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Mergulho na obra de Gertrude Stein :: TXT Estado - Editora Paz e ...

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<strong>Mergulho</strong> <strong>na</strong> <strong>obra</strong> <strong>de</strong> Gertru<strong>de</strong> <strong>Stein</strong> :: <strong>TXT</strong> <strong>Estado</strong><br />

e a clareza habituais.<br />

Gertru<strong>de</strong> <strong>Stein</strong> (1874-1946) é consi<strong>de</strong>rada a<br />

matriarca do mo<strong>de</strong>rnismo, <strong>de</strong>ixando <strong>obra</strong>s<br />

viscerais como livro The Making of Americans,<br />

sua <strong>obra</strong>-prima, apesar <strong>de</strong> não oferecer uma<br />

experiência muito palatável: são 925 pági<strong>na</strong>s,<br />

compostas em corpo bem pequeno, com 40 linhas<br />

por pági<strong>na</strong>. Janet observa que poucos se<br />

aventuraram a lê-lo, até mesmo críticos do<br />

primeiro time como Edmund Wilson - em O<br />

Castelo <strong>de</strong> Axel, ele confessa não tê-lo lido inteiro<br />

e nem sabe se isso é possível.<br />

E justifica: 'Diante <strong>de</strong> sentenças tão regularmente<br />

rítmicas, tão <strong>de</strong>snecessariamente prolixas, tantas<br />

vezes repetidas e que tantas vezes termi<strong>na</strong>m em<br />

particípios, não tarda para que o leitor se veja num<br />

estado não <strong>de</strong> acompanhar o lento vir-a-ser da<br />

vida, mas <strong>de</strong> simplesmente adormecer.'<br />

Para enfrentar o <strong>de</strong>safio, Janet conta que<br />

literalmente partiu o livro em seis pedaços,<br />

<strong>de</strong>strinchados com a paciência <strong>de</strong> um monge. Com<br />

isso, conta, <strong>de</strong>scobriu uma certa unida<strong>de</strong> em um<br />

texto tão nebuloso. 'Talvez nenhum outro livro<br />

torne mais claro para o leitor o fato <strong>de</strong> ter sido<br />

escrito ao longo do tempo, e que, como a vida, ele<br />

é inconsistente e mutável.<br />

Mesmo com tão poucos leitores, Gertru<strong>de</strong> <strong>Stein</strong><br />

permanece como precursora do mo<strong>de</strong>rnismo e<br />

mesmo do pós-mo<strong>de</strong>rnismo, além <strong>de</strong> ser um ícone<br />

feminista. Muito por conta <strong>de</strong> sua relação <strong>de</strong> 38<br />

anos com Alice B. Toklas, que não foi ape<strong>na</strong>s uma<br />

amante, mas também editora, secretária,<br />

gover<strong>na</strong>nta e cozinheira. Juntas, elas viveram uma<br />

relação ao mesmo tempo sensual e tempestuosa,<br />

especialmente no período em que viveram <strong>na</strong><br />

Europa, on<strong>de</strong> sua casa era visitada por artistas<br />

como Picasso, Hemingway, F. Scott Fitzgerald,<br />

Matisse, só para lembrar <strong>de</strong> alguns.<br />

Para questio<strong>na</strong>r o papel da biografia, Janet<br />

Malcolm parte <strong>de</strong> um curioso livro <strong>de</strong> Gertru<strong>de</strong>, A<br />

Autobiografia <strong>de</strong> Alice B. Toklas. Sim, colocandose<br />

<strong>na</strong> voz da companheira, ela rememora fatos e<br />

traça opiniões sobre si mesma, em um interessante<br />

jogo sobre a importância do <strong>na</strong>rrador. Basta<br />

acompanhar um dos primeiros trechos do livro, no<br />

qual Gertru<strong>de</strong> faz Alice comentar sobre a primeira<br />

vez em que as duas se encontraram: 'Devo dizer<br />

que ape<strong>na</strong>s três vezes em minha vida conheci um<br />

gênio. E os três gênios sobre os quais <strong>de</strong>sejo falar<br />

são Gertru<strong>de</strong> <strong>Stein</strong>, Pablo Picasso e Alfred<br />

Whitehead.'<br />

Segundo Janet, com isso, tal livro dispensa por<br />

http://txt.estado.com.br/editorias/2008/05/10/cad-1.93.2.20080510.11.1.xml<br />

5/15/08 3:26 PM<br />

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