GESTÃO DE RESÍDUOS - Revista Visão Ambiental
GESTÃO DE RESÍDUOS - Revista Visão Ambiental
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Ano 1 • n o 2 • Setembro/Outubro 2009 • VISÃO AMBIENTAL<br />
CA<strong>DE</strong>RNO<br />
<strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Cobertura de eventos do<br />
setor de saneamento<br />
• <strong>GESTÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
• TECNOLOGIA<br />
• SUSTENTABILIDA<strong>DE</strong><br />
GREEN<br />
BUILDING<br />
Ano 1 • n o 2 • Setembro/Outubro 2009<br />
Madeira<br />
Certificada<br />
Selo de origem evita<br />
desmatamento<br />
ISO 14000<br />
Como e por que obter<br />
CONSTRUIR COM<br />
SUSTENTABILIDA<strong>DE</strong><br />
Oceanografia<br />
Vida e trabalho no<br />
fundo do mar
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
SUMÁRIO<br />
6<br />
Green Building<br />
MATÉRIA <strong>DE</strong> CAPA<br />
28<br />
Meio Ambiente<br />
Madeira Certificada<br />
x Madeira Ilegal<br />
13 <strong>Visão</strong> Política<br />
Por Laércio Benko Lopes<br />
14 Política<br />
Gestão de Resíduos - desafios<br />
e oportunidades<br />
16 Turismo<br />
Viagem sustentável pela Europa<br />
20 Legislação<br />
Compensação do impacto ambiental<br />
22 Mercado de Trabalho<br />
Oceanógrafo - um mergulho<br />
nas ciências do mar<br />
34<br />
Consumo<br />
Consciente<br />
Dicas de compras que<br />
ajudam a preservar o<br />
meio ambiente<br />
24 Certificação<br />
A evolução do conceito Qualidade<br />
e a ISO 9001<br />
26 Eco Estilo<br />
Redescobrindo a Ilha<br />
53 <strong>Visão</strong> Médica<br />
Por Moises Chencinski<br />
54 Exportação de Resíduos<br />
Alerta para a prática internacional<br />
de crimes ambientais<br />
57 <strong>Visão</strong> Social<br />
Por Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />
61 <strong>Visão</strong> Internacional<br />
por João Sampaio<br />
62 <strong>Visão</strong> Administrativa<br />
Por Giovani Toledo<br />
64 <strong>Visão</strong> Econômica<br />
Por Alexandre Reis<br />
38<br />
Caderno de<br />
Resíduos<br />
Cobertura dos<br />
principais<br />
eventos do<br />
setor e<br />
Especial RSS<br />
Hospital Albert Einstein:<br />
sustentabilidade<br />
em favor da saúde<br />
58 Debate Virtual<br />
Escolhas sustentáveis<br />
e conscientes<br />
65 Evento<br />
A transparência e a sustentabilidade<br />
no Mercado de Capitais<br />
66 Agenda / Radar<br />
Eventos e contatos das empresas,<br />
participantes e colaboradores<br />
desta edição
EXPEDIENTE<br />
EXECUTIVO EDITORIAL<br />
Nilberto Machado<br />
nilberto@rvambiental.com.br<br />
EXECUTIVO FINANCEIRO<br />
José Antonio Gutierrez<br />
gutierrez@rvambiental.com.br<br />
EDITORA-CHEFE<br />
Susi Guedes<br />
susiguedes@rvambiental.com.br<br />
PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO <strong>DE</strong> ARTE<br />
Flora Rio Pardo<br />
flora@rvambiental.com.br<br />
JORNALISTAS<br />
Arielli Secco, Miriam Bollini, Renan de Souza,<br />
Taís Castilho e Walter Prandi<br />
jornalismo@rvambiental.com.br<br />
REVISÃO<br />
Diego Teixeira<br />
jornalismo@rvambiental.com.br<br />
FOTOGRAFIA<br />
Luciana Yole<br />
jornalismo@rvambiental.com.br<br />
COLABORADOR<br />
Paulo César Lamas (tratamento de imagens)<br />
COLUNISTAS <strong>DE</strong>STA EDIÇÃO<br />
Alexandre Reis, Arnaldo Jardim, Emiliano<br />
Graziano da Silva, Giovani Toledo, João<br />
Sampaio, Laércio Benko Lopes, Moisés<br />
Chencinski, Raul Lóis Crnkovic<br />
COMERCIAL e PUBLICIDA<strong>DE</strong><br />
Haroldo Macedo<br />
haroldo@rvambiental.com.br<br />
PRODUÇÃO<br />
Cristopher Raineri e Jurema Jardin<br />
atendimento@rvambiental.com.br<br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Susi Guedes – MTB 7/SP<br />
PERIODICIDA<strong>DE</strong> – Bimestral<br />
TIRAGEM – 8.000 EXEMPLARES<br />
IMPRESSÃO – VOX EDITORA<br />
ATENAS EDITORA<br />
Rua José Debieux, 3 Cj. 2<br />
Santana – São Paulo/SP – CEP – 02038-030<br />
Fone: -11- 26 9-0110<br />
www.rvambiental.com.br<br />
ATENDIMENTO AO LEITOR<br />
F. -11- 26 9-0110<br />
leitor@rvambiental.com.br<br />
As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de<br />
responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.<br />
Capa: Fotomontagem imagens SXC por design.rvambiental@gmail.com<br />
Caminhando na<br />
direção certa<br />
O mundo editorial pode ser surpreendente... Emitir opiniões, buscar soluções,<br />
informar, entreter, e todas as atribuições que se dão a um lançamento<br />
nesse mercado são conceitos amplos e podem esbarrar em dificuldades,<br />
opiniões e preconceitos que venham a ditar o lugar de uma nova publicação<br />
no mercado.<br />
Pensando nisso, antes de lançarmos nossa “número 1”, todos os critérios de<br />
qualidade editorial, planejamento, projeto gráfico e de conteúdo foram analisados<br />
à exaustão pelos executivos da revista, e colocados em prática por uma<br />
equipe conectada com as necessidades do segmento escolhido, mas com uma<br />
visão mais amplificada do que nosso leitor pudesse desejar ter em mãos.<br />
O esforço não foi em vão, pois conquistamos nosso espaço com grande<br />
destaque. A revista surpreendeu positivamente a todos, obtendo elogios de<br />
empresas, entidades, anunciantes e leitores em geral, inclusive de outras publicações<br />
do setor, as quais admiramos e respeitamos muito, que manifestaram<br />
seu carinho e desejaram sucesso.<br />
Nossa tiragem inicial de 6 mil exemplares precisou ser aumentada para<br />
atender a tantos pedidos de adesão ao nosso mailing. Dentro de um universo<br />
de internautas qualificados, nosso site, que entrou no ar em caráter definitivo<br />
no dia 12 de agosto sem nenhuma divulgação, em apenas 17 dias já contou<br />
com mais de 11 mil páginas visitadas, incluindo visitas de outros países. Foram<br />
feitos 87 downloads da versão virtual da revista.<br />
Ao dividir essas conquistas, queremos agradecer nossos leitores, anunciantes,<br />
parceiros e colaboradores, que nos ajudaram a construir este sucesso já<br />
em nosso primeiro número. E agora trazemos a todos a número 2, feita com<br />
o mesmo cuidado e dedicação da anterior.<br />
Entre os destaques desta edição temos: Green Building - construções<br />
sustentáveis; RSS - os caminhos dos resíduos da área de saúde; Turismo Sustentável<br />
na Europa; Mercado de Trabalho - desvendando os segredos do oceano;<br />
Fenasan - cobertura de um dos mais importantes eventos sobre saneamento<br />
e meio ambiente.<br />
A imensa receptividade, os elogios ao nosso projeto gráfico e ao conteúdo<br />
variado, bem elaborado e isento, nos fizeram ver que estamos no caminho<br />
certo, e vamos continuar por ele, sempre abertos a sugestões, opiniões e<br />
críticas, assumindo a responsabilidade de continuar melhorando sempre,<br />
trazendo cada vez mais informação e entretenimento ao nosso leitor, e retorno<br />
ao nosso anunciante.<br />
Esperamos que gostem de mais este número e, enquanto não chega a<br />
número 3, aguardamos sua visita em nosso portal www.rvambiental.com.br,<br />
que tem atualizações semanais com conteúdo complementar ao da revista,<br />
além de matérias e notícias provenientes de várias fontes, e as exclusivas de<br />
nossa redação.<br />
Boa leitura!<br />
José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado, Susi Guedes<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
CAPA<br />
GREEN BUILDING<br />
Tecnologia da construção aliada à eficiência ambiental<br />
Por Susi Guedes<br />
Conforto integrado à beleza e segurança<br />
sempre foram conceitos básicos da construção.<br />
Ao projetar um prédio, uma casa, um hospital,<br />
uma construção de utilidade urbana ou qualquer<br />
outra, engenheiros, arquitetos, construtores e<br />
técnicos levam em conta esses princípios. Há até<br />
bem pouco tempo, esses eram os únicos pontos<br />
relevantes para a construção civil, mas a modernidade<br />
e a necessidade de preservação do planeta<br />
têm transformado o pensamento comum, e gradativamente<br />
as chamadas “construções verdes”<br />
vão tomando forma e ocupando seu espaço.<br />
Muito se especula sobre a necessidade da<br />
normatização dos processos construtivos, em<br />
que a diminuição de resíduos passe a ser obrigação<br />
e não opção. No meio acadêmico, as escolhas<br />
por cursos, matérias e especializações<br />
que levem em conta soluções ambientais para a<br />
construção, arquitetura e decoração de espaços<br />
têm aumentado rapidamente, e as pesquisas<br />
de novos materiais e métodos tem ganhado<br />
força e encontrado soluções surpreendentes,<br />
mas, de maneira geral, apenas os primeiros<br />
passos foram dados. Muito há para se caminhar<br />
ainda, e essa normatização está longe de se<br />
tornar realidade.<br />
Os profissionais ligados ao setor da construção,<br />
bem como as empresas que contratam<br />
seus serviços, de maneira lenta mas constante,<br />
têm se dado conta dos muitos benefícios para<br />
Jatobá Green Building, do escritório<br />
Aflalo & Gasperini Arquitetos:<br />
ganhador do VI Grande Prêmio de<br />
Arquitetura Corporativa, categoria<br />
Green Building<br />
os que optam pelas construções<br />
verdes, onde todos colaboram e<br />
têm algum tipo de retorno, seja<br />
financeiro, de imagem ou conforto,<br />
e o planeta ganha fôlego<br />
na luta preservacionista.<br />
Ouvimos várias partes envolvidas<br />
no processo que pretende<br />
multiplicar a quantidade desse<br />
tipo de construção, e em todos<br />
os depoimentos é possível identificar<br />
entusiasmo e a certeza de<br />
que seja este o caminho a ser<br />
seguido para os projetos futuros<br />
da construção civil em todas as<br />
suas variantes.
ENTIDA<strong>DE</strong> CERTIFICADORA<br />
O engenheiro Nelson Kawakami,<br />
diretor-executivo do Green Building<br />
Council Brasil, uma das mais<br />
importantes entidades mundiais<br />
na divulgação de informações,<br />
normatização e incentivo do<br />
conceito de construção sustentável,<br />
fala sobre a entidade no<br />
Brasil e no mundo, e sobre os<br />
principais pontos de referência<br />
do conceito e das particularidades<br />
desse tipo de construção.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong> - Quais as<br />
principais características para que<br />
uma construção se enquadre no<br />
conceito de sustentabilidade?<br />
Nelson Kawakami - O órgão<br />
pontua as soluções sustentáveis<br />
de uma construção e avalia<br />
seu desempenho em variáveis<br />
como: espaço sustentável, eficiência<br />
no uso de água e de energia,<br />
uso de materiais e recursos,<br />
qualidade ambiental interna e<br />
inovação de processos.<br />
Localização do empreendimento:<br />
sugestões quanto à preservação<br />
e recuperação do habitat<br />
natural e terreno; cuidados que<br />
devem ser tomados na execução<br />
da obra para não afetar o meio<br />
ambiente e vizinhos; observações<br />
quanto à conectividade do<br />
empreendimento com a infraestrutura<br />
local.<br />
Uso racional de água: sugestões<br />
para redução de consumo<br />
de água potável através do uso<br />
de tecnologias de reaproveitamento<br />
de águas de chuva e usadas;<br />
utilização de equipamentos<br />
sanitários com menor consumo,<br />
tais como válvulas de descarga<br />
e vasos com duplo fluxo; metais<br />
de alta eficiência, como torneiras<br />
automáticas; irrigação de<br />
paisagismo com água não tratada<br />
e uso de tecnologias mais<br />
avançadas, como, por exemplo,<br />
o gotejamento.<br />
Eficiência energética: desenvolvimento<br />
de projeto e execu-<br />
ção de obra visando usar mais eficientemente a<br />
energia, dando-se especial atenção ao sistema<br />
de ar-condicionado, com utilização de sistemas<br />
e equipamentos de alto rendimento; iluminação<br />
com utilização de lâmpadas e luminárias de<br />
alto rendimento, aproveitamento de luz natural,<br />
individualização e automatização dos circuitos;<br />
sistemas de bombas de água com motores de<br />
alto rendimento; elevadores com recuperação de<br />
energia e sistemas de controle inteligentes.<br />
Uso adequado de materiais: recomenda-se a<br />
reutilização de materiais; uso de materiais com<br />
componentes reciclados; gestão adequada dos<br />
resíduos durante a obra e no uso dos edifícios;<br />
uso de materiais produzidos na região.<br />
Qualidade do ambiente interno: pede-se que<br />
atenção seja dada para a criação de ambientes que<br />
tragam bem estar e preserve a saúde dos usuários;<br />
Nelson Kawakami,<br />
diretor-executivo<br />
do Green Building<br />
Council Brasil<br />
Categorias de Certificação<br />
LEED NC® (New Construction): para novas construções<br />
ou grandes reformas. Elaborado para guiar<br />
projetos que se distinguem por sua alta performance<br />
(energia, água, qualidade ambiental interna, produtividade,<br />
etc.). Pode ser usado para prédios comerciais,<br />
residenciais, governamentais, instalações recreativas,<br />
laboratórios e plantas industriais.<br />
LEED CS® (Core & Shell): nesta modalidade,<br />
certifica-se toda a envoltória do empreendimento,<br />
suas áreas comuns e, internamente, o sistema de<br />
ar-condicionado e elevadores. O LEED CS® é utilizado<br />
por construtores e incorporadores que estão<br />
desenvolvendo o projeto para posterior comercialização<br />
de suas salas, garantindo ao futuro usuário<br />
que suas instalações ofereçam todas as condições<br />
para a alta performance do empreendimento.<br />
O LEED CS® foi desenvolvido para ser complementado<br />
pelo LEED CI® (Commercial Interior).<br />
Ocorre que o construtor e incorporador destes<br />
empreendimentos que serão futuramente comercializados<br />
não podem se comprometer em<br />
relação ao modo que o futuro usuário ocupará<br />
as salas comercializadas. Pré-certificação: a précertificação<br />
se faz presente apenas nos projetos<br />
registrados na modalidade LEED CS®. Trata-se de<br />
um reconhecimento formal de que o empreendedor<br />
estabeleceu metas para o desenvolvimento de um<br />
empreendimento certificado LEED CS®. Tendo em<br />
vista o caráter comercial destes empreendimentos,<br />
após pré-certificado, o empreendedor poderá fazer<br />
a divulgação visando a pré-venda do empreendimento<br />
ou facilidades de financiamentos. Concluído<br />
o processo de auditoria do empreendimento, tendo<br />
o empreendedor cumprido todas as metas por<br />
ele apresentadas, o empreendimento receberá a<br />
certificação LEED CS®.<br />
LEED CI® (Commercial Interior): para interiores<br />
comerciais. Foi desenvolvido para garantir<br />
a alta performance dos interiores, em termos de<br />
ambiente saudável, locais de trabalho produtivos,<br />
baixo custo de manutenção e operação e redu-<br />
recomenda-se ventilação adequada, iluminação<br />
natural e visibilidade do exterior para a maioria<br />
dos usuários; utilizar na pintura e na colagem dos<br />
carpetes, por exemplo, materiais com baixo teor<br />
de VOC (Composto Volátil Orgânico).<br />
ção do impacto ambiental. O LEED CI® oferece<br />
aos usuários, arquitetos de interiores e designers,<br />
a possibilidade de criar ambientes sustentáveis,<br />
independentemente de não poderem atuar na<br />
operação de todo o prédio.<br />
LEED ND® (Neighbourhood Development):<br />
o sistema de certificação LEED ND®, para bairros<br />
e desenvolvimento de comunidades, integra os<br />
princípios do crescimento inteligente, urbanismo<br />
e construção sustentável para a concepção<br />
de bairros. A certificação LEED ND® requisita que<br />
o desenvolvimento da localização e concepção<br />
do empreendimento cumpra elevados níveis de<br />
responsabilidade ambiental e social.<br />
LEED School®: o sistema de certificação LEED<br />
School® reconhece o caráter único da concepção<br />
e construção de escolas. Baseado no sistema de<br />
certificação LEED NC®, aborda questões como a sala<br />
de aula, acústica, planejamento central, prevenção<br />
contra mofo e avaliação ambiental do local. Ao<br />
abordar a singularidade dos espaços escolares e as<br />
questões de saúde infantil, o LEED School® fornece<br />
uma única e abrangente ferramenta para as escolas<br />
que pretendem construir de forma sustentável<br />
com resultados mensuráveis.<br />
LEED EB® (Existing Building): O sistema de<br />
certificação LEED EB®, para edifícios existentes,<br />
ajuda os proprietários e operadores a medir suas<br />
operações, fazer melhorias na manutenção em uma<br />
escala consistente, com o objetivo de maximizar<br />
a eficiência operacional e minimizar os impactos<br />
ambientais. O LEED EB® aborda em todo o edifício<br />
questões de limpeza e manutenção, programas de<br />
reciclagem, programas de manutenção exterior<br />
e atualização de sistemas, podendo ser aplicado<br />
tanto para edifícios existentes que procuram a<br />
certificação LEED EB® pela primeira vez quanto<br />
para projetos previamente certificados no âmbito<br />
de outros Sistemas de Certificação LEED®, como<br />
LEED NC®, LEED School®, LEED CS® e LEED EB® (em<br />
caso de renovação).<br />
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
CAPA<br />
Pesquisa e<br />
Educação<br />
No planejamento estratégico<br />
do GBC Brasil, a<br />
educação é o ponto mais<br />
importante para nos ajudar<br />
a transformar o mercado<br />
imobiliário brasileiro, e três<br />
itens são extremamente importantes<br />
para nós:<br />
• Alianças com universidade<br />
para oferecermos<br />
nos cursos de graduação,<br />
pós-graduação e especialização<br />
cursos relativos a<br />
construção verde. Temos<br />
convênios com a Universidade<br />
Mackenzie, FAU/USP,<br />
UFF, UFMG, Belas Artes. No<br />
Rio de Janeiro, por exemplo,<br />
o GBC tem uma parceria<br />
com a Universidade Católica<br />
de Petrópolis e com a<br />
América Latina Sustentável<br />
Consultoria para a realização<br />
de um MBA em edificações<br />
sustentáveis. Nesse<br />
semestre está sendo aberta<br />
a segunda turma.<br />
• Cursos, seminários e<br />
palestras para a divulgação<br />
de boas práticas, como a<br />
parceria com a Academia de<br />
Engenharia e Arquitetura.<br />
De julho a dezembro, foram<br />
programados 24 cursos em<br />
nove cidades das regiões<br />
Sudeste, Sul, Nordeste e<br />
Centro-Oeste. Os cursos<br />
são desenvolvidos para<br />
capacitar engenheiros, arquitetos<br />
e profissionais da<br />
área que desejam atuar no<br />
mercado de construção civil<br />
sustentável.<br />
• Certificação LEED, que<br />
é uma ferramenta poderosa<br />
de comunicação com os diversos<br />
públicos do setor da<br />
construção civil. No fundo,<br />
gostaríamos que ela não fosse<br />
mais necessária, pois seria<br />
a garantia efetiva que estaríamos<br />
alcançando os nossos<br />
objetivos, ou seja, a cultura<br />
de sustentabilidade teria sido<br />
implantada e não mais precisaríamos<br />
de certificações. No<br />
ano 2008, conseguimos envolver<br />
diretamente em nossas<br />
palestras cursos e seminários,<br />
mais de 7 mil pessoas<br />
em 12 estados brasileiros.<br />
RVA- Quem avaliza o certificado LEED? Ele tem<br />
reconhecimento no mercado nacional?<br />
NK- A certificação é concedida pelo United States<br />
Green Building Council, que criou a certificação<br />
em 1999 em resposta à demanda do mercado<br />
norte-americano por uma definição mais precisa<br />
de Green Building. Constantemente adaptado e<br />
aberto às mudanças sociais e de mercado, o LEED<br />
é um sistema baseado no consenso entre os atores<br />
envolvidos e prevê a atuação de comitês de análise,<br />
grupos de consultoria técnica, ouvidoria para<br />
comentários, críticas e sugestões de mudanças e<br />
um processo justo de apelação.<br />
RVA - Como o consumidor final tem reagido a esta<br />
nova postura do segmento da construção civil?<br />
Quem é este consumidor?<br />
NK - A construção civil começa a demonstrar que<br />
está se adequando cada vez mais aos conceitos<br />
de sustentabilidade que estão sendo impostos<br />
em todos os setores da economia e que a cada<br />
dia passam a ser uma exigência da sociedade,<br />
principalmente da nova geração. Os mais jovens<br />
estão começando a exigir de seus fornecedores<br />
uma postura mais correta em relação ao meio<br />
ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios<br />
corporativos deste milênio: o consumo consciente.<br />
Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores<br />
e incorporadores tanto comerciais<br />
quanto residenciais, fornecedores de materiais,<br />
insumos e tecnologias estão aos poucos desenvolvendo<br />
expertise nessa área, em um movimento<br />
que ganhou força nos últimos cinco anos e que<br />
hoje já começa a criar uma nova demanda no<br />
mercado da construção civil no Brasil.<br />
RVA - Qual a previsão de crescimento de adesão<br />
ao movimento?<br />
NK- Hoje, no Brasil, há 139 empreendimentos em<br />
processo de certificação. A expectativa é que até o<br />
final de 2009 esse número chegue a 200.<br />
RVA - Que tipo de resistência esse conceito encontra?<br />
Quais argumentos costumam abrandar ou<br />
eliminar essas resistências?<br />
NK- Um dos empecilhos comumente citados é o<br />
preço superior da construção. Contudo, os núme-<br />
Hotel Acqua - projeto Arquiteto<br />
Rafael Vinoly - utiliza gás<br />
ecológico no ar condicionado e<br />
reaproveitamento da água<br />
ros mostram que isso não é verdade e que o valor<br />
gasto a mais é recompensado em pouco tempo.<br />
Nos Estados Unidos, construir empreendimentos<br />
sustentáveis custa, em média, de 1% a % mais<br />
caro. No Brasil, esse aumento pode ser de 5% a<br />
10% para prédios comerciais e de 2% a 4% para<br />
prédios residenciais. Mas esse é o caro que sai<br />
barato. Prédios comerciais nos Estados Unidos<br />
obtêm, em média, prêmio de 3% por metro quadrado<br />
no aluguel e de 3,5% na ocupação. Além<br />
disso, apresentam maior velocidade na venda e<br />
,5% de sobrevalorização. No Brasil, devido ao<br />
número ainda reduzido de prédios em operação,<br />
esse retorno tem sido ainda maior, com valorização<br />
em torno de 20% e uma redução nos custos<br />
operacionais de 25%, além da maior velocidade<br />
de venda desses imóveis.<br />
RVA- Há previsão de quando será efetivado no<br />
Brasil o sistema LEED de certificação?<br />
NK- O processo de auditoria para certificação continuará<br />
sendo gerido centralizadamente nos EUA.<br />
Os requisitos para certificação já foram analisados<br />
e otimizados para utilização no Brasil. Eles devem<br />
estar em operação no ano que vem.<br />
RVA - Quais são os outros 12 países membros do<br />
World Green Building Council?<br />
NK- Argentina, Austrália, Canadá, Emirados Árabes,<br />
Alemanha, Índia, Japão, México, Nova Zelândia, África<br />
do Sul, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos.<br />
Os grandes desafios da entidade para os próximos<br />
anos são a consolidação de um programa educacional<br />
nacional e o estabelecimento de parcerias<br />
estratégicas para alavancar as atividades da ONG<br />
em território nacional. Além disso, o GBC tem como<br />
objetivo integrar todos os agentes do mercado<br />
de forma a propiciar um ambiente favorável à<br />
construção sustentável, favorecendo a conscientização<br />
do cliente final de todo o processo e seus<br />
benefícios. O trabalho do GBC Brasil é apoiado por<br />
diversas empresas e associações preocupadas com<br />
a preservação do meio ambiente, os chamados<br />
membros fundadores, como Alcoa, Amanco, Cushman<br />
& WakeField, JHSF, Rossi Residencial, Wal-Mart<br />
e WTorre Empreendimentos, entre outros.
Divulgação<br />
PALAVRA DO CONSTRUTOR<br />
Fazer escolhas na hora de conceber e construir<br />
um prédio sustentável pode contar pontos<br />
significativos para o sucesso do empreendimento.<br />
O mercado tem ficado atento a todo tipo de<br />
inovação, e o consumidor com maior acesso à<br />
informação também tem buscado analisar diferenciais<br />
ligados à consciência ecológica na hora<br />
da decisão de compra de seus bens de consumo,<br />
o que se estende a bens imóveis também, sejam<br />
eles para moradia, trabalho ou investimentos.<br />
Alguns construtores demonstram estar atentos<br />
a essa tendência e procuram inserir os conceitos<br />
aos seus lançamentos.<br />
Escritórios Comerciais<br />
“O que nos levou a considerar o modelo de<br />
sustentabilidade para o empreendimento foi a<br />
North Corporate Center:<br />
bem-estar gera produtividade;<br />
sustentabilidade aliada a<br />
recursos humanos<br />
Unidade de Diagnóstico<br />
Fleury : iluminação e<br />
ventilação adequadas<br />
acalmam os pacientes<br />
crescente cobrança de nossos clientes por produtos<br />
com propostas de preservação ambiental,<br />
mas que viesse com condições viáveis, ou seja,<br />
não só com o discurso ecológico, mas apresentasse<br />
uma solução economicamente exequível”,<br />
diz Sérgio Auad, da MSN Imobiliária.<br />
“Por esse motivo consultamos a NR <strong>Ambiental</strong><br />
e juntos discutimos os vários pontos a serem<br />
abordados: uso de materiais recicláveis e/ou certificados,<br />
utilização de novas tecnologias para<br />
menor consumo de água e energia, payback dos<br />
vários sistemas e materiais a serem implantados,<br />
automação de vários sistemas e equipamentos,<br />
utilização de materiais alternativos desde a construção<br />
até o condomínio de utilização, etc.”<br />
“O cliente do North Corporate Center, além de<br />
ter preocupações ambientais, tem preocupação<br />
com sua imagem junto a seus clientes, fator este<br />
que cria uma posição de destaque em seu nicho<br />
de mercado, vende uma imagem positiva de sua<br />
empresa. Resumindo, essa consciência ambiental<br />
não custa mais caro e não é mero discurso.”<br />
“Os custos envolvidos, segundo estudos preliminares,<br />
não afetarão o custo final do empreendimento,<br />
visto que todas as soluções propostas<br />
vêm acompanhadas de um estudo mostrando<br />
o retorno a médio e longo prazos. Acredito<br />
também que o empreendimento, por ter essas<br />
características, causará um importante impacto<br />
na sua microrregião, ocupada principalmente<br />
por empresas de transporte, shopping center,<br />
centro de exposições, concessionárias de veículos,<br />
rodoviária e próxima à Marginal Tietê, ou<br />
seja, um ‘oásis’ para a região.”<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
Divulgação<br />
9
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
10<br />
CAPA<br />
Centro de treinamento<br />
que usa o contato com a<br />
natureza em seu favor<br />
Espaço de Convivência e Treinamento<br />
O Espaço Terra é um novo conceito em empreendimento<br />
voltado ao segmento corporativo.<br />
É um espaço de 220 mil m², sendo 120 mil m² de<br />
mata atlântica nativa e totalmente dedicado à<br />
vivência corporativa. Um dos grandes diferenciais<br />
é o foco sustentável do empreendimento,<br />
que foi todo decorado com produtos naturais<br />
ou reaproveitados do local. Ainda dentro do<br />
contexto de sustentabilidade, alguns espaços<br />
serão destinados às atividades locais, como o<br />
alambique e o tear, que abrigarão trabalhadores<br />
da região de Embu das Artes para trabalhar e<br />
viver da renda de sua produção.<br />
Além disso, o espaço possui diversas opções<br />
de atividades que visam as mudanças comportamentais<br />
e o contato direto com a natureza.<br />
Todo esse conceito natural e diferenciado foi<br />
idealizado pelo psicanalista Osório Roberto dos<br />
Santos, que, ao conceber o espaço dentro de conceitos<br />
de sustentabilidade, viu nesta forma orgânica<br />
de viver e trabalhar um diferencial de fundamental<br />
Divulgação<br />
Fontes naturais<br />
ajudam a manter a<br />
sensação térmica<br />
Divulgação
importância na gestão de empresas<br />
e pessoas.<br />
Edifício Residencial<br />
“A tomada de consciência do<br />
impacto causado pela construção<br />
no meio ambiente, tão divulgado<br />
na mídia, o reconhecimento por<br />
ações ambientalmente corretas<br />
e a crença de que os consumidores<br />
também exigem esse tipo<br />
de conduta nos levaram a optar<br />
por inserir elementos de sustentabilidade<br />
em nosso recente<br />
empreendimento, o Novo Centro<br />
República”, declara Stella Maud<br />
Fleury Teixeira Leite, do escritório<br />
Luis Alcino Teixeira Leite & Arquitetos<br />
Associados.<br />
“Vemos inclusive que o comprador<br />
de um apartamento em<br />
um prédio sustentável pode se<br />
beneficiar do ponto de vista de<br />
sua saúde, pois visamos também<br />
seu bem-estar e conforto.<br />
Ele sente que está contribuindo<br />
favoravelmente de alguma forma<br />
em seu dia a dia para essa<br />
questão e ainda pode se beneficiar<br />
da redução de alguns custos<br />
na sua moradia.”<br />
“Quando se fala em custos,<br />
podemos analisar por dois lados:<br />
para o consumidor, alguns<br />
custos poderão ser diminuídos<br />
na parte de consumo de energia<br />
elétrica ou uso racional da água<br />
na sua conta individual ou co-<br />
letiva (condomínio); para a empresa construtora,<br />
talvez exista ainda um custo adicional inicial maior.<br />
Os custos podem variar muito, dependendo da<br />
disposição da empresa. Pode-se inclusive não<br />
onerar nada, simplesmente trabalhando com parceiros<br />
que também já tenham em seus produtos e<br />
processos de fabricação esses procedimentos.<br />
“No Brasil, ainda estamos começando, mas<br />
a imagem que uma empresa tem com relação a<br />
sua postura ambiental é relevante – basta ver o<br />
numero elevado de empresas ligadas ou não à<br />
construção civil que já têm programas socioambientais<br />
instalados, mostrando para os consumidores<br />
sua conscientização e ações para o combate<br />
do aquecimento global”.<br />
“Em alguns países, construções que não atendam<br />
procedimentos de proteção ambiental demoram<br />
mais tempo para serem comercializados.<br />
Atualmente, ainda não é fator determinante para<br />
compra aqui no Brasil, mas, seguindo a tendência<br />
mundial, em breve isso será fundamental, um<br />
caminho sem volta.”<br />
PALAVRA DO CONSULTOR<br />
Escritórios de engenharia e consultorias do setor<br />
passaram a olhar esse segmento como grande<br />
aliado para atender a clientes preocupados em<br />
fazer bons negócios sem abrir mão dos princípios<br />
de sustentabilidade. Ouvimos a experiência de<br />
alguns deles neste sentido.<br />
“Nos Estados Unidos, temos dezenas de profissionais<br />
divididos em dois escritórios na Califórnia,<br />
em Oakland e SanDiego, que há muitos<br />
anos vêm se dedicando ao desenvolvimento de<br />
projetos que têm por meta o conceito do Green<br />
Building. A expertise adquirida pelos nossos colegas<br />
americanos nos garante que poderemos<br />
Telhados brancos: sabedoria<br />
milenar e aproveitamento de<br />
matéria-prima nativa<br />
TELHADOS BRANCOS – Diminuir a temperatura do planeta em 1 o C é<br />
o que se pode conseguir com telhados brancos, sejam eles pintados<br />
ou feitos com telhas, coberturas e lajes desta cor. Uma campanha<br />
mundial propõe essa mudança. www.onedegreeless.org<br />
Alessandra Nicoli/SXC<br />
Divulgação<br />
Novo Centro República:<br />
conforto e economia em<br />
moradias sustentáveis<br />
trocar experiências e alcançarmos juntos resultados<br />
significativos também aqui no Brasil”.<br />
“O mercado consumidor brasileiro em pouco<br />
tempo vai se conscientizar dos benefícios que<br />
esse conceito pode trazer para nós. Não só o meio<br />
ambiente agradece como também o bolso do<br />
consumidor. Temos como hábito procurar saber<br />
qual o consumo de combustível de um automóvel<br />
que queremos adquirir, mas ainda não pensamos<br />
nisso quando compramos um imóvel. Muito em<br />
Telhados Verdes:<br />
jardim na cobertura<br />
garante lazer e<br />
sensação térmica<br />
agradável<br />
TELHADOS VER<strong>DE</strong>S – A criação de jardins nos telhados se apresenta como<br />
uma das opções menos dispendiosas e mais criativas para se manter a<br />
temperatura interna. Além de eficaz na economia de energia, tornam-se<br />
muitas vezes um espaço de convivência, cuidado por todos.<br />
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
11
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
12<br />
CAPA<br />
Escritórios da Kema<br />
Consultoria, em<br />
Oakland (EUA):<br />
fachada de vidro<br />
garante boa<br />
iluminação com<br />
pouco consumo<br />
breve o custo de manutenção<br />
do imóvel também terá um<br />
forte apelo comercial. Aquela<br />
edificação que não conta com<br />
soluções de sustentabilidade vai<br />
custar mais caro, por exemplo,<br />
para uso do ar-condicionado,<br />
iluminação e outros fatores que<br />
hoje a maior parte das pessoas<br />
desconhece”.<br />
“Trabalhamos no sentido de<br />
formar uma equipe altamente<br />
qualificada. Estamos nos<br />
preparando para atendermos<br />
a demanda de projetos dessa<br />
natureza, que certamente está<br />
em franco crescimento e podem<br />
contar com a nossa contribuição.<br />
Pretendemos também submeter<br />
nossos projetos às etiquetas<br />
disponíveis no mercado”.<br />
O arquiteto e urbanista<br />
Marcelo Perret é consultor sênior<br />
da Kema, responsável pela<br />
área de edificações sustentáveis.<br />
É mestre em “Energy Studies”<br />
pela instituição inglesa Architectural<br />
Association School of<br />
Architecture, London.<br />
“Edifícios com preocupação<br />
ambiental já são realidade nos dias atuais e tendência<br />
para o futuro, pois dia a dia o mercado percebe<br />
que esses empreendimentos têm a preferência<br />
do investidor. Diversas pesquisas apontam que o<br />
consumidor final está disposto a pagar um pouco<br />
mais por metro quadrado num edifício verde.”<br />
“No passado, alguns edifícios eram promovidos<br />
como edifícios verdes e vendidos a preços bem<br />
mais altos, sem de fato terem esse conceito em<br />
sua concepção. Isto levou a certa desconfiança, e,<br />
quando um novo empreendimento é lançado com<br />
o argumento de que é “verde”, muitos suspeitam<br />
da veracidade das informações. Isso tem mudado,<br />
e hoje há um amadurecimento do setor.”<br />
“Duas forças concorrentes corroboraram<br />
para uma maior credibilidade desse novo tipo<br />
de empreendimento: por um lado, a existência<br />
de entidades certificadoras isentas e específicas<br />
para esta finalidade, e, por outro, o valor cobrado<br />
está mais alinhado com a realidade.”<br />
“Dentro desse contexto é que trabalhamos<br />
para dar a nossos clientes uma perspectiva de<br />
soluções reais, exequíveis dos pontos de vista<br />
técnico e financeiro. É necessário muito conhecimento<br />
e criatividade a fim de adequar todas<br />
as facilidades que o mercado exige dentro do<br />
conceito ecológico.”<br />
“Adequações de custos, soluções preservacionistas<br />
e preocupação com conforto são itens fundamentais<br />
ao se pensar, projetar, construir e administrar<br />
um ’empreendimento verde’, e nesse contexto é<br />
imprescindível uma boa consultoria ambiental”.<br />
Nilberto Machado é engenheiro pela Escola Politécnica<br />
da USP, com ênfase em Energia. Sua empresa,<br />
a NR <strong>Ambiental</strong>, conta com um departamento específico<br />
de consultoria para construtoras interessadas em<br />
fazer projetos dentro do conceito Green Building<br />
A tendência mundial de construções verdes<br />
parece mesmo irreversível. Já se sabe que, no<br />
detalhe ou no todo, moradias, hotéis, hospitais<br />
e escritórios podem ser construídos dentro<br />
desse conceito. A mudança principal que<br />
cabe agora é a de postura diante das opções<br />
de quem planeja, constrói, compra, investe ou<br />
administra. Elas definirão os novos rumos da<br />
construção civíl e as possibilidade de melhor<br />
viver num mundo sustentável.<br />
Copa Sustentável<br />
A Copa do Mundo de Futebol que acontecerá<br />
no Brasil em 2014 terá como tema “Copa<br />
Sustentável”. As 12 capitais escolhidas para<br />
sediar jogos precisarão desenvolver projetos<br />
caracterizados pela sustentabilidade ambiental<br />
e econômica. Os requisitos foram<br />
definidos pela Fifa, e seus fiscais<br />
estarão atentos a todos os<br />
detalhes da construção e modernização<br />
dos estádios, desde<br />
os projetos de engenharia<br />
e arquitetura, até a qualidade<br />
dos materiais utilizados.<br />
Divulgação
VISÃO POLÍTICA<br />
Laércio Benko Lopes<br />
E-Trash: um problema muito<br />
sério sem a devida atenção<br />
O lixo eletrônico constitui o problema de<br />
coleta de resíduos de maior crescimento no<br />
mundo. Desde a China continental até regiões<br />
da Índia, Paquistão e principalmente o Brasil, em<br />
rápido processo de industrialização, uma ampla<br />
gama de aparelhos está sendo produzida e destinada<br />
em condições que colocam em perigo a<br />
saúde dos trabalhadores, suas comunidades e o<br />
meio ambiente. A maior parte dos componentes<br />
destes aparelhos, na maioria das vezes, não é<br />
recuperada e vendida para sua reutilização.<br />
Manuseada como lixo normal, seu destino é<br />
o lixão, e o meio ambiente ao seu redor fica<br />
exposto aos perigos provenientes do contato<br />
com metais pesados como mercúrio, chumbo,<br />
berílio, cádmio e bromato, que deixam resíduos<br />
letais no corpo, solo e cursos de água.<br />
Trata-se de um tipo de reciclagem que não<br />
é exatamente o que os consumidores têm em<br />
mente quando depositam seus computadores<br />
no lixão local. Os especialistas industriais dizem<br />
que entre 50% e 80% do lixo eletrônico coletado<br />
para reciclagem acaba em navios que se dirigem<br />
aos lixões de lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />
componentes tóxicos vão parar em correntes<br />
sanguíneas e cursos de água.<br />
Os governos e as companhias eletrônicas<br />
conhecem há muito tempo os perigosos efeitos<br />
desta reciclagem, como já assinalava em 1989 a<br />
redação da Convenção da Basileia, um tratado<br />
internacional que se ocupa do comércio mundial<br />
de resíduos tóxicos. Em 1994, esse tratado<br />
foi reforçado para proibir a exportação de todo<br />
lixo tóxico dos países ricos para as nações pobres,<br />
inclusive com o propósito de reciclá-los.<br />
O único país desenvolvido que se recusou<br />
a ratificar a Convenção da Basileia foram<br />
os Estados Unidos. Agora, como no caso de<br />
muitos acordos globais, o restante do mundo<br />
deixou de esperar que Washington conduza<br />
o processo para reduzir os perigos derivados<br />
do lixo eletrônico e tomou a iniciativa em suas<br />
mãos. A União Europeia, por exemplo, já colocou<br />
em vigor a Convenção da Basileia e proíbe<br />
em todos os casos a exportação de lixo perigoso<br />
para os países em desenvolvimento. E,<br />
mais importante ainda, a UE prepara uma série<br />
de regras que incluem a exigência de que as<br />
indústrias eletrônicas que venderem aos 25<br />
integrantes do bloco assumam a responsabilidade<br />
por todo o ciclo de vida de seus produtos.<br />
Soluções existem várias, porém, a mais sensata<br />
seria que tanto os fabricantes quanto os consumidores<br />
pensassem em seus computadores<br />
e outros aparelhos<br />
eletrônicos não tanto<br />
como produtos<br />
para serem vendidos<br />
e comprados,<br />
mas como serviços<br />
a serem utilizados<br />
d u r a n t e t e m p o<br />
mais prolongado do<br />
que os atuais. Mas o<br />
que aconteceria se<br />
comprássemos dos fabricantes “caixas” básicas<br />
contendo os componentes centrais e que,<br />
por sua vez, os produtores, como parte de um<br />
acordo de serviço a longo prazo, garantissem a<br />
manutenção regular da máquina e instalassem<br />
nela dispositivos mais modernos quando estes<br />
estiverem disponíveis? A “expectativa de<br />
vida” dos computadores se estenderia,<br />
então, para cinco anos ou<br />
mais. Para adotar tal enfoque seria<br />
necessário adiar indefinidamente<br />
a estratégia de sobrevivência dos<br />
fabricantes de planejar a obsolescência<br />
a curto prazo de<br />
seus produtos e<br />
de condicionar<br />
a preferência<br />
dos consumidores<br />
por incessantesnovidades<br />
em seus<br />
equipamentos<br />
eletrônicos.<br />
Divulgação<br />
Os especialistas industriais dizem que<br />
entre 50% e 80% do lixo eletrônico<br />
coletado para reciclagem acaba em<br />
barcos que se dirigem aos lixões de<br />
lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />
componentes tóxicos vão parar em<br />
correntes sanguíneas e cursos de água<br />
LAÉRCIO BENKO LOPES<br />
é advogado tributarista<br />
e dirigente regional do<br />
Partido Verde<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
13
Renato Cardoso/SXC<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
14<br />
POLÍTICA<br />
Por Arnaldo Jardim<br />
A gestão adequada de resíduos sólidos é uma<br />
tendência mundial irreversível. Entenda-se por<br />
resíduos todo o lixo doméstico, efluentes industriais,<br />
rejeitos perigosos, entulhos da construção<br />
civil e materiais hospitalares usados. Há décadas,<br />
países desenvolvidos implantaram políticas que<br />
melhoraram sua qualidade de vida e sua saúde pública,<br />
além de ajudar na preservação dos recursos<br />
naturais. No Brasil, faz 17 anos que o Congresso<br />
Nacional tenta aprovar uma Política Nacional de<br />
Resíduos Sólidos, sem sucesso. Agora, queremos<br />
mudar esse destino e caminhar na direção das<br />
experiências internacionais bem sucedidas.<br />
Esta convicção gera expectativa em torno do<br />
grupo de trabalho, suprapartidário, formado no<br />
âmbito da Câmara Federal, que será responsável<br />
por apresentar a proposta de Política Nacional de<br />
Resíduos Sólidos<br />
Desafios e oportunidades<br />
A gestão adequada<br />
do lixo é uma<br />
tendência mundial<br />
irreversível<br />
Resíduos Sólidos (PNRS). Trata-se de um marco<br />
regulatório fundamental, ao estabelecer diretrizes<br />
de gestão em todo o País, reconhecendo<br />
a descentralização político-administrativa das<br />
ações e estabelecendo a responsabilidade compartilhada<br />
entre a sociedade, a iniciativa privada<br />
e o poder público.<br />
Anualmente, produzimos 61,5 milhões de<br />
toneladas/ano de resíduos urbanos, das quais 54,4<br />
milhões de toneladas são coletadas. De acordo<br />
com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas<br />
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), dos<br />
5.563 municípios, 3.406 não dão uma destinação<br />
adequada ao lixo.<br />
Na cidade de São Paulo, são geradas 12 mil<br />
toneladas de lixo/dia, mas apenas 5% são reciclados.<br />
As áreas de periferia, justamente as que<br />
mais sofrem com enchentes, epidemias e lixões,<br />
em sua maioria estão excluídas do programa.<br />
Todos os meses são distribuídos 66 milhões de<br />
sacolinhas plásticas, que demoram 300 anos para<br />
se decompor. Pesquisa junto às 31 subprefeituras<br />
da capital paulista, feita por um jornal diário,<br />
revelou que existem 1,3 mil pontos ilegais de<br />
despejo de entulho.<br />
A experiência como autor da lei paulista sobre<br />
Na cidade de<br />
São Paulo, são<br />
geradas 12 mil<br />
toneladas de<br />
lixo/dia, mas<br />
apenas 5%<br />
são reciclados.<br />
Pesquisa<br />
revelou que<br />
existem 1,3 mil<br />
pontos ilegais<br />
de despejo de<br />
entulho
a questão de resíduos sólidos fez com que tivesse<br />
acesso a estes dados que demonstram a dimensão<br />
do problema, pois, pasmem, não existem<br />
estatísticas oficiais atualizadas ou consolidadas.<br />
A necessidade de dispormos de um inventário<br />
nacional – de quanto se produz, como se transporta,<br />
quanto se trata e qual a destinação final<br />
do lixo –, é uma das prerrogativas da PNRS para<br />
elaborarmos um diagnóstico e embasar políticas<br />
públicas adequadas à realidade de cada cidade,<br />
região ou Estado.<br />
Aos municípios, cabe elaborar um Plano de<br />
Gestão Integrada de Resíduos, que consiste na<br />
criação de um plano de varrição, de coleta seletiva,<br />
diagnóstico de produção de resíduos e outros<br />
serviços de limpeza pública, que será condição<br />
obrigatória para que recebam verbas da União<br />
para investimentos no setor.<br />
Nas 1.971 cidades que contam com coleta<br />
seletiva, algumas já usufruem de parcerias entre<br />
cooperativas de catadores, iniciativa privada e<br />
o poder público, que serão fortalecidas com a<br />
PNRS. Cerca de 800 mil pessoas sobrevivem da<br />
catação de reciclados, com uma renda média de<br />
1 a 1,5 salário mínimo.<br />
Para demonstrar a importância desta atividade<br />
econômica e social, basta observar os dados<br />
da Associação Brasileira de Alumínio (Abal).<br />
Segundo a entidade, o índice de reciclagem de<br />
latinhas chega a 95%, o que gera uma economia<br />
de energia na faixa de 1.976 GW/h por ano (0,5%<br />
do consumo no Brasil), além de ser responsável<br />
pela economia de 700 mil toneladas de bauxita,<br />
matéria-prima da alumina. Exemplos bem<br />
sucedidos como este, estimulam o princípio do<br />
Poluidor-Pagador e os instrumentos de Logística<br />
Reversa e a Análise do Ciclo de Vida do Produto,<br />
pilares da nova legislação.<br />
Zsuzsanna Kiliàn/SXC<br />
O princípio do Poluidor-Pagador estabelece<br />
ao poluidor a responsabilidade pelos custos de<br />
combate à poluição, para manter o meio ambiente<br />
em estado aceitável, bem como sua melhoria.<br />
A partir deste conceito, surge a necessidade<br />
de implantarmos a Análise do Ciclo de Vida do<br />
Produto, que consiste em uma série de etapas<br />
que envolvem a produção, desde a obtenção de<br />
matérias-primas e insumos, processo produtivo,<br />
até o seu consumo e disposição final.<br />
Já a Logística Reversa é um instrumento econômico<br />
e social, caracterizado por um conjunto<br />
de ações, procedimentos e meios, destinados<br />
a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos<br />
por seus geradores para que sejam tratados ou<br />
reaproveitados. Neste sentido, destaco o trabalho<br />
do Inpev (Instituto Nacional de Processamento<br />
de Embalagens Vazias), a partir de uma legislação<br />
específica. Trata-se de uma entidade, sem fins<br />
lucrativos, responsável pelo transporte das embalagens<br />
vazias, a destinação final (reciclagem ou<br />
incineração) e pelo seu destino ambientalmente<br />
adequado. O comprometimento de toda a cadeia<br />
(agricultor, indústria, poder público e sistema<br />
de comercialização) é um dos pontos fortes e<br />
fator chave do processo de destinação final de<br />
embalagens vazias. Só no ano passado, foram<br />
coletadas quase 22 mil toneladas de embalagens<br />
que, caso contrário, estariam contaminando rios,<br />
solos e animais.<br />
O grupo de trabalho já realizou quatro audiências<br />
públicas sobre os temas mencionados anteriormente.<br />
A mais recente abordou a construção<br />
de um modelo viável, a partir de instrumentos<br />
econômicos e tributários que fomentem processos<br />
de produção mais limpos e favoreçam a<br />
inovação tecnológica, no sentido de distinguir, do<br />
ponto de vista tributário, os equipamentos destinados<br />
a esta finalidade e, assim, estimular boas<br />
práticas, novas oportunidades de negócios, ciclos<br />
ecoeficientes e a geração de empregos/renda.<br />
Também temos participado de diversos<br />
eventos para conhecer experiências, esclarecer<br />
detalhes, colher contribuições, críticas e propostas<br />
dos diversos segmentos da sociedade.<br />
Queremos construir um arcabouço jurídico com<br />
um espírito de política pública que estabeleça<br />
responsabilidades e seja o ponto de partida para<br />
regulamentação de práticas sustentáveis em<br />
diversos setores produtivos. A participação e o<br />
acompanhamento de toda a sociedade serão<br />
fundamentais para aprovarmos uma Política Nacional<br />
de Resíduos Sólidos exequível, inovadora<br />
e transformadora.<br />
ARNALDO JARDIM<br />
é deputado e coordenador do<br />
grupo de trabalho responsável<br />
pela apresentação de proposta<br />
de Política Nacional de Resíduos<br />
Sólidos da Câmara Federal.<br />
arnaldojardim@arnaldojardim.com.br<br />
www.arnaldojardim.com.br<br />
Nas 1.971<br />
cidades que<br />
contam com<br />
coleta seletiva,<br />
algumas já<br />
usufruem de<br />
parcerias entre<br />
cooperativas<br />
de catadores,<br />
iniciativa<br />
privada e o<br />
poder público<br />
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
15
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
16<br />
TURISMO<br />
Fotos: Divulgação<br />
Viagem sustentável<br />
pela Europa<br />
Paisagens naturais e<br />
alimentos saudáveis<br />
fazem a diferença<br />
Por Renan de Souza<br />
A Europa já está adaptada ao<br />
novo modelo global de economia<br />
verde. Prova disso é a ampla infraestrutura<br />
turística do continente<br />
para as boas práticas do turismo<br />
sustentável de qualidade. Dados<br />
da Comissão Europeia de Turismo<br />
apontam que há mais de três mil<br />
hotéis, pousadas e casas de veraneio<br />
com certificação ecológica<br />
pelos altos padrões ambientais<br />
em toda a Europa.<br />
Essa certificação assegura ao<br />
turista que o local em que ele vai<br />
se hospedar protege a natureza,<br />
compra produtos e alimentos<br />
orgânicos, reduz o consumo de<br />
energia e água e também utiliza<br />
energia renovável, garante o tratamento<br />
adequado de esgoto e<br />
recicla o lixo.<br />
Em uma “viagem sustentável”<br />
pela Europa, o turista pode expe-<br />
rimentar deliciosas e saudáveis<br />
comidas típicas regionais, preparadas<br />
com produtos locais, e<br />
se hospedar em acomodações<br />
inovadoras ou tradicionais, administradas<br />
por famílias europeias.<br />
Viajar de forma ecologicamente<br />
correta e socialmente responsável<br />
permite, além de pagar<br />
preços mais justos, desfrutar de<br />
uma experiência de viagem única<br />
e excepcional. Confira a seguir<br />
Família faz lanche<br />
saudável com alimentos<br />
locais no camping de<br />
Sennalpe e, abaixo, a<br />
Floresta Bregenz, ambos<br />
na Áustria<br />
algumas opções sustentáveis<br />
disponíveis em cada destino:<br />
ALEMANHA<br />
Já pensou em percorrer Berlim<br />
de bicicleta ou a pé e evitar outros<br />
meios de transporte que poluem<br />
o ambiente? A cidade possui faixas<br />
exclusivas para o trânsito de<br />
bicicletas e, para quem prefere caminhar,<br />
as calçadas são excelentes
Divulgação<br />
e bem sinalizadas. Independente<br />
do meio de transporte, faça a rota<br />
obrigatória para qualquer turista:<br />
seguir o curso do antigo Muro de<br />
Berlim. Não deixe de apreciar ainda<br />
as belas paisagens e de respirar<br />
o ar puro da cidade que possui<br />
apenas 320 automóveis para<br />
cada mil habitantes. Aproveite o<br />
passeio ao ar livre para visitar um<br />
dos 2,5 mil parques de Berlim que,<br />
juntos, correspondem a um terço<br />
de toda a área verde da cidade.<br />
ÁUSTRIA<br />
Na Áustria, visite a Floresta<br />
de Bregenz, localizada entre o<br />
Lago de Constança e Arlberg. Na<br />
floresta, o visitante conta com<br />
diversas opções de passeios,<br />
como acampamentos, trilhas e<br />
práticas de esportes. A atração<br />
pode ser visitada o ano todo. No<br />
verão, o turista tem à disposição<br />
mais de duas mil trilhas que levam<br />
ao contato com diversas<br />
espécies de plantas e animais.<br />
Já no inverno é possível esquiar<br />
na floresta. Na hora de dormir, o<br />
viajante pode optar pelos hotéis<br />
locais ou acampar. Não deixe a<br />
Áustria sem antes experimentar<br />
um dos diversos tipos de queijos<br />
da região. O país conta também<br />
com 10 mil km de ciclovias e é<br />
considerado um dos melhores do<br />
mundo para a prática de cicloturismo.<br />
A infraestrutura para atender<br />
os ciclistas é tão completa<br />
que hotéis oferecem até mesmo<br />
manutenção para as bikes.<br />
ITÁLIA<br />
Em Umbria, localizada na região<br />
central da Itália e conhecida como<br />
o Coração Verde do país, o turista<br />
pode se hospedar em fazendas e<br />
participar da preparação de alimentos<br />
como queijos, doces ou<br />
do típico vinho italiano. Umbria<br />
também é tradicionalmente conhecida<br />
pela produção de carne<br />
de porco, então aproveite a hospedagem<br />
em uma das mais de 200<br />
estadias sustentáveis e participe<br />
da preparação de alimentos derivados<br />
da carne suína. Se preferir,<br />
hospede-se em típicas casas de<br />
pedra nas quais você pode sentir<br />
o conforto e a hospitalidade da<br />
população local. Reserve tempo<br />
em sua viagem para conhecer o<br />
fantástico Parque Nacional Dei<br />
Monti Sibillini. Por toda a Itália o<br />
viajante poderá encontrar opções<br />
de hospedagem em locais preocupados<br />
com o ambiente. Para<br />
mais informações, acesse www.<br />
agriturist.it.<br />
IRLANDA<br />
Nosso destino na Irlanda fica<br />
na região oeste do país, na província<br />
de Connacht. The Organic<br />
Centre (www.theorganiccentre.<br />
ie) é uma organização sem fins lucrativos,<br />
criada em 1995, que tem<br />
como objetivo fornecer educação<br />
pública, treinamento e informação<br />
sobre a produção biológica<br />
e o modo de vida sustentável. Ao<br />
visitar o local, o turista fica por<br />
dentro da aplicação das práticas<br />
sustentáveis no dia a dia. Visite o<br />
jardim, as horticulturas e o pomar.<br />
Caso tenha tempo, participe de<br />
um dos cursos de fim de semana<br />
que ensinam a manusear produtos<br />
orgânicos. Após conhecer<br />
todo o complexo, vá até o Grass<br />
Roots Café e saboreie os deliciosos<br />
lanches naturais e as sobremesas<br />
caseiras acompanhadas de chá<br />
ou café. Para entrar no Organic<br />
Centre, o turista paga apenas<br />
cinco euros.<br />
Produtos orgânicos<br />
produzidos em<br />
Umbria, região<br />
conhecida como<br />
o Coração Verde<br />
da Itália<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
17
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
18<br />
TURISMO<br />
Praia da região do<br />
Algarve em Portugal,<br />
onde num roteiro<br />
pré-definido o viajante<br />
segue por trilhas de<br />
ciclismo até a cidade<br />
de Sagres<br />
PORTUGAL<br />
Na região do Alentejo, em<br />
Portugal, localiza-se a maior usina<br />
fotovoltaica do mundo e também<br />
um dos maiores parques eólicos<br />
da Europa. Um projeto ambicioso<br />
de aproveitamento energético<br />
das marés no Arquipélago dos<br />
Açores e que colocam Portugal<br />
num cenário de destaque. E, para<br />
o turista que deseja uma aventura<br />
sustentável, nada melhor<br />
que fazer um trajeto histórico de<br />
bicicleta. Em Vila Real de Santo<br />
Antonio tem início uma fantástica<br />
rota que passa pela ensolarada<br />
região do Algarve. Neste roteiro,<br />
pré-definido pela EuroVelo (12<br />
grandes trilhas de ciclismo com<br />
mais de 65 mil km que cruzam<br />
toda a Europa), o viajante seguirá<br />
ao longo de belas praias até a<br />
cidade de Sagres, reduto de inúmeros<br />
locais históricos, inclusive a<br />
Escola dos Navegadores, que tem<br />
cerca de 500 anos e faz parte da<br />
época das Grandes Navegações.<br />
Também aproveite a região do<br />
Algarve para caminhar e sentir a<br />
brisa do Oceano Atlântico, além<br />
de experimentar pratos típicos<br />
da região.<br />
ESPANHA<br />
Na capital da Espanha, Madrid,<br />
embarque em um trem que parte<br />
em direção à região de Santander,<br />
com paradas em Reinosa e Torrelavega.<br />
O passeio rumo ao norte<br />
da Espanha dura entre seis e oito<br />
horas. Conhecida por sua beleza<br />
natural, Torrelavega é a segunda<br />
maior cidade da região da Cantabria<br />
e conserva patrimônios históricos<br />
e artísticos como o Conjunto<br />
Monumental de Viérnoles, com<br />
palácios e casarões dos séculos<br />
XVII e XIX. Torrelavega ainda permite<br />
ao turista entrar em contato<br />
com tradições e costumes locais.<br />
Participe de “La Celebración de La<br />
Virgen Grande”, uma festa cheia de<br />
flores da região, que ocorre em<br />
meados de agosto. Ao passar pela<br />
cidade, experimente as famosas<br />
polkas, doce típico da região.<br />
POLÔNIA<br />
Distante 200 km ao norte de<br />
Varsóvia, o Puszcza Bialowieska<br />
(Parque Nacional Bialowieza) é<br />
uma floresta na qual as plantas<br />
e os animais são respeitados e<br />
mantidos sob preservação. Outra<br />
atração da região é uma estrada<br />
de ferro que leva o visitante a<br />
observar belas paisagens naturais.<br />
Após visitar a floresta, siga<br />
para a pequena cidade de Bialowieza,<br />
que possui pitorescas<br />
casas de madeira. O local conta<br />
ainda com uma Igreja Ortodoxa<br />
toda em mármore, uma Fonte<br />
de Energia, repleta de campos<br />
magnéticos, e o Palace Park, considerado<br />
um dos parques mais<br />
bonitos da Polônia.<br />
FRANÇA<br />
A França dispõe de excelentes<br />
opções para deixar ainda melhor<br />
sua “eco viagem”. O Le Morgane<br />
Hotel é uma delas. Localizado no<br />
monte Aiguille du Midi, a uma altitude<br />
de 3,2 mil metros, o hotel<br />
é todo revestido por materiais<br />
naturais como granito, ardósia e<br />
madeira, conta com ambientes<br />
espaçosos e características modernas.<br />
O hotel ainda dá um show<br />
no quesito sustentabilidade, ao<br />
fazer o equilíbrio de energia com<br />
emissão zero de gás carbônico na<br />
Divulgação
atmosfera. Em Paris, percorra a<br />
cidade por meio do sistema vélib,<br />
no qual é possível alugar bicicletas<br />
por um (€ 1) ou sete dias (€ 5)<br />
em um dos mais de 750 postos<br />
espalhados pela capital francesa.<br />
Utilizando o sistema é possível<br />
conhecer de uma maneira mais<br />
livre e menos poluente o rico<br />
patrimônio histórico francês e as<br />
paisagens naturais.<br />
GRÃ-BRETANHA<br />
Em Londres, na Inglaterra,<br />
visite o Chelsea Physic Garden,<br />
o segundo jardim botânico mais<br />
antigo da Inglaterra. A atração,<br />
fundada em 1673 pela Sociedade<br />
Veneradora de Boticários, recebeu<br />
a certificação “Green Tourism for<br />
London” ou “Turismo Verde para<br />
Londres” na categoria bronze. Ao<br />
visitar o local, descubra a origem<br />
dos remédios na seção das plantas<br />
medicinais e os diversos temperos<br />
no jardim das ervas culinárias.<br />
Plantas raras e a maior oliveira da<br />
Grã-Bretanha ao ar livre também<br />
podem ser vistas pelo turista. Já<br />
no “Jardim do Mundo da Medicina”,<br />
conheça o uso medicinal das<br />
plantas nas sociedades tribais. O<br />
Feira livre em Berna<br />
– passar a noite em<br />
um celeiro, saborear<br />
um café da manhã<br />
da fazenda e provar<br />
deliciosos queijos são<br />
experiências únicas<br />
no roteiro da Suíça<br />
passeio custa £ 7 (R$21) para adultos<br />
e £ 4 (R$12) para crianças.<br />
REPÚBLICA TCHECA<br />
Na República Tcheca, siga até<br />
a cidade termal de Karlovy Vary,<br />
distante 140 km de Praga. Sem dúvida,<br />
o visitante se encantará com<br />
as nascentes de água mineral que<br />
possuem propriedades terapêuticas<br />
e medicinais. As águas são<br />
provenientes de 12 mananciais<br />
com profundidades entre 2 mil e<br />
2,5 mil metros e cujas temperaturas<br />
variam entre 41ºC e 72ºC.<br />
Visite a fonte termal de Sprudel,<br />
que é a maior e mais quente, e a<br />
de Vridlo, que lança jatos d’água<br />
a 17 metros de altura. Aproveite<br />
essa atração natural e desfrute<br />
dos benefícios à saúde, como os<br />
efeitos curativos sobre o sistema<br />
nervoso e a circulação sanguínea.<br />
Após esse banho natural, passeie<br />
pelas diversas trilhas arborizadas<br />
que existem em Karlovy Vary e admire<br />
as belezas das exuberantes<br />
montanhas ao redor da cidade.<br />
SUÍÇA<br />
Se você deseja visitar Genebra,<br />
dê preferência aos transportes<br />
públicos, pois hotéis da<br />
região oferecem um cartão para<br />
utilização gratuita dos meios<br />
de transporte urbano. Para<br />
diminuir os impactos ecológicos<br />
e entrar em contato com<br />
os costumes locais, opte pelos<br />
“Bed & Breakfast” (www.bnb.<br />
ch), hospedagem em casas de<br />
família suíça. Se preferir ser ainda<br />
mais ecológico e alternativo,<br />
o turista pode passar a noite em<br />
um celeiro, experimentar a sensação<br />
única de dormir no feno e<br />
saborear um café da manhã da<br />
fazenda com ingredientes cultivados<br />
na própria região, além<br />
de provar deliciosos queijos típicos<br />
(www.bauernhof-ferien.<br />
ch). Separe um tempo em sua<br />
viagem para visitar aos sábados,<br />
em Vevey, a feira de produtos<br />
orgânicos produzidos pelos<br />
fazendeiros locais, com frutas<br />
e legumes frescos, vinhos, pães,<br />
geleias e queijos caseiros.<br />
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
19
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
20<br />
LEGISLAÇÃO<br />
Compensação do<br />
impacto ambiental<br />
Legislação deve levar em conta o<br />
equilíbrio entre empreendedorismo<br />
e impacto ambiental<br />
Por Victor Penitente Trevizan<br />
Em maio deste ano foi publicado o Decreto nº<br />
6.848, que estabeleceu um limite para o cálculo<br />
da compensação decorrente de impacto ambiental<br />
significativo, ocasionado pela instalação<br />
e construção de empreendimentos. A grande<br />
mudança instituída pela nova regulamentação é<br />
que o cálculo da compensação ambiental passou<br />
a ter um percentual limitado a 0,5%.<br />
O impacto ambiental é o resultado ocasionado<br />
por qualquer alteração no meio ambiente,<br />
benéfica ou adversa, decorrente de atividades<br />
humanas ou naturais. A definição de impacto<br />
ambiental é necessariamente abrangente, uma<br />
vez que deve abarcar as alterações, principalmente<br />
as significativas, incidentes sobre o meio<br />
ambiente natural, artificial, cultural e, também,<br />
do trabalho.<br />
O meio ambiente está amplamente consagrado<br />
na Constituição Federal (artigo 225), uma<br />
vez que o legislador resguarda o tema de forma<br />
que tanto sua preservação quanto sua recuperação<br />
são vistas como prioridades dos cidadãos<br />
e do Estado.<br />
O meio ambiente, mesmo antes da Constituição<br />
de 1988, passou a ter como medida de<br />
proteção, em 31/08/81, a Lei nº 6.938, que dispõe<br />
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, cujos<br />
objetivos gerais são:<br />
a) preservação do meio ambiente;<br />
b) melhoria da qualidade ambiental;<br />
c) recuperação do meio ambiente;<br />
d) assegurar ao País condições de desenvolvimento<br />
socioeconômico e;<br />
e) proteção da dignidade da pessoa humana.<br />
Já o Direito <strong>Ambiental</strong> visa regulamentar<br />
e respeitar os procedimentos necessários<br />
para a aplicação efetiva da Política Nacional<br />
do Meio Ambiente. O Direito <strong>Ambiental</strong> tem<br />
Thiago Felipe Festa/SXC<br />
O impacto ambiental<br />
é o resultado<br />
ocasionado por<br />
qualquer alteração<br />
no meio ambiente,<br />
benéfica ou<br />
adversa,<br />
decorrente<br />
de atividades<br />
humanas ou<br />
naturais
como um de seus escopos regular as ações de<br />
empreendedores quando iniciam atividades<br />
que interfiram direta e indiretamente sobre o<br />
meio ambiente.<br />
Para que o empreendedor possa viabilizar<br />
o início de sua atividade, independentemente<br />
de sua natureza, necessita obter a licença ambiental.<br />
É o procedimento administrativo pelo<br />
qual o órgão ambiental competente licencia a<br />
localização, instalação, ampliação e operação de<br />
empreendimentos e atividades que empregam<br />
recursos ambientais considerados efetiva e potencialmente<br />
poluidores, ou que, de algum modo,<br />
possam ocasionar degradação ambiental.<br />
Para que o empreendimento obtenha o licenciamento<br />
ambiental, faz-se necessária a apresentação,<br />
ao órgão competente, do EIA (Estudo de<br />
Impacto <strong>Ambiental</strong>), de acordo com a Resolução<br />
Conama nº 1/86. Além do EIA, o empreendedor<br />
deve apresentar o RIMA (Relatório de Impacto<br />
ao Meio Ambiente).<br />
Esse estudo envolve técnicos e especialistas<br />
das mais variadas áreas, como químicos, biólogos<br />
e geólogos, para fornecer uma análise cabal do<br />
impacto a ser ocasionado pelo empreendimento<br />
em caso de deferimento do pedido de licença<br />
ambiental. Torna possível, assim, uma mensuração<br />
aproximada sobre o nível do impacto, bem<br />
como dos possíveis danos a serem suportados<br />
pelo meio ambiente.<br />
Mesmo que o relatório seja desfavorável ao<br />
empreendimento, não significa que as atividades,<br />
tanto para instalação quanto para operação, não<br />
poderão ser viabilizadas. Ao contrário, constatada<br />
a ocorrência de impactos ambientais negativos,<br />
o empreendimento poderá ser iniciado mediante<br />
apoio, por parte de seus idealizadores, à implementação<br />
e manutenção de unidade de conservação<br />
voltada à proteção ambiental.<br />
O empreendedor não tem que criar, necessariamente,<br />
algo voltado à proteção e recuperação<br />
do meio ambiente. Mas, sim, despender<br />
valores com a finalidade de compensar os danos<br />
que seu empreendimento ocasionará ao equilíbrio<br />
ambiental. Tem-se, assim, a compensação<br />
pecuniária decorrente da constatação de impacto<br />
ambiental.<br />
Tais efeitos e resultados negativos devem ser<br />
apurados e analisados pelo órgão ambiental na<br />
apresentação do EIA e do RIMA pelo empreendedor,<br />
em virtude do pedido de licenciamento<br />
ambiental realizado.<br />
Assim, verificada a ocorrência de impactos<br />
ambientais significativos, o empreendimento,<br />
para ter prosseguimento em suas atividades, é<br />
obrigado a pagar valor a título de compensação<br />
pelos danos e degradações ao meio ambiente,<br />
baseado em percentual incidente sobre o montante<br />
total a ser gasto.<br />
Até o período anterior à vigência do Decreto<br />
nº 6.848, não havia uma previsão máxima do<br />
percentual incidente sobre o valor total vinculado<br />
à execução do empreendimento. Apenas<br />
não poderia ser inferior, conforme previsto no<br />
§ 1º do artigo 36 da Lei nº 9.985/2000, a 0,5%.<br />
Ou seja, para o empreendedor, nunca era certo o<br />
valor total que seria investido em suas atividades,<br />
uma vez que a quantia atribuída à compensação<br />
ambiental poderia influenciar consideravelmente<br />
em suas despesas.<br />
A partir da instituição do decreto, o cálculo da<br />
compensação ambiental passou a ter um percentual<br />
limitado a 0,5%, gerando um grande alívio aos<br />
empreendedores brasileiros. A nova regra determina<br />
que “o Valor da Compensação <strong>Ambiental</strong> - CA<br />
será calculado pelo produto do Grau de Impacto<br />
- GI com o Valor de Referência - VR”.<br />
O Valor de Referência é “a somatória dos<br />
investimentos necessários para implantação do<br />
empreendimento, não incluídos os investimentos<br />
referentes aos planos, projetos e programas<br />
exigidos no procedimento de licenciamento<br />
ambiental para mitigação de impactos causados<br />
pelo empreendimento, bem como os encargos<br />
e custos incidentes sobre o financiamento do<br />
empreendimento, inclusive os relativos às garantias,<br />
e os custos com apólices e prêmios de<br />
seguros pessoais e reais”.<br />
Já o Grau de Impacto é o nível de impacto<br />
sobre os ecossistemas, calculado de acordo com<br />
índices determinados conforme a especificidade<br />
do caso. O percentual é delimitado pelo Grau<br />
de Impacto, que, após ser delineado mediante<br />
análise do empreendimento, deve atingir percentuais<br />
entre 0 e 0,5%.<br />
Apesar desta delimitação do cálculo da<br />
compensação estar regulamentada, encontrase<br />
pendente no Supremo Tribunal Federal (STF)<br />
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que<br />
tem como propósito discutir o método de cálculo<br />
da compensação ambiental. Ou seja, o decreto<br />
atual ainda pode sofrer alterações em seu texto,<br />
trazendo novas delimitações e as formas para o<br />
cálculo da compensação ambiental.<br />
VICTOR PENITENTE TREVIZAN<br />
é advogado de Direito <strong>Ambiental</strong><br />
do Peixoto e Cury Advogados<br />
vpt@peixotoecury.com.br<br />
Para que o<br />
empreendedor<br />
possa viabilizar<br />
o início de<br />
sua atividade,<br />
independentemente<br />
de sua natureza,<br />
necessita obter a<br />
licença ambiental<br />
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
22<br />
MERCADO <strong>DE</strong> TRABALHO<br />
Por Arielli Secco<br />
Os oceanos cobrem cerca de 70% do planeta<br />
e contribuem de forma significativa para o equilíbrio<br />
da vida. Para se ter uma ideia, mudanças nos<br />
ecossistemas marinhos e alterações na temperatura<br />
das águas, por exemplo, são fatores que influenciam<br />
diretamente o funcionamento do meio<br />
ambiente e o clima da Terra. É para amenizar as<br />
consequências do desenvolvimento do homem<br />
e da má utilização dos recursos naturais que a<br />
atuação do oceanógrafo é tão importante. Ele<br />
está preparado para relacionar todas as instâncias<br />
da natureza a partir do estudo dos processos e<br />
das composições marítimas.<br />
Não é uma tarefa fácil. Pode-se dizer que, para<br />
exercer a profissão, é preciso estudar um mar<br />
de conteúdos, abarcar muitos conhecimentos.<br />
“A oceanografia, incluída nas áreas de ciências<br />
exatas e da Terra, é multi e interdisciplinar, que<br />
requer conhecimento geral e integrado de biologia,<br />
física, geologia, matemática e química”,<br />
define Fernando Diehl, presidente da Associação<br />
Brasileira de Oceanografia (Aoceano).<br />
Rodrigo Barletta, oceanógrafo há 12 anos, foi<br />
professor da primeira turma do curso de oceanografia<br />
da Universidade Federal de Santa Catarina<br />
(UFSC), iniciado em 2008. Ele diz que o estudante<br />
deve se dedicar a todas as áreas ensinadas durante<br />
o curso – independentemente das preferências<br />
pessoais – porque, como profissional, cedo ou<br />
tarde terá de interpretar e solucionar situações<br />
que envolvem um pouco de cada ciência.<br />
Basta pensar no caso de um rio que tem, às<br />
suas margens, plantações ou criação de animais.<br />
Através das bacias de drenagem, todos os resíduos<br />
desses tipos de atividades (fertilizantes,<br />
dejetos etc.) vão parar nas águas do rio, que, por<br />
sua vez, deságua no mar. “Com a contaminação,<br />
aumenta a disponibilidade de nitrogênio, o que<br />
acelera a produção de algas; como consequência,<br />
haverá redução de oxigênio no ambiente”,<br />
explica Rodrigo. Esse processo provoca a morte<br />
de diversas espécies e a proliferação de organismos<br />
prejudiciais a determinado ecossistema,<br />
ocasionando desequilíbrio ambiental. São os<br />
estudos das correntes, da formação geológica,<br />
da composição química dos resíduos e da fauna<br />
local que, nesse caso, permitem a correção ou<br />
prevenção desse tipo de acontecimento.<br />
Durante a graduação, portanto, o oceanógrafo<br />
deve adquirir um conhecimento amplo. Essa<br />
característica do curso é um dos fatores que mais<br />
atraem os estudantes que optam pela ciência do<br />
mar. É o caso de Ricardo Arruda, aluno da quarta<br />
fase de oceanografia da UFSC. “São quatro áreas<br />
diferentes com um pouco de tudo, e foi isso que<br />
eu achei legal”, diz ele, que desistiu da engenharia<br />
civil justamente por se sentir limitado. Ácmon<br />
Bhering, também aluno da quarta fase, concorda:<br />
“Nós vemos o mar sob vários enfoques para, no<br />
futuro, poder atuar com uma dessas possibilidades”.<br />
Ele explica que o que o motivou a escolher<br />
o curso foi o fato de poder trabalhar em uma<br />
profissão que é voltada ao meio ambiente, mas<br />
com uma abordagem científica.<br />
O PAPEL DA OCEANOGRAFIA<br />
O oceanógrafo está aí para mostrar que<br />
interferir na natureza é coisa séria. Por isso, o<br />
mercado exige um perfil empreendedor, criativo<br />
e, acima de tudo, ético. Alexandra Severino<br />
é uma apaixonada pela profissão. Atualmente,<br />
mora em Macaé (RJ) e trabalha na Bureau Veritas,<br />
uma empresa que presta serviços, por exemplo,<br />
para a Petrobras. Com oito anos de profissão,<br />
Oceanógrafo<br />
Um mergulho nas<br />
ciências do mar<br />
A oceanografia compreende diversas áreas do conhecimento<br />
e é focada na preservação ambiental<br />
Explicação do professor Rodrigo<br />
Barletta na saída inaugural do curso de<br />
Oceanografia da UFSC, em 2008<br />
“O estado do Rio<br />
de Janeiro, por<br />
concentrar a<br />
quase totalidade<br />
das indústrias de<br />
óleo e gás, assim<br />
como um<br />
grande parque<br />
portuário, é<br />
uma das regiões<br />
brasileiras que<br />
mais oferecem<br />
emprego na área.”<br />
Fernando Diehl,<br />
presidente da Aoceano<br />
Fotos: Arquivo pessoal de Rodrigo Barletta com colaboração<br />
dos alunos da 1a fase de 2008
Garrafa de Van<br />
Dorn para<br />
coleta e análise<br />
físico-química<br />
da água<br />
Primeira turma de Oceanografia da UFSC e<br />
professores na saída inaugural do curso<br />
ela menciona alguns dos melhores momentos<br />
proporcionados pelo trabalho. “Ver uma baleia,<br />
realizar uma campanha oceanográfica e ver o<br />
sol nascer em alto mar, nas embarcações, são<br />
lembranças únicas, que me fazem pensar que<br />
eu não poderia fazer outra coisa”.<br />
Sustentabilidade é a palavra-chave para a utilização<br />
racional dos recursos marinhos. Alexandra<br />
alerta para a concentração populacional nas áreas<br />
costeiras, principalmente porque o Brasil possui<br />
um extenso litoral, tanto em partes tropicais<br />
como subtropicais: “A ocupação humana nesses<br />
territórios vem aumentando de forma exponencial,<br />
o que resulta em uma enorme diversidade<br />
de interações que podem provocar danos aos<br />
diferentes ecossistemas marinhos”.<br />
A melhor saída, porém, não é esperar que<br />
o desenvolvimento da sociedade cesse, e sim<br />
propor pontos de equilíbrio que satisfaçam as<br />
pessoas e que não prejudiquem o meio ambiente.<br />
Rodrigo Barletta recomenda aos oceanógrafos<br />
que vistam a camisa da natureza e que, ao mesmo<br />
tempo, saibam ponderar as necessidades evolutivas<br />
do homem. “Se você que é profissional,<br />
que tem o conhecimento, se omitir ou se recusar<br />
a fazer algum trabalho para que tudo saia<br />
da melhor maneira, alguém que não tem esse<br />
conhecimento vai fazer as coisas de um jeito<br />
muito pior no seu lugar”, pondera.<br />
REGULAMENTAÇÃO E MERCADO <strong>DE</strong> TRABALHO<br />
A Lei 11.760, que regulamenta a profissão do<br />
oceanógrafo no Brasil, foi sancionada no dia 1º<br />
de agosto de 2008, depois de quase trinta anos<br />
Rede de<br />
coleta de<br />
plâncton<br />
Alunos recolhendo um correntógrafo,<br />
instrumento que mede as correntes marítimas<br />
de espera. O presidente da Aoceano, Fernando<br />
Diehl, acha que esse acontecimento vai incentivar<br />
a demanda por profissionais. “Isso aumentou a<br />
autoestima do profissional e a confiança dele<br />
no mercado. Facilitou também a atuação da associação,<br />
que, por ações muitas vezes simples,<br />
interfere positivamente no cenário, oferecendo<br />
profissionais, ampliando as vagas em concursos<br />
e se relacionando com a imprensa”, explica.<br />
A empregabilidade para o oceanógrafo é<br />
promissora. De acordo com a Aoceano, o setor<br />
público representa uma considerável parcela<br />
do mercado de trabalho. As oportunidades no<br />
setor privado são encontradas em empresas que<br />
exercem atividades relacionadas a consultoria<br />
ambiental, aquicultura e pesca, petróleo e gás.<br />
Fernando Diehl afirma que “o estado do Rio de<br />
Janeiro, por concentrar a quase totalidade das<br />
indústrias de óleo e gás, assim como um grande<br />
parque portuário, é uma das regiões brasileiras<br />
que mais oferecem emprego na área; mas o estado<br />
de São Paulo e a região Nordeste também<br />
têm se destacado”. O presidente da associação<br />
cita, ainda, o setor portuário, as ONGs e o terceiro<br />
setor como possibilidades de atuação.<br />
UM POUCO <strong>DE</strong> HISTÓRIA<br />
Os principais personagens da oceanografia<br />
são estrangeiros, e suas ações repercutem até<br />
hoje na profissão. Rodrigo Barletta lembra que<br />
os nórdicos, naturalistas e aventureiros, são os<br />
introdutores da oceanografia física. “Amundsen e<br />
Scott, por exemplo, queriam desbravar os polos.<br />
Nansen encalhou um navio na Groenlândia e<br />
Refratômetro que<br />
mede a salinidade<br />
da água através da<br />
passagem da luz<br />
ficou três anos lá para provar<br />
que o gelo também tinha uma<br />
corrente”. A garrafa de Nansen,<br />
desenvolvida pelo próprio navegador,<br />
é um instrumento<br />
utilizado até hoje para coleta<br />
de água e medição de índices<br />
de salinidade.<br />
Informações no site da Aoceano<br />
descrevem Matthew Fontaine<br />
Maury como o pai da oceanografia.<br />
Estadunidense, ele foi o responsável<br />
pela organização de um<br />
evento com a finalidade de discutir<br />
o padrão dos métodos náuticos<br />
e as observações meteorológicas<br />
do mar. A conferência ocorreu na<br />
Bélgica e rendeu dados posteriormente<br />
interpretados no primeiro<br />
livro da moderna oceanografia,<br />
The Physical Geography of the Sea,<br />
de 1855.<br />
No Brasil, o precursor foi o<br />
almirante Paulo Moreira da Silva,<br />
que, em 1964, transformou o<br />
navio escola Almirante Saldanha<br />
no primeiro navio oceanográfico<br />
brasileiro. O Instituto Oceanográfico<br />
da Universidade de São<br />
Paulo é o mais antigo do país, e a<br />
Fundação Universidade Federal<br />
de Rio Grande (RS) foi a primeira<br />
a oferecer o curso de graduação<br />
na área, em 1971.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
23
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
24<br />
CERTIFICAÇÃO<br />
Normas de certificação guiam as boas práticas empresariais e<br />
gestão consciente, garantindo qualidade de modo sustentável<br />
A evolução do conceito<br />
qualidade e a ISO 9001<br />
Por Raul Lóis Crnkovic<br />
Inicialmente seria interessante fazer uma breve<br />
abordagem sobre a evolução da qualidade ao longo<br />
do tempo. Antes da Revolução Industrial, que<br />
teve início em meados do século XVIII, a atividade<br />
produtiva era artesanal e manual, com no máximo<br />
o emprego de algumas máquinas de baixa complexidade.<br />
Dependendo da quantidade de objetos a<br />
serem manufaturados, alguns grupos de artesãos<br />
podiam se organizar e dividir determinadas etapas<br />
do processo artesanal. Porém, na maioria das vezes<br />
o próprio artesão cuidava de todo processo, ou<br />
seja, desde a obtenção da matéria-prima até a<br />
comercialização do produto. Esses<br />
trabalhos eram frequentemente<br />
executados nas dependências<br />
dos próprios artesãos. Com a Revolução<br />
Industrial os artesãos se<br />
tornaram operários, não<br />
tendo mais domínio<br />
sobre a matéria-prima,<br />
processos e produtos.<br />
Esses trabalhadores<br />
passaram a operar<br />
máquinas, trabalhar<br />
em grandes grupos<br />
chamados de empresas,<br />
e a não mais usufruir dos<br />
próprios lucros.<br />
Essa foi uma transição<br />
marcante nas evoluções<br />
tecnológica, econômica<br />
e social. Até então as atividades<br />
eram predominante-<br />
RAUL LÓIS CRNKOVIC<br />
é engenheiro consultor,<br />
graduado em engenharia e<br />
administração, pós-graduado<br />
em MBA e mestrado no<br />
Brasil, com cursos de<br />
especialização nos EUA<br />
mente agrícola, artesanal e de prestação de serviços.<br />
Esse período foi denominado mercantilista,<br />
e durou de 1450 a 1850. A partir da Revolução<br />
Industrial o volume de produção teve uma mudança<br />
extraordinária. Passaram a ser produzidos bens<br />
em grande escala a preços reduzidos, empregando<br />
milhares de trabalhadores, tudo para atender a<br />
um mercado consumidor em total crescimento.<br />
A elevada produção trouxe consigo algo preocupante:<br />
o alto índice de rejeição, oriundo de problemas<br />
com matéria-prima, processo ou produto.<br />
Assim, a produção elevada, que antes beneficiava<br />
o mercado pela redução de preços, agregou um<br />
novo fator: as unidades rejeitadas, que passaram<br />
a contar como prejuízo, reduzindo o lucro obtido<br />
e elevando o custo total. Foi então introduzido o<br />
conceito de qualidade, que inicialmente consistia<br />
em inspecionar a matéria-prima e operações da<br />
produção. Posteriormente, surgiu o departamento<br />
de controle de qualidade, que se reportava à<br />
gerência de fábrica.<br />
A qualidade então significava o atendimento à<br />
especificação do produto. Ou seja, a qualidade era<br />
restrita à produção. Esse conceito evoluiu e passou<br />
a ter importância estratégica, fazendo com que<br />
deixasse de ser um departamento anexo à produção<br />
e se tornasse uma estrutura independente. E,<br />
para ampliar ainda mais o conceito de qualidade,<br />
teve início a era da globalização propriamente<br />
dita, ou sua terceira fase, iniciada em 1989 e que<br />
perdura até os dias atuais. A globalização impôs<br />
novos desafios devido à elevada concorrência,<br />
como a busca por preços baixos agregada à boa<br />
qualidade, maximização dos resultados gerais e o<br />
pleno atendimento ao cliente.<br />
Dessa forma o conceito qualidade assumiu uma<br />
linguagem única e de maior abrangência dentro<br />
das organizações. Diante desse novo desafio, foram<br />
gerados sistemas de qualidade para monitorar<br />
atividades produtivas e improdutivas dentro das<br />
empresas. A qualidade tornou-se de importância<br />
vital para a sobrevivência e o desenvolvimento<br />
A implantação<br />
das normas ISO<br />
é vantajosa para<br />
as organizações,<br />
pois lhes conferem<br />
maior organização,<br />
qualidade,<br />
produtividade e<br />
credibilidade<br />
das organizações. Entretanto,<br />
sua difusão em termos globais<br />
passou a enfrentar problemas<br />
de interpretação devido à existência<br />
de inúmeros padrões de<br />
normatização e diversas linguagens.<br />
Assim sendo, foi fundada<br />
em 1947, em Genova, Suíça, a ISO<br />
(International Organization for<br />
Standardization), com o objetivo<br />
de unificar as especificações técnicas<br />
e de procedimentos produtivos<br />
e não produtivos. Atualmente<br />
a ISO é a maior organização<br />
mundial para o desenvolvimento<br />
de normas técnicas. Hoje ela é<br />
constituída por representantes<br />
de 162 países, e passou a ser um<br />
padrão de referência entre as organizações<br />
mundiais. Desde sua<br />
fundação ela publicou mais de<br />
17,5 mil normas internacionais,<br />
abrangendo especificações para<br />
inúmeros segmentos, como o in-
dustrial, a construção civil, engenharia, aviação,<br />
meio ambiente, saúde, TI e outros. Dentre as inúmeras<br />
normas da ISO, a mais difundida e conhecida<br />
é a ISO 9001, que estabelece um modelo de<br />
gestão da qualidade para qualquer organização,<br />
independentemente de seu porte ou atividade econômica.<br />
A sua função é promover a normatização<br />
de atividades de qualquer natureza. Essa norma<br />
estabelece requisitos que promovem a melhoria<br />
dos processos produtivos, maior capacitação dos<br />
colaboradores, o monitoramento do ambiente de<br />
trabalho e a verificação da satisfação de clientes,<br />
colaboradores e fornecedores, buscando a melhoria<br />
contínua pelo sistema de gestão da qualidade.<br />
Aplica-se a áreas distintas, como as de materiais,<br />
produtos, processos e serviços.<br />
A implantação das normas ISO é vantajosa<br />
para as organizações, pois lhes conferem maior<br />
organização, qualidade, produtividade e credibilidade,<br />
fatores esses facilmente identificáveis pelos<br />
clientes, aumentando a sua competitividade nos<br />
mercados nacional e internacional. Uma certificação<br />
ISO, de reconhecimento internacional, deve<br />
ser realizada por auditorias externas independentes.<br />
Contudo, dependendo da estrutura da<br />
organização, é altamente recomendável que se<br />
contrate um serviço de consultoria para assessorar<br />
n Consultoria para certificação ambiental (ISO 14000)<br />
n Análise e otimização de processos de produção,<br />
diminuindo custos operacionais diretos e indiretos,<br />
melhorando a qualidade de produtos e serviços<br />
e reduzindo o consumo de recursos naturais<br />
n Contratação e intermediação de seguro ambiental<br />
n Licenciamento junto aos órgãos ambientais<br />
n Elaboração de Relatórios de Impacto <strong>Ambiental</strong><br />
n Assessoria na elaboração de Termos<br />
de Compromisso <strong>Ambiental</strong><br />
n Administração de passivo ambiental<br />
n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem<br />
(projetos turn-key)<br />
n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem<br />
de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros<br />
a empresa no processo de certificação.<br />
A norma ISO 9001 foi elaborada através de um<br />
consenso internacional, informando as práticas que<br />
uma empresa deve adotar para atender plenamente<br />
os requisitos de qualidade total. A ISO 9001 não<br />
fixa metas a serem atingidas pelas organizações,<br />
mas as próprias organizações devem estabelecer<br />
as metas para essa certificação. Entretanto, as organizações<br />
que desejarem receber a certificação<br />
devem atender a determinados requisitos, dentre<br />
eles: padronização dos processos chave da organização,<br />
que afetam o produto e consequentemente<br />
o atendimento ao cliente; monitoramento e medição<br />
dos processos para assegurar a qualidade dos<br />
produtos materiais/serviços através de indicadores<br />
de desempenho e desvios; implantação e manutenção<br />
dos registros adequados e necessários para<br />
garantir a rastreabilidade dos processos; inspeção<br />
de qualidade e meios apropriados de ações corretivas<br />
quando necessário; revisão sistemática dos<br />
processos e do sistema da qualidade para garantir<br />
sua eficácia e a melhoria contínua.<br />
Convém ressaltar que “produto”, no vocabulário<br />
da ISO, pode significar um objeto físico, um serviço,<br />
um software, uma aplicação financeira, um cartão de<br />
crédito, etc. Considerando-se todas as normas ISO, há<br />
duas de caráter genérico que podem ser implantadas<br />
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Uma certificação<br />
ISO, de<br />
reconhecimento<br />
internacional,<br />
deve ser realizada<br />
por auditorias<br />
externas<br />
independentes<br />
em quaisquer segmentos ou organizações:<br />
a ISO 9001 (qualidade)<br />
e a ISO 14001 (meio ambiente).<br />
Observando-se a realidade atual<br />
de nosso planeta e da escassez<br />
dos recursos naturais, essas duas<br />
normas deveriam ser implantadas<br />
conjuntamente, pois ao se promover<br />
a maximização dos resultados<br />
gerais com a ISO 9001, devemos<br />
também nos comprometer com<br />
o meio ambiente, nosso e das<br />
futuras gerações, conforme dita<br />
a ISO 14001.<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
26<br />
ECO ESTILO<br />
Por Arielli Secco<br />
Formado em Florianópolis, o grupo Trilhas Floripa se<br />
aventura e aprecia a natureza com responsabilidade<br />
Um feriado, alguns estudantes e uma<br />
trilha para Lagoinha do Leste, um lugar encantador<br />
entre os morros ao sul de Florianópolis<br />
que reúne praia, mata nativa, costões<br />
e a tranquilidade de uma lagoa. Aconteceu<br />
em 7 de setembro de 2004. A ideia vingou,<br />
vieram os amigos dos amigos e, hoje, cinco<br />
anos depois, o grupo se classifica como uma<br />
família.<br />
Pessoas de várias idades, profissões, classes<br />
sociais e até nacionalidades se encontram<br />
cerca de duas vezes por mês para trilhar<br />
caminhos diferentes e contemplar o meio<br />
ambiente. Fabrício Lima Brasil, engenheiro<br />
eletricista e fundador do Trilhas Floripa, atualmente<br />
mora na Alemanha e conversou com<br />
a <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong> por e-mail.<br />
Ele conta que a fama do grupo se espalhou<br />
boca a boca, mas que o crescimento<br />
repentino veio depois da criação de uma<br />
comunidade no site de relacionamento Orkut.<br />
São mais de 2,4 mil membros trocando informações,<br />
experiências e agendando atividades.<br />
Não são todos que comparecem aos<br />
encontros e a rotatividade desse número é<br />
grande, mas Fabrício acredita que esse é um<br />
dos grupos de trilha mais ativos do Brasil.<br />
O amor por “andar no meio do mato” é o<br />
responsável pela união dessas pessoas, como<br />
descreve Deizi Crispim, 39 anos, integrante do<br />
grupo desde 2006. A pedagoga e comerciária<br />
tomou conhecimento do Trilhas Floripa quando<br />
buscava por comunidades de trilheiros no<br />
Orkut. Ela adora a natureza e gosta de sentir a<br />
grandeza de lugares pouco visitados.<br />
Deizi destaca a afinidade que os participantes<br />
acabam criando mesmo tendo<br />
Redescobrindo<br />
a Ilha<br />
personalidades e características tão distintas.<br />
“Gosto de como esse tipo de aventura une<br />
as pessoas. No final de cada trilha, parece<br />
que já somos amigos de longa data”, conta a<br />
pedagoga. Ela cita atos simples para exemplificar<br />
essa interação, como estender a mão<br />
a um companheiro com dificuldade para<br />
subir um morro. Isso faz com que as pessoas<br />
tenham noção de como são pequenas e<br />
de como podem ser grandes. “Pequenas<br />
diante da força e da dimensão da natureza<br />
e grandes porque conseguimos superar<br />
nossos próprios limites para alcançarmos<br />
nossos objetivos”, completa.<br />
Reserva do<br />
Arvoredo<br />
Trilha do<br />
Morro do<br />
Cambirela<br />
Reserva do Arvoredo<br />
Mutirão de limpeza na<br />
Lagoinha do Leste<br />
A NATUREZA COMO PROTAGONISTA<br />
No cenário das trilhas, os animais,<br />
as plantas ou qualquer outro<br />
elemento natural são vistos como<br />
personagens principais por quem<br />
percorre os caminhos camuflados entre<br />
montanhas e paisagens. Preserválos,<br />
portanto, é primordial para que<br />
esse envolvimento seja algo constante<br />
e experimentado por cada vez<br />
mais pessoas.<br />
O Trilhas Floripa incentiva a conscientização<br />
ambiental e cumpre o<br />
seu papel nesse quesito. Fabrício diz
Rafting e rapel na<br />
Cachoeira do Cambará<br />
Trilha noturna na<br />
Lagoa da Joaquina<br />
Cambará do Sul<br />
que o slogan do grupo é “A trilha é na<br />
faixa, mas será cobrada consciência<br />
ecológica”. Em alguns casos, os participantes<br />
são convocados para uma<br />
ação coletiva. “Fazemos campanhas<br />
pedindo que os trilheiros levem sacolas<br />
plásticas e coletem o lixo durante<br />
o percurso”, ele conta.<br />
A ação que ganhou maior destaque<br />
aconteceu em 16 de dezembro<br />
do ano passado, quando a mesma<br />
trilha que motivou a criação do Trilhas<br />
Floripa foi recompensada com<br />
um mutirão de limpeza. Na alta<br />
São José dos Ausentes<br />
Cambará do Sul<br />
temporada, a Lagoinha do Leste é muito<br />
procurada por turistas e nativos. O acesso<br />
à praia só é possível por meio de trilhas<br />
ou de barcos. Ao mesmo tempo em que o<br />
lugar torna-se mais conhecido e divulgado,<br />
a quantidade de lixo aumenta e põe em<br />
risco suas belezas naturais.<br />
O objetivo do grupo, então, foi recolher<br />
os resíduos e dar continuidade ao trabalho<br />
através da divulgação e do alerta em prol dos<br />
cuidados com o meio ambiente. “A campanha<br />
superou nossas expectativas, pois contou<br />
com o apoio de uma rede de televisão, da<br />
Fotos: Divulgação/Trilhas de Floripa<br />
prefeitura e dos moradores locais, além dos<br />
barqueiros e trilheiros”, lembra Fabrício. Ele<br />
destaca que o material recolhido encheu mais<br />
de um contêiner e resultou em aproximadamente<br />
setenta sacos de lixo. Uma placa foi<br />
colocada no início da trilha com os dizeres:<br />
“Acabamos de limpar este local. Por favor,<br />
colabore. Leve seu lixo embora”.<br />
TRILHANDO NOVOS HÁBITOS<br />
Com tantos trilheiros, a organização é fundamental<br />
para o respeito à natureza. Muitas<br />
trilhas precisam ter o número de participantes<br />
limitado. “Aconselhamos que, ao atingir um<br />
certo número, o restante fique em uma lista<br />
de espera para preservar a região”, explica<br />
Fabrício. Não existe nenhum cadastro ou<br />
controle de integrantes, e qualquer pessoa<br />
pode fazer parte do Trilhas Floripa. “A participação<br />
nas trilhas do grupo fica sujeita às<br />
regras de conduta e preservação publicadas<br />
em nosso site”, avisa.<br />
O Trilhas Floripa contabiliza cerca de cem<br />
trilhas percorridas e quinze viagens realizadas.<br />
Nesse percurso de cinco anos, além do<br />
fortalecimento dos laços de amizade entre<br />
os participantes, Fabrício diz que essa prática<br />
pode colaborar com a qualidade de vida de<br />
quem está disposto a se aventurar. Ele cita<br />
um caso comum: “Exemplos reais são pessoas<br />
que pararam de fumar e passaram a cuidar<br />
melhor da alimentação e do preparo físico”. A<br />
impressão de Deizi não é diferente. Para ela,<br />
ser trilheira pode ser considerado um estilo<br />
de vida: “Talvez as trilhas sejam só o ponto<br />
de partida, e não de chegada”.<br />
Ficou com vontade de levantar da cadeira<br />
e partir para uma aventura? Com responsabilidade<br />
e respeito à natureza, a experiência<br />
de fazer uma trilha pode trazer recompensas<br />
incomparáveis. Renovar as energias, respirar<br />
ar puro e contemplar uma bela paisagem são<br />
fatores que curam qualquer estresse provocado<br />
pela vida nos centros urbanos. Ficam as<br />
recomendações de Fabrício: “Além do respeito<br />
ao meio ambiente, é bom utilizar um mapa<br />
e tentar fazer a trilha acompanhado, sem<br />
se esquecer da água, de uma alimentação<br />
saudável e de trazer de volta o seu lixo”.<br />
É um estilo de vida. É um Eco Estilo.<br />
Comunidade no Orkut: Trilhas Floripa<br />
Site: www.trilhasfloripa.com<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
27
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
28<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Pau para toda<br />
(e qualquer) obra<br />
Madeiras certificadas e de demolição são alternativas de sucesso<br />
contra o desmatamento frente à escassez de recursos naturais<br />
Por Tais Castilho<br />
O Brasil sempre aparece com destaque no<br />
noticiário quando se trata de desmatamento de<br />
florestas e de um certo descaso com os recursos<br />
naturais. Segundo um relatório do Programa das<br />
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),<br />
só o desmatamento na Amazônia já acabou com<br />
mais de 26 espécies de vida e ameaça outras<br />
644. Lá ainda consta que, até o ano de 2006, a<br />
floresta já tinha perdido uma área equivalente à<br />
da Venezuela. “Isso significa que os protagonistas<br />
amazônicos não conseguiram imaginar um<br />
futuro no qual as políticas públicas, o mercado,<br />
a ciência e a tecnologia se desenvolvam, simultaneamente,<br />
de uma maneira suficientemente<br />
positiva de forma a promover o desenvolvimento<br />
sustentável da Amazônia”, diz o documento. O relatório<br />
ainda cita previsão feita em outro estudo<br />
de que 60% da Amazônia pode se transformar<br />
em savana ainda neste século.<br />
O <strong>DE</strong>SMATAMENTO NO BRASIL<br />
É interessante notar que nosso país foi batizado<br />
com nome de uma árvore. No século XVI,<br />
logo que os portugueses começaram a explorar<br />
a terra recém-descoberta, viram uma fonte de<br />
lucratividade no pau-brasil. A madeira servia<br />
para a confecção de móveis e instrumentos musicais;<br />
a seiva avermelhada, para tingir tecidos.<br />
Desde então, o desmatamento em nosso país<br />
é constante. Da mata atlântica, por exemplo,<br />
hoje restam aproximadamente 9% da área que<br />
ocupava há quinhentos anos.<br />
O desmatamento existe nos quatro cantos do<br />
País e vários são os motivos para essa tragédia<br />
ambiental: a derrubada de árvores para a confecção<br />
de móveis e inúmeros outros fins, as frentes<br />
agrícolas (desmatamento para fins de pastagem<br />
e plantações), as queimadas e incêndios e, por<br />
fim, o crescimento das cidades (crescimento<br />
populacional, construção de condomínios residenciais<br />
e polos industriais, construção de<br />
rodovias para escoamento de produtos etc.).<br />
Por outro lado, é fato que, atualmente, instituições<br />
públicas, privadas e não governamentais<br />
estão mais atentas aos problemas resultantes<br />
do desmatamento, e unem forças para diminuir<br />
os impactos sobre a natureza. Tanto que as políticas<br />
públicas e as constantes iniciativas dos<br />
outros dois participantes estão conseguindo<br />
desacelerar o ritmo da derrubada de árvores.<br />
Ou seja, a destruição de florestas e áreas verdes<br />
tem acontecido com menor frequência.<br />
MA<strong>DE</strong>IRA DO BEM<br />
A certificação florestal tem o objetivo de<br />
garantir que a madeira utilizada em qualquer<br />
produto ou empreendimento venha de um processo<br />
produtivo ecologicamente adequado,<br />
socialmente justo e economicamente viável. E,<br />
logicamente, dentro das leis vigentes.<br />
A certificação garante a origem da madeira<br />
dentro dos mais rigorosos padrões de legalidade<br />
ambiental. O FSC é hoje o selo verde mais<br />
reconhecido do mundo em relação ao manejo<br />
sustentável de madeira e atua em mais de 75<br />
países. A sigla quer dizer: Forest Stewardship<br />
Council (Conselho de Manejo Florestal), uma<br />
organização internacional sem fins lucrativos,<br />
criada em 1993 por entidades de várias partes<br />
do mundo, que tem como meta diminuir a exploração<br />
predatória e a degradação de florestas.<br />
Para tanto, elaborou critérios capazes de avaliar<br />
se os empreendimentos florestais realizam um<br />
manejo florestal responsável, considerando<br />
aspectos ambientais, sociais e econômicos.<br />
Atualmente, o FSC está sediado em Bonn, na<br />
Alemanha, e possui representações em mais<br />
de 46 países.
Madeira Certificada X Madeira Ilegal<br />
Entenda as diferenças<br />
Infográfico: WWF-Brasil / Talita Ferreira<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
30<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Exemplos de ecologicamente correto<br />
Lápis Eco Grip,<br />
da Faber-Castell<br />
Divulgação<br />
Pensando no meio ambiente<br />
e numa forma sustentável<br />
de produzir e lucrar,<br />
empresas de pequeno, médio<br />
e grande porte dão exemplos<br />
de responsabilidade ambiental<br />
e mostram ao país que podem<br />
ser ecologicamente corretas e produtivas<br />
sem pecar na qualidade e<br />
agredir o ambiente.<br />
FABER-CASTELL:<br />
AMIGA DA NATUREZA<br />
Não poderíamos falar de madeira<br />
e não citá-la. Com mais de 240 anos de<br />
existência, a empresa tem uma política<br />
ambiental bastante significativa. Além das<br />
unidades de produção, a empresa possui<br />
uma unidade voltada apenas para a geração<br />
de mudas e operações florestais com industrialização<br />
da madeira e outra área de plantio<br />
e preservação. Sua produção anual chega a 1,8<br />
bilhão de EcoLápis de madeira plantada e fez do<br />
Brasil líder mundial no setor.<br />
Através de um conjunto de ações, a empresa<br />
conquistou vários prêmios e certificados por ser<br />
“amiga“ da natureza. Desde a década de 80, a<br />
Faber-Castell trabalha somente com madeira<br />
reflorestada. Em 1999, as florestas receberam o<br />
certificado FSC. Em 2005, foi a vez dos EcoLápis receberem<br />
o selo. Todas as unidades da empresa no<br />
Brasil são certificadas pela norma ISO 9001:2000,<br />
que trata dos Sistemas de Gestão e Garantia da<br />
Qualidade de processos e produtos.<br />
O sistema de gestão ambiental também<br />
conquistou mais um certificado em 2001, o ISO<br />
14001, pelo LGA InterCert, que foi renovado em<br />
2004 e 2008.<br />
Hoje qualquer processo de produção leva<br />
em conta a preservação do meio ambiente. “Este<br />
cuidado se reflete desde a escolha das áreas de<br />
plantio das árvores até o processo industrial ambientalmente<br />
responsável, com o desenvolvimento<br />
de programas de preservação da biodiversidade<br />
local, solos e águas, reutilização, reciclagem, reaproveitamento<br />
correto de resíduos, chegando até<br />
a educação ambiental de colaboradores diretos e<br />
indiretos e da comunidade”, afirma Jairo Cantarelli,<br />
gerente da Divisão Madeira da Faber-Castell.<br />
A empresa jamais substitui vegetação nativa.<br />
Ela ocupa apenas terras degradadas ou já utilizadas<br />
para projetos florestais e conserva a integridade<br />
dos solos, dos rios e riachos, aumentando os estoques<br />
de água nos lençóis subterrâneos. Só faz o<br />
uso de produtos químicos se são recomendados e<br />
aprovados para o ambiente florestal. Entre outros,<br />
a empresa desenvolve e adota estratégias para<br />
aprimorar constantemente a qualidade e produtividade<br />
da madeira, minimizando a necessidade<br />
de área. Atualmente, 70% dos resíduos da empresa<br />
são reciclados.<br />
ECOEFICIÊNCIA<br />
Todos os subprodutos resultantes do processo<br />
de fabricação do lápis são aproveitados, evitando<br />
o desperdício e a geração de resíduos. As árvores<br />
são aproveitadas em sua totalidade: galhos e folhas<br />
são deixados no solo para que se decomponham<br />
e reincorporem nutrientes. A parte fina da árvore<br />
é aproveitada para a geração de energia ou para a<br />
fabricação de chapas de aglomerado. Os resíduos<br />
da indústria são utilizados e a serragem, além de<br />
gerar energia, também é vendida para granjas de<br />
criação de frangos e para a fabricação de briquetes.<br />
A casca é empregada na produção de húmus. Os<br />
resíduos que são considerados riscos potenciais ao<br />
meio ambiente e à saúde pública são gerenciados<br />
por métodos de tratamento adequados. Toda<br />
a água utilizada nas unidades fabris é tratada e<br />
devolvida à natureza através da ETE (Estação de<br />
Tratamento de Efluentes), considerada estação<br />
modelo pela Companhia de Tecnologia de Saneamento<br />
<strong>Ambiental</strong> (Cetesb). Todo o resíduo<br />
das unidades fabris e escritórios da empresa são<br />
reciclados. Para viabilizar a reciclagem, a segre-<br />
Projeto Animalis, da<br />
Faber-Castell: reserva<br />
em Minas Gerais abriga<br />
espécies em extinção<br />
gação é feita por categorias: vidros,<br />
plásticos, papéis, metais e<br />
não recicláveis. Esses materiais,<br />
quando não passíveis de reaproveitamento<br />
na própria produção,<br />
são vendidos para empresas que<br />
reciclam resíduos. Todo papel<br />
coletado é encaminhado a empresas<br />
de reciclagem e retorna<br />
em forma de cadernos que completam<br />
o kit de material escolar<br />
oferecido aos colaboradores e<br />
seus dependentes.<br />
PROJETO ANIMALIS<br />
Uma área de aproximadamente<br />
10 mil hectares em Prata<br />
(MG), sendo 35% dela de Reserva<br />
Legal ou Preservação Permanente.<br />
O projeto Animalis cuida da<br />
fauna desse lugar há mais de 15<br />
anos e já identificou 219 espécies<br />
de pássaros, 40 de mamíferos e<br />
41 de répteis e anfíbios na área.<br />
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação<br />
Muitos destes animais estão ameaçados de extinção,<br />
como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e<br />
a onça-parda. O objetivo do projeto é criar um<br />
ambiente propício à sobrevivência dos animais já<br />
existentes, além de fazer com que outras espécies<br />
procurem abrigo nesses parques.<br />
PROJETO ARBORIS<br />
Tem por objetivos a preservação e a recuperação<br />
dos remanescentes da flora nativa presentes<br />
nos parques florestais da empresa. Mais de<br />
300 espécies nativas já foram identificadas nos<br />
inventários. O conhecimento detalhado da flora<br />
existente mais o conhecimento da fauna definem<br />
as ações a serem tomadas para a criação de ambientes<br />
propícios à manutenção e à atração das<br />
espécies da fauna.<br />
PROJETO <strong>DE</strong> CONSERVAÇÃO <strong>DE</strong> SOLOS<br />
A empresa promove práticas adequadas de uso<br />
do solo, difundindo o conhecimento gerado entre<br />
os proprietários rurais locais. Para sua realização, foi<br />
firmado convênio com a Universidade de Brasília<br />
(UnB) por meio do qual a instituição dá suporte<br />
técnico-científico ao monitoramento e controle dos<br />
processos erosivos existentes antes da presença da<br />
Faber-Castell na região. No início do projeto foram<br />
cadastrados 66 processos erosivos, dos quais 62 já<br />
Floresta de pinus e o<br />
plantio das mudas:<br />
projeto da Celulose Irani<br />
estão controlados. Esta experiência foi registrada<br />
em livro lançado pela UnB em 2007.<br />
RAMO MOVELEIRO: ALTERNATIVAS <strong>DE</strong> SUCESSO<br />
Que o progresso acarreta o esgotamento de<br />
recursos naturais e o acúmulo crescente de resíduos,<br />
ninguém tem dúvida. Por outro lado, existem<br />
empresas que fizeram do problema uma causa<br />
nobre e uma forma de produzir sem destruir. Com<br />
essa filosofia, o ramo moveleiro buscou alternativas<br />
para conseguir criar sem causar danos e impactos<br />
ao meio ambiente. A solução foi buscar materiais<br />
que substituíssem os processos criativos.<br />
Através da permacultura (cultura da permanência),<br />
e com a utilização de materiais descartados<br />
na natureza, Adhimar Silva criou a Barrocarte, uma<br />
empresa que confecciona móveis com madeira<br />
de demolição, conferindo qualidade e requinte às<br />
peças. Localizada em Santa Cruz de Minas (MG),<br />
município em ascensão na área de móveis e decoração,<br />
a empresa se fez reutilizando madeira<br />
antiga e descartada na elaboração de projetos<br />
moveleiros. “Só usamos produtos ecologicamente<br />
corretos, e com esta filosofia estamos atraindo<br />
clientes que pensam no meio ambiente e que<br />
buscam um produto diferenciado, de qualidade”,<br />
ressalta Adhimar.<br />
A madeira de demolição é uma alternativa<br />
sustentável e muito interessante<br />
(além de viável) para usos diversos,<br />
tanto na construção de móveis<br />
e objetos variados como na<br />
reinserção em construções civis.<br />
Isso tudo devido a sua origem,<br />
pois se trata de matéria-prima<br />
que não seria mais usada, somente<br />
descartada como mais<br />
um resíduo no meio ambiente.<br />
É bom lembrar que a decomposição<br />
da madeira leva anos, além<br />
de liberar gases nocivos à atmosfera.<br />
Normalmente, quando existe<br />
a demolição de uma obra, por<br />
motivos de reconstrução ou não,<br />
a maioria do que existe ali vira<br />
entulho. E muita madeira sobrevive<br />
para virar mesas, armários,<br />
cadeiras e outros objetos. “Em<br />
tempos de aquecimento global,<br />
a preocupação com o meio ambiente<br />
se tornou mais evidente<br />
entre todos nós. No entanto, o<br />
uso de madeira de demolição<br />
para fins decorativos – o que é<br />
o caso de fábricas de móveis de<br />
madeira de demolição – vem<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
Divulgação<br />
32<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Peça confeccionada com<br />
madeira de demolição,<br />
da Barrocarte<br />
mostrando há tempos essa preocupação com a<br />
preservação ambiental”, explicou Adhimar, que recupera<br />
a madeira de casarões antigos, dá o devido<br />
tratamento e transforma as mesmas em móveis<br />
de estilo e qualidade. “O produto torna os espaços<br />
mais aconchegantes e bonitos, coordenando<br />
harmoniosamente o rústico com o moderno. Não<br />
deixa de ser uma reciclagem de um material que<br />
já tinha um destino certo: o lixo”, finaliza.<br />
As peças confeccionadas pela empresa são<br />
consideradas de alto luxo e são utilizadas por<br />
renomados arquitetos, designers de interiores,<br />
engenheiros, entre outros. Marceneiros talentosos<br />
espalhados pelas cidades de Santa Cruz de<br />
Minas e São João Del Rei dão vida a materiais<br />
considerados inutilizáveis, transformando-os em<br />
verdadeiras obras de arte. Tudo é criado e produzido<br />
artesanalmente e sem derrubar uma única<br />
árvore. A empresa chega a produzir cerca de 200<br />
peças por mês e, de acordo com o proprietário, se<br />
fosse transformar este número em árvores, seria<br />
necessário cerca de 20 árvores de grande porte<br />
para suprir a produção.<br />
São iniciativas como esta que precisam ser<br />
entendidas, conhecidas e colocadas em prática.<br />
Uma coisa importante é não confundir madeira<br />
de demolição com madeira de reflorestamento. A<br />
madeira de demolição sai da obra que foi destruída<br />
e vai direto para as mãos de verdadeiros artesãos. A<br />
madeira de reflorestamento sai de indústrias ou madeireiras<br />
em forma de placas manufaturadas para<br />
depois serem transformadas em produto final.<br />
PRODUÇÃO RESPONSÁVEL<br />
Outro grande exemplo é a Celulose Irani, que<br />
fabrica móveis para exportação e para o consumidor<br />
final através de uma loja virtual chamada Meu<br />
Móvel de Madeira. Mas não é só isso, a empresa<br />
consegue ir além e trabalha hoje com várias vertentes:<br />
papel, embalagens e resinas. Tudo dentro dos<br />
padrões ecologicamente corretos. A madeira utili-<br />
zada na fabricação dos móveis vem<br />
de florestas cultivadas e planejadas,<br />
localizadas nos estados de Santa<br />
Catarina e Rio Grande do Sul.<br />
O manejo das florestas plantadas<br />
ocorre por meio de ciclos<br />
sucessivos de plantio, quando,<br />
além de garantir matéria-prima<br />
renovável, ainda contribui para a<br />
conservação de florestas nativas<br />
e preservação da biodiversidade<br />
local. O grupo possui locais de<br />
intensa preservação da natureza:<br />
matas nativas de araucária, cedro,<br />
jacarandá e espécies menos conhecidas,<br />
além dos diversos rios,<br />
lagoas, vertentes e animais, como o<br />
macaco-prego, a capivara e a onçapintada,<br />
que também estão dentro<br />
do cenário de preservação.<br />
Com muitas ações em prol<br />
do meio ambiente, a empresa<br />
conquistou a certificação Forest<br />
Stewardship Council. “Com a<br />
conquista do FSC buscamos dar<br />
aos nossos clientes uma garantia<br />
maior da proveniência da madeira<br />
utilizada na fabricação dos móveis,<br />
e também engajar cada vez mais<br />
quem pratica o consumo conscien-<br />
Sofás produzidos com<br />
madeira maciça de<br />
reflorestamento, da<br />
Meu Móvel de Madeira<br />
Divulgação
Divulgação<br />
te”, afirma Franciane Junctum, coordenadora do<br />
Sistema de Gestão da Qualidade. Além de buscar<br />
a sustentabilidade do seu negócio e minimizar<br />
os impactos das operações industriais, a empresa<br />
só adquire madeira, peças e componentes de<br />
pínus e eucalipto, chapas de MDF, OSB e Duraplac<br />
(compensado e sarrafeado) no mercado regional,<br />
evitando a compra de matérias-primas oriundas<br />
de fontes controversas. Para comprar madeira,<br />
profissionais capacitados da empresa analisam<br />
fornecedores e, como critério, só adquirem madeira<br />
de florestas com certificado FSC. Quando<br />
isso não é possível, verificam a origem da madeira<br />
conforme os critérios definidos pelo FSC e, através<br />
de um questionário acompanhado de evidências<br />
(documentos, declarações, pareceres jurídicos, etc.),<br />
a empresa avalia as condições para se determinar<br />
se a madeira provém de uma área que possui<br />
um alto ou baixo risco em relação aos critérios<br />
definidos pelo FSC. “Nesse processo, são controlados<br />
a autenticidade dos materiais fornecidos e<br />
o atendimento das definições e exemplos do FSC”,<br />
explica Franciane.<br />
O grupo também tem capacidade para produzir<br />
cerca de 15 mil toneladas mensais de papéis<br />
Kraft pardo e branco de 30 a 200 g/m², além de<br />
papéis para a fabricação de chapas e caixas de<br />
papelão ondulado. Em 2005, a empresa inaugurou<br />
na Unidade Fabril Papel, em Vargem Bonita (SC), a<br />
Usina de Co-geração de Energia, um projeto MDL<br />
(Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) à base<br />
de biomassa. O projeto trouxe autossuficiência<br />
energética à unidade e reduziu a emissão de poluentes<br />
na atmosfera. Com isso, a Celulose Irani S.A.<br />
é a primeira empresa brasileira do setor de papel e<br />
embalagem e a segunda no mundo a ter créditos<br />
de carbono emitidos segundo o Protocolo de Kyoto.<br />
Ou seja: ela retirou mais carbono da atmosfera<br />
do que emitiu, em função do grande volume de<br />
florestas plantadas e da energia gerada pela própria<br />
empresa por meio das suas hidroelétricas e<br />
termoelétricas. Em 2006, a Irani ativou sua nova<br />
Planta de Recuperação de Produtos Químicos. O<br />
investimento, além de permitir o aumento da produção<br />
de celulose em 30%, elevando de 170 para<br />
220 toneladas por dia a capacidade instalada da<br />
unidade, possibilitou um melhor aproveitamento<br />
térmico do processo, gerando uma economia de<br />
aproximadamente seis mil toneladas mensais de<br />
biomassa. Com suas várias ações, em 2007 o grupo<br />
recebeu da ISO a certificação 9001:2000.<br />
SELO BIOMÓVEL<br />
O conceito do móvel ecologicamente correto<br />
está neste selo e é exclusivo do APL Móveis do<br />
Planalto Catarinense, região onde as empresas<br />
utilizam madeira renovável e buscam processos<br />
ambientalmente corretos. Atualmente, 25 empresas<br />
estão credenciadas a fabricar produtos com o selo.<br />
Entre elas, a Meu Móvel de Madeira.<br />
Para poder batizar um produto com o selo<br />
Biomóvel, as empresas precisam cumprir diversas<br />
exigências no desenvolvimento do móvel e no<br />
processo de fabricação. Entre os principais requisitos<br />
Dormitório Grossl: elaborado<br />
dentro das normas<br />
de certificação e com<br />
orientações do Sebrae<br />
estão a obrigatoriedade de ter na<br />
composição do móvel 100% de<br />
madeira de origem reflorestada,<br />
utilizar exclusivamente adesivos<br />
à base de PVA, controlar os resíduos<br />
gerados durante o processo<br />
produtivo, direcionar de forma<br />
ambientalmente adequada produtos<br />
químicos, vasilhames e resíduos<br />
não orgânicos, otimizar o<br />
número de componentes e peças,<br />
escolher materiais e processos de<br />
baixo impacto e evitar a utilização<br />
de materiais tóxicos. Políticas de<br />
segurança e socialmente justas<br />
também integram as exigências<br />
do Biomóvel.<br />
A proposta do Biomóvel é<br />
construir um modelo de desenvolvimento<br />
econômico e social<br />
sustentável aliando tecnologia<br />
limpa e materiais não nocivos ao<br />
meio ambiente ou à saúde do<br />
consumidor. “É uma nova cultura<br />
na produção de móveis. As indústrias,<br />
além de atenderem a<br />
todos os requisitos de qualidade,<br />
também estão oferecendo ao<br />
mercado produtos que unem design<br />
moderno, resistência e visão<br />
ambiental”, explica o coordenador<br />
do projeto, Carlos Mattos.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
34<br />
Divulgação<br />
Divulgação<br />
CONSUMO CONSCIENTE<br />
Em substituição aos<br />
convencionais aramados<br />
de metal, supermercados<br />
estão aderindo aos<br />
carrinhos feitos de plástico.<br />
Ecologicamente corretos,<br />
são 100% recicláveis, e seu<br />
processo de fabricação não<br />
agride o meio ambiente.<br />
Exigem pouca manutenção, são<br />
fáceis de manusear e menos<br />
ruidosos. Os modelos da<br />
Masterplastic apresentam<br />
durabilidade, praticidade,<br />
conforto e higiene.<br />
www.masterplastic.com.br.<br />
Estabelecida no Vale do Parnaíba,<br />
a OSCIP Orienta Vida é responsável,<br />
desde 1999, por capacitar<br />
mulheres artesãs da região de<br />
Poti (SP). Elas trançam a fibra e<br />
de suas mãos surgem os lindos<br />
pendentes da Linha Taboa, que<br />
são parte da coleção 2009 da<br />
Bertolucci. Muito utilizada<br />
na produção de cestarias e<br />
esteiras, a taboa, uma fibra<br />
de planta aquática tropical,<br />
mostrou que também pode<br />
ser usada na iluminação.<br />
O efeito é ao mesmo<br />
tempo rústico e sofisticado,<br />
em uma trama forte<br />
e resistente.<br />
www.bertolucci.com.br<br />
www.orientavida.org.br<br />
Além de embelezar os<br />
espaços com estilo, estas<br />
lixeiras são práticas e feitas<br />
de material que não agride<br />
o meio ambiente. Recoberta<br />
com couro pespontado e<br />
revestida por recouro, as<br />
lixeiras têm durabilidade<br />
garantida, e podem ser<br />
fabricadas em couro liso,<br />
croco ou lezard. Os valores<br />
variam de acordo com o<br />
material escolhido.<br />
www.laeder.com.br<br />
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A Tintas Futura lança no<br />
mercado uma alternativa<br />
ecológica para pinturas<br />
de superfícies de madeira<br />
e metal. O esmalte à base<br />
d’água, com todas as<br />
qualidades do esmalte<br />
sintético, não afeta a<br />
natureza nem prejudica a<br />
saúde. Sua fórmula oferece<br />
resistência a fungos, não<br />
amarela com o tempo e<br />
dispensa a compra do<br />
solvente utilizado para<br />
diluição e limpeza.<br />
www.futuratintas.com.br<br />
A linha “De pet para pet”, produzida pela Lazza Pet, estimula<br />
a coleta e o aproveitamento do material reciclável<br />
disponível em garrafas de refrigerante, água mineral e<br />
outros, ajudando na preservação do meio ambiente.<br />
Com design anatômico, as peças proporcionam<br />
conforto e bem-estar para os animais. São<br />
roupinhas e acessórios que permitem que os<br />
animais corram, brinquem e se movimentem<br />
sem nenhuma dificuldade. A qualidade<br />
e o acabamento também estão<br />
presentes nos produtos,<br />
acompanhando as tendências<br />
da moda de cada estação.<br />
www.lazza.com.br<br />
Bolsas de algodão estão mais presentes nas ruas.<br />
Estilosas, práticas e resistentes, elas substituem<br />
perfeitamente os sacos plásticos, um dos grandes<br />
vilões da poluição, que demoram mais de 100 anos<br />
para se degradarem na natureza, gerando acúmulo<br />
de lixo e poluição. A Drogaria São Paulo incentiva esta<br />
iniciativa com a venda das sacolas de algodão a custo<br />
acessível. www.drogariasaopaulo.com.br<br />
Divulgação
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Agricultura Sustentável descreve ações<br />
de educação e responsabilidade<br />
socioambiental. Apresenta projetos sobre<br />
seis temas: Boas Práticas Agrícolas,<br />
Comunidade, Educação, Emprego e<br />
Renda, Meio Ambiente e Pessoas.<br />
www.andef.com.br<br />
Sylvain Darnil (Nestlé) e Mathieu Le<br />
Roux escreveram 80 homens para<br />
mudar o mundo. O livro retrata 80<br />
iniciativas de empresários que, ao redor<br />
do planeta, mantêm negócios rentáveis<br />
sem agredir o ambiente, promovendo o<br />
equilíbrio socioeconômico.<br />
www.clioeditora.com.br<br />
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O livro Inteligência Ecológica mostra<br />
que conhecer os impactos ambientais<br />
ocultos do consumo, fabricação e<br />
venda, pode orientar nossas decisões,<br />
tornando-as alinhadas com o que<br />
desejamos para nossas vidas.<br />
www.campus.com.br<br />
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Para guardar boas lembranças ou<br />
colocar aos pés da cama para organizar<br />
edredons e travesseiros. Superprático,<br />
este baú feito pela Barrocarte com<br />
madeira de demolição tem 1,50 m de<br />
comprimento por 0,50 m de altura e<br />
profundidade, nas opções de acabamento<br />
pátina, cal, pintura artística e policromia.<br />
www.barrocarte.com<br />
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O Moto W233 Eco é o primeiro<br />
aparelho do mundo feito de<br />
garrafas plásticas. Possui um<br />
kit 100% reciclável, com<br />
embalagem e manual produzidos<br />
a partir de papel reciclado. O<br />
aparelho tem 25% da estrutura<br />
externa feita a partir de<br />
garrafas plásticas e uma<br />
bateria com vida útil de até<br />
nove horas de conversação,<br />
que garante economia de<br />
tempo e energia. Parceria<br />
com a Carbonfund.org,<br />
compensará o dióxido<br />
de carbono gerado<br />
durante o seu ciclo<br />
de vida.<br />
www.motorola.com.br<br />
www.carbonfund.org<br />
A TriFil apresenta a<br />
linha Ecology Bambu,<br />
produzida da fibra da<br />
planta, considerada uma<br />
das matérias-primas mais<br />
ecológicas do século. O<br />
produto surpreende pelo<br />
conforto e capacidade de<br />
absorção do suor. Além<br />
disso, é hipoalergênico e<br />
antibacteriano.<br />
A coleção tem quatro<br />
produtos desenvolvidos<br />
com a fibra: calcinhas<br />
(tanga e boxer) e cuecas<br />
(boxer e slip). Calcinhas<br />
P, M e G nas cores branca,<br />
preta e chocolate,<br />
e cuecas P, M, G e EG<br />
nas cores branca, preta,<br />
azul denim e duna.<br />
www.trifil.com.br<br />
A tinta acrílica Zero, da Renner, é<br />
um produto de acabamento fosco<br />
e semibrilho. Com zero odor, ela<br />
não respinga e não agride o meio<br />
ambiente, pois não contém VOC<br />
(Compostos Orgânicos Voláteis).<br />
Indicada para superfícies externas<br />
e internas de alvenaria.<br />
www.tintasrenner.com.br<br />
Seguindo a tendência de inserir elementos<br />
que não agridam a natureza em móveis e<br />
objetos de decoração, Vera Gonzaga lança<br />
coleção de puffs, mobílias e banquetas em<br />
madeira e/ou com revestimento de couro<br />
reciclado. Tudo ecologicamente correto.<br />
www.veragonzaga.com.br<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
35<br />
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www.rodotecltda.com.br
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
38<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Como parte integrante da publicação, o CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong> é composto de informação<br />
mais direcionada, colocando à disposição de nossos leitores matérias técnicas, cobertura<br />
de eventos e dados de interesse específico sem, no entanto, abrir mão de uma linguagem<br />
mais aberta e de fácil entendimento para todos.<br />
A parceria com empresas e entidades do setor é que torna possível a realização deste caderno.<br />
O apoio da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos<br />
Especiais) se mantém nesta edição, confirmando a importância da VISÃO AMBIENTAL para o<br />
segmento. Outras entidades e associações que nos procuraram devem passar a integrar as<br />
próximas edições de forma mais concreta, possibilitando maior abrangência de informações<br />
e ações direcionadas ao nosso público-alvo.<br />
Fazemos aqui um agradecimento especial à AESabesp (Associação dos Engenheiros da<br />
Sabesp), organizadora da Fenasan e nossa apoiadora na realização e lançamento da revista<br />
junto ao setor de saneamento básico.<br />
São destaques nesta edição:<br />
• RSS - <strong>RESÍDUOS</strong> <strong>DE</strong> SERVIÇOS <strong>DE</strong> SAÚ<strong>DE</strong><br />
• COBERTURA COMPLETA DA XX FENASAN (Feira Nacional de Saneamento e Meio<br />
Ambiente) E DO ENCONTRO TÉCNICO<br />
• COBERTURA SEMINÁRIO AMBIANCE<br />
• LANÇAMENTO PANORAMA ABRELPE 2008<br />
• LANÇAMENTO OFICIAL DA REVISTA VISÃO AMBIENTAL<br />
O CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong> tem ainda conteúdo exclusivo para nosso portal, com depoimentos<br />
de visitantes da Fenasan e a lista completa de expositores, apoiadores e parceiros<br />
da feira, além de um painel de fotos do lançamento do Panorama Abrelpe.<br />
Visite www.rvambiental.com.br e cadastre-se. Visitantes cadastrados passam a receber<br />
informativos semanais com notícias sobre meio ambiente, resíduos e sustentabilidade.<br />
• As matérias e assuntos abordados neste caderno não são exclusivos da entidade apoiadora;<br />
tratam de forma abrangente de assuntos de interesse do setor.
Lançamento<br />
Panorama dos Resíduos<br />
Sólidos no Brasil - 2008<br />
Por Susi Guedes<br />
Informação detalhada e com aval de uma entidade<br />
conceituada são fundamentais para uma<br />
análise isenta e profunda de qualquer segmento.<br />
Pensando nisto, e mantendo o foco no desenvolvimento<br />
de um setor que precisa ser melhor<br />
entendido e ter sua fundamental importância<br />
reconhecida, a Abrelpe (Associação Brasileira de<br />
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais),<br />
lançou no dia 10 de agosto mais uma edição<br />
do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil.<br />
Utilizando-se de metodologia estatística para<br />
captação e tabulação de dados, a entidade consegue<br />
traçar o perfil da situação destas questões<br />
na atualidade – esta edição tem como base as<br />
informações coletadas em 2008. Tais elementos<br />
devem servir de base a empresas, entidades,<br />
instituições públicas e privadas no sentido de<br />
encontrar soluções adequadas e segmentadas,<br />
atendendo às necessidades de cada região.<br />
Todos os tipos de resíduos sólidos foram analisados<br />
separadamente. Números, gráficos e um<br />
diagnóstico dos resultados conferem consistência<br />
e relevância à pesquisa, que contempla todas<br />
as variantes de resíduos sólidos (RSU– resíduos<br />
sólidos urbanos, RSI- resíduos sólidos industriais,<br />
RSS- resíduos de serviços de saúde, RCD- resíduos<br />
da construção e demolição).<br />
Uma cerimônia presidida por João Carlos David,<br />
presidente da entidade, reuniu membros da<br />
Abrelpe, personalidades e autoridades. Além do<br />
lançamento oficial, foi consolidado um acordo<br />
de cooperação com a Plastivida (Instituto Sócio-<br />
<strong>Ambiental</strong> dos Plásticos), acordo este que objetiva<br />
promover a recuperação energética dos resíduos<br />
sólidos e o desenvolvimento sustentável.<br />
De acordo com a Plastivida, entidade que vem<br />
promovendo a tecnologia da reciclagem energética<br />
em seu trabalho de educação ambiental pelo<br />
Brasil, a destinação do lixo urbano transformou-se<br />
num dos mais graves problemas das grandes cida-<br />
Divulgação<br />
João Carlos David e<br />
autoridades convidadas<br />
para o lançamento oficial do<br />
Panorama Abrelpe 2008<br />
des. “Países que adotam a reciclagem energética<br />
conseguem reduzir substancialmente o volume<br />
de seus resíduos, um benefício incalculável, principalmente<br />
para localidades que contam com<br />
problemas de espaço para a destinação de lixo”,<br />
explica o presidente da entidade, Francisco de<br />
Assis Esmeraldo.<br />
Juntas, as entidades iniciarão estudos sobre a<br />
viabilidade política e econômica para a instalação<br />
das usinas de reciclagem energética no Brasil, assegurando<br />
a continuidade do processo. “Isso porque<br />
se trata de um projeto de capital intensivo”, lembra<br />
o presidente da Abrelpe, João Carlos David.<br />
Participaram da mesa e da solenidade: Ana<br />
Cristina Pasini da Costa - diretora da Cetesb; Arnaldo<br />
Jardim - deputado Federal e coordenador<br />
do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da<br />
Câmara dos Deputados; Casemiro Tércio Carvalho<br />
- Secretaria Estadual de Meio Ambiente, representando<br />
o secretário Xico Graziano; Rodolfo<br />
Costa e Silva - deputado estadual; Paulo Teixeira<br />
- deputado federal; Fernando Tadeu da Costa<br />
Passos - gerente regional de negócios da Caixa<br />
Econômica Federal; Luiz de Carvalho - secretário<br />
de Relações Políticas e Institucionais da Prefeitura<br />
de Curitiba - PR; Marisa Guimarães - Secretaria<br />
de Estado de Saneamento e<br />
Energia de São Paulo, representando<br />
a secretária estadual<br />
Dilma Seli Pena; Nelson Pereira<br />
dos Reis - vice-presidente da<br />
Fiesp e do Conselho Superior<br />
de Meio Ambiente (Cosema)<br />
e diretor titular do Departamento<br />
de Meio Ambiente;<br />
vereador Gilberto Natalini -<br />
vereador do município de São<br />
Paulo; Afonso Celso Teixeira de<br />
Moraes - Limpurb/São Paulo,<br />
representando o secretário<br />
municipal de Serviços da Prefeitura<br />
de São Paulo.<br />
O acesso ao Panorama<br />
dos Resíduos Sólidos no Brasil<br />
se dá através do site www.<br />
abrelpe.org.br , onde é possível<br />
baixar seu conteúdo gratuitamente.<br />
Mais informações<br />
sobre o acordo no site www.<br />
plastivida.org.br<br />
Fonte: assessorias de<br />
imprensa das entidades<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
39
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
40<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Lixo bem tratado<br />
Com segurança, tecnologia<br />
e consciência ambiental,<br />
municípios e instituições<br />
se unem para melhorar a<br />
gestão dos resíduos da<br />
área da saúde<br />
Por Tais Castilho e Miriam Bollini<br />
Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) ocupam<br />
lugar de destaque quando falamos em meio<br />
ambiente e saúde pública. O manejo inadequado<br />
desses resíduos causa grande impacto no<br />
ambiente por conter uma carga significativa de<br />
componentes químicos, biológicos e radioativos.<br />
Quando falamos em saúde pública, os RSS aparecem<br />
como grandes inimigos do homem, pois<br />
exercem influência na transmissão de doenças<br />
através da contaminação de moscas, mosquitos,<br />
baratas e roedores que encontram as condições<br />
necessárias para procriação. Outro grande risco<br />
é para os trabalhadores, que se tornam vítimas<br />
de acidentes devido ao mal acondicionamento<br />
dos resíduos perfurocortantes, que, por sua<br />
vez, contribuem diretamente para o aumento<br />
da incidência de infecção hospitalar. Para o meio<br />
ambiente, o risco é ainda mais significativo, já que<br />
acarretam poluição biológica, física e química do<br />
solo e do ar, submetendo as pessoas às variadas<br />
formas de exposição, ao contato direto ou indireto<br />
com vetores biológicos e mecânicos. Por isso, é<br />
muito importante que os geradores de resíduos<br />
tratem e destinem adequadamente todo “lixo”<br />
produzido por eles.<br />
Conforme a Resolução nº 358/05 do Conama<br />
(Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a Resolução<br />
da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306/04 da<br />
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),<br />
os RSS são tudo aquilo gerado por prestadores<br />
de assistência médica, odontológica, laboratorial,<br />
farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa<br />
médica e que são altamente prejudiciais. De<br />
acordo com o Dr. Hamilton Coelho, presidente<br />
da Comissão Interna de Biossegurança do<br />
Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, do Rio de<br />
Janeiro, os RSS trazem grande risco em função<br />
da presença de materiais biológicos capazes de<br />
causar infecção, além de objetos perfurocortantes<br />
contaminados, produtos químicos perigosos e<br />
até mesmo os rejeitos radioativos. “Todos requerem<br />
cuidados específicos de acondicionamento,<br />
transporte, armazenamento, coleta, tratamento<br />
e disposição final”, ressalta o especialista.<br />
Parte da solução veio com a homologação de<br />
resoluções que falam da necessidade de definir<br />
procedimentos mínimos para o gerenciamento<br />
de resíduos, com o objetivo de preservar a saúde<br />
pública e a qualidade do meio ambiente. Inicialmente,<br />
a Resolução n o 5/93 (Conama) e sua<br />
regulamentação posterior definiram os resíduos<br />
sólidos, bem como sua destinação e transporte.<br />
A resolução prevê que tais estabelecimentos<br />
devem fazer um Plano de Gerenciamento de Resíduos<br />
Sólidos (PGRSS) e submetê-lo à aprovação<br />
dos órgãos de meio ambiente, saúde pública e<br />
vigilância sanitária competentes, identificando o<br />
responsável técnico por aquela atividade.<br />
RESOLUÇÕES, CLASSIFICAÇÃO E RISCOS<br />
São várias as classificações para os RSS. No<br />
Brasil devemos nos guiar através das resoluções<br />
redigidas pela ABNT (Associação<br />
Brasileira de Normas Técnicas),<br />
pelo Conama e pela Anvisa. Já os<br />
riscos, tanto ao meio ambiente<br />
quanto à saúde pública, são classificados<br />
segundo a Norma n o<br />
10.004/87 da ABNT. A Resolução<br />
n o 05/93 do Conama classifica<br />
os resíduos em quatro grandes<br />
grupos (A, B, C e D).<br />
Resíduos Grupo A : Mistura de<br />
micro-organismos e meios de<br />
cultura inoculados provenientes<br />
de laboratório clínico ou<br />
de pesquisa; vacina vencida<br />
ou inutilizada; filtros de ar e<br />
gases aspirados da área contaminada,<br />
membrana filtrante<br />
de equipamento médico hospitalar<br />
e de pesquisa; sangue,<br />
hemoderivados e resíduos que<br />
tenham entrado em contato<br />
com estes; tecidos, membranas,<br />
órgãos, placentas, fetos,<br />
peças anatômicas; animais<br />
— inclusive os de experimentação<br />
e os utilizados para estudos<br />
— carcaças e vísceras<br />
suspeitos de serem portadores<br />
de doenças transmissíveis e os<br />
mortos a bordo de meios de<br />
transporte e todos os resídu-<br />
Photoxpressa
os que tenham entrado em contato com eles;<br />
objetos perfurantes ou cortantes provenientes<br />
de estabelecimentos prestadores de serviços de<br />
saúde; excreções, secreções, líquidos orgânicos<br />
procedentes de pacientes e todos os resíduos<br />
contaminados por estes; resíduos de sanitários<br />
de pacientes; resíduos de área de isolamento;<br />
materiais descartáveis que tiveram contato com<br />
paciente; lodo de estação de tratamento de<br />
esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde e<br />
resíduos provenientes de áreas endêmicas ou<br />
epidêmicas definidas por autoridades de saúde<br />
competente.<br />
Resíduos Grupo B: Drogas quimioterápicas e<br />
outros produtos que possam causar mutagenicidade<br />
e genotoxicidade e os materiais por elas<br />
contaminados; medicamentos vencidos, interditados,<br />
não utilizados, alterados e medicamentos<br />
impróprios para o consumo; antimicrobianos e<br />
hormônios sintéticos; demais produtos considerados<br />
perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis<br />
e reativos).<br />
Resíduos Grupo C: Enquadram-se neste grupo<br />
os resíduos radioativos ou contaminados com<br />
radionuclídeos, provenientes de laboratórios de<br />
análises clínicas, serviços de medicina nuclear<br />
e radioterapia.<br />
Resíduos Grupo D: Resíduos comuns, que não<br />
se enquadram nos grupos A, B e C.<br />
Em 2001, a Resolução nº 283 é apresentada<br />
pelo Conama com o intuito de complementar<br />
e melhorar a Resolução nº 5. Nela é discutido o<br />
tratamento e destino final dos RSS. Considerando<br />
também que as ações de prevenção são eficazes<br />
e diminuem os riscos ao meio ambiente e à saúde<br />
pública, com o passar dos anos as resoluções que<br />
dão diretrizes relacionadas ao meio ambiente<br />
melhoraram muito. Hoje, para toda infração relativa<br />
à destinação dos RSS existe uma punição<br />
descrita, o que não significa que todo criminoso<br />
ambiental seja preso e pague multas. O que vem<br />
acontecendo, na verdade, é que o meio ambiente<br />
tem sido visto pelos fiscais com um pouco mais<br />
de responsabilidade e cuidado e, portanto, as<br />
fiscalizações têm se intensificado.<br />
Atualmente, no Brasil existem duas legislações<br />
que regulamentam os serviços: a RDC 306/04, da<br />
Anvisa, e a Resolução 358/05, do Conama. Essas<br />
resoluções regulamentam a obrigatoriedade dos<br />
geradores de resíduos de saúde humana e animal<br />
Divulgação<br />
darem a devida segregação, armazenamento,<br />
coleta, transporte, tratamento e disposição final<br />
aos RSS. Lembrando que, apesar de existir normas<br />
específicas em âmbito nacional, os estados e municípios<br />
podem ter sua própria legislação.<br />
<strong>DE</strong>SCARTE E ACONDICIONAMENTO<br />
A separação por categoria (segregação) deve<br />
ser feita no local onde os resíduos são gerados e<br />
colocados em recipientes próprios. O acondicionamento<br />
dos RSS deve ser feito em contenedores<br />
resistentes e impermeáveis, na hora e no local<br />
onde foram produzidos, de acordo com a classificação<br />
e o estado em que se encontram. Por isso<br />
que na maioria dos hospitais, clínicas e instituições<br />
que geram resíduos, encontram-se recipientes<br />
diversos para acondicioná-los, já separando as<br />
sobras por categoria.<br />
Geralmente, os RSS do grupo A devem ser<br />
acondicionados em saco resistente e impermeável,<br />
de cor branco leitosa, com a simbologia de resíduo<br />
infectante. No caso de resíduos pesados e úmidos,<br />
o saco deve ser duplo. Eles devem ser identificados<br />
com rótulos e a inscrição do tipo de resíduo.<br />
Os do grupo B seguem os mesmos padrões, só<br />
mudando a identificação de substância tóxica e<br />
a inscrição de resíduo tóxico. Os perfurocortantes<br />
são acondicionados em recipientes resistentes,<br />
estanques, rígidos, com tampa e identificados<br />
como resíduos classe A, conforme a Norma Brasileira<br />
n o 10.004 da ABNT, sendo expressamente<br />
proibido o esvaziamento desses recipientes para o<br />
seu reaproveitamento. Os recipientes não devem<br />
ultrapassar 2/3 de sua capacidade. As agulhas<br />
Coleta Sterlix:<br />
contenedores<br />
resistentes e<br />
impermeáveis<br />
O que é ISO?<br />
É um conjunto de normas<br />
definidas pela International<br />
Organization for<br />
Standardization – ou seja,<br />
as iniciais em inglês para<br />
Organização Internacional<br />
para Padronização.<br />
Quando se fala em ISO<br />
14000, diz-se de normas para<br />
a gestão ambiental em empresas.<br />
Atingir um desempenho<br />
ambiental exemplar requer<br />
empenho da organização com<br />
uma abordagem constante e<br />
melhorias contínuas do seu<br />
sistema de gestão ambiental.<br />
Esta certificação é bem criteriosa<br />
e apenas empresas com<br />
excelência no assunto conseguem<br />
conquistá-la. A partir<br />
do momento que as firmas<br />
começam a seguir as normas<br />
do ISO 14000, elas reduzem<br />
significativamente os danos<br />
ao meio ambiente. Ao implantar<br />
os processos indicados, a<br />
empresa conquista o certificado,<br />
o que significa que a<br />
organização possui responsabilidade<br />
ambiental. Para<br />
conquistar e manter o título,<br />
é preciso seguir a legislação<br />
ambiental do país, treinar e<br />
qualificar os funcionários para<br />
seguirem as normas, diagnosticar<br />
os impactos ambientais<br />
que está causando e aplicar<br />
procedimentos para diminuir<br />
os danos ao meio ambiente.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
41
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
42<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Sistema de autoclave:<br />
descaracterização de objetos<br />
como lâminas, agulhas,<br />
seringas entre outros<br />
usadas em quimioterapia, assim<br />
como todos os outros materiais,<br />
são considerados resíduos<br />
classe B. As agulhas usadas para<br />
aplicação de radiofármacos são<br />
consideradas classe C. As agulhas<br />
descartáveis devem ser<br />
desprezadas juntamente com as<br />
seringas, sendo proibido reencapá-las<br />
ou proceder a sua retirada<br />
manualmente. De acordo com<br />
as normas, os serviços locais de<br />
Divulgação<br />
limpeza ficam com os resíduos do grupo D.<br />
TRATAMENTO E <strong>DE</strong>STINAÇÃO<br />
O tratamento dos resíduos é caracterizado<br />
segundo os processos que recebem: térmicos,<br />
químicos ou biológicos. O objetivo é descontaminar,<br />
desinfectar ou esterilizar os RSS alterando suas<br />
características biológicas, químicas e físicas para<br />
assim diminuir e até mesmo eliminar os riscos à<br />
saúde pública e ao meio ambiente. Seja qual for<br />
o processo de tratamento adotado, deverão ser<br />
dispostos em aterro sanitário projetado, operado<br />
e monitorado, tanto para disposição das cinzas ou<br />
escórias provenientes de incineração como para<br />
a carga esterilizada em autoclaves. Segundo o<br />
professor Antonio Germano Gomes Pinto, especialista<br />
em recursos naturais, tecnologia e gestão<br />
ambiental, o método de incineração, desde que<br />
seja realizado o tratamento dos gases emitidos,<br />
é o método mais indicado: “Financeiramente o<br />
incinerador é mais interessante, pois consome<br />
menos energia e reduz a quantidade de resíduos<br />
em até 97%. <strong>Ambiental</strong>mente também é vantajoso,<br />
pois a autoclave e o micro-ondas eliminam<br />
apenas a contaminação biológica, permanecendo<br />
contaminantes químicos e físicos, que são encaminhados<br />
ao aterro sanitário e podem contaminar<br />
a água e o ar”, alerta.<br />
No processo de incineração acontece a decomposição<br />
dos RSS através de altas temperaturas,<br />
entre 900 e 1250 ºC, com tempo de permanência<br />
controlada. É utilizado para o tratamento de<br />
resíduos de grande perigo e que precisam ser<br />
destruídos de forma segura. “É a decomposição<br />
térmica devido à oxidação em alta temperatura<br />
da parte orgânica dos resíduos. Acontece uma<br />
fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o<br />
Grupo Fleury: sustentabilidade e<br />
responsabilidade com o meio ambiente<br />
Pela primeira vez no País, uma empresa<br />
do setor de saúde recebe licença de operação<br />
para tratamento interno de resíduos infectantes.<br />
Por meio de autorização concedida pela<br />
Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento<br />
<strong>Ambiental</strong> do Estado de São Paulo), o<br />
Fleury trata o lixo infectante gerado na sede<br />
técnico-administrativa, transformando-o em<br />
resíduo comum. Para tanto, foi necessário que<br />
atendesse às exigências do órgão, como a monitoração<br />
da qualidade dos efluentes, do nível<br />
de ruído, e, também, avaliações regulares para<br />
controlar o desempenho do processo. A instalação<br />
do sistema precisou da compra de duas<br />
autoclaves (equipamentos que funcionam sob<br />
alta pressão e temperatura elevada) para destruir<br />
os micro-organismos, e de um triturador para<br />
descaracterizar o material, reduzindo-o em peso<br />
e, principalmente, em volume.<br />
Confira a entrevista com o gerente de sustentabilidade<br />
do grupo, Daniel Périgo.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>: Quais as ações que a<br />
instituição adotou para diminuir os impactos<br />
ao meio ambiente?<br />
Divulgação<br />
Daniel Périgo: Para o Fleury Medicina e Saúde, o<br />
conceito de sustentabilidade é parte integrante<br />
de nossa missão. As atividades neste sentido<br />
são norteadas pela integração dos conceitos<br />
ambientais e sociais, até os financeiros, conforme<br />
preconizado pelo modelo TBL (Triple<br />
Bottom Line — resultados de uma empresa<br />
que são medidos em termos sociais, ambientais<br />
e econômicos). Em agosto de 2002, o Fleury<br />
implementou um Sistema de Gestão Integrada,<br />
migrando seu sistema da qualidade, previamente<br />
certificado, para a versão 2000 da norma ISO<br />
9001, e conquistando também a certificação ISO<br />
14001, com a qual oficializou a preocupação<br />
ambiental da empresa. Neste processo, além<br />
do atendimento à legislação ambiental aplicável,<br />
o Fleury buscou otimizar suas rotinas de<br />
trabalho. O sistema trouxe para a empresa um<br />
melhor controle de seus aspectos ambientais e<br />
foi ainda acompanhado pelo estabelecimento de<br />
ações de monitoramento e Programas de Gestão<br />
<strong>Ambiental</strong>. Com relação a esses programas, destaca-se<br />
o voltado à minimização da geração de<br />
resíduos e os voltados à redução do consumo de
água, papel e energia. A criação da área de<br />
sustentabilidade, em 2007, e a subsequente<br />
unificação das ações sociais da empresa<br />
permitiram explorar de maneira mais consistente<br />
as diversas sinergias existentes entre as<br />
dimensões da sustentabilidade. Além disso,<br />
como parte de seu compromisso ambiental,<br />
o Fleury adotou em 2008, em parceria com a<br />
Delegacia Regional do Trabalho, o programa<br />
“Empresa Livre de Mercúrio”, substituindo<br />
os equipamentos que continham mercúrio<br />
metálico por alternativas sem esse elemento,<br />
iniciativa pela qual recebeu menção honrosa<br />
do órgão. Ainda em 2008 foi inaugurada a<br />
primeira unidade de atendimento sustentável,<br />
a Rochaverá-Morumbi.<br />
Construída segundo os requisitos da certificação<br />
LEED (Leadership in Energy and<br />
Environmental Design — em português,<br />
Liderança na Energia e no Projeto <strong>Ambiental</strong>),<br />
do U.S. Greenbuilding Council, desde a<br />
fase de planejamento até o término da fase<br />
de obras, foram adotadas várias medidas<br />
visando à redução dos impactos ambientais<br />
oriundos da construção civil, dentre as<br />
quais se destacam o estudo da eficiência<br />
energética da unidade e a utilização de equipamentos<br />
livres de CFC, madeira certificada,<br />
Divulgação<br />
Incinerador Pioneira: resíduos se transformam em anidrido<br />
carbônico (CO 2 ), anidrido sulfuroso (SO 2 ), nitrogênio (N 2 ),<br />
oxigênio (O 2 ), água (H 2 O) e cinzas<br />
peso e as características de periculosidade dos resíduos”,<br />
define o professor. As escórias e cinzas são<br />
dispostas em aterro sanitário próprio, os efluentes<br />
líquidos devem ser encaminhados para estação<br />
de tratamento e os gases oriundos da queima<br />
precisam ser tratados e monitorados.<br />
A Pioneira <strong>Ambiental</strong> foi a primeira empresa<br />
brasileira a conseguir licença e instalar um incinerador<br />
privado. Hoje, segundo levantamento<br />
da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza<br />
Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), são doze<br />
incineradores em todo Brasil. A técnica usada<br />
pela empresa é uma das mais positivas ao meio<br />
ambiente: a dry scrubber, ou seja, que remove os<br />
poluentes a seco. Ele “limpa” os resíduos sem gerar<br />
efluentes contaminados, o que atende aos mais<br />
rigorosos limites de emissões. “Temos capacidade<br />
para incinerar dez toneladas por dia, já que temos<br />
duas linhas com capacidade de cinco toneladas;<br />
nosso sistema foi projetado para operar dentro<br />
das mais rigorosas leis vigentes” ressalta o gerente<br />
de projetos do grupo Pioneira, Andreas Babinskys.<br />
Segundo ele, o sistema em operação emite menos<br />
do que 15% dos valores máximos permitidos. As<br />
emissões de gases são permanentemente con-<br />
materiais de rápida renovação na natureza<br />
e produtos livres de metais pesados e substâncias<br />
voláteis.<br />
RVA: O que é feito com os resíduos sólidos?<br />
DP: O programa de gerenciamento de resíduos<br />
do Fleury segue padrões de referência<br />
na área. Cada resíduo possui um descarte<br />
e destinação específicos, de acordo com a<br />
natureza e o risco apresentado. Nas Unidades<br />
de Atendimento, os resíduos infectantes são<br />
acondicionados em sacos branco-leitosos e<br />
posteriormente encaminhados ao sistema de<br />
tratamento por desativação eletrotérmica<br />
oferecido pelo município. Perfurocortantes<br />
são acondicionados em caixas resistentes a<br />
puncturas e são encaminhados para o mesmo<br />
tratamento. Na sede técnica da empresa,<br />
os resíduos infectantes são autoclavados e<br />
descaracterizados, e posteriormente encaminhados<br />
como resíduo comum. Resíduos<br />
químicos são acondicionados em bombonas<br />
ou frascos de vidro, de acordo com a<br />
compatibilidade química, e posteriormente<br />
encaminhados para incineração. Rejeitos<br />
radioativos são armazenados em contêineres<br />
e abrigos revestidos de chumbo, onde<br />
aguardam o decaimento da radioatividade<br />
até níveis inócuos à saúde humana. Também<br />
troladas através do sistema de<br />
amostragem do Analisador Contínuo<br />
de Emissões Atmosféricas<br />
(CEMS), que assegura a qualidade<br />
do ar. Com esta conduta, o<br />
grupo conquistou o ISO 14001<br />
em 2006. “Somos os primeiros<br />
e únicos com o certificado ISO<br />
14001 para o escopo de Coleta,<br />
Transporte e Incineração de<br />
Resíduos de Serviço de Saúde,<br />
e continuamos sempre buscando<br />
a excelência ambiental aprimorando<br />
os nossos processos”,<br />
afirma Andreas.<br />
No sistema de autoclavagem<br />
acontece a esterilização dos RSS<br />
dentro de um equipamento de<br />
autoclave. Os sacos com os resíduos<br />
são depositados em caixas<br />
metálicas sem tampa e o vapor é<br />
injetado na câmara com temperatura<br />
de 150 ºC a 4 kg de pressão<br />
por centímetro quadrado. Com a<br />
alta temperatura da câmara, os<br />
é praticada a coleta seletiva para separação<br />
dos materiais recicláveis. Os demais resíduos<br />
são considerados comuns e recolhidos por<br />
empresas contratadas para este fim. O Fleury<br />
apresenta ainda programas específicos para<br />
a destinação de lâmpadas fluorescentes,<br />
baterias, óleo comestível e filmes de raios-X<br />
desprezados, dentre outros.<br />
RVA: O que foi preciso para conseguir a licença<br />
para tratar os RSS?<br />
DP: A licença foi emitida pela Cetesb em março<br />
de 2006, e possui validade de 5 anos. O<br />
licenciamento envolveu a elaboração de um<br />
Relatório <strong>Ambiental</strong> Preliminar e a realização<br />
de testes para verificação da eficácia do<br />
processo e envolve ainda o compromisso do<br />
envio periódico à Cetesb de dados relacionados<br />
à eficácia e produtividade do sistema.<br />
RVA: Existem medidas de sustentabilidade<br />
e reciclagem de materiais RSS?<br />
DP: Sim, a coleta seletiva foi implantada em<br />
1998 na empresa e envolve a separação dos<br />
materiais passíveis de reciclagem no momento<br />
e local da sua geração, mas caso o resíduo<br />
apresente algum risco, ele é separado de<br />
acordo com suas características (infectante,<br />
químico ou radioativo) para seguir a destinação<br />
correta específica.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
43
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
44<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Delboni Auriemo,<br />
unidade do<br />
grupo Dasa:<br />
excelência também<br />
no tratamento<br />
de resíduos<br />
Dasa e o compromisso ambiental<br />
Tanto as empresas públicas quanto as privadas<br />
estão cada vez mais com a consciência ambiental<br />
incorporada em seu dia a dia. A Diagnósticos da<br />
América (Dasa), por exemplo, é um grupo formado<br />
por 20 marcas, presente em doze estados brasileiros<br />
e no Distrito Federal. Entre as marcas, as<br />
mais conhecidas são: Delboni Auriemo, Lavoisier<br />
e Med Imagem. Atualmente é a maior empresa<br />
de medicina diagnóstica da América Latina e a<br />
quinta maior rede do mundo. Com cerca de 10<br />
mil colaboradores, atende aproximadamente 50<br />
mil pacientes por dia e processa, em média, 6,5<br />
milhões de exames por mês.<br />
Seu sistema de gerenciamento ambiental<br />
assegura que todos os RSS sejam coletados, transportados,<br />
manuseados, processados, armazenados<br />
e descartados conforme os regulamentos ambientais<br />
aplicáveis. Todos os resíduos com material<br />
biológico são descontaminados e descartados em<br />
aterros legalizados, promovendo a redução do<br />
potencial poluidor e diminuindo o volume gerado.<br />
Além disso, todas as unidades de atendimento<br />
contam com o Programa de Gerenciamento de<br />
Resíduos de Serviços de Saúde, que contempla<br />
também o correto descarte dos resíduos radioativos,<br />
químicos e lixo comum. Confira abaixo a<br />
entrevista com a gestora de Processo de Meio<br />
Ambiente da Dasa, Andréa Pussenti Derossi.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>: Quais as medidas adotadas<br />
pela empresa visando a sustentabilidade?<br />
Andréa Pussenti Derossi: A Dasa tem um plano<br />
de controle do meio ambiente em que alguns<br />
pontos são monitorados, como: descarte de re-<br />
síduos, emissão de poluentes atmosféricos de<br />
equipamentos a diesel, emissão de fumaça de veículos,<br />
poluição sonora, efluente líquido, produtos<br />
controlados, corte e poda de árvores e cuidados<br />
operacionais para evitar desperdício de água e<br />
energia elétrica.<br />
RVA: A Dasa conta com mais de 300 unidades<br />
espalhadas pelo território nacional. O que faz<br />
com todo o lixo gerado?<br />
APD: A Dasa destina seus resíduos para aterros<br />
licenciados pelo orgão ambiental de cada município.<br />
Os resíduos infectantes e perfurocortantes<br />
são tratados para descontaminação, são<br />
descaracterizados e depois enviados para aterro<br />
sanitário. Os resíduos químicos que podem ser<br />
neutralizados são tratados no próprio laboratório;<br />
os co-processados ou incinerados, em empresas<br />
contratadas. Os resíduos comuns não recicláveis<br />
são destinados para aterros sanitários licenciados<br />
e os resíduos comuns recicláveis são vendidos para<br />
empresas de reciclagem devidamente licenciadas<br />
pelo orgão ambiental ou são doados para ONGs,<br />
também licenciadas para tal fim.<br />
RVA: Vocês possuem o ISO 14000?<br />
APD: Sim, desde 2006.<br />
RVA: O tratamento dos resíduos infectantes é feito<br />
na instituição ou alguma empresa especializada<br />
faz esta parte?<br />
APD: Os resíduos infectantes do grupo A1* são<br />
tratados na própria Dasa. Os resíduos infectantes<br />
do grupo A4** são encaminhados para empresas<br />
especializadas e licenciadas pelo orgão ambiental,<br />
para tratamento térmico (em alguns lugares, a<br />
autoclavação; em outros, a incineração).<br />
* A1: culturas e estoques de micro-organismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; meios<br />
de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação<br />
genética. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes<br />
do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.<br />
** A4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana<br />
filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de laboratório e seus<br />
recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter<br />
agentes Classe de Risco 4; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue<br />
ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos<br />
cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica; bolsas transfusionais vazias ou com volume<br />
residual pós-transfusão.<br />
Divulgação<br />
sacos são destruídos, permitindo<br />
o contato do vapor com os resíduos<br />
que são esterilizados. “Essa<br />
tecnologia permite a modificação<br />
das características biológicas<br />
e físicas dos resíduos, eliminando<br />
sua carga microbiana”, explica<br />
Roberval Battaglini, diretor comercial<br />
da Sterlix <strong>Ambiental</strong>,<br />
empresa que trabalha com a<br />
gestão completa de RSS, desde<br />
a coleta até o destino final. “Em<br />
síntese, transformamos resíduos<br />
classificados como do grupo A<br />
em resíduos do grupo D, que são<br />
os domésticos”. Após o processo,<br />
os materiais são triturados para<br />
a descaracterização de objetos<br />
como lâminas, agulhas, seringas<br />
entre outros. Posteriormente, o<br />
que sobra é disposto em aterros<br />
sanitários. Como a empresa é responsável<br />
pela destinação final<br />
dos RSS, precisam de um aterro<br />
devidamente licenciado e dentro<br />
das normas vigentes.<br />
Muitas empresas fazem o<br />
serviço de coleta, transporte,<br />
tratamento e destinação final<br />
dos resíduos. No entanto, é<br />
muito importante que estejam<br />
regularizadas junto aos órgãos<br />
competentes, como Secretaria<br />
do Meio Ambiente e Cetesb. Já no<br />
PGRSS, segregação e armazenamento<br />
interno são de responsabilidade<br />
dos geradores. Segundo<br />
Roberval, para todas as etapas do<br />
processo existem legislações específicas.<br />
“Os veículos devem ser<br />
licenciados perante a Vigilância<br />
Sanitária, certificados pelo Inmetro,<br />
registrados na ANTT. Os<br />
motoristas devem possuir curso<br />
de Movimentação Operacional de<br />
Produtos Perigosos (curso obrigatório<br />
para quem transporta RSS) e<br />
treinamentos específicos a serem<br />
comprovados aos clientes, junto<br />
com os coletores”, finaliza.
Conhecimento gera<br />
caminhos e soluções na<br />
gestão dos resíduos do<br />
setor de saúde<br />
Por Susi Guedes<br />
Seminários Ambiance<br />
Informação dirigida é fundamental para a<br />
atuação profissional em todos os setores. Em<br />
se tratando de manipulação e destinação dos<br />
resíduos da saúde, a responsabilidade é aumentada<br />
em função dos possíveis danos ao meio<br />
ambiente e às pessoas que tenham contato direto<br />
ou indireto com esses resíduos.<br />
A promoção de seminários e workshops é<br />
uma maneira eficiente para se divulgar produtos<br />
e serviços, mas também uma oportunidade<br />
para discutir os problemas e a legislação sobre<br />
determinado assunto. Nesse tipo de encontro, a<br />
troca de experiências aproxima todos os elos do<br />
setor, unindo profissionais, empresas, entidades<br />
públicas e privadas, no intuito de compartilhar<br />
o conhecimento e buscar soluções.<br />
No caso das questões ligadas aos resíduos<br />
de serviços de saúde (RSS), a complexidade<br />
é maior. Num seminário recente, a Ambiance<br />
– empresa que oferece consultoria em saúde e<br />
soluções ambientais – abordou temas atuais e<br />
pertinentes. As palestras apresentadas demonstraram<br />
que o assunto é extenso e a inserção de<br />
variados temas possibilitou que os participantes<br />
tivessem acesso a profissionais de destaque, se<br />
atualizassem e pudessem discutir os temas de<br />
maneira direcionada.<br />
Todos os aspectos do assunto foram abordados<br />
de maneira abrangente, e a grade de palestras<br />
se mostrou eficaz pela variedade e pelos<br />
palestrantes escolhidos. Em dois dias de evento,<br />
os participantes tiveram acesso a informação de<br />
qualidade dentro da programação. Confira:<br />
• Gestão ambiental em um centro de medicina<br />
diagnóstica – Adriana S.E. Gonçalves (Fleury Medicina<br />
e Saúde)<br />
• Tratamento dos resíduos de serviços de saúde<br />
– Andreas Peter Babinsky (Pioneira)<br />
• Gestão dos RSS e as práticas de sustentabilidade<br />
– Vital de Oliveira Ribeiro Filho (CVS)<br />
• Implantação do Plano de Gerenciamento: PGRSS<br />
em ambientes de saúde – Silvia Renata da Silva<br />
(Hospital Samaritano)<br />
• A importância da gestão ambiental nos serviços<br />
de saúde para o desenvolvimento e crescimento<br />
sustentável das organizações – Gonzalo Vecina<br />
Neto (Hospital Sírio-Libanês)<br />
• Gestão ambiental dos RSS, segundo a RDC 306<br />
da Anvisa e a Resolução 358 do Conama – Luiz<br />
Carlos da Fonseca e Silva (Anvisa)<br />
• Gestão ambiental em hemocentros – Antonio<br />
Carlos Magnanelli (Fundação Pró-Sangue)<br />
Com a necessidade cada vez maior de se<br />
aprimorar métodos e posturas, eventos como<br />
esse demonstram ser fundamentais na disseminação<br />
de informações, que servem de<br />
base para o crescimento desse importante<br />
segmento profissional.<br />
Acima, carro da<br />
Pioneira equipado<br />
para coleta de RSS.<br />
Ao lado, Andreas<br />
Peter Babinsky<br />
apresenta palestra<br />
sobre tratamento<br />
dos RSS<br />
A promoção de<br />
seminários e<br />
workshops é<br />
uma maneira<br />
eficiente para<br />
se divulgar<br />
produtos e<br />
serviços<br />
Fotos: Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
45
Divulgação<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
46<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
COBERTURA<br />
FENASAN 2009 e XX ENCONTRO<br />
TÉCNICO AESABESP<br />
Por Susi Guedes<br />
Aconteceu entre os dias 12 e 14 de agosto,<br />
no Expo Center Norte, em São Paulo, um dos<br />
mais importantes eventos no que se refere a<br />
saneamento e meio ambiente. Em sua 20ª edição,<br />
a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento<br />
e Meio Ambiente) e o XX Encontro Técnico se<br />
mostraram como sendo um meio eficiente de<br />
obter e disseminar conhecimento, oferecer e<br />
fazer negócios, e encontrar caminhos e redes<br />
de relacionamentos que possam ajudar na<br />
construção e ampliação de ideias e projetos<br />
que sirvam de suporte ao aprimoramento do<br />
trabalho e à evolução do setor.<br />
Com toda sua área de exposição comercializada,<br />
contando com a participação de empresas,<br />
fabricantes e fornecedores de equipamentos<br />
para o setor, prestadoras de serviços e de demais<br />
segmentos complementares à esfera do<br />
saneamento, num total de 152 expositores, e sob<br />
o tema “Sustentabilidade – caminho para universalização<br />
do saneamento ambiental”, o evento<br />
foi considerado como um dos mais importantes<br />
do setor na América Latina, com visitação de 10<br />
mil pessoas.<br />
Em sua 20ª edição, o Encontro Técnico cresceu<br />
muito e evoluiu na diversidade de temas. Compa-<br />
Cerimônia de<br />
abertura do evento<br />
nhias de saneamento de todo o<br />
País, docentes de universidades<br />
e representantes da iniciativa<br />
privada apresentaram 130 palestras<br />
técnicas sobre eficiência<br />
operacional, gestão ambiental,<br />
resíduos sólidos, eficiência<br />
energética, novas tecnologias e<br />
políticas públicas do segmento.<br />
Além disso, houve cinco mesasredondas,<br />
com debates sobre<br />
as questões mais atuais e pertinentes<br />
ao meio. O encontro<br />
também contou com visitantes<br />
Divulgação
de várias regiões do país e com a presença de<br />
aproximadamente dois mil congressistas.<br />
Empresas internacionais, como as trazidas<br />
pelo consulado de Israel – um país com sérios<br />
problemas de captação e gestão de água –, da<br />
Itália e dos EUA, também estiveram presentes.<br />
A visita da Superintendente Nacional de Saneamento<br />
do Governo do Chile, Magaly Espinosa<br />
Sarria, que apresentou o modelo de regulação<br />
dos serviços sanitários daquele país, foi outra<br />
participação de extrema importância.<br />
A solenidade de abertura do XX Encontro<br />
Técnico da AESabesp contou com participantes<br />
de destaque do setor e da sociedade, numa mesa<br />
composta por Luiz Narimatsu (presidente da<br />
Associação dos Engenheiros da Sabesp), Hugo<br />
de Oliveira (presidente da ARSESP - Agência Reguladora<br />
de Saneamento e Energia do Estado de<br />
São Paulo), Orlando Diniz Vulcano (presidente<br />
da ADM - Associação dos Administradores da<br />
Sabesp), Cláudio Antônio Borges (presidente da<br />
Associação Sabesp), René Vicente (presidente<br />
do Sintaema - Sindicato dos Trabalhadores em<br />
Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de<br />
São Paulo), Walter Sigolo (superintendente de<br />
RH da Sabesp), José Aurélio Boranga (superintendente<br />
da Unidade de Negócio Médio Tietê da<br />
Sabesp), Camil Eid (vice-presidente do Instituto<br />
de Engenharia de São Paulo), Dante Ragazzi<br />
(presidente da ABES-SP - Associação Brasileira<br />
de Engenharia Sanitária), Carlos Alberto Rosito<br />
(presidente da AIDIS - Associação Interamericana<br />
de Engenharia Sanitária e <strong>Ambiental</strong>), João<br />
Divulgação<br />
Bancada no primerio dia:<br />
presentes autoridades e<br />
representantes do setor<br />
Alberto Viol (presidente da APECS - Associação<br />
Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços<br />
em Saneamento e Meio Ambiente), João Carlos<br />
Bibbo (presidente da CECRES - Cooperativa de<br />
Crédito dos Empregados e Servidores da Sabesp),<br />
Daniel Castilho Azevedo (presidente da AAPS<br />
– Associação dos Aposentados e Pensionistas<br />
da Sabesp), Luis Paulo Almeida Neto (superintendente<br />
da Unidade de Negócio Baixo Tietê e<br />
Grande), Wilson Passeto (presidente da OSCIP<br />
Água & Cidade) e Vera Bueno (diretora do Sindicato<br />
dos Advogados).<br />
Os pronunciamentos dos presentes à mesa<br />
giraram em torno do tema do evento (Sustentabilidade<br />
– caminho para universalização do<br />
saneamento ambiental), e também em torno do<br />
trabalho da AESabesp em disseminar<br />
a tecnologia do setor e<br />
atrair o interesse da esfera pública,<br />
acadêmica e do setor privado<br />
para a otimização e excelência<br />
do saneamento nacional.<br />
MESAS-REDONDAS:<br />
As mesas-redondas deram<br />
suporte a todas estas ações,<br />
com discussões que devem<br />
surtir efeitos e frutos.<br />
A primeira mesa-redonda<br />
do encontro, realizada na tarde<br />
do dia 12 de agosto, apresentou<br />
o tema “Equilíbrio entre o<br />
capitalismo e sustentabilidade<br />
numa empresa - cases bem sucedidos”.<br />
Ela foi coordenada por<br />
Marcelo Morgado (Sabesp).<br />
No dia 13 de agosto, na<br />
parte da manhã, foi realizada<br />
a mesa “Sustentabilidade nas<br />
contratações de projetos, equipamentos<br />
e obras”, coordenada<br />
por Francisco Kurimori (CREA).<br />
Neste mesmo dia, na parte<br />
da tarde, foi realizada a mesa<br />
“Estratégias para implementação<br />
das metas do milênio e do<br />
consumo de água”, coordenada<br />
por Amauri Pollachi (Subcomitê<br />
Cotia-Guarapiranga).<br />
Participantes<br />
na palestra no<br />
segundo dia do<br />
Encontro Técnico<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
47
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
48<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
No dia 14, pela manhã, foi<br />
realizada a mesa “A Parceria Público-Privada<br />
(PPP) como alternativa<br />
para a universalização do<br />
saneamento básico no Brasil”,<br />
coordenada por Yves Besse (AB-<br />
CON). Na tarde deste dia, encerrando<br />
as sessões de mesasredondas,<br />
foi realizada a mesa<br />
“Regulação do setor de saneamento<br />
na atualidade”, coordenada<br />
por Paulo Ferreira (Instituto<br />
de Engenharia de São Paulo).<br />
SEMINÁRIOS<br />
Os seminários foram um<br />
sucesso entre os visitantes; o<br />
que confirma a vocação original<br />
do evento como sendo um<br />
forte ponto de sinergia entre<br />
conhecimento e quem deseja<br />
aprender. Os temas foram:<br />
• “Boas Práticas e Tendências<br />
de Automação em Saneamento”,<br />
promovido pela AESabesp<br />
em parceria com a ISA (International<br />
Society of Automation)<br />
da América do Sul, Distrito 4.<br />
Foram 22 horas de programação,<br />
entre palestras, mini-cursos<br />
e uma mesa-redonda, que<br />
abordou diversos temas, como<br />
PIMS, MES, sistemas SCADA,<br />
eficiência energética, plano<br />
diretor de automação, sistemas<br />
de comunicação wireless<br />
e estratégias de controle;<br />
• “Inovação Tecnológica”, promovido<br />
pela Missão Econômica<br />
de Israel no Brasil em parceria<br />
com o Israel Newtech, programa<br />
nacional de atuação nas indústrias<br />
israelenses que desenvolvem<br />
soluções inovadoras para<br />
os setores de água, saneamento<br />
e recursos hídricos.<br />
Em ambos os casos, a presença<br />
maciça deixou gratificados<br />
palestrantes e organizadores.<br />
Visita técnica<br />
à Natura<br />
Na tarde do dia 13, a AESabesp promoveu<br />
uma visita técnica ao complexo<br />
da empresa de cosméticos Natura,<br />
em Cajamar (SP), denominado Cidade<br />
Natura. O grupo, coordenado pelo conselheiro<br />
Sérgio Eduardo Nadur, reuniu<br />
vinte participantes, que conheceram as<br />
instalações dessa empresa e suas ações<br />
de cunho socioambiental.<br />
AÇÕES SOCIAIS<br />
A AESabesp renovou a parceria com a ONG<br />
Iniciativa Verde, que desempenha um projeto<br />
de neutralização das emissões de gases de<br />
efeito estufa (GEE) por meio do restauro florestal,<br />
tornando-se detentora do selo Carbon Free,<br />
a exemplo das grandes realizações feitas com<br />
consciência ambiental em todo o mundo. Este<br />
compromisso é assumido pela AESabesp desde<br />
a Fenasan de 2007.<br />
Durante os três dias da realização da Fenasan<br />
2009, o Instituto Oniki do Brasil disponibilizou<br />
a sua equipe da Escola Técnica de Massoterapia<br />
e equipamentos especiais para sessões de<br />
massagem e relaxamento, muito indicadas para<br />
amenizar o estresse. Desde 2005 na Fenasan,<br />
essa iniciativa está voltada à inclusão social, uma<br />
vez que a maior parte dos massoterapeutas são<br />
portadores de deficiência visual.<br />
ATIVIDA<strong>DE</strong>S DA OSCIP AESABESP<br />
No estande da AESabesp foi reservado um<br />
espaço para o desenvolvimento do trabalho<br />
da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de<br />
Interesse Público) da entidade, conduzido pelo<br />
diretor de Projetos Socioambientais, Ivan Norberto<br />
Borghi. Este espaço teve intensa visitação<br />
e imensa repercussão positiva.<br />
Os visitantes demonstraram um forte interesse<br />
em cadastrar suas propostas de atuação nos<br />
projetos socioambientais da entidade, bem como<br />
em se tornarem associados e apresentarem os<br />
seus trabalhos, que devem ser inseridos na “Carteira<br />
de Projetos AESabesp”, que se prontifica a<br />
buscar sua viabilização com apoio das iniciativas<br />
pública e privada.<br />
Visita técnica<br />
à Cidade Natura Divulgação<br />
No espaço da OSCIP, a AESabesp ainda lançou<br />
o livro Água, sua importância em nossa vida, que foi<br />
inserido nas pastas dos congressistas do Encontro<br />
Técnico e exposto no estande da associação. Esse<br />
trabalho, que é uma grande referência para as palestras<br />
de educação ambiental, consolida o termo<br />
de cooperação técnica entre a OSCIP AESabesp e<br />
a OSCIP Água e Cidade, autora do projeto.<br />
Além das atividades e produtos inerentes à<br />
OSCIP, a AESabesp também promoveu no seu<br />
estande a distribuição da revista Saneas, do<br />
jornal da AESabesp e do folder institucional da<br />
entidade, num trabalho motivacional de arregimentação<br />
de novos associados que teve um<br />
resultado muito positivo, fortalecendo a sua<br />
imagem no setor.<br />
Fotos: Luciana Yole
Luciana Yole<br />
PALAVRA DOS ORGANIZADORES<br />
“ Estou cansado mas recompensado.<br />
É um imenso prazer poder terminar<br />
os trabalhos com sentimento de<br />
dever cumprido. Observar a satisfação<br />
dos participantes nos faz perceber a<br />
importância do evento e nos dá a certeza<br />
de que devemos continuar a realizá-lo”.<br />
Luiz Narimatsu – presidente da AESabesp<br />
“Visitei cada estande, conversei com cada<br />
expositor, colaborador e parceiro. Vi em todos<br />
a alegria em fazer parte deste evento que<br />
comemora 20 anos. É muito bom ver todos os<br />
espaços ocupados por empresas preocupadas<br />
em mostrar seus lançamentos ao mercado, e<br />
também ver lotados os auditórios em todas as<br />
atividades programadas”<br />
Carlos Alberto de Carvalho– diretor de marketing<br />
Luciana Yole<br />
“Houve muita dedicação e empenho para<br />
que este evento ocorresse da forma que<br />
aconteceu. Estamos felizes com os resultados<br />
porque percebemos que expositores,<br />
parceiros, visitantes e participantes estão<br />
satisfeitos”.<br />
Olavo A. Prates Sachs – diretor cultural da AESabesp<br />
Luciana Yole<br />
Sistemas de Resfriamento<br />
TORRES <strong>DE</strong> RESFRIAMENTO ÁGUA<br />
• Resfriamento de água, água contaminada<br />
ou efluentes<br />
• Circuito aberto em PPRFV ou concreto<br />
• Circuito fechado em PRFV ou chapa<br />
galvanizada com erpentinas em aço inox<br />
ou aço galvanizado.<br />
TUBE dek®<br />
• Placas Lamelares<br />
• Projetos Aplicáveis:<br />
- Processo Físico/Químico<br />
Floculação-Decantação<br />
- Água de Lavagem<br />
de Filtros<br />
- Sedimentação Primária<br />
- Lodo Ativado<br />
- Polimento Final<br />
Linha BCN®<br />
• Mídias Randomicas<br />
• Projetos Aplicáveis:<br />
- Reatores de leito<br />
fluidizado<br />
- Reatores Anoxicos<br />
- Reatores de<br />
alta carga<br />
Linha BIO dek®<br />
• Enchimentos<br />
Estruturados<br />
• Projetos Aplicáveis:<br />
- Filtros Biológicos<br />
Percolares<br />
- Filtros Submersos<br />
(aerados e anaeróbios)<br />
- Filtros Anóxicos<br />
- Lavadores de Gases<br />
GEA Sistemas de Resfriamento Ltda.<br />
Al. Venus, 573, Distr. Industrial American Park<br />
Indaiatuba - SP - CEP: 13347-659<br />
Fone: (19) 3936.1522<br />
Fax: (19) 3936.1171<br />
E-mail: geasr@geasr.com.br
Fotos: Luciana Yole<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
50<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
“Nós participamos da feira há 5<br />
anos, aumentamos o tamanho<br />
do estande e visamos um excelente<br />
retorno para o futuro, não<br />
só pelo contato com a Sabesp,<br />
mas com outras empresas privadas.<br />
Certamente estaremos aqui<br />
ano que vem; a feira é essencial,<br />
não podemos faltar.”<br />
Luiz Gustavo Escobar, da Allonda<br />
“A feira está sendo realizada em<br />
um momento importante para<br />
o País. Os investimentos do PAC<br />
- Programa de Aceleração do<br />
Crescimento, entre outros no<br />
segmento de saneamento, são<br />
importantes para nós.”<br />
Maurílio Cirne, da Caetanos<br />
“O ano de 2009 foi um pouco<br />
atípico, e acredito que todos<br />
estejam falando isso. Nós<br />
entramos com uma expectativa<br />
de parceria com a Sabesp;<br />
mesmo que o mercado esteja<br />
retraído, temos que continuar<br />
persistindo e acreditar no<br />
saneamento.”<br />
Maurizio Bortali, da Continum<br />
“A Fenasan é a maior feira de saneamento<br />
da América Latina; é excelente<br />
esta oportunidade para divulgarmos<br />
os equipamentos para tratamento<br />
de efluentes e efetuar contatos com<br />
antigos e novos clientes. Este ano se<br />
comprovaram mais uma vez os bons<br />
resultados com o público.”<br />
Cristina Correia, da Hidrosul<br />
“Nossa expectativa está sendo<br />
boa, há um grande número<br />
de participantes. Nosso<br />
lançamento é um adaptador<br />
de material antigo, anterior da<br />
linha do Fofo (ferro galvanizado<br />
que é PVA) e a luva de<br />
MPVC linha 300/550.”<br />
Armindo Furini, da CEB<br />
“A expectativa está ótima! Participamos<br />
de algumas feiras 4 anos atrás,<br />
e esta feira está acima das perspectivas.<br />
Estamos com um equipamento<br />
de tecnologia italiana com patente<br />
específica para o ramo de biogás;<br />
o pessoal tem passado para tirar<br />
dúvidas técnicas, pois estamos aqui<br />
para trocar informações, e não só no<br />
âmbito comercial.”<br />
Roberto Silvestre, da Robushi
“Já participamos há alguns anos<br />
de algumas feiras e essa é mais<br />
uma oportunidade. Realmente<br />
estou bastante surpreso com<br />
a movimentação; nós tivemos<br />
uma repercussão muito boa pelos<br />
nossos equipamentos. Com<br />
certeza esta é uma feira que<br />
vou sempre estar presente.”<br />
Dirceu Rinaldo, da Flipper<br />
“Nós estamos vendo este evento<br />
com satisfação positiva. Estamos<br />
aqui para divulgação do<br />
nosso produto, temos interesse<br />
e vamos continuar participando<br />
da Fenasan. Como diz o<br />
ditado, ‘onde você não é visto,<br />
você não é lembrado’ .”<br />
Roberto Campos, da Acquamec<br />
EXPOSITORES<br />
“A feira vem de encontro a aquilo que fabricamos<br />
e ao trabalho que executamos. Uma vantagem<br />
que o nosso material apresenta é que<br />
ele é natural, com uma tecnologia inovadora<br />
derivada do óleo de mamona como matériaprima,<br />
um material totalmente atóxico, sólido,<br />
sem solvente, que atende todas as<br />
necessidades ambientais e ecológicas.”<br />
Donizeti Curcio Luciano, da Imperveg<br />
“A feira está muito proveitosa,<br />
o mercado de saneamento está<br />
crescendo bastante. Quero aproveitar<br />
e deixar um recado para<br />
o pessoal nos consultar mais e<br />
verificar o que o mercado exige<br />
hoje. Também estaremos aqui<br />
em 2010, pois o saneamento<br />
é o mercado do futuro.”<br />
Andres Forghieri, da Digitrol<br />
“A Fenasan está muito boa. Já<br />
participamos várias vezes da feira<br />
e este ano trouxemos duas<br />
inovações que são os tubos de<br />
fibra de vidro e os tanques oblatados<br />
do mesmo material, ambos<br />
normalizados pela ABNT; é uma<br />
tecnologia que, na América toda,<br />
só a Tecniplas tem.”<br />
Wagner Rodrigues, da Tecniplas<br />
“Já participamos de edições<br />
anteriores, e a feira é muito<br />
importante para nossa empresa<br />
e para o setor. Nosso objetivo<br />
aqui, além de divulgar nossa<br />
empresa, nossos produtos<br />
e serviços, é fortalecer<br />
relacionamentos já existentes e<br />
criar novos relacionamentos. ”<br />
Carlos Crusciol, da Electric Schneider<br />
“Estamos participando pela<br />
3ª vez e temos notado que o<br />
crescimento é bem grande.<br />
Este ano a Famac está lançando<br />
uma média de dez linhas de<br />
produtos e, para o ano que<br />
vem, vamos trazer catálogos<br />
novos com bombas para diversos<br />
portes e setores.”<br />
Rafael Dancoski, da Famac<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
51
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
52<br />
CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Mesa de encerramento (da esq. para dir.): Shooji Ohara - diretor técnico da<br />
AESabesp, Daniel Castilho Azevedo - presidente da Associação dos Aposentados<br />
da Sapesp, Eduardo Camargo Afonso - subprefeito de Ermelino Matarazzo, João<br />
Alberto Viol - presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e<br />
Serviços em Saneamento e Meio Ambiente, Walter Hihoshi - deputado federal, Luiz<br />
Narimatsu - presidente da AESabesp, Dante Ragazzi Pauli- presidente da ABES-SP,<br />
Magaly Espinosa Sarria - Superintendente Nacional de Saneamento do Governo<br />
do Chile, Afonso Mamede - Associação Brasileira de Manutenção e Tecnologia de<br />
Equipamento, Olavo Alberto Prates Sachs - diretor cultural da AESabesp e Carlos<br />
Alberto de Carvalho - diretor de marketing da AESabesp<br />
ENCERRAMENTO<br />
Após três dias de muito trabalho<br />
e resultados compensadores,<br />
a solenidade de encerramento do<br />
encontro foi realizada na tarde do<br />
dia 14 de agosto, após o término<br />
das mesas-redondas.<br />
A mesa de trabalho desta<br />
solenidade foi integrada pelo<br />
presidente da AESabesp Luiz<br />
Narimatsu, pelos diretores Olavo<br />
Alberto Prates Sachs (cultural),<br />
Shooji Ohara (técnico) e Carlos<br />
Alberto de Carvalho (marketing),<br />
além do deputado federal Walter<br />
Ihoshi, da Superintendente Nacional<br />
de Saneamento do Governo do<br />
Chile, Magaly Espinosa Sarria, do<br />
subprefeito de Ermelino Matarazzo,<br />
Eduardo Camargo Afonso, do<br />
presidente da Associação Brasileira<br />
de Manutenção e Tecnologia de<br />
Equipamento, Afonso Mamede,<br />
do presidente da Associação Paulista<br />
de Empresas de Consultoria e<br />
Serviços em Saneamento e Meio<br />
Ambiente, João Alberto Viol, do<br />
presidente da ABES-SP, Dante Ragazzi,<br />
e do presidente da Associa-<br />
ção dos Aposentados da SABESP,<br />
Daniel Castilho Azevedo.<br />
PRÓXIMA EDIÇÃO<br />
Motivada pelos bons resultados<br />
de 2009, a AESabesp já definiu<br />
a data do XXI Encontro Técnico e<br />
da Fenasan: será nos dias 10, 11 e<br />
12 de agosto de 2010, no mesmo<br />
local. Essa iniciativa provocou o<br />
interesse tanto dos congressistas<br />
– que já podem começar a preparar<br />
seus trabalhos – como dos<br />
expositores, que estão garantindo<br />
seu espaço na feira do ano que<br />
vem – 35% da área disponível já foi<br />
comercializada, sinalizando mais<br />
uma realização de sucesso.<br />
Ao final do evento, a impressão<br />
de dever cumprido e realização de<br />
bons negócios era unânime. O setor<br />
se viu representado e fortalecido, e<br />
a ampliação de temas discutidos e<br />
empresas expositoras, demonstrando<br />
preocupações e soluções que vão<br />
além do saneamento, colocam a<br />
Fenasan como ponto de encontro<br />
obrigatório para quem trabalha ou se<br />
preocupa com o meio ambiente.<br />
Divulgação<br />
Lançamento oficial da<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong><br />
Por se tratar de um grande evento que reúne empresas e<br />
visitantes de grande relevância no setor, a VISÃO AMBIENTAL<br />
considerou a Fenasan como uma boa ocasião para lançar oficialmente<br />
a revista no mercado.<br />
Uma edição exclusiva contendo um caderno especial com<br />
um pouco dos 20 anos de história da feira e do encontro técnico,<br />
e um estande concebido dentro do conceito de sustentabilidade,<br />
fizeram um sucesso imenso entre expositores, dirigentes, autoridades<br />
e participantes em geral. A preocupação e o cuidado com os<br />
detalhes demonstraram coerência entre conteúdo e atitude.<br />
Acima (da esq. para dir.): José<br />
Antonio Gutierrez, Haroldo Macedo<br />
- executivo de contas da revista <strong>Visão</strong><br />
<strong>Ambiental</strong> e Raul Lóis Crnkovic<br />
- engenheiro consultor.<br />
Ao lado e abaixo: movimentação<br />
no estande<br />
Fotos: Luciana Yole<br />
Acima (da esq. para<br />
dir.): Nilberto Machado<br />
- executivo editorial da<br />
revista <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>,<br />
Carlos Alberto de<br />
Carvalho - diretor de<br />
marketing Fenasan, Paulo<br />
de Oliveira - coordenador<br />
de marketing Fenasan e<br />
José Antonio Gutierrez<br />
- executivo financeiro da<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>
VISÃO MÉDICA<br />
Dr. MOISES CHENCINSKI<br />
é médico pediatra e<br />
homeopata, autor dos livros<br />
Homeopatia: mais simples do<br />
que parece e Gerar e Nascer:<br />
um canto de amor e aconchego<br />
www.doutormoises.com.br<br />
Divulgação<br />
Moises Chencinski<br />
Homeopatia e<br />
sustentabilidade<br />
“Se o médico perceber com clareza o que<br />
há para ser curado nas doenças, quer dizer,<br />
em cada caso patológico individual (conhecimento<br />
da doença, indicação); se ele perceber<br />
claramente o que há de curativo nos medicamentos,<br />
isto é, em cada medicamento em<br />
particular (conhecimento do poder medicinal);<br />
se souber como adaptar, conforme princípios<br />
perfeitamente definidos, o que há de curativo<br />
nos medicamentos ao que descobriu de indubitavelmente<br />
mórbido no doente de modo<br />
que obtenha seu restabelecimento; se souber,<br />
também, adaptar convenientemente o medicamento<br />
mais apropriado segundo seu modo<br />
de ação ao caso que se lhe apresenta (eleição<br />
do remédio, indicação do medicamento), assim<br />
como o modo exato de preparo e quantidade<br />
necessária (dose apropriada), e o período conveniente<br />
de repetição da dose; se, finalmente,<br />
conhece os obstáculos para o restabelecimento<br />
em cada caso e for hábil para removê-los, de<br />
modo tal que o restabelecimento seja permanente:<br />
então ele terá compreendido a forma<br />
racional de curar e será um verdadeiro praticante<br />
da arte de curar”.<br />
Esse é o 3º parágrafo do livro Organon: a<br />
arte de curar, que representa a base da filosofia<br />
homeopática, escrito por Samuel Hahnemann.<br />
Como se vê, nada de muito absurdo, nada de<br />
tão revolucionário, nada de tão inimaginável<br />
para qualquer profissional da área de saúde, especialmente<br />
os médicos.<br />
O tratamento homeopático mantém seu foco<br />
desde sua criação em 1790: o ser único, individualizado,<br />
na sua totalidade, em sua busca do<br />
equilíbrio holístico, sem agredir o indivíduo ou<br />
a natureza.<br />
O paciente vem ao médico com uma queixa.<br />
O médico analisa essa queixa dentro de um contexto<br />
global do paciente, avalia-o clinicamente,<br />
pede exames, opiniões de especialistas (se julgar<br />
necessário) e receita um tratamento amplo, in-<br />
cluindo uma parte medicamentosa. O paciente<br />
melhora, ou até se cura. Isso é ou não é uma<br />
medicina baseada em evidências?<br />
Então, qual a razão para tanta controvérsia,<br />
para tanta discussão a respeito da validade do<br />
tratamento homeopático?<br />
Acredito que uma das principais questões de<br />
atrito seja o medicamento homeopático que é<br />
receitado após uma consulta médica específica.<br />
Sendo assim, ele é único, para aquele quadro e<br />
para aquele momento (o simillimum). Assim, o<br />
medicamento precisa ser manipulado por profissional<br />
farmacêutico habilitado a fabricá-lo, estocálo<br />
e dispensá-lo de forma adequada e que esteja<br />
apto a prestar os esclarecimentos necessários.<br />
O medicamento homeopático pode ser feito de<br />
plantas, animais, minerais. Ele é muito diluído e,<br />
dessa forma, não faz mal ao doente nem afeta<br />
o equilíbrio da natureza. Além de diluído, ele é<br />
energizado (sucussionado).<br />
O local adequado para guardar o medicamento<br />
deve ser protegido de poeira, luz, umidade<br />
e calor, de cheiros fortes, de aparelhos<br />
que emitam radiações (microondas, geladeiras,<br />
computadores, eletrodomésticos, celulares, raios<br />
X, detectores de metais em bancos e aeroportos)<br />
e distante do alcance de crianças e animais.<br />
Não existem bulas homeopáticas. Não há como<br />
indicar para que serve o medicamento. O remédio<br />
é usado para quem (paciente) e não para o<br />
quê (doença).<br />
Assim, protegendo o indivíduo sem agredir<br />
o ecossistema, utilizando mínimas quantidades<br />
de substâncias provenientes da natureza sem<br />
esgotá-las e não apresentando metabólitos que,<br />
uma vez de volta à natureza, não vão provocar<br />
mudanças na homeostase nem do indivíduo e<br />
nem do mundo que o cerca, o tratamento homeopático<br />
é um modelo a ser preservado e até<br />
difundido como meta para o milênio.<br />
Preserve a natureza e o ser humano. Homeopatia:<br />
ontem, hoje e sempre.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
53
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
54<br />
EXPORTAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
Pintou<br />
sujeira...<br />
Navio com contêineres<br />
repletos de resíduos<br />
provenientes da Inglaterra<br />
Lixo enviado da Inglaterra<br />
para o Brasil é um alerta<br />
para a prática internacional<br />
de crimes ambientais<br />
Por Arielli Secco<br />
Um ser humano gera aproximadamente cinco<br />
quilos de lixo por dia. Fazendo uso de uma<br />
simples operação matemática, é possível ter<br />
noção do significado de mil e seiscentas toneladas<br />
de material dispensado. Acompanhe o<br />
raciocínio: são um milhão e seiscentos mil quilos.<br />
Considerando a estimativa que abriu a reportagem,<br />
seriam necessárias trezentas e vinte mil<br />
pessoas para gerar tal quantidade de resíduos.<br />
Esse contingente populacional é equivalente ao<br />
número de habitantes da cidade de Pelotas, no<br />
Rio Grande do Sul, de Maringá, no Paraná, ou de<br />
Bauru, em São Paulo.<br />
Os números tornam-se ainda mais expressivos<br />
quando o fato em questão é a origem desse<br />
tanto de lixo. A descoberta de vários contêineres<br />
vindos da Inglaterra veio à tona e foi divulgada<br />
pela imprensa em julho. A carga aguardava um<br />
destino nos portos de Santos (SP) e Rio Grande<br />
(RS). Ficou difícil entender o que aconteceu.<br />
A sujeira começou quando fiscais da Receita<br />
Federal encontraram setecentas e cinquenta<br />
toneladas de material indesejável em Rio Grande.<br />
Plástico, papel, vidros, seringas e até camisinhas<br />
faziam parte de todo o material transportado. Um<br />
papel trazia os seguintes dizeres em português:<br />
“Colocamos um tonel cheio de brinquedos e um<br />
saco com diversas bolas para serem distribuídos<br />
com as crianças carentes” e “Lavar antes de usar”.<br />
Reportagens na televisão mostravam bonecos<br />
quebrados, brinquedos imundos e com defeitos<br />
envolvidos em fitas adesivas junto ao recado.<br />
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />
(Anvisa), a Receita Federal, o Ministério Público<br />
Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambien-<br />
“O processo<br />
de importação<br />
tem seu tempo<br />
específico; muitas<br />
vezes cargas<br />
ficam paradas<br />
no aguardo<br />
dos trâmites<br />
necessários para<br />
sua internalização.”<br />
Ingrid Öberg,<br />
chefe do escritório regional<br />
do Ibama de Santos<br />
Eduardo Borges da Silva/Ascom/IBAMA-SP
te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)<br />
se uniram no caso e iniciaram um processo de<br />
investigação. Em Caxias do Sul, mais descaso.<br />
Além do envio do lixo, a transportadora recolheu<br />
as caixas utilizadas no carregamento por ordem<br />
do importador e deixou o material despejado no<br />
porto seco da serra gaúcha junto a outras cargas,<br />
sem qualquer tipo de isolamento ou proteção.<br />
Os contêineres eram destinados a duas empresas<br />
de Bento Gonçalves (RS) - Stephenon<br />
Estratégia e Marketing e Alfatech - e a uma empresa<br />
de Goiânia. A ironia encontra-se no fato<br />
de que o dono das exportadoras é brasileiro.<br />
Julio Cesar Rando da Costa é proprietário da<br />
Worldwide Biorecyclabes Ltda. e da UK Multiplas<br />
Recycling Ltda., sendo que a primeira entrou em<br />
falência neste ano e a segunda opera em Swidon,<br />
na Inglaterra. De acordo com informações da<br />
BBC Brasil, o empresário afirmou que recebeu a<br />
carga como sendo plástico destinado a reciclagem,<br />
já que a UK Multiplas Recycling realiza o<br />
processo de prensagem do material, exportado<br />
em seguida.<br />
O problema se estendeu para São Paulo. Dias<br />
depois, as manchetes dos jornais declaravam um<br />
acréscimo de mais de seiscentas toneladas a essa<br />
conta. A chefe do escritório regional do Ibama<br />
em Santos, Ingrid Öberg, contou que recebeu<br />
um comunicado do escritório de Rio Grande<br />
com suspeita de que uma outra parte da carga<br />
do mesmo importador estaria no porto da cidade<br />
e poderia conter lixo. A dúvida se confirmou:<br />
resíduos eletrônicos como cabos e restos de computadores,<br />
travesseiros, embalagens de produtos<br />
domésticos e sobras de alimentos aumentaram<br />
a soma em cerca de trezentas toneladas. “Nós<br />
assumimos a responsabilidade de contatar a<br />
Receita Federal, vistoriar os contêineres e tomar<br />
as providências legais no âmbito da legislação<br />
brasileira”, explicou Ingrid. Segundo ela, em 2004<br />
houve a autuação de uma importação de resíduos<br />
tóxicos industriais, mas é a primeira vez que<br />
ela tem conhecimento desse tipo de ocorrência<br />
com lixo doméstico.<br />
A conta totalizou oitenta e nove contêineres:<br />
quarenta em Rio Grande, quarenta e um em<br />
Santos e oito em Caxias do Sul. A partir de então,<br />
os órgãos envolvidos no caso procuraram agir<br />
de forma conjunta nas três regiões, seguindo o<br />
mesmo padrão de procedimentos. O escritório<br />
central do Ibama, em Brasília, providenciou a<br />
coordenação das informações e a organização<br />
de um dossiê para formalizar denúncia ao Mi-<br />
nistério do Meio Ambiente e ao Ministério das<br />
Relações Exteriores. O objetivo foi comunicar o<br />
governo inglês e declarar o descumprimento<br />
de acordos internacionais, como a Convenção<br />
de Basileia.<br />
O porto de Santos é o maior da América<br />
do Sul. A carga ilegal encontrada lá teve ainda<br />
como agravante o tempo em que permaneceu<br />
no local. Os últimos vinte e cinco contêineres<br />
descobertos estavam no porto desde novembro<br />
de 2008. “O processo de importação tem seu<br />
tempo específico, muitas vezes cargas ficam<br />
paradas no aguardo dos trâmites necessários<br />
para sua internalização. Mas os contêineres<br />
estavam praticamente abandonados pelo importador”,<br />
esclareceu Ingrid. Quanto aos demais<br />
contêineres de Santos e à carga localizada no Rio<br />
Grande do Sul, a remessa aportou em vários lotes<br />
que começaram a chegar ao Brasil em fevereiro<br />
deste ano.<br />
Como todo visitante indesejado, a solução<br />
para o caso foi mandar o lixo de volta o mais<br />
rápido possível. A devolução da carga começou<br />
no dia 5 de agosto e a previsão de chegada da<br />
primeira remessa é dia 17 de agosto no porto de<br />
Felixtowe, o mesmo ponto de partida. As multas<br />
aplicadas pelo Ibama às importadoras passam<br />
de um milhão de reais. “Em Santos, foram duas<br />
multas de aproximadamente R$ 154 mil e duas<br />
de R$ 234 mil. No Rio Grande, as multas foram<br />
de R$ 408 mil”, contou Ingrid. Em entrevista à<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>, o ministro do Meio Ambiente,<br />
Carlos Minc, chamou a atenção para o dever do<br />
país em reprimir esse crime ambiental. “Estamos<br />
comunicando ao país exportador para que use<br />
a legislação soberana para punir os autores da<br />
exportação ilegal. Duvido que algum país desenvolvido<br />
aceite nosso lixo ou troquem o lixo<br />
entre si”, declarou o ministro.<br />
CONVENÇÃO <strong>DE</strong> BASILEIA<br />
O caso repercutiu no país e no mundo. Ao<br />
mesmo tempo, a África também era alvo desse<br />
tipo de crime. O jornal britânico The Times chamou<br />
a atenção dos leitores para uma denúncia<br />
em Gana. De acordo com a reportagem, televisores,<br />
geladeiras e outros aparelhos eletrônicos<br />
são amontoados em depósitos no bairro de Agbogbloshie.<br />
Moradores e trabalhadores de lá afirmam<br />
que os materiais têm etiquetas britânicas.<br />
Também não é a primeira vez que a África passa<br />
por essa situação. Em agosto do ano passado, o<br />
Greenpeace divulgou um relatório identificando<br />
“Estamos<br />
comunicando<br />
ao país<br />
exportador<br />
para que use<br />
a legislação<br />
soberana para<br />
punir os autores<br />
da exportação<br />
ilegal. Duvido<br />
que algum país<br />
desenvolvido<br />
aceite o nosso<br />
lixo ou troquem<br />
o lixo entre si”.<br />
Carlos Minc, ministro<br />
do Meio Ambiente<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
55
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
56<br />
EXPORTAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />
depósitos ilegais de lixo eletrônico em Gana. O<br />
material era originário da Ásia, Europa e Estados<br />
Unidos. Esse tipo de resíduo recebe o nome de<br />
e-waste (ou e-lixo, na tradução) e é altamente<br />
tóxico, composto por elementos como alumínio,<br />
cádmio, zinco e chumbo, que contaminam o solo<br />
e os lençóis freáticos.<br />
O envio de lixo de países desenvolvidos<br />
a países em desenvolvimento é crime. Isso<br />
contraria a Convenção de Basileia, tratado internacional<br />
reconhecido em uma conferência<br />
do Programa das Nações Unidas para o Meio<br />
Ambiente (PNUMA), em 1988, em Basiléia, na<br />
Suíça. Em 1993, o Brasil confirmou sua participação<br />
como integrante da convenção, citada<br />
POSICIONAMENTO ABRELPE<br />
REVISTA VISÃO AMBIENTAL – A ISWA (Associação<br />
Internacional de Resíduos Sólidos)<br />
comenta no texto de apresentação que “ser<br />
parte da nossa associação irá dar-lhe um<br />
acesso sem precedentes a organizações internacionais<br />
como o PNUMA, a OMS, a Europa<br />
ou UE (...)”. Isso demonstra que países como<br />
a Inglaterra deveriam ser referência no tratamento<br />
e destinação de resíduos sólidos.<br />
Considerando essa notícia e tantas outras<br />
que denunciaram casos de envio de lixo de<br />
países desenvolvidos a países em desenvolvimento,<br />
nota-se que essa prática não é tão<br />
incomum. Sabemos que o caso noticiado se<br />
trata de situação isolada e repudiada pela comunidade<br />
internacional, e que tal atitude não<br />
representa a postura de um país, mas sendo<br />
a Abrelpe a representante da International<br />
Solid Waste Association no Brasil, qual é a<br />
avaliação da associação diante do envio de<br />
contêineres de lixo da Inglaterra para o Brasil?<br />
O envio de resíduos de países desenvolvidos<br />
para países em desenvolvimento, principalmente<br />
os localizados na África, no leste Europeu<br />
e no sul da Ásia constitui-se num fato já<br />
constatado há algum tempo, cuja prática vem<br />
sendo coibida por todos os órgãos envolvidos.<br />
Estima-se que cerca de 400 milhões de toneladas<br />
de resíduos perigosos são gerados no<br />
mundo atualmente e que cerca de 40 milhões<br />
de toneladas são dispostas em países menos<br />
desenvolvidos.<br />
ABRELPE – Observamos que a disposição de<br />
uma tonelada de resíduos nos países desenvolvidos<br />
custa em torno de USS 100 a USS 2<br />
mil, dependendo da característica do resíduo<br />
a ser disposto, enquanto nos países em desenvolvimento<br />
custa entre USS 3 e USS 70.<br />
Tal constatação torna necessária a adoção<br />
de políticas de controle e rastreamento de<br />
resíduos que impossibilitem tal “comércio”<br />
ilegal pois, em última instância, quem perde<br />
em resolução do Conselho Nacional do Meio<br />
Ambiente (Conama). O acordo tem como finalidade<br />
acabar com o envio de lixo dos países<br />
mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos.<br />
Duas emendas ao tratado, aprovadas entre 1995<br />
e 1997, determinam a proibição da exportação<br />
de qualquer resíduo, seja ele para destinação<br />
ou reciclagem. Coube aos países a decisão de<br />
ratificar ou não essa emenda.<br />
O ministro Carlos Minc alertou para a necessidade<br />
de legislação e fiscalização mais rigorosas.<br />
Reuniões entre a Polícia, a Receita Federal e o setor<br />
responsável pela política portuária brasileira já<br />
foram feitas para discutir o problema. “Só conseguiremos<br />
assegurar que nenhum lixo exportado vá<br />
é sempre o meio ambiente.<br />
A Convenção da Basileia conta com um centro<br />
e pessoal treinado e capacitado para desestimular<br />
tais práticas, fiscalizar, apurar denúncias<br />
e punir os responsáveis. Também existem<br />
diversas ONGs que tratam do assunto, auxiliando<br />
as autoridades em suas funções.<br />
Entretanto, tal como outros crimes (contrabando,<br />
tráfico de drogas, etc.), a exportação ilegal<br />
de resíduos é planejada e executada por quadrilhas<br />
com ramificações e integrantes que tentam<br />
viabilizar a tarefa e consumar a disposição dos<br />
resíduos nos países em desenvolvimento.<br />
A ISWA, no seu papel de principal associação<br />
do mundo do setor de resíduos sólidos, vem<br />
cumprindo seu papel de integrar os atores,<br />
disseminar informações, treinar e capacitar as<br />
pessoas e estabelecer uma rede de contatos a<br />
fim de promover o desenvolvimento do setor<br />
de resíduos ao redor do globo.<br />
Nesse caso específico de exportação ilegal de<br />
resíduos, a ISWA está em permanente contato<br />
com a delegação da Convenção da Basileia,<br />
em Genebra, e junto à mesma estabelece uma<br />
constante troca de informações e dados, a fim<br />
de aprimorar os sistemas de fiscalização e apuração<br />
dos crimes, com a consequente punição.<br />
Além disso, as autoridades da Convenção da<br />
Basileia participam com frequência dos congressos<br />
e seminários da ISWA, onde apresentam<br />
os dados mais recentes e outros detalhes<br />
para capacitar e conscientizar os participantes<br />
acerca da importância dessa questão.<br />
No tocante ao caso ocorrido no Brasil, a Abrelpe,<br />
como membro nacional da ISWA em nosso<br />
país, manteve contato com os representantes<br />
da CIWM (Chartered Institution of Wastes<br />
Management) e com membros nacionais da<br />
ISWA no Reino Unido na tentativa de obter<br />
mais informações de ambos os lados, bem<br />
como para estabelecer uma base de dados<br />
iniciais (afinal essa foi a primeira vez que tal<br />
entrar aqui quando tornarmos<br />
mais rigoroso o chamado Canal<br />
Verde, em que cerca de 85% dos<br />
contêineres passam pela aduana<br />
portuária sem fiscalização direta<br />
do seu conteúdo”, explicou Minc.<br />
Para que isso ocorra, o ministro<br />
detalha que o país terá que<br />
adquirir mais equipamentos de<br />
controle, como scanners e aparelhos<br />
de raio X. Parcerias serão<br />
firmadas entre a Polícia Federal<br />
e as autoridades portuárias para<br />
que episódios como esse não<br />
voltem a ocorrer.<br />
fato aconteceu envolvendo os dois países)<br />
com o objetivo de prevenir futuras ocorrências<br />
semelhantes, enquanto aguardamos a completa<br />
apuração do caso e a responsabilização<br />
dos criminosos.<br />
REVISTA VISÃO AMBIENTAL – No que diz respeito<br />
à legislação, em entrevista à nossa revista,<br />
o ministro Carlos Minc declarou que serão<br />
propostas mudanças nas leis vigentes, pois<br />
“não é possível que o lixo indesejável tenha o<br />
mesmo tratamento que qualquer produto de<br />
exportação ilegal, que é o confisco, sem que<br />
possamos responsabilizar os criminosos pelo<br />
retorno da carga exportada ilegalmente para o<br />
Brasil”. A Abrelpe concorda com isso? A legislação<br />
tem falhas? O que é preciso mudar?<br />
ABRELPE – A importação de resíduos já é<br />
efetivamente proibida no Brasil, pois o País<br />
é signatário da Convenção da Basileia, que<br />
proíbe o trânsito de resíduos sólidos e líquidos<br />
perigosos entre países. Entretanto, de<br />
acordo com a situação do mercado, empresas<br />
que atuam no Brasil podem importar alguns<br />
materiais, como sucata de papel, ferro, aço,<br />
plástico que, a todo rigor, podem se configurar<br />
como resíduo em sua origem, porém são<br />
importados como insumos (matéria-prima)<br />
para a indústria brasileira.<br />
Como signatário da convenção, o Brasil conta<br />
com uma proteção legal contra a importação<br />
indevida de resíduos. Porém, nosso país ainda<br />
não conta com uma Política Nacional de Resíduos,<br />
que poderia e deverá tratar dessa matéria<br />
de maneira mais clara e efetiva. De acordo com<br />
o projeto de lei atualmente em discussão no<br />
Congresso (PL 1991/2007), há uma disposição<br />
para vedar a importação de qualquer tipo de<br />
resíduo. Assim, ao nosso ver, não há necessidade<br />
de se falar em nova legislação, mas de se<br />
canalizar esforços para a aprovação da Política<br />
Nacional de Resíduos Sólidos.
VISÃO SOCIAL<br />
Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />
Plano Nacional da<br />
Sociobiodiversidade<br />
Outro dia vi um adesivo em um carro que dizia<br />
mais ou menos o seguinte: ”Será que só depois<br />
que o último rio secar, o último peixe for pescado,<br />
a última árvore for derrubada e o último solo for<br />
desertificado é que o homem vai perceber que<br />
não pode comer dinheiro?”.<br />
É uma reflexão importante, sobretudo em<br />
tempos de greenwash, uma neologia pra picaretagem<br />
que significa a utilização de ações supostamente<br />
“verdes” ou ambientalmente corretas para<br />
disfarçar o comportamento verdadeiramente<br />
nocivo ao meio ambiente e insustentável da<br />
empresa ou corporação.<br />
Valorizar a floresta em pé é a saída para sua<br />
preservação, isso é óbvio. O cidadão que vive no<br />
meio do nada, que só tem árvores à sua volta<br />
tem que ganhar dinheiro de alguma forma para<br />
poder comprar aquilo que não planta ou então<br />
para poder satisfazer suas “necessidades”, muitas<br />
vezes criadas pela cultura do consumismo.<br />
Pipocam na mídia, especializada ou não,<br />
notícias de boas intenções para atacar este<br />
problema, como é o caso do pagamento por<br />
desmatamento evitado ou das RPPNs (Reservas<br />
Particulares para o Patrimônio Natural). Mas<br />
ainda assim, o dilema do cidadão que vive em<br />
áreas de floresta, ou muito próximo a elas, não<br />
é resolvido, pois a mata não produz dinheiro<br />
suficiente de maneira contínua.<br />
Por isso as árvores com madeira mais nobre<br />
são cortadas e vendidas, seguindo para as<br />
menos nobres até que aquilo que tem um valor<br />
comercial muito baixo como madeira é vendido<br />
como carvão e a mata desaparece. E o cidadão<br />
continua na miséria.<br />
Com este cenário em mente, está em desenvolvimento,<br />
e já apresentando resultados<br />
muito importantes, o Plano Nacional das Cadeias<br />
Produtivas da Sociobiodiversidade, que<br />
estabelece uma série de ações – divididas em<br />
emergenciais e estruturantes – para tornar as<br />
cadeias de valor dos produtos da floresta sólidas<br />
e rentáveis ao pequeno produtor.<br />
Isso possibilita que aquele cidadão, caboclo<br />
da terra que sempre colheu açaí pra fazer suco<br />
ou sempre comeu pequi porque era o que tinha,<br />
possa vender estes frutos por um preço mínimo<br />
que lhe confira uma renda capaz de cobrir<br />
os custos de comprar material<br />
para a colheita, armazenamento<br />
e até mesmo transformação do<br />
produto natural bruto em matérias-primas<br />
valiosíssimas para a<br />
indústria de cosméticos, como<br />
é o caso dos óleos de andiroba ou buriti.<br />
O Plano será detalhado por produto e pactuado<br />
em cada estado produtor com órgãos<br />
governamentais, de pesquisa, representações de<br />
produtores, ambientalistas e representantes das<br />
indústrias, de modo a se encontrar alternativas<br />
econômicas para a superação dos já conhecidos<br />
gargalos visando o aumento da produção e promoção<br />
da cadeia.<br />
Inicialmente estão sendo trabalhadas as<br />
cadeias do babaçu e da castanha-do-Brasil (conhecida<br />
como castanha-do-Pará), que, segundo<br />
o IBGE, movimentaram em 2007 algo em torno<br />
de R$ 45 milhões para uma produção de pouco<br />
mais de 30 mil toneladas de castanha e R$ 113<br />
milhões para uma produção de 114.874 toneladas<br />
de babaçu.<br />
Mais informações sobre os objetivos, metas,<br />
parceiros envolvidos e, principalmente, como<br />
você pode apoiar esta iniciativa estão disponíveis<br />
diretamente na página da Secretaria de Extrativismo<br />
e Desenvolvimento Rural Sustentável, do<br />
Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.<br />
br/sociobiodiversidade).<br />
Caso você tenha algum comentário ou<br />
sugestão sobre este artigo ou sobre temas<br />
para o próximo artigo, escreva pra mim –<br />
emiliano@tulipeconsultoria.com.br<br />
Valorizar a floresta em<br />
pé é a saída para sua<br />
preservação, isso é óbvio<br />
Divulgação<br />
EMILIANO MILANEZ<br />
GRAZIANO DA SILVA<br />
é engenheiro agronômo,<br />
consultor especialista da<br />
FAO/ONU e da Unesco e também<br />
diretor da Tulipe Consultoria<br />
em Projetos Sustentáveis –<br />
www.tulipeconsultoria.com.br<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
Ilustração: design.flora@gmail.com<br />
58<br />
<strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />
Diariamente nos vemos diante de escolhas de<br />
consumo. Elas estão presentes em quase tudo e nem<br />
sempre nos damos conta disso em nossas atividades<br />
cotidianas, como escovar os dentes com a torneira<br />
aberta ou fechada, apagar a luz quando saímos de<br />
um ambiente, nas compras programadas para evitar<br />
desperdício de alimentos, e tantas outras. Estamos<br />
também expostos a escolhas quando da compra de<br />
produtos e bens, duráveis ou não, que impliquem em<br />
menor consumo de energia, origem comprovada,<br />
produto reciclável ou reciclado, responsabilidade<br />
Divulgação<br />
Por Susi Guedes<br />
Escolhas<br />
sustentáveis e<br />
conscientes<br />
As opções do consumidor podem<br />
direcionar os novos<br />
lançamentos do mercado<br />
social, credibilidade e transparência da empresa fornecedora,<br />
matéria-prima certificada, etapas de produção<br />
otimizadas e várias outras informações, conhecidas ou<br />
não, divulgadas ou omitidas, mas que podem direta<br />
ou indiretamente afetar o meio ambiente.<br />
Todas as novas possibilidades na hora da escolha<br />
nos deixam muitas vezes sem saber qual o melhor<br />
caminho, porque, afinal, algumas escolhas que são<br />
mais condizentes com a consciência ambiental podem<br />
também implicar em custos mais altos, poucas<br />
opções de modelo, cor, conteúdo, quantidade e outras<br />
características. Surge então um dilema que nem sempre<br />
é de fácil resolução: custo X impacto ambiental X<br />
necessidade X utilidade X qualidade – tudo isso tem<br />
de ser levado em consideração, até para comprar um<br />
simples sabão em pó, uma mesa para o escritório,<br />
alimentos para o almoço, uma roupa nova, um carro<br />
ou uma geladeira.<br />
O fato é que a cada dia se torna mais evidente que<br />
até nossas escolhas mais elementares afetam a natureza.<br />
A forma como vamos conduzir nossas escolhas<br />
e educar as novas gerações neste sentido, buscando<br />
Rafael Ferraresso,<br />
administrador<br />
de empresas,<br />
é diretor da<br />
Ferraresso<br />
Consultoria<br />
Divulgação<br />
que as empresas, fornecedores e<br />
prestadores de serviço atendam<br />
nossos anseios e necessidades, faz<br />
a diferença. Atitudes individuais<br />
podem influenciar o coletivo.<br />
A coluna <strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />
apresentou o assunto em forma<br />
de perguntas a quatro pessoas<br />
de diferentes áreas profissionais<br />
e de atuação, cada um com sua<br />
visão pessoal sobre o tema, tendo<br />
suas opiniões cruzadas, num<br />
“debate à distância”, que nos leva<br />
a refletir e agir.<br />
Se o leitor desejar responder às<br />
mesmas perguntas, elas estão em<br />
nosso site e ficarão disponíveis até<br />
o lançamento da próxima edição.<br />
Algumas respostas serão divulgadas<br />
no site, assim você participa do<br />
nosso debate virtual, que começa<br />
aqui, com nossos convidados.<br />
Simone Soares<br />
é atriz e cineasta
Divulgação<br />
Qual(is) atitude(s) cotidiana(s) você tem<br />
e que considera como sendo “de consciência<br />
ambiental”?<br />
Rafael Feraresso - Eu racionalizo a utilização de<br />
água (substituí válvulas de descarga por caixas<br />
acopladas) e separo lixo para reciclagem. Na<br />
empresa, não imprimimos e-mail e reduzimos<br />
ao máximo a impressão de documentos.<br />
Simone Soares - As atitudes que tenho de consciência<br />
ambiental começam em casa. Evito o<br />
desperdício de água, de energia, faço coleta<br />
seletiva de lixo e como alimentos orgânicos.<br />
Pedro Benamor Marvão – Cada vez mais tenho<br />
a preocupação em não deixar as luzes de casa<br />
acesas ou em fechar a torneira da água. Por outro<br />
lado, tento sempre não esquecer de separar nos<br />
vários recipientes do lixo as embalagens, o cartão<br />
e os jornais, os vidros, etc. Este cuidado é habitual<br />
e já faço isto automaticamente. Jamais deito um<br />
papel no chão quando estou na rua, e quando<br />
vou à praia nunca deixo restos de comida ou<br />
outras coisas na areia, coloco sempre tudo nos<br />
caixotes do lixo ou na mochila.<br />
Confesso que talvez tenha sido o documentário<br />
do Al Gore (Uma verdade inconveniente) que<br />
me despertou de alguma forma para uma maior<br />
consciência ambiental. De fato, uma das ameaças<br />
que vivemos hoje é a do aquecimento climático. O<br />
buraco de ozônio está a aumentar cada vez mais, e<br />
a terra está a aquecer a um ritmo sequencial mais<br />
elevado, o que faz aumentar os níveis das águas<br />
do mar, podendo engolir numerosas cidades portuárias,<br />
bem como zonas costeiras habitadas por<br />
centenas de milhões de pessoas.<br />
Do meu ponto de vista, caso não se tomem<br />
algumas medidas sérias para se combater o aumento<br />
do buraco do ozônio, não se afigura nada<br />
de bom. Resta a esperança de que Obama inverta<br />
o curso desta política de cassino que unicamente<br />
serviu para aumentar o bolso dos investidores e<br />
Pedro Benamor<br />
Marvão é advogado,<br />
partner da Sociedade<br />
de Advogados de<br />
Direito Português<br />
BMGA e sóciogerente<br />
da Clever<br />
Click, Serviços de<br />
Telecomunicações e<br />
Informática, Lda.<br />
causar perdas ainda incalculáveis nas poupanças<br />
de milhares de pessoas.<br />
Luiza Zeccer Sarubi – Somos, na grande maioria,<br />
imediatistas, e por consequência acabamos<br />
não agindo de maneira efetiva em relação a<br />
assuntos recorrentes como a consciência ambiental.<br />
Não diferente de uma grande parcela<br />
da população, acabo refletindo mais sobre<br />
minha postura consciente quando me deparo<br />
com situações nas quais não tenho autonomia<br />
o suficiente para resolvê-las. Por exemplo, só me<br />
dou conta da necessidade diária da água quando<br />
o abastecimento é interrompido por algum<br />
motivo. Ou ainda me vejo escrava da energia<br />
elétrica quando ela me falta e não vejo ser possível<br />
nenhuma atividade, principalmente à noite.<br />
Na minha casa, reciclamos lixo e tentamos reduzir<br />
o consumo de energia trocando lâmpadas,<br />
tirando aparelhos domésticos da tomada etc.<br />
Nossa última postura ambiental foi abolir definitivamente<br />
as sacolas plásticas quando vamos<br />
ao supermercado. Como moramos perto de um,<br />
sempre levamos nossas sacolas ecológicas.<br />
Quando vai às compras, leva em consideração<br />
que o produto ou serviço tenha<br />
algum apelo ambiental, de sustentabilidade<br />
ou preservação da natureza?<br />
Já comprou alguma coisa apenas por<br />
ter este tipo de apelo?<br />
Rafael - Sim, produtos cujas empresas contribuam<br />
para algum projeto ambiental ou de sustentabilidade<br />
têm preferência na hora da compra.<br />
Simone - Tenho simpatia pelos produtos que têm<br />
essa consciência. Confesso que muitas vezes consumo<br />
o produto pela propaganda de ser orgânico,<br />
sem agrotóxico, de não agredir o meio ambiente...<br />
Acho importante a consciência de preservar o<br />
corpo e o planeta.<br />
Pedro - Não levo sempre em consideração os ape-<br />
Divulgação<br />
“Como<br />
consumidor<br />
penso<br />
realmente no<br />
que será do<br />
futuro se não<br />
fizermos algo<br />
no presente”<br />
Rafael Ferraresso<br />
“As atitudes<br />
que tenho de<br />
consciência<br />
ambiental<br />
começam em<br />
casa; evito<br />
sempre o<br />
desperdício”<br />
Simone Soares<br />
Luiza Zeccer<br />
Sarubi é<br />
estudante de<br />
jornalismo do<br />
4 o período da<br />
Unisul<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
60<br />
<strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />
“Cada vez<br />
mais tenho a<br />
preocupação<br />
em não deixar<br />
as luzes de casa<br />
acesas ou em<br />
fechar a torneira<br />
da água”<br />
Pedro Benamor<br />
“Só me dou<br />
conta da<br />
necessidade<br />
diária da água<br />
quando o<br />
abastecimento<br />
é interrompido<br />
por algum<br />
motivo”<br />
Luiza Zeccer<br />
los ambientais dos produtos ou serviços, se gostar<br />
mais de um produto ou serviço; sinceramente eu<br />
compro-o preterindo os outros. Não sou um fanático<br />
nem um fundamentalista do ambientalismo,<br />
embora tenha presente essa preocupação como<br />
um imperativo a que já não sou alheio. Nunca<br />
comprei um produto unicamente por ser bom<br />
para o ambiente.<br />
Luiza - Nas compras do dia a dia, naquelas em que<br />
consumimos o básico, não me atenho a escolhas<br />
de produtos com um apelo ambiental. Tenho sim<br />
muitos objetos derivados de material reciclado,<br />
como agenda e cadernos. Como faço jornalismo,<br />
tenho uma demanda grande de leitura e cópias,<br />
e sempre as peço em papel reciclado.<br />
Acha justo que produtos ou serviços que<br />
tenham conotação ambiental sejam mais<br />
caros? Considera convincentes e legítimos<br />
os motivos alegados para justificar este<br />
custo mais elevado?<br />
Rafael – Não acho justo; os motivos alegados não<br />
devem ser levados em conta. Aliás, a conotação<br />
ambiental deveria estar contemplada no projeto<br />
do produto e ser absorvido pelo fabricante e não<br />
repassado ao cliente. Caso contrário, é como dar<br />
esmola com o dinheiro dos outros.<br />
Simone – Não acho justo o valor elevado dos<br />
produtos naturais e orgânicos. Deveria existir um<br />
subsídio ou isenção fiscal para estimular a produção<br />
e o consumo desses produtos.<br />
Pedro –Julgo que a tendência será para o preço<br />
dos produtos ou serviços ambientais baixarem<br />
de custo, mas nunca me preocupei muito com<br />
esta questão.<br />
Luiza- Como a maioria dos produtos que compro<br />
que tenham conotação ambiental são artesanais,<br />
valorizo o preço também pela proposta, trabalho<br />
e criatividade.<br />
Sempre que algo é divulgado como tendo<br />
alguma ligação com a causa ambiental<br />
você acredita? Se tem alguma dúvida, o<br />
que o leva a pensar assim?<br />
Rafael- Acredito, não tenho dúvidas, sei que os<br />
números e as imagens muitas vezes são superdimensionados<br />
pela propaganda paga, porém hoje<br />
em dia é muito difícil haver trapaça por parte de<br />
empresas, tal a visibilidade e os mecanismos de<br />
visualização existentes nesses projetos.<br />
Simone- Sim, eu acredito. Me interesso pelas ONGs<br />
e sei que tem sido feito um excelente controle nas<br />
empresas e produtos, e também que as pessoas es-<br />
tão ficando cada vez mais conscientes com o meio<br />
ambiente e a importância de sua preservação.<br />
Pedro- Normalmente acredito que os produtos<br />
que são anunciados com a causa ambiental sejam<br />
realmente credíveis. Não me oferece muitas dúvidas<br />
a esta questão.<br />
Luíza - Sim, acredito, mas acho que o que existe<br />
é uma preocupação geral, mas sem muita<br />
atitude prática. Com a preocupação vêm as<br />
pesquisas e as mudanças de hábito que facilitam<br />
para que uma mudança significativa aconteça<br />
para o bem do planeta, e em consequência, do<br />
próprio homem.<br />
Qual sua motivação quando escolhe<br />
economizar água, comprar produtos que<br />
consumam menos energia, preferir empresas<br />
que tenham atitudes sustentáveis,<br />
e outras posturas neste sentido?<br />
Rafael - Como consumidor, penso realmente no<br />
que será do futuro se não fizermos algo no presente.<br />
Como empresário, penso nas economias e benefícios<br />
a médio e longo prazo dessas ações.<br />
Simone - O que me motiva a economizar água é<br />
saber da importância que cada um deve fazer a<br />
sua parte para preservar o planeta. O meu próximo<br />
passo é colocar em casa um sistema de coleta de<br />
água da chuva e energia solar. Tenho uma filha de 5<br />
anos, a Luana, que desde pequena já tem atitudes<br />
de preservação ambiental.<br />
Pedro - A minha motivação é bastante significativa<br />
no que tange às escolhas que no dia a dia eu faço<br />
com relação às empresas que se preocupam com o<br />
ambiente e que tenham uma perspectiva sustentável<br />
e que não pensem unicamente na maximização<br />
do lucro por si, mas antes se preocupem também<br />
com o salvamento do planeta. Como um jornalista<br />
famoso de nome Amin Maalouf disse, hoje em dia vivemos<br />
num “Mundo sem regras” e entramos no novo<br />
século sem bússola. E, por isso, todos nós temos o<br />
dever de contribuir para uma ação de salvamento<br />
com sabedoria, com lucidez, mas igualmente com<br />
paixão e, por vezes, até com ira.<br />
Luíza - Além do fator financeiro, há a preocupação<br />
ambiental. Quem nunca ficou uma noite às escuras<br />
em casa sem ter o que fazer? Em Florianópolis<br />
temos o exemplo de poucos anos atrás do apagão<br />
que durou dias, fazendo com que as atividades<br />
dos moradores tivessem que ser revistas. Nessas<br />
horas, nos deparamos com dificuldades de um<br />
futuro que pode sim estar próximo se não mudarmos<br />
nossos hábitos enquanto a mudança ainda<br />
é uma escolha.
Divulgação<br />
VISÃO INTERNACIONAL<br />
O BRIC e o binômio<br />
da sustentabilidade<br />
JOÃO SAMPAIO<br />
é economista, secretário de<br />
Agricultura e Abastecimento<br />
do Estado de São Paulo e<br />
presidente do Conselho<br />
Estadual de Segurança<br />
Alimentar e Nutricional<br />
Sustentável (Consea)<br />
Considerando que a busca de alternativas<br />
para aumentar a sua influência nas decisões sobre<br />
a economia mundial é uma prioridade do BRIC<br />
(Brasil, Rússia, China e Índia), foi absolutamente<br />
lógico o destaque conferido à segurança alimentar<br />
e à oferta energética na pauta da primeira reunião<br />
de cúpula desse bloco de emergentes, na cidade<br />
russa de Ecaterimburgo, em 16 de junho. Afinal,<br />
não há dúvida quanto ao peso político e diplomático<br />
crescente das nações<br />
capazes de atender às<br />
demandas internacionais<br />
de comida e combustíveis<br />
limpos, advindos de<br />
fontes renováveis.<br />
Na verdade, o Brasil<br />
é o país com as melhores<br />
condições de assumir a<br />
liderança na produção<br />
e exportação de produtos<br />
agropecuários,<br />
incluindo as commodities e os biocombustíveis.<br />
Tal circunstância se comprova no fato de<br />
que acabamos de receber referendo da mais<br />
alta credibilidade: o estudo do Banco Mundial<br />
(Bird) “Desenvolvimento com menos carbono<br />
— Respostas latino-americanas ao desafio<br />
das mudanças climáticas”.<br />
A pesquisa ratifica que o Brasil possui<br />
uma das matrizes energéticas mais limpas<br />
do mundo (mais de 80% da energia<br />
que produz são provenientes de fontes<br />
renováveis, como a hidroeletricidade e<br />
os biocombustíveis líquidos).<br />
Sugere, ainda, que o País<br />
pode compartilhar suas<br />
experiências bem-sucedidas<br />
de manejo ambiental<br />
com outras<br />
nações emergentes<br />
e em desenvo<br />
l v i m e nto,<br />
especialmente<br />
O Brasil é o país com as<br />
melhores condições de<br />
assumir a liderança na<br />
produção e exportação de<br />
produtos agropecuários,<br />
incluindo as commodities<br />
e os biocombustíveis<br />
João Sampaio<br />
no desenvolvimento de energias renováveis, a<br />
produção de etanol de cana-de-açúcar, a administração<br />
sustentável das matas tropicais e a<br />
gestão de resíduos sólidos. Embora o relatório<br />
não tenha incluído nessa lista de diferenciais<br />
as tecnologias de aplicação do etanol, como os<br />
automóveis flex, evidencia o reconhecimento da<br />
comunidade internacional não só à nossa capacidade<br />
de produzir, mas também de inteligência<br />
e know-how.<br />
Muito relevante também<br />
esse mesmo estudo<br />
considerar que o etanol<br />
brasileiro de cana-de-açúcar<br />
reduz de 70% a 90%<br />
as emissões de gases do<br />
efeito estufa, em comparação<br />
com a gasolina. Os<br />
biocombustíveis, ainda<br />
segundo os dados do Bird,<br />
representam cerca de 6%<br />
da energia consumida no setor de transporte da<br />
América Latina, com destaque para a produção<br />
e consumo de etanol do Brasil. Fundamental é<br />
o reconhecimento, no documento, de que, “ao<br />
contrário da produção do etanol de milho em<br />
outros países, o produto brasileiro de cana-deaçúcar<br />
não contribuiu, em razão do desvio de<br />
terras destinadas à produção agrícola, para o<br />
aumento do preço das matérias-primas alimentares<br />
ocorrido em 2007/2008”.<br />
Agora, seria fundamental que, a partir de sua<br />
primeira reunião de cúpula na Rússia, as nações<br />
do BRIC pudessem atuar diplomaticamente de<br />
maneira mais coesa e sinérgica, avançando nas<br />
negociações, com norte-americanos e europeus,<br />
dos subsídios agrícolas e taxas de importação do<br />
etanol. Ao agirem assim, não estariam beneficiando<br />
apenas o Brasil, mas todo o bloco, à medida<br />
que a contribuição recíproca poderia implicar<br />
a contrapartida brasileira no fornecimento e<br />
também na transferência de tecnologia, o que<br />
é muito importante.<br />
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
61
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
62<br />
VISÃO ADMINISTRATIVA<br />
Giovani Toledo<br />
Tempo de conscientização e atitude<br />
Mais do que nunca, precisamos combater<br />
a poluição e agir em favor do meio ambiente<br />
Em nenhum período o mundo desenvolveuse<br />
tanto como nos últimos cinquenta anos. Seja<br />
na medicina, nas telecomunicações, nos setores<br />
industriais, nos transportes, nas áreas tecnológicas<br />
ou na indústria de diversos segmentos,<br />
inúmeras mudanças tornaram mais confortável<br />
a vida do ser humano. Tanta evolução, porém,<br />
não veio só. A despeito dos benefícios adquiridos<br />
pela humanidade em todos esses anos,<br />
os danos causados ao planeta são notórios e<br />
tornaram-se urgentes por solução.<br />
No mês de agosto, existe um dia (14) especialmente<br />
dedicado ao combate à poluição,<br />
que nos faz avaliar o quanto podemos fazer em<br />
favor de nosso planeta e para melhorar nossa<br />
qualidade de vida e das próximas gerações. No<br />
ar, na terra, na água, a preservação dos recursos<br />
naturais é de responsabilidade de todos e<br />
pequenas atitudes podem trazer resultados<br />
bastante significativos.<br />
Vivemos num país beneficiado pela natureza.<br />
Temos em nosso território a maior floresta<br />
tropical do mundo, que abriga uma enorme<br />
biodiversidade — animal e vegetal — e detemos<br />
cerca de 13% da água potável do planeta.<br />
Entretanto, dados do Instituto Nacional<br />
de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam para<br />
578 km 2 de áreas em processo de desmatamento<br />
na Amazônia Legal no mês de junho<br />
último, totalizando 3.562 km 2 em 12 meses,<br />
e desperdiçamos cerca de 40% da água que<br />
tratamos. Diariamente, centenas de toneladas<br />
de lixo são jogadas nas ruas e outras tantas<br />
toneladas de poluentes são lançadas no ar,<br />
produzidos por milhões de veículos que circulam<br />
por nossas cidades, responsáveis também<br />
pela poluição sonora que tanto prejudica a<br />
saúde da população.<br />
Dados da Organização das Nações Unidas<br />
apontam para um futuro ainda mais preocupante.<br />
Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm<br />
acesso a água potável, fator responsável por<br />
80% das mortes e enfermidades nos países<br />
em desenvolvimento. A falta de saneamento<br />
básico e de água disponível para a agricultura<br />
tem levado milhões de pessoas à morte<br />
todos os anos.<br />
Temos de mudar este quadro, começando<br />
pelo âmbito familiar. Precisamos ensinar nossas<br />
crianças, desde<br />
No ar, na terra, na água, a<br />
preservação dos recursos naturais é<br />
de responsabilidade de todos;<br />
pequenas atitudes podem trazer<br />
resultados bastante significativos<br />
pequenas, a cuidar<br />
do bem-estar de todos,<br />
a não jogar lixo<br />
nas ruas e a fechar a<br />
torneira ao escovar os<br />
dentes e ao varrer as<br />
calçadas, e a separar<br />
os diferentes tipos de<br />
lixo. Devemos agir todos os dias em favor da<br />
preservação da natureza em casa, na rua, no<br />
trabalho, não somente por imposição de leis,<br />
mas por conscientização e respeito a nós e ao<br />
próximo. Pessoas que pensam e praticam ações<br />
que beneficiam o meio ambiente agem com<br />
base no desenvolvimento sustentável.<br />
GIOVANI TOLEDO<br />
é gestor da Unidade de Negócios<br />
Mizumo – unidade de negócios<br />
do Grupo Jacto, especializada em<br />
sistemas compactos de tratamento<br />
de esgoto sanitário<br />
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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
64<br />
VISÃO ECONÔMICA<br />
Alexandre Reis<br />
Recursos Hídricos:<br />
qual o cenário para o Brasil?<br />
O Brasil detém aproximadamente 8% de toda<br />
a água doce do mundo. Desse percentual, 80%<br />
está na região amazônica. Se repartíssemos os<br />
20% restantes pelas demais regiões, cada uma<br />
ficaria com 5%. Logo, é preciso haver um plano<br />
de gestão adequado para esse recurso natural,<br />
principalmente nos estados das regiões Sul<br />
e Sudeste.<br />
Antes, a problemática dos recursos hídricos<br />
se restringia ao problema da poluição qualitativa,<br />
ou seja, dos detritos lançados em mananciais.<br />
Com o passar do tempo surgiu também o problema<br />
da escassez quantitativa. Portanto, sem<br />
medidas bem planejadas, vai faltar água.<br />
Vários setores da sociedade argumentam<br />
pela consciência ou pela educação ambiental.<br />
Isso é muito importante, mas não é tudo. O próprio<br />
País age de maneira pouco significativa para<br />
mitigar o problema. O que precisamos, de fato,<br />
é da implementação imediata de um sistema<br />
nacional de gestão dos recursos hídricos. Isso é<br />
essencial para a sustentabilidade do sistema.<br />
Hoje, os instrumentos mais utilizados para<br />
controlar o problema da água são a cobrança<br />
pelo uso (retirada) e o direito de uso (outorga),<br />
mas falta o principal, que é a implementação<br />
da tríade incitação financeira, participação descentralizada<br />
e reversão de recursos em obras.<br />
Para que isso se concretize é preciso consolidar<br />
os comitês e as agências de bacia.<br />
A origem teórica do instrumento de cobrança<br />
está no livro Princípios da Economia Política<br />
e da Tributação, de David Ricardo, economista<br />
do século XIX. A generalização do raciocínio da<br />
renda estática para os demais recursos naturais<br />
já constava na discussão sobre a determinação<br />
da renda da terra que ele fez em sua obra. O<br />
autor falou desse problema com mais de um<br />
século de antecedência. A citação abaixo demonstra<br />
isso:<br />
“Nada é mais comum que ouvir falar das<br />
vantagens que a terra possui sobre qualquer<br />
outra fonte de produção, devido ao excedente<br />
que proporciona sob a forma de renda. No entanto,<br />
quando a terra é muito abundante, muito<br />
produtiva e fértil, não produz renda alguma. Somente<br />
quando suas forças diminuem, e quando<br />
se obtém menor retorno com o trabalho, uma<br />
parcela da produção original das faixas mais férteis<br />
é destinada ao pagamento da renda. (...) Se<br />
o ar, a água, a elasticidade do vapor e a pressão<br />
atmosférica tivessem diferentes qualidades; se<br />
pudessem ser apreendidas e se cada qualidade<br />
existisse apenas em quantidade moderada, esses<br />
agentes, assim como a terra, dariam origem<br />
a renda, à medida que as diferentes qualidades<br />
fossem sendo utilizadas.”<br />
David Ricardo constata que os recursos naturais<br />
podem gerar renda devido a três motivos:<br />
(a) escassez, (b) qualidades diferenciadas, e (c)<br />
possibilidade de ser apropriado (possuir valor<br />
de troca). De fato, quer por problemas quantitativos<br />
(extração excessiva), quer por problemas<br />
de degradação qualitativa (poluição), as águas<br />
dos mananciais têm diminuído.<br />
Dessa forma, os recursos naturais adquirem<br />
características semelhantes a qualquer outro<br />
ativo na economia. Ao não serem mais bens<br />
livres, passam a ser considerados bens econômicos,<br />
como a terra. É claro que, no caso do ar e<br />
da água, existe o problema da apropriabilidade.<br />
Nesse caso, a apropriação é feita pela declaração<br />
de domínio estatal.<br />
Através desse instrumento, a renda não<br />
é dissipada (o que ocorreria no caso de livre<br />
acesso ao recurso) e, ao ser cobrada, reverte<br />
para o Estado (o ativo “recursos hídricos” é um<br />
bem patrimonial estatal que faz jus a uma renda<br />
de escassez).<br />
Observa-se, então, que o cerne da questão é<br />
que, quando qualquer recurso natural se tornar<br />
escasso, será necessário cobrar um preço sobre<br />
esse bem. Cobrando esse preço, e mais um<br />
pouco para ser usado em ações mitigadoras, o<br />
processo torna-se eficiente. Caso isso não seja<br />
feito, o cenário é bastante pessimista.<br />
ALEXANDRE REIS<br />
é economista e professor<br />
especialista em<br />
Planejamento <strong>Ambiental</strong><br />
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EVENTOS<br />
A transparência e a sustentabilidade no<br />
Mercado de Capitais<br />
Por Susi Guedes<br />
Realizado por uma parceria entre o IBRI (Instituto<br />
Brasileiro de Relações com Investidores),<br />
a M&E Consultoria e a revista Razão Contábil, e<br />
sediado no auditório da BM&FBOVESPA, o seminário<br />
“A Transparência e a Sustentabilidade no<br />
Mercado de Capitais” discutiu a importância desta<br />
nova postura, antes desejada, agora exigida, que<br />
leva em conta a clareza e a veracidade de todas<br />
as informações do mundo corporativo.<br />
A história recente da economia mundial evidencia<br />
quão graves podem ser as consequências<br />
da omissão e distorção de dados. Em função<br />
disso, a transparência passou a ser valorizada<br />
como capital impalpável, mas fundamental, e o<br />
investidor ficou mais atento a qualquer detalhe.<br />
Neste cenário, a sustentabilidade ganhou maior<br />
relevância, pois a preocupação com o meio ambiente<br />
é por si só um ponto estratégico.<br />
Cases de sucesso como os da CPFL Energia<br />
e da Braskem, que têm a sustentabilidade e a<br />
boa governança corporativa como bases fundamentais<br />
de suas empresas, sinalizam que este é<br />
Augusto Rodrigues - CPFL,<br />
Luana Pavani - Agência Estado<br />
e Luciana Ferreira - Braskem,<br />
apresentando cases de sucesso<br />
o caminho a ser seguido. Declarações de seus<br />
representantes em suas apresentações dimensionam<br />
este posicionamento.<br />
“A perenidade do nosso negócio e o futuro<br />
da humanidade dependem cada vez mais do<br />
equilíbrio entre a busca de resultados econômicos<br />
e a capacidade da sociedade e da natureza<br />
suportarem o crescimento. Acreditamos que a<br />
integração dessas variáveis na produção e utilização<br />
de energia contribui para criar um estilo de<br />
vida que não gera desequilíbrio social e ambiental<br />
e produz uma sociedade segura, equilibrada,<br />
ECONOMIZE CAPITAL<br />
E <strong>DE</strong>FENDA SEUS DIREITOS!<br />
• Contabilidade em Regime de Outsourcing<br />
• Departamento Pessoal<br />
• Gestão de Benefícios<br />
• Escrita Fiscal<br />
• Planejamento Tributário:<br />
– Agilização na Homologação/Recuperação<br />
de Créditos junto às SRF e Fazenda Estadual<br />
– Administração de Passivo Tributário com<br />
Precatórios Alimentares<br />
saudável e agradável de viver”.<br />
Essa é a opinião de Augusto Rodrigues,<br />
diretor de Comunicação<br />
Empresarial da CPFL.<br />
“Quanto mais ações forem<br />
tomadas na direção da sustentabilidade,<br />
maior é o impacto<br />
positivo na imagem corporativa<br />
da companhia”, afirma<br />
Luciana Ferreira, diretora de<br />
Relações com Investidores da<br />
Braskem.<br />
ATENAS CONSULTORIA EMPRESARIAL<br />
Rua José Debieux, 35, Conj. 43 – Santana – São Paulo – SP – Fone: 11-2283-2264<br />
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Divulgação
VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />
66<br />
AGENDA<br />
Fenágua (Feira Nacional da Água) e I Congresso<br />
Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo<br />
De 15 a 18 de setembro<br />
Horário e programação: verificar no site<br />
FECOMERCIO - Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista<br />
/ São Paulo- SP - www.abas.org/cimas<br />
Vivendo Sustentável 2009<br />
De 16 de setembro a 04 de outubro<br />
Horário e programação: verificar no site<br />
Clube Esperia – Av. Santos Dumont, 1313 – Santana /<br />
São Paulo / SP - www.esperia.com.br<br />
FITABES (VIII Feira Internacional de Tecnologias<br />
de Saneamento <strong>Ambiental</strong>)<br />
De 20 a 24 de setembro<br />
Centro de Convenções de Pernambuco<br />
Horário e programação: verificar no site<br />
Av. Prof. Andrade Bezerra, s/nº - Salgadinho / Recife<br />
Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas<br />
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais<br />
11 - 3254-3566 - www.abrelpe.org.br<br />
Albert Einstein – Sociedade Beneficente<br />
Israelita Brasileira<br />
www.einstein.br<br />
Alexandre Reis<br />
alexreisrs@ig.com.br<br />
Andef - Projeto de Responsabilidade<br />
Socioambiental das Indústrias de<br />
Defensivos Agrícola<br />
11 - 3087-5038 - www.andef.com.br<br />
Aoceano - Associação Brasileira<br />
de Oceanografia<br />
47- 3367-2202 - www.aoceano.org.br<br />
Arnaldo Jardim<br />
www.arnaldojardim.com.br<br />
Atenas Consultoria Empresarial-<br />
José Antonio Gutierrez<br />
11 - 2283-2264 - gutierrez@atenasconsultoria.com<br />
Barrocarte<br />
32 - 3371-6988 - www.barrocarte.com<br />
Bertolucci<br />
11 - 3873- 2879 - www.bertolucci.com.br<br />
Biomóvel<br />
47 - 3635-0768 - www.biomovel.com.br<br />
BM&FBovespa<br />
www.bmfbovespa.com.br<br />
Celulose Irani S.A<br />
51 - 3220-3535 - www.celuloseirani.com.br<br />
Clio Editora<br />
11 2186-2548 - www.clioeditora.com.br<br />
Comissão Europeia de Turismo<br />
11 - 2729-8872 - www.vifiteurope.com<br />
Delboni Auriemo – Dasa<br />
11- 3049-6999 - www.delboniauriemo.com.br<br />
Drogaria São Paulo<br />
11- 3272-1000 - www.drogariasaopaulo.com.br<br />
Edifício Acqua<br />
www.acqua.com.uy<br />
Editora Campus - Elsevier<br />
0800-265340 - www.campus.com.br<br />
Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />
emiliano@tulipeconsultoria.com.br<br />
Espaço Terra<br />
11- 4241-8310 - www.espacoterra.com.br<br />
Faber-Castell<br />
0800 701-7068 - www.fabercastell.com.br<br />
Fiema<br />
www.fiema.com.br<br />
Flipper<br />
11- 4411-0977 - www.flipper.ind.br<br />
GEA Sistemas de Resfriamento<br />
19 - 3936-1522 - www.geasr.com.br<br />
Giovani Toledo<br />
mizumo@mizumo.com.br<br />
Green Building<br />
www.gbcbrasil.org.br<br />
Greenpeace<br />
www.greenpeace.org.br<br />
Grossl – Divisão de móveis<br />
www.grossl.com.br<br />
Grupo Fleury<br />
11 - 5014-7269 - www.fleury.com.br<br />
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio<br />
Ambiente e dos Recursos Naturais<br />
Renováveis – Escritório Regional Santos<br />
13 - 3227-5775 / 3227-5776<br />
Ibri –Instituto Brasileiro de Relações<br />
com Investidores<br />
www.ibri.com.br<br />
Jatobá Green Building<br />
www.edificiojatoba.com.br<br />
João Pedro Sampaio -<br />
Fotografia & Assessoria<br />
www.joaopedrosampaio.com.br<br />
João Sampaio<br />
joaosampaio@agricultura.sp.gov.br<br />
Kahn do Brasil<br />
11-4152-3500 - www.kahndobrasil.com.br<br />
Kema<br />
21 - 2232-4500 - www.kema.com<br />
Laércio Benko Lopes<br />
advbenkolopes@uol.com.br<br />
Lazza Pet<br />
13 - 33415026 - www.lazza.com.br<br />
Leader<br />
www.laeder.com.br<br />
Masterplastic<br />
35- 3433-8310 - www.masterplastic.com.br<br />
Meu Móvel de Madeira<br />
0800-645-9009 - www.meumoveldemadeira.com.br<br />
Ministério do Meio Ambiente<br />
www.mma.gov.br<br />
Moises Chencinski<br />
11 - 3253-0586 - www.doutormoises.com.br<br />
VI Congresso Brasileiro de Unidades de<br />
Conservação (VI CBUC),<br />
II Simpósio Internacional de Conservação<br />
da Natureza<br />
e III Mostra de Conservação da Natureza<br />
De 20 a 24 de setembro<br />
Horário e programação: verificar no site<br />
Expo Unimed Curitiba - Rua Prof. Pedro Viriato Parigot<br />
de Souza, 5300 – Campus Universitário Positivo<br />
www.fundacaoboticario.org.br/cbuc<br />
VI Congresso de Meio Ambiente da Associação<br />
de Universidades Grupo Montevidéu<br />
De 5 a 8 de outubro<br />
Horário e programação: verificar no site<br />
Rodovia Washington Luís (SP-310), km 235 -<br />
São Carlos – SP<br />
http://www.ambiente-augm.ufscar.br<br />
– PE - www.fitabes.com.brMotorola Brasil<br />
www.motorola.com.br<br />
MSM Consultoria Imobiliária<br />
11- 2972-8888 - www.msmimobiliaria.com.br<br />
NCC - North Corporate Center<br />
www.msmconstrucoes.com.br<br />
NR <strong>Ambiental</strong> – Nilberto Machado<br />
11- 2281-9751 - nilberto@atenasconsultoria.com<br />
Orienta Vida<br />
12 - 3112-1103 - www.orientavida.org.br<br />
Pedro Benamor Marvão<br />
00 351 314 7295 e 00 351 3157210/11 – Lisboa<br />
Portugal - jpa.advogados@mail.telepac.pt<br />
Pioneira<br />
11- 4748-2922 - www.pioneira.com.br<br />
Planalto Indústria Mecânica<br />
62 - 3237-2400 - www.planaltoindustria.com.br<br />
Plastivida – Instituto Sócio <strong>Ambiental</strong><br />
dos Plásticos<br />
11- 3816-2080 - www.plastivida.org.br<br />
Rafael Ferraresso<br />
19- 9762-22-24 - www.ferraressoconsultoria.com.br<br />
Raul Lóis Crnkovic<br />
11- 5042-1703 - crnkovich@bol.com.br<br />
Rodotec Indústria Comércio e Prestação<br />
de Serviços Rodoviários<br />
11- 3783-7800 - www.rodotec.com.br<br />
Scalla Lingerie<br />
11 - 3598-2178 - www.scalasemcostura.com.br<br />
Sterlix <strong>Ambiental</strong> Tratamento de Resíduos<br />
11- 3805-7566 - www.sterlix.com.br<br />
Tintas Futura<br />
0800 773 2900 - www.futuratintas.com.br<br />
Tintas Renner<br />
www.tintasrenner.com.br<br />
TriFil – Lingerie e Meias<br />
11- 3598-2000 - www.trifil.com.br<br />
Trilhas Floripa<br />
www.trilhasfloripa.com.br<br />
UFSC - Universidade Federal de Santa<br />
Catarina- Depto. de Oceanografia<br />
48- 3721-8517 - www.ufsc.br<br />
Vera Gonzaga<br />
www.veragonzaga.com.br<br />
Victor Penitente Trevizan<br />
vpt@peixotoecury.com.br<br />
WWF Brasil<br />
www.wwf.org.br<br />
SXC