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Crises e oportunidades em tempos de mudança - SciELO - Site

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IGNACY SACHS, CARLOS LOPES E LADISLAU DOWBOR<br />

O que <strong>em</strong>erge como eixo central <strong>de</strong> reflexão, portanto, é a ina<strong>de</strong>quação dos processos<br />

<strong>de</strong>cisórios nas diversas tendências críticas que t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> enfrentar. Enfrentar o<br />

<strong>de</strong>safio ambiental planetário exige processos colaborativos e a construção <strong>de</strong> uma<br />

cultura <strong>de</strong> pactos pelo b<strong>em</strong> comum ou, pelo menos, para evitar o <strong>de</strong>sastre comum.<br />

A ruptura do ciclo da pobreza e da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> implica no <strong>de</strong>slocamento da visão<br />

tradicional que atrai investimentos para on<strong>de</strong> se situa a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compra e, portanto,<br />

envolve a <strong>mudança</strong> da chamada governança corporativa. O processo <strong>de</strong><br />

inclusão produtiva dos quase dois terços <strong>de</strong> excluídos envolve uma outra lógica do<br />

<strong>em</strong>prego, formas múltiplas e diferenciadas <strong>de</strong> inserção na produção <strong>de</strong> bens e<br />

serviços. O resgate <strong>de</strong>stas priorida<strong>de</strong>s reais do planeta e da humanida<strong>de</strong> envolve por<br />

sua vez uma participação muito mais significativa do Estado que, com todas as suas<br />

fragilida<strong>de</strong>s, ainda constitui o melhor instrumento <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> esforços sociais<br />

<strong>de</strong> que dispomos. Mas se trata <strong>de</strong> um Estado muito mais regulador do conjunto<br />

dos esforços da socieda<strong>de</strong>. É indispensável o resgate da visão sistêmica, da visão <strong>de</strong><br />

longo prazo, e dos mecanismos <strong>de</strong> planejamento. Estamos falando, na realida<strong>de</strong>, da<br />

construção <strong>de</strong> uma outra cultura política.<br />

Reforçar e d<strong>em</strong>ocratizar o Estado<br />

As críticas ao tamanho do setor público refletiram no passado recente uma visão<br />

i<strong>de</strong>ológica e conhecimento fragmentado da realida<strong>de</strong>. Nas palavras <strong>de</strong> um diretor da<br />

École Nationale d’Administration, a famosa ENA, melhorar a produtivida<strong>de</strong> do setor<br />

público constitui a melhor maneira <strong>de</strong> melhorar a produtivida<strong>de</strong> sistêmica <strong>de</strong> toda a<br />

socieda<strong>de</strong>. O Relatório Mundial sobre o Setor Público, elaborado pelas Nações<br />

Unidas <strong>em</strong> 2005, mostra a evolução que houve a partir da visão tradicional da<br />

«Administração Pública» baseada <strong>em</strong> obediência, controles rígidos e conceito <strong>de</strong><br />

«autorida<strong>de</strong>s», transitando por uma fase <strong>em</strong> que se buscou uma gestão mais <strong>em</strong>presarial,<br />

na linha do public manag<strong>em</strong>ent que nos <strong>de</strong>u, por ex<strong>em</strong>plo, o conceito <strong>de</strong><br />

«gestor da cida<strong>de</strong>» no lugar do prefeito, e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bocando agora na visão mais mo<strong>de</strong>rna<br />

que o relatório chama <strong>de</strong> governança participativa ou responsive governance.<br />

Esta última forma <strong>de</strong> organização implica que, no espaço público, a boa gestão se<br />

consegue por meio da articulação inteligente e equilibrada do conjunto dos atores<br />

interessados no <strong>de</strong>senvolvimento, os chamados atores interessados, ou stakehol<strong>de</strong>rs.<br />

É uma gestão que busca «respon<strong>de</strong>r», ou «correspon<strong>de</strong>r» aos interesses que diferentes<br />

grupos manifestam e supõe sist<strong>em</strong>as amplamente participativos e, <strong>em</strong> todo caso,<br />

mais d<strong>em</strong>ocráticos, na linha da «governança participativa», além da ampliação da<br />

transparência <strong>de</strong> todos os processos.<br />

A evolução da administração pública tradicional (Public Administration) para o<br />

New Public Manag<strong>em</strong>ent se baseou numa visão privatista da gestão, buscando chefias<br />

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