciplina e ensinança. e deytaste as mí |17 nhas<br />

palavras atras ty e nõ curaste dellas. E tu que vías o arguey |18 ro no olho de teu irmaaõ. e<br />

no teu nõ víste a _trave. O abbade |19 nõ faça departimento nẽ estremamẽto antre huã<br />

persoa e outra no mos |20 teíro: Nen seja huũ mays amado que outro. salvo aquel que for<br />

achado |21 en melhores feytos e obras ou mays obediente:. Nõ seja mays a |22 vantejado nẽ<br />

haja mayor logo nẽ honra na ordem o _lívre e de |23 boa gééraçõ por lo sangue nobre de<br />

_hu vem. que o servo que se cõverte |24 e tíra da servidoõe e entra na ordem primeyro<br />

que el. salvo se for por |25 alguã causa que seja razoavil. E esto méésmo se ao abbade<br />

parecer |26 cõ rrazõ faça el a _qualquer de _cada hua das ordẽes tam ben dos<br />

sacerdo |27 tes. come dos de evãgelho e de epistola. En outra maneyra nehuũ |28 nõ seja<br />

promovido a mays alto grááo. mas cada huũ tenha seu lo |29 gar proprio. por que. assi<br />

servos como lívres. todos somos huã cousa en |30 jhesu christo. e so huũ senhor. igual<br />

jugo e trabalho de _servidõ soppor |31 tamos. ca ante deus nõ ha hy recebemento nẽ<br />

departimento de persoas |1 Tan soomente en esto somos departidos e estramados ante el<br />

|2 se formos achados melhores en boas obras e mays humildosos |3 que os outros. E por<br />

tanto o abbade haja caridade e amor a _todos |4 igualmente. e huã disciplina seja dada a<br />

_todos segundo os seus |5 merecimentos.<br />

Que modo deve téér o Abbade en castigar os seus discipulos.<br />

|6 O Abbade na sua doutrina |7 e ensinança. sempre deve téér e guardar aquella forma e<br />

ma |8 neyra do apostolo. na qual diz. rreprehende. rroga. doesta. |9 convẽ a _ssaber.<br />

mesturando e ajuntando tempos a _tempos. affáágos |10 a espantos. Áás vezes o _abbade<br />

mostre-se aos discipulos. mé |11 éstre cruevil e espantoso. e áás vezes padre piadoso.<br />

convẽ a _ssaber |12 os discipulos sobervosos e vagos e desobedientes e mal ensinados |13<br />

deve reprehender e castigar asperamente. e espantosamente. mas os obedi |14 entes e os<br />

humildosos e mansos e os pacientes. deve rogar que |15 aproveytem XIII de _ben en<br />

melhor. E mandamos e amoestamos que o |16 abbade doeste e castigue os negligentes e<br />

os desprezadores. Nẽ |17 leixe hír nẽ traspoér os peccados dos seus discipulos sen correyçõ |18 e<br />

sem castigo. mas logo como começarẽ de _nacer. perla guisa que el me |19 lhor poder. os talhe<br />

de rrayz. nebrando-se do perigóo de hely sacerdote |20 de syló. E aquelles que forem mays<br />

XIII aproveytem] Nunes: aproveitẽ.<br />

xi


Fol.6v<br />

honestos e de _melhores entendimen |21 tos. amoeste-os e castigue-os per palavras a _primeyra<br />

e a segũda vez. |22 Mas os mááos e duros de coraçõ e os sobervosos e os<br />

desobediẽtes |23 en começo desse peccado. correja XIV e castigue per açoutes ou per outra<br />

cor |24 reyçõ corporal. sabendo aquelo que diz a scriptura. O sandeu nõ se corre |25 ge nẽ<br />

castiga per palavras. E diz mays. Castiga e fire o teu filho cõ |26 a _vára e livrarás a sua<br />

alma da morte.<br />

De quaaes ha-de _dar conto e razon a deus o _Abbade e por que<br />

|27 O |28 Abbade sempre se deve XV nembrar e consíírar que he abbade e |29 padre. e que<br />

assi he dito e chamado de todolos outros que lhe |30 som cometidos. e deve de saber. que<br />

ááquel a _que mays he cometido. |31 mays lhe será requerido e demandado. Outro sy<br />

saba e cõsííre quam |1 forte e alta cousa recebéo. a qual he reger almas e servír aos<br />

custu |2 mes e voõtades de _muytos. E huũs tractar e reger e correger |3 per affáágos. e<br />

outros per doestos. e outros per rogos e conselhos e per |4 amoestamentos. E segundo a<br />

_qualidade e propriedade e condiçõ e en |5 tendimento e conhecimento de _cada huũ. assi<br />

se aparelhe o _abbade e |6 cõforme a _todos. en _tal guisa que nõ tan _sóómente el nõ<br />

padeça nẽ |7 leixe passar perda nẽ danno nẽ mingua da cõpanha a _el come |8 tida. mas<br />

ainda alegre-se en no acrecentamento da boa cõpanha. |9 Ante todalas cousas o abbade<br />

nẽ perventura dissimulando e fazẽ |10 do que nõ véé as cousas. ou desprezando e tééndo<br />

en _pouco a sahu |11 de das almas a _el cometidas. nõ haja nẽ faça móór cura e cuy |12 dado<br />

das cousas transitorias e terreááes que ham desfalecer. que das al |13 mas dos seus<br />

subditos: mas sempre cuyde e pense que recebéo encar |14 rego e cuydado de rreger almas.<br />

das quááes ha-de dar conto e |15 razõ. E nõ murmúre nẽ se queréle por la sustancia e mantíímento |16 do<br />

mosteyro se for pouco. mas nembre-se da_quelo que he scripto. Pri |17 meyramente querede e demandade o<br />

rreyno de deus e a sua justiça. e |18 todas estas cousas. vos serám dadas e apresentadas. E diz ain |19 da mays a<br />

escriptura: Nõ desfalece nehuã cousa. ááquelles que temẽ |20 e servem a _ deus. E saba o _abbade. que aquel<br />

que recebéo cura e cuydado |21 pera reger almas. deve-se apparelhar e aguísar. pera dar conto e ra |22 zon<br />

dellas. E quanto conto de frayres el tevér so sua cura. conhe |23 ça e saba por certo. que en no dia do juyzo. há-<br />

de dar conto e razon |24 a deus. de todas essas almas. e sem duvida nehuã e da sua alma:. |25 E assy sempre<br />

temendo e receando a demanda e enqueriçõ do pastor |26 que há-de _sséér feyta das XVI ovelhas a _el<br />

cometidas. quando se el caví |27 dar e guardar das rrazoões alheas e trabalhar de dar boõ conto |28 e rrazõ dos<br />

XIV correja] correga.<br />

XV Vestígios de letras apagadas.<br />

XVI Há um traço que parece indicar que o escriba ia escrever ouelhas junto a das, sem separação das<br />

palavras.<br />

xii


Fol.7<br />

8<br />

Fol.7v<br />

feytos dos outros. estonce el será solicito e diligẽte XVII pera |29 se cavidar e guardar das suas rrazoões<br />

das quááes há-de dar cõ |30 to e<br />

recado. E outro sy. quando el. os outros ben ensinar e doutrinar |31 e amoestar que se<br />

emmendem. estonce será el por la boa ministraçon. |1 emendado e quíte dos vicios e peccados.<br />

De como devem séér chamados os frayres a conselho:.<br />

|2 S |3 empre quando alguãs cousas grandes se houverẽ de trau |4 tar e fazer no mosteyro. chame o<br />

abbade toda a _congrega |5 çon. e diga el. aquelo que quer trautar ou fazer. E depoys que el ouvír<br />

|6 o cõselho dos frayres. traute e consííre ben en seu coraçõ. e aquello |7 que el entender e julgar e<br />

disser que he mays proveytoso. esso faça. E |8 por tanto dissemos que todos fossem chamados a<br />

_cõselho. por que per |9 muytas vezes. demostra deus ao mays pequeno. aquello que he melhor<br />

|10 e mays proveytoso. E os frayres assy dem o conselho cõ toda |11 sogeyçon e humildade. que<br />

nõ presumã nẽ ousem téér e defender |12 sobervosamente. aquello que a _elles parecer melhor e<br />

mays proveytoso. |13 mas esto penda e sté mays no alvidro e juyzo do abbade que deles. |14 e<br />

todos obedééçam e consentã ááquello que el julgar e disser que he |15 mays proveytoso e mays<br />

saaõ. Mas assi como convem e pertééce |16 aos discipulos obedéécer ao mééstre. ben assi<br />

conven e pertééce a _el |17 fazer e ordenar discretamente e justamente todalas cousas. Poys |18<br />

por esto. todos. cõven a _ssaber os monges e o _abbade sigam e guar |19 dem esta regla que nos<br />

amééstra e ensina. en _todalas cousas e precep |20 tos e mandamentos dela. e nehuũ nõ desvye<br />

della neyciamente fazẽ |21 do o contrayro della cõ presunçõ ou desprezamento. Nehuũ no<br />

mos |22 teyro nõ siga nẽ faça a voõtade do seu proprio coraçõ. nẽ presuma nẽ |23 seja ousado<br />

nehuũ de _contender nẽ haver enteẽçon nẽ palavras sober |24 vosamente cõ o seu abbade. dentro<br />

nẽ fora do mosteyro. A qual cousa |25 se presumir e for ousado de a fazer. seja por ello sometido<br />

e posto áá _dis |26 ciplina da regla. Peró esse abbade faça todalas cousas cõ temor |27 de deus e<br />

guarda da santa regla. sabendo sem duvida nehuã. que de to |28 dolos seus juyzos ha-de _dar rrazõ<br />

a _ deus juiz muy justo e dereyto. |29 Mas se alguãs cousas pequenas se houverẽ de _fazer en<br />

prol do mos |30 teyro. XVIII chame o _abbade a conselho tan _sóómente os anciaaõs. |31 assi como<br />

he scripto. Faze todalas cousas cõ conselho. e depoys |1 |2 XIX<br />

que as fezeres nõ te repeenderás.<br />

|3 Quááes som os instrumentos das boas obras<br />

XVII diligẽte] Nunes: diligente.<br />

XVIII Espaço em branco, com vestígios de letras raspadas.<br />

XIX Regra com vestígios de letras apagadas, assim como o final da regra anterior.<br />

xiii


Fol.8<br />

Fol.8<br />

|4 Primeyramẽte ante todalas cousas. Amar deus de todo |5 coraçõ e de toda alma e cõ<br />

toda virtude e forças della. |6 depoys amar o seu proximo assi como. sy<br />

medes. De |7 sy nõ matár. nõ cometer adulterio. nõ fazer furto. nõ cobííçar. |8 nõ dizer<br />

falso testimunho:. Honrar todolos homẽes. e aquello que ca |9 da huũ nõ queria que lhe.<br />

fezessem nõ o faça a _outrem. Negar |10 huũ sy méésmo. por tal que siga jhesu christo.<br />

O seu corpo castigar. os |11 manjares e deleytos delle nõ amar. O jejuum amar. os proves<br />

|12 recriar. o núú vestir. O enfermo visitar. o morto soterrar. Ááquel |13 que for en<br />

_tribulaçõ acorrer. O doente consolar. Dos autos e fey |14 tos do mundo se arredar e delles<br />

se quítár. Nõ amar cousa ne |15 huã mays que jhesu christo. Ira nõ acabar. tempo de sanha<br />

e de _vingan |16 ça nõ aguardar nẽ attender. Engano no coraçõ nõ téér. Paz |17 falsa nõ dar.<br />

Caridade nõ leixar nẽ desemparár. Non jurar. nẽ |18 perventura seja perjuro. Verdade de<br />

_coraçõ e de _voõtade perla boca di |19 zer. Mal por mal. nõ fazer nẽ dar. Injuria a<br />

_nehuũ nõ fazer. mas se |20 lha fezerem. cõ paciencia a soffrer. Os imíígos amar. Nõ<br />

maldi |21 zer os que o maldisserem e vituperarem e doestarem. mas antes bendi |22 zer<br />

delles. As injurias e perseguiçoões por amor de justiça soffrer. |23 e sopportár. Nõ séér<br />

sobervoso. nẽ muyto bebedor de _vinho ou de |24 outra cousa que embebedar possa.<br />

Nem séér muyto comedor e gargã |25 ton. nẽ muyto dormídor e sonnorẽto. nẽ priguiçoso e<br />

deleixado e mo |26 dorno. Nõ murmurador e contradizedor d’alguã cousa cõ máá<br />

voõ |27 tade e como nõ deve. Nem séér detraydor nẽ maldizedor de nẽhuũ |28 per detrás cõ<br />

máá entençõ. A sua sperança a deus cometer e todalas |29 suas cousas en el póér. Quando<br />

alguũ bem en sy vír e sentir |30 a deus o dé e apponha e nõ a _ssy méésmo. mas o mal.<br />

saba e seja certo que |31 del ven e procede sempre. e a sy sóó. o ponha. O dia do juyzo<br />

temer. |1 e do inferno logar de fogo e de exuffre e de penas perduravíís sempre se |2<br />

spantar e dello temor e pavór havér. A vida perduravil. cõ todo |3 desejo e cobííça<br />

spiritual desejar. E a _morte en _cada huũ dia |4 ante os seus olhos sospeyta poér e<br />

haver. Os autos e feytos e o |5 bras da sua vida. en _toda hora guardar. sabendo por certo<br />

que en |6 todo logár deus óólha e véé e esguarda os seus feytos. As suas |7 cuydaçoões<br />

máás que véérem ao seu coraçõ. logo óólhando e esguar |8 dando a _jhesu christo e dessy<br />

empuxando-as. en el as quebrantar. e ao |9 seu anciaaõ spiritual e confessor. as<br />

demostrar. A sua boca de _má |10 á e de empéécivil fala. guardár. Muyto falar nõ amar.<br />

Palavras |11 vaãs ou autas e cõvinhavíís pera rríír. nõ falar. Rriiso muyto ou |12 sacudido<br />

e desramado. nõ amar. As liçoões santas. de _boamente |13 ouvír. Áá oraçõ amehude se<br />

achegar. Os seus peccados traspas |14 sados cõ lagrimas ou cõ gímidos cada dia en sua<br />

xiv


Fol.8v<br />

oraçõ a _ deus cõfes |15 sar. Desses peccados desy adeante se emendar. Os desejos da |16<br />

carne nõ acabar. A sua voõtade propria.<br />

avorrecer e entejár. Aos |17 preceptos e encomendamentos do abbade en _todalas cousas<br />

obedéécer. |18 ainda que el doutra guisa faça e perlo contrayro desta regla víva. o _que<br />

deus |19 nõ mande. nembrando e acordando-se o _discipulo daquele precepto e |20<br />

mandamento de nosso senhor jhesu christo. no qual diz. Aquellas cousas que |21 vos<br />

elles dizem fazede-as. mas as que elles fazem. nõ as queyrades |22 vos fazer. Nõ querer<br />

nẽ desejar a séér dito e chamado santo an |23 tes que o seja. mas primeyramente o séér.<br />

por tal que o seja dito mays ver |24 dadeiramente. Os preceptos e mandamentos de deus.<br />

per feytos e per obras |25 en _cada huũ dia complir. A castidade amar. Nehuũ nõ<br />

avorre |26 cer cõ odio nẽ entejar. Zeo mááo e enveja nõ haver. Contéen |27 çon e perfia nõ<br />

amar. Alevantamento de vaã gloria. e gabamentos |28 fugir. Os velhos e anciaaõs honrar.<br />

Os mancebos e os mays ju |29 niores amar. En no amor de jhesu christo. por los imíígos<br />

orar. An |30 tes que se ponha o _sol. cõ aquelles cõ que houver discordia. en _paz e en |31<br />

boõ amorio se poer e tornar. e da misericordia de deus nunca deses |1 perár. Eys estes som<br />

os instrumentos e mesteres da arte spiri |2 tual. cõ que a _vída spiritual he formada e<br />

fabricada e cõposta. Os |3 quááes instrumentos. se de nos. de dia e de noute<br />

continuadamente perse |4 verando. forem complidos. e no dia do juyzo assíínados e<br />

demos |5 trados. seer-nos-ha dada do nosso senhor deus. aquella mercee que |6 nos el<br />

prometéo. A qual olho d’omem nunca vyo. nẽ orelha ou |7 vyo. nẽ coraçõ d’omem pode<br />

pensar aquellas cousas que deus tem aprestes |8 e apparelhadas perá _áquelles que o<br />

amam. As offecínas e logares. hu |9 todas estas cousas cõ diligencia devemos de _fazer e<br />

obrar. som as |10 claustras e ençarramentos dos mosteyros perseverando e stando<br />

fir |11 mes na cõgregaçon:.<br />

Da obediencia:.<br />

|12 O primeyro grááo da humildade he obediencia sen detardã |13 ça. Aquesta conven e<br />

pertééce ááquelles que nõ amam nehuã |14 cousa mays que jhesu christo. E estes. tanto<br />

que lhes perlo seu |15 mayor for encomendada alguã cousa. nõ saben padecer nẽ poer<br />

detardã |16 ça en a _fazer. mas assy obedéécem como se lhes a deus mandasse fazer. |17 E<br />

esto por lo serviço santo e voto que prometeron. ou por medo das |18 penas do fogo do<br />

inferno. ou por amor da gloria da vida perduravil. |19 Dos quááes diz o _nosso senhor<br />

deus. Como me ouvyo cõ a _orelha. |20 logo sem detardança me obedééceo. E diz ainda<br />

xv


Fol.9<br />

mays aos mééstres |21 e doutores. Aquel que vos ouve. mĩ ouve. E por esto. estes táá |22 es<br />

logo<br />

leixando e desemparando as suas cousas. e as suas proprias |23 voõtades. muyto asínha<br />

desoccupam e tiram suas maaõs daquello |24 que faziam leixandóó por acabar. e cõ o<br />

_péé vízinho da obediencia. o |25 bedéécem e seguem per feytos e per obras. a _voz e o<br />

_mandamento do seu |26 mayor. e assi como en _huũ momento e espaço muy pequeno. o<br />

_sobredito |27 mandamento do mééstre e as obras perfeytas do discipulo. en trigueza |28<br />

do temor de deus. ambas estas cousas juntamente asinha som feytas e |29 cõplidas.<br />

Aquelles que ham amor e desejo de hír aa _vida perdura |30 vil. pera esto escolhem e<br />

tomã caminho e carreyra muyto streyta. co |31 mo o diz nosso senhor jhesu christo.<br />

Streyta he a _carreyra que aduz e |1 trage o homẽ aa vida perduravil. por que estes nõ<br />

querẽ viver perlo seu |2 alvidro nẽ per _seu talante. nẽ querem obedéécer aos seus<br />

desejos e |3 deleytos e plazeres da sua carne. mas querem andar per juyzo e |4<br />

mandamento alhéo. e viver e morar nos mosteyros. e desejam hááver |5 abbade sobre ssy<br />

a _que obedééçam. Sen duvida nehuã. estes tááes |6 seguẽ e complem. aquella sentença<br />

do senhor. na qual diz. Nõ viĩ |7 a XX fazer a _minha voõtade. mas a _voõtade daquel que<br />

me envyou. Mas |8 aquesta méésma obediencia. estonce será acceptabil e recebida ante<br />

deus. |9 e aprazivil e amavil e dolce aos homẽes. se aquello que he mandado e |10<br />

encomendado ao discipulo for feyto nõ cõ temor nẽ tardínheyra |11 mente. nẽ<br />

negligentemente. nẽ cõ murmúro. nẽ cõ responson de |12 nõ querer e sem referta. por que<br />

a _obediencia que aos mayores he feyta. |13 a deus he feyta. ca el disse. Aquel que vos<br />

ouve. mĩ ouve. E por tã |14 to conven e pertééce aos discipulos obedéécer cõ boõ coraçõ<br />

ledo. por |15 que deus ama muyto o _que o serve cõ plazer e alegría. Ca se o discipulo |16<br />

obedééce XXI cõ mááo coraçõ e cõ voõtade triste. e nõ tan _solamente perla |17 boca. mas<br />

ainda no coraçõ se murmurar. posto que ja compla e faça |18 o _mandado que lhe<br />

encomendarõ. pero ja lhe nõ sera recebido de deus. |19 o _qual esguarda e véé o coraçõ<br />

do murmuradór. E por tal feyto |20 e obediencia. nõ haverá graça nehuã nẽ galardom.<br />

mas haverá |21 pena dos murmuradores. se se nõ emendar e satisfezer do pecca |22 do.<br />

Do silencio:.<br />

XX a] fora da linha, na margem esquerda.<br />

XXI obedééce ] em Nunes segue-se a conjunção , possivelmente uma gralha.<br />

xvi


Fol.9v<br />

|23 Façamos aquello que diz o propheta. Disse. eu guardarey |24 as minhas carreyras. que<br />

nõ peque na mínha lingua. 25| Puse guarda áá _minha boca. fize-me mudo e<br />

humil 26| dey-me e caley-me de _falar as boas cousas. En estas palavras |27 nos demostra o<br />

_propheta. que se alguãs vezes. por amor e guarda do si |28 lencio nõ devemos de _falar.<br />

nẽ dizer as boas cousas. quanto mays |29 devemos de _cessar e calar-nos das máás<br />

palavras por la pena do |30 peccado? E por esto. aos discipulos perfeytos por graveza e<br />

peso |31 e por guarda do calar XXII poucas vezes lhes seja outorgada lecen |1 ça de _falar.<br />

ainda que queyram falar de boas cousas e sanctas e de |2 edificaçõ. por que scripto he.<br />

que. En no muyto falar nõ poderás fugir |3 nẽ scapar de peccado. E en outro logár diz a<br />

escriptura. A _mor |4 te e a vída stá nas maaõs da lingua. convẽ a _ssaber no calar e falar<br />

|5 das máás cousas e das boas. Ca ao mééstre sóó conven e pertéé |6 ce falar e ensinar. e ao<br />

discipulo ouvír e calar. E porẽde se o dis |7 cipulo quiser demandar e preguntar alguãs<br />

cousas. pregunte-as |8 e demande-as. ao prior cõ toda humildade e sugeyçõ de<br />

reverença. |9 Lygeyrices e joguetes e escarnhos. e palavras ociosas e que movam |10 a<br />

rrííso. de todo en _todo damnamos e antredizemos e defendemos |11 sempre en todo<br />

logar. e a _tal fala como esta. nõ leixamos nẽ damos |12 logar ao discipulo abrir sua<br />

boca.<br />

Da humildade:.<br />

|13 Irmaaõs. a santa scriptura clama e brááda a _nos e diz-nos. To |14 do aquel que se exalça. será<br />

humildado e abaixado. e aquel que se |15 humilda e se ten en pouco. sera exalçado. Poys quando<br />

esto |16 diz a santa scriptura. demostra-nos. que todo exalçamento he gééraçõ |17 e maneyra de<br />

soberva. Da qual gééraçõ e maneyra de soberva. |18 nos demostra o _propheta que se cavidava e<br />

guardava. dizendo. Senhor |19 o meu coraçõ nõ foy exalçado en soberva. nẽ os meus olhos. nõ<br />

fo |20 ron sobeervos nẽ alevantados. Nen andey presumíndo de min |21 nẽ pensando en grandes<br />

cousas. nẽ en cousas maravilhosas sobre |22 mĩ e sobre minhas forças. Mas que senhor? Se eu nõ<br />

senty nẽ |23 andey humildosamente. mas exalcey a _minha alma ensobervecẽdo |24 e teendo-me<br />

en muyto e presumỹdo de my grandes cousas. tal ga |25 lardon e consolaçõ des tu áa minha alma<br />

senhor. qual sente e pa |26 dece o meníno que ainda cria sua madre no collo. se lhe tira a _teta do<br />

|27 leyte ante do tempo. Onde irmaaõs se nos queremos haver e per_ |28 calçar á _álteza da muy<br />

grande humildade. e queremos e desejamos |29 viĩr muyto asinha. ááquelle exalçamento da<br />

XXII calar] O é desenhado como maiúscula e a sua haste prolonga-se, como que para ocupar um<br />

espaço vazio.<br />

xvii


Fol.10<br />

Fol.10v<br />

gloria celestial. aa _qual perla |30 humildade e abaíxamento desta vida presente podemos<br />

sobir. poren |31 per<br />

nossos boõs feytos e obras sobindo e aproveytando de bem en XXIII<br />

|1 guã hora esguarde deus e nos veja enclinados […] |2 e mááos feytos e sem proveyto. e<br />

perdoando nos […] |3 vida. por que ele _he piadoso e misericordioso. e att[…] |4 mos e<br />

emendemos en melhor. diga-nos dep[…] |5 Aquestas cousas e estes feytos fezeste tu. e<br />

[…] |6 O segundo grááo da humildade he. […] |7 se alguũ nõ querendo nẽ amand[…] |8<br />

non se deleyte nẽ queyra comprir os seus […]<br />

|9 obras siga aquella voz do nosso senho[…] |10 fazer a _minha voõtade. mas a _voõtade<br />

[…] |11 ainda mays a escriptura. A deleyta[…] |12 ha e merece pena pera sempre. e a<br />

_necessi[…] |13 e da affliçõ que h[…] |14 lardon e cor[…] |15 O[…] |16 |17 guindo jhesu<br />

[…] |18 atáá morte. Do[…] |19 O quarto grááo da[…] |20 dam fazer alguã co[…] |21<br />

tomar de _boamen[…] |22 cousas duras e as cont[…] |23 quer. que lhe forem feytas<br />

ou[…] |24 do as. nõ enfraqueça nẽ se […] |25 diz a escriptura. Aquel que perseverar ataa<br />

[…] |26 O teu coraçõ seja confortado e forte. e […] |27 E querendo nos demostrar a santa<br />

scriptura. […] |28 de _padecer e soffrer ainda as cousas contrayra […] |29 nhos deus. diz<br />

en persoa daquelles que as padecem e […] |30 amor senhor. gravemente somos afflitos e<br />

atormenta […] |31 dia. e somos tááes como as ovelhas que levã a _matar[…] |1 […]<br />

nehuã cousa. E estes ja seguros da sperança |2 […] seguem-se e dizem. Mas en todas<br />

estas cou |3 […]s e vencemos e cõ paciencia soffremos por amor |4 […]u. E diz mays a<br />

escriptura en outro logár. |5 […]ovaste. e per fogo de _tribulaçoões e de enjurias |6<br />

[…]te. assy como a _prata he examinada e pur |7 […] E trouveste-nos a laço e a<br />

estreyteza e |8 […] bre nos muytas tribulaçoões. E pera nos |9 […] viver so poderio de<br />

prelado. segue-se e |10 […] nossas cabeças. Mas aquestes que per |11 […] mandamento<br />

do senhor en nas cousas |12 […]bulaçoões e affliçoões XXIV som sem<br />

|13 […]apparam a outra |14 […] aaquel que lhes |15 […]am per |16 […] os |17 […]es. e bem<br />

|18 […]<br />

Do quinto grááo. da humildade.<br />

|19 […]odalas maas cuydaçoões |20 […]s peccados que el cometeo |21 […] a seu abbade<br />

per humildo |22 […]selha a escriptura e diz |23 […]yra dos teus feytos e das |24 […]mays.<br />

XXIII Falta um fólio entre este e o próximo. Do Fólio 10 conserva-se apenas um fragmento, tendo o<br />

restante sido rasgado já depois do trabalho de edição de Nunes (1926) (cf. capítulo sobre a Tradição<br />

Manuscrita), o que explica as lacunas visíveis nesta edição relativamente à de Nunes.<br />

XXIV O caldeirão oculta letras apagadas por baixo.<br />

xviii


Fol.11<br />

Confessade-vos ao |25 […] e por que pera todo sempre he a sua misericor |26 […]<br />

Senhor. eu notifiquey e demostrey a ty |27 […]as maldades nõ te encobry. Propusi e |28<br />

[…] pronunciarey e demostrarey per confisson contra |29 […]aldades ao senhor. e tu<br />

senhor. logo ante que me per |30 […] perdoaste a _crueza e maleza do meu coraçõ.<br />

Do sexto. graao<br />

|31 […] graao da humildade he. se o _monge for contento de to |1 da vileza e baixeza e<br />

desprezamento. e pera todalas cousas que lhe forem |2 encomendadas que faça. se julgar<br />

por mááo obreíro e nõ digno. dizen |3 do cõ o _propheta. A nehuã cousa som tornado. e<br />

nõ sóó̃ boõ pera fazer cou |4 sa nehuã como a devo de _fazer. e nõ no entendy nẽ soube<br />

nẽ conhecy. |5 e sóóm feyto. assi como besta sen entendimento ante ty. e eu sempre<br />

sóóm |6 cõ_tego nõ me partindo de ty.<br />

Do septimo grááo da humildade<br />

|7 O septimo grááo da humildade he. se o _monge se demostrar mays |8 vil e mays<br />

pequeno e mays baixo de _todos. e nõ tan sóómente. per |9 la sua boca o dizer. mas ainda<br />

dentro na voõtade do seu coraçõ assy o _téér |10 e creer. humildando-se e dizendo cõ o<br />

_propheta. Eu sóóm verme. e non |11 soõ homem. sóó̃ doesto dos homẽes e<br />

engeytamento e avorrecimento do |12 pobóó. E fuy exalçado en honra de soberva deste<br />

mundo. mas agora |13 soõ humildado e abaixado e mays pequeno de todolos meus<br />

irmaaõs. e<br />

cõ |14 fuso e envergonçado de todolos meus peccados. E consolando-se en esta |15<br />

humildade e abaixamento. graças a _ deus dando. segue-se XXV e diz cõ o _propheta.<br />

Se |16 nhor. ben me he e grande ben me fezeste por que me humildaste. por |17 tal que eu<br />

aprendesse e soubesse os teus preceptos e mandamentos.<br />

Do outavo grááo da humildade.<br />

|18 O outavo grááo da humildade he. |19 que o monge nõ faça per seu alvidro outro modo<br />

e outra maneyra |20 de _viver. salvo aquella que a _rregla do mosteyro cõmuhũ manda e<br />

tem or |21 dinada. ou aquella que mostram os exemplos boõs dos seus mayores.<br />

Do nono grááo da humildade<br />

XXV segue-se] s.l.<br />

xix


Fol.11v<br />

|22 O nono grááo da humildade |23 he. se o _monge gardar e retever a sua língua do falar.<br />

e tẽedo |24 silencio nõ fale atáá que o preguntem. monstrando-nos e dizendo-nos |25 a<br />

escriptura. que no muyto falar. nõ podera homẽ fugir nẽ scapar de pe |26 ccado. E que o<br />

_homem língaz e de muyta palavra nõ será ben enderen |27 çado nẽ ben guíado sobre a<br />

_terra nas muytas palavras.<br />

Do decimo graao<br />

|28 O decimo grááo da humildade he. se o monge se nõ mover |29 de ligeyro cõ levidade a<br />

rríír. nẽ for appronto e aprestes nen |30 attento en seu rrííso. por que scripto he. O sandeu<br />

en rrííso e en scar |31 nhos exalça e levanta a sua voz.<br />

Do undecimo grááo da humildade<br />

|1 O undecimo grááo da humildade he. que quando o _mõge houver |2 de _falar. fale<br />

dolcemente e graciosamente e a _passo XXVI e sen |3 rrííso. humildosamente e cõ graveza<br />

e peso e poucas pala |4 vras e rrazoaviis e ben asseẽtadas. E nõ seja muyto bráádador |5 de<br />

voz. ca scripto he. O sabedor en poucas palavras se demostra.<br />

Do duodecimo graao da humildade<br />

|6 O duodecimo grááo da humildade |7 he. que o _monge nõ tan _sóómente cõ o _coraçõ e<br />

cõ a _voõtade |8 mas ainda cõ o _corpo nas obras de _fora. mostre sempre ááque |9 les que<br />

o virem que ha en sy humildade. convẽ a _ssaber. na obra. no o |10 ratorio. no ministerio e<br />

no serviço. na orta. na carreyra. no agro. e en |11 qualquer logar que sever ou<br />

andar ou stevér. sempre seja cõ a _cabeça incli |12 nada e cõ os olhos ficados en _terra.<br />

havendo e tééndo-se en toda hora |13 por rrééo e culpado dos seus peccados. E pense e<br />

cuyde que ja he pre |14 sentado no muy spantoso e temeroso juyzo de _ deus. dizendo<br />

sempre |15 aquello que aquel publicano do evangelho. cõ os olhos ficados en _terra.<br />

disse |16 Senhor. eu peccador e mááo. nõ soõ digno levantar os meus olhos |17 ao cééo. E<br />

diga ainda cõ o _propheta. Encurvado soõ. e abaixado e |18 humildado sóó̃ de _cada<br />

parte. por tanto depoys que o _monge sobir |19 per todos estes sobreditos doze grááos da<br />

humildade. logo muyto |20 asinha víínra ááquella caridade de _ deus. a _qual perfeyta.<br />

lança fora todo te |21 mor. perlla qual todalas cousas. que primeyramente fazia e guardava<br />

|22 cõ temor. estonce sem trabalho nehuũ e sem temor começara de _guar |23 dar e fazer<br />

por lo boõ custume que houve. assy como se ja o houvesse de |24 sua natureleza propria.<br />

XXVI a _passo] Nunes considera uma só palavra, apasso.<br />

xx


Fol.12<br />

nõ ja por temor das penas do inferno. mas por |25 amor de jhesu christo. e por esse boõ<br />

custume e boõ usu que husou e por de |26 leytaçõ e amor e desejo das virtudes. As quááes<br />

cousas o _nosso se |27 nhor deus téérá por bem demostrar no seu obreyro e servidor ja<br />

limpo |28 perlo spiritu santo e purgado dos vicios e peccados.<br />

A que tempo se |29 ham-de _levantar os monges áás horas de deus. que se ham-de _dizer<br />

de noute<br />

|30 No tempo do inverno. convẽ a _ssaber |31 des as calendas de novẽbro atá _á pascoa. segũdo<br />

boa cõ |1 sííraçon de rrazon e de descriçon. áás oyto horas da noute se levan |2 tem os monges aas<br />

vigilias. assi que pouco mays da mea noute dor |3 mã. e feyta ja a sua digeston XXVII . conven a<br />

_ssaber os seus corpos e os seus sta |4 magos ja pousados XXVIII e assééntados. alevantem-se áás<br />

vigilias. E o |5 spaço que fica aos frayres depoys das vigílias. seja perá _aquelles frayres |6 que<br />

houverem mester de léér ou pensar e meditar alguã cousa de saltey |7 ro ou de _liçoões. Mas dela<br />

pascoa atáá sobre ditas calendas de no |8 vembro. assy tempérem e tangam a _hora en que se<br />

possam dizer as vigi |9 lias da noute.que fique huũ muy pequeno entrevallo e spaço antre as |10<br />

vigilias e os laudes. en_quanto os frayres possam ír áás necessarias |11 da natura. e logo se sigam<br />

os laudes. Os quááes se devem de dizer |12 quando começar a _manhéécér.<br />

Quantos salmos se devem a dizer nas horas da noute.<br />

|13 No tempo do inverno áás vigilias |14 dito ja primeyramente o verso. Deus in adiutorium<br />

meum in |15 tende. domine ad adiuuandum me festína. E depoys |16 Domine labia<br />

mea aperies e os meum annunciabit laudem tuam. |17 O qual dito per tres vezes ajuntem<br />

logo e digam. o terceyro psalmo |18 cõ gloria patri conven a _ssaber. Domine quid<br />

multiplicati sunt. E de |19 poys deste. o _nonagesimo quarto salmo. que he:. Uenite<br />

exultemus do |20 mino. cõ antiphaã. ou certamente digam-no cantado chaãmente sen |21<br />

antiphaã se tal tempo for. Desy siga-se o _hymno ambrosiano:. |22 Depoys. sigam-se. sex<br />

salmos cõ antiphaãs. Os quááes ditos. e |23 o _versete dito. dé o _abbade a _bẽeçon<br />

ááquel que houver de dizer a _liçõ. e depoys |24 que se todos asseẽtarem nos scannos e<br />

séédas. leam os frayres. hora |25 huũs. hora outros. tres liçoões perlo livro sobre o<br />

_litaril. Antre as quáá |26 es sejam cantados tres responsos. Mas aquel que cantar o<br />

responso de |27 poys de XXIX terceyra liçon. diga. Gloria patri. E quando a começar a<br />

XXVII digeston] Correcção posterior e s.l.: em vez de .<br />

XXVIII pousados] Posteriormente foi acrescentada a sílaba , lendo-se actualmente , mas<br />

julgo que a correcção, possivelmente posterior à cópia de B, não é necessária.<br />

XXIX de] Nunes: da.<br />

xxi


Fol.12v<br />

Fol.13<br />

_di |28 zer o _que canta. todos logo muyto asinha se alevantem de suas séédas |29 por<br />

honra e reverença da santa trííndade. Nas vigilias dos noutur |30 nos. sejam leudos os<br />

livros. assi do testamento velho como do testamento |31 novo. e sejam ainda leudas as<br />

exposiçoões deles. as quááes forõ fey |32 tas perlos santos padres catholicos e fiéés e muy<br />

nomeados doutores |1 E depoys destas tres liçoões cõ seus rresponsos sigam-se outros<br />

sex |2 salmos cantados cõ Alleluya. Depoys destes digam a _liçõ do apos |3 tolo de _cór e<br />

o _versete e a supplicaçõ da ladainha. cõven a _ssaber. o kyrie |4’ leyson. e assy sejam<br />

acabadas e affíindas as vigilias das noutes.<br />

|5 Como se devem a dizer as vigilias das noutes no tempo do estío<br />

|6 Des a _pascoa atáá |7 as calendas de novembro áás vigilias seja teuda toda a<br />

_quan |8 tidade dos salmos. perlla guisa e maneyra que suso ja he dito. Salvo que as |9<br />

liçoões perlo livro nõ sejam ditas por las noutes que som breves e peque |10 nas. mas por<br />

estas tres liçoões. seja dita huã liçon do testamento velho |11 de cór. E depoys dela. huũ<br />

rresponso breve. e todalas outras cousas se |12 jam complidas perla guisa que dito he das<br />

vígílias. conven a _ssaber. que nũ |13 ca. áás vigilias das noutes. sejam ditos menos da<br />

quantidade de do |14 ze salmos. tirados o terceyro salmo e o nonagesimo quarto. os<br />

quááes |15 som:. Domine quid multiplicati sunt. e Veníte exultemus domino.<br />

|16 Per que maneyra se ham-de _dizer as vigilias no dia do domingo:.<br />

|17 No dia do domingo. mays cedo |18 se alevantem os monges áás vígilias. que en nos<br />

outros dias |19 Nas quááes vigilias seja teuda a _mensura e quantidade dos |20 salmos. assi<br />

como de suso sposemos e dissemos. conven a _ssaber. o[s] XXX sex |21 salmos cantados e<br />

ditos e o versete. en_ton assééntem-se todos nas |22 suas séédas ordenadamente e per<br />

ordem. e leam perlo livro quatro liçoões. cõ |23 seus responsos. perlla guisa que acima<br />

dissemos. E o que en este nouturno |24 cantar o quarto responso. diga cõ el. a Gloria<br />

patri. A qual quando |25 a começar. logo todos se alevantem cõ reverencia. Despoys das<br />

quaaes |26 liçoões. digam per ordem outros sex salmos cõ antiphaãs. assi como os |27<br />

primeyros. e o versete. De pos dos quááes salmos leam cõ decabo ou |28 tras quatro<br />

liçoões. cõ seus responsos perlo modo e ordem que acíma disse |29 mos. E depoys destas<br />

quatro liçoões. sejam ainda ditas tres canti |30 cas dos prophetas. quááes o _Abbade<br />

stabelecer e mandar. As quááes can |31 ticas. cõ alleluya sejam cantadas. E dito o<br />

_versete. e depoys que o abba |1 de. der a _bbeençon. sejam leudas outras quatro liçoões<br />

XXX os] o.<br />

xxii


Fol.13v<br />

Fol.13<br />

do testamento no |2 vo. per _aquel modo e maneyra das outras suso ditas. E depoys do<br />

quarto |3 responso. comece o abbade o _hymno. Te deum laudamus. O qual |4 acabado.<br />

lea o Abbade a _liçon do evangelho. stando todos cõ honra e cõ |5 tremór levantados. A<br />

qual acabada. todos respondam. Amén. E |6 após esto. diga logo o _Abbade o _hymno.<br />

Te decet laus. E dada a _bẽe |7 çon. comecem se os laudes. A qual ordem das vigilias.<br />

igualmente |8 se tenha e guarde no dia do domingo. en todo tempo. assi do veraaõ |9<br />

como do inverno. salvo perventura. se se levantarem mays tarde do que |10 soõe. o que<br />

deus nõ mande. e por esto abreviarem alguã cousa das liçoões |11 ou dos responsos. Da<br />

qual cousa emperó se devem de cavidar e guar |12 dar que nõ aconteça. E se acontecer.<br />

estonce a _quel per cuja culpa e negligẽ |13 cia véér. dignamente satisfaça a deus no<br />

oratorio.<br />

|14 Per que guisa se ham-de _dizer os laudes no dia do domĩgo.<br />

|15 No dia do domingo aos laudes. digam logo primeyramente |16 o sexsagesimo sexto<br />

salmo. cõvẽ a _ssaber. Deus misereatur |17 nostri. sem antiphaã cháámente. E depoys<br />

deste digam |18 o quinquagesimo. cõvẽ a _ssaber. o Miserere mei deus. cõ Alleluya:.<br />

De |19 pos o _qual sejam ditos o centesimo septimo decimo salmo. e o sexsage |20 simo<br />

segundo. que som. Confitemini domino. e Deus deus meus: E de |21 poys as bẽeçoões e os<br />

louvores. quer dizer. Benedicite omnia opera dominí |22 domino. e Laudate dominum de<br />

celis. E huã liçon do apocalipsi de |23 cor. E o rresponsete. E o hymno ambrosiano. E o<br />

versete. E o cán |24 tico do evangelho. cõvẽ a _ssaber. o Benedictus dominus israel. e a<br />

lada |25 ynha. e assy sejam acabados.<br />

Como e en que maneyra sejam ditos os laudes nos dias privados<br />

|26 En nos dias privados |27 a _solennidade dos laudes assi seja feyta. convẽ a _ssaber. o<br />

sex |28 sagesimo sexto salmo. seja dito sem antiphaã spaçosamente huũ pou |29 co. assi<br />

como no dia do domingo. por tal que todos occorram e cheguẽ |30 ao quinquagesimo. o<br />

qual seja dito cõ antiphaã. E depoys deste sejam |31 ditos outros dous salmos. segundo<br />

he de custume. convẽ a _ssaber. Áá |32 segunda feyra. o quinto e o tricesimo quinto.<br />

scilicet. Verba mea. e XXXI |1 Dixit iniustus. E áá terça feria. o _quadragesimo segundo e<br />

o quinqua |2 gesimo sexto. scilicet. Iudica me deus. e Miserere mei deus miserere mei. |3<br />

E áá quarta feria. o sexsagesimo tercio e o saxsagesimo quarto. scilicet |4 Exaudi deus<br />

orationem meam cum. déprecor. e Te decet hymnus deus. |5 E áá quinta feria. o<br />

XXXI Verba mea. e] sublinhado a vermelho.<br />

xxiii


Fol.14<br />

outogesimo septimo e o outogesimo nono. |6 scilicet. Domine deus salutis méé. e<br />

Domine refugium. E áá |7 sexta feria. o septuagesimo quinto. e o nonagesimo primo.<br />

scilicet. |8 Notus in iudéa deus. e Bonum est confitéri domino. Mas ao sab |9 bado. o<br />

centesimo quadragesimo segundo. scilicet. Domine exau |10 di orationem meam:. e o<br />

Cantico. de_uteronomii. scilicet Audíte celi |11 que loquor. o _qual seja partido en duas<br />

glorias. E en cada huũ dos |12 outros dias. seja dito huũ cantico dos prophetas. cada huũ<br />

en seu dia |13 assi como canta a santa egreja de rroma. depoys desto todo. sigã |14 -se os<br />

louvores scilicet. Laudate dominum de celis. dessy huã liçõ do |15 apostolo. rezada de<br />

_cór. e o responsete. e o ambrosiano. quer dizer. o _hym |16 no. e o versete. e o cantico do<br />

evangelho. e a _ladaínha. e assi se acabem |17 E senpre na fin dos laudes e da vespera. a<br />

oraçon domínica. cõvem |18 a _ssaber. o pater noster. seja dita do prior altamente. en<br />

_guisa que o ouçam to |19 dos. e esto por las spinhas e movimentos dos scandalos. que<br />

soõe de _nacer. |20 por tal que todos vencidos e quebrantados por lo prometimento dessa<br />

o |21 raçõ. na qual dizem. Senhor perdoa a _nos as nossas dívidas. as |22 si como nos<br />

perdoamos aos nossos devedores. quer dizer. perdoa-nos. os |23 nossos desfalecimentos e<br />

errores. assi como nos perdoamos aos que nos |24 erraron. ouvindo esto. todos se alímpem e<br />

quitem deste peccado. |25 Mas en _todalas outras horas. a _postumeyra parte dessa oraçõ.<br />

seja |26 dita alta tan _sóómente. que todos rrespondam. Sed libera nos a _ma |27 lo.<br />

Como e en que maneyra se ham-de dizer as vígilias nas festas dos santos<br />

|28 En nas festas dos santos de doze |29 liçoões e en todalas solennidades deles. assi como<br />

disse |30 mos que se fezesse no dia do domingo. assi seja feyto e cõplido. en |31 ellas.<br />

tirado que os salmos e as antiphaãs e as liçoões que a _esse dia |1 pertéécerem. sejã<br />

ditos. Mas porém o _modo e maneyra suso scripta do |2 dia do domĩgo. seja teuda e<br />

guardada.<br />

En quááes tempos ham-de dizer. Alleluya.<br />

|3 Des a santa pascoa atáá o _pente |4 coste. continuadamente seja dita alleluya. assi nos<br />

salmos |5 come nos rresponsos. Mas des o _pentecoste atáá o começo da co |6 réésma. en<br />

todalas noutes. cõ os sex salmos postumeyros tan _sóó |7 mente. seja dita. aalleluya aos<br />

nouturnos dos dias privados. Ou |8 tro_sy en _todolos domĩgos afora os da coréésma. As<br />

canticas. e os |9 laudes. e a _prima. e a _terça. e a sexta e a _noa. com alleluya sejam<br />

ditas. |10 Mas a vespera. cõ antiphaã. Os responsos nõ sejam ditos cõ alleluya |11 salvo<br />

des a _pascoa atáá o pentecoste.<br />

xxiv


Fol.14v<br />

Como se ham-de dizer as horas de deus. de dia:.<br />

|12 Assi como diz o propheta. Senhor. sete ve |13 zes no día disse e dey louvor a _ty. O<br />

qual numero e conto |14 de sete sagrado e perfeyto. de nos assí será complido. se en no<br />

tẽpo e hora |15 dos laudes. e da prima e da terça e da sexta e da noa e da vespera e da<br />

cõ |16 pleta pagarmos os officios da nossa servidoõe. por que destas horas |17 diz o<br />

_propheta. Sete vezes te louvey no dia. E das vigilias de nou |18 te. esse medés propheta<br />

diz. Áá méatade da noute me levantava a _cõ |19 ffessar e dar louvor a _ty. Poys por esto.<br />

en estes tempos demos |20 louvores ao nosso creador sobre os juyzos da sua justiça.<br />

conven |21 a _ssaber. nos laudes. na prima. na terça. na sexta. na noa. na vespera e na<br />

cõ |22 pleta. e de noute nos levantemos a confessar e dar louvores a _el.<br />

|23 Quantos salmos se ham-de dizer per essas méésmas horas de dia:.<br />

|24 Ja dos nouturnos e dos laudes bem |25 departimos e sposemos e declaramos a _ordem<br />

dos salmos. |26 Agora vejamos das outras horas seguíntes. Na hora da |27 prima. digam<br />

tres salmos. cada huũ per si cõ sua gloria. E o hymno |28 dessa méésma hora. depoys que<br />

ja disserem o _verso. Deus in _adiuto |29 rium meum intende. ante que comecem os<br />

salmos. E acabados os |30 tres salmos. digam huã liçon. e o versete e o kyrie’leyson. e<br />

assi sejam |31 enviadas. E a terça XXXII e a sexta e a _noa. per esta medes ordem e<br />

maneyra |1 sejam celebradas e ditas. convem a _ssaber. o verso. Deus in _adiutorium |2<br />

meum<br />

intende. e os hymnos dessas medeses horas. e tres salmos e a _liçon |3 e o versete e o<br />

kyrie’leyson. e assy sejam enviadas e affííndas. E se a |4 congregaçon for grande. sejam<br />

cantadas as horas cõ antiphaãs. Mas |5 se for pequena. rezem-nas cháámente se lhes for<br />

muyto grave de as |6 cantar. Mas a hora da vespera. seja terminhada e dita cõ quatro<br />

salmos |7 cõ suas antiphaãs. De pos dos quááes salmos. digam o _capitulo. |8 Desy. o<br />

rresponso. e o hymno ambrosiano. e o versete e o cantico do evã |9 gelho. e a _ladaynha e<br />

a oraçon do senhor. e assim sejam enviadas a _ deus e |10 del recebidas. A completa seja<br />

dita e terminhada cõ tres salmos |11 Os quááes salmos. dereytamente chaaõs sen<br />

antiphaãs sejam ditos |12 De_poys dos quááes. digam o _hymno dessa méésma hora e o<br />

_capitulo. e |13 o _verso. e o _kyrie’leyson e a _béénçõ. e assy sejam enviadas.<br />

XXXII terça] terca.<br />

xxv


Fol.15<br />

Do repartimento dos salmos en sete vigilias.<br />

|14 Ordenada ja e declarada. |15 a ordem e maneyra dos salmos de dia. todolos outros<br />

salmos |16 que sobejam e ficam. igualmente sejam rrepartidos en sete vigilias das |17<br />

noutes. convẽ a _ssaber. partindo aquelles salmos que antre elles forẽ móó |18 res. e a<br />

_cada huã noute assíínem e dem doze salmos. E esto speci |19 almente dizemos e<br />

amoestamos. que se perventura aalguũ desprouguer |20 aqueste repartimento e ordinaçõ<br />

dos salmos. ordéne-os el doutra guisa |21 se o melhor entender. com tanto que de _todo<br />

en _todo essa méésma cousa |22 seja óólhada. cõven a _ssaber. que en cada huã domáá.<br />

seja cantado todo |23 o salteyro enteyramente. no qual som per conto. Cento e cíncoenta<br />

salmos |24 E sempre no dia do domingo áás vigilias. seja repetido de começo. |25 por que.<br />

serviço de muyta priguiça e de pouca devoçõ demostram os mon |26 ges que menos do<br />

salteyro cõ seus canticos acustumados rezam per spaço |27 de cada huã somana. por que<br />

nos léémos e achamos nas scripturas. que os |28 nossos santos padres. en cada huũ dia<br />

muy nobremente o rrezavam |29 todo complido. O _qual. plaza a _ deus. que nos outros<br />

tibos e priguiçosos aca |30 bemos per toda a somana.<br />

Como e en _que maneyra devẽ os monges léér e cantar e rezar<br />

|31 Nos créémos que a _presença de deus. he en _todo logar. |32 e que os olhos do nosso<br />

senhor deus. en _todo logar esguardã e |1 veẽ os boõs e os mááos. e móórmente esto<br />

creamos sen duvida |2 nehuã. que he quando nos stamos áá obra do senhor<br />

rezando e cantãdo |3 E por tanto sempre sejamos nembrados. daquello que diz o<br />

_propheta. Ser |4 vide ao senhor en temór. E diz ainda. Cantade cordamente e<br />

sa |5 gesmente. E en na presença dos anjos cantarey a _ty. Poys con |6 siiremos bem. como<br />

nos conven e pertééce de estár na presença de deus |7 e dos anjos. e assi stemos a<br />

_cantar e a rrezar. que a nossa mente e profun |8 deza e agudeza do nosso entendimento<br />

concorde cõ a _nossa voz.<br />

|9 De como devemos orar cõ muyta reverença e humildade<br />

|10 Se cõ os homẽes poderosos e grandes senhores queremos |11 falar alguãs cousas. nõ<br />

ousamos nẽ presumimos de lhes |12 falar. salvo cõ muita humildade e reverença. quanto<br />

mays a _deus senhor |13 de todalas cousas devemos de supplicar e rogar cõ toda<br />

humilda |14 de de dentro e de fora. e cõ devoçon pura e limpa. E nõ en muyta |15 palavra.<br />

mas en _pureza e limpeza de coraçõ. e en compũçon e pungi |16 mento de lagrimas.<br />

xxvi


Fol.15v<br />

sejamos certos que seremos ouvidos ante deus. E |17 por tanto breve e pequena e pura<br />

deve de séér a oraçõ. salvo perla vẽ |18 tura. se com desejo e deleytamento de spiraçõ da<br />

graça de deus. alguũ a |19 perlongar. Peró en convento de todo en _todo. a oraçõ seja<br />

breve e pe |20 quena e como o _prior fezer o sinal todos se alevantem da oraçon<br />

|21 Dos dayaães e curadores e mééstres dos da congregaçõ do mosteyro:.<br />

|22 Se a _congregaçon for grande. |23 sejam enligidos e escolheytos. alguũs desses frayres<br />

de bóóm |24 testimunho e de santa conversaçõ e de boa vida. e façam-nos dayaães |25 e<br />

mééstres e priores d’outros. que hajam e tenham so sua cura. dez. dez. |26 monges. ou<br />

mays. Os quááes dayaães e mééstres e priores hajam |27 gran cuydado sobre as suas<br />

decanías e curas en _todalas cousas. se |28 gundo os preceptos e mandamentos de deus. e<br />

segundo os mandamẽtos |29 de seu abbade. E tááes dayaães sejam enligidos e<br />

escolheytos. con |30 os quááes o _Abbade seguramente parta seus encarregos. E nõ<br />

sejam en |31 ligidos per ordem dos grááos. mas segundo o _merecimento da sua vida |32 e<br />

segundo a doutrina e ensinança da sua sabedoria. E se alguũ delles |1 depoys perventura.<br />

inflado e alevantado per alguã soberva for achado re |2 prehensivil. seja castigado per huã<br />

vez e duas e tres. E se se nõ quiser |3 emendar. seja tirado e lançado fora dessa cura e<br />

encarrego. e outro |4 que seja digno e merecedor. soceda e seja posto en seu logo. E<br />

estas |5 medeses cousas stabelecemos e ordenamos do preposto e prior móór |6 da<br />

congregaçon.<br />

Como devem de dormir os monges.<br />

|7 Cada _huũ monge dorma en seu leyto. Os leytos e os lo |8 gares en _que houverem de dormir os<br />

monges. receban-nos |9 e sejam-lhes dados segundo o _modo e qualidade da conversaçõ e vida |10<br />

de cada huũ. assi como lhes o seu abbade ordenar e mandar. E se |11 se pode fazer. todos dormam<br />

en huã casa. pero se forem tantos que nõ |12 possam todos dormir en _huũ dormitorio. estonce<br />

dormã en outros |13 logares. dez e dez. ou víínte e víínte cõ velhos e anciaaõs boõs. que |14 sobre<br />

elles sejam solicitos e discretos e perfeytos pera _os vígiar. En |15 essa cella e casa hu dormirem.<br />

seja sempre candéa accesa XXXIII e arça des a |16 noute atáá manhaã. Vestidos dormam e cintos cõ<br />

cintas ou cõ |17 cordas pequenas e delgadas. e nõ tenham os cutellos cõ_sigo nas |18 cintas quando<br />

dormirem. nẽ perventura en _dormindo se feyram. E |19 por tal que os monges sempre sejam<br />

aprestes. como tangerem o _signo |20 levantem-se logo sem detardança e trabalhem-se. cada huũs<br />

XXXIII accesa] Nunes: acesa.<br />

xxvii


Fol.16<br />

|21 XXXIV quem mays asinha poder. pera viĩr áá obra de deus. peró esto con |22 toda graveza e peso. e<br />

temperança. Os frayres mays mancebos. nõ |23 tenham os leytos juntos. huũs cõ os outros.<br />

mas XXXV mesturados cõ os ve |24 lhos e anciaaõs. E quando se levantarem perá _á obra de _deus.<br />

honestamen |25 te e temperadamente se espertem huũs os outros. por tal que nehuũ nõ se |26 escuse<br />

per somno.<br />

Como e quando se deve poer a escomunhon e por quááes culpas:.<br />

|27 Se alguũ frayre. for achado revel. |28 e cõtumaz e perfioso. ou desobediente ou sobervoso. ou<br />

mur |29 murador. ou en alguã cousa contrayro áá santa regla. e desprezador |30 dos mandamentos dos<br />

seus anciaaõs. Este tal seja amoestado de _seus |31 anciaaõs en segredo. segundo o _precepto e<br />

mandado de nosso senhor |1 jhesu christo. atáá duas vezes. E se. se nõ emendar. seja reprehendido<br />

|2 publicamente perdante todos. E se per esta guisa. ainda nõ se quiser |3 correger e emendar. e for<br />

tal que conheça e entenda que cousa he a pena |4 da XXXVI scomunhon. escomunguem-no. Mas se<br />

ainda assy for mááo e du |5 ro. ponham-no áá vingança corporal. e seja castigado no corpo con |6<br />

feridas.<br />

Qual deve de _sseer o _modo e maneyra XXXVII da escomunhon.<br />

|7 Segundo que for o modo XXXVIII e qualidade e quantidade da culpa e do pe |8 cado. assy deve de<br />

séér estendida e dada a _mensura e quan |9 tidade da escomunhon. ou da disciplina corporal. O qual<br />

modo e |10 maneyra da XXXIX quantidade das culpas penda e sté en juyzo e |11 alvidro do Abbade.<br />

Peró se alguũ frayre for achado nas mays le |12 ves e mays lygeyras culpas conven a _ssaber.<br />

naquellas que o abbade jul |13 gar segundo seu juyzo por mays leves. este tal seja privado e<br />

aparta |14 do. do participamento da mesa. que nõ coma cõ os outros. E esta será |15 a rrazon e causa<br />

razoavil daquel que for privado e apartado da compa |16 nhia da mesa. convẽ a _ssaber. que el na<br />

egreja nõ alevante salmo nẽ |17 antiphaã. nẽ diga liçon. atáá que satisffaça e acabe sua penitẽcia. E<br />

|18 depoys que os frayres comerem. coma el sóó. verbi gracia. que se os |19 frayres comerem hora<br />

de _sexta. coma aquel frayre hora de noa. E se |20 os frayres comerem hora de noa. coma el depoys<br />

de vespera. atáá que |21 per satisfaçon e penitencia convínhavil. seja perdoado.<br />

Das graves culpas<br />

XXXIV Vestígios de letras apagadas e riscadas.<br />

XXXV mas] acrescentado depois de escrita a linha, através de uma remissão para a margem.<br />

XXXVI da] fora da margem, à esquerda.<br />

XXXVII e maneyra] Nunes omite ambas as palavras.<br />

XXXVIII o modo] s.l.<br />

XXXIX Grande espaço com um traço vermelho. Vestígios de letras escritas e apagadas por baixo.<br />

xxviii


Fol.16v<br />

|22 Aquel frayre que for achado |23 en alguũ peccado de _grave culpa. seja sospenso e<br />

aparta |24 do. da mesa e do oratorio. Nehuũ dos frayres. nõ se achegue |25 a _el. en _huã<br />

maneyra de companhia nẽ en fala. Sóó seja áá obra |26 que lhe mandarem fazer. stando e<br />

perseverando en lutu e choro de _penitẽ |27 cia. pensando en seu coraçõ e sabendo aquella<br />

muy spantosa sentença |28 do apostolo que diz. Dado he este homem a sathanás por<br />

quebran |29 tamento da carne. por tal que o seu spiritu seja salvo no dia do nos |30 so senhor<br />

jhesu christo. Sóó coma. a _mensura e quantidade do comer |31 do seu mantíímento. e a<br />

hora a _que houver de _comer seja en alvidro e ju |1 yzo e discriçon do abbade como el<br />

melhor entender e vir que lhe cõple. |2 Nehuũ nõ o _bẽeza. quer dizer. nõ lhe diga<br />

benedicite. nẽ lhe inclíne. quan |3 do passar per _hu el stever. nen lhe fale. nem lhe<br />

béénza o _que lhe derem per| 4 a comer.<br />

Daquelles que se ajuntam a _conversar e a falar con os escomungados sen<br />

mandado.<br />

|5 Se alguũ frayre presumir |6 e ousar de se achegar ao frayre escomungado per qualquer<br />

maney |7 ra que seja. ou falar con el. ou lhe enviar per outrẽ alguũ mandado. sen |8<br />

lecença de _seu abbade. seja escomungado semelhavilmente como el.<br />

|9 Como e en _que maneyra o abbade deve séér solicito e studoso sobre os frayres<br />

escomũgados.<br />

|10 O abbade haja cura e cuydado |11 cõ todo studo e diligencia. sobre os frayres que<br />

peccarem. ca |12 os saaõs nõ ham mester fisico. mas os doentes e enfermos e os que se<br />

sen |13 tem mal. E porende o _abbade deve de usar de todolos modos e ma |14 neyras. assi<br />

como sabedor fisico. conven a _ssaber deve de enviar. frayres |15 anciaaõs e sabedores e<br />

consoladores assi como caladamente e ascondida |16 mente. Os quááes assi como<br />

segredamente. ben como que nõ veẽ a _el |17 da parte do abbade. mas de sy medeses.<br />

consolem aquelle frayre abalado. |18 e afflito e anojado. e enduzam-no e movam-no. a<br />

satisfaçon de _humilda |19 de. e cõsolem-no. nẽ perventura seja derribado e quebrantado<br />

per mayor |20 tristeza. mas assi como diz XL esse méésmo apostolo. Seja confirmada en el<br />

|21 caridade. e todos orem e roguem a _deus por el. Con grande studo e diligẽ |22 cia deve<br />

o Abbade haver cuydado. e cõ toda arteyrice e engenho e sabedo |23 ria e providencia<br />

curar e trabalhar. que no perca nehuã das ovelhas que lhe |24 foron cometidas. Conheça e<br />

XL diz] s.l.<br />

xxix


saba ben que recebéo cura e cuydado de |25 almas enfermas. e nõ XLI de usar crualdade e<br />

aspereza de senhorio sobre |26 as saãs. E tema o ameaçamento do propheta. perlo qual<br />

diz deus aos pasto |27 res. Aquello que vos viades grosso e boõ. tomavades. e aquello que<br />

era |28 fraco e enfermo engeytavades e alcançavades de vos e desemparavades. |29 Mas<br />

siga o _abbade e tome o exemplo de _piedade do boõ pastor. que lei |30 xou nos montes<br />

noveẽta e nove ovelhas. e foy buscar e requerer. huã |31 ovelha que errara e perdera-se<br />

das outras. Aa infermidade da qual tanta door |32 e compaixon houve. que teve por ben<br />

de a poer nos seus santos ombros |1 e assy a trouve áá _grey e companhia das outras.<br />

Daquelles que amehu |2 de forem castigados e nõ se quiserem emendar.<br />

|3 Se alguũ frayre per muytas vezes for castigado. por qualquer |4 culpa que seja. e se outro sy ja<br />

foy scomungado por ello. e nõ |5 se quiser emendar. façam en el correeyçõ mays forte e mays |6<br />

aspera. convẽ a _ssaber. castiguem-no cõ feridas de açoutes. E se assy |7 nõ se correger ainda nẽ<br />

emendar. ou pella ventura o que deus nõ mande |8 se alevantar en soberva e quiser ainda defender<br />

as suas máás obras. |9 estonce o Abbade faça aquello que faz o _boõ e sages fisico. Convẽ a<br />

_ssaber |10 se ja lhe fez e mostrou criamentos e castigos cõ piedade e mansidoõe. se |11 unguentos<br />

de amoestaçoões dolces. se méénzinhas e exemplos das |12 santas scripturas. se depoys desto todo<br />

queymamento de escomunhon. ou |13 chagas e feridas de varas. E se vír que ja lhe nõ val nẽ<br />

aproveyta |14 cousa nehuã. a sua industria e sabedoria. estonce ajunte ainda e ennha |15 da<br />

aquello que he melhor e mayor. scilicet a sua oraçon e a de _todolos ou |16 tros frayres por<br />

elle. que o senhor deus que todalas cousas pode fazer. obre |17 e de saude aaquel frayre<br />

enfermo. E se per esta maneyra aínda nõ for |18 saaõ nem se quiser emendar. Enton o<br />

abbade use de ferro que corte |19 e talhe tal monge do mosteyro lançandoo fora del. assy<br />

como diz o a |20 postolo:. Deytade o mááo fora de nos. E diz ainda mays. O |21 mááo se se<br />

departe. departa e váá-se. nẽ perventura huã ovelha enfer |22 ma e çuja e chea de<br />

_peccado. tanja XLII e ençugente toda a outra cõpanha.<br />

|23 Se devem séér recebidos outra vez. os frayres que se sairem ou fugirem do<br />

mosteyro.<br />

|24 O frayre que for por lo seu |25 proprio vicio e peccado e per sua culpa. se sááe ou o<br />

lançam fo |26 ra do mosteyro. Se depoys se quiser tornar pera _o mosteyro. prometa |27<br />

primeyramente toda emendaçon do peccado e vicio por lo qual se sayo. |28 assy seja<br />

XLI nõ] Nunes acrescenta deve, que me parece desnecessário.<br />

XLII tanja] tanga.<br />

xxx


Fol.17v<br />

recebido no ultimo grááo postumeyro de todos. por tal que per |29 esto seja conhecida e<br />

provada a sua humildade. E se desy adeante |30 outra vez se sayr. atáá tres vezes per<br />

_esta guísa seja recebido. Mas seja |31 certo que ja depoys se véér. que o nõ leixaram<br />

entrar nẽ o receberam no |32 mosteyro:.<br />

Dos moços de _meor ydade como os devẽ castigar.<br />

|1 Toda ydade. e todo entendimento deve haver proprias mensu |2 ras e modos e quantidades<br />

segundo mays ou menos. E por |3 tanto per quantas vezes os moços pequenos e os mays mancebos<br />

per |4 ydade. e aquelles que menos podem entender e conhecer camanha |5 he a _pena da<br />

escomunhon. estes tááes quando peccarem. cõ grandes |6 jejuũs sejam afflitos e atormentados. ou<br />

cõ açoutes agres e fortes |7 sejam refreados e constrangidos e castigados. por tal que se<br />

correjam XLIII |8 e emendem. e recebam saude nas almas ::.<br />

Do cellareyro do |9 mosteyro de que condiçon deve de séér.<br />

|10 O cellareyro do mosteyro seja eligido e tomado dos da con |11 gregaçon. o _qual seja sabedor de<br />

sabeduría spiritual e de _boõs e |12 saaõs custumes. deve de séér no falar e no obrar sobrio e<br />

mesurado e |13 temperado. nõ séér muyto comedor e garganton.<br />

nõ sobervoso. nõ |14 turbulento e escuro do vultu e torvado. cõ ira e cõ sanha. que torve os |15<br />

outros. nõ injurioso que injuríe e doeste os outros. nõ tardinheyro e |16 priguiçoso e deleixado. nõ<br />

degastador. mas homem que tema deus. o _qual |17 seja a toda a _congregaçõ assi como padre.<br />

Haja cura e cuydado de to |18 dalas cousas. Non faça cousa nehuã sen mandado do abbade: |19<br />

Aquellas cousas que lhe mandarem guardar. essas guarde. Os frayres |20 nõ contriste nẽ anoge. Se<br />

alguũ frayre lhe pedír alguã cousa co |21 mo nõ deve. nõ no contriste desprezandóó. mas cõ<br />

boa razon e cõ |22 humildade se escuse del e lhe negue a _cousa que pede mal e como<br />

non |23 deve. Guarde a sua alma. nẽbrando-se sempre. daquello que o _apostolo |24 diz.<br />

cõvẽ a _ssaber. Aquell que ben ministrar gáánçara pera sy. bóó̃ graao |25 e boõ logar<br />

ante deus. Haja cura e cuydado cõ todo studo e diligẽcia. |26 dos enfermos. e dos<br />

meninos. e dos hospedes e dos proves. sabendo. |27 sen duvida nehuã. que de todas estas<br />

cousas. há-de _dar conto e razõ |28 no dia do juyzo. Todolos vasos e alfayas do<br />

mosteyro. esguar |29 de e óólhe. e toda a _outra sustancia. assi como se fossem vasos<br />

sagra |30 dos do altar. Nõ ponha nehuã cousa en negligencia. Nen |31 stude nẽ cuyde en<br />

avareza. nẽ seja degastador e mááo despendedór |1 nẽ destruydor da sustancia do<br />

mosteyro. mas todalas cousas faça |2 mesuradamente e cõ descriçõ. e como lhe mandar o<br />

XLIII correjam] corregam.<br />

xxxi


Fol.18<br />

Fol.18v<br />

abbade. Ante to |3 dalas cousas que en el houver. haja humildade. E quando nõ tever a |4<br />

sustancia e cousa que de ááquel que lhe pede. de-lhe boa pallavra e boa respos |5 ta. assi<br />

como he scripto. A _boa palavra he sobre o _muy boõ dado. |6 Todalas aquellas cousas<br />

que lhe o abbade encomendar. essas haja so |7 sua cura. E daquellas que lhe defender nõ<br />

presuma. nõ ouse de se enter |8 meter dellas. De e presente aos frayres a _rraçon do seu<br />

mantiimento |9 que lhes he stabelecida e ordenada. sem detardança e sem referta e sem<br />

outra |10 figura nehuã. por tal que se nõ escandalizem nẽ anogem. nembrando |11 -se da<br />

palavra que disse nosso senhor jhesu christo. convẽ a _ssaber Que me |12 rece aquel que<br />

scandalizar huũ dos meus mays pequenos. Merece e cõ |13 ven que lhe leguem e<br />

dependurem ao collo huã móó asinaria. e que o lan |14 cem e amerjam XLIV na profundeza<br />

e peego do mar. Se a congregaçõ for |15 grande dem-lhe parceyros que o ajudem. por tal<br />

que el cõ boõ coraçõ e |16 com boa voõtade e alegre compla e faça complidamente o<br />

officio que |17 lhe he cometido.: Nas horas convinhaviis e que pertééce. sejam dadas |18<br />

aquellas cousas que se houverem de _dár. e peçam aquellas que se houverem de |19<br />

pedir. por tal que nehuũ nõ seja tornado nẽ contristado na casa de deus.<br />

|20 Das ferramentas e das outras cousas do mosteyro<br />

|21 Na sustancia do mosteyro cõvem a _ssaber. nas ferramentas e nas |22 vestiduras e en<br />

outras cousas quááes quer que sejam. proveja o |23 Abbade e ponha tááes frayres. da<br />

vida e custumes dos quááes |24 elle seja ben seguro. e assííne a _cada huũ aquellas cousa<br />

que houver de _guar |25 dar e recolher e appanhar e ministrar. assi como el julgar e<br />

entender que |26 he melhor e mays proveyto. Das quááes cousas o _abbade tenha huũ |27<br />

memorial e scripto. pera saber o _que da e o que recebe quando os frayres en |28 tram e<br />

saãe e _socedem os officios a rrevezes. E se alguũ trautar |29 as cousas do mosteyro.<br />

mal e çujamente e cõ negligencia. seja castigado. |30 E se. se nõ emendar. seja sometido<br />

e posto áá disciplina da regla.<br />

|31 Se devem os monges téér ou haver alguã cousa propria.<br />

|32 Ante todalas cousas specialmente. aqueste vicio e peccado de rrayz se |1 ja tirado e<br />

talhado do mosteiro. que nehuũ nõ presuma nẽ house de dar |2 nẽ receber cousa nehuã<br />

sem lecença e sem mandado do abbade. Nen |3 haver cousa nehuã propria. e de todo en<br />

_todo nehuã cousa . scilicet. nem |4 livro. nẽ tavoas nẽ stilo. mas nehuã cousa de _todo<br />

XLIV amerjam] amergam.<br />

xxxii


Fol.19<br />

en _todo. Aos |5 quaaes monges certamente nõ convẽ ainda. nẽ lhes pertééce haver en<br />

seu |6 proprio poderio. os seus corpos nẽ as suas voõtades. Mas todalas cou |7 sas<br />

necessarias devem sperar e receber do padre do mosteyro. nẽ lhes |8 convenha haver<br />

cousa nehuã que lhes o _abbade nõ der. ou leixar téér |9 per sua lecença. E todallas<br />

cousas sejam cõmuuãs e géérááes a _todos |10 assy como he scripto. e nehuũ nõ presuma<br />

nẽ ouse de dizer nẽ chamar al |11 guã cousa sua. E se alguũ for achado que se deleyta en<br />

este muy |12 mááo peccado de haver e téér. e receber proprio e de _appropriar a _ssy<br />

méésmo |13 alguã cousa dizendo que he sua. este tal seja amoestado huã vez e du |14 as. E<br />

se se. nõ emendar. seja posto áá corrééyçõ e castiguem-no.<br />

|15 Se devem os monges receber todos igualmente as cousas necessarias:.<br />

|16 Assy como he scripto nos |17 autos dos apostolos. Era partido e dado a _cada huũ.<br />

per |18 la guisa que lhe complia e fazia mester. Hu nõ dizemos que haja hy re |19 cebimento<br />

e stremamento de _persoas. o que deus nõ mande. mas haja hy cõsiira |20 çon das<br />

enfirmidades e das fraquezas. E aquel que mays pouco houver |21 mester de graças a<br />

deus. e nõ se contriste nẽ tome nojo. por darem mays |22 a outro que a _el. E aquel que<br />

mays houver mester. humilde-se por la sua infir |23 midade. e nõ se exalce<br />

nẽ ensoberveça por la misericordia que lhe fazem. |24 e assy todolos membros serám en<br />

_paz. Ante todalas cousas. non |25 appareça no monge o mal e o _peccado da<br />

murmuraçon por cousa nehuã |26 que seja. nẽ per palavra nehuã qualquer que possa seer<br />

dita. nem per sinificaçon nehuã. |27 E se alguũ for achado en mal e peccado de murmúro.<br />

seja castigado |28 e posto áá _mays streyta disciplina.<br />

Dos domááyros da cozinha:.<br />

|29 Os frayres assi se servam. huũs. os outros |30 que nehuũ nõ seja scusado do officio da<br />

cozinha. salvo aquel que |31 for enfermo. ou aquel que for occupado en alguã causa e razon<br />

de |1 gran proveyto do mosteyro. por que por ello. XLV |2 gáánçara e havera o monge móór<br />

mercee. Aos fracos sejam-lhes pro |3 curados e dados parceyros que os ajudem. por tal que<br />

aquello que fezerem |4 nõ o _façam com tristeza. mas todos hajam solazes e companheyros.<br />

se |5 gundo o modo e a _maneyra da congregaçon. e segundo o asseẽtamento e |6 disposiçõ do<br />

_logar. Se a _congregaçon for grande. O cellareyro seja |7 scusado da cozínha. e aquelles<br />

que forem occupados en mayores proveytos |8 assi como ja dissemos. Mas todolos outros se<br />

servam en caridade |9 huũs os outros. Aquel que sayr da somana. ao sabbado faça<br />

XLV Vestígios de palavras apagadas até ao fim da linha.<br />

xxxiii


Fol.19v<br />

mũdi |10 cias e límpezas. e XLVI Lave os tersorios e panos cõ que os frayres alim |11 pam as<br />

maaõs e os péés. E tam ben esse que sááe. como aquel que entrar |12 por domaayro. lavem<br />

os péés a _todos. Os vasos do seu ministerio |13 e serviço com que servío. saaõs e limpos os<br />

entregue. e de XLVII assíínadamente |14 per conto ao cellareyro. O qual cellareyro. as de<br />

assíínadamente e per conto |15 ao domááyro que entra. pera saber aquelo que da e aquello<br />

que recebe. Os do |16 maayros. ante huã hora da refeeyçon. convẽ a _ssaber. en _aquella huã<br />

hora |17 ante que os frayres comam. sobre a sua raçon stabelecida. tomẽ do pan |18 e comam.<br />

e bevam senhas vezes. por tal que áá hora da refééyçõ. servam |19 a seus irmaaõs sen<br />

murmúro e sem grave trabalho. Mas pero ennos |20 dias solennes sostenham-se atáá depoys<br />

das missas. Os domááy |21 ros que entrarem e os que sayrem. no dia do domingo. no oratorio<br />

logo |22 como acabarem os laudes. volvam-se inclinãdo aos péés de todos. e |23 peçam que<br />

rroguem a _deus por elles. E os que sairem da somana. digam |24 aqueste verso.: Benedictus<br />

es domine deus qui adiuasti me et conso |25 latus es me. O qual dito per tres vezes. tomem a<br />

_beençon e sayã-se. |26 Depoys destes venha logo o _que houver d’entrar. e diga. Deus in |27<br />

adiutorium meum intende et domine ad _adíuuandum me festina. |28 E aqueste. esso<br />

meesmo seja repetido de _todos per tres vezes. E tomada |29 a _beençon. entre a servir.<br />

Dos enfermos:<br />

|30 Ante todalas cousas e sobre todas. devem haver cura e cuydado |31 dos enfermos. per<br />

_tal guisa que assy os servam. como se servissem |1 verdadeyramente a _jhesu christo.<br />

por que el disse que há-de _dizer no dia do juyzo. |2 Fuy enfermo e doente e veestes me<br />

visitar. E aquello que vos fezes |3 tes a _huũ destes meus mays pequenos, a _mým o<br />

fezestes. Mas e |4 esses enfermos consíírem ben. que por honra e amor de deus. os<br />

servem. e |5 nõ contristem nẽ anogem cõ sua sobegidón e engratidón. os seus ir |6 maaõs<br />

que os servem. Pero ésses servidores devem de _sopportar e sof |7 frer os seus pacientes e<br />

os achaques e engratidoões delles cõ muyta |8 paciencia. por que de tááes gaãçarám e<br />

haverám ante deus moor mercéé |9 e galardon. sopportandoos. E por esto muy grande<br />

cura e cuyda |10 do haja . o _abbade dos enfermos. que nõ padeçam nehuã negligencia |11<br />

nẽ míngua. Pera _os quááes frayres enfermos seja huã cella as |12 siinada e appartada<br />

sobre sy. e huũ servidor que tema e ame deus. e que se |13 ja diligente e solicito. seja<br />

posto en ella. Aos enfermos seja outor |14 gado e dado o husu dos bánhos cada _vez que<br />

os ouverem mester |15 Mas aos saaõs e móórmente aos mancebos mays tarde lhes seja<br />

ou |16 torgado. O comer das carnes seja outorgado e dado aos enfermos |17 de todo en<br />

XLVI e] Vestígios de letras raspadas por baixo.<br />

XLVII Vestígios de letra(s) apagada(s).<br />

xxxiv


Fol.20<br />

_todo e fracos. por repayramento dos corpos. E de |18 poys que forem melhorádos e<br />

mays fortes. todos se abstenham das |19 carnes assi como ham de custume e de usu. O<br />

abbade haja muy gran |20 de cura e cuydado. que os enfermos nõ sejam desemparados<br />

dos cella |21 reyros ou dos servidores. que padeçam per culpa delles alguãs minguas |22 e<br />

negligencias. por que a _el pertééce. oolhar e correger e castigar e emẽdar |23 qualquer<br />

cousa en _que os discipulos defalecerem e errarem.<br />

Dos velhos e dos moços pequenos.<br />

|24 Como quer que essa natureleza |25 humanal de sy méésma seja movida e inclinada a<br />

misericor |26 dia e a _piedade en estas ydades. convẽ a _ssaber. dos velhos e dos mo |27 ços<br />

pequenos. pero ainda áálem desto. a autoridade da regla óólhe e |28 esguarde en elles. E<br />

seja sempre consiirada en elles a sua fraqueza. |29 e en nehuã maneyra. o _appertamento<br />

e estreyteza da regla nõ seja teu |30 da nẽ aguardada a _elles no comer. mas seja en elles<br />

consiiraçon |31 de piedade. e comam ante das horas regulares. convẽ a _ssaber. ante |1 da<br />

sexta ou da noa.<br />

Do domááyro de léér aa mesa.<br />

|2 Áás mesas dos frayres quando comerem nũca deve desfalecer |3 liçon. E nehuũ nõ<br />

tome o _livro subitamente nẽ ouse hy |4 de _léér. salvo se o mandarem. mas aquel que<br />

houver de _léér toda a domáá. |5 entre a léér ao dia do domingo. O qual domááyro<br />

quando entrar. |6 peça e demande a _todos. depoys das missas. e depoys da comunhon. |7<br />

que roguem a _ deus por elle. que tire e arrede delle. o spiritu da vaã gloria |8 e da<br />

soberva. E seja dito de _todos no oratorio per tres vezes. aqueste |9 verso. peró<br />

começandóó elle primeyro. Domine labia mea aperies..et |10 os meum annunciabit<br />

laudem tuam.. E assy tomada a _bẽeçõ. en |11 tre a _léér. E muy grande silencio seja feyto<br />

e teudo áá mesa. que nõ se |12 ja hy ouvida musicaçon nẽ soõ feyto cõ boca. nẽ voz de<br />

_nehuũ. se nõ |13 daquel sóó que léér. Aquellas cousas que forem necessarias ááquelles<br />

que co |14 merem e beberem. assy as presentem e ministrem os frayres huũs aos |15 outros.<br />

en tal guisa que nehuũ nõ haja mester de _pedir cousa nehuã. |16 Pero. se alguã cousa<br />

houverem mester. peçam-na mays per soõ de _qual |17 quer signal que per voz. Nem ouse<br />

nẽ presuma nehuũ de _contar hy |18 nẽ razoar cousa nehuã dessa liçon nẽ d’outra. por<br />

que nõ seja dado á |19 azo e cajon de _falar. Salvo pella ventura se o _prior quiser dizer<br />

xxxv


Fol.20v<br />

alguã |20 cousa brevemente por edificaçõ. O frayre domááyro do léér áá |21 mesa tome<br />

mixto ante que comece a _léér por la comunhon santa. nẽ |22 pella ventura lhe seja grave<br />

cousa sopportar o jejuum e lhe aconteça |23 alguũ perígóó per torvamento do estamago.<br />

E depoys coma. con. os |24 domááyros e cõ os servidores da cozinha. Os frayres nõ leam<br />

per |25 ordem áá mesa mas XLVIII leam aquelles que possam edificar os outros que os |26<br />

ouvirem.<br />

Da quantidade e mesura dos manjares<br />

|27 Creemos que perá _á rrefeeyçõ e comer de cada día. assi da hora da |28 sexta come da noa. en<br />

_todolos meses. avondarán dous con |29 doytos por las infermidades e propriedades desvayradas<br />

por tal que aquel |30 que pella ventura nõ poder comer duhũm. coma do outro. E por es |31 to o<br />

dizemos. que dous condoytos avondem XLIX a _todolos frayres. E se |1 hy houver fruyta ou<br />

naçoões de legúmes. seja dada aa terceyra vez |2 Huã livra de _pan per peso avonde perlo dia. assi<br />

no dia de _huã refeey |3 çon. come de _jantar e de cear. E se houverem de cear. guarde o |4<br />

cellareyro. a _terça parte dessa livra. perá _á dar ááquelles que houverem de |5 cear. E se pella<br />

ventura houverẽ alguũ grande trabalho. en alvidro |6 e poderio do Abbade será. ennhader mays e<br />

acrecentar alguã cousa |7 se vír que comple. Tirada ante todalas cousas a _ssobegidoõe e a |8 muyta<br />

farteza. que nunca tome nẽ haja logo en no monge o muyto |9 enchemento do estamago que nõ<br />

possa esmoér. por que nõ ha cousa nehuã |10 que assi seja contrayra e enpecívil a _todo<br />

christaaom. como o _comer e o bever |11 sobejo. Assy como disse nosso senhor jhesu christo.<br />

Vééde e aguarda |12 de-vos que nõ sejam aggravados os vossos coraçoões en _sobegidoõe |13 de<br />

comer e de _bever. Mas aos moços pequenos e de meor ydade. nõ lhes |14 seja aguardada essa<br />

quantidade que dam aos mayores. mas seja mays |15 pequena que a dos mayores. guardada en<br />

_todalas cousas a _temperança. |16 Todos se abstenham de _todo en _todo do comer das carnes de<br />

_quatro |17 pees. salvo aquelles que forem de _todo en _todo fracos e enfermos.<br />

|18 Da mesura e da quantidade do beber dos monges.<br />

|19 Cada _huũ recebe e ha seu proprio dom de _deus. huũs assy. e outros |20 assy<br />

desvayradamente. E por tanto stabelecemos e ordenamos |21 a mesura e quantidade do<br />

mantíímento do comer e do bever dos outros con |22 alguã duvida e cõ temor. Peró<br />

óólhando e consiirando a _ffraque |23 za dos enfermos. créémos que avondará por lo dia a<br />

_cada huũ. huã |24 emina de _vinho. que he huã livra. e a _livra peso de doze onças.<br />

XLVIII mas] vestígios de letras apagadas por baixo.<br />

XLIX avondem] Posteriormente, alguém escreveu bastem s.l., em jeito de glosa.<br />

xxxvi


Aquelles a _que |25 deus da dom e graça de abstinẽcia e de _sopportamento. sejam certos<br />

que have |26 rám e receberam de deus. sua propria mercée e gualardon. por ello. E se |27 a<br />

necessidade do logar. ou o _trabalho. ou o fervor do estío e da caen |28 tura. mays<br />

demandar e houver mester. seja en alvidro do prior. consii |29 rando en todalas cousas.<br />

que nõ haja hy nẽ entre so specie de necessida |30 de. muyta farteza ou bebedice. Peró que<br />

nos léémos que o vinho de |31 todo en _todo nõ he dos monges. mas por que agora nos<br />

nossos tẽpos |1 esto nõ podemos aos monges poer en _voontade. au menos esto lhes |2<br />

consentamos. que nõ bebamos muyto atáá que nos fartemos del. mas |3 temperadamente.<br />

por que o _vinho. faz apostatar e desviar do caminho de deus |4 e dos seus<br />

mandamentos. nõ tam _sóómente os simplices. mas ainda os |5 sabedores. Mas no logar.<br />

hu a _necessidade del demandar. que a _sobre |6 dita mensura e quantidade do vinho. nõ<br />

possa séér achada. mas muyto |7 mays pouco. ou de todo nehuã cousa. aquelles que hy<br />

morarem béénzam |8 e dem graças e louvores a _deus. e nõ murmurem. E esto ante<br />

toda |9 las cousas amoestamos e dizemos. que os frayres sejam antre sy sen |10<br />

murmuraçon:.<br />

A que horas devem a comer os monges <br />

|11 Des a santa pascoa. atáá o _pentecoste. os frayres comã depoys |12 de sexta. e céém áá<br />

_tarde. Mas des o _pentecoste per todo o |13 estío atáá meatade de septembro. se os<br />

monges nõ houverẽ trabalhos |14 en nos agros. ou a _grande caentura do estio. os nõ<br />

torvar. jejuũem |15 a _quarta e a sexta feria atáá noa. En todolos outros dias. jantem<br />

de |16 poys de sexta. A qual sexta de jantar continuem per toda a _domáá |17 se houverem<br />

obras e trabalhos en nos agros. ou o fervor do estio for |18 grande. e esto seja na<br />

providencia do Abbade. O qual assy tempere e or |19 dene todalas cousas en _guisa que as<br />

almas se salvem. e aquello que os |20 frayres fezerem. façam no sen murmuro nehuũ.<br />

Peró dos ydos |21 de septembro ataa o _começo da coréésma. sempre comam depoys de<br />

noa. |22 E na coréésma atáá pascoa. comam depoys da vespera. Pero essa |23 vespera assy<br />

e a _tal hora seja dita. que os que comerem nõ hajam mester lu |24 me de candea. mas<br />

todalas cousas sejam feytas e acabadas. cõ luz a |25 inda do dia. Mas e en _todo tempo.<br />

assi de cear come de _jantar. assy |26 seja temperada a _hora. que todalas cousas sejam<br />

feytas cõ luz de dia. L<br />

|27 De como nehuũ nõ deve falar depoys de completa<br />

L dia] seguem-se vestígios de letras apagadas.<br />

xxxvii


Fol.21v<br />

Fol.22<br />

|28 En todo tempo. os monges devem de téér silencio. mayormẽte |29 nas horas e no<br />

tempo da noute. E porende en _todo tempo |30 assy de jejuhum como de _jantar. se for<br />

tempo de _jantar e cear. logo como |31 se levantarem da cea. assééntem-se todos en _huũ<br />

logar. e lea huũ as |1 collaçoões ou as vidas dos padres santos. ou certamente outra<br />

cousa |2 que possa edificar aquelles que a ouvirem. E nõ leam o pentatéuco. cõ |3 vem a<br />

_ssaber. os cinco livros de moyses. nem os livros dos rreys. por que |4 aos<br />

entendimentos enfermos e fracos nõ será proveytoso en aquella hora |5 ouvir aquesta<br />

scriptura. Mas nas outras horas sejam leudos. E se for |6 dia de jejuum. dita a vespera. e<br />

feyto huũ entrevalo e spaço pequeno. lo |7 go se cheguẽ todos aa liçon das collaçoões assi<br />

como ja dissemos. |8 e leudas quatro ou cínco folhas. ou quanto a _hora der vagar. todos<br />

|9 en huũ occorrendo e vííndo per este spaço e detíímento da liçon Se |10 alguũ pella<br />

ventura for occupado en alguũ officio a _ssi cometido e assii |11 nado occorra e venha. E<br />

todos en _huũ ajuntados complam e a |12 cabem as horas de deus. E depoys que saírem da<br />

completa. nõ seja |13 dada d’i _adeante lecença a _nehuũ de _falar cousa nehuã. E se for<br />

|14 achado alguũ que brite e traspasse aquesta regla do silencio e do calar. se |15 ja posto e<br />

sometido áá mays grave vingança e castígo. salvo se sobre |16 véér necessidade<br />

de _hospedes que cheguarem ao _mosteyro. ou pella ven |17 tura o _abbade mandar alguũ<br />

fazer alguã cousa. A qual cousa emperó |18 seja feyta cõ muy grande graveza e peso e<br />

tẽperamento e muyto honestamente.<br />

|19 Daquelles que áás horas de deus ou áá _mesa do comer véérem e chegarem tarde.:<br />

|20 Áá hora do officio divíno. logo como |21 os monges ouvirem o signo. leixem todalas cousas<br />

quááes |22 quer que teverem nas maaõs. e corram e vaã-se cõ muy gram pressa. |23 Peró esto cõ<br />

graveza e temperança. por tal que a _ligeyrice e levidade nõ |24 ache materia nẽ criamento en<br />

que se governe. E poys que assy he. nõ seja |25 leixada a _obra de deus por cousa nehuã que seja.<br />

E se. pella ventura al |26 guũ aas vigilias das noutes véér depoys da gloria patri do nona |27 gesimo<br />

quarto salmo. o _qual por esto todavia detẽedóó. queremos que se |28 ja dito a _passo. nõ sté en<br />

sua ordem no choro. mas sté postumeyro |29 e a _fundo de todos. ou en outro lugar. qual o<br />

_Abbade stabelecer e assíínar |30 apartado a estes tááes negligentes. per tal guisa que seja visto<br />

desse |31 abbade ou de _todolos outros frayres. atáá que a obra de deus seja acaba |1 da. e per<br />

publica satisfaçon faça penitencia. E por tanto julgamos |2 que aquelles negligentes devem star<br />

no postumeyro logar. ou apparta |3 dos dos outros. por tal que sejã vistos de _todos e siquer por<br />

essa |4 sua vergonça que hy padecerem. se emendem e castiguẽ. Por que se |5 ficassem fora do<br />

oratorio. seria pella ventura alguũ tal que se lançaria a |6 dormir. ou certamente. se asseẽtaria fora<br />

xxxviii


Fol.22v<br />

da egreja occioso. ou bri |7 taría o senço e entẽderia en fabulas e palavras dannosas e sem<br />

provey |8 to. nẽ seja dado cajon e áázo ao diabóó. mas entre dentro no co |9 ro. que non perca todo.<br />

e dessy _adeante. LI emende-se. Mas áás ho |10 ras de dia. aquel que áá obra de deus. occorrer e<br />

chegar depoys do verso |11 Deus in_adiutorium meum intende. e depoys da gloria do primeyro<br />

|12 salmo. o _qual se diz depoys do verso sobredito. sté pella ley que acíma dis |13 semos. no<br />

postumeyro logar. Nen presuma nẽ ouse de se ajuntar |14 áá companhía dos que cantam no coro.<br />

ataa que satisfaça. salvo se lhe o |15 Abbade per seu mandado der lecença. assy emperó que o<br />

rrééo e culpado |16 satisfaça primeyro desto. Áá hora da refééyçon e do comer. aquel que |17 nõ<br />

véér ante do verso que todos ajuntadamente digam o _verso e orem e |18 en _huũ todos ensembra<br />

se acheguem áá mesa. aquel que per sua negligẽcia |19 ou por seu vicio e peccado e per sua culpa.<br />

nõ occorrer e chegar. seja por |20 esto castigado atáá duas vezes. E se desy adeante. se nõ emendar<br />

|21 nõ no leixem participar nẽ séér áá mesa cõmũha de _todos. mas appar |22 tado da companhia de<br />

_todos. coma sóó. e<br />

tolham-lhe a sua rraçom do |23 vinho. atáá que satisfaça e se emende. Semelhavilmente padeça.<br />

aquel que |24 nõ for presente. ááquel verso que se diz depoys que comem. E nehuũ nõ |25 presuma<br />

nẽ ouse de tomar cousa nehuã de comer nẽ de _beber ante da |26 hora. nẽ depoys da hora<br />

stabelecida. E se o _prior der ou enviar |27 alguã cousa. a _alguũ. e el a nõ quiser tomar. ááquella<br />

hora que quiser e |28 desejar aquello que primeyramente nõ quis tomar. ou outra cousa<br />

semelha |29 vil. de _todo en _todo nõ lha dem. atáá que se conheça e satisfaça e faça |30<br />

penitencia e emenda convinhavil.<br />

Daquelles que som escomungados |31 e appartados como ham-de _satisfazer e<br />

acabar sua pẽedença:.<br />

|1 Aquel que por graves culpas for scomungado e appartado do |2 oratorio e da mesa. en<br />

aquella hora que acabarem a _obra de deus |3 no oratorio. deyte-se e jaça strado ante as<br />

portas do oratorio nõ di |4 zendo cousa nehuã. se nõ tam _sóómente. cõ a _cabeça posta<br />

en _terra jaça derri |5 bado e inclinado aos péés de _todos os que sairem do oratorio. E<br />

aquesto |6 faça per _tanto tempo. atéé que O Abbade julgue e diga que ja he satisfeyto. |7<br />

E quando o _Abbade o mandar que venha. deyte-se ante os péés desse |8 Abbade. e<br />

depoys aos péés de _todos que orem e roguem a _deus por elle. E |9 estonce se o _Abbade<br />

mandar. seja recebido no coro. ou en na ordem e grááo |10 que o _Abbade stabelecer e ordenar. En esta<br />

maneyra sáámente. que el |11 non presuma nẽ ouse de _levantar salmo nem antiphaã nẽ dizer liçõ. nẽ |12 outra<br />

LI adeante] seguido de vestígios de letras apagadas.<br />

xxxix


Fol.23<br />

cousa nehuã. no oratorio. salvo se lhe o _Abbade LII encõ |13 mendar ou mandar. E a _todalas horas quando<br />

complirem e acabarẽ |14 a obra de deus. deyte-se en _terra no logar hu stever. e assy satisfaça. atáá que |15 lhe o<br />

Abbade mande. que cesse e quede ja desta satisfaçõ e pẽedença. Mas |16 aquelles que por lygeyras culpas som<br />

scomungados e apartados tan _sóó |17 mente da mesa. satisfaçã na egreja. atéé que O _Abbade mande. E<br />

aques |18 to façam sempre. atáá que o _Abbade béénza e diga assaz he.<br />

Daquelles |19 que falecem e som enganados na egreja. no que ham-de dizer<br />

|20 Se alguũ frayre quando pronuncía e diz. salmo ou responso. ou |21 antiphaã. ou liçon. erra<br />

e desfalece. se logo hy per _satisfaçã se |22 non humildar e abaixar per _dante todos. seja<br />

sometido e posto a _mayor |23 pena e víngança. Por que certamente nõ quís per humildade<br />

correger |24 e emendar. aquello en _que pecou e desfalecéo<br />

per sua negligencia. Mas os |25 moços pequenos. por tal culpa e negligencia como esta. sejam<br />

acouta |26 dos posto que satisfaçam. se o seu mayor vir que o merecem.<br />

Daquelles |27 que en alguãs cousas peccam e desfalecem. hu _quer<br />

|28 Se alguũ quando trabalha en qualquer lavor. na cozínha. no ce |29 leyro. no forno. no<br />

ministerio e serviço. na orta. en alguã |30 arte. ou en _qualquer logar. alguã cousa peccar<br />

e avessar. ou quebrar qualquer |31 que seja. ou perder. ou alguã LIII cousa sobrepojar e<br />

desfalecer. hu LIV _quer que seja |1 e nõ véér logo aa hora que devér ante o _Abbade ou<br />

ante a _congregaçõ. el |2 de sua propria voõtade satisfazer e dizer sua culpa. e demostrar<br />

o seu pecca |3 do. quando esto per outrem for sabudo e conhecido. seja sometido e posto<br />

|4 a _mayor emendaçon e penitẽcia. Mas peró se for alguã cousa ascondi |5 da e encuberta<br />

de _peccado da álma. demostre-a. tan _sóómente a seu abbade |6 ou aos anciaaõs<br />

spirituaaes e cõfessores. que sabam curar e sáár as suas |7 chagas. e as alheas nõ<br />

descobrir nẽ publicar.<br />

Do tanger e fazer |8 sinal áá hora da obra de deus:.<br />

|9 Perá tanger e demostrar a _hora da obra de deus seja esta cura e |10 cuydado do<br />

Abbade. de dia e de noute. que ou el a _tanja LV e de |11 mostre. ou de e encomende<br />

aquesta cura e encarrego a _tal frayre. que seja so |12 licito e diligente e ben aguçoso pera<br />

esto fazer. en _guisa que todalas cousas |13 sejam feytas e complidas a seus tempos e<br />

LII<br />

Espaço em branco onde há vestígios de letras apagadas, certamente correspondentes à sequência “cõ de<br />

cabo” que se lê no Ms.B.<br />

LIII<br />

ou algã] Há um acrescento, posterior e sup. lin., de , lendo-se .<br />

LIV<br />

hu] Posteriormente, alguém escreveu s.l. , em jeito de glosa.<br />

LV tanja] tanga.<br />

xl


Fol.23v<br />

horas comvinhavíís. Mas os |14 salmos e as antiphaãs depoys do Abbade per sua ordem.<br />

levantem aquelles |15 a _que for encomendado. E nehuũ nõ presuma nẽ ouse de _cantar<br />

nẽ |16 de _léér. salvo aquel que esse officio pode ben complir. en tal guisa que sejã |17<br />

edificados e contentes aquelles que o ouvirem. A qual cousa faça cõ hu |18 mildade e<br />

graveza devotamente e cõ tremor. aquel a _que o Abbade encomen |19 dar.<br />

Da obra das maaõs de _cada dia per todo o año<br />

|20 A ociosidade e folga corporal imííga |21 he da alma. E por tanto en _certos tempos se<br />

devem os |22 frayres ocupar e trabalhar. en lavor de _maaõs. e en certas horas con de |23<br />

cabo na liçon santa. E pera esto. créémos que per aquesta disposiçon e ma |24 neyra.<br />

seram ambos estes tempos ben partidos e ordenados. cõvẽ a _ssaber |25 que des a<br />

_pascoa atáá as<br />

calendas de outubro. como os frayres sairem |26 pella manhaã da prima. trabalhem e<br />

obrem en aquello que lhes for necessa |27 rio. atéés a hora acerca de _quarta. E dés a<br />

_hora quarta. atáá a _hora |28 acerca de sexta. entendam e sejam áá liçõ. E depoys da<br />

sexta. como |29 se levantarẽ de _comer. pousem-se e deytem-se en seus leytos cõ todo<br />

si |30 lencio. ou pella ventura aquel que quiser léér. en _tal guisa lea a _ssy mees |31 mo. que<br />

nõ inquiete nẽ anóge outrem. E a noa seja dita mays cedo |1 convẽ a _ssaber. a hora<br />

outava meante. e condecabo obrem e trabalhẽ |2 en aquello que for pera fazer. atéés a<br />

_vespera. E se a _necessidade do logar |3 ou a proveza demandar. que os frayres per sy<br />

vaaõ acolher e appa |4 nhar os paães. nõ se contristem nẽ tomẽ nojo. por que estonce<br />

seram |5 verdadeyramente monges. se viverem per trabalho de suas maaõs. assy co |6 mo<br />

vivéron os nossos santos padres antígos e os apostolos. Pe |7 ró. todalas cousas sejam<br />

feytas mesuradamente e cõ discreçõ por rrazõ |8 dos fracos.<br />

En que ham-de _trabalhar os mõges des as calẽdas de outubro.<br />

|9 Des as calendas de outubro atáá o começo da coréésma. dela |10 manhaã atéés a<br />

segunda hora do dia. complida. entendã |11 e sejam os monges en liçon. E acabada a<br />

segunda hora. digam |12 a terça. e depoys atáá hora de noa. todos trabalhem en na sua<br />

obra |13 que lhes for encomendada. E como fezerem o _primeyro sinal da |14 hora da noa.<br />

parta-se cada _huũ do seu lavor e da sua obra. e sejam |15 aprestes e aparelhados. pera<br />

quando tanger o segundo sino. Depoys |16 que comerem entendam e sejam a suas<br />

liçoões ou a _salmos. lééndo |17 ou meditando e pensando.<br />

xli


Fol.24<br />

Da coréésma.<br />

|18 Nos dias da coréésma dela manhaã atéés a hora de terça |19 complida. entendam os<br />

monges e sejam en liçon. E |20 depoys atáá decima hora do dia acabada. obren e façam<br />

|21 aquello que lhes for mandado. Nos quááes dias da coréésma. todos |22 tomẽ senhos<br />

livros da libraria. os quááes leam enteyramente per ordem. |23 Os quááes livros se devem<br />

a _dar. no começo da coréésma. Ante |24 todalas cousas sáámente seja stabelecido e<br />

assiinado huũ anciaaõ |25 ou dous. que cerquem e andem o mosteyro. ááquellas horas<br />

que os fray |26 res séém en liçon. e vejam e oolhem. nẽ pella ventura achem alguũ |27<br />

frayre ocioso que vague en ociosidade ou en falas. e nõ he attento |28 aa liçõ. e nõ tan<br />

_soomente a _ssi _méésmo he danoso e sem proveyto. mas |29 ainda estorva e levanta os<br />

outros e dalhes cajom e ousio que se le |30 vantẽ da liçon. Aqueste tal o _que deus nõ<br />

mande. se for achado. se |1 ja castigado a _primeyra e a<br />

segunda vez. E se se nõ emendar. |2 seja posto áá correyçon da regla e castiguem-no. per<br />

tal guisa que to |3 dolos outros hajam medo. Nehuũ frayre nõ se ajunte a _outro |4 frayre<br />

en nas horas e tempos que nõ conveẽm. No dia do domĩ |5 go todos sejam en liçon. a_fora<br />

aquelles que en _desvayrados officios |6 som postos e assíínados e stabelecidos. E se<br />

alguũ for assi negli |7 gente e priguiçoso. que nõ queyra ou nõ possa meditar e pensar<br />

al |8 guũ ben. nem léér. seja-lhe encomendada tal obra que faça. por tal |9 que nõ vague nẽ<br />

seja ocioso. Aos frayres enfermos e aos deli |10 cados e de fraca compreysson. tal obra ou<br />

arte lhes seja encõmendada |11 que nẽ sejam ociosos. nem pella força e quebranto do<br />

trabalho sejã assy |12 appremados que fujam LVI e se arredem do ben fazer. A fraqueza<br />

dos |13 quááes o Abbade a deve de _consíírar.<br />

Da observança e guarda da coréésma:.<br />

|14 Como quer que en _todo tẽpo a vida do |15 monge deve haver guarda de coréésma.<br />

Peró por que |16 esta virtude he de poucos. porém amoestamos e rogamos. que en |17<br />

estes dias da coréésma. o monge guarde sua vida cõ toda pure |18 za e limpeza. convẽ a<br />

_ssaber. que todalas negligencias e falhas e mĩ |19 guas dos outros tempos. ajuntadamente<br />

en estes santos dias |20 destrua e emende. A qual cousa será estonce dignamente feyta |21<br />

se nos temperarmos e nos arredarmos e quitarmos de todolos vi |22 cios e peccados. e nos<br />

dermos áá oraçõ cõ choros. e áá _liçon e áá |23 compunçon e suspiros do coraçõ. e<br />

fezermos abstinẽcia do comer e |24 do beber. Poys pera esto. en estes dias. acrecentemos<br />

a _nós. mays |25 alguã cousa. sobre a _penson e quantidade do nosso serviço. que<br />

LVI fujam] fugam.<br />

xlii


soemos a |26 fazer. convẽ a _ssaber. oraçoões appartadas e speciááes. e abstinẽcia do |27<br />

comer e do beber. E cada huũ áálem daquella mensura e quantidade que |28 lhe he<br />

encõmendada. offereça alguã cousa a _deus. de sua propria voõtade |29 cõ goyvo e<br />

plazer do spirito santo. convẽ a _ssaber. tíre ao seu corpo do |30 comer. do beber. do<br />

dormir. do falar. das ligeyrices. e dos jogos e dos |31 scarnhos. e cõ goyvo e plazer de<br />

desejo spiritual. aguarde e attenda. a |1 santa pascoa. Peró aquello meesmo que cada<br />

_huũ offerecer. primeyramente |2 o faça saber a seu Abbade. e cõ a oraçon e voõtade del<br />

seja feyto. por que |3 aquello que se faz sen mandado e sen lecença do padre spiritual.<br />

sera cõtado |4 e havido por presumpçon e vã gloria. e nõ mercéé. Poys todalas |5 cousas<br />

devem seer feytas con a _voõtade do Abbade.<br />

Dos frayres |6 que andam en lavór longe do oratorio. ou som en _caminho.<br />

envyados:<br />

|7 Os frayres que de todo en _todo som |8 longe do mosteyro en _lavor e en _trabalho. e<br />

nõ podem viinr |9 ao oratorio rrezar. a _tempo e hora que comple e o _Abbade sabe e<br />

entende que |10 assy he. façam e rezem a _obra de deus en esse logo hu trabalham e<br />

obram. |11 con tremor divino. ficando os geolhos en _terra. Semelhavelmente fa |12 çam<br />

aquelles que som enviados en _caminho. nõ LVII traspassem as horas |13 stabelecidas. mas<br />

assi como melhor poderem rrezem-nas. e nõ desprezẽ |14 nẽ ponham en negligencia<br />

pagar a _penson e debito do serviço de _deus<br />

|15 Dos frayres que vaaõ e som enviados nõ muy longe do mosteyro<br />

|16 Os frayres que por qualquer cousa e mandado que seja. |17 vaaõ e som enviados fora<br />

do mosteyro. e en esse dia speram a |18 tornar ao mosteyro. nõ presumam nẽ ousem de<br />

comer fora. ainda que |19 de _todo en _todo os rrogue e convide qualquer persoa. salvo<br />

se pella ventu |20 ra lhes o seu abbade mandar. ou der lecença. E se doutra guisa<br />

fe |21 zerem. escomunguem-nos.<br />

Do oratorio e da egreja do mosteyro:.<br />

|22 O oratorio. esto seja o LVIII que he dito e chamado. |23 cõven a _ssaber. casa de oraçõ.<br />

e outra cousa nehuã nõ seja hy en |24 ella feyta nẽ posta. E acabada a _obra de _deus.<br />

todos se sayam cõ muy |25 gran silencio. e façam reverença a _deus inclinando contra o<br />

LVII Vestígios de letras apagadas.<br />

LVIII o] s.l.<br />

xliii


Fol.25v<br />

altar LIX por tal que |26 o frayre que pella ventura quer orar appartadamente en special. nõ<br />

seja |27 embargado nẽ estorvado per maldade d’outro. Mas ainda se perventura |28 outro<br />

quer orar mays segredamente simplezmente entre e ore. e nõ ẽ |29 voz clamosa e de<br />

_bráádos. mas en lagrimas e enteẽçon de coraçõ Poys |30 por esto. o _que tal obra<br />

semelhavil de oraçõ nõ faz. nõ no leixem ficar |31 no oratorio. como for acabada a _obra<br />

de _deus. assi como dito he. nẽ pella |1 ventura o outro padeça Alguũ impedimento e<br />

estorvo en nojo.<br />

|2 Como se ham-de rreceber os hospedes:.<br />

|3 Todolos hospedes que sobrevéérem ao mosteiro. assi como jhesu |4 christo sejam<br />

recebidos. por que el no dia do juyzo há-de dizer |5 Hospede fuy e recebestes-me. E<br />

a _todolos hospedes seja |6 feyta e dada honra convinhavil segundo que for pertéécente a<br />

cada _huã per |7 soa. e mayormente aos domesticos e familiares da nossa fe assi como |8<br />

som os cóónigos e os religiosos e os segraaes christaaõs boõs. e specialmente |9 aos<br />

monges come nos e peregriĩs. Poys por esto. como for dito |10 e sabido. que alguũ<br />

hospede chega áá _porta do mosteyro. occorra o _prior e |11 vaa-ho receber. ou os<br />

frayres com todo officio de caridade. E primeyro |12 orem todos juntamente. e assy<br />

sejam acompanhados na paz do osculo |13 O qual osculo e beyjo de _paz nõ lhe seja<br />

dado antes. salvo primeyro fey |14 ta a oraçõ. polos escarnecementos e enganamentos do<br />

diabóó. E en essa |15 saudaçon dos hospedes. seja demostrada toda humildade. E a<br />

todo |16 los hospedes que véérem ou se partirem do mosteyro. a cabeça inclina |17 da ou<br />

todo o corpo derribado e strado en _terra. seja en elles adorado jhe |18 su christo. o _qual<br />

recebem en elles. E depoys que os hospedes forẽ recebi |19 dos. tragam-nos áá oraçõ.<br />

depoys seja cõ elles o _prior. ou outro a _quẽ |20 os el encomendar. E leam perdante o<br />

hospede. a _ley de deus. e esponhã |21 -lhe alguã boa liçon santa se tal for o hospede perá<br />

_áver devoçõ e pera seer |22 edificado. E depoys desto. seja-lhe feyta e dada toda<br />

humanidade e |23 necessidade pera _o corpo assy das outras cousas come do comer e do<br />

_bever |24 O prior quebrante o jejuũ por lo hospede. salvo se for o _dia do jejuũ |25<br />

precipuu e sollenne que nõ possa nẽ deva séér quebrantado. Mas os fray |26 res sigam e<br />

guardem e continúem o _custume dos seus jejuũs. O Ab |27 bade deyte a _agua áás<br />

maaõs. aos hospedes. O Abbade e toda a _cõ |28 gregaçon lavem o[s] LX _péés aos<br />

hospedes. Os quááes lavados. digam este |29 verso. Suscepimus deus misercordiam tuam<br />

LIX contra o altar] escrito sobre outras palavras, apagadas.<br />

LX os] o.<br />

xliv


Fol.26<br />

in_medio templi tui. O |30 rrecebemento dos proves e dos peregriĩs. specialmente ante<br />

todalas cousas |31 seja feyto cõ diligencia e aguça e cõ toda cura e cuydado. por que en<br />

|1 elles he mays recebido jhesu christo. que ennos rricos ca o _terrór e spanto |2 dos<br />

rricos. demanda e requere que lhes dem e façam honra A cozi |3 nha do abbade e a dos<br />

hospedes. seja appartada sobre sy. por tal que os |4 hospedes. que en horas nõ certas e<br />

desvayradas veẽ e nunca quedam |5 nẽ desfalecem. ao mosteyro. nõ inquiétem nẽ<br />

anogem os frayres: |6 En na qual cozinha. entrem en _cada _huũ anno dous frayres que<br />

esse |7 officio ben complam e façam perfeytamente. Aos quááes sejam mi |8 nistrados e<br />

dados parceyros. se os houverem mester. por tal que ser |9 vam sen murmuro. E quando<br />

forem vagos e nõ teverem en LXI _que se |10 occupar na cozínha. vaaõ áás outras obras e<br />

lavores hu lhes manda |11 rem. E nõ tan _solamente en estes. mas ainda en _todolos<br />

officios do mos |12 teyro. esta méésma consííraçon e maneyra seja teúda. que quando<br />

hou |13 verem mester ajudoyros e companheyros sejam-lhes ministrados e |14 dados. E con<br />

decabo quando forem vagos. obedééçam ao que lhes en |15 cõmendar outra obra. E huũ<br />

frayre cuja alma tema e ame deus. te |16 nha e haja huã cella dos hospedes certa e<br />

assíínada. hu sejam leytos |17 strados e ornamentados de _rroupas avondosamente. e a<br />

_casa de _deus sagesmente |18 seja ministrada e regida perlos boõs e sabedores. Aquel a<br />

_que nõ for |19 encomendado. en _nehuã maneyra nõ acompanhe nẽ se achegue aos |20<br />

hospedes nẽ fale con elles. mas se encontrar cõ elles ou os vir. sau |21 de-os<br />

humildosamente perla guisa que ja dito he. e a _bẽeçon pedida. tras |22 passe. dizendo en<br />

seu coraçõ que lhe nõ conven nẽ perteece falar cõ o hos |23 pede.<br />

Que nõ deve o _monge rreceber leteras nẽ doões nẽ outras joyas:.<br />

|24 En nhuã maneyra nõ convenha ao monge |25 rreceber de seus parentes nẽ doutro<br />

homem qualquer. nẽ huũm |26 monge doutro. nem dar. cartas de _messageẽs. nẽ doões<br />

grandes. nẽ |27 outros quááesquer doões pequenos nẽ joyas. sem mandado e lecença de<br />

_seu |28 Abbade. E se lhe ainda seus parentes enviaren alguã cousa. nõ |29 presuma nẽ<br />

ouse de a rreceber. atáá que o primeyramente diga e faça saber |30 ao Abbade. E se pella<br />

ventura mandar que a rrecebam. en poderio do |1 Abbade seja. de a dár. a _quẽ el<br />

mandar. E nõ se contriste nẽ tome |2 nojo aquel frayre a _que perventura foy enviada<br />

essa cousa. por tal que nõ |3 seja dado cajon e áázo ao diabóó. E aquel que en outra<br />

guisa presumir |4 e ousar de _fazer. seja posto áá disciplina da rregla.<br />

LXI en] Pode ver-se um apagado antes de en.<br />

xlv


Fol.26v<br />

Das vestiduras dos frayres:.<br />

|5 As vestiduras sejam dadas aos |6 frayres. segundo a _qualidade e a _temperança dos<br />

aares. dos lo |7 gares hu moram. por que nas terras e logares fríos. mays ham mestér. |8 e<br />

en nos queẽtes menos. Poys esta cõsííraçõ seja en no juyzo do |9 abbade. Peró. nos<br />

créémos que nos logares temperados abastará a ca |10 da _huũ monge cugula e saya.<br />

conven a _ssaber. no inverno cugula villo |11 sa e grossa. e no estío pura e delgada ou<br />

velha. e huũ scapulayro per |12 á _ás obras. As vestiduras e cobrimentos dos péés. sejam<br />

pehugas e |13 calças. Da color das quaaes cousas e da grossura dellas. nõ ques |14 tóóem os<br />

monges nẽ se queixem nẽ façam delo gram cuydado. mas |15 contentẽ-se de _tááes<br />

quááes poderem séér achadas na provincia e terra hu |16 moram. ou quááes igualmente<br />

mays de mercado<br />

se poderẽ comprar. |17 E o Abbade proveja da mensura e quantidade. que nõ sejam curtas<br />

essas |18 vestiduras ááquelles que as husarem e trouverem. mas sejam mesuradas. |19 E quando<br />

receberem as vestiduras novas. dem sempre as velhas logo |20 no presente. e sejam postas na<br />

casa da vestiaría pera _os proves. Ao |21 monge abasta téér. duas sayas e duas cugulas. pello<br />

dormír das |22 noutes. e pera poder lavar essas cousas. E ja o _que demays. for. sobejo |23 he. e<br />

deve de séér tirado. E as pehugas e toda cousa que for velha |24 dem e entreguem. quando<br />

receberẽ a nova. Aquelles que enviam a fora |25 do mosteyro en _caminho. recebam panos<br />

meores da casa da vestiaria. |26 e quando se tornarem. entreguem-nos hy lavados. E as cugulas<br />

e |27 as sayas que levarem. sejam quanto quer melhores huũ pouco que as outras |28 que usam a<br />

_trager. As quaaes recebam da vestiaria os que houverẽ de |29 andar caminho. e depoys que<br />

veerem. entreguem-nas. Pera _estramen |30 tos de _rroupas dos leytos. abastem a _cada _huũ<br />

monge. huã manta e |31 huũ almadraque e huã cuberta. e huũ cabeçal. Os quaaes leytos<br />

em |1 pero. sejam ameude scoldrinhados e buscados do Abbade por la obra |2 do pegulho e do<br />

proprio. nẽ pella ventura seja achado. E se á _álguũ for |3 achada alguã cousa que lhe o<br />

_Abbade nõ desse. seja posto áá muy grave |4 disciplina. E por tal que este peccado de<br />

_pegulho e de _propriedade seja de |5 todo en _todo tirado e talhado de rrayz. de o _Abbade<br />

aos monges toda |6 las cousas necessarias. convẽ a _ssaber. a _cugula. a saya. as pehúgas. as |7<br />

calças. o _bragueyro. o cutello. o stillo. á _águlha. a _toalha. as tavoas. |8 por tal que toda<br />

escusaçon de necessidade seja tirada. Peró o _Abbade |9 sempre consiire aquella sentença dos<br />

autos dos apostolos. na qual diz. que |10 era dado a _cada _huũ. assi como a _cada _huũ<br />

complía. Assi poys. e |11 o _abbade consííre as ínfirmidades e necessidades dos minguados e<br />

|12 dos que ham mester. e nõ a _máá voõtade dos envejosos. Emperó en to |13 dolos seus juyzos<br />

cuyde e pense o gualardon de deus.<br />

xlvi


Fol.27<br />

|14 Da mesa do Abbade<br />

|15 A mesa do abbade seja sempre con peregríí̃s |16 e cõ hospedes. E quando hy nõ houver<br />

hospedes. en _poderio |17 do Abbade seja chamar dos frayres quaaes elle quiser. Peró sempre<br />

|18 procure que leixe huũ ou dous anciaaõs cõ os frayres. por disciplina |19 e ensinança e por<br />

guarda da ordem.<br />

Dos mesteyraaes do mosteyro<br />

|20 Se forem |21 no mosteyro frayres mesteyrááes que sabam lavrar e obrar |22 de artes e de<br />

_mesteres. façam e obrem essas artes cõ toda |23 humildade LXII se lhes o _Abbade mandar<br />

e der lecença. E se alguum |24 delles se alevantar en _soberva por la sciencia e saber da sua arte. por |25<br />

quanto véé que faz alguũ proveyto ao mosteyro. Este tal seja tirado |26 e privado dessa arte. e desy adeante<br />

nõ passe mays per ella. salvo se se |27 humildar. e o Abbade condecabo lhe mandar que use de sua arte.<br />

Mas |28 se alguã cousa das obras dos mesteyrááes for pera vender. vejam es |29 ses per cujas maaõs. ham-de<br />

_passar e se ham-de _vendér. que nõ presumã |30 nẽ ousem de _fazer. engano nehuũ. Nembrem-se<br />

sempre de anania e |1 de saphira. nẽ perventura. a _morte que elles padecerom nos corpos. aquesta |2<br />

padeçam nas almas estes e todos aquelles que alguũ engano fezerem |3 nas cousas do _mosteyro. E en<br />

esses preços e valía dessas cousas que |4 houverem de _vender. nõ soentre nẽ chegue hy o _mal e o<br />

_peccado da a |5 vareza e da cobííça. mas sempre sejam dadas e vendidas por menos pre |6 ço quanto quer.<br />

que as cousas dos segrááes. por tal que en _todalas cousas |7 deus seja glorificado e louvado.<br />

Como devem receber os frayres noviços:.<br />

|8 Quando alguũ véér novamente do mundo |9 ao mosteyro pera servir a _deus. nõ lhe<br />

seja logo de _ligeyro ou |10 torgada a entrada. mas primeyro o _provem assi como diz |11 o<br />

_apostolo. Provade os spiritus se véém da parte de deus. E porẽ |12 de o _que assi véér áás<br />

portas do mosteyro. se perseverar batendo e rogãdo |13 que o recebam. e virem que el<br />

soffre cõ paciencia as injurias que lhe forem |14 feytas e ditas pera _o provar. e a _careza<br />

e negamento do recebemento. e que per |15 severa e stá fírme na sua petiçon. depoys de<br />

quatro ou cinco dias. seja-lhe |16 outorgada a _entrada. e seja na cella dos hospedes huũs<br />

poucos de |17 dias. e depoys seja posto na cella dos noviços. hu lea e pense en |18 boas<br />

cousas. e coma e dorma. E seja-lhe dado huũ anciaaõ tal que |19 seja auto e sofficiente<br />

pera gaãçar as almas. o qual anciaaõ. de _todo en |20 todo entenda e oolhe sobre elle cõ<br />

LXII Vestígios de letras apagadas.<br />

xlvii


Fol.27v<br />

Fol.28<br />

muyto cuydado. e seja sollicito e |21 diligente pera conhecer e saber del. se<br />

verdadeyramente busca e deman |22 da deus. e se he solicito e aguçoso aa obra de _deus e<br />

áá obediencia. e |23 aos doestos e injurias. Sejam-lhe preegadas as cousas duras e |24<br />

asperas perlas quááes ha d’hir ao regno de _deus. E se prometer perseveran |25 ça da sua<br />

firmeza e do seu firme proposito. seja-lhe leuda aquesta regla |26 toda per ordem<br />

de_poys de dous meses. e digam-lhe: Ves. esta he a |27 ley so a _qual tu queres viver e<br />

lidar. Se a podes guardar. entra. e |28 se nõ podes parte-te e vay-te livre. E se ainda<br />

stever e perseverar no |29 seu proposito. estonce tragã-no. áá _sobredita cella dos<br />

noviços. e cõde |30 cabo seja provado en _toda paciencia. E depoys de sex meses. seja |31 -<br />

lhe<br />

outra vez leuda esta regla. pera saber aquello a _que entra. E se ain |1 da persevera e sta<br />

no seu proposito. seja-lhe outra vez leuda depoys |2 de _quatro meses. esta medes rregla.<br />

E havudo e feyto cõsigo o |3 deliberamento e conselho. se prometer a _guardar todalas<br />

cousas. e |4 a fazer e guardar todalas cousas que lhe forem encomendadas. eston |5 ce seja<br />

recebido na congregaçon. sabendo por certo. que ja he stabelecido |6 e posto so a _ley da<br />

regla. e ja des aquelle dia nõ lhe convem saír |7 do mosteyro. nẽ sacudir e tírar o seu<br />

collo de so o jugo da re |8 gla. a _qual so tam perlongada deliberaçon podera escusar e<br />

leixar |9 O que houver de _sséér rrecebido. faça no oratorio prometimento da sua |10<br />

stabeleza e firmidoõe per _dante todos. e do convertimento e mudamẽto |11 dos seus<br />

custumes e da sua obediencia per _dante deus e os seus santos |12 por tal que se<br />

perventura en alguũ tempo el fezer o contrayro. saba por |13 certo que será condennado<br />

de _deus. do qual escarnece. Do qual seu |14 prometimento. faça huã petiçõ en nome dos<br />

santos dos quaaes hy |15 som havudas e postas reliquias. e en nome do Abbade que hy<br />

for |16 presente. A qual petiçon esse noviço screva cõ sua maaõ. ou cer |17 tamente se nõ<br />

sabe leteras. outro que el rrogar. a escreva. e o _qual no |18 viço faça en ella o seu signal e<br />

cõ a _sua maaõ a _ponha sobre o al |19 tar. E depoys que a poser. comece esse noviço<br />

logo. aqueste verso. |20 Suscipe me domine secundum eloquiium tuum et uiuam. et ne<br />

con |21 fundas me ab expectatione mea. O qual verso repéta toda a |22 congregaçon per<br />

tres vezes. ajuntando-lhe. gloria patri. E enton |23 esse frayre noviço. deyte-se aos péés<br />

de _cada _huũ dos monges que |24 rroguem a _deus por elle. E ja des aquel dia en<br />

_deante seja contado |25 e havudo en no conto da congregaçon. E se houver bẽes ou<br />

alguãs<br />

|26 cousas. de-as primeyramente aos proves. ou faça dellas doaçon<br />

so |27 lennemente. e de-as ao mosteyro. nõ guardando nẽ leixando de |28 todas essas<br />

cousas. cousa nehuã pera sy. O qual certamente saba |29 que des aquel dia nõ haverá<br />

xlviii


Fol.28v<br />

poder sobre o _seu corpo proprio. E por esto |30 logo no oratorio seja desvestido das<br />

cousas proprias. das quááes he |1 vestido. e vestam-no. das cousas do mosteiro. Mas<br />

aquellas ves |2 tiduras. de que o devestem. sejam postas en _guarda na casa da |3 vestiaria.<br />

pera que. se el en alguũ tempo consentir ao engano e |4 cõselho do diabóó. que se saya<br />

do mosteyro. o _que deus nõ mande. estõce |5 desvestam-no das cousas do mosteyro e<br />

lancem-no fora. Peró |6 aquella petiçon que o _Abbade levou de sobre o altar. nõ lhe seja<br />

dada. |7 mas seja guardada no mosteyro.<br />

Como devem séér recebidos |8 os filhos dos rricos e os dos proves áá profisson.<br />

|9 Se pella ventura alguũ dos grandes e nobles offerece |10 e da o seu filho a deus no<br />

mosteyro. se esse moço he de |11 meor ydade. o _padre e a _madre del. façam a<br />

_petiçon. a _qual suso disse |12 mos. E con offerta e oblada. essa petiçon e a maaõ do<br />

moço en |13 volvam na palla do altar. e assy o offereçam a _deus. e logo na pre |14 sente<br />

petiçon prometam so juramento. que das suas cousas. per sy nẽ |15 per outra persoa nẽ<br />

per nehuã maneyra en alguũ tempo. nunca lhe dem |16 cousa nehuã. nẽ ocasyon nẽ áázo<br />

de _ha _aver. Ou certamente se esto |17 fazer nõ quiserem. e alguã cousa quiserem<br />

offerecer e dar ao mos |18 teyro en esmola por ben das suas almas. façam das cousas que<br />

que |19 rem dar. doaçon ao mosteyro. rreservando pera _ssy. se o assy fazer |20 quiserem.<br />

ho usu dos frutos en _sua vida. E assy todalas cousas |21 sejam ençarradas e ordenadas.<br />

que nehuã suspééyçõ nẽ ocasyon. nõ fique |22 ao moço. pella qual el enganado. o _que<br />

deus nõ mande. possa perecer. a _qual |23 cousa ja aprendemos e vimos per<br />

experiencia. E per esta medes guisa |24 façam os mays proves. Mas aquelles que de todo<br />

nõ ham cousa nehuã. |25 simplezmente façam a _petiçon. e cõ offerta offereçam seu filho<br />

per _dan |26 te testimunhas.<br />

Dos sacerdotes que quiserem morar no mosteyro:.<br />

|27 Se alguũ da ordem dos sacerdotes |28 rrogar. que o _rrecebam no mosteiro. nõ lhe seja<br />

logo outorga |29 do tan cedo. Pero se el de _todo en _todo stever e perseverar en aquesta<br />

|30 supplicaçõ. seja-lhe outorgado. e saba por certo. que há-de _guardar toda |1 a<br />

disciplina e doutrina da regla. e que nehuã cousa della nõ lhe se |2 ra suxada nẽ relaxada.<br />

pera séér feyto assy como he scripto. Amigo |3 a _que vééste. Seja-lhe empero<br />

outorgado estar logo depoys do ab |4 bade e deytar beençoões. e missas cantar e téér.<br />

emperó se lhe o abba |5 de encõmendar. En outra maneyra nõ presuma nẽ seja ousado de<br />

|6 fazer cousa nehuã. sabendo que he obligado e sogeyto aa disciplina e |7 ensinança da<br />

xlix


Fol.29<br />

regla. e deve de _dar exemplos de mays humildade e |8 de santidade a _todos. E se pella<br />

ventura fala ou conselho de alguũ |9 ordenamento ou de _alguã outra cousa se fezer no<br />

mosteyro. esguarde e |10 attenda aquel logar e grááo que houve quando entrou no<br />

mosteyro. e nõ |11 aquel que lhe foy dado e outorgado por reverença e honra do<br />

sacerdocio. |12 Mas se alguũ dos cléérigos ordinados de _outras ordẽes. cõ este<br />

me |13 esmo desejo quiser que o recebam no mosteyro. seja<br />

alogado e posto en |14 logar e grááo meo e pertéécente a _el. e esto empero se ele<br />

prometer a_guar |15 dar as observancias e mandamentos da regla e perseverar no<br />

mosteyro |16 en seu proposito e desejo firmemente.<br />

Dos monges peregriĩs como |17 devem séér recebidos no mosteyro:.<br />

|18 Se alguũ monge peregrin véér de _longas terras. e por hospe |19 de quiser morar no<br />

mosteyro e se contentar do usu e cus |20 tume do logar que achar e nõ cõ sua sobegidoõe<br />

pella ventura torvar |21 o mosteyro. mas simplezmente he contento. daquelo que acha<br />

seja recebi |22 do quanto tempo quiser. E se el certamente cõ rrazon e con humil |23 dade de<br />

caridade rreprehender alguãs cousas. traute o _Abbade sages |24 mente. se pella ventura a<br />

esta medés cousa LXIII o enviasse o _nosso senhor |25 Mas se depoys el quiser fírmar a sua<br />

stabeleza e perseverança e fazer a _pro |26 fisson. nõ lhe seja negada tal voõtade. e<br />

mayormente que no tempo da |27 hospitalidade poderom ben conhecer a sua vida. E se<br />

no tempo da |28 sua hospitalidade for achado sobejo ou vicioso e de _mááos custumes. |29<br />

nõ tan _sóómente nõ o devem de rreceber áá sociedade e cõpanhia da cõ |30 gregaçon do<br />

mosteyro. mas certamente seja-lhe dito honestamente. que se de |31 parta e que se váá en<br />

boa hora. nẽ perventura por la sua mizquiĩdade e |1 peccados. os outros sejam viciados e<br />

corrũpidos. E se nõ for tal que |2 mereça de _sséér lançado fora. nõ tan _sóómẽte seja<br />

recebido e posto e |3 ajuntado áá congregaçon se o el pedir e demãdar. mas ainda seja-<br />

lhe |4 dito e rogado. que sté. por tal que os outros per exemplo del aprendam e |5 sejam<br />

doutrinados e ensinados. e que nõ haja temor de estár. ca en todo. |6 logar a _huũ senhor<br />

servimos e a _huũ rrey fazemos servíços de _ba |7 talhas e lides spirituááes. O qual<br />

monge peregrin se o _abbade vir |8 que he tal podeo outrossy poer en mays alto logar e<br />

graao ja quanto |9 E nõ tan _soomente o _monge peregrin e strangeyro. mas ainda outro<br />

qualquer |10 dos sobreditos graaos dos sacerdotes ou dos cleerigos pode o _Abade |11<br />

stabelecer e poér en mayor logar e grááo. que aquel en _que entra se vír que a |12 sua<br />

vida he tal que o merece. Mas cavide-se e guarde-se muyto o _ab |13 bade que nunca<br />

LXIII cousa] Nunes: causa.<br />

l


Fol.29v<br />

receba monge d’outro mosteyro conhecido pera morar |14 no seu. sem consentimento do<br />

seu Abade. ou sem leteras de encõmenda |15 por que scripto he. Nõ faras a _outrem. o<br />

que tu nõ querías que te fezessem.<br />

|16 Dos sacerdotes do mosteyro.<br />

|17 Se alguũ abbade pedir que lhe ordinem sacerdote ou de evan |18 gelho. tome e escolha<br />

el dos seus aquel que seja digno pera usar |19 do sacerdocio. Mas o _que for ordinado<br />

[guarde] LXIV -se do argulho e alevã |20 tamento da vaã gloria e da soberva. nem presuma<br />

nẽ ouse de _fazer cousa |21 nehuã. salvo aquello que lhe o _abbade encõmendar.<br />

sabendo por certo que |22 he muyto mays sogeyto e obligado áá disciplina e doutrina da<br />

regla. |23 E nem por ocasyon. e áázo do sacerdocio. nõ se esqueeça da obedien |24 cia e da<br />

desciplina e ensinança da regla. mas aproveyte mays e |25 mays en deus. crescendo de<br />

ben en melhor. E sempre attenda e esguar |26 de aquel logar e grááo no qual entrou no<br />

mosteyro. salvo o officio |27 do altar. ainda que pella ventura a enleyçon da congregaçon<br />

e a voõta |28 de do Abbade. porlo merecimento da sua vida o _queyra promover a mays |29<br />

alto grááo. O qual empero saba que ha-de _guardar a _rregla que lhe perlos |30 seus<br />

decanos e curadores ou perlos prepostos e priores móóres for stabe |31 lecida e<br />

encõmendada. E se per _outra guisa presumir de _fazer. ja estonce |1 nõ por sacerdote.<br />

mas por rebel e soberboso seja julgado. E se per |2 muytas vezes for amoestado e nõ se<br />

quiser correger nẽ emendar. |3 seja ainda requerido e tragido o bispo en _testimunho: E<br />

se nẽ assy |4 nõ se quiser emendar. poys que os seus peccados som publicados e |5<br />

manifestos. seja lançado fora do mosteyro. emperó se tal for a sua cõ |6 tumacia e<br />

soberva. que se nõ queyra sojugar e humildar nẽ obedéécer |7 áá regla.<br />

Das ordẽes dos grááos dos da congregaçon:.<br />

|8 Os monges assy guardem suas ordẽes dos grááos no mos |9 teyro. como entraron na<br />

ordem. e segundo demostrar e de |10 mandar o merecimento da vida. e assy como o<br />

_abbade estabelecer. O |11 qual Abbade nõ torne a _grey e companha a _el cometida. nẽ<br />

faça nẽ orde |12 ne cousa nehuã nõ dereytamente e como nõ deve. usando assi como de |13<br />

poderio libre e absoluto. mas sempre cuyde que de _todolos seus juyzos e |14 obras.<br />

há-de _dar razon a _deus. Poys por esto. segundo as ordẽes |15 dos grááos que o _abbade<br />

LXIV guarde-se] guarda se. Segui a opção editorial de Nunes.<br />

li


Fol.30<br />

stabelecer. ou segundo os que esses frayres |16 houverem. assy se acheguem áá paz. e aa<br />

comunhon. e á _álevantar |17 o salmo. e a estár no coro. E de todo en _todo. en _todolos<br />

logares |18 a ydade nõ seja estremada nẽ esguardada na ordem dos grááos. |19 nẽ faça<br />

perjuyzo. por que samuel e daniel moços. julgaron os velhos E |20 por esto. tirados<br />

aquestes. os quááes assi como ja dissemos. o _abbade cõ gran |21 de e mays alto conselho<br />

exalçar e poser en mays alto grááo. ou degra |22 dar e<br />

abaixar. por alguãs certas razoões. desy todolos outros assi co |23 mo vééron áá ordem.<br />

assy sejam e stem en seus grááos. Verbi gracia. |24 Aquel que véér ao mosteyro. na<br />

segunda hora do dia. conheça que he |25 mays juníor e mays pequeno na ordem. que<br />

aquel que véo na primeyra ho |26 ra do dia. de _qualquer ydade e dignidade ou condiçõ<br />

que el seja. Os |27 moços en _todalas cousas sejam doutrinados e castigados de _todos.<br />

|28 E porende. os juniores honrem os seus priores. e os priores amem os |29 seus juniores.<br />

E en esse chamamento dos nomes. nehuũ nõ chame |30 outro per seu nome puro<br />

sóómente sen outro enhadimento. mas os prio |31 res chamem os seus juniores. fratres<br />

irmaaõs. e [os] LXV juniores chamem |1 os seus priores. nonnos. en que se entende<br />

reverencia de padre. Mas |2 o _abbade por que créémos que el ten as vezes e logar de<br />

jhesu christo. seja |3 chamado dom abbade. nõ por tomar el este nome per sy. mas por<br />

hon |4 ra e amor de jhesu christo. seja assy chamado. E esse abbade cuyde e pense |5 e<br />

assy se componha e apparelhe. que seja digno de _tal honra. E hu _quer |6 que os frayres<br />

se encontrarem huũs aos outros. o junior LXVI peça a _been |7 çon ao seu prior. E quando o<br />

_mayor passar per _hu sever o _meor. levan |8 te-se o _meor e delhe logar que seja. E nõ<br />

presuma nẽ ouse o _junior de |9 se assééntar. salvo se lho mandar o seu anciaaõ. pera<br />

séér feyto e com |10 plido o _que he scripto. Honrade-vos huũs os outros. Os moços |11<br />

pequenos e os mancebos. na egreja e as mesas cõ disciplina guardem |12 suas ordẽes.<br />

Mas fora ou en _qualquer logar hajam guarda e disciplina |13 ataa que venham a<br />

_hydade de entendimento.<br />

Como e de quááes persoas deve o _Abbade séér feyto e ordenado.<br />

|14 En na ordenaçon |15 do abbade sempre seja consiirada aquella rrazon que aquel |16 seja<br />

stabelecido e feyto abbade. o _qual pera sy toda a _companha da cõgrega |17 çon segundo<br />

o _temor de _deus. ou certamente aquel que huã parte da congregaçõ LXVII |18 enleger cõ<br />

mays saaõ conselho. ainda que seja pequena. E o que hou |19 ver de _sséér ordenado e<br />

LXV os] Acrescentado, como em Nunes.<br />

LXVI junior] jejunior.<br />

LXVII congregaçõ] congregacõ.<br />

lii


Fol.30v<br />

feyto Abbade. seja enlegido per merecimento de vi |20 da e per doutrina de sabedoria.<br />

posto que seja o mays postumeyro da cõ |21 gregaçon na ordem. E se certamente toda a<br />

_congregaçon o que deus non |22 mande enlegerẽ todos en _huũ conselho tal persoa que<br />

consenta e _de lo |23 gar aos seus vicios e peccados. e esses peccados per alguã maneyra<br />

vee |24 rem en noticia do bispo<br />

a _cujo bispado pertééce esse logar. ou forem |25 notificados e demostrados aos Abbades<br />

ou aos cristaaõs vezinhos |26 defendam e façam que nõ valha o consentimento dos<br />

mááos. e ordenẽ |27 e stabeleçam áá casa de _deus. huũ boõ e digno dispensador e<br />

regedor |28 sabendo por certo. que por esto receberam de _deus boõ galardon e boa |29<br />

mercéé. se esto fezerem castamente e cõ zeo e amor de deus. assi _como e |30 perlo<br />

contrayro haverám peccado se esto desprezarem e o _nõ quiserem |31 fazer. Mas o que<br />

for ordenado e feyto Abbade. cuyde sempre qual en |1 carrego recebeo e a _quem há-de<br />

_dar conto e razón da sua ministra |2 çon e cura. E saba que mays lhe compre de<br />

aprofeytar que de se asse |3 nhorar. Poys pera esto lhe convem de _sséér ensinado na ley<br />

de deus. |4 que saba e seja e haja en el. onde diga e ensine aos seus discipulos as |5<br />

cousas novas e as velhas. LXVIII Deve ou |6 trosy seer casto. temperado e honesto.<br />

Misericordioso. Humildoso. e |7 sempre exalce a _misericordia no juyzo. por tal que a<br />

sega el. e ache ante deus |8 Avorreça e entege os vicios e peccados. Ame os frayres. E en<br />

essa |9 correyçon dos frayres haja-se e faça sagesmente e discretamente. e nõ queyra |10<br />

muyto castigar mays que compre. nẽ pella ventura querendo rraer e tirar |11 a ferrugem<br />

mays que deve. quebrante o vaso. E sempre seja suspeyto |12 attendendo e consíírando a<br />

sua fraqueza e que he homem fraco. e que ou ja |13 cayo em _peccado. ou pode cayr. e<br />

assy poderá conhecer como faça aos ou |14 tros misericordia. Outro sy nembre-se do dito<br />

do propheta no qual diz. que |15 a _canna amehude abalada e ferida. nõ deve de séér<br />

mays quebrantada |16 Nas quááes cousas nõ dizemos nẽ damos exemplos. que o _abbade<br />

ley |17 xe criar os vicios e peccados. mas sagesmente con discriçon e cõ ca |18 ridade. os<br />

talhe e castigue. assi como el melhor vír que comple e con |19 ven a _cada _huũ. assi<br />

como ja dissemos. E estude e trabalhe de séér |20 mays amado que temido. Non seja<br />

turbulento e tristón e spantoso |21 no vultu nẽ coytoso. Non seja sobejo e muyto de<br />

_voõtade nẽ obsti |22 nado e duro. Non seja zeloso e muyto suspeytoso assi nas cousas |23<br />

spirituááes come nas temporááes. por que nunca folgará. En esses |24 seus mandamentos<br />

e imperios. seja ben provísto. e sages e discreto. quer se |25 gundo deus. quer segundo o<br />

_mundo. E as obras que el mandar fazer |26 departaas e determinhe e tempere-as con<br />

LXVIII Espaço em branco onde podem ver-se vestígios de palavras apagadas.<br />

liii


Fol.31<br />

Fol.31v<br />

descriçon. consiirando e cuy |27 dando a descriçon daquel santo homẽ jacob. que disse. Se<br />

as minhas |28 greys e ovelhas fezer mays trabalhar en andar do que lhes comple.<br />

mor |29 reram todas en _huũ dia: Poys estes e outros exemplos da des |30 criçon madre das<br />

virtudes tome o<br />

_abbade. e assy tempére todalas cou |31 sas. que os saaõs e fortes sejam aquelles que<br />

cubíícem e desegem LXIX . fazer |1 e os fracos e enfermos nõ refujam LXX nẽ se arredem da<br />

obra que lhes |2 for encomendada. e sobre todalas cousas mandamos que o Abbade |3<br />

guarde esta presente regla. que quando el bem ministrar e reger ouça |4 do senhor. assi<br />

como o _boõ servo que ministrou e deu o tríígo e man |5 tiimento aos seus cõservos enno<br />

seu tempo. Verdade vos digo. diz. |6 que sobre todolos seus bẽes o estabelecerá<br />

|7 Do preposto e prior de toda a _congregaçõ do mosteiro.<br />

|8 Muytas vezes certamente acontece que perla ordenaçon do preposto |9 de toda a _congregaçõ.<br />

nascem e se alevantam graves scandalos |10 nos mosteyros. quando a_contece que som alguũs<br />

prepostos inchados |11 de spiritu mááo de soberva. que pensam e cuydam que som segundos |12<br />

abbades? tomando pera sy honra e senhorio de _tirannaria e de cruelda |13 de criam scandalos. e<br />

fazem arroydos e departimentos enna congrega |14 çom LXXI . e mayormente en aquelles logares. hu<br />

desse méésmo sacerdote e |15 bispo. ou desses méésmos abbades que ordinam o _abbade. desses<br />

he o |16 preposto ordenado. A qual cousa quanto en _sy seja contrayra e máá de li |17 geyro muyto<br />

asinha. se pode conhecer e entender. Por que logo desse |18 começo da ordenaçon. lhe he dada<br />

materia e ocasyon de ensoberbecer. |19 quando as suas cuydaçoões lhe mostram e fazem téér. que<br />

he fora e livre |20 do poderio do seu abbade. por quanto desses méésmos he ordenado. dos |21<br />

quaaes he o _Abbade. E daqui se alevantam e nascem. envejas. iras. ba |22 ralhas. detraymentos e<br />

maldizeres. mainças. departimentos e arroydos |23 e desordenaçoões LXXII . Assi que quando o<br />

_abbade e o _preposto se sentem e som cõ |24 trayros a _ssi méésmos. e aquello que o _abbade<br />

ordena. o preposto desordena |25 forçada cousa he. que so tal discordia e departimento as almas<br />

delles an |26 dem em _perigoo. e aquestes que so elles som sogeytos enlouvaminhãdo |27 e<br />

plazenteando áás partes. vaã-se a perdiçon. O mal deste perigoo |28 se torna e esguarda ááquelles<br />

que de tááes cousas en na ordenaçon se |29 fezeron autores e ordenadores. E porende nos agora<br />

véémos pera _o |30 depoys que compre e pertẽece por guarda da paz e da caridade. que no |31<br />

poderio e alvidro do abbade penda e seja toda a _ordinaçon do seu |1 mosteyro. E se poder séér<br />

LXIX desegem] Nunes: a desegem.<br />

LXX refujam] refugam.<br />

LXXI congregaçom] congregacom.<br />

LXXII desordenaçoões] desordenacoões.<br />

liv


Fol.32<br />

todo o _proveyto do mosteyro e |2 a _ministraçon. seja ordenado e partido. assi como ja<br />

ordenamos e |3 stabelecemos. per decanos e curadores. pella guisa que o Abbade orde |4 nar e<br />

mandar. que quando a ministraçõ do mosteyro for comitida a _muy |5 tos. huũ nõ ensobervecerá nẽ<br />

haverá razon de se levantar en _ban |6 doria. Mas se o _logar requerer e houver mester<br />

preposto. ou toda a _cõ |7 gregaçon o pedir rrazoavilmente e cõ humildade. e o _Abbade julgar |8 e<br />

vir que comple. ordéne e stabeleça en _preposto qualquer que el eleger |9 cõ o _conselho dos<br />

frayres que temerem deus. O qual preposto faça cõ |10 rreverencia aquellas cousas que lhe forem<br />

encõmendadas de seu abbade. |11 Non faça cousa nehuã contra voõtade e ordenaçon do Abbade.<br />

por |12 que quanto mays he prelado e prior sobre todolos outros. tanto lhe |13 mays conven e pertééce<br />

guardar cõ muyto studo e cuydado os |14 preceptos e mandamentos da regla. O qual preposto se<br />

for achado |15 vicioso e mááo. ou enganado per argulho e alevantamento de soberva |16 ou<br />

desprezador da santa regla. seja amoestado per palavras. atáá quatro |17 vezes. e se nõ se quiser<br />

emendar. façam en el a _correyçon que man |18 da a _disciplina e ensinança da regla. E se nem assy.<br />

nõ se cor |19 reger e emendar. estonce seja lançado fora e tirado do officio e |20 da ordem de<br />

_preposto e de _prior. e outro que digno for. seja posto e sta |21 belecido en seu logo. E se depoys<br />

desto. nõ for manso e humildo |22 so e obediente na congregaçõ. lancem-no fora do mosteyro.<br />

Em |23 pero o Abbade cuyde e pense que de _todolos seus juyzos há-de _dar conto |24 e rrazon a<br />

_deus. nem pella ventura a _chama e fogo da enveja ou do |25 mááo zeo e da máá voõtade<br />

tanja LXXIII e queyme a sua alma.<br />

Dos porteyros da porta do mosteiro.<br />

|26 Aa _porta do mosteyro seja |27 posto huũ velho anciaaõ sabedor. que saba receber e<br />

dar res |28 posta. e recado aos que chegarem. o _qual seja de tááes custumes e<br />

assessega |29 do que nõ ande vagando. O qual porteyro deve de _téér huã cella |30 acerca<br />

da porta. por tal que os que véérem. sempre achem presente de quẽ |1 recebam e hajam<br />

resposta. E logo como alguem bater. ou al |2 guũ prove chamar e bráádar áá _porta.<br />

responda e diga. graças a |3 deus. ou béénza a _deus. e diga benedictus deus. e cõ toda<br />

mansidoõe |4 de temor de _deus. de muyto asinha rreposta cõ fervor de caridade |5 Ao<br />

_qual porteyro seja dado huũ frayre mancebo. se houver mester |6 parceyro que o ajude.<br />

Mas o mosteyro. se poder séér. per tal guisa |7 deve séér edificado e fundado. que<br />

todalas cousas necessarias. cõvẽ |8 a _ssaber. a _agua. o moynho. a orta. o forno. e as<br />

outras artes desvay |9 radas quaaesquer. dentro no mosteiro sejam feytas e husadas. por<br />

tal |10 que nõ seja necessidade aos monges de _vagar e andar fora do mostey |11 ro. por<br />

LXXIII tanja] tanga.<br />

lv


Fol.32v<br />

que de todo en _todo nõ pertééce nẽ he proveyto aas suas al |12 mas. E queremos que<br />

aquesta regla seja leuda per muytas vezes na |13 congregaçon. por tal que nehuũ frayre<br />

nõ se escuse per nõ saber.<br />

|14 Dos frayres enviados per andar caminho:.<br />

|15 Os frayres que houverem de enviar |16 per _andar caminho. encõmende-se na oraçon<br />

de todolos |17 frayres. ou na do Abbade que roguem a _deus por elles. E sempre na<br />

postu |18 meyra colleyta da obra de deus seja feyta cõmemoraçõ de todolos fray |19 res que<br />

nõ som hy presentes. E quando se tornarem os frayres e vee |20 rem de _caminho. en esse<br />

dia que se tornam e chegam ao mosteiro. per |21 todalas horas canonicas quando se<br />

acaba a obra de _deus. deytados no |22 chaaõ do oratorio peçam a todos que roguem a<br />

_deus por elles. porlos |23 caymentos e desfalicimentos. nẽ pella ventura lhes avéésse e<br />

aconte |24 cesse no caminho. alguã cousa máá que vissem ou ouvissem. ou falas |25 sem<br />

alguã palavra ociosa. Nen presuma nẽ ouse nehuũ rrecontar |26 a _outro nehuã<br />

da_quellas cousas que vír ou ouvír fora do mosteiro |27 quááesquer que ellas sejam. por<br />

que esto he grande destruyçon da ordẽ. |28 E se alguũ presumir e ousar de fazer esto. seja<br />

castigado cõ a _dis |29 ciplina da regla. E esso meesmo façam aaquel que presumir a sair<br />

|30 da claustra do mosteyro. ou hyr pera qualquer logar que seja. ou fazer |31 alguã cousa<br />

ainda que seja pequena. sen mandado do abbade<br />

|1 Dos frayres a _que encomendam alguãs cousas graves e que elles nõ podem fazer<br />

|2 Se pella ventura |3 a _alguũ frayre encõmendam alguãs cousas graves. |4 ou que el nõ<br />

possa fazer. todavía receba o mandamento daquel que lho |5 encomenda. cõ toda<br />

mansidoõe e cõ toda obediencia. E se |6 de _todo en _todo el vír que o _pesume do<br />

encarrego sobrepoja a _men |7 sura e quantidade das suas forças. diga e demostre<br />

cõvinhavilmente |8 e cõ _paciencia. ao seu mayor as razoões da sua fraqueza e do seu |9<br />

nõ poder. nõ ensobervecendo nẽ contradizendo. E se depoys |10 que el demostrar ao seu<br />

mayor a sua fraqueza. e o encomendamento e |11 mandamento do prior durar e stever en<br />

sua sentença e nõ a _quiser |12 revogar. saba o _junior e súbdito que assy lhe conven<br />

obedeecer. e de |13 caridade confiando no ajudoyro de _deus obedééça.<br />

Que enno |14 mosteyro nehuũ nõ seja ousado de deffender huũ outro<br />

lvi


Fol.33<br />

|15 Cousa pera esquivar e cavidar muyto. he |16 que nehuũ monge. per ocasion e áázo<br />

nehuũ que seja. nõ LXXIV presuma |17 nẽ seja ousado de defender outro monge no<br />

mosteyro. nẽ póér-se |18 em _paramento LXXV por elle. ainda que sejam muyto achegados<br />

per qualquer<br />

|19 achegamento de parentesco. E per nehuã maneyra os monges nõ |20 presumã nẽ<br />

ousem de _fazer esto por que desto pode nacer muy grave |21 cajon e áázo de<br />

escandalos. E se alguũ traspassar aquestas cousas |22 seja asperamente castigado.<br />

Por tal que nõ presuma nẽ seja ousado huũ ferir outro:.<br />

|23 Seja vedado e cavidado. |24 no mosteyro. o áázo e cajon de toda máá presũpçon |25 E<br />

pera esto ordenamos e stabelecemos. que a _nehuũ monge nõ con |26 venha de<br />

escomungar nehuũ dos seus irmaaõs. nẽ ferir. salvo áá |27 quel a _que o Abbade der<br />

poder. Mas os que peccarem. per _dante todos |28 sejam reprehendidos e castigados. por<br />

tal que os outros hajam medo. |29 Aos moços pequenos. atáá o quinto decimo año da sua<br />

ydade seja |30 feyta muyta diligencia de disciplina e ensinança. e hajam guarda |31 de<br />

todos. mas e aquesto cõ toda mesura e razon Ca en nos |1 de mayor ydade aquel que<br />

presumir e ousar de alançar maaõ e os |2 ferir per _alguã maneyra. sen mandado de seu<br />

abbade. ou ainda en |3 esses moços pequenos cõ sanha e sem discreçon poser maaõs.<br />

seja |4 posto áá _disciplina e castígo da regla. por que scripto he. Nõ faças |5 a outrem o<br />

que tu nõ querias que te fezessem<br />

|6 De como os mõges devem séér obedientes a _ssi méés |7 mos. hũs a _outros e<br />

primeyro ao Abbade e aos prepostos:.<br />

|8 O ben da obediencia. nõ tan sóómẽte deve séér feyto ao |9 abbade. mas ainda os<br />

frayres a _ssi méésmos obedéé |10 çam. huũs aos outros. sabendo que per aquesta carreyra<br />

de obediencia |11 elles iram ao regno de _deus. E poys por esto. feyto e complido |12<br />

antes o encomendamento e mandamento do abbade e o dos prepostos |13 que el stabelece<br />

e ordena. o _qual encomendamento. nõ damos logar. que |14 seja leixado por nehuũ dos<br />

outros encomendamentos privados. des |15 hy adeante todolos juníores obedééçam aos<br />

seus priores cõ toda |16 caridade e cõ toda diligencia e cuydado. E se alguũ for achado |17<br />

contencioso e desprezador desto. seja castigado. Mas se alguũm |18 frayre for castigado<br />

ou reprehendido de seu abbade por qualquer cousa |19 ainda que seja muy pequena. ou<br />

LXXIV nõ] s.l.<br />

LXXV em _paramento] Nunes: em emparamento, à semelhança do Ms.B.<br />

lvii


Fol.33v<br />

for ainda reprehendido e castigado de qual |20 quer dos seus priores e anciaaõs per<br />

_qualquer maneyra. ou se sentir o co |21 raçon de _qualquer seu prior. irado levemente<br />

contra sy. ou movido e tor |22 nado. ainda que seja muy pouco. logo muyto asinha sem<br />

detardança |23 se alance ante os péés delle. e jaça tan perlongadamente<br />

strado e der |24 ribado en _terra satisfazendo e pedindo venia e perdon. atáá que per<br />

_been |25 çon se lhe vaa aquel movimento e torvamento do seu coraçõ. E |26 se alguũ<br />

desprezar e nõ quiser esto fazer. seja posto áá víngança cor |27 poral de jejuũs e de feridas.<br />

ou se tanto for cõtumaz e sobervoso e |28 revel que en _nehuã maneyra nõ se queira<br />

humildar. estonce seja lançado |29 fora do mosteyro.<br />

Do zeo boõ que devem haver os monges:<br />

|30 Assi como ha hy zeo mááo de amargura e de peccado que a |31 parta os homẽes de<br />

deus. e leva-os ao inferno. assi ha hy |1 zeo e desejo boõ que quíta e aparta os homẽes<br />

dos vicios e dos |2 peccados e das maldades e trage-os a _deus e leva-os aa vida<br />

perdu |3 ravil. Poys aqueste zeo e desejo usem os monges cõ muy fer |4 vente amor. conven<br />

a _ssaber. que se honrem huũs aos outros. e soppor |5 tem muyto pacientemente as suas<br />

infirmidades huũs aos outros. |6 assi dos corpos come dos custumes. e sejam huũs a<br />

_outros obedi |7 entes devotamente e de _boõ coraçon. Nehuũ nõ sigua nẽ faça. |8 aquello<br />

que a _ssi méésmo aprouguer e julgar que he proveytoso. mas |9 antes aquello que a<br />

_outrem prouguer e for proveytoso: Hajam ca |10 ridade de germaydade e amem-se assi<br />

como irmaaõs cõ boõ a |11 mor e casto e sen malicia. Temam deus. e amem o seu abbade<br />

cõ |12 pura e limpa e humildosa caridade. Nõ posponham por cousa |13 nehuã jhesu<br />

christo. o _qual nos leve todos juntamente áá vida perdu |14 ravil. Amen<br />

De como nõ he posto nem stabelecido en esta |15 regla o LXXVI guardamento de toda<br />

justiça e virtude de perfeyçõ<br />

|16 Aquesta regla ditamos e screvemos por tal que nos guar |17 dando-a en nos mosteyros.<br />

mostremos que havemos |18 per alguã maneyra honestidade de _boõs custumes. |19 ou<br />

alguũ começo de boa conversaçon e de ben viver. Mas pera _aquel |20 que se trabalha e<br />

quer viĩr aa _perfeyçon da boa conversaçõ e da boa vi |21 da. som muytas doutrinas e<br />

ensinanças dos santos padres. o |22 guardamento das quááes aduz e trage o _homem á<br />

_álteza da perfeyçõ |23 E qual he a santa scriptura. ou qual he a _palavra da autoridade<br />

LXXVI o] s.l.<br />

lviii


Fol.34<br />

de _deus |24 do testamento velho e do novo. que nõ seja regla muy dereyta da |25 vida e<br />

do regimento do homem? Ou qual he o _livro dos santos |26 catholicos<br />

padres. que aquesto nõ diga. conven a _ssaber. que per carreyra |27 dereyta de _boa vida<br />

e de _boõs custumes venhamos ao nosso cria |28 dor? Ainda mays. e as collaçoões e os<br />

statutos e as vidas |29 dos santos padres. e a rregla de nosso padre san basilio. que outra<br />

|30 cousa som. se nõ. exemplos e instrumentos de virtudes dos mõges |31 obedientes e que<br />

bem vivem? Mas a _nos preguiçosos e negligẽ[tes] LXXVII |1 e que mal vivemos son estas<br />

cousas vergonça e confuson. E por |2 esto qualquer que tu es que te trabalhas pera viĩr<br />

ao regno dos cééos |3 comple e guarda cõ á _ájuda de jhesu christo. haquesta muy<br />

_pequetínha re |4 gla. a qual nõ he ainda se nõ começo. e estonce depoys víínras cõ |5 o<br />

ajudoyro de _deus aas moores cousas da doutrina e ensinança e |6 áás móóres altezas das<br />

virtudes. as quááes acima dissemos. |7 |8 Explicit secunda expositio in regulam sancti<br />

benedicti in ro |9 mancio exarata solicite intellectu. lingua. manu pariter laboran |10 tibus. a<br />

_qvodam monacho LXXVIII . proferendo de thesauro intellectus sui |11 quantum ualebat et<br />

sua fragilitas euc sinebat. textum dicte re |12 gule intelligere et exponere. de mandato<br />

domni fernandi Abbatis |13 alcobacie.<br />

LXXVII negligẽtes] neglige.̃<br />

LXXVIII monacho] s.l. lê-se: martíno de aljubarrota nominato.<br />

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