Parque Estadual do Desengano - Gapis - UFRJ
Parque Estadual do Desengano - Gapis - UFRJ
Parque Estadual do Desengano - Gapis - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
RELATÓRIO DO OBSERVATÓRIO DE PARQUES<br />
ESTADUAIS E FEDERAIS DO ESTADO DO RIO DE<br />
JANEIRO<br />
PARQUE ESTADUAL DO DESENGANO<br />
Kury, 2008<br />
Grupo de Pesquisa Áreas Protegidas e Inclusão Social – GAPIS<br />
(Lattes /CNPq)<br />
Equipe responsável: Alessandro Allegretti<br />
Dalila Silva Mello<br />
Júlio Fontoura Gonçalves de Lima<br />
Karla Aguiar Kury<br />
Rodrigo Torres Lima<br />
Samara Melo Rodrigues<br />
Maria Inês Paes Ferreira i<br />
Novembro de 2008.
1. Contextualização histórica e geográfica<br />
SUMÁRIO<br />
1.1 Localização.................................................................................................................2<br />
1.2 Histórico de criação.........................................<br />
2. Caracterização da Importância Ecológica<br />
2.1 Descrição ecológica................................................................................................<br />
2.2 Relevância <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> diante da CDB, ODM, SNUC e PNAP...............................<br />
3. Caracterização Socioeconômica da Área de Inserção <strong>do</strong> <strong>Parque</strong>.<br />
3.1 Parâmetros socioeconômicos ......... ......................................................................<br />
3.2 Histórico de usos e ocupação <strong>do</strong> solo......................................................................<br />
3.3 Usos <strong>do</strong> parque .......................................................................................................<br />
4. Histórico da Gestão<br />
4.1 Descrição <strong>do</strong> Processo de Gestão............................................................................<br />
4.2 Apresentação <strong>do</strong>s Instrumentos de Manejo – Conselho e Plano de Manejo<br />
(Conteú<strong>do</strong> e Meto<strong>do</strong>logia utilizada)..............................................................................<br />
4.3 Planos, Programas e Projetos para gestão...............................................................<br />
4.4 Parcerias para gestão...............................................................................................<br />
5. Análise da Governança.......................................................................................................<br />
6. Recomendações para Gestão..............................................................................................<br />
7. Referências Bibliográficas..................................................................................................<br />
8. Apêndices.............................................................................................................................<br />
2
1. Contextualização Histórica e Geográfica<br />
1.1 Localização<br />
A partir da integração <strong>do</strong> Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF<br />
– com a Secretaria Especial de Meio Ambiente (que originou o Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis – IBAMA), e com a constituição <strong>do</strong><br />
Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONANA -, os espaços naturais especialmente<br />
protegi<strong>do</strong>s passaram a ser engloba<strong>do</strong>s sob a denominação de unidades de conservação<br />
(UC), abrangen<strong>do</strong> as áreas protegidas nos níveis federal, estadual e municipal. São elas<br />
definidas pelo poder público como “espaços territoriais e seus componentes especialmente<br />
protegi<strong>do</strong>s”, tal como determina o artigo 225, § 1 o , III, da constituição Federal, ser<br />
obrigação <strong>do</strong> poder público “definir em todas as unidades da federação, espaços<br />
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegi<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> a alteração e<br />
supressão permitida somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a<br />
integridade <strong>do</strong>s atributos que justifiquem sua proteção” 1 . Abaixo é apresenta<strong>do</strong> o mapa de<br />
Unidades de Conservação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, onde está localiza<strong>do</strong> o <strong>Parque</strong><br />
<strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> (PED).<br />
O <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> (PED) está situa<strong>do</strong> na parte centro-norte <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, aproximadamente entre os meridianos 41°41’ a 42°00’ a W.Gr. e<br />
os paralelos 21°45 a 22°00’ de latitude sul (ICMBio, 2008). Constitui o último<br />
remanescente contínuo de Mata Atlântica numa ampla região que se estende pelos<br />
municípios de Santa Maria Madalena (situa<strong>do</strong> na região serrana) e de Campos <strong>do</strong>s<br />
Goytacazes e São Fidélis, no norte fluminense, nas bordas da Serra <strong>do</strong> Mar, entre a baixada<br />
1 Ver Condurú, in Unidades de Conservação da natureza - Feema, 1995.<br />
3
campista e o Vale <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. O parque faz limite ao norte com a bacia <strong>do</strong> Paraíba<br />
<strong>do</strong> Sul, a noroeste com a bacia de Campos, ao sul e sudeste com a planície de Macaé e, a<br />
noroeste com a região serrana de Nova Friburgo (MARTINELLI et al., 1989). Em seu<br />
entorno destacam-se as localidades de Renascença, São Pedro, Santo Antônio <strong>do</strong> Imbé,<br />
Sossego <strong>do</strong> Imbé e Morangaba; e na paisagem destacam-se o Pico <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, com<br />
1.750 metros; o Pico São Mateus, com 1.576 metros; e o Pico Pedra Agulha, com 1.080<br />
metros de altitude (HADDAD, 2006). A Figura 1 mostra o mapa de Unidades de<br />
Conservação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, onde está localiza<strong>do</strong> o <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Desengano</strong> (PED). (ICMBio, 2008).<br />
Figura 1. Mapa das UCs estaduais e federais no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, com o PED apresenta<strong>do</strong> na<br />
localização 20.<br />
Fonte: ICMBio, 2008.<br />
4
1.2 Histórico de criação<br />
Em 24 de outubro de 1969, o Decreto-Lei nº 131 (RIO DE JANEIRO, 1969),<br />
definiu quatro áreas prioritárias para a criação de reservas florestais estaduais, entre elas a<br />
Floresta <strong>Estadual</strong> de Santa Maria Madalena, que reuniria os remanescentes florestais de<br />
Santa Maria Madalena (Serra <strong>do</strong> Rio Preto), São Fidélis e Campos <strong>do</strong>s Goytacazes. Assim,<br />
previa-se para o remanescente florestal em questão o status de Floresta <strong>Estadual</strong>. No<br />
entanto, a área acabou por adquirir a condição de <strong>Parque</strong>, mediante o Decreto-Lei nº 250,<br />
de 13 de abril de 1970, que criou e definiu as dimensões <strong>do</strong> PED (RIO DE JANEIRO,<br />
1970).<br />
O PED recebeu esta denominação por envolver, em seu interior, a Serra e a Pedra<br />
<strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>. Rezende e Di. Beneditto (2006) assinalaram que o nome “desengano” faz<br />
referência aos colonos de café que foram mal sucedi<strong>do</strong>s na região, devi<strong>do</strong> aos seus terrenos<br />
acidenta<strong>do</strong>s (Figura 2).<br />
Kury, 2008<br />
Figura 2. Vista parcial <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong><br />
O nome da<strong>do</strong> pelos técnicos para esta Unidade de Conservação (UC), em 1970,<br />
teve origem em uma fazenda situada aos pés da serra de mesmo nome, nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
5
<strong>Parque</strong>, no município de Santa Maria Madalena. A região <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, anteriormente,<br />
era conhecida como Serra <strong>do</strong> Rio Preto, em virtude de uma de suas nascentes que<br />
deságua na Lagoa de Cima, na região da baixada campista.<br />
A primeira demarcação <strong>do</strong> PED foi instituída pelo Decreto nº 14.871, de 20 de<br />
outubro de 1970 (RIO DE JANEIRO, 1970), que sem definições precisas, tornava difícil<br />
a delimitação <strong>do</strong> parque. Esse Decreto declarou de utilidade pública, para fins de<br />
desapropriação, os imóveis localiza<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> PED, e instituiu ação<br />
discriminatória das terras públicas situadas no interior <strong>do</strong>s limites descritos. Contu<strong>do</strong>, o<br />
Poder Executivo estadual decidiu suspender a execução <strong>do</strong> Decreto nº 14.871/70 até a<br />
sua caducidade, e pelo Decreto nº 16.437, de 23 de julho de 1974 (RIO DE JANEIRO,<br />
1974), excluiu da área desapropriada para o PED, 2.081.200 metros quadra<strong>do</strong>s, por<br />
considerá-la insignificante para a preservação <strong>do</strong>s ecossistemas protegi<strong>do</strong>s pela unidade,<br />
já que representavam apenas 0,3% <strong>do</strong> total da superfície demarcada pelo Decreto nº<br />
14.871/70.<br />
Após a fusão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Guanabara ao <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 1975, novas<br />
medidas foram tomadas nesta direção, sen<strong>do</strong> que a principal referiu-se à nova demarcação<br />
<strong>do</strong> perímetro <strong>do</strong> PED pelo Decreto nº 2.328, de 05 de janeiro de 1979 (ESTADO DO RIO<br />
DE JANEIRO, 1979), declaran<strong>do</strong>-o de utilidade pública para fins de desapropriação. A<br />
nova demarcação procurava seguir as cotas para conferir maior precisão à área <strong>do</strong> parque.<br />
Mesmo com o Decreto nº 7.121/83 (RIO DE JANEIRO, 1983), que criou uma Área de<br />
Proteção Ambiental (APA) superposta ao PED, seu perímetro permaneceu o mesmo. Pela<br />
Resolução nº 160, de 13 de março de 1985 da Secretaria de Agricultura e Abastecimento,<br />
atribui-se ao Departamento Geral de Recursos Naturais Renováveis a supervisão, a<br />
6
administração e a fiscalização da APA <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> e definiram-se as atividades e<br />
empreendimentos proibi<strong>do</strong>s em seu âmbito (RIO DE JANEIRO, 1985).<br />
2. Caracterização da importância ecológica<br />
2.1 Descrição Ecológica<br />
Um <strong>do</strong>s referenciais naturais de nosso país é a Mata Atlântica, bioma de<br />
importância elevada para a manutenção da vida e o equilíbrio <strong>do</strong> ecossistema, servin<strong>do</strong><br />
como regula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> ciclo hidrológico, qualidade da água, erosão <strong>do</strong> solo, etc.,<br />
caracteriza<strong>do</strong> pela diversidade de hábitat e pela existência de diversas espécies<br />
endêmicas. Que, entretanto, desde a colonização, vem sen<strong>do</strong> extremamente agredi<strong>do</strong> e<br />
explora<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> reduzi<strong>do</strong> a 6% da área original de 1.360.000km² espalha<strong>do</strong>s de forma<br />
fragmentada pelo território nacional. Segun<strong>do</strong> Fujieda et al (1997 apud: Tonhasca<br />
Júnior., 2005 ) há um relação direta entre a área da floresta e o regime de chuvas o que<br />
destaca, em termos quantitativos, a importância da Mata Atlântica como reservatório<br />
hídrico. Como exemplo tem-se que por causa <strong>do</strong>s freqüentes episódios de falta de água<br />
na cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, durante o regime imperial, o governo lançou mão de um<br />
grande programa de reflorestamento, que deu origem a uma das maiores florestas<br />
urbanas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: a floresta da Tijuca (Dean, 1996). Ainda sobre a água, destaca-se que<br />
mais de 100 milhões de pessoas em to<strong>do</strong> o Brasil são utilitárias de água originárias de<br />
rios e riachos que nascem na Mata Atlântica (Capobianco, 2001).<br />
Myers (1990 apud: Tonhasca Júnior., 2005), por outro la<strong>do</strong>, utilizou os critérios<br />
de riqueza de espécies e endemismo para selecionar 18 regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> com<br />
prioridade de conservação de plantas vasculares. A Mata Atlântica está presente nessa<br />
lista por causa <strong>do</strong>s seus excepcionais níveis de endemismo entre as espécies arbóreas,<br />
estimadas de 53 a 70 %, além de outros grupos de plantas como bromélias, samambaias<br />
e bambus.<br />
Nesse contexto, o PED é uma das mais importantes UCs no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de<br />
Janeiro, pois representa o último segmento contínuo de vegetação remanescente de Mata<br />
Atlântica no norte fluminense com grandes reservas de madeira de lei como cedro,<br />
jacarandá e óleo-par<strong>do</strong>, entre outras. A cobertura vegetal é constituída por Floresta<br />
7
Ombrófila Densa Montana (vai de 500 a 1.500 metros de altitude), Floresta Ombrófila<br />
Densa Submontana (até 500 metros), Floresta Semidecidual (encontrada na vertente<br />
continental) e por Campos de Altitude (a partir de 1.600 metros). Há grandes reservas de<br />
madeira-de-lei na área <strong>do</strong> parque.<br />
O PED possui mais de 400 espécies de aves (PINESCHI, 1989; SICK, 1997;<br />
PACHECO et al., 1992a; op. cit., 1992b; PACHECO et al.,1996a; op. cit., 1996b) e mais<br />
de 170 espécies de mamíferos. Entre as espécies raras de mamíferos destacam-se: preguiça-<br />
de-coleira (Bradypus torquatus), onça-parda (Felis concolor) e mono-carvoeiro<br />
(Brachyteles arachnoides) (MARTINELLI et al., 1989; MARTINELLI e VAZ, 1998).<br />
Martinelli et al. (1989) complementam a informação sobre a importância ecológica <strong>do</strong><br />
parque, quan<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> no quadro das UCs estaduais:<br />
“... apresenta os campos de altitude mais conserva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, se<br />
compara<strong>do</strong>s com os de Itatiaia, Frade, Morro <strong>do</strong> Cuca e Antas. O Clube<br />
de Observa<strong>do</strong>res de Aves (COA) <strong>do</strong> Rio de Janeiro vem estudan<strong>do</strong> as<br />
aves <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> desde 1985, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> encontradas na região cerca<br />
de 410 espécies [...]. Muitas delas estão ameaçadas de extinção, como<br />
jacutinga, macuco, gavião-pomba, gavião-pato, e outras como jacu,<br />
inhambu, araponga, gavião-pega-macaco e papagaio-chauá [...] Entre os<br />
mamíferos, destacam-se: preguiça-de-coleira, onça-parda, quati, paca,<br />
barba<strong>do</strong>, tatu-galinha, irara, cateto, queixada, sauá, cuíca, macaco-prego,<br />
furão e mão-pelada. Em julho de 1999, foi observa<strong>do</strong> também o muriqui,<br />
espécie de primata altamente ameaçada de extinção. A descoberta <strong>do</strong><br />
muriqui atraiu a atenção da comunidade científica nacional e<br />
internacional...”.<br />
Segun<strong>do</strong> Fujieda et al. (1997, apud: TONHASCA JR., 2005) há uma relação direta<br />
entre a área da floresta e o regime de chuvas o que ressalta, em termos quantitativos, a<br />
importância da Mata Atlântica como reservatório hídrico. Assim sen<strong>do</strong>, o PED é berço de<br />
diversas nascentes que alimentam os rios da região, tais com o Rio Mocotó, o Rio Opinião,<br />
o Rio Bela Joana, o Rio Preto e Rio <strong>do</strong> Norte. Ao longo de seus percursos, esses rios<br />
cruzam áreas de pastoreio e agricultura, além de algumas regiões mais urbanizadas<br />
localizadas no entorno <strong>do</strong> PED, estan<strong>do</strong> em parte dentro da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Imbé<br />
e da Lagoa de Cima (cuja área total de 1270km² tem 68% concentra<strong>do</strong> no Município de<br />
Campos <strong>do</strong>s Goytacazes). Numerosos cursos d’água têm nascentes no interior <strong>do</strong> parque,<br />
8
sen<strong>do</strong> alguns responsáveis pelo abastecimento <strong>do</strong>s municípios de Santa Maria Madalena,<br />
São Fidélis e Campos <strong>do</strong>s Goytacazes. São também atrativos a exuberância de cenários<br />
naturais e numerosas cachoeiras, entre as quais estão: Vernec, Bonita e Tromba d’Água. Os<br />
rios mais conheci<strong>do</strong>s são: Rio Grande e seus afluentes, ribeirões Macapá e Santíssimo, o<br />
Rio <strong>do</strong> Colégio e os rios segun<strong>do</strong> <strong>do</strong> Norte, Morumbeca, Aleluia e Mocotó, afluentes <strong>do</strong><br />
Rio Imbé. O último deságua na Lagoa de Cima, que, por sua vez, por meio de um<br />
sangra<strong>do</strong>uro forma<strong>do</strong> pelo Rio Ururaí, flui para a Lagoa Feia (REZENDE e DI<br />
BENEDITTO, 2006).<br />
Os campos de altitude no interior da área <strong>do</strong> PED encontram-se também em bom<br />
esta<strong>do</strong> de conservação. Neles, foram identificadas 283 espécies típicas deste ecossistema,<br />
sen<strong>do</strong> 14 endêmicas das montanhas da região. Apesar da extração madeira praticada<br />
durante as últimas cinco décadas, o PED possui elevada biodiversidade, ainda não<br />
totalmente conhecida pelo meio científico. Já foram encontradas no parque vinte novas<br />
espécies vegetais e um gênero novo denomina<strong>do</strong> Magdalenae, pertencente à família<br />
botânica Scrophulariaceae (MARTINELLI et al., 1989). Atualmente, apesar das pressões<br />
antrópicas, ainda são observadas algumas espécies importantes para análise de seu esta<strong>do</strong><br />
de conservação, consideradas raras, dentre elas: Vataireopsis araroba (angelim-amargoso –<br />
Leg. Papilionoideae); Ocotea cf. aniboides (canela – Lauraceae), e Clarisia racemosa<br />
(oiticica - Moraceae). Quanto ao grau de ameaça, algumas espécies observadas integram a<br />
lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção (IBAMA, 1992), a saber:<br />
Melanoxilum braunia Schott. (braúna - Leg. Caesalpinioideae), Ocotea porosa (Ness)<br />
Barroso (imbuia – Lauraceae), Dalbergia nigra (Vell.) Alemão (jacarandá-da-bahia - Leg.<br />
Papilionoideae), espécies classificadas como vulneráveis, e Ocotea o<strong>do</strong>rifera (Vell.)<br />
9
Rohwer (sassafraz – Lauraceae), considerada como espécie em perigo de extinção (FBCN,<br />
2003).<br />
2.2. Relevância <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> diante da CDB, ODM, SNUC e PNAP<br />
Em 1992, algumas UCs brasileiras, incluin<strong>do</strong> o PED, passaram a receber atenção<br />
especial da comunidade científica internacional, sen<strong>do</strong> elevadas à categoria de Reservas da<br />
Biosfera 2 , dentro <strong>do</strong> programa “Homem e a Biosfera”, das Nações Unidas, buscan<strong>do</strong><br />
conciliar o desenvolvimento e a proteção ambiental, compatibilizan<strong>do</strong> atividades de<br />
produção em zonas – tampão ou de transição e aplican<strong>do</strong> medidas de proteção nas zonas-<br />
núcleo, de mo<strong>do</strong> a proteger a diversidade biológica 3 e genética da área.<br />
2.2.1. Diante da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)<br />
A Convenção sobre Diversidade Biológica é um <strong>do</strong>s principais resulta<strong>do</strong>s da<br />
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),<br />
também conhecida como Rio 92 por ter si<strong>do</strong> realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992.<br />
É também um <strong>do</strong>s mais importantes instrumentos internacionais relaciona<strong>do</strong>s ao meio<br />
ambiente e funciona como um “guarda-chuva” legal/político para diversas convenções e<br />
acor<strong>do</strong>s ambientais mais específicos.<br />
A CDB é o principal fórum mundial na definição <strong>do</strong> marco legal e político para<br />
temas e questões relaciona<strong>do</strong>s à biodiversidade (190 Partes - 189 países e a União<br />
Européia) 4 . É o mais importante acor<strong>do</strong> internacional sobre diversidade biológica e tem<br />
como pilares a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus<br />
componentes e a repartição justa e eqüitativa <strong>do</strong>s benefícios deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursos<br />
genéticos.<br />
O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica e,<br />
para cumprir com os compromissos resultantes, vem crian<strong>do</strong> diversos instrumentos, tais<br />
2<br />
Instituída pela UNESCO, e baseadas no programa “O Homem e a Biosfera”, constitui-se num esforço de entidades<br />
governamentais e não governamentais em preservar o conjunto de ecossistemas que compõem o <strong>do</strong>mínio atlântico, incluin<strong>do</strong> a porção de<br />
terra onde a vida faz presente, envolven<strong>do</strong> a crosta terrestre, as águas, e a atmosfera, responsáveis pela existência <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />
3<br />
Entenda-se por biodiversidade a variabilidade genética, a totalidade de espécies, sua distribuição e estrutura ecológica e não<br />
apenas a diversidade de espécies.(Yázigi, 2001:147)<br />
4<br />
Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em http://www.biodiv.org (Acesso em 06/06/2008).<br />
10
como o Projeto Estratégia Nacional da Diversidade Biológica, cujo principal objetivo é a<br />
formalização da Política Nacional da Biodiversidade; a elaboração <strong>do</strong> Programa Nacional<br />
da Diversidade Biológica (PRONABIO), que viabiliza as ações propostas pela Política<br />
Nacional; e o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica<br />
Brasileira (PROBIO), que é um componente executivo <strong>do</strong> PRONABIO e objetiva apoiar<br />
iniciativas que ofereçam informações e subsídios básicos sobre a biodiversidade brasileira 5 .<br />
O <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> tem como um <strong>do</strong>s seus principais objetivos<br />
assegurar a preservação de remanescentes de Mata Atlântica existentes nos municípios <strong>do</strong><br />
norte fluminense, com suas espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, ou<br />
insuficientemente conhecidas cientificamente, além de integrar corre<strong>do</strong>res ecológicos<br />
capazes de garantir a preservação da diversidade biológica regional.<br />
Levan<strong>do</strong>-se em consideração os objetivos da criação <strong>do</strong> PED, podemos concluir que<br />
esses estão fundamenta<strong>do</strong>s em alguns <strong>do</strong>s princípios que deram origem à Convenção sobre<br />
Diversidade Biológica, a saber:<br />
Conscientes <strong>do</strong> valor intrínseco da diversidade biológica e <strong>do</strong>s valores<br />
ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural,<br />
recreativo e estético da diversidade biológica e de seus componentes;<br />
Conscientes, também, da importância da diversidade biológica para a<br />
evolução e para a manutenção <strong>do</strong>s sistemas necessários à vida da biosfera;<br />
Afirman<strong>do</strong> que a conservação da diversidade biológica é uma<br />
preocupação comum à humanidade;<br />
Reafirman<strong>do</strong>, igualmente, que os Esta<strong>do</strong>s são responsáveis pela<br />
conservação de sua diversidade biológica e pela utilização sustentável de<br />
seus recursos biológicos;<br />
Preocupa<strong>do</strong>s com a sensível redução da diversidade biológica causada por<br />
determinadas atividades humanas;<br />
Conscientes da falta geral de informação e de conhecimento sobre a<br />
diversidade biológica e da necessidade urgente de desenvolver<br />
capacitação científica, técnica e institucional que proporcione o<br />
conhecimento fundamental necessário ao planejamento e implementação<br />
de medidas adequadas;<br />
Observan<strong>do</strong> que é vital prever, prevenir e combater na origem as causas<br />
da sensível redução ou perda da diversidade biológica;<br />
5 Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em http://www.terrazul.net/ (Acesso em 06/06/2008)<br />
11
Observan<strong>do</strong> também que quan<strong>do</strong> exista ameaça de sensível redução ou<br />
perda de diversidade biológica, a falta de plena certeza científica não deve<br />
ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou minimizar<br />
essa ameaça;<br />
Observan<strong>do</strong> igualmente que a exigência fundamental para a conservação<br />
da diversidade biológica é a conservação in situ <strong>do</strong>s ecossistemas e <strong>do</strong>s<br />
habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de<br />
espécies no seu meio natural;<br />
Determinadas a conservar e utilizar de forma sustentável a diversidade<br />
biológica para benefício das gerações presentes e futuras (RENCTAS,<br />
2008).<br />
De acor<strong>do</strong> com o artigo 8 (Conservação In situ) da CDB, cada parte contratante deve<br />
“estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser<br />
tomadas para conservar a diversidade biológica e desenvolver, se necessário, diretrizes<br />
para a seleção, estabelecimento e administração de áreas protegidas ou áreas onde<br />
medidas especiais precisem ser tomadas para conservar a diversidade biológica”. Desta<br />
forma, a criação <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> contempla esses aspectos da CDB.<br />
Ainda em relação a CDB, de acor<strong>do</strong> com o artigo 13 (Educação e Conscientização<br />
Pública), cada parte contratante deve “promover e estimular a compreensão da importância<br />
da conservação da diversidade biológica e das medidas necessárias a esse fim, sua<br />
divulgação pelos meios de comunicação, e a inclusão desses temas nos programas<br />
educacionais”. Portanto, o PED cumpre com seu objetivo como Unidade de Conservação 6<br />
de proteção integral no que tange ao desenvolvimento de atividades de educação e<br />
interpretação ambiental. Nesse contexto, podemos afirmar, ainda, que a criação <strong>do</strong> <strong>Parque</strong><br />
está de acor<strong>do</strong> com a Convenção sobre Diversidade Biológica.<br />
2.2.2. Diante <strong>do</strong>s Objetivos <strong>do</strong> Milênio (ODM)<br />
A criação <strong>do</strong> PED, de grande importância para a preservação de remanescentes de<br />
Mata Atlântica existentes no norte fluminense, está diante <strong>do</strong> desafio da integração da área<br />
6 As unidades de conservação (UC), um tipo especial de área protegida, são espaços territoriais<br />
(incluin<strong>do</strong> seus recursos ambientais e as águas jurisdicionais) com características naturais relevantes,<br />
legalmente instituí<strong>do</strong>s pelo Poder Público, com objetivos de conservação e de limites defini<strong>do</strong>s, sob regime<br />
especial de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção. (BRASIL, 2006)<br />
12
<strong>do</strong> <strong>Parque</strong> à corre<strong>do</strong>res ecológicos devi<strong>do</strong> a forte pressão antrópica sofrida pela Mata<br />
Atlântica na região. Essa necessidade é considerada estratégica para garantir o futuro da<br />
diversidade biológica regional e ainda fazer com que a Unidade de Conservação<br />
proporcione o desenvolvimento de iniciativas capazes de conciliar a viabilidade econômica<br />
com a utilização racional <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />
A criação <strong>do</strong> PESC está em sua essência, coadunada aos Objetivos <strong>do</strong><br />
Desenvolvimento <strong>do</strong> Milênio (ODM), conjunto de oito grandes diretrizes defini<strong>do</strong> pela<br />
Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, com intuito de construir uma plataforma<br />
de desenvolvimento com sustentabilidade para o planeta, reduzin<strong>do</strong> as condições de<br />
pobreza, desigualdade social e degradação ambiental global até 2015. A partir de um<br />
esforço global entre to<strong>do</strong>s os agentes sociais, a ONU enumerou os seguintes desafios como<br />
Objetivos de Desenvolvimento <strong>do</strong> Milênio:<br />
1- Erradicar a extrema pobreza e a fome<br />
2- Universalizar a educação primária<br />
3- Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres<br />
4- Reduzir a mortalidade na infância<br />
5- Melhorar a saúde materna<br />
6- Combater o HIV/AIDS, a malária e outras <strong>do</strong>enças<br />
7- Garantir a sustentabilidade ambiental<br />
8- Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento<br />
Segun<strong>do</strong> Ayala e Nadai, os ODM podem servir de elo entre as agendas <strong>do</strong>s<br />
governos, das empresas, <strong>do</strong>s movimentos sociais e das organizações representativas da<br />
sociedade civil em nível global.<br />
“Para avançarmos no cumprimento <strong>do</strong>s ODM, cada uma das metas a<br />
serem atingidas deve ser traduzida em políticas públicas específicas,<br />
voltadas para a inclusão social, a redução das desigualdades em to<strong>do</strong>s os<br />
campos, a promoção à saúde e da qualidade de vida das populações mais<br />
vulneráveis, além da defesa <strong>do</strong> meio ambiente e <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
sustentável” (Ayala e Nadai, 2006, p. 5) .<br />
A existência <strong>do</strong> PED está de acor<strong>do</strong>, principalmente, com o sétimo ODM, que trata da<br />
garantia de sustentabilidade ambiental. Vale ressaltar que, para alcançar especificamente<br />
esse objetivo, foram traçadas as seguintes metas pela ONU:<br />
13
- Integrar os princípios <strong>do</strong> desenvolvimento sustentável nas políticas e<br />
programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.<br />
- Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso<br />
permanente e sustentável à água potável e esgotamento sanitário.<br />
- Até 2020, ter alcança<strong>do</strong> uma melhora significativa na qualidade de vida<br />
de pelo menos 100 milhões de habitantes de assentamentos precários.<br />
(Ayala e Nadai, 2006, p. 11).<br />
Assegurar a proteção <strong>do</strong>s mananciais de água <strong>do</strong>ce da região é um grande fator de<br />
incentivo à existência <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> inseri<strong>do</strong> na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, uma<br />
das mais importantes e degradadas <strong>do</strong> Brasil, o PED está contribuin<strong>do</strong> para a<br />
sustentabilidade das fontes de água <strong>do</strong>ce, entre outros recursos naturais estratégicos da<br />
região.<br />
Embora seja uma área protegida de proteção integral, que impede o uso direto da<br />
biodiversidade e outros recursos naturais, o PED pode servir de vetor <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
local e regional a partir de iniciativas educacionais e de geração de renda sustentáveis,<br />
como por exemplo, as alianças focadas no turismo como atividade econômica. Assim, a<br />
criação <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> estaria também de acor<strong>do</strong> com outros <strong>do</strong>is ODM: o primeiro que trata da<br />
redução da pobreza e da miséria, além <strong>do</strong> oitavo, volta<strong>do</strong> ao estabelecimento de parcerias<br />
para o desenvolvimento.<br />
Embora a conservação da diversidade biológica seja a principal meta da maior parte<br />
das áreas protegidas, a relação entre a criação e gestão desses espaços naturais, e a pobreza<br />
<strong>do</strong>s países onde eles estão em implantação pois tem cresci<strong>do</strong> o entendimento de que é<br />
preciso conciliar a destinação de áreas para a conservação da biodiversidade e uso<br />
sustentável <strong>do</strong>s recursos naturais em nível local, com os meios de subsistência,<br />
oportunidades e capacidade de ação da população pobre. Esse novo olhar sobre as áreas<br />
protegidas, consta da Recomendação 5.29, <strong>do</strong> V Congresso Mundial de <strong>Parque</strong>s, realiza<strong>do</strong><br />
em Durban (África <strong>do</strong> Sul), em 2003):<br />
As áreas protegidas não devem ser concebidas como ilhas de conservação<br />
isoladas <strong>do</strong> contexto social, cultural e econômico no qual estão inseridas.<br />
A pobreza, os deslocamentos da população, a fome e a degradação da<br />
terra têm um profun<strong>do</strong> impacto na biodiversidade e nas áreas protegidas,<br />
consistin<strong>do</strong> numa séria ameaça para sua sobrevivência. A pobreza é<br />
multidimensional (falta de recursos/oportunidades, vulnerabilidade e falta<br />
14
de poder ou de expressão) e as áreas protegidas podem contribuir<br />
consideravelmente para a redução da pobreza e para os moldes mais<br />
amplos de desenvolvimento, estabeleci<strong>do</strong>s nos Objetivos de<br />
Desenvolvimento <strong>do</strong> Milênio e no Plano de Implementação da Cúpula<br />
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WSSD) (SCHERL et al,<br />
2006, p. 55).<br />
Assim, a recomendação mencionada está em consonância com os ODM da ONU e<br />
pode inspirar a gestão <strong>do</strong> PED, a fim de que a UC seja gerida como área destinada à<br />
preservação da biodiversidade e outros recursos naturais da Serra <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, bem como<br />
indutora de desenvolvimento socioeconômico sustentável no seu entorno.<br />
2.2.3. Diante <strong>do</strong> Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)<br />
A preocupação com a proteção <strong>do</strong>s remanescentes de Mata Atlântica está alinhada<br />
aos propósitos <strong>do</strong> Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que<br />
foi instituí<strong>do</strong> pela Lei n º 9985, de 18 de julho de 2000, com intuito de estabelecer critérios<br />
e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação no Brasil. Esse<br />
arcabouço legal resultante de um longo processo de discussão com a sociedade, reúne em<br />
seu conteú<strong>do</strong>, uma base normativa que, além de inspirar a criação de UCs, pode contribuir<br />
para a implementação de formas de gestão mais avançadas e participativas.<br />
Já no seu Art. 11°, o SNUC define que a categoria <strong>Parque</strong> Nacional “tem como<br />
objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e<br />
beleza cênica, possibilitan<strong>do</strong> a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de<br />
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e<br />
de turismo ecológico”.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, percebe-se, que a criação <strong>do</strong> PED atende, diretamente, aos seguintes<br />
objetivos <strong>do</strong> SNUC:<br />
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e <strong>do</strong>s recursos genéticos<br />
no território nacional e nas águas jurisdicionais;<br />
naturais;<br />
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;<br />
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas<br />
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;<br />
15
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,<br />
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;<br />
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;<br />
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estu<strong>do</strong>s e<br />
monitoramento ambiental;<br />
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a<br />
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.<br />
Além de proteger a diversidade biológica, presente nos seus remanescentes de Mata<br />
Atlântica e seus recursos naturais estratégicos, entre os quais se destacam importantes<br />
reservas de água <strong>do</strong>ce, a criação <strong>do</strong> PED, demonstra, ainda, sintonia com o SNUC, em<br />
relação ao seu potencial de resguardar a beleza cênica, que, pode funcionar como indutor<br />
<strong>do</strong> turismo ecológico da região, reconhecida pela exuberância da paisagem, presente em<br />
fragmentos florestais que resistiram às pressões da atividade cafeeira <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>.<br />
Vale ressaltar ainda, que, no Art.5º <strong>do</strong> Capítulo II <strong>do</strong> SNUC, a valorização da<br />
proteção ambiental, bem como da participação social na criação, implantação e gestão de<br />
Unidades de Conservação, está mencionada entre as 13 diretrizes que regem esse arcabouço<br />
legal.<br />
Ficam evidentes, a seguir, as que mais aproximam a criação <strong>do</strong> PED <strong>do</strong>s ideais <strong>do</strong><br />
SNUC. Essas são diretrizes que:<br />
I - assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas<br />
amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e<br />
ecossistemas <strong>do</strong> território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardan<strong>do</strong> o patrimônio<br />
biológico existente;<br />
II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da<br />
sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidade de conservação;<br />
III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação<br />
e gestão das unidades de conservação;<br />
IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações-não-governamentais, de<br />
organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estu<strong>do</strong>s,<br />
pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de<br />
16
turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das<br />
unidades de conservação.<br />
2.2.4. Diante <strong>do</strong> Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP)<br />
O PNAP é um instrumento de gestão, dinâmico e flexível, composto por um conjunto<br />
de princípios, diretrizes, objetivos e estratégias para o estabelecimento, até 2015, de um<br />
sistema abrangente de áreas protegidas, ecologicamente representativo e efetivamente<br />
maneja<strong>do</strong>, integra<strong>do</strong> a áreas terrestres e marinhas mais amplas (BRASIL, 2006). A<br />
finalidade desse conjunto de diretrizes é a implementação de um adequa<strong>do</strong> estilo de gestão<br />
<strong>do</strong> sistema de Unidades de Conservação, objetivan<strong>do</strong> estimular a sustentabilidade, redução<br />
da pobreza, além de ter impacto direto na conservação da biodiversidade e <strong>do</strong>s serviços<br />
ambientais.<br />
O PED foi cria<strong>do</strong> sem ser acompanha<strong>do</strong> de uma estratégia de inclusão social ou<br />
mecanismo de participação da sociedade na discussão de políticas públicas de proteção da<br />
natureza, o que era a prática normal em sua época. Ao que tu<strong>do</strong> indica, esse ponto de<br />
fragilidade exigirá esforço contínuo das representações sociais locais e <strong>do</strong>s órgãos<br />
ambientais, na busca de ampliação <strong>do</strong> diálogo para avançar no processo de gestão<br />
participativa, incorporada ao conteú<strong>do</strong> de marcos legais como o SNUC e o PNAP.<br />
As diretrizes propostas pelo PNAP levam em consideração que as áreas protegidas<br />
representam algumas das ferramentas mais eficientes para a proteção da biodiversidade e<br />
também redução da pobreza, o que leva a crer que a existência <strong>do</strong> PED também está<br />
alinhada aos propósitos desse recente marco legal.<br />
A consolidação desse marco legal, coordenada pelo Ministério <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente, prevê ações estratégicas que possibilitam a efetividade <strong>do</strong> processo de gestão<br />
participativa das áreas protegidas, visan<strong>do</strong> permitir ao País reduzir a perda da<br />
biodiversidade e, concomitantemente, impulsionar o desenvolvimento sustentável e a<br />
melhoria da qualidade de vida da sociedade. Tais motivações também reforçam o<br />
entendimento de que a criação <strong>do</strong> PED está de acor<strong>do</strong> com as diretrizes <strong>do</strong> PNAP.<br />
O Plano, que contempla áreas naturais brasileiras com base nas particularidades<br />
<strong>do</strong>s ecossistemas, pretende consolidar os instrumentos de participação social na gestão das<br />
UC propostos no SNUC. Incorpora também diretrizes para integração e manejo das áreas<br />
17
protegidas, terras indígenas, quilombolas e reserva legal dirigidas à construção de novas<br />
práticas em políticas de conservação da biodiversidade (BRASIL, 2006).<br />
O PNAP está organiza<strong>do</strong> em eixos temáticos para orientar o detalhamento <strong>do</strong>s<br />
objetivos e ações previstos no SNUC, com ênfase no princípio da associação direta entre<br />
proteção da biodiversidade e da sociodiversidade para as novas práticas de gestão de áreas<br />
protegidas. Cada eixo temático <strong>do</strong> PNAP se divide em objetivos gerais e específicos, de<br />
forma a orientar as ações relativas à efetividade da proteção da natureza e considerar a<br />
flexibilização de formas de uso <strong>do</strong>s recursos naturais em função <strong>do</strong> contexto sócio-<br />
econômico da região onde os espaços naturais protegi<strong>do</strong>s se inserem (BRASIL, 2006).<br />
As ações estratégicas previstas no PNAP e refletidas na criação de Unidades de<br />
Conservaçã, evidenciam claramente a mudança de foco em políticas públicas de proteção<br />
da biodiversidade. Demonstram, assim, o que Loureiro & Azaziel (2006) mencionam como<br />
um “um olhar convergente” para a interpretação da relação natureza e sociedade, a partir da<br />
compreensão de que não é mais possível continuar a pensar estratégias de conservação<br />
dissociadas da dinâmica socioeconômica regional, consideran<strong>do</strong> a realidade de um país<br />
caracteriza<strong>do</strong> por fortes desigualdades sociais.<br />
Diante desse contexto, as orientações <strong>do</strong> PNAP parecem fundamentais para<br />
garantir a necessária transformação nas formas de intervenção na natureza e viabilizar a<br />
gestão sociambiental das UC, principalmente as de uso indireto como o PESC. Porém, o<br />
processo de gestão proposto exige, entre outros fatores, a possibilidade de captação de<br />
recursos, infra-estrutura de funcionamento, organização adequada aos resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s,<br />
de forma a reconhecer os distintos porta-vozes e expressar o dispositivo de poder que<br />
institui uma verdade jurídica, alia<strong>do</strong> à ideologia da Constituição Cidadã (BRASIL, 1988).<br />
3. Caracterização sócioeconômica da área de inserção <strong>do</strong> <strong>Parque</strong><br />
3.1 Parâmetros Sócio-Econômicos<br />
3.1.1 Ocupação Humana<br />
Uma primeira abordagem na evolução populacional <strong>do</strong>s municípios da área de<br />
influência indica um quadro de assimetria e uma perspectiva de existirem dinâmicas sociais<br />
e econômicas bastante diversas entre os mesmos. Dos três municípios, Campos <strong>do</strong>s<br />
Goytacazes é, em grande medida, o mais populoso e o único que apresentou crescimento<br />
18
demográfico absoluto nas últimas sete décadas, acompanhan<strong>do</strong> a tendência geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro. O Município de São Fidélis percebeu um decréscimo populacional de<br />
quase 20% no mesmo perío<strong>do</strong>, o que pode ser considera<strong>do</strong> um primeiro indica<strong>do</strong>r da<br />
estagnação econômica verificada nos últimos ciclos econômicos. A situação mais crítica,<br />
<strong>do</strong> ponto de vista da perda de população, é verificada no Município de Santa Maria<br />
Madalena, que viu sua população decrescer cerca de 42% desde o Censo Demográfico de<br />
1940 como se pode observar nos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 1.<br />
Municípios 1940<br />
Campos<br />
1950 1960 1970 1980 1991 2000<br />
<strong>do</strong>s<br />
Goytacazes<br />
180.677 200.327 246.865 318.806 348.542 376.290 406.511<br />
São Fidélis 45.679<br />
Santa<br />
43.869 38.715 35.143 34.973 34.581 36.774<br />
Maria<br />
Madalena<br />
17.936 14.592 14.754 12.452 11.802 10.850 10.336<br />
Área de<br />
246.232<br />
Influência<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
260.738 302.294 365.401 395.317 423.712 455.621<br />
Rio<br />
Janeiro<br />
de 3.611.998 4.674.645 6.709.891 4.742.884 11.291.631 12.807.706 14.367.083<br />
Tabela 1. População residente segun<strong>do</strong> os municípios limítrofes e o total <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />
Fontes: IBGE - Censos Demográficos. CIDE - Anuário Estatístico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
Resultantes diretos da evolução populacional na Área de Influência, os da<strong>do</strong>s de<br />
densidade demográfica indicam, entre outras coisas, o grau de utilização <strong>do</strong> território e<br />
possíveis pressões que a população possa estar fazen<strong>do</strong> sobre as infra-estruturas existentes<br />
ou sobre ecossistemas vizinhos às áreas ocupadas. No caso <strong>do</strong>s municípios em estu<strong>do</strong>, o<br />
Gráfico 1 apresenta uma tendência de queda na densidade demográfica de São Fidélis e de<br />
Santa Maria Madalena, apresentan<strong>do</strong> velocidades de declínio bastante semelhantes. Neste<br />
caso, é possível apontar que o processo de estagnação econômica tenha atingi<strong>do</strong> a ambos<br />
com a mesma intensidade e sobre as mesmas estruturas sócio-econômicas<br />
19
Gráfico 1. Densidade demográfica <strong>do</strong>s municípios limítrofes <strong>do</strong> PED no perío<strong>do</strong> de 1940 a 2000.<br />
Fonte: IBGE - Censos Demográficos.<br />
O município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, por ser um centro urbano de alcance<br />
regional e estadual, no Rio de Janeiro, apresenta múltiplos fatores de atração para parcelas<br />
de população que, de alguma forma, deslocam-se das áreas mais estagnadas <strong>do</strong> Noroeste e<br />
<strong>do</strong> Norte Fluminense em busca de melhores oportunidades de trabalho e de qualidade de<br />
vida. As análises demográficas preliminares apontam para duas macro-conjunturas distintas<br />
na Área de Influência <strong>do</strong> PED: de um la<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is municípios com fortes indícios de<br />
estagnação econômica e desagregação social decorrente de um processo contínuo de<br />
esvaziamento de pólos dinâmicos e emigração, ao longo de mais de meio século; de outro<br />
la<strong>do</strong>, um município diretamente vincula<strong>do</strong> ao processo de formação <strong>do</strong> espaço fluminense,<br />
apresentan<strong>do</strong>, até hoje, um peso econômico e político.<br />
Com relação à segmentação etária, a Tabela 2 demonstra um padrão homogêneo nos<br />
três municípios. Cerca de metade da população residente é composta por crianças em idade<br />
escolar e jovens em idade de entrada na População Economicamente Ativa. Os Gráficos 2a<br />
a 2d demonstram um padrão homogêneo nos três municípios: cerca de metade da<br />
população residente é composta por crianças em idade escolar e jovens em idade de entrada<br />
na População Economicamente Ativa.<br />
20
Tabela 2. População residente na área de influência <strong>do</strong> ped, por sexo, situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio e idade.<br />
Fonte: IBGE, 2000.<br />
Esse quadro indica uma provável pressão sobre o merca<strong>do</strong> de trabalho local e sobre<br />
os serviços públicos (notadamente as redes de ensino e de saúde) bem como uma grande<br />
demanda por conectividade entre as localidades urbanas e as áreas rurais, o que levanta a<br />
questão das infra-estruturas de transporte, bem como uma grande demanda por<br />
conectividade entre as localidades urbanas e as áreas rurais, o que levanta a questão das<br />
infra-estruturas de transporte.<br />
45 a 64 anos<br />
17,0%<br />
30 a 44 anos<br />
22,2%<br />
65 anos ou<br />
mais 7,1%<br />
Área de Influência<br />
Campos <strong>do</strong>s Goytacazes<br />
São Fidélis<br />
0 a 14 anos<br />
27,1%<br />
15 a 29 anos<br />
26,5%<br />
45 a 64 anos<br />
17,8%<br />
30 a 44 anos<br />
20,6%<br />
65 anos ou<br />
mais 9,1%<br />
Santa Maria Madalena<br />
65 anos ou<br />
65 anos mais ou 6,9%<br />
Município<br />
45 a 64 anos Sexo mais 9,7% Total<br />
16,9%<br />
45 a 64 anos<br />
18,7%<br />
Campos Feminino 210.278<br />
Situação Grupos de Idade<br />
0 a 14 anos<br />
0 a 14 anos Urbana 27,3% Rural 0 a 14 15 a 29<br />
24,7%<br />
anos anos<br />
189.412 20.866 54.804 54.932<br />
30 a 44<br />
anos<br />
47.758<br />
45 a 64<br />
anos<br />
36.951<br />
65 e mais<br />
15.833<br />
<strong>do</strong>s Masculino 196.711 174.765 21.946 56.345 53.577 42.991 31.704 12.094<br />
Goytacazes<br />
40 a 44 anos Total 406.989<br />
22,3% 30 a 44 anos<br />
Santa 21,8% Feminino 5.135<br />
364.177 42.812 111.149 108.509 90.749<br />
15 a 29 15 anos a 29 anos<br />
2.829 25,2% 26,7% 2.306 1.364 1.373 1.068<br />
68.655<br />
859<br />
27.927<br />
471<br />
Maria Masculino 5.341 2.701 2.640 1.405 1.359 1.093 1.001 483<br />
Madalena Total 10.476 5.530 4.946 2.769 2.732 2.161 301.860 954<br />
Feminino 18.711 13.889 4.822 4.408 4.735 4.120 3.552 1.896<br />
São Fidélis Masculino 18.078 12.624 5.454 4.666 4.533 3.884 3.327 1.668<br />
Total 36.789 26.513 10.276 9.074 9.268 8.004 6.879 3.564<br />
Feminino 234.124<br />
Área de<br />
Masculino 220.130<br />
Influência<br />
Total 454.254<br />
206.130<br />
190.090<br />
396.220<br />
27.994 60.576 61.040 52.946 41.362<br />
30.040 62.416 59.469 47.968 36.032<br />
58.034 122.992 120.509 100.914 77.394<br />
18.200<br />
14.245<br />
32.445<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Feminino 7.490.947 7.517.575 273.372 1.782.870 1.917.666 1.731.793 1.417.723 640.895<br />
Rio de Masculino 6.900.335 6.603.891 296.444 1.836.769 1.864.764 1.564.286 1.205.802 428.714<br />
Janeiro Total 14.391.282 13.821.466 569.816 3.619.639 3.782.430 3.296.079 2.623.525 1.069.609<br />
21<br />
0 a 14 anos<br />
26,4%<br />
15 a 29 anos<br />
26,1%
Gráficos 2a a 2d. Perfil populacional da área de influência <strong>do</strong> PED egun<strong>do</strong> os grupos de idade.<br />
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000.<br />
Se o contingente populacional que chegou nos últimos anos é relativamente<br />
pequeno, é possível inferir que a estrutura social da região apresenta longas histórias de<br />
vida e fortes vínculos com seus lugares de residência - fato que tem implicações diretas<br />
numa possível abordagem das comunidades, visan<strong>do</strong> empreender processos de mudança de<br />
cultura preservacionista e/ou produtiva.<br />
3.1.2 - Atividades Econômicas<br />
Uma primeira abordagem <strong>do</strong> sistema produtivo pode ser percebida no Gráfico 3,<br />
onde se verifica a estrutura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho formal (trabalha<strong>do</strong>res com carteira<br />
assinada) segun<strong>do</strong> os grandes setores de atividade econômica. Apesar de ser um da<strong>do</strong><br />
limita<strong>do</strong>, no que concerne à abrangência <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal na economia brasileira atual, é<br />
possível perceber que as dinâmicas econômicas decorrentes <strong>do</strong>s processos de estagnação<br />
<strong>do</strong>s pólos dinâmicos nos últimos decênios provocou um processo bastante típico nas<br />
cidades brasileiras: a proeminência <strong>do</strong> Setor Terciário sobre os demais.<br />
Esta característica marcante nos três municípios da área de influência <strong>do</strong> PED<br />
decorrem, numa inferência preliminar, <strong>do</strong> fato <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res formais estarem, na<br />
conjuntura macroeconômica, muito mais concentra<strong>do</strong>s nas áreas urbanas, exercen<strong>do</strong>, logo,<br />
atividades ligadas ao comércio e à prestação de serviços. Tal fato, porém, não exclui a<br />
necessidade de uma análise mais aprofundada nos setores produtivos da economia. Dadas<br />
as características da população, é preciso conhecer a estrutura agrária e a base industrial <strong>do</strong>s<br />
municípios em estu<strong>do</strong>.<br />
GRÁFICO 3<br />
PESSOAL OCUPADO NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PED<br />
SEGUNDO OS SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA (DEZ/2001)<br />
22
Terciário<br />
59,0%<br />
Terciário<br />
68,1%<br />
Campos <strong>do</strong>s Goytacazes<br />
Santa Maria Madalena<br />
Primário<br />
9,3%<br />
Primário<br />
13,6%<br />
Secundário<br />
2,6%<br />
Secundário<br />
27,5%<br />
23
Terciário<br />
60,5%<br />
Terciário<br />
67,5%<br />
São Fidélis<br />
Área de Influência<br />
Primário<br />
9,6%<br />
Primário<br />
13,2%<br />
Secndário<br />
26,3%<br />
Secundário<br />
23,0%<br />
Fonte: Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego (RAIS 2001).<br />
3.1.2.1 - Setor Primário<br />
Para conhecer o perfil da produção primária <strong>do</strong>s municípios da Área de Influência<br />
<strong>do</strong> PED, cabe traçar um panorama sobre a utilização da terra uma vez que sabemos ser<br />
possível apontar a pre<strong>do</strong>minância acentuada da atividade pecuária pois cerca de 57% da<br />
área é ocupada por estabelecimentos rurais em Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, e cerca de 70%<br />
nos demais municípios, apresentan<strong>do</strong>-se como pastagens. Ainda, no caso de Campos,<br />
verifica-se um percentual em torno de 30% da área aproveitada como lavouras temporárias<br />
(notadamente as plantações de abacaxi localizadas no norte <strong>do</strong> Município). Apesar de<br />
tratar-se de um da<strong>do</strong> com uma certa distância temporal, consideran<strong>do</strong> o fato da região ser<br />
marcada por um quadro de estagnação produtiva, é razoável inferir que a situação atual não<br />
tenha sofri<strong>do</strong> alterações expressivas.<br />
No que concerne à condição de ocupação das terras, por parte <strong>do</strong>s produtores rurais,<br />
verifica-se que a grande maioria <strong>do</strong>s estabelecimentos rurais são administra<strong>do</strong>s pelos<br />
24
próprios <strong>do</strong>nos. É o que mostram os índices acima de 90% de proprietários entre os<br />
produtores rurais nos três municípios da Área de Influência. Trata-se de um da<strong>do</strong><br />
importante a ser considera<strong>do</strong> no momento de definir as práticas de manejo a serem<br />
implementadas na Zona de Entorno <strong>do</strong> PED.<br />
A Área de Influência <strong>do</strong> PED era caracterizada, com censo feito em 1996, por<br />
pequenos e médios estabelecimentos rurais, com pre<strong>do</strong>mínio de propriedades com até 500<br />
ha. Tal conclusão demonstra que apesar das pequenas propriedades (até 50 ha) se<br />
constituírem em mais de 80% <strong>do</strong>s estabelecimentos rurais, abrangiam, em 1996, cerca de<br />
apenas 20% das terras ocupadas na Área de Influência. Quan<strong>do</strong> o escopo da análise é<br />
amplia<strong>do</strong>, incorporan<strong>do</strong> também as propriedades médias (de 50 a 500 ha), verifica-se que<br />
98,57% das propriedades ocupam 68,59% da área ocupada. Trata-se de um quadro bastante<br />
semelhante ao verifica<strong>do</strong> para o conjunto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
No tocante a agricultura, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE para o perío<strong>do</strong> de 1996 a 2001,<br />
não há uma tendência de aumento na produtividade nos municípios limítrofes ao PED. Ao<br />
contrário <strong>do</strong> que acontece nos indica<strong>do</strong>res gerais da produção agrícola brasileira, e bem<br />
diferente da realidade verificada para o conjunto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, os da<strong>do</strong>s de<br />
rendimento da produção agrícola corroboram as informações anteriores e começam a<br />
delinear os detalhes <strong>do</strong> quadro de estagnação econômica aponta<strong>do</strong> anteriormente.<br />
No detalhamento <strong>do</strong>s rendimentos da produção agrícola para o ano 2001, disponível<br />
no relatório temático de socioeconômica p2 em Anexo, é possível confirmar, mais uma vez,<br />
o pequeno grau de competitividade <strong>do</strong>s produtos da Área de Influência <strong>do</strong> PED, já que<br />
poucas culturas tem rendimentos acima da média nacional e considerada a pequena<br />
extensão de terras utilizadas para lavoura. Pode–se assim concluir que a produção agrícola<br />
da Área de Influência <strong>do</strong> PED está voltada prioritariamente para a demanda de subsistência<br />
das comunidades rurais e/ou para os merca<strong>do</strong>s locais nos distritos mais urbaniza<strong>do</strong>s.<br />
Vale lembrar que, no rol de produtos existentes nos municípios analisa<strong>do</strong>s, algumas<br />
culturas apresentam um forte potencial para geração de renda, desenvolvimento <strong>do</strong> setor<br />
agrícola e fixação da população no campo. Produtos como a goiaba, o maracujá, o melão e<br />
o abacaxi, facilmente adaptáveis às condições fisiográficas da região apresentam-se como<br />
alternativas no caso de um processo de estímulo continua<strong>do</strong> ao desenvolvimento da<br />
produção agrícola. É possível apontar um tipo de cultura que, apesar de não aparecer<br />
25
formalmente nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE para os municípios da Área de Influência <strong>do</strong> PED, pode<br />
vir a ser um fator importante em projetos de manejo e desenvolvimento sustentável da<br />
exploração no entorno <strong>do</strong> PED: a cultura <strong>do</strong> palmito. Dadas as suas características<br />
peculiares (retorno apenas a longo prazo, possibilidade de interação com os ecossistemas<br />
nativos, alta rentabilidade quan<strong>do</strong> corretamente manejada), seria um amplo esforço de<br />
mudança na cultura produtiva das populações locais.<br />
No que concerne à produção pecuária, é facilmente perceptível que os rebanhos <strong>do</strong>s<br />
municípios da Área de Influência significam muito pouco em relação ao total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Rio de Janeiro, e <strong>do</strong> total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em relação aos rebanhos nacionais. Por estas<br />
comparações, no panorama mais geral da realidade brasileira a pecuária fluminense tem<br />
baixa participação no cenário nacional.<br />
Soman<strong>do</strong>-se a estes da<strong>do</strong>s e o baixo dinamismo da atividade, tem-se que as<br />
atividades pecuárias, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, são marcadas pelo caráter extensivo e<br />
pelos baixos investimentos nas criações. Sen<strong>do</strong> assim, é possível concluir que o rebanho da<br />
Área de Influência <strong>do</strong> PED está volta<strong>do</strong> para merca<strong>do</strong>s locais e regionais. Existe no entanto<br />
potencial para produção e comercialização de produtos de origem animal, que possibilitara<br />
maior rentabilidade e/ou competitividade frente aos grandes merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />
metropolitanos ou estrangeiros.Consideran<strong>do</strong> ainda o setor primário, o extrativismo e à<br />
silvicultura, apontam um da<strong>do</strong> relevante para a área de influência <strong>do</strong> PED, já que o mesmo<br />
representa uma das mais importantes áreas com cobertura florestal no território <strong>do</strong>s<br />
municípios analisa<strong>do</strong>s. Analisan<strong>do</strong> números de IBGE de 2001, verifica-se que os três<br />
municípios respondem por cerca de 58% da produção de madeira e lenha extraída e de 72%<br />
da produção de madeira e lenha cultivadas, em relação ao total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
Os da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s indicam ainda que os municípios mantêm uma produção quase que<br />
constante sem aumentar a quantidade produzida tanto <strong>do</strong>s produtos extrativos quanto da<br />
silvicultura.<br />
3.1.2.2. - Setor Secundário<br />
Pre<strong>do</strong>minam no setor industrial da Área de Influência <strong>do</strong> PED, segmentos<br />
caracteriza<strong>do</strong>s pelo baixo nível de rendimento, investimento tecnológico e por empregar um<br />
contingente pequeno e pouco qualifica<strong>do</strong> de trabalha<strong>do</strong>res. Para corroborar tal avaliação, é<br />
26
suficiente citar a participação da Construção Civil (44,23% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res industriais<br />
campistas; 68,51% <strong>do</strong>s madalenenses e 55,30% <strong>do</strong>s fidelenses) em relação aos demais<br />
segmentos e o fato de rendimento médio mensal <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res industriais, em<br />
dezembro de 2001, estar abaixo de <strong>do</strong>is salários mínimos nas indústrias extrativas minerais,<br />
de transformação e da construção.<br />
A única exceção a esta regra, em termos de rendimento médio, é o segmento das<br />
indústrias de utilidade pública (água, eletricidade etc.) que, da<strong>do</strong> à maior necessidade de<br />
qualificação tecnológica, paga salários médios bem maiores que os demais segmentos.<br />
Entretanto, este segmento <strong>do</strong> Setor Secundário é pouco significativo em termos de geração<br />
de postos de trabalho (menos de 3% <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s no setor industrial da Área de<br />
Influência).<br />
Apesar <strong>do</strong> baixo desempenho, o município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes é, dentre os<br />
demais municípios que fazem parte da área em estu<strong>do</strong>, o que apresenta melhores condições<br />
para impulsionar o setor. O Distrito Industrial de Campos está estrategicamente implanta<strong>do</strong><br />
à margem da ro<strong>do</strong>via BR 101, a cinco quilômetros <strong>do</strong> centro da cidade e vizinho ao<br />
Aeroporto Bartolomeu Lisandro, que opera na modalidade de alfandega<strong>do</strong>.<br />
Na região de Campos também se encontram as melhores jazidas de argila. O<br />
material é de primeira qualidade, ideal, inclusive, para a fabricação de porcelana. Mas<br />
existem outros importantes componentes na argila. O nitreto de silício encontra<strong>do</strong> nas<br />
jazidas permite que a argila seja utilizada na fabricação de componentes eletrônicos para<br />
computa<strong>do</strong>res, televisores, e ainda, no revestimento de pistões para motores à explosão, de<br />
veículos movi<strong>do</strong>s a Diesel.<br />
Outra atividade econômica de suma importância nesta região é a extração de<br />
petróleo. A Bacia de Campos responde por 80% da produção nacional de petróleo e gás<br />
natural. São mais de um milhão de barris de óleo por dia, explora<strong>do</strong>s pela Petrobrás. Com a<br />
quebra <strong>do</strong> monopólio estatal, multinacionais como a Agip, a YPF, a Texaco, dentre outras,<br />
investem milhões de dólares na exploração <strong>do</strong> subsolo. Cerca de 95% <strong>do</strong> petróleo extraí<strong>do</strong><br />
na bacia estão em alto mar, o que levou o Brasil a investir maciçamente em novas<br />
tecnologias, sen<strong>do</strong> hoje o país que detém maior know how em termos de exploração<br />
submarina em águas profundas.<br />
27
O estu<strong>do</strong> das Potencialidades Econômicas e Competitividade da Região <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro, de abril/maio de 1998, desenvolvi<strong>do</strong> pelo Instituto Brasileiro de<br />
Economia da Fundação Getúlio Vargas, objetivou mapear um conjunto de atividades com<br />
potencial para serem desenvolvidas e discutir fatores condicionantes da competitividade das<br />
mesmas em vários municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. De acor<strong>do</strong> com esse estu<strong>do</strong>, o<br />
setor industrial <strong>do</strong>s municípios da área em estu<strong>do</strong> possui as seguintes potencialidades:<br />
Em Santa Maria Madalena o setor apresenta o potencial para o desenvolvimento da<br />
indústria de mobiliário, pois existem atividades de silvicultura já desenvolvidas que<br />
possibilitam a fabricação de produtos básicos de madeira, bem como de moinha de carvão<br />
para a indústria cimenteira, e, futuramente, de papel. Em São Fidelis o setor apresenta bom<br />
potencial para o processamento industrial de matérias-primas agrícolas <strong>do</strong> próprio<br />
município e daqueles limítrofes, inclusive para fins de exportação, o que poderá ser<br />
alavanca<strong>do</strong> pela tradição na torrefação de café, ao ser retoma<strong>do</strong> o cultivo deste produto. Em<br />
Campos <strong>do</strong>s Goytacazes existem três abate<strong>do</strong>uros modernos e, também, industrias de<br />
processamento de carne, que apontam o grande potencial deste município, inclusive para<br />
exportação.<br />
Os municípios de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, São João da Barra, Quissamã e<br />
Carapebus, preferencialmente, possuem as melhores condições para o desenvolvimento da<br />
industrial sucroalcooleira, cuja rentabilidade poderá ser melhorada, não somente através <strong>do</strong><br />
aprimoramento das técnicas <strong>do</strong> cultivo da cana, como também através da reestruturação da<br />
capacidade industrial instalada, com a absorção das industrias menos eficientes por outras<br />
com maior capacidade de crescimento, e da interiorização de técnicas gerenciais mais<br />
aprimoradas.<br />
Em função <strong>do</strong> nível de produção pesqueira, Campos apresenta potencial para a<br />
implantação de indústrias de processamento de pesca<strong>do</strong>.<br />
A fabricação semi-artesanal de <strong>do</strong>ces e conservas é uma atividade tradicional e<br />
bastante desenvolvida no município, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s principais potenciais, o processamento<br />
industrial de matérias-primas agrícolas <strong>do</strong> próprio município e daqueles limítrofes,<br />
inclusive para fins de exportação, como os <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de leite.<br />
28
A indústria cerâmica vermelha encontra-se bastante desenvolvida em Campos que,<br />
além da argila, possui abastecimento de gás, que poderá favorecer a competitividade desta<br />
indústria.<br />
A fabricação de artefatos de ferro, aço e não ferrosos, também é uma atividade<br />
bastante desenvolvida. Tal atividade poderá ser favorecida pela aquisição local, ao invés da<br />
importação de outros Esta<strong>do</strong>s e municípios, <strong>do</strong>s artefatos e peças necessários para a<br />
indústria extrativa de petróleo e gás. Possui ainda tradição na indústria de mobiliário. Na<br />
medida em que seja desenvolvida neste último a incipiente silvicultura, ambos os<br />
municípios terão melhores condições para o desenvolvimento desta atividade.<br />
O município apresenta ainda características favoráveis para indústrias de alta<br />
tecnologia, como a de equipamentos eletrônicos e química fina.<br />
\3.1.2.3. - Setor terciário<br />
O setor de comércio varejista e atacadista é o que mais emprega, dentro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
de trabalho formal, nos municípios de Campos e São Fidélis, fato facilmente justifica<strong>do</strong><br />
pelas taxas de urbanização elevadas <strong>do</strong>s municípios, conforme anteriormente menciona<strong>do</strong>,<br />
e pela constatação da tendência geral de expansão desse setor nos cenários estadual e<br />
nacional.<br />
O merca<strong>do</strong> de trabalho formal no Município de Santa Maria Madalena apresenta<br />
uma concentração de pessoal emprega<strong>do</strong> no setor da administração pública, sen<strong>do</strong> esta uma<br />
característica típica de municípios menos populosos e urbaniza<strong>do</strong>s e com menores<br />
possibilidades de oferta de postos de trabalho diferencia<strong>do</strong>s para absorção de sua população<br />
economicamente ativa.<br />
No que concerne ao rendimento médio verifica<strong>do</strong> em Dezembro de 2001, verifica-se<br />
que o segmento Intermediações financeiras (instituições bancárias) é o que paga a maior<br />
média da Área de Influência <strong>do</strong> PED. Médias de rendimento abaixo de um salário mínimo<br />
são verificadas no segmento Alojamento e Alimentação (bares, restaurantes e rede<br />
hoteleira), o que pode ser explica<strong>do</strong> pelo alto índice de precarização nas relações de<br />
trabalho nestes segmentos, quan<strong>do</strong> verifica<strong>do</strong>s em municípios com pouca ou nenhuma<br />
29
tradição de prestação de serviços mais qualifica<strong>do</strong>s - como é o caso, por exemplo, de Santa<br />
Maria Madalena e São Fidélis.<br />
3. 2. Histórico de usos e ocupação <strong>do</strong> solo na região<br />
As regiões Norte e Serrana <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, onde se localiza o <strong>Parque</strong><br />
<strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, foram ocupadas por diferentes povos. Muito antes da colonização<br />
deste território por grupos de origem européia, os povos indígenas que o habitavam<br />
<strong>do</strong>taram-lhe de uma certa unidade cultural. Era o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s goitacás que consistia de<br />
uma estreita faixa de terra apertada pelos Papanases e Tamoios, estenden<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> Espírito<br />
Santo ao rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, sen<strong>do</strong> essa nação, no entendimento de vários estudiosos, uma<br />
espécie de ilha no meio de povos tupis, não só pelo mo<strong>do</strong> de vida peculiar que<br />
desenvolveram por imposição <strong>do</strong> ambiente como também pela língua que falavam,<br />
(Angyone Costa 1959).<br />
A desagregação das sociedades nativas e a violação <strong>do</strong>s ecossistemas se devem à<br />
chegada e à instalação <strong>do</strong>s europeus, com estilos de vida forja<strong>do</strong>s em ambientes ecológicos<br />
<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>. As duas primeiras tentativas de fincar uma estaca européia na<br />
região norte-noroeste fluminense, com Pero de Góis e Gil de Góis, fracassaram por seu<br />
caráter incipiente e pela resistência oposta por grupos da nação goitacá.<br />
Já a terceira tentativa de colonização desta região, levada a efeito por sete fidalgos,<br />
parentes, agrega<strong>do</strong>s e escravos, a partir da planície fluvio-marinha, vai encontrar os<br />
primitivos habitantes abati<strong>do</strong>s e retraí<strong>do</strong>s por incursões eventuais de represália feitas por<br />
europeus. O Roteiro <strong>do</strong>s Sete Capitães (Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong> &Pinto Rev..Inst.Hist.Geo.1894),<br />
revela que os primeiros colonos bem sucedi<strong>do</strong>s colocaram os pés na planície norte-<br />
fluminense em dezembro de 1632, precavi<strong>do</strong>s contra a ferocidade <strong>do</strong>s indígenas. Além <strong>do</strong>s<br />
índios Coroa<strong>do</strong>s, Purís e Goitacás, que se concentravam mais ao norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, e <strong>do</strong>s<br />
portugueses que vieram em seguida, a área foi ocupada sucessivamente por suíços, alemães<br />
e italianos, que ocuparam preferencialmente a região serrana, impon<strong>do</strong> o poder colonial e a<br />
cultura européia, com a introdução de seus hábitos e costumes. Porém, brancos, índios e<br />
negros compartilharam o mesmo espaço com influências recíprocas, como se pode verificar<br />
30
na conformação <strong>do</strong>s hábitos alimentares, religiosos, artesanais e outros, característicos da<br />
região.<br />
Mas foi a colonização portuguesa, principalmente no início <strong>do</strong> século XVII, que<br />
intensificou o povoamento das regiões norte e serrana a partir <strong>do</strong>s caminhos abertos por<br />
índios, bandeirantes e aventureiros, desenvolven<strong>do</strong>-se ao re<strong>do</strong>r das igrejas erguidas. Porém,<br />
só durante o século XIX, deu-se o apogeu da produção agrícola, com grandes plantações de<br />
milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e, principalmente, café, cuja produção e<br />
importância econômica caracterizavam-se pelo espaço ocupa<strong>do</strong> nas grandes fazendas. As<br />
primeiras notícias sobre o município de Santa Maria Madalena estão relacionadas às<br />
atividades de José Vicente, um mateiro, que a procura de escravos fugitivos, desbravou<br />
suas matas, fixan<strong>do</strong>-se onde hoje se localiza a Igreja Matriz. Depois de certo tempo de<br />
moradia José Vicente foi visita<strong>do</strong> por um padre francês aposenta<strong>do</strong>, de nome José Frouthé,<br />
que procurava nativos necessita<strong>do</strong>s de suas mensagens religiosas. José Vicente propôs ao<br />
religioso a troca de suas terras por uma espingarda, que o padre aceitou.<br />
No terreno troca<strong>do</strong> com o religioso, desenvolveu-se o município de Santa Maria<br />
Madalena. Esta área na realidade foi desbravada por Manoel Teixeira Portugal, que depois<br />
deslocou-se para a região de São Fidelis, ten<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> em 1877 a fazenda São José <strong>do</strong><br />
Bonsucesso, em local ti<strong>do</strong> como com poucas chances de sucesso, e que hoje e por este<br />
motivo, dá nome ao <strong>Parque</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>. Existe uma lenda sobre um contrabandista e<br />
saltea<strong>do</strong>r que operava nestas paragens, conheci<strong>do</strong> como Mão de Luva, que fugin<strong>do</strong> de<br />
intensa perseguição policial, embrenhou-se nos sertões da Serra <strong>do</strong> Imbé, seguin<strong>do</strong> depois<br />
em direção a forquilha. Segun<strong>do</strong> a lenda, deixou grande tesouro enterra<strong>do</strong> junto a uma<br />
tradicional figueira que tomou seu nome. Sugere-se também que o fato de nunca haver si<strong>do</strong><br />
encontra<strong>do</strong> tão fabuloso tesouro seja o motivo <strong>do</strong> nome <strong>Desengano</strong>.<br />
A ocupação definitiva da Serra Fluminense só se efetivou com a decadência da<br />
mineração <strong>do</strong> ouro e da prata em Minas Gerais, na primeira metade <strong>do</strong> século XIX, quan<strong>do</strong><br />
surgiram os municípios de Bom Jardim, Carmo, Duas Barras, Nova Friburgo, Petrópolis,<br />
Sta. Maria Madalena, Sumi<strong>do</strong>uro, Teresópolis e Trajano de Morais. Santa Maria Madalena<br />
tornou-se independente a partir de 8 de junho de 1862, desmembra<strong>do</strong> de Cantagalo, e teve o<br />
seu desenvolvimento em torno da ferrovia e da Igreja Matriz. Com a escassez das reservas<br />
auríferas, a agricultura de subsistência desenvolveu-se na região e mais tarde a atividade<br />
31
agrícola levou a uma expansão da produção cafeeira de tal envergadura que o café colhi<strong>do</strong><br />
era envia<strong>do</strong> pelo porto de São Fidélis através <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul até o porto de São João<br />
da Barra, seguin<strong>do</strong> então por via marítima para o Rio e Salva<strong>do</strong>r. O ciclo <strong>do</strong> café, que<br />
alia<strong>do</strong> à produção açucareira, constituiu um <strong>do</strong>s pilares de sustentação econômica e política<br />
<strong>do</strong> império no século XIX, sacudiu toda a economia fluminense no início daquele século, e<br />
foi marcante em toda a região.<br />
A abertura <strong>do</strong>s portos brasileiros atraiu cientistas e naturalistas europeus, que<br />
desembarcavam no Rio e seguiram em expedições para o interior, interessa<strong>do</strong>s nas nossas<br />
riquezas naturais. A serra <strong>do</strong>s Órgãos, entre Teresópolis, Friburgo e Sta. Maria Madalena -,<br />
um <strong>do</strong>s principais centros de endemismo florístico <strong>do</strong> país -, tornou-se o destino obrigatório<br />
de muitos deles como Saint-Hilaire, Schott, Beyrich, Sellow, Von Martius, Charles Darwin,<br />
George Gardner e Glaziou entre outros, que descreveram e registraram em desenhos a<br />
riqueza <strong>do</strong> ambiente serrano.<br />
O declínio <strong>do</strong> café por causa da abolição da escravatura golpeou fortemente a<br />
economia regional provocan<strong>do</strong> o êxo<strong>do</strong> rural, e a substituição <strong>do</strong> seu cultivo por pastagens,<br />
com grande repercussão na organização espacial e econômica das cidades da região,<br />
deixan<strong>do</strong> um passivo ambiental representa<strong>do</strong> por terras erodidas por técnicas arcaicas e<br />
predatórias de cultivo intensivo. As áreas de maior declividade e de acesso mais difícil<br />
representam o que restou preserva<strong>do</strong> da cultura <strong>do</strong> café e o conjunto de serras que integram<br />
o <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> constitui, assim, o maior remanescente da cobertura<br />
vegetal mais bem conservada da Região Norte.<br />
A região, que desde o seu descobrimento teve seus recursos naturais muito<br />
utiliza<strong>do</strong>s, ainda hoje, apresenta basicamente uma vocação rural (Rezende e Di.<br />
Beneditto,2006:86). Inicialmente como mecanismo de ocupação da terra a coroa<br />
portuguesa estimulou o extrativismo vegetal, no que se destaca o pau-brasil (Silva e<br />
Carvalho, 2004:30). Sua colonização teve início em 1627, para atender às necessidades<br />
de ga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s engenhos vizinhos da Guanabara, to<strong>do</strong> o seu processo de ocupação<br />
humana foi controla<strong>do</strong> pelos aspectos físicos locais, transforma<strong>do</strong>s em imperativos e<br />
determinantes da localização das cidades, e de seus desenvolvimentos econômico e<br />
político (Carili, 1942, Apud Ramalho, 2005:77).<br />
32
Após uma frustrada tentativa de implementação na segunda metade <strong>do</strong> Século<br />
XVII, ressurge a atividade açucareira com o seu dinamismo assegura<strong>do</strong> para a<br />
demanda internacional e chegan<strong>do</strong>, no século XVIII a ocupar a supremacia das<br />
atividades locais, visto que o solo e as condições climáticas eram extremamente<br />
favoráveis, e existia forte demanda internacional de açúcar (Silva e Carvalho, 2004: 33<br />
e 34).<br />
No século XIX além da cana-de-açúcar outra monocultura se escandiu: o café,<br />
cultura que “inaugurou” os desmatamentos e a ocupação extensiva. Em caráter<br />
exemplificativo destaca-se que o número de engenhos de açúcar na baixada Campista<br />
saltou de 55 no ano de 1769 para 400 em 1819 (Azeve<strong>do</strong>, 2003:23). Destaca-se, no<br />
entanto, que a extração vegetal de madeira e palmito permanecia presente (Rezende e<br />
Di. Beneditto, 2006:57).<br />
Entretanto, em seguida, conforme Silva e Carvalho (2004:52), a abolição da<br />
escravatura; a desagregação <strong>do</strong> espaço territorial de Campos <strong>do</strong> Goytacazes; a crise <strong>do</strong><br />
café; e a perda de competitividade da agroindústria açucareira local, desestruturaram o<br />
sistema de produção vigente até então.<br />
No início <strong>do</strong> século XX há o nascimento de um novo ciclo <strong>do</strong> açúcar, agora com<br />
a indústria sucroalcooleira, com novos investimentos e tecnologia. No entanto, perde<br />
dinamismo com a gestão ineficiente <strong>do</strong>s recursos naturais, a baixa produtividade das<br />
lavouras e posteriormente a defasagem da tecnologia, entran<strong>do</strong> em caos nas décadas de<br />
1980 e 1990 geran<strong>do</strong> fechamento de diversas indústrias e elevan<strong>do</strong> o grau de<br />
desemprego. (Silva e Carvalho, 2004: 62, 64 e 65).<br />
Sem condição para arcar com as dívidas trabalhistas as indústrias acabam por ter<br />
que repartir suas terras como meio de pagamento aos seus ex-emprega<strong>do</strong>s, o que<br />
soma<strong>do</strong> a movimento de reforma agrária formam o perfil de pequenos produtores<br />
rurais, assenta<strong>do</strong>s e ainda alguns latifundiários como sen<strong>do</strong> os proprietários da região.<br />
Por fim, na última década se destaca que, além da produção de cana-de-açúcar, a<br />
fruticultura irrigada tem recebi<strong>do</strong> incentivos <strong>do</strong> governo estadual para fins industriais e<br />
de exportação (Ribeiro e Alves, 2007:2).<br />
A área de influência <strong>do</strong> PED, com base no censo realiza<strong>do</strong> em 1996 (IBGE, 1998),<br />
se caracterizava à época por pequenos e médios estabelecimentos rurais, com pre<strong>do</strong>mínio<br />
33
de propriedades com até 500 ha. O panorama sobre a utilização da terra possibilita apontar<br />
a pre<strong>do</strong>minância acentuada da atividade pecuária, pois cerca de 57% da área, na ocasião era<br />
ocupada por estabelecimentos rurais em Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, e cerca de 70% nos<br />
demais municípios, como pastagens. Ainda, no caso de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, verifica-se<br />
um percentual em torno de 30% da área aproveitada com lavouras temporárias<br />
(notadamente as plantações de abacaxi localizadas no norte <strong>do</strong> Município).<br />
No que concerne à condição de ocupação das terras, a grande maioria <strong>do</strong>s<br />
estabelecimentos rurais é administrada pelos próprios <strong>do</strong>nos. No tocante à agricultura, a<br />
produção agrícola da área de influência <strong>do</strong> PED está voltada prioritariamente para a<br />
demanda de subsistência das comunidades rurais e/ou para os merca<strong>do</strong>s locais nos distritos<br />
mais urbaniza<strong>do</strong>s. No que concerne à produção pecuária, é facilmente perceptível que os<br />
rebanhos nestes municípios da área de influência significam muito pouco em relação ao<br />
total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Em termos gerais, como destaca<strong>do</strong> por Soffiati (1996), as<br />
mudanças no uso <strong>do</strong> solo e cobertura vegetal, ocorri<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> tempo, tiveram,<br />
principalmente nos municípios que compreendem a região Norte <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> PED, como<br />
conseqüência mais evidente o decréscimo nas áreas de floresta e o aumento nas áreas da<br />
agricultura da cana-de-açúcar e de pastagens, o que tem conseqüências diretas na<br />
fragmentação <strong>do</strong> hábitat como um to<strong>do</strong>, além de uma substancial degradação <strong>do</strong> solo.<br />
Basea<strong>do</strong>s no imageamento da região norte <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PED, realiza<strong>do</strong> em<br />
fevereiro de 2004, Rezende e Di Beneditto (2006) constataram um forte índice de<br />
alteração promovi<strong>do</strong> pelas atividades econômicas, ocasionan<strong>do</strong> em mais de 60% da área<br />
analisada, a substituição da vegetação nativa, sen<strong>do</strong> 34% de pastagens (Figuras 3 e 4) e<br />
21% de plantações de cana-de-açúcar. A expansão gradual das áreas agrícolas para os<br />
declives montanhosos e suas encostas (que já foi grande fator limitante e inibi<strong>do</strong>r de<br />
34
produção), causa especial preocupação, por serem tais áreas consideradas como frágeis,<br />
o que exige práticas de manejo específicas, que podem não ser, e no caso não são,<br />
utilizadas, até mesmo pela falta de recursos <strong>do</strong>s proprietários locais (ARAÚJO, 2005).<br />
Kury, 2008 Kury, 2008<br />
Figuras 3 e 4. Entorno <strong>do</strong> PED coberto com pastagem, distrito de Morangaba.<br />
Segun<strong>do</strong> Mazurec (2003) pode-se destacar as áreas de mata e pastagens como<br />
caracterizadas pelas escarpas serranas sustentadas por pranitóides, granodioritos,<br />
charnockitos e granitos, com solos de alta declividade e alta susceptibilidade a erosão.<br />
Pouco espessos, pouco férteis e com baixa capacidade de carga com uma precipitação<br />
média anual de 1300 a 2900mm. Enquanto a parte agrícola, principalmente a de<br />
plantação de cana-de-açúcar apresenta área com pre<strong>do</strong>minância em colinas e morros<br />
baixos de vertentes convexas e topos arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s ou alonga<strong>do</strong>s sustenta<strong>do</strong>s por<br />
paragnaisses, ortognaisses e granitóides, ten<strong>do</strong> solos com moderada sustentabilidade a<br />
erosão e alta capacidade de cargas e precipitação média anual varia entre 900 a 1300<br />
mm. Destaca-se que Ribeiro e Alves (2007) identificam a cana-de-açúcar como<br />
produzida no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tabuleiro para a planície (Figura 5).<br />
35
Kury, 2008<br />
Figura 5. Canavial no Entorno <strong>do</strong> PED<br />
O que agrava o contexto da fragmentação e exploração é a localização no bioma<br />
de Mata Atlântica, que desempenha importante papel na manutenção da vida e<br />
equilíbrio de ecossistema, funcionan<strong>do</strong> como regula<strong>do</strong>res <strong>do</strong> ciclo hidrológico,<br />
qualidade da água, erosão <strong>do</strong> solo e assoreamento de mananciais e ainda servin<strong>do</strong> de<br />
refúgio para animais, muitas vezes endêmicos, bioma que está restrito a menos de 10%<br />
da sua extensão original (Rezende e Di Beneditto, 2006:64).<br />
A extensão gradual dessas áreas agrícolas para os declives montanhosos e suas<br />
encostas, que já foi grande fator limitante e inibi<strong>do</strong>r de produção, causam especial<br />
preocupação, por serem consideradas áreas frágeis, ou seja, com menos resistência e<br />
mais sensibilidade, que exige práticas de manejo mais delimitadas que podem não ser,<br />
e no caso não são, utilizadas, até mesmo pela falta de recursos <strong>do</strong>s proprietários locais<br />
(Araújo, 2005:38 e 39).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong> estão Bertoni e Lombardi Neto (1990:25) quan<strong>do</strong> afirmam<br />
que o “cultivo <strong>do</strong> solo oferece maior risco de erosão nas regiões tropicais<br />
montanhosas, em virtude da alta intensidade das chuvas e da dificuldade de controlar a<br />
enxurrada nos terrenos declinosos.”<br />
36
Kury,2008 Kury, 2008<br />
Figura 5. Erosão no entorno <strong>do</strong> PED Figura 6. Voçoroca no Entrono <strong>do</strong> PED<br />
Na região algumas áreas se encontram bastante degradadas pelo excesso de<br />
pastoreio e pela manutenção permanente <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> nas pastagens, o que dificulta a sua<br />
recuperação natural (Figuras 5 e 6) e pelo cultivo da cana-de-açúcar pouco<br />
industrializa<strong>do</strong> e contínuo (Ribeiro, 2006). Confirman<strong>do</strong> o exposto acima, Ribeiro e<br />
Alves (2007:8) analisaram a perda de solo por erosão no município de Campos<br />
obten<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> uma variação de baixa à moderada-forte, estes valores<br />
ocorreram nas áreas de relevo tabular e colinoso onde há cultivo de cana, pastagens e a<br />
região da Serra <strong>do</strong> Imbé, destacan<strong>do</strong> que o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa<br />
demonstrou que os processos antrópicos e naturais que vêm causan<strong>do</strong> erosão na região<br />
estudada.<br />
Todavia o uso <strong>do</strong> solo está historicamente composto desta forma e sua produção<br />
é responsável pelo sustento de quase a totalidade da população da área de estu<strong>do</strong>, visto<br />
que a população <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PED é de latifundiários e pequenos proprietários e<br />
assenta<strong>do</strong>s, que de forma mais ou menos intensa exercem pressão agropecuária sobre<br />
esses recursos naturais (Young et al,2000), consomem e contaminam esses mananciais<br />
em um circulo vicioso prejudicial à natureza e à sociedade; além de perderem<br />
qualidade na produção vegetal e descumprirem a legislação ambiental.<br />
37
Ten<strong>do</strong> em vista que, após a implantação da indústria de petróleo na Bacia de<br />
Campos no final da década de 70 a principal atividade econômica nesta região é a extração<br />
e a produção de petróleo (a Bacia de Campos responde por cerca de 82% da produção<br />
nacional de petróleo e gás natural) (ANP, 2007), a qual tem trazi<strong>do</strong> mudanças nos padrões<br />
de uso e ocupação <strong>do</strong> solo da região. Sabe-se que a exploração <strong>do</strong> petróleo é uma atividade<br />
potencialmente polui<strong>do</strong>ra, incluída no Anexo I da Resolução CONAMA 237/97 (BRASIL,<br />
1997), estan<strong>do</strong> portanto submetida às regras <strong>do</strong> processo de licenciamento ambiental,<br />
destacan<strong>do</strong>-se aquelas da Resolução CONAMA 23/94 (BRASIL, 1994) e as <strong>do</strong> Artigo 36<br />
<strong>do</strong> Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000). Até o momento<br />
contu<strong>do</strong>, a única atividade relacionada ao setor industrial de energia que beneficiou<br />
diretamente o PED foi o licenciamento da UTE Mário Lago, que financiou a elaboração <strong>do</strong><br />
Plano de manejo da UC e a implantação <strong>do</strong> seu Centro de Visitantes.<br />
3.3 - Usos <strong>do</strong> PED<br />
Os pontos a serem ressalta<strong>do</strong>s acerca <strong>do</strong>s principais usos da UC estão apresenta<strong>do</strong>s nos<br />
subitens 3.3.1 a 3.3.3. As atividades da população <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PED estão resumidas no<br />
Apêndice 1.<br />
3.3.1 - Uso Turístico<br />
O sistema de transporte nas regiões onde se localiza o <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Desengano</strong> tem evoluí<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> de integrar cada vez mais a região ao contexto<br />
nacional, através da implantação e/ou melhoramento de importantes eixos ro<strong>do</strong>viários<br />
longitudinais e transversais. Esses mesmos eixos têm visa<strong>do</strong>, também, a uma maior<br />
articulação <strong>do</strong> to<strong>do</strong> com o restante das regiões, antes fragmenta<strong>do</strong>, em razão mesmo de sua<br />
ocupação e de sua economia.<br />
Nesse contexto, pode-se dizer que as regiões onde se encontra PED contam com<br />
importantes ro<strong>do</strong>vias, que garantem o acesso a qualquer ponto <strong>do</strong> País, principalmente aos<br />
grandes centros. Essas ro<strong>do</strong>vias possibilitam manter a interligação local e também<br />
38
mobilizar o tráfego interestadual para to<strong>do</strong> o País, através das demais ro<strong>do</strong>vias<br />
pavimentadas, ferrovias, terminais portuários e aeroportos.<br />
As principais vias de circulação encontradas nessas regiões são as BR’s-040, 116,<br />
495, 101 e 356 que, juntamente com as ro<strong>do</strong>vias estaduais, drenam as grandes correntes de<br />
tráfego intra e inter-regionais. Por serem pavimentadas, essas vias permitem circulação<br />
permanente durante to<strong>do</strong> o ano.<br />
Todas essas ro<strong>do</strong>vias estão interligadas com outras importantes ro<strong>do</strong>vias estaduais,<br />
dentre as quais as RJ’s-116, 130, 134, 142, 144, 146, 148, 150, 152, 160, 174, 180 e 182 ,<br />
na Região Serrana, e as RJ’s-158, 168, 178, 182, 190, 192, 196, 216 e 224, no Norte<br />
Fluminense. As ro<strong>do</strong>vias estaduais RJ’s-146, 180, 182 e 190 permitem o acesso à região de<br />
entorno <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>.<br />
As cidades de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes e Macaé contam ainda com aeroportos<br />
homologa<strong>do</strong>s que permitem fazer ligações comerciais regulares com o resto <strong>do</strong> País. Como<br />
apoio ao turismo e ao lazer Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, pelo seu dinamismo econômico, pela<br />
sua condição de principal centro da Região Norte Fluminense é que apresenta maior e mais<br />
diversificada oferta de equipamentos. Dispõe de 33 hotéis, com 864 unidades habitacionais,<br />
que representam 6 chalés, 31 suítes, 779 apartamentos e 48 quartos, compon<strong>do</strong> uma oferta<br />
total de 1767 leitos. Possui também ampla oferta de restaurantes e serviços relaciona<strong>do</strong>s,<br />
sen<strong>do</strong> inclusive sua gastronomia famosa, especialmente os <strong>do</strong>ces campistas.<br />
Já São Fidélis possui apenas três hotéis, com 85 unidades habitacionais, distribuídas em<br />
63 apartamentos e 22 quartos, que disponibilizam um total de 190 leitos. Santa Maria<br />
Madalena, o menor <strong>do</strong>s municípios, possui apenas <strong>do</strong>is hotéis, com 40 unidades<br />
habitacionais distribuídas em 25 apartamentos e 15 quartos, que disponibilizam um total de<br />
105 leitos. A culinária é variada, com gastronomia que valoriza o consumo <strong>do</strong>s peixes da<br />
região.<br />
Somam-se a esta oferta de equipamentos receptivos, integrantes <strong>do</strong> cadastro da<br />
TURISRIO, alguns equipamentos de turismo rural, com alojamentos, localiza<strong>do</strong>s em<br />
fazendas da região.<br />
Toda a região dispõe de serviços de comunicação via satélite, redes de energia<br />
elétrica, e outros serviços de infra-estrutura como água e esgoto, sen<strong>do</strong> mais precários no<br />
município de santa Maria Madalena.<br />
39
Como rede de ensino, a região dispõe das escolas públicas de primeiro segun<strong>do</strong><br />
grau e universidade, sen<strong>do</strong> que em Campos, este ensino é complementa<strong>do</strong> por uma razoável<br />
rede de escolas particulares.<br />
Os hospitais e postos de saúde atendem as populações concentradas nos maiores<br />
aglomerações populacionais, sen<strong>do</strong> que o pessoal da zona rural tem que se deslocar às<br />
vezes grandes distâncias para ser atendi<strong>do</strong> pelo setor de saúde.<br />
A coleta de lixo nos grandes centros é feita periodicamente existin<strong>do</strong> aterros<br />
sanitários para sua destinação. Nas pequenas comunidades este continua a ser um grande<br />
fator de poluição, por falta de recursos financeiros e acompanhamento técnico.<br />
3.3.2 - Educação ambiental<br />
Há um plano setorial de manejo para educação que consta no Plano de Manejo <strong>do</strong><br />
PED, o qual será brevemente resumi<strong>do</strong> nos subitens seguintes.<br />
3.3.2.1. - Objetivos<br />
O objetivo deste plano é incentivar o aprimoramento de conhecimentos e a mudança<br />
de valores e atitudes das comunidades <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> e visitantes, relativos à<br />
conservação <strong>do</strong>s recursos naturais, a compreensão <strong>do</strong>s processos naturais e da atuação da<br />
fiscalização executada pelo órgão público. A educação poderá também apoiar na resolução<br />
de situações de conflito e induzir formas de convívio que permitam prevenir acidentes e<br />
degradações.<br />
3.3.2.2. - Diretrizes, Restrições e Recomendações<br />
Deverá ser desenvolvi<strong>do</strong> pela Administração <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> especificamente pela área<br />
responsável pela Educação Ambiental <strong>do</strong> IEF, em articulação com os diferentes segmentos<br />
da municipalidade de Santa Maria Madalena, de São Fidélis e de Campos de Goytacazes,<br />
um Plano Anual de Educação Ambiental <strong>do</strong> PED, objetivan<strong>do</strong> atingir a comunidade <strong>do</strong><br />
entorno - ZEPED, compreenden<strong>do</strong> um calendário de atividades em datas comemorativas,<br />
<strong>do</strong> calendário ambiental internacional e nacional e a promoção de palestras, encontros,<br />
seminários e congressos com pesquisa<strong>do</strong>res e entidades científicas.<br />
Deverá ser estabeleci<strong>do</strong> ainda, um calendário de atividades educativas volta<strong>do</strong> à<br />
educação formal para ser aplica<strong>do</strong> nos estabelecimentos de ensino, visan<strong>do</strong> o treinamento<br />
40
e/ou aprimoramento de professores, que poderá ser ofereci<strong>do</strong> também na forma de cursos e<br />
oficinas de educação ambiental.<br />
Deverá ser dada ênfase na capacitação técnica profissional e ama<strong>do</strong>ra ligada às<br />
atividades de turismo, agricultura sustentável e ecologia, principalmente nas seguintes<br />
áreas: excursionismo de mínimo impacto; observação de aves; orqui<strong>do</strong>filia; artesanato com<br />
produtos naturais; aquariofilia; ecoturismo; turismo rural; culinária natural; jardinagem e<br />
paisagismo tropical; agrofloresta; agropecuária sustentável.<br />
Apoiar a Administração <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> no que concerne à gestão ambiental participativa<br />
e ao relacionamento com a comunidade, visan<strong>do</strong> a preservação <strong>do</strong> patrimônio natural.<br />
Sempre que possível ou necessário, promover discussões, debates, painéis e/ou audiências<br />
públicas abertas, para esclarecer dúvidas e fornecer subsídios e apoio a questões e conflitos<br />
de interesse.<br />
Propor e incentivar o estabelecimento de parcerias com o terceiro setor,<br />
principalmente, com entidades ligadas à conservação ambiental, de mo<strong>do</strong> a apoiar ações<br />
educativas e comunitárias que redundem em benefício ao <strong>Parque</strong>.<br />
3.3.3. - Pesquisa científica<br />
Na área de botânica, Gustavo Martinelli, em 1989, estu<strong>do</strong>u os campos de altitude <strong>do</strong><br />
<strong>Parque</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> e registrou 283 espécies típicas e 14 endemismos restritos às<br />
montanhas da região.<br />
Na área de zoologia, o Clube de Observa<strong>do</strong>res de Aves (COA-RJ) vem estudan<strong>do</strong> as<br />
aves <strong>do</strong> parque desde 1985, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> encontradas 410 espécies, o que evidencia uma alta<br />
diversidade.<br />
4. Histórico da gestão<br />
4.1 Descrição <strong>do</strong> processo de gestão<br />
Cria<strong>do</strong> em 1970, o PED só teve nomea<strong>do</strong> seu primeiro diretor em 1975. Na mesma<br />
época foi celebra<strong>do</strong> um convênio com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBDF), com prazo<br />
41
de cinco anos, cujo objetivo era promover a fiscalização <strong>do</strong> parque para evitar o<br />
desmatamento, a caça clandestina e o comércio de animais silvestres. Posteriormente, o<br />
convênio foi prorroga<strong>do</strong> por mais cinco anos. Nesta época, os diretores <strong>do</strong> parque<br />
permaneciam no cargo pouco tempo, haven<strong>do</strong> intervalos prolonga<strong>do</strong>s entre os mandatos<br />
(VALLEJO, 2005).<br />
A partir de 1984, foram desenvolvidas diversas atividades no PED, como resulta<strong>do</strong><br />
de colaboração intersinstitucional envolven<strong>do</strong> várias instituições como a Fundação<br />
Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), o IBDF, a Academia Brasileira de<br />
Ciências, o Museu Nacional, a Fundação <strong>Estadual</strong> de Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
(FEEMA), a Sociedade Botânica <strong>do</strong> Brasil, o Jardim Botânico <strong>do</strong> Rio de Janeiro e a<br />
KODAK, que além de equiparem a UC com alguma infra-estrutura, realizaram ações que<br />
possibilitaram a elaboração de um primeiro diagnóstico <strong>do</strong> parque, publica<strong>do</strong> em 1985, mas<br />
ainda incompleto (PRIMO, 1993: apud VALLEJO, 2005). A atual sede <strong>do</strong> PED está<br />
localizada a aproximadamente 8 km da Unidade, no Horto Florestal Santos Lima, em Santa<br />
Maria Madalena e recebeu aporte de recursos de medidas compensatórias da Usina<br />
Termoelétrica Mário Lago 7 que promoveu melhorias em sua infra-estrutura, a elaboração<br />
<strong>do</strong> Plano Diretor e o desenvolvimento de um Programa de Educação Ambiental e Práticas<br />
Sustentáveis.<br />
O Apêndice 2 apresenta os atores que a equipe destaca como interlocutores<br />
envolvi<strong>do</strong>s direta e/ou indiretamente na gestão <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is <strong>Parque</strong>s seleciona<strong>do</strong>s, e que se<br />
pretende-contactar para realização das entrevistas previstas na terceira fase <strong>do</strong> projeto.<br />
4.2. Apresentação <strong>do</strong>s instrumentos de manejo<br />
7 Antiga El Paso Rio Claro Ltda., instalada em Macaé.<br />
42
Com relação ao Plano de Manejo, o PED possui <strong>do</strong>cumento análogo, denomina<strong>do</strong><br />
Plano Diretor. O Plano Diretor <strong>do</strong> PED é resultante <strong>do</strong> contrato entre a UTE Mário Lago e a<br />
FBCN, com base no convênio celebra<strong>do</strong> para implantação <strong>do</strong> Projeto de Consolidação <strong>do</strong><br />
<strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, entre a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />
Urbano - SEMADUR, a Fundação Instituto <strong>Estadual</strong> de Florestas - IEF, e a El Paso Rio<br />
Claro Ltda, com a interveniência da FEEMA. O Plano Diretor está organiza<strong>do</strong> em nove<br />
capítulos que representam os passos de planejamento, Os conteú<strong>do</strong>s específicos estão<br />
estrutura<strong>do</strong>s com base na caracterização regional da zona de entorno, e da área <strong>do</strong> parque<br />
propriamente dita, com o detalhamento <strong>do</strong>s recursos naturais e os aspectos sócio-<br />
econômicos e culturais que afetam direta ou indiretamente o PED. O Plano Diretor prevê<br />
vários Planos Setoriais de Manejo para a gestão da UC: (i) Plano Setorial de Manejo para<br />
Administração e Gerência;(ii) Plano Setorial de Manejo para Fiscalização; (iii) Plano<br />
Setorial de Manejo para Educação; (iv) Plano Setorial de Manejo para Visitação; e (v)<br />
Plano Setorial de Recuperação e Restauração (FBCN, 2003).<br />
O parque possui Conselho Consultivo, mas as reuniões não vêm acontecen<strong>do</strong><br />
regularmente, fato que foi aponta<strong>do</strong> como problemático, durante a pesquisa de campo, com<br />
os Conselheiros da área protegida.. Alguns Conselheiros e também a Chefe da UC,<br />
mencionaram como problema a inexistência de um Plano de Ação <strong>do</strong> Conselho Gestor,<br />
apesar de alguns afirmarem que, não só tal plano existe, como também que participaram da<br />
sua elaboração. Parece, portanto, haver problemas quanto à qualidade das informações que<br />
circulam entre os membros <strong>do</strong> Conselho. O Conselho <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> não possui recursos<br />
financeiros para a gestão da UC. Cabe destacar ainda que, apesar da realização de oficinas<br />
de planejamento com os atores locais, em 2007, o processo de reorganização <strong>do</strong> Conselho<br />
43
<strong>do</strong> PED ainda é incipiente, diferentemente <strong>do</strong>s <strong>Parque</strong>s Estaduais da Concórdia, da Ilha<br />
Grande, da Pedra Branca, da Tiririca e <strong>do</strong>sTrês Picos.<br />
5. Análise de Governança<br />
Com relação aos princípios de Governança Democrática para a gestão de áreas protegidas (<br />
GRAHAM, AMOS E PLUMPTRE, 2003) algumas reflexões parecem relevantes para a<br />
análise contextual da gestão <strong>do</strong> PED. Pensan<strong>do</strong> o princípio de Legitimidade e Voz, este<br />
parece ser reconheci<strong>do</strong> pelos atores locais, mas a maioria reconhece que as decisões são<br />
tomadas pelo gestor da unidade e que a gestão da UC não é participativa. Um aspecto que<br />
dificulta uma maior participação social no processo parece ser a realização das reuniões<br />
apenas na sede da UC, em Santa Maria Madalena. Diante da dimensão da UC e das<br />
dificuldades de acesso das representações locais à sede, a itinerância das reuniões <strong>do</strong><br />
conselho emerge como uma forte recomendação para superar este problema.<br />
Pensan<strong>do</strong> o princípio de Direcionamento, não parece haver ainda uma visão<br />
estratégica com relação a objetivos claros na gestão da UC. Apesar de o PED possuir seu<br />
Plano Diretor, existem aspectos que repercutem negativamente quan<strong>do</strong> este item é<br />
analisa<strong>do</strong>: o zoneamento contempla cerca de 90% da UC como intangível. A não<br />
participação da equipe técnica da UC nem <strong>do</strong>s atores locais na elaboração desse<br />
instrumento de gestão também reforça a impossibilidade de colaboração entre as partes. Da<br />
mesma forma, como não há Plano de Ação <strong>do</strong> conselho e projetos estratégicos de longo<br />
prazo que assegurem a consolidação da UC.<br />
Uma certa capacidade de coordenar os esforços entre os parceiros, inclusive no<br />
âmbito <strong>do</strong> poder público, parece ter existi<strong>do</strong>, temporariamente (mea<strong>do</strong>s da década de 80 e<br />
44
década de 90) mas, atualmente precisa ser reforçada. Os resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s pela<br />
aplicação <strong>do</strong>s recursos públicos não são claros em termos da transparência da gestão<br />
pública, à exceção daqueles relaciona<strong>do</strong>s à compensação ambiental da UTE Mário Lago.<br />
Os da<strong>do</strong>s de campo revelam também uma certa limitação de informações que possam<br />
fornecer subsídios para acompanhar o desenvolvimento da gestão da Unidade de<br />
Conservação. Dessa forma, a avaliação de Desempenho é ainda problemática.<br />
Com relação à Prestação de Contas, apenas os processos de prestação de contas<br />
relativos à execução <strong>do</strong>s recursos da compensação ambiental puderam ser aprecia<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong><br />
si<strong>do</strong> verificada sua realização a contento, pois neste momento foi formada uma equipe para<br />
acompanhamento da aplicação <strong>do</strong>s recursos.<br />
Mas, com relação à Equidade, não houve participação da população no processo de<br />
criação da UC e, apesar da Chefia da Unidade e demais representações <strong>do</strong> Conselho<br />
entrevistadas reconhecerem os conflitos e injustiças, notadamente aqueles relaciona<strong>do</strong>s ao<br />
problema fundiário e à situação das populações residentes, ações concretas para superação<br />
destes obstáculos por parte <strong>do</strong> órgão gestor ainda não são evidentes.<br />
Assim, embora pareça ainda muito incipiente o processo de gestão participativa <strong>do</strong><br />
PED, há uma motivação <strong>do</strong>s atores locais para a mudança. E a tendência de<br />
desenvolvimento de uma visão estratégica <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para a gestão de parques,<br />
em bases mais democráticas, certamente influenciará positivamente o processo.<br />
6. Recomendações para gestão<br />
O primeiro desafio a ser soluciona<strong>do</strong> para a gestão se refere à resolução da questão<br />
fundiária <strong>do</strong> PED, ten<strong>do</strong> em vista que diversos proprietários de terras na área <strong>do</strong> parque<br />
45
tiveram suas terras desapropriadas com a criação da UC, mas ainda não foram indeniza<strong>do</strong>s.<br />
Segun<strong>do</strong> um relatório da organização não-governamental – CNFCN (BIDEGAIN, 1993), a<br />
sobreposição de diferentes categorias de UC na região <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> contribuiu para a<br />
geração de grandes controvérsias no plano de gestão. De fato, sua situação legal é frágil e<br />
de difícil entendimento, pois a área é, ao mesmo tempo, um <strong>Parque</strong> sem delimitação e uma<br />
APA com limites, mas ainda não regulamentada. O relatório ressalta ainda que a ausência<br />
de diretores nos perío<strong>do</strong>s 1970/1975 e 1982/1988, bem como, a falta de indenização <strong>do</strong>s<br />
proprietários de terra, contribuíram para uma situação de funcionamento precário e baixa<br />
capacidade de controle sobre as pressões antrópicas exercidas sobre o parque, resultan<strong>do</strong> na<br />
continuidade <strong>do</strong> extrativismo predatório 8 e no desfiguramento das características originais<br />
<strong>do</strong> parque. Diante da ação apenas da gestão, qualquer medida judicial a<strong>do</strong>tada pelos<br />
proprietários de terras na área <strong>do</strong> <strong>Parque</strong>, contra o Processo Administrativo Discriminatório<br />
tende, teoricamente, a obter êxito, já que não foram cumpri<strong>do</strong>s os prazos para a análise e<br />
julgamento <strong>do</strong>s títulos de propriedade apresenta<strong>do</strong>s no prazo legal.<br />
Vallejo (2005) afirma que o desmatamento, o extrativismo vegetal, a caça<br />
predatória, a pecuária e o turismo desordena<strong>do</strong> representam as principais formas de<br />
intervenção sobre a área <strong>do</strong> PED, em decorrência das grandes demandas por produtos<br />
florestais no norte fluminense, da histórica ineficiência <strong>do</strong>s governos estaduais na<br />
regularização fundiária; e da precariedade <strong>do</strong> sistema de fiscalização florestal.<br />
É importante ressaltar que Plano Setorial de Manejo para Visitação <strong>do</strong> PED dispõe<br />
apenas de indicações gerais, e que o zoneamento descrito no seu Plano Diretor aponta para<br />
8 Em 1990, o CNFCN divulgou, com base nos autos <strong>do</strong> Batalhão Florestal e IEF, uma lista <strong>do</strong>s desmata<strong>do</strong>res<br />
da região Norte/Noroeste Fluminense. Os fatores que mais ameaçavam a integridade das florestas eram a<br />
“obtenção de madeira de lei para serrarias e fabrica de móveis; lenha in natura ou transformada em carvão<br />
para fornecer energia e a ampliação da fronteira agropecuária”. Os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s eram o uso da motoserra,<br />
os tratores ou simplesmente as queimadas.<br />
46
cerca de 90% da área da UC como “intangível”, o que dificulta o adequa<strong>do</strong> planejamento e<br />
manejo da visitação no interior <strong>do</strong> <strong>Parque</strong>, desestimulan<strong>do</strong> também o turismo no entorno,<br />
que poderia ser uma importante alternativa para a conservação da biodiversidade, se<br />
pudesse também contribuir para a geração de emprego e renda para as populações <strong>do</strong>s<br />
municípios vizinhos, uma vez que estas, têm boa receptividade a ações desta natureza.<br />
Vallejo (2005) afirma ainda que a atual administração continua enfrentan<strong>do</strong><br />
problemas com o extrativismo <strong>do</strong> palmito nativo e com a extração de plantas ornamentais<br />
(bromélias e orquídeas) de forma clandestina, e que caça<strong>do</strong>res clandestinos atuam no<br />
parque eliminan<strong>do</strong> espécies de aves, grandes roe<strong>do</strong>res e tatus, através de tocaias em ranchos<br />
ou armadilhas, por prática meramente esportiva. Estes, dificilmente, são flagra<strong>do</strong>s pela<br />
fiscalização, por conhecerem com detalhes a área e suas trilhas.<br />
Dean (1996) menciona que, no passa<strong>do</strong>, a região da floresta no <strong>Desengano</strong> tinha um<br />
intenso fluxo de pessoas. Estas utilizavam as trilhas abertas pelos “mateiros” como meios<br />
de escoamento de produção, acesso aos locais de caça, visitação a parentes e,<br />
principalmente, como ligação entre a montanha e a baixada. O autor descreve os<br />
“mateiros”, como uma população que resultou da mistura <strong>do</strong> índio com o branco e o negro,<br />
e afirma que grande parte <strong>do</strong> conhecimento tradicional hoje existente na região encontra-se<br />
em poder desses atores sociais, que, a princípio, por não estarem organiza<strong>do</strong>s, não<br />
poderiam se fazer representar no Conselho Gestor da UC.<br />
Percebe-se, assim, que o envolvimento das comunidades locais no processo de<br />
gestão da UC ainda não acontece como prática cotidiana de gestão. Na época da criação <strong>do</strong><br />
PED, a gestão ambiental participativa de UCs não era ainda prática comum. Em to<strong>do</strong> caso,<br />
a mudança cultural para se pensar um novo modelo de gestão parece ser um <strong>do</strong>s grandes<br />
desafios no futuro, para a consolidação <strong>do</strong> parque.<br />
47
Outro importante desafio para a gestão é relativo à revisão <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>do</strong><br />
PED, pois o envolvimento <strong>do</strong>s atores sociais neste processo, que em sua grande maioria não<br />
participaram na elaboração <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> original, precisa estar em sintonia com o Roteiro<br />
Meto<strong>do</strong>lógico que norteará a construção/revisão <strong>do</strong>s Planos de Manejo das UCs estaduais.<br />
Isto poderá garantir procedimentos no senti<strong>do</strong> de favorecer o diálogo e a participação da<br />
população local na avaliação das propostas concebidas pelos técnicos, a partir <strong>do</strong><br />
estabelecimento de relações de confiança entre o órgão gestor e as comunidades <strong>do</strong> entorno,<br />
e contrução de consensos que assegurem a execução das ações necessárias à conservação<br />
<strong>do</strong> PED.<br />
7. Referências Bibliográficas<br />
ANP – AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E<br />
BIOCOMBUSTÍVEIS. Anuário Estatístico Brasileiro <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e<br />
Biocombustíveis 2006. Disponível em<br />
Acesso em: 04 de novembro de<br />
2007.<br />
ARAÚJO, G.H.S.; ALMEIDA, J. R. de; GUERRA, A. J. T. Gestão Ambiental de<br />
Áreas Degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.<br />
ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; GUERRA,<br />
Antônio José Teixeira. Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. Ri<strong>do</strong> de Janeiro:<br />
Bertrand Brasil, 2005.<br />
AYALA, Luci. e NADAI, Mariana. Objetivos de Desenvolvimento <strong>do</strong> Milênio (ODM).<br />
São Paulo, Instituto Ethos, 2006.<br />
AZEVEDO, José Paulo Soares de; Et Al. Estu<strong>do</strong> da relação entre Floresta/Uso <strong>do</strong> Solo<br />
e Disponibilidade Hídrica na Bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Rio de Janeiro:<br />
Fundação COOPETEC; COPPE/<strong>UFRJ</strong>, 2003.<br />
BRASIL. Constituição da República Federativa <strong>do</strong> Brasil: promulgada em 5 de outubro<br />
de 1988.<br />
_______. Decreto Presidencial n° 5758, de 13 de abril de 2006, que institui o Plano<br />
Estratégico Nacional de Áreas Protegidas. 2006.<br />
BERTONI, José; LOMBARDI NETO, Francisco. Conservação <strong>do</strong> Solo. 2ª ed. São<br />
Paulo: Ícone, 1990.<br />
BIDEGAIN, P. <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>: Diagnóstico – Problemas – Soluções.<br />
Rio de Janeiro: Defensores da Terra, 1993.<br />
48
CAMPOS DOS GOYTACAZES, Prefeitura Municipal. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes: Perfil<br />
2005. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes: Prefeitura Municipal de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes,<br />
Instituto Superior de Ensino <strong>do</strong> CENSA, FUNDENOR, 2006.<br />
CAPOBIANCO, J. P. R. (org.) Dossiê da Mata Atlântica. São Paulo: Instituto Sócio<br />
Ambiental, 2001.<br />
CIDE - FUNDAÇÃO CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO.<br />
Anuário Estatístico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: CIDE, 2002.<br />
DEAN, W. A ferro e fogo: a história da devastação da Mata Atlântica brasileira. São<br />
Paulo: Companhia das Letras, 1996.<br />
DEAN, W. A Ferro e Fogo: a história da devastação da Mata Atlântica brasileira.<br />
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.<br />
FUNDAÇÃO BRASILEIRA PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – FBCN.<br />
Projeto de Consolidação <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>. Relatório Final, P4 - Plano<br />
Diretor. Rio de Janeiro: SEMADUR/IEF/FBCN, 2003.<br />
GOMES, W. S.; SANTOS, M. C. F. Flórula <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> Do <strong>Desengano</strong> E<br />
Arre<strong>do</strong>res, Santa Maria Madalena, RJ: Família Umbelliferae Juss. – Resulta<strong>do</strong>s<br />
Preliminares.<br />
HADDAD, L. N. Diagnóstico Ambiental <strong>do</strong>s Distritos de Morangaba e Ibitioca:<br />
subsídios para gestão ambiental participativa. Monografia (Graduação em<br />
Geografia). Campos <strong>do</strong>s Goytacazes: CEFET Campos, 2006.<br />
HADDAD, Ludmila Neves. Diagnóstico Ambiental <strong>do</strong>s Distritos de Morangaba e<br />
Ibitioca: subsídios para gestão ambiental participativa. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes:<br />
CEFET Campos, 2006.<br />
IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS<br />
NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA. Portaria n o 37 – N, de 03 de abril de 1992 –<br />
Reconhece a Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção.<br />
Disponível em :<br />
http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/federal/portarias/1992_Port_IBAM<br />
A_37.pdf Acesso em: 18 de setembro de 2008.<br />
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo<br />
agropecuário 1995-1996, n.18: Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.<br />
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo<br />
Demográfico, 1940 a 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2001.<br />
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção<br />
Extrativa Vegetal. Rio de Janeiro: IBGE, 2001.<br />
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em<br />
http://www.ibge.gov.br.<br />
LOUREIRO, C. F. B.; AZAZIEL, M. Áreas Protegidas e “inclusão social”:<br />
problematização <strong>do</strong> paradigma analítico-linear e seu separativismo na gestão<br />
ambiental. In: IRVING, M. A. (org.) Áreas Protegidas e inclusão social: construin<strong>do</strong><br />
49
novos significa<strong>do</strong>s. Rio de Janeiro: Fundação Bio-Rio: Núcleo de Produção Editorial<br />
Aquarius, 2006.<br />
MARTINELLI G.; et. al. Pedra <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> In: MARTINELLI, G.; BANDEIRA, J.;<br />
BRAGANÇA, J. O. Campos de Altitude. Rio de Janeiro: Index. 1989. p.152 – 153.<br />
MARTINELLI, G. e VAZ, M. S.. 1988. Padrões fitogeográficos de Bromeliaceae <strong>do</strong>s<br />
campos de altitude da floresta pluvial costeira <strong>do</strong> Brasil, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
Rio de Janeiro: Rodriguesia , v. 66, n. 40, 1988, p. 3-10.<br />
MARTINELLI, G.; BRAGANÇA, J. O. – Campos de altitude. Rio de janeiro: Index,<br />
1996.<br />
MAZUREC, Alex Pury. Alterações na fertilidade <strong>do</strong> solo e composição isotópica <strong>do</strong><br />
carbono e <strong>do</strong> nitrogênio na matéria orgânica: Uma Região da mata atlântica no<br />
Norte Fluminense. Tese de Doutora<strong>do</strong>. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes: UENF, 2003.<br />
MORENO, Marcel Redling. Estrutura e Composição <strong>do</strong> Estrato Arbóreo em Duas<br />
Zonas Altitudinais na Mata Atlântica de Encosta da Região <strong>do</strong> Imbé – RJ. Campos<br />
<strong>do</strong>s Goytacazes: UENF, 1998.<br />
PACHECO, J. F. ; PARRINI, R. ; FONSECA, P. S. M. ; WHITNEY, B. M. ; MACIEL, N.<br />
C. . Novos registros de aves para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro: região norte. Atualidades<br />
Ornitológicas, Ivaiporã, v. 72, 1996a. p. 10-12.<br />
PACHECO, J. F.; CARVALHO, C. E. S.; FONSECA, P. S. M. Contribuição ao<br />
conhecimento ornitológico <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, RJ. In: II CONGRESSO<br />
BRASILEIRO DE ORNITOLOGIA, 1992. Campo Grande. Resumos. Campo Grande:<br />
Universidade Federal <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, 1992a. p. 10 – 10.<br />
PACHECO, J. F.; CARVALHO, C. E. S.; FONSECA, P. S. M. Notas sobre a ocorrência e<br />
distribuição de algumas espécies no <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE ORNITOLOGIA. 1992. Campo Grande.<br />
Resumos. Campo Grande: Universidade Federal <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, 1992b. p. 11 -11.<br />
PACHECO, J. F.; PARRINI , R.; WHITNEY, B. M.; FONSECA, P. S. M. DA; BAUER,<br />
C. Novos registros de aves para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro: Vale <strong>do</strong> Paraíba Norte.<br />
Atualidades Ornitológicas. Ivaiporã, v. 73, 1996b. p.6.<br />
PINESCHI, R.B. Fauna <strong>do</strong>s Campos de Altitude <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>. In:<br />
Flora Relíquia <strong>do</strong>s Campos de Altitude da Floresta Tropical. Rio de Janeiro:<br />
JBRJ/WWF/IEF, 1989. p.29.<br />
RAMALHO, R.S. Alternativas para o Desenvolvimento <strong>do</strong> Turismo de base local na<br />
região <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PED. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, 2008 (Comunicação pessoal).<br />
RAMALHO, Roberta de Sousa. Diagnóstico <strong>do</strong> Meio Físico como Contribuição ao<br />
Planejamento <strong>do</strong> Uso da Terra <strong>do</strong> Município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes. Campos<br />
<strong>do</strong>s Goytacazes: UENF, 2005.<br />
REZENDE C.E.; DI BENEDITTO, A.P.M. (orgs.). Diagnóstico Ambiental da Área de<br />
Proteção Ambiental Lagoa de Cima. Rio de Janeiro: Universidade <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> Norte<br />
Fluminense Darcy Ribeiro: Centro de Biociências e Biotecnologia: Laboratório de<br />
Ciências Ambientais, 2006<br />
50
REZENDE C.E.; DI BENEDITTO, A.P.M. (orgs.). Diagnóstico Ambiental da Área de<br />
Proteção Ambiental da Lagoa de Cima. Rio de Janeiro: Universidade <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> Norte<br />
Fluminense Darcy Ribeiro: Centro de Biociências e Biotecnologia: Laboratório de Ciências<br />
Ambientais, 2006.<br />
RIBEIRO, Daniele Tavares. Município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes – Distrito de<br />
Morangaba: Diagnóstico Ambiental e Potencialidades de Uso Turístico. Campos<br />
<strong>do</strong>s Goytacazes: CEFET Campos, 2006.<br />
RIBEIRO, Luziane Santos; ALVES, Maria da Gloria. Quantificação de Perda de Solo<br />
por Erosão no município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes/RJ através de Técnicas de<br />
Geoprocessamento. In: Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,<br />
Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 3039-3046.<br />
RIFAN, Alessandro Melo. Preservação <strong>do</strong> Meio Ambiente e Mo<strong>do</strong> de Vida das<br />
Populações <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong> e Arre<strong>do</strong>res. Rio de Janeiro: <strong>UFRJ</strong>,<br />
2002.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>) - Atlas das Unidades de Conservação da Natureza <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SEMA, 2001.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>) - SECRETARIA DE AGRICULTURA E<br />
ABASTECIMENTO, Resolução nº 160, de 13 de março de 1985.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>). Decreto Lei n o . 139, de 24 de outubro de 1969, que demarca<br />
as Áreas prioritárias para a criação de Reservas Florestais no Rio de Janeiro.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>). Decreto Lei n o . 250, de 13 de abril de 1970.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>). Decreto nº 16.437, de 23 de julho de 1974.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>). Decreto nº 2.328, de 05 de janeiro de 1979.<br />
RIO DE JANEIRO (Esta<strong>do</strong>). Decreto n o . 7.121 de 28 de dezembro de 1983.<br />
SICK, H. Ornitologia Brasileira. Edição revista e ampliada por José Fernan<strong>do</strong> Pacheco.<br />
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.<br />
SILVA, Roberto Cezar Rosen<strong>do</strong> da; CARVALHO, Ailton Mota de. Formação<br />
econômica da Região Norte Fluminense. In: PESSANHA, Roberto Moraes; SILVA-<br />
NETO, Romeu (orgs.) Economia e desenvolvimento no Norte Fluminense: da canade-açúcar<br />
aos royalties <strong>do</strong> petróleo. Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, RJ: WTC Editora:<br />
2004 p. 27-75.<br />
SOFIATTI NETO, Aristides Arthur. O nativo e o exótico: perspectivas para a historia<br />
ambiental na eco-região Norte e Noroeste Fluminense entre os séculos XVII e XX.<br />
Rio de Janeiro: <strong>UFRJ</strong>, 1996.<br />
TONHASCA JUNIOR, A. Ecologia e história natural da Mata Atlântica. Rio de<br />
Janeiro: Interciência, 2005.<br />
TONHASCA JUNIOR, Athayde. Ecologia e história natural da Mata Atlântica. Rio de<br />
Janeiro: Interciência, 2005.<br />
VALLEJO. L.R. Conflitos territoriais em parques estaduais no Rio de Janeiro: Uma<br />
avaliação à luz das políticas de governo. In: Revista geo-paisagem. Ano 4, n. 7, 2005. On<br />
51
line. Disponível em: http://www.feth.ggf.br/<strong>Parque</strong>.htm Acesso em: 18 de setembro de<br />
2008.<br />
YOUNG, C.E.F.; LUSTOSA, M.C.J.; PEREIRA, A.A.; HARTJE, B.C.R. Índice de<br />
Pressão Agropecuária (IPAg) para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Focalizan<strong>do</strong> a Região<br />
<strong>do</strong> em Torno <strong>do</strong> <strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>, In: Floresta e Ambiente v.7, n.1, p.<br />
152-157, 2000.<br />
Site Oficial:<br />
INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS (IEF). Disponível em:<br />
, data de acesso: 30<br />
de novembro de 2007.<br />
52
8. Apêndices<br />
parque.<br />
Apêndice 1. Atividades da população <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PED<br />
As atividades humanas foram divididas em seis sub-áreas situadas ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
MORUMBECA<br />
Localizada em área com duplo acesso através de estradas vicinais, a principal<br />
trafegável por veículos automotores com tração nas quatro rodas, ainda que em esta<strong>do</strong> ruim<br />
de conservação, a subárea de Morumbeca, integrante <strong>do</strong>s municípios de Santa Maria<br />
Madalena e São Fidélis, consiste na subárea de maior densidade habitacional, apesar da<br />
existência de apenas um núcleo familiar residente no local. O acesso à subárea se dá por<br />
caminhos vicinais nas proximidades <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque e posteriormente por trilhas<br />
fechadas, mal conservadas, e não trafegáveis por veículos de qualquer espécie. Foram<br />
identificadas dez unidades habitacionais, sete delas na divisão administrativa de São<br />
Fidélis, e três no município de Santa Maria Madalena..<br />
RIFAS<br />
Localizada no município de Santa Maria Madalena, a sub-área Rifas é entrecortada<br />
por diferentes propriedades (demarcadas por porteiras) e, em geral, caracteriza-se pela<br />
inexistência de benfeitorias construídas. Como reflexo dessa baixa densidade habitacional,<br />
foram identificadas apenas duas construções em uma mesma propriedade, de<br />
aproximadamente 18 hectares, conforme indica<strong>do</strong> no quadro abaixo.<br />
Subárea Nº de famílias Nº de pessoas<br />
Morumbeca 1 2<br />
Rifas 2 3<br />
Serra Grande/ Poço Para<strong>do</strong> 1 3<br />
Pau da Cruz 2 6<br />
Mocotó 2 2<br />
Fazenda Opinião - -<br />
Total 8 16<br />
53
A subárea mencionada, definida de forma homogênea em virtude da representação <strong>do</strong>s<br />
técnicos <strong>do</strong> IEF e <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res sobre a área, é caracterizada, no entanto, pela diversidade<br />
das condições de acesso, trafegabilidade e tipo de ocupação.<br />
SERRA GRANDE/ POÇO PARADO.<br />
Nas proximidades <strong>do</strong> Sitio Serra Grande, identifica<strong>do</strong> no quadro abaixo e no mapa<br />
inicial, o acesso se dá por meio de estradas e caminhos vicinais trafegáveis por veículos<br />
automotores, com tração nas quatro rodas, até a entrada das unidades habitacionais. As<br />
informações obtidas nas entrevistas indicam que tais condições resultam <strong>do</strong> fato de ter si<strong>do</strong><br />
a área ocupada por uma fábrica ilegal de palmito, autuada na década de 80, bem como por<br />
um presídio, igualmente extinto em anos anteriores, e <strong>do</strong> qual não se têm vestígios<br />
atualmente.<br />
Ademais, essa localidade em especifico caracteriza-se pelo eleva<strong>do</strong> potencial<br />
turístico, em virtude da existência de rio adequa<strong>do</strong> ao banho no interior de uma das<br />
propriedades e da construção em andamento de uma pousada, conforme será descrito a<br />
seguir, apesar da existência próxima de unidades indubitavelmente não utilizadas para o<br />
mesmo fim. Ainda que baixa a densidade habitacional dessa localidade, os aspectos cita<strong>do</strong>s<br />
permitem a diferenciação com relação à área mais próxima ao Poço Para<strong>do</strong>, à oeste <strong>do</strong> Sitio<br />
Serra Grande, em que se identifica uma única unidade habitacional destinada à moradia<br />
permanente <strong>do</strong>s proprietários.<br />
O trajeto entre o Sítio Serra Grande e tal unidade habitacional, cabe destacar, é<br />
caracteriza<strong>do</strong> por extrema dificuldade de acesso, sen<strong>do</strong> necessário o conhecimento prévio<br />
das trilhas, em geral fechadas e inóspitas.<br />
PAU DA CRUZ.<br />
A subárea Pau da Cruz, situada no município de Campos, próxima à subárea<br />
Mocotó, diferencia-se da última em virtude de características relacionadas ao uso das<br />
propriedades, à dinâmica de vida da população, e às condições de acessibilidade existentes,<br />
54
esultan<strong>do</strong> em representação diferenciada sobre o espaço tanto por parte <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />
locais quanto por parte <strong>do</strong>s técnicos <strong>do</strong> IEF.<br />
O acesso à subárea é extremamente dificulta<strong>do</strong>, em virtude da distância existente entre as<br />
propriedades identificadas e o trecho da estrada que margeia o rio Mocotó, trafegável por<br />
veículos automotores com tração nas quatro rodas. As trilhas de acesso à Pau da Cruz<br />
diferenciam-se ainda das demais existentes no interior <strong>do</strong> parque em virtude das<br />
declividades extremamente acentuadas que apresentam, o que dificulta o trânsito inclusive<br />
de animais de montaria.<br />
Conforme descrito no quadro abaixo, foram identificadas três habitações na subárea,<br />
duas das quais destinam-se à moradia de agrega<strong>do</strong>s, e uma utilizada apenas<br />
esporadicamente como veraneio, segun<strong>do</strong> informações obtidas durante a campanha de<br />
campo.<br />
MOCOTÓ<br />
A subárea de Mocotó situa-se nas proximidades <strong>do</strong> trecho baixo <strong>do</strong> rio Mocotó, no<br />
município de Campos, caracterizan<strong>do</strong>-se pela beleza da paisagem e pela existência de<br />
grandes fazendas na ZEPED de mesmo nome, que se estendem até o interior <strong>do</strong> parque.<br />
Identifica-se na área tipos de uso diferencia<strong>do</strong>s: duas residências e um bar de<br />
alvenaria em construção. As três unidades citadas são servidas por estrada vicinal<br />
trafegável por veículos com tração nas quatro rodas.<br />
Destaca-se que a estrada vicinal de acesso ao bar em construção, localiza<strong>do</strong> em<br />
uma “ilha” na cachoeira Tombo D’água, vem sen<strong>do</strong> submetida a melhorias por parte <strong>do</strong><br />
proprietário para ampliação da exploração turística da área, denominada “Balneário<br />
Cachoeiras <strong>do</strong> Imbé”, segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentação encaminhada pelo proprietário ao IEF. O<br />
mesmo <strong>do</strong>cumento faz referência ao desenvolvimento de um trabalho de educação<br />
ambiental e ecoturismo no local, caben<strong>do</strong> ressaltar que quan<strong>do</strong> da campanha de campo,<br />
perío<strong>do</strong> de alta temporada, não se verificou qualquer indício <strong>do</strong> projeto referi<strong>do</strong>.<br />
FAZENDA OPINIÃO<br />
55
Localizada entre as micro-bacias <strong>do</strong> rio Opinião e <strong>do</strong> Córrego Aleluia, no extremo<br />
leste <strong>do</strong> parque, no município de Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, essa subárea caracteriza-se pela<br />
inexistência de habitações construídas no seu interior, mas com grandes fazendas na<br />
ZEPED de mesmo nome, que se estendem até o interior <strong>do</strong> parque.<br />
O acesso à subárea se dá a partir da antiga estrada de acesso a Serraria, também<br />
conhecida por Fazenda Opinião. Já o acesso ao interior da subárea é extremamente difícil,<br />
sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por caminhos vicinais nas proximidades <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque e,<br />
posteriormente, por trilhas fechadas, mal conservadas, e trafegáveis por veículos<br />
automotores com tração nas quatro rodas. As poucas trilhas existentes no interior dessa<br />
subárea diferenciam-se ainda das demais existentes no interior <strong>do</strong> parque em virtude das<br />
declividades extremamente acentuadas dificultan<strong>do</strong> o trânsito inclusive de animais de<br />
montaria.<br />
56
Apêndice 2. Atores relaciona<strong>do</strong>s à gestão <strong>do</strong> PED.<br />
NOME INSTITUIÇÃO TELEFONE E-MAIL<br />
Manoela Alves Lopes IEF<br />
Presidente <strong>do</strong> Conselho<br />
Hélio de Freitas Filho CNFCN<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Cláudia Souza Cecna<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Carlos Ronald SMMA Campos<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Paulo Araujo Batalhão Florestal<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Maria de Magdala Feijó Torres PMSMM<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Eliana Sabino Ass. de mora<strong>do</strong>res Sossego<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Edson de Jesus Gonçalves Ass. Apicultores - AMAPI<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Gilmar Carino Ass. Amigos de Madalena<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
25611192 manoela109@hotmail.com<br />
88164215 gratidaoepaz@yahoo.com.br<br />
27383355<br />
99611039<br />
25611461<br />
98378977<br />
25611233<br />
99489118<br />
27646121<br />
araujopm@netflash.com.br<br />
magdalatorres@yahoo.com.br<br />
lilijones@terra.com.br<br />
99745338 edsonjesus@yahoo.com.br<br />
92122852
Glauco Antônio Lima Prunes Abratur<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Eliane Sampaio Sec. Mun. turismo Madalena<br />
Ronnie Anderson A.<br />
Scaramuzzi<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
CBMERJ / NUPIF<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Rita Scheffel Ass. Protetora <strong>do</strong>s Animais<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Marilse <strong>do</strong> Couto Per<strong>do</strong>m EMATER<br />
Membro <strong>do</strong> Conselho<br />
98369028<br />
98258677<br />
99142922<br />
25228076<br />
25611260<br />
Mario Vahia Abratur 98258647 mariovahia@yahoo.com.br<br />
Roberta de Souza Ramalho CEFET Campos 81267080 roberta@cefetcampos.br<br />
Jairo CEFET Campos 92284434<br />
Rodrigo Torres Lima CEFET Campos 98290607<br />
27580008<br />
Gerson José Yunes Antônio EMATER (21) 96416427<br />
25611260<br />
rodrigolima_rj@yahoo.com.br<br />
gersonyunes@yahoo.com.br<br />
Carlos Henrique Martins Gomes CECNA 98368707 carloshmartins@hotmail.com<br />
Roger Rangel Coutinho SMMA Campos 99158063 admroger@gmail.com<br />
Paulo Pedrosa UENF<br />
58
José Francisco CNFCN 99242141 josefrancis@ig.com.br<br />
Adriana Gama <strong>do</strong>s Santos Comunidade Rio Preto<br />
Eleonora Sardinha Aguiar Comunidade <strong>do</strong> Imbé<br />
59
Apêndice 3. Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Levantamento de Publicações sobre o PED<br />
A a seguir 2 apresenta o resulta<strong>do</strong> da pesquisa acerca de publicações relativas ao PED<br />
encontradas pela equipe até junho de 2006. Pode-se destacar entre os <strong>do</strong>cumentos encontra<strong>do</strong>s a<br />
produção científica (69), com proeminência de trabalhos da Universidade <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> Rio de<br />
Janeiro (UENF) e as matérias de divulgação em jornais e revistas (115).<br />
Banco de Imagens 12 Legislação Pertinente 1<br />
FONTES QTDE. FONTES QTDE.<br />
Fonte desconhecida 12 ALERJ 1<br />
Divulgação 115<br />
FONTES QTDE. FONTES QTDE.<br />
CECNA(Nova Friburgo) 1 Jornal Monitor Campista. 4<br />
Diário Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Rio de Janeiro<br />
EL PASO ENERGY<br />
2<br />
Jornal O Dia<br />
5<br />
INTERNATIONAL DO<br />
Jornal O Fluminense<br />
BRASIL LTDA 1<br />
1<br />
Fonte desconhecida 30 Jornal O Globo 7<br />
Funatura 1 Jornal O Madalenense 3<br />
Funatura, CECNA 1 Jornal Tribuna da Imprensa<br />
Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente,<br />
1<br />
Gazeta Macabuense<br />
<strong>do</strong>s Recursos Hídricos e da<br />
1 Amazônia Legal 1<br />
Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro<br />
1<br />
Prefeitura Municipal de Campos,<br />
Secretaria de Industria,<br />
Comércio e Turismo 1<br />
Informativo Grupo Voz <strong>do</strong><br />
Muriqui<br />
Instituto Brasileiro de<br />
6<br />
Prefeitura Municipal de Campos.<br />
1<br />
Pesquisas e Estu<strong>do</strong>s<br />
PRO/TERRA<br />
Ambientais, Pró-Natura 1<br />
3<br />
INSTITUTO ESTADUAL DE<br />
FLORESTAS 1<br />
PRO/TERRA, CECNA.<br />
1<br />
Jacaré da Serra 1 Revista Geográfica Universal 1<br />
Jornal A Cidade 4 Revista Manchete 1<br />
Jornal Correio Cultural<br />
Jornal da Educação<br />
1 Revista Meio&Ambiente 1<br />
Ambiental <strong>do</strong> Santuário de<br />
Revista Momento Ambiental<br />
Vida Silvestre da Forquilha 1<br />
6<br />
Jornal <strong>do</strong> Brasil<br />
2<br />
Revista White Martins-Fazen<strong>do</strong><br />
a Diferença 1<br />
Jornal Folha da Manhã 13 RJ Interior 1<br />
Jornal Folha de São Paulo 1 Tribuna de Madalena 3<br />
Jornal Folha <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente 1 www.mochileiros.com<br />
1<br />
Jornal Folha RJ 2
Projetos 4 Instrumentos de Gestão 9<br />
FONTES<br />
FBCN, SEMADS, EL PASO<br />
QTDE. FONTES QTDE.<br />
ENERGY INTERNATIONAL<br />
Fonte desconhecida.<br />
DO BRASIL LTDA. 1<br />
3<br />
Fonte desconhecida<br />
2<br />
Fórum Intermunicipal Pro<br />
<strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong> <strong>Desengano</strong>. 1<br />
PRÓ-NATURA.<br />
1<br />
FUNDAÇÃO INSTITUTO<br />
ESTADUAL DE FLORESTAS. 1<br />
Ministério Público Federal,<br />
Procura<strong>do</strong>ria da República no<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
PREFEITURA MUNICIPAL DE<br />
1<br />
CAMPOS. 1<br />
PRO-NATURA 2<br />
Documentos Extras 19 Produção Científica 69<br />
FONTES QTDE. FONTES QTDE.<br />
BANCO MUNDIAL 1 Ed. Index 1<br />
CECNA 1 Futura 1<br />
Comarca de Santa Maria<br />
Madalena 2<br />
IC<br />
6<br />
Fazenda Quareterato 1 IEF/RJ – Caderno Técnico. 1<br />
Fonte desconhecida 2 LATTES 30<br />
Fórum Intermunicipal Pró<br />
<strong>Parque</strong> <strong>Estadual</strong> <strong>do</strong><br />
PROAORQ/FAU/<strong>UFRJ</strong><br />
<strong>Desengano</strong> 1<br />
Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro 1 UENF<br />
Ministério de Agricultura e<br />
Reforma Agrária 1 UERJ<br />
Prefeitura Municipal<br />
Santa Maria Madalena<br />
de<br />
1 UFF<br />
PRÓ-NATURA 1<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> de<br />
Agricultura e Abastecimento 3<br />
Secretaria de Esta<strong>do</strong> de<br />
Meio Ambiente 1<br />
Serviço Público <strong>Estadual</strong> 2<br />
Serviço Público Federal 1<br />
Processos Jurídicos e<br />
Administ. 2<br />
To<strong>do</strong>s os Títulos<br />
240<br />
FONTES QTDE. TÍTULOS QTDE.<br />
IEF 2 Relatórios Técnicos 9<br />
Produção Científica 69<br />
Documentos Extras 19<br />
Relatórios Técnicos 9 Processos Jurídicos e Administ. 2<br />
FONTES QTDE. Instrumentos de Gestão 9<br />
Fonte desconhecida 3 Projetos 4<br />
1<br />
27<br />
1<br />
1<br />
20
IEF 2 Divulgação 115<br />
PRÓ-NATURA 2 Banco de Imagens 12<br />
TERRALERTA 1 Legislação Pertinente 1<br />
UFRRJ/ PRÓ-NATURA 1<br />
21