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Características e utilização medicinal de Jatropha ... - Campus Bambuí

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III Semana <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia IFMG <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

III Jornada Científica<br />

19 a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Características</strong> e <strong>utilização</strong> <strong>medicinal</strong> <strong>de</strong> <strong>Jatropha</strong> multifida (L.) e Alternanthera<br />

brasiliana (L.) KUNTZE.<br />

Fernando Bruno XAVIER¹; Josimar Rodrigues OLIVEIRA¹; Ricardo Monteiro CORREA²;<br />

RESUMO<br />

Henrique José G. M. MALUF¹; Alexandre Knychala FILHO¹.<br />

¹Graduandos do curso <strong>de</strong> Agronomia IFMG – <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

²Professor orientador do IFMG - campus <strong>Bambuí</strong><br />

Atualmente, inúmeras instituições públicas e privadas têm se interessado pelo cultivo <strong>de</strong> plantas<br />

que, até pouco tempo, eram consi<strong>de</strong>radas daninhas à <strong>de</strong>terminadas culturas. Sabe-se que plantas <strong>de</strong><br />

hábito espontâneo como o caruru, picão-preto, trançagem, entre outras, possuem substâncias<br />

<strong>de</strong>nominadas princípios ativos que atuam no organismo humano em diversas funcionalida<strong>de</strong>s,<br />

auxiliando no combate a problemas físicos, como no caso <strong>de</strong> feridas externas, ou mesmo em<br />

problemas internos como dores <strong>de</strong> cabeça, problemas gastrointestinais, entre outros. O uso<br />

indiscriminado <strong>de</strong>stas plantas po<strong>de</strong> trazer riscos a saú<strong>de</strong>, portanto é necessário que se tenha<br />

conhecimento das características das plantas medicinais, os princípios ativos que estas possuem e<br />

qual a posologia correta para <strong>utilização</strong> das mesmas. Duas plantas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância,<br />

encontradas facilmente em hortos medicinais caseiros ou comunitários são as plantas <strong>Jatropha</strong><br />

multifida e Alternanthera brasiliana, conhecidas popularmente como mertiolate e doril,<br />

respectivamente. Existem no mercado farmacológico inúmeros remédios sintetizados a partir dos<br />

princípios ativos <strong>de</strong>stas plantas, po<strong>de</strong>ndo estes serem utilizados <strong>de</strong> forma direta e caseira. Para isto,<br />

este trabalho traz à comunida<strong>de</strong> acadêmica e profissionais da área informações relevantes a cerca<br />

<strong>de</strong>stas duas espécies que são cultivadas em inúmeras proprieda<strong>de</strong>s familiares e mantidas em banco<br />

<strong>de</strong> germoplasma no Instituto Fe<strong>de</strong>ral Minas Gerais – <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong>.<br />

Palavras-chave: plantas medicinais, terramicina, anador, pinhão branco.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil é um país que possui gran<strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, com inúmeras espécies na fauna e flora ainda<br />

não i<strong>de</strong>ntificadas e sequer conhecidas pelos cientistas. Dentre as inúmeras plantas existentes e<br />

cultivadas, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stas possuem princípios medicinais. Lorenzi e Matos (2008) <strong>de</strong>stacam<br />

vários tipos <strong>de</strong> plantas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> plantas espontâneas, que possuem banco <strong>de</strong> sementes naturais em<br />

muitas regiões brasileiras, principalmente em áreas <strong>de</strong> cerrado, como no caso do caruru, picão-<br />

preto, trançagem, boldo, assa-peixe, mane-turé, entre outros.


III Semana <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia IFMG <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

III Jornada Científica<br />

19 a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

Delaporte et al. (2002) ressaltam que pelo menos a meta<strong>de</strong> das espécies vegetais existentes no país<br />

po<strong>de</strong>m apresentar alguma proprieda<strong>de</strong> terapêutica útil à população.<br />

As plantas medicinais são tradicionalmente mais utilizadas pelas famílias mais antigas e em<br />

pequenas proprieda<strong>de</strong>s rurais, on<strong>de</strong> sua habitual <strong>utilização</strong> empírica tem sido preservada <strong>de</strong> geração<br />

em geração. A população tem tradição no uso <strong>de</strong> plantas para tratamento <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s<br />

básicas em saú<strong>de</strong>, oriunda dos povos nativos indígenas, da influência africana e da colonização<br />

européia, expressão <strong>de</strong> sua diversida<strong>de</strong> cultural (BRASIL, 2006).<br />

Portanto o objetivo do presente trabalho é apresentar a comunida<strong>de</strong> acadêmica e profissionais da<br />

área, informações relevantes a cerca <strong>de</strong> duas plantas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, encontradas facilmente<br />

em hortos medicinais caseiros ou comunitários que são as plantas <strong>Jatropha</strong> multifida e<br />

Alternanthera brasiliana, conhecidas popularmente como mertiolate e doril, respectivamente, tendo<br />

alguns <strong>de</strong>stes exemplares mantidas em banco <strong>de</strong> germoplasma no Instituto Fe<strong>de</strong>ral Minas Gerais –<br />

<strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong>.<br />

Mertiolate (<strong>Jatropha</strong> multifida L.)<br />

A espécie <strong>Jatropha</strong> multifida L. é caracterizada como Arbusto com até 1,30m <strong>de</strong> altura,<br />

po<strong>de</strong>ndo chegar a 7m <strong>de</strong> altura no seu habitat; folhas ver<strong>de</strong>s com até 17cm comprimento por até 23<br />

cm <strong>de</strong> largura; estípulas multifídas com até 2cm <strong>de</strong> comprimento; inflorescência com até 20cm <strong>de</strong><br />

comprimento; flores vermelhas; fruto com até 3cm <strong>de</strong> comprimento por até 2,5 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Toda a planta apresenta látex transparentes (figura 1B). (JARDIM DE SUCULENTAS)<br />

A <strong>Jatropha</strong> multifida L. (Jm) pertence a família Euphorbiaceae é conhecida pelos nomes<br />

vulgares <strong>de</strong> flor-<strong>de</strong>-coral, coral, coral-dos-jardins, flor-<strong>de</strong>-sangue. (Smith; Downs; Klein; 1998)


III Semana <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia IFMG <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

III Jornada Científica<br />

19 a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

Figura 1 – A) Planta <strong>de</strong> Merthiolate (<strong>Jatropha</strong> multifida); B) Detalhes das folhas,<br />

inflorescência e formação do fruto em horto <strong>medicinal</strong> do IFMG – <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong>.<br />

Diversas espécies medicinais são utilizadas pela industria farmacêutica para a formulação <strong>de</strong><br />

medicamentos que recebem o nome comercial advindo da própria nomenclatura da planta, como é o<br />

caso <strong>de</strong>stas duas espécies apresentadas neste trabalho. Martins et al. (2005), ao analisarem os<br />

princípios ativos e proprieda<strong>de</strong>s farmacológicas <strong>de</strong> oito plantas conhecidas popularmente pelo<br />

mesmo nome do medicamento comercial, observaram que a espécie <strong>Jatropha</strong> multifida e utilizada<br />

como antiséptica e antifúngica apresentava ácido gálico em seu látex agindo sobre a inibição <strong>de</strong><br />

inflamação semelhante ao medicamento comercial. As folhas e frutos também po<strong>de</strong>m ser utilizadas<br />

como cicatrizantes, anti-hemorrágico, laxante, antireumática e anti-hipertensiva (LORENZI &<br />

MATOS, 2008).<br />

Doril (Alternanthera brasiliana)<br />

Na figura 2A po<strong>de</strong> ser observada as características morfológicas da Alternanthera<br />

brasiliana, facilmente reconhecida pela sua coloração arroxeada das folhas mesclado com a<br />

presença <strong>de</strong> algumas folhas mosqueadas <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> ou esver<strong>de</strong>adas entre as folhas roxas. No entanto,<br />

Rodrigues et al. (2008), observaram acessos <strong>de</strong> A.brasiliana com variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores diferentes<br />

geneticamente. Esta espécie pertence a família Amarantaceae, possui caráter herbáceo perene, <strong>de</strong><br />

base lenhosa, com ramos <strong>de</strong>cumbentos ou semi-eretos, <strong>de</strong> 60 a 120 cm <strong>de</strong> altura, sendo nativa <strong>de</strong><br />

áreas abertas <strong>de</strong> quase todo o Brasil, principalmente da região litorânea e Amazônia (LORENZI &<br />

MATOS, 2008).


III Semana <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia IFMG <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

III Jornada Científica<br />

19 a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

Figura 2 – A) Planta <strong>de</strong> Doril (Alternanthera brasiliana); B) Detalhes das folhas, ramos e<br />

inflorescência <strong>de</strong> planta cultivada em horto <strong>medicinal</strong> do IFMG – <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong>.<br />

Esta planta é popularmente conhecida como doril, anador, terramicina, penicilina,<br />

sempre-viva, caaponga, carrapichinho-do-mato, perpétua-do-brasil, quebra-panela, cabeça branca,<br />

acônito do mato, ervanço, nateira, infalível e perpétua-do-mato (PLANTAMED, 2010; LORENZI<br />

& MATOS, 2008). As suas folhas são simples, sendo as superiores subséseis e as inferiores<br />

pecioladas, com flores muito pequenas, reunidas em <strong>de</strong>nsos glomeros no ápice dos ramos formando<br />

uma panícula aberta, como po<strong>de</strong> ser observado na figura 2B.<br />

Po<strong>de</strong> ser utilizada para combate a tosse, sendo que possui ainda ação diurética, digestiva,<br />

age em inflamações no fígado e bexiga. Martins et al. (2005) ao avaliar a espécie Alternanthera<br />

<strong>de</strong>ntata, também conhecida como terramicina e penicilina, pertencente a mesma família <strong>de</strong><br />

A.brasiliana, observou que as folhas <strong>de</strong>sta plantas utilizadas com fins antibióticos apresentou a<br />

liberação <strong>de</strong> óleos essenciais, terpenói<strong>de</strong>s, triterpenos <strong>de</strong> tipo esterói<strong>de</strong>s, antocianinas, alcalói<strong>de</strong>s e<br />

saponinas, promovendo ação anti-inflamatória e ativida<strong>de</strong> muscarínica.<br />

Delaporte et al. (2005) ao analisarem os minerais presentes nas folhas <strong>de</strong>sta espécie obteve<br />

resultados que permitem confirmar que nas mais elevadas porcentagens <strong>de</strong> cinzas encontradas para<br />

ambas as espécies, os principais constituintes são os macronutrientes, fundamentalmente cálcio,<br />

potássio e magnésio, que não constituem elementos tóxicos ao organismo nas concentrações<br />

encontradas.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Existem muito poucos estudos científicos que comprovam a eficiência e segurança da <strong>utilização</strong> <strong>de</strong><br />

plantas medicinais e seus princípios ativos através <strong>de</strong> chás, infusões, extratos, compressas ou outros<br />

meios. As informações a respeito das características morfológicas <strong>de</strong> algumas espécies são bem<br />

<strong>de</strong>finidas por autores renomados e empresas privadas do setor <strong>de</strong> remédios naturais, porém sua<br />

forma <strong>de</strong> <strong>utilização</strong> ainda é muito empírica. O mertiolate e o doril são plantas típicas neste contexto,<br />

com alguns resultados científicos que mostram seu potencial <strong>medicinal</strong>.


III Semana <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia IFMG <strong>Campus</strong> <strong>Bambuí</strong><br />

III Jornada Científica<br />

19 a 23 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2010<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRASIL. Boas Práticas Agrícolas (BPA) <strong>de</strong> plantas medicinais, aromáticas e condimentares.<br />

Ed. Preliminar. Brasília: MAPA/SDC, 2006. 48 p.<br />

DELAPORTE, R.H.; GUZEN, K.P.; TAKEMURA, O.S.; MELLO, J.C.P. Estudo mineral das<br />

espécies vegetais Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze e Bouchea fluminensis (Vell) Mold. Rev.<br />

Bras. Farmacogn. abr/jun. 2005<br />

DELAPORTE, R.H.; MILANEZE, M.A.; MELLO, J.C.P.; JACOMASSI, E. Estudo<br />

farmacognóstico das folhas <strong>de</strong> Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze (Amaranthaceae). Revista acta<br />

farmacéutica bonaerense - vol. 21 n° 3 - ano 2002.<br />

JARDIM DE SUCULENTAS. <strong>Jatropha</strong> multifida (L.) 2010. Disponível em:<br />

. Acesso em: 07 <strong>de</strong><br />

out. 2010<br />

LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Instituto<br />

Plantarum: Nova O<strong>de</strong>ssa, SP, 2008.<br />

MARTINS, L.G.S.; SENNA-VALLE, L.; PEREIRA, N.A. Princípios ativos e ativida<strong>de</strong>s<br />

farmacológicas <strong>de</strong> 8 plantas popularmente conhecidas por nome <strong>de</strong> medicamentos comerciais.<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> plantas Medicinais. Botucatu, SP, v.7, n.2, p.73-76. 2005<br />

PLANTAMED. Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze. 2010. Disponível em:<br />

. Acesso em: 15 <strong>de</strong> Set.<br />

2010.<br />

RODRIGUES, I.C.S.; BIANCHI, V.J.; RUBIN, S.; BANDEIRA, J.M.; PETERS, J.A.; BRAGA,<br />

E.J.B. Variabilida<strong>de</strong> genética entre plantas <strong>de</strong> Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze. UFpel: XVII<br />

Congresso <strong>de</strong> iniciação científica e X Encontro <strong>de</strong> pós-graduação. Pelotas, RS, Anais...Nov. 2008.<br />

SMITH, L.B.; Downs, R.S.; Klein, R.M. Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:1988. 265- 266 p.

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