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Caracterização Enológica de Castas Autóctones do Douro

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<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong><br />

DRAPN - Dezembro 2008<br />

<strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong><br />

da Região <strong>do</strong> DOURO<br />

Joaquim Guerra<br />

Eduar<strong>do</strong> Aba<strong>de</strong>


ÍNDICE<br />

2<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 4<br />

3. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS .................................................................... 5<br />

3.1 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA - MOSTOS ........................................................... 5<br />

3.2 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA - VINHOS ............................................................ 7<br />

3.3 ANÁLISE SENSORIAL – VINHOS ..................................................................... 9<br />

4. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 11<br />

ABREVIATURAS<br />

ACP Análise em Componentes Principais<br />

CEVD Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Vitivinícolas <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

DRAPN Direcção Regional <strong>de</strong> Agricultura e Pescas <strong>do</strong> Norte<br />

IPT Índice <strong>de</strong> Polifenóis Totais<br />

Colaboração<br />

Queremos <strong>de</strong>stacar, <strong>de</strong> entre outras, a contribuição <strong>do</strong> colega Engº Luís Sampaio<br />

Arnal<strong>do</strong> na Análise Sensorial <strong>do</strong>s vinhos provenientes das castas em estu<strong>do</strong>.


1. INTRODUÇÃO<br />

3<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

A diversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> encepamento existente em <strong>de</strong>terminadas regiões <strong>de</strong> que o<br />

<strong>Douro</strong> é um bom exemplo, exige um bom conhecimento das suas características para<br />

que a escolha da casta seja, <strong>de</strong> facto, um instrumento para a qualida<strong>de</strong> e tipicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

vinhos aí produzi<strong>do</strong>s.<br />

A tecnologia vinícola, só po<strong>de</strong> ser bem exercida e racionalmente orientada,<br />

quan<strong>do</strong> previamente se tenha feito um estu<strong>do</strong> das uvas, que para o vinho são a sua<br />

matéria prima, as quais, pela sua natureza muito variada, influem <strong>de</strong> maneira directa na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto final -vinho.<br />

No futuro as castas cultivadas po<strong>de</strong>rão continuar a ser as actualmente existentes<br />

com uma reabilitação e investigação <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s “esquecidas” em cada região<br />

vitícola, com o objectivo <strong>de</strong> diversificar e valorizar a produção.<br />

Tem si<strong>do</strong> preocupação <strong>do</strong> CEVD o estu<strong>do</strong> enológico <strong>de</strong> castas autóctones<br />

implantadas em diversos campos experimentais na região <strong>de</strong> Trás-os-Montes.<br />

Neste âmbito, incluem-se os estu<strong>do</strong>s efectua<strong>do</strong>s na colecção ampelográfica<br />

existente na Unida<strong>de</strong> Experimental Quinta <strong>de</strong> Sta. Bárbara - Pinhão, <strong>de</strong> que é exemplo o<br />

presente trabalho, que preten<strong>de</strong> dar mais um contributo para o conhecimento efectivo<br />

das potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> algumas das castas já conhecidas e <strong>de</strong> outras, que embora menos<br />

conhecidas, possam ser interessantes <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista enológico.


4<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os da<strong>do</strong>s que seguidamente se apresentam, respeitam à análise físico-química <strong>de</strong><br />

mostos e vinhos e à análise sensorial <strong>de</strong> vinhos obti<strong>do</strong>s pelo processo <strong>de</strong><br />

microvinificação nos últimos 9 anos (1998/2006 ).<br />

As castas brancas neste estu<strong>do</strong> são:<br />

Arinto<br />

Bical<br />

Boal<br />

Branco sem Nome<br />

Cerceal<br />

Có<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Larinho<br />

Dona Branca<br />

Donzelinho Branco<br />

As castas tintas são:<br />

Alicante Bouschet<br />

Alvarelhão<br />

Bastar<strong>do</strong><br />

Cornifesto<br />

Donzelinho Tinto<br />

Malvasia Preta<br />

Mourisco Tinto<br />

CASTAS BRANCAS<br />

Esgana Cão<br />

Fernão Pires<br />

Folgazão<br />

Gouveio<br />

Gouveio Estima<strong>do</strong><br />

Gouveio Real<br />

Malvasia Fina<br />

Malvasia Parda<br />

CASTAS TINTAS<br />

Mourisco <strong>de</strong> Semente<br />

Periquita<br />

Rufete Sousão<br />

Tinta Amarela<br />

Tinta da Barca<br />

Tinta Barroca<br />

Tinta Bastardinha<br />

Pe<strong>de</strong>rnã<br />

Rabigato<br />

Rabigato Moreno<br />

Rabo <strong>de</strong> Ovelha<br />

Samarrinho<br />

Síria<br />

Viosinho<br />

Vital<br />

Tinto Cão<br />

Tinta Carvalha<br />

Touriga Fêmea<br />

Touriga Franca<br />

Tinta Francisca<br />

Touriga Nacional<br />

Tinta Roriz<br />

Os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> análise segui<strong>do</strong>s foram os oficiais. A análise sensorial foi feita<br />

com recurso ao preenchimento <strong>de</strong> uma ficha <strong>de</strong> prova elaborada pelo CEVD utilizada na<br />

caracterização <strong>de</strong> vinhos resultantes <strong>de</strong> ensaios.<br />

Para a análise estatística foram utilizadas as médias <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

durante os anos em estu<strong>do</strong>.<br />

Recorremos ao programa SPSS versão 10.0.1, a partir <strong>do</strong> qual foi possível<br />

realizar a Análise <strong>de</strong> Grupos e a Análise em Componentes Principais (ACP).


5<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

3. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS<br />

Para uma melhor e mais fácil interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes às castas em<br />

estu<strong>do</strong>, iremos apresentá-los sequencialmente, começan<strong>do</strong> pela análise físico-química<br />

<strong>do</strong>s mostos, análise físico-química <strong>do</strong>s vinhos e finalmente pela análise sensorial <strong>do</strong>s<br />

vinhos.<br />

3.1 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA - MOSTOS<br />

3.1.1 BRANCOS<br />

Da análise <strong>do</strong> Gráfico 1, que nos permite ter a percepção relativamente à<br />

precocida<strong>de</strong> das diferentes castas versus álcool provável, <strong>de</strong>stacamos o seguinte:<br />

Gráfico 1<br />

- as castas Gouveio,<br />

Viosinho e Vital são as que<br />

revelaram maior precocida<strong>de</strong>, a<br />

par <strong>do</strong>s maiores teores <strong>de</strong> álcool<br />

provável;<br />

- as castas Tália e<br />

Touriga Branca são as que se<br />

apresentaram como as mais<br />

tardias;<br />

Com base na análise ACP obtiveram-se <strong>do</strong>is gráficos, que mostram a<br />

distribuição espacial <strong>do</strong>s parâmetros enológicos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s (Gráfico 2) e a sua<br />

contribuição para a distribuição espacial das castas em estu<strong>do</strong> (Gráfico 3).


Component 2<br />

1,0<br />

,5<br />

0,0<br />

-,5<br />

-1,0<br />

6<br />

Component Plot<br />

ph<br />

-1,0<br />

Component 1<br />

-,5<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

REGR factor score 2 for analysis 1<br />

0,0<br />

alc<br />

datacolh<br />

,5<br />

actot<br />

1,0<br />

Mostos Brancos (ACP)<br />

REGR factor score 1 for analysis 1<br />

Da observação <strong>de</strong>stes gráficos <strong>de</strong>stacamos:<br />

- um grupo composto pelas castas Touriga Branca, Tália, Cerceal e Gouveio<br />

Estima<strong>do</strong>, que ten<strong>de</strong>ncialmente se apresentam como as mais tardias a par <strong>do</strong>s menores<br />

teores alcoólicos;<br />

- um outro grupo forma<strong>do</strong> pelas castas Vital, Viosinho e Gouveio, que<br />

ten<strong>de</strong>ncialmente se apresentam como as mais precoces, a par <strong>do</strong>s maiores teores <strong>de</strong><br />

álcool provável;<br />

- as castas Gouveio Estima<strong>do</strong>, Có<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Larinho e Gouveio Real como as que<br />

apresentaram os valores mais baixos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z total, em oposição ao Esgana Cão que se<br />

revelou como a casta mais ácida;<br />

Gráfico 4<br />

1,5<br />

1,0<br />

,5<br />

0,0<br />

-,5<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

-2<br />

Vital Viosinho<br />

Gouveio<br />

Samarrin<br />

F Pires<br />

Gouv Rea Rab More Malv Fin<br />

Cod Lari<br />

Gouv Est<br />

-1<br />

Síria Rabo Ove<br />

Folgasão<br />

Rabigato<br />

0<br />

Donz B<br />

Tália<br />

Cerceal<br />

Pe<strong>de</strong>rnã<br />

Bical<br />

Arinto<br />

3.1.2 TINTOS<br />

Da análise <strong>do</strong> Gráfico 4,<br />

que nos permite ter a percepção<br />

relativamente à precocida<strong>de</strong> das<br />

diferentes castas versus álcool<br />

provável, <strong>de</strong>stacamos o<br />

seguinte:<br />

- a casta Bastar<strong>do</strong><br />

mostrou teores <strong>de</strong> álcool<br />

provável relativamente<br />

eleva<strong>do</strong>s, em data precoce,<br />

revelan<strong>do</strong>-se como a casta tinta<br />

mais temporã;<br />

- contrariamente, a casta<br />

Mourisco <strong>de</strong> Semente mostrouse<br />

como sen<strong>do</strong> a mais tardia, a<br />

par da menor riqueza alcoólica;<br />

1<br />

TourigaB<br />

2<br />

Esg Cao<br />

Gráfico 2 Gráfico 3<br />

3


Component 2<br />

7<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

Com base na análise ACP obtiveram-se os gráficos 5 e 6.<br />

1,0<br />

,5<br />

-1,0<br />

Component Plot<br />

0,0datacolh<br />

-,5<br />

-1,0<br />

Component 1<br />

-,5<br />

REGR factor score 2 for analysis 1<br />

Da sua observação <strong>de</strong>stacamos:<br />

ph<br />

0,0<br />

actot<br />

- a casta Mourisco <strong>de</strong> Semente isolada das restantes, simultaneamente pelo seu<br />

menor valor <strong>de</strong> álcool e ciclo vegetativo longo (data <strong>de</strong> colheita tardia), o que vem<br />

corroborar o acima exposto;<br />

- a casta Bastar<strong>do</strong> por apresentar simultaneamente uma aci<strong>de</strong>z total baixa e o pH<br />

mais eleva<strong>do</strong>;<br />

- ainda, um grupo que engloba a casta Donzelinho Tinto e Sousão com teores <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>z total mais altos, esta última particularmente com o valor mais eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z<br />

total e o pH mais baixo <strong>de</strong> todas as castas tintas em estu<strong>do</strong>;<br />

3.2 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA - VINHOS<br />

3.2.1 BRANCOS<br />

,5<br />

alc<br />

Ten<strong>do</strong> em conta os resulta<strong>do</strong>s da análise físico-química <strong>do</strong>s vinhos brancos<br />

obti<strong>do</strong>s durante o perío<strong>do</strong> em análise e recorren<strong>do</strong> à ACP, obtivemos uma primeira<br />

informação, que nos permitiu à posteriori seleccionar os parâmetros analíticos que<br />

melhor contribuíram para a distribuição espacial <strong>do</strong>s vinhos.<br />

Assim, ten<strong>do</strong> por base esses parâmetros analíticos (álcool, aci<strong>de</strong>z total, extracto seco e<br />

potássio ) foi possível obter os Gráficos 7 e 8 que passamos a analisar:<br />

1,0<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

Mostos Tintos (ACP)<br />

-3<br />

M Sement<br />

-2<br />

T Fanca<br />

T Carv<br />

T Ror<br />

T Barroc<br />

T Barca T Franci T Fmea<br />

Alic Bou<br />

Rufet Pinot T<br />

M Periq Preta<br />

Corn T T Bastar Cão<br />

T Nac<br />

T Amar<br />

Alvar<br />

REGR factor score 1 for analysis 1<br />

-1<br />

0<br />

Sousao<br />

Bastar<br />

Donz T<br />

Gráfico 5 Gráfico 6<br />

1<br />

2<br />

3


Component 2<br />

Component 2<br />

1,0<br />

,5<br />

0,0<br />

-,5<br />

-1,0<br />

8<br />

Component Plot<br />

-1,0<br />

k<br />

Component 1<br />

-,5<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

0,0<br />

- verifica-se a existência <strong>de</strong> um grupo que engloba os vinhos das castas com<br />

teores alcoólicos mais eleva<strong>do</strong>s - Viosinho, Gouveio e Vital;<br />

- a casta Cerceal <strong>de</strong>staca-se das restantes por apresentar um teor relativamente<br />

baixo em álcool;<br />

- encontramos ainda um outro grupo que inclui as castas Esgana Cão, Arinto e<br />

Rabigato, por apresentam conjuntamente os teores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z total e<br />

extracto seco;<br />

3.2.2 TINTOS<br />

alc<br />

,5<br />

actot<br />

extsec<br />

1,0<br />

Com base igualmente na ACP, foi possível construir os Gráficos 9 e 10, que<br />

permitem constatar o seguinte:<br />

1,0<br />

,5<br />

0,0<br />

-,5<br />

-1,0<br />

Component Plot<br />

-1,0<br />

toncor<br />

Component 1<br />

-,5<br />

REGR factor score 2 for analysis 2<br />

ph<br />

k<br />

0,0<br />

mvol<br />

Gráfico 7 Gráfico 8<br />

alc<br />

actot<br />

,5<br />

extsec<strong>do</strong>280<br />

ant<br />

intcor<br />

1,0<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

Vinhos Tintos (ACP)<br />

-2<br />

Bastard<br />

-1<br />

T Franci<br />

T Cão<br />

T Barroc T Fêmea<br />

T Roriz<br />

T Barca<br />

Mour T<br />

T Amarel<br />

Malv Pre<br />

Donz T Cornifes<br />

Alvarelh Periquit<br />

T Carval<br />

MourSemRufete<br />

REGR factor score 1 for analysis 2<br />

0<br />

T Nacion<br />

1<br />

T Franca<br />

2<br />

Sousão<br />

Gráfico 9 Gráfico 10<br />

3


Component 2<br />

9<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

- a casta Sousão encontra-se em posição <strong>de</strong>stacada, por apresentar o teor mais<br />

eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z total, a par <strong>do</strong>s valores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> antocianas e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cor;<br />

- as castas Touriga Nacional e Touriga Franca, formam um grupo, que apresenta<br />

teores eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor, álcool, antocianas, extracto seco e índice<br />

polifenóis totais (IPT);<br />

- finalmente, as castas Bastar<strong>do</strong> e Mourisco Tinto, constituem um outro grupo, que<br />

apresenta baixos teores <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor, extracto e IPT;<br />

3.3 ANÁLISE SENSORIAL – VINHOS<br />

Para além das características físico-químicas, é por to<strong>do</strong>s reconhecida a<br />

importância da análise sensorial, imprescindível na apreciação da qualida<strong>de</strong> final <strong>do</strong>s<br />

vinhos.<br />

Os parâmetros utiliza<strong>do</strong>s no tratamento estatístico, foram os seguintes: qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aroma, aci<strong>de</strong>z, corpo e nota final.<br />

3.3.1 BRANCOS<br />

Através da análise em ACP obtivemos os Gráficos 11 e 12, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos<br />

constatar que:<br />

1,0<br />

,5<br />

0,0<br />

-,5<br />

-1,0<br />

Component Plot<br />

-1,0<br />

aci<strong>de</strong>z<br />

Component 1<br />

-,5<br />

REGR factor score 2 for analysis 1<br />

intcor<br />

corpo<br />

0,0<br />

,5<br />

notafin<br />

qarom<br />

1,0<br />

Prova VB (ACP)<br />

REGR factor score 1 for analysis 1<br />

- as castas Rabigato Moreno e Co<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Larinho se <strong>de</strong>stacam por apresentarem<br />

os valores mais altos na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aroma;<br />

- as castas Gouveio Estima<strong>do</strong> e Esgana Cão se <strong>de</strong>stacam pelos maiores valores da<br />

aci<strong>de</strong>z (<strong>de</strong> prova);<br />

- as castas Gouveio apresenta valores relativamente mais eleva<strong>do</strong>s no parâmetro<br />

corpo;<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

-2<br />

Gouv Est<br />

RabOvelh<br />

F Pires<br />

-1<br />

Gouv<br />

Vital<br />

Pe<strong>de</strong>rnã<br />

Cod Lari<br />

Malv Fin<br />

Arinto<br />

Samarrin Viosinho<br />

Bical<br />

GouvReal<br />

Síria<br />

Esg Cão<br />

0<br />

1<br />

RabigMor<br />

Gráfico 11 Gráfico 12<br />

2<br />

3


INTCOR<br />

10<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

3.3.2 TINTOS<br />

Os parâmetros utiliza<strong>do</strong>s no tratamento estatístico, foram os seguintes: intensida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cor, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aroma, aci<strong>de</strong>z, corpo e nota final.<br />

De forma a evi<strong>de</strong>nciar a distribuição espacial <strong>do</strong>s vinhos tintos, apresentamos os<br />

Gráficos 13 e 14, com base apenas nos parâmetros nota final, intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor e<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aroma. Da observação <strong>do</strong> Gráfico 13 constatamos o seguinte:<br />

5,0<br />

Prova VT (ICor x NFinal)<br />

Sousão<br />

4,5<br />

Alic Bou<br />

T Franca<br />

T Nacion<br />

- a casta Sousão <strong>de</strong>staca-se pelo<br />

valor mais eleva<strong>do</strong> da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

4,0<br />

3,5<br />

T TFrancis Cão T Barca Fêmea<br />

Cornifes<br />

T Amar<br />

Malv Pre T Roriz<br />

T Barroc<br />

TBastard<br />

cor (<strong>de</strong> prova);<br />

- as castas Touriga Nacional,<br />

Touriga Franca e Tinta Bastardinha<br />

3,0<br />

2,5<br />

MourSem Rufete<br />

Periquit<br />

T Carv<br />

<strong>de</strong>stacam-se por apresentarem<br />

simultaneamente valores eleva<strong>do</strong>s na<br />

2,0<br />

1,5<br />

7<br />

Bastar<strong>do</strong><br />

8<br />

Donz T<br />

Mour T<br />

Alvarelh<br />

9 10 11 12 13 14 15<br />

nota final e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor;<br />

- contrariamente, o conjunto <strong>de</strong><br />

castas forma<strong>do</strong> pelo Bastar<strong>do</strong>,<br />

NOTAFIN<br />

Gráfico 13 Alvarelhão, Mourisco Tinto,<br />

Donzelinho Tinto, Mourisco <strong>de</strong><br />

Semente e Tinta Carvalha, apresenta os menores valores <strong>de</strong> nota final e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cor;<br />

O Gráfico 14 permite ainda<br />

visualizar um grupo mais alarga<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> castas on<strong>de</strong> se incluem a Touriga<br />

Franca, Tinta Bastardinha, Touriga<br />

Nacional, Touriga Fêmea, Tinta da<br />

Barca, Tinta Barroca, Tinta Roriz,<br />

Tinto Cão, Alicante Bouschet, Tinta<br />

Francisca, Tinta Amarela e Malvasia<br />

Preta, que para além <strong>de</strong> uma nota<br />

final relativamente alta, apresentam<br />

ainda uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aroma<br />

igualmente boa.<br />

QAROM<br />

4,0<br />

3,5<br />

3,0<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

Prova VT (QArom x NFinal)<br />

7<br />

Bastar<strong>do</strong><br />

8<br />

NOTAFIN<br />

T Carv<br />

Alvarelh<br />

MourSem<br />

Donz T<br />

Rufete<br />

9<br />

Mour T<br />

10<br />

T Barroc<br />

T Barca FêmeaT<br />

Nacion<br />

TFrancis<br />

Periquit<br />

T Roriz T Cão Sousão<br />

Malv Cornifes T Amar Pre<br />

11<br />

Alic Bou<br />

12<br />

13<br />

TBastard<br />

14<br />

T Franca<br />

Gráfico 14<br />

15


4. CONCLUSÕES<br />

11<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

Ten<strong>do</strong> em conta as condições experimentais <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> se incluem<br />

entre outras, as características edafo-climáticas específicas <strong>do</strong> Campo Ampelográfico<br />

da Quinta <strong>de</strong> Santa Bárbara – Pinhão, importa realçar alguns aspectos que consi<strong>de</strong>ramos<br />

mais relevantes:<br />

Maturação<br />

- nas castas brancas o Gouveio, Viosinho e Vital apresentaram-se como as mais<br />

precoces, contrariamente à Tália e Touriga Branca, que revelaram ser as mais tardias;<br />

- nas tintas, o Bastar<strong>do</strong> revelou-se muito precoce, aparecen<strong>do</strong> no extremo oposto,<br />

o Mourisco <strong>de</strong> Semente como a mais tardia;<br />

Grau álcool<br />

- o Viosinho, Gouveio e Vital foram as castas brancas cujos vinhos apresentaram<br />

valores mais eleva<strong>do</strong>s, contrariamente ao Gouveio Estima<strong>do</strong> e Cerceal, com teores <strong>de</strong><br />

álcool relativamente baixos;<br />

- os vinhos das castas Tinta Barroca, Touriga Fêmea, Touriga Franca e Touriga<br />

Nacional apresentaram os valores mais eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> álcool e, no outro extremo, o<br />

Mourisco <strong>de</strong> Semente e a Malvasia Preta apresentaram os menores valores;<br />

Aci<strong>de</strong>z total<br />

- as castas brancas Esgana Cão, Rabigato e Arinto apresentaram vinhos mais<br />

áci<strong>do</strong>s, enquanto que os da Có<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Larinho, Gouveio Real e Rabigato Moreno<br />

revelaram menor aci<strong>de</strong>z;<br />

- o vinho da casta Sousão foi o mais áci<strong>do</strong>, enquanto que os <strong>do</strong> Bastar<strong>do</strong>, Tinta<br />

Francisca e Touriga Franca, foram os <strong>de</strong> menor aci<strong>de</strong>z;<br />

Cor e polifenóis totais<br />

- os vinhos das castas Sousão, Touriga Nacional, Touriga Franca e Alicante<br />

Bouschet apresentaram os valores mais eleva<strong>do</strong>s, contrariamente ao Bastar<strong>do</strong> e<br />

Mourisco Tinto que mostraram os valores mais baixos;<br />

Análise Sensorial<br />

- as castas brancas Rabigato Moreno e Có<strong>de</strong>ga <strong>do</strong> Larinho obtiveram as<br />

melhores classificações;<br />

- nas castas tintas a Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Bastardinha,<br />

obtiveram as melhores classificações;


12<br />

<strong>Caracterização</strong> <strong>Enológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Castas</strong> <strong>Autóctones</strong> <strong>do</strong> <strong>Douro</strong><br />

- as castas Touriga Fêmea, Tinta da Barca, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto<br />

Cão, Alicante Bouschet, Tinta Amarela e Tinta Francisca, apresentaram ainda uma boa<br />

relação nota final versus qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aroma;<br />

Uma boa classificação na análise sensorial, associada a teores eleva<strong>do</strong>s em cor,<br />

polifenóis totais e ainda a valores <strong>de</strong> álcool e extracto igualmente eleva<strong>do</strong>s, são factores<br />

essenciais a um bom potencial <strong>de</strong> envelhecimento <strong>do</strong>s vinhos, sen<strong>do</strong> disso bons<br />

exemplos, os vinhos provenientes das castas Touriga Nacional e Touriga Franca.<br />

Observação:<br />

Refira-se que no caso concreto das castas Rabigato Moreno e Tinta Bastardinha, os valores aqui<br />

apresenta<strong>do</strong>s apenas reportam a um ano <strong>de</strong> ensaios. Verifica-se que apresentaram um bom potencial<br />

qualitativo, pelo que será importante dar continuida<strong>de</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>stas castas, <strong>de</strong> forma a confirmar estes<br />

primeiros resulta<strong>do</strong>s, que se revelaram bastante promissores.<br />

Novembro 2008

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