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GESTÃO DE RESÍDUOS - Revista Visão Ambiental

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Ano 1 • n o 2 • Setembro/Outubro 2009 • VISÃO AMBIENTAL<br />

CA<strong>DE</strong>RNO<br />

<strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Cobertura de eventos do<br />

setor de saneamento<br />

• <strong>GESTÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

• TECNOLOGIA<br />

• SUSTENTABILIDA<strong>DE</strong><br />

GREEN<br />

BUILDING<br />

Ano 1 • n o 2 • Setembro/Outubro 2009<br />

Madeira<br />

Certificada<br />

Selo de origem evita<br />

desmatamento<br />

ISO 14000<br />

Como e por que obter<br />

CONSTRUIR COM<br />

SUSTENTABILIDA<strong>DE</strong><br />

Oceanografia<br />

Vida e trabalho no<br />

fundo do mar


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

SUMÁRIO<br />

6<br />

Green Building<br />

MATÉRIA <strong>DE</strong> CAPA<br />

28<br />

Meio Ambiente<br />

Madeira Certificada<br />

x Madeira Ilegal<br />

13 <strong>Visão</strong> Política<br />

Por Laércio Benko Lopes<br />

14 Política<br />

Gestão de Resíduos - desafios<br />

e oportunidades<br />

16 Turismo<br />

Viagem sustentável pela Europa<br />

20 Legislação<br />

Compensação do impacto ambiental<br />

22 Mercado de Trabalho<br />

Oceanógrafo - um mergulho<br />

nas ciências do mar<br />

34<br />

Consumo<br />

Consciente<br />

Dicas de compras que<br />

ajudam a preservar o<br />

meio ambiente<br />

24 Certificação<br />

A evolução do conceito Qualidade<br />

e a ISO 9001<br />

26 Eco Estilo<br />

Redescobrindo a Ilha<br />

53 <strong>Visão</strong> Médica<br />

Por Moises Chencinski<br />

54 Exportação de Resíduos<br />

Alerta para a prática internacional<br />

de crimes ambientais<br />

57 <strong>Visão</strong> Social<br />

Por Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />

61 <strong>Visão</strong> Internacional<br />

por João Sampaio<br />

62 <strong>Visão</strong> Administrativa<br />

Por Giovani Toledo<br />

64 <strong>Visão</strong> Econômica<br />

Por Alexandre Reis<br />

38<br />

Caderno de<br />

Resíduos<br />

Cobertura dos<br />

principais<br />

eventos do<br />

setor e<br />

Especial RSS<br />

Hospital Albert Einstein:<br />

sustentabilidade<br />

em favor da saúde<br />

58 Debate Virtual<br />

Escolhas sustentáveis<br />

e conscientes<br />

65 Evento<br />

A transparência e a sustentabilidade<br />

no Mercado de Capitais<br />

66 Agenda / Radar<br />

Eventos e contatos das empresas,<br />

participantes e colaboradores<br />

desta edição


EXPEDIENTE<br />

EXECUTIVO EDITORIAL<br />

Nilberto Machado<br />

nilberto@rvambiental.com.br<br />

EXECUTIVO FINANCEIRO<br />

José Antonio Gutierrez<br />

gutierrez@rvambiental.com.br<br />

EDITORA-CHEFE<br />

Susi Guedes<br />

susiguedes@rvambiental.com.br<br />

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO <strong>DE</strong> ARTE<br />

Flora Rio Pardo<br />

flora@rvambiental.com.br<br />

JORNALISTAS<br />

Arielli Secco, Miriam Bollini, Renan de Souza,<br />

Taís Castilho e Walter Prandi<br />

jornalismo@rvambiental.com.br<br />

REVISÃO<br />

Diego Teixeira<br />

jornalismo@rvambiental.com.br<br />

FOTOGRAFIA<br />

Luciana Yole<br />

jornalismo@rvambiental.com.br<br />

COLABORADOR<br />

Paulo César Lamas (tratamento de imagens)<br />

COLUNISTAS <strong>DE</strong>STA EDIÇÃO<br />

Alexandre Reis, Arnaldo Jardim, Emiliano<br />

Graziano da Silva, Giovani Toledo, João<br />

Sampaio, Laércio Benko Lopes, Moisés<br />

Chencinski, Raul Lóis Crnkovic<br />

COMERCIAL e PUBLICIDA<strong>DE</strong><br />

Haroldo Macedo<br />

haroldo@rvambiental.com.br<br />

PRODUÇÃO<br />

Cristopher Raineri e Jurema Jardin<br />

atendimento@rvambiental.com.br<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Susi Guedes – MTB 7/SP<br />

PERIODICIDA<strong>DE</strong> – Bimestral<br />

TIRAGEM – 8.000 EXEMPLARES<br />

IMPRESSÃO – VOX EDITORA<br />

ATENAS EDITORA<br />

Rua José Debieux, 3 Cj. 2<br />

Santana – São Paulo/SP – CEP – 02038-030<br />

Fone: -11- 26 9-0110<br />

www.rvambiental.com.br<br />

ATENDIMENTO AO LEITOR<br />

F. -11- 26 9-0110<br />

leitor@rvambiental.com.br<br />

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de<br />

responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.<br />

Capa: Fotomontagem imagens SXC por design.rvambiental@gmail.com<br />

Caminhando na<br />

direção certa<br />

O mundo editorial pode ser surpreendente... Emitir opiniões, buscar soluções,<br />

informar, entreter, e todas as atribuições que se dão a um lançamento<br />

nesse mercado são conceitos amplos e podem esbarrar em dificuldades,<br />

opiniões e preconceitos que venham a ditar o lugar de uma nova publicação<br />

no mercado.<br />

Pensando nisso, antes de lançarmos nossa “número 1”, todos os critérios de<br />

qualidade editorial, planejamento, projeto gráfico e de conteúdo foram analisados<br />

à exaustão pelos executivos da revista, e colocados em prática por uma<br />

equipe conectada com as necessidades do segmento escolhido, mas com uma<br />

visão mais amplificada do que nosso leitor pudesse desejar ter em mãos.<br />

O esforço não foi em vão, pois conquistamos nosso espaço com grande<br />

destaque. A revista surpreendeu positivamente a todos, obtendo elogios de<br />

empresas, entidades, anunciantes e leitores em geral, inclusive de outras publicações<br />

do setor, as quais admiramos e respeitamos muito, que manifestaram<br />

seu carinho e desejaram sucesso.<br />

Nossa tiragem inicial de 6 mil exemplares precisou ser aumentada para<br />

atender a tantos pedidos de adesão ao nosso mailing. Dentro de um universo<br />

de internautas qualificados, nosso site, que entrou no ar em caráter definitivo<br />

no dia 12 de agosto sem nenhuma divulgação, em apenas 17 dias já contou<br />

com mais de 11 mil páginas visitadas, incluindo visitas de outros países. Foram<br />

feitos 87 downloads da versão virtual da revista.<br />

Ao dividir essas conquistas, queremos agradecer nossos leitores, anunciantes,<br />

parceiros e colaboradores, que nos ajudaram a construir este sucesso já<br />

em nosso primeiro número. E agora trazemos a todos a número 2, feita com<br />

o mesmo cuidado e dedicação da anterior.<br />

Entre os destaques desta edição temos: Green Building - construções<br />

sustentáveis; RSS - os caminhos dos resíduos da área de saúde; Turismo Sustentável<br />

na Europa; Mercado de Trabalho - desvendando os segredos do oceano;<br />

Fenasan - cobertura de um dos mais importantes eventos sobre saneamento<br />

e meio ambiente.<br />

A imensa receptividade, os elogios ao nosso projeto gráfico e ao conteúdo<br />

variado, bem elaborado e isento, nos fizeram ver que estamos no caminho<br />

certo, e vamos continuar por ele, sempre abertos a sugestões, opiniões e<br />

críticas, assumindo a responsabilidade de continuar melhorando sempre,<br />

trazendo cada vez mais informação e entretenimento ao nosso leitor, e retorno<br />

ao nosso anunciante.<br />

Esperamos que gostem de mais este número e, enquanto não chega a<br />

número 3, aguardamos sua visita em nosso portal www.rvambiental.com.br,<br />

que tem atualizações semanais com conteúdo complementar ao da revista,<br />

além de matérias e notícias provenientes de várias fontes, e as exclusivas de<br />

nossa redação.<br />

Boa leitura!<br />

José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado, Susi Guedes<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009


Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

CAPA<br />

GREEN BUILDING<br />

Tecnologia da construção aliada à eficiência ambiental<br />

Por Susi Guedes<br />

Conforto integrado à beleza e segurança<br />

sempre foram conceitos básicos da construção.<br />

Ao projetar um prédio, uma casa, um hospital,<br />

uma construção de utilidade urbana ou qualquer<br />

outra, engenheiros, arquitetos, construtores e<br />

técnicos levam em conta esses princípios. Há até<br />

bem pouco tempo, esses eram os únicos pontos<br />

relevantes para a construção civil, mas a modernidade<br />

e a necessidade de preservação do planeta<br />

têm transformado o pensamento comum, e gradativamente<br />

as chamadas “construções verdes”<br />

vão tomando forma e ocupando seu espaço.<br />

Muito se especula sobre a necessidade da<br />

normatização dos processos construtivos, em<br />

que a diminuição de resíduos passe a ser obrigação<br />

e não opção. No meio acadêmico, as escolhas<br />

por cursos, matérias e especializações<br />

que levem em conta soluções ambientais para a<br />

construção, arquitetura e decoração de espaços<br />

têm aumentado rapidamente, e as pesquisas<br />

de novos materiais e métodos tem ganhado<br />

força e encontrado soluções surpreendentes,<br />

mas, de maneira geral, apenas os primeiros<br />

passos foram dados. Muito há para se caminhar<br />

ainda, e essa normatização está longe de se<br />

tornar realidade.<br />

Os profissionais ligados ao setor da construção,<br />

bem como as empresas que contratam<br />

seus serviços, de maneira lenta mas constante,<br />

têm se dado conta dos muitos benefícios para<br />

Jatobá Green Building, do escritório<br />

Aflalo & Gasperini Arquitetos:<br />

ganhador do VI Grande Prêmio de<br />

Arquitetura Corporativa, categoria<br />

Green Building<br />

os que optam pelas construções<br />

verdes, onde todos colaboram e<br />

têm algum tipo de retorno, seja<br />

financeiro, de imagem ou conforto,<br />

e o planeta ganha fôlego<br />

na luta preservacionista.<br />

Ouvimos várias partes envolvidas<br />

no processo que pretende<br />

multiplicar a quantidade desse<br />

tipo de construção, e em todos<br />

os depoimentos é possível identificar<br />

entusiasmo e a certeza de<br />

que seja este o caminho a ser<br />

seguido para os projetos futuros<br />

da construção civil em todas as<br />

suas variantes.


ENTIDA<strong>DE</strong> CERTIFICADORA<br />

O engenheiro Nelson Kawakami,<br />

diretor-executivo do Green Building<br />

Council Brasil, uma das mais<br />

importantes entidades mundiais<br />

na divulgação de informações,<br />

normatização e incentivo do<br />

conceito de construção sustentável,<br />

fala sobre a entidade no<br />

Brasil e no mundo, e sobre os<br />

principais pontos de referência<br />

do conceito e das particularidades<br />

desse tipo de construção.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong> - Quais as<br />

principais características para que<br />

uma construção se enquadre no<br />

conceito de sustentabilidade?<br />

Nelson Kawakami - O órgão<br />

pontua as soluções sustentáveis<br />

de uma construção e avalia<br />

seu desempenho em variáveis<br />

como: espaço sustentável, eficiência<br />

no uso de água e de energia,<br />

uso de materiais e recursos,<br />

qualidade ambiental interna e<br />

inovação de processos.<br />

Localização do empreendimento:<br />

sugestões quanto à preservação<br />

e recuperação do habitat<br />

natural e terreno; cuidados que<br />

devem ser tomados na execução<br />

da obra para não afetar o meio<br />

ambiente e vizinhos; observações<br />

quanto à conectividade do<br />

empreendimento com a infraestrutura<br />

local.<br />

Uso racional de água: sugestões<br />

para redução de consumo<br />

de água potável através do uso<br />

de tecnologias de reaproveitamento<br />

de águas de chuva e usadas;<br />

utilização de equipamentos<br />

sanitários com menor consumo,<br />

tais como válvulas de descarga<br />

e vasos com duplo fluxo; metais<br />

de alta eficiência, como torneiras<br />

automáticas; irrigação de<br />

paisagismo com água não tratada<br />

e uso de tecnologias mais<br />

avançadas, como, por exemplo,<br />

o gotejamento.<br />

Eficiência energética: desenvolvimento<br />

de projeto e execu-<br />

ção de obra visando usar mais eficientemente a<br />

energia, dando-se especial atenção ao sistema<br />

de ar-condicionado, com utilização de sistemas<br />

e equipamentos de alto rendimento; iluminação<br />

com utilização de lâmpadas e luminárias de<br />

alto rendimento, aproveitamento de luz natural,<br />

individualização e automatização dos circuitos;<br />

sistemas de bombas de água com motores de<br />

alto rendimento; elevadores com recuperação de<br />

energia e sistemas de controle inteligentes.<br />

Uso adequado de materiais: recomenda-se a<br />

reutilização de materiais; uso de materiais com<br />

componentes reciclados; gestão adequada dos<br />

resíduos durante a obra e no uso dos edifícios;<br />

uso de materiais produzidos na região.<br />

Qualidade do ambiente interno: pede-se que<br />

atenção seja dada para a criação de ambientes que<br />

tragam bem estar e preserve a saúde dos usuários;<br />

Nelson Kawakami,<br />

diretor-executivo<br />

do Green Building<br />

Council Brasil<br />

Categorias de Certificação<br />

LEED NC® (New Construction): para novas construções<br />

ou grandes reformas. Elaborado para guiar<br />

projetos que se distinguem por sua alta performance<br />

(energia, água, qualidade ambiental interna, produtividade,<br />

etc.). Pode ser usado para prédios comerciais,<br />

residenciais, governamentais, instalações recreativas,<br />

laboratórios e plantas industriais.<br />

LEED CS® (Core & Shell): nesta modalidade,<br />

certifica-se toda a envoltória do empreendimento,<br />

suas áreas comuns e, internamente, o sistema de<br />

ar-condicionado e elevadores. O LEED CS® é utilizado<br />

por construtores e incorporadores que estão<br />

desenvolvendo o projeto para posterior comercialização<br />

de suas salas, garantindo ao futuro usuário<br />

que suas instalações ofereçam todas as condições<br />

para a alta performance do empreendimento.<br />

O LEED CS® foi desenvolvido para ser complementado<br />

pelo LEED CI® (Commercial Interior).<br />

Ocorre que o construtor e incorporador destes<br />

empreendimentos que serão futuramente comercializados<br />

não podem se comprometer em<br />

relação ao modo que o futuro usuário ocupará<br />

as salas comercializadas. Pré-certificação: a précertificação<br />

se faz presente apenas nos projetos<br />

registrados na modalidade LEED CS®. Trata-se de<br />

um reconhecimento formal de que o empreendedor<br />

estabeleceu metas para o desenvolvimento de um<br />

empreendimento certificado LEED CS®. Tendo em<br />

vista o caráter comercial destes empreendimentos,<br />

após pré-certificado, o empreendedor poderá fazer<br />

a divulgação visando a pré-venda do empreendimento<br />

ou facilidades de financiamentos. Concluído<br />

o processo de auditoria do empreendimento, tendo<br />

o empreendedor cumprido todas as metas por<br />

ele apresentadas, o empreendimento receberá a<br />

certificação LEED CS®.<br />

LEED CI® (Commercial Interior): para interiores<br />

comerciais. Foi desenvolvido para garantir<br />

a alta performance dos interiores, em termos de<br />

ambiente saudável, locais de trabalho produtivos,<br />

baixo custo de manutenção e operação e redu-<br />

recomenda-se ventilação adequada, iluminação<br />

natural e visibilidade do exterior para a maioria<br />

dos usuários; utilizar na pintura e na colagem dos<br />

carpetes, por exemplo, materiais com baixo teor<br />

de VOC (Composto Volátil Orgânico).<br />

ção do impacto ambiental. O LEED CI® oferece<br />

aos usuários, arquitetos de interiores e designers,<br />

a possibilidade de criar ambientes sustentáveis,<br />

independentemente de não poderem atuar na<br />

operação de todo o prédio.<br />

LEED ND® (Neighbourhood Development):<br />

o sistema de certificação LEED ND®, para bairros<br />

e desenvolvimento de comunidades, integra os<br />

princípios do crescimento inteligente, urbanismo<br />

e construção sustentável para a concepção<br />

de bairros. A certificação LEED ND® requisita que<br />

o desenvolvimento da localização e concepção<br />

do empreendimento cumpra elevados níveis de<br />

responsabilidade ambiental e social.<br />

LEED School®: o sistema de certificação LEED<br />

School® reconhece o caráter único da concepção<br />

e construção de escolas. Baseado no sistema de<br />

certificação LEED NC®, aborda questões como a sala<br />

de aula, acústica, planejamento central, prevenção<br />

contra mofo e avaliação ambiental do local. Ao<br />

abordar a singularidade dos espaços escolares e as<br />

questões de saúde infantil, o LEED School® fornece<br />

uma única e abrangente ferramenta para as escolas<br />

que pretendem construir de forma sustentável<br />

com resultados mensuráveis.<br />

LEED EB® (Existing Building): O sistema de<br />

certificação LEED EB®, para edifícios existentes,<br />

ajuda os proprietários e operadores a medir suas<br />

operações, fazer melhorias na manutenção em uma<br />

escala consistente, com o objetivo de maximizar<br />

a eficiência operacional e minimizar os impactos<br />

ambientais. O LEED EB® aborda em todo o edifício<br />

questões de limpeza e manutenção, programas de<br />

reciclagem, programas de manutenção exterior<br />

e atualização de sistemas, podendo ser aplicado<br />

tanto para edifícios existentes que procuram a<br />

certificação LEED EB® pela primeira vez quanto<br />

para projetos previamente certificados no âmbito<br />

de outros Sistemas de Certificação LEED®, como<br />

LEED NC®, LEED School®, LEED CS® e LEED EB® (em<br />

caso de renovação).<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009


Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

CAPA<br />

Pesquisa e<br />

Educação<br />

No planejamento estratégico<br />

do GBC Brasil, a<br />

educação é o ponto mais<br />

importante para nos ajudar<br />

a transformar o mercado<br />

imobiliário brasileiro, e três<br />

itens são extremamente importantes<br />

para nós:<br />

• Alianças com universidade<br />

para oferecermos<br />

nos cursos de graduação,<br />

pós-graduação e especialização<br />

cursos relativos a<br />

construção verde. Temos<br />

convênios com a Universidade<br />

Mackenzie, FAU/USP,<br />

UFF, UFMG, Belas Artes. No<br />

Rio de Janeiro, por exemplo,<br />

o GBC tem uma parceria<br />

com a Universidade Católica<br />

de Petrópolis e com a<br />

América Latina Sustentável<br />

Consultoria para a realização<br />

de um MBA em edificações<br />

sustentáveis. Nesse<br />

semestre está sendo aberta<br />

a segunda turma.<br />

• Cursos, seminários e<br />

palestras para a divulgação<br />

de boas práticas, como a<br />

parceria com a Academia de<br />

Engenharia e Arquitetura.<br />

De julho a dezembro, foram<br />

programados 24 cursos em<br />

nove cidades das regiões<br />

Sudeste, Sul, Nordeste e<br />

Centro-Oeste. Os cursos<br />

são desenvolvidos para<br />

capacitar engenheiros, arquitetos<br />

e profissionais da<br />

área que desejam atuar no<br />

mercado de construção civil<br />

sustentável.<br />

• Certificação LEED, que<br />

é uma ferramenta poderosa<br />

de comunicação com os diversos<br />

públicos do setor da<br />

construção civil. No fundo,<br />

gostaríamos que ela não fosse<br />

mais necessária, pois seria<br />

a garantia efetiva que estaríamos<br />

alcançando os nossos<br />

objetivos, ou seja, a cultura<br />

de sustentabilidade teria sido<br />

implantada e não mais precisaríamos<br />

de certificações. No<br />

ano 2008, conseguimos envolver<br />

diretamente em nossas<br />

palestras cursos e seminários,<br />

mais de 7 mil pessoas<br />

em 12 estados brasileiros.<br />

RVA- Quem avaliza o certificado LEED? Ele tem<br />

reconhecimento no mercado nacional?<br />

NK- A certificação é concedida pelo United States<br />

Green Building Council, que criou a certificação<br />

em 1999 em resposta à demanda do mercado<br />

norte-americano por uma definição mais precisa<br />

de Green Building. Constantemente adaptado e<br />

aberto às mudanças sociais e de mercado, o LEED<br />

é um sistema baseado no consenso entre os atores<br />

envolvidos e prevê a atuação de comitês de análise,<br />

grupos de consultoria técnica, ouvidoria para<br />

comentários, críticas e sugestões de mudanças e<br />

um processo justo de apelação.<br />

RVA - Como o consumidor final tem reagido a esta<br />

nova postura do segmento da construção civil?<br />

Quem é este consumidor?<br />

NK - A construção civil começa a demonstrar que<br />

está se adequando cada vez mais aos conceitos<br />

de sustentabilidade que estão sendo impostos<br />

em todos os setores da economia e que a cada<br />

dia passam a ser uma exigência da sociedade,<br />

principalmente da nova geração. Os mais jovens<br />

estão começando a exigir de seus fornecedores<br />

uma postura mais correta em relação ao meio<br />

ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios<br />

corporativos deste milênio: o consumo consciente.<br />

Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores<br />

e incorporadores tanto comerciais<br />

quanto residenciais, fornecedores de materiais,<br />

insumos e tecnologias estão aos poucos desenvolvendo<br />

expertise nessa área, em um movimento<br />

que ganhou força nos últimos cinco anos e que<br />

hoje já começa a criar uma nova demanda no<br />

mercado da construção civil no Brasil.<br />

RVA - Qual a previsão de crescimento de adesão<br />

ao movimento?<br />

NK- Hoje, no Brasil, há 139 empreendimentos em<br />

processo de certificação. A expectativa é que até o<br />

final de 2009 esse número chegue a 200.<br />

RVA - Que tipo de resistência esse conceito encontra?<br />

Quais argumentos costumam abrandar ou<br />

eliminar essas resistências?<br />

NK- Um dos empecilhos comumente citados é o<br />

preço superior da construção. Contudo, os núme-<br />

Hotel Acqua - projeto Arquiteto<br />

Rafael Vinoly - utiliza gás<br />

ecológico no ar condicionado e<br />

reaproveitamento da água<br />

ros mostram que isso não é verdade e que o valor<br />

gasto a mais é recompensado em pouco tempo.<br />

Nos Estados Unidos, construir empreendimentos<br />

sustentáveis custa, em média, de 1% a % mais<br />

caro. No Brasil, esse aumento pode ser de 5% a<br />

10% para prédios comerciais e de 2% a 4% para<br />

prédios residenciais. Mas esse é o caro que sai<br />

barato. Prédios comerciais nos Estados Unidos<br />

obtêm, em média, prêmio de 3% por metro quadrado<br />

no aluguel e de 3,5% na ocupação. Além<br />

disso, apresentam maior velocidade na venda e<br />

,5% de sobrevalorização. No Brasil, devido ao<br />

número ainda reduzido de prédios em operação,<br />

esse retorno tem sido ainda maior, com valorização<br />

em torno de 20% e uma redução nos custos<br />

operacionais de 25%, além da maior velocidade<br />

de venda desses imóveis.<br />

RVA- Há previsão de quando será efetivado no<br />

Brasil o sistema LEED de certificação?<br />

NK- O processo de auditoria para certificação continuará<br />

sendo gerido centralizadamente nos EUA.<br />

Os requisitos para certificação já foram analisados<br />

e otimizados para utilização no Brasil. Eles devem<br />

estar em operação no ano que vem.<br />

RVA - Quais são os outros 12 países membros do<br />

World Green Building Council?<br />

NK- Argentina, Austrália, Canadá, Emirados Árabes,<br />

Alemanha, Índia, Japão, México, Nova Zelândia, África<br />

do Sul, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos.<br />

Os grandes desafios da entidade para os próximos<br />

anos são a consolidação de um programa educacional<br />

nacional e o estabelecimento de parcerias<br />

estratégicas para alavancar as atividades da ONG<br />

em território nacional. Além disso, o GBC tem como<br />

objetivo integrar todos os agentes do mercado<br />

de forma a propiciar um ambiente favorável à<br />

construção sustentável, favorecendo a conscientização<br />

do cliente final de todo o processo e seus<br />

benefícios. O trabalho do GBC Brasil é apoiado por<br />

diversas empresas e associações preocupadas com<br />

a preservação do meio ambiente, os chamados<br />

membros fundadores, como Alcoa, Amanco, Cushman<br />

& WakeField, JHSF, Rossi Residencial, Wal-Mart<br />

e WTorre Empreendimentos, entre outros.


Divulgação<br />

PALAVRA DO CONSTRUTOR<br />

Fazer escolhas na hora de conceber e construir<br />

um prédio sustentável pode contar pontos<br />

significativos para o sucesso do empreendimento.<br />

O mercado tem ficado atento a todo tipo de<br />

inovação, e o consumidor com maior acesso à<br />

informação também tem buscado analisar diferenciais<br />

ligados à consciência ecológica na hora<br />

da decisão de compra de seus bens de consumo,<br />

o que se estende a bens imóveis também, sejam<br />

eles para moradia, trabalho ou investimentos.<br />

Alguns construtores demonstram estar atentos<br />

a essa tendência e procuram inserir os conceitos<br />

aos seus lançamentos.<br />

Escritórios Comerciais<br />

“O que nos levou a considerar o modelo de<br />

sustentabilidade para o empreendimento foi a<br />

North Corporate Center:<br />

bem-estar gera produtividade;<br />

sustentabilidade aliada a<br />

recursos humanos<br />

Unidade de Diagnóstico<br />

Fleury : iluminação e<br />

ventilação adequadas<br />

acalmam os pacientes<br />

crescente cobrança de nossos clientes por produtos<br />

com propostas de preservação ambiental,<br />

mas que viesse com condições viáveis, ou seja,<br />

não só com o discurso ecológico, mas apresentasse<br />

uma solução economicamente exequível”,<br />

diz Sérgio Auad, da MSN Imobiliária.<br />

“Por esse motivo consultamos a NR <strong>Ambiental</strong><br />

e juntos discutimos os vários pontos a serem<br />

abordados: uso de materiais recicláveis e/ou certificados,<br />

utilização de novas tecnologias para<br />

menor consumo de água e energia, payback dos<br />

vários sistemas e materiais a serem implantados,<br />

automação de vários sistemas e equipamentos,<br />

utilização de materiais alternativos desde a construção<br />

até o condomínio de utilização, etc.”<br />

“O cliente do North Corporate Center, além de<br />

ter preocupações ambientais, tem preocupação<br />

com sua imagem junto a seus clientes, fator este<br />

que cria uma posição de destaque em seu nicho<br />

de mercado, vende uma imagem positiva de sua<br />

empresa. Resumindo, essa consciência ambiental<br />

não custa mais caro e não é mero discurso.”<br />

“Os custos envolvidos, segundo estudos preliminares,<br />

não afetarão o custo final do empreendimento,<br />

visto que todas as soluções propostas<br />

vêm acompanhadas de um estudo mostrando<br />

o retorno a médio e longo prazos. Acredito<br />

também que o empreendimento, por ter essas<br />

características, causará um importante impacto<br />

na sua microrregião, ocupada principalmente<br />

por empresas de transporte, shopping center,<br />

centro de exposições, concessionárias de veículos,<br />

rodoviária e próxima à Marginal Tietê, ou<br />

seja, um ‘oásis’ para a região.”<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

Divulgação<br />

9


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

10<br />

CAPA<br />

Centro de treinamento<br />

que usa o contato com a<br />

natureza em seu favor<br />

Espaço de Convivência e Treinamento<br />

O Espaço Terra é um novo conceito em empreendimento<br />

voltado ao segmento corporativo.<br />

É um espaço de 220 mil m², sendo 120 mil m² de<br />

mata atlântica nativa e totalmente dedicado à<br />

vivência corporativa. Um dos grandes diferenciais<br />

é o foco sustentável do empreendimento,<br />

que foi todo decorado com produtos naturais<br />

ou reaproveitados do local. Ainda dentro do<br />

contexto de sustentabilidade, alguns espaços<br />

serão destinados às atividades locais, como o<br />

alambique e o tear, que abrigarão trabalhadores<br />

da região de Embu das Artes para trabalhar e<br />

viver da renda de sua produção.<br />

Além disso, o espaço possui diversas opções<br />

de atividades que visam as mudanças comportamentais<br />

e o contato direto com a natureza.<br />

Todo esse conceito natural e diferenciado foi<br />

idealizado pelo psicanalista Osório Roberto dos<br />

Santos, que, ao conceber o espaço dentro de conceitos<br />

de sustentabilidade, viu nesta forma orgânica<br />

de viver e trabalhar um diferencial de fundamental<br />

Divulgação<br />

Fontes naturais<br />

ajudam a manter a<br />

sensação térmica<br />

Divulgação


importância na gestão de empresas<br />

e pessoas.<br />

Edifício Residencial<br />

“A tomada de consciência do<br />

impacto causado pela construção<br />

no meio ambiente, tão divulgado<br />

na mídia, o reconhecimento por<br />

ações ambientalmente corretas<br />

e a crença de que os consumidores<br />

também exigem esse tipo<br />

de conduta nos levaram a optar<br />

por inserir elementos de sustentabilidade<br />

em nosso recente<br />

empreendimento, o Novo Centro<br />

República”, declara Stella Maud<br />

Fleury Teixeira Leite, do escritório<br />

Luis Alcino Teixeira Leite & Arquitetos<br />

Associados.<br />

“Vemos inclusive que o comprador<br />

de um apartamento em<br />

um prédio sustentável pode se<br />

beneficiar do ponto de vista de<br />

sua saúde, pois visamos também<br />

seu bem-estar e conforto.<br />

Ele sente que está contribuindo<br />

favoravelmente de alguma forma<br />

em seu dia a dia para essa<br />

questão e ainda pode se beneficiar<br />

da redução de alguns custos<br />

na sua moradia.”<br />

“Quando se fala em custos,<br />

podemos analisar por dois lados:<br />

para o consumidor, alguns<br />

custos poderão ser diminuídos<br />

na parte de consumo de energia<br />

elétrica ou uso racional da água<br />

na sua conta individual ou co-<br />

letiva (condomínio); para a empresa construtora,<br />

talvez exista ainda um custo adicional inicial maior.<br />

Os custos podem variar muito, dependendo da<br />

disposição da empresa. Pode-se inclusive não<br />

onerar nada, simplesmente trabalhando com parceiros<br />

que também já tenham em seus produtos e<br />

processos de fabricação esses procedimentos.<br />

“No Brasil, ainda estamos começando, mas<br />

a imagem que uma empresa tem com relação a<br />

sua postura ambiental é relevante – basta ver o<br />

numero elevado de empresas ligadas ou não à<br />

construção civil que já têm programas socioambientais<br />

instalados, mostrando para os consumidores<br />

sua conscientização e ações para o combate<br />

do aquecimento global”.<br />

“Em alguns países, construções que não atendam<br />

procedimentos de proteção ambiental demoram<br />

mais tempo para serem comercializados.<br />

Atualmente, ainda não é fator determinante para<br />

compra aqui no Brasil, mas, seguindo a tendência<br />

mundial, em breve isso será fundamental, um<br />

caminho sem volta.”<br />

PALAVRA DO CONSULTOR<br />

Escritórios de engenharia e consultorias do setor<br />

passaram a olhar esse segmento como grande<br />

aliado para atender a clientes preocupados em<br />

fazer bons negócios sem abrir mão dos princípios<br />

de sustentabilidade. Ouvimos a experiência de<br />

alguns deles neste sentido.<br />

“Nos Estados Unidos, temos dezenas de profissionais<br />

divididos em dois escritórios na Califórnia,<br />

em Oakland e SanDiego, que há muitos<br />

anos vêm se dedicando ao desenvolvimento de<br />

projetos que têm por meta o conceito do Green<br />

Building. A expertise adquirida pelos nossos colegas<br />

americanos nos garante que poderemos<br />

Telhados brancos: sabedoria<br />

milenar e aproveitamento de<br />

matéria-prima nativa<br />

TELHADOS BRANCOS – Diminuir a temperatura do planeta em 1 o C é<br />

o que se pode conseguir com telhados brancos, sejam eles pintados<br />

ou feitos com telhas, coberturas e lajes desta cor. Uma campanha<br />

mundial propõe essa mudança. www.onedegreeless.org<br />

Alessandra Nicoli/SXC<br />

Divulgação<br />

Novo Centro República:<br />

conforto e economia em<br />

moradias sustentáveis<br />

trocar experiências e alcançarmos juntos resultados<br />

significativos também aqui no Brasil”.<br />

“O mercado consumidor brasileiro em pouco<br />

tempo vai se conscientizar dos benefícios que<br />

esse conceito pode trazer para nós. Não só o meio<br />

ambiente agradece como também o bolso do<br />

consumidor. Temos como hábito procurar saber<br />

qual o consumo de combustível de um automóvel<br />

que queremos adquirir, mas ainda não pensamos<br />

nisso quando compramos um imóvel. Muito em<br />

Telhados Verdes:<br />

jardim na cobertura<br />

garante lazer e<br />

sensação térmica<br />

agradável<br />

TELHADOS VER<strong>DE</strong>S – A criação de jardins nos telhados se apresenta como<br />

uma das opções menos dispendiosas e mais criativas para se manter a<br />

temperatura interna. Além de eficaz na economia de energia, tornam-se<br />

muitas vezes um espaço de convivência, cuidado por todos.<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

12<br />

CAPA<br />

Escritórios da Kema<br />

Consultoria, em<br />

Oakland (EUA):<br />

fachada de vidro<br />

garante boa<br />

iluminação com<br />

pouco consumo<br />

breve o custo de manutenção<br />

do imóvel também terá um<br />

forte apelo comercial. Aquela<br />

edificação que não conta com<br />

soluções de sustentabilidade vai<br />

custar mais caro, por exemplo,<br />

para uso do ar-condicionado,<br />

iluminação e outros fatores que<br />

hoje a maior parte das pessoas<br />

desconhece”.<br />

“Trabalhamos no sentido de<br />

formar uma equipe altamente<br />

qualificada. Estamos nos<br />

preparando para atendermos<br />

a demanda de projetos dessa<br />

natureza, que certamente está<br />

em franco crescimento e podem<br />

contar com a nossa contribuição.<br />

Pretendemos também submeter<br />

nossos projetos às etiquetas<br />

disponíveis no mercado”.<br />

O arquiteto e urbanista<br />

Marcelo Perret é consultor sênior<br />

da Kema, responsável pela<br />

área de edificações sustentáveis.<br />

É mestre em “Energy Studies”<br />

pela instituição inglesa Architectural<br />

Association School of<br />

Architecture, London.<br />

“Edifícios com preocupação<br />

ambiental já são realidade nos dias atuais e tendência<br />

para o futuro, pois dia a dia o mercado percebe<br />

que esses empreendimentos têm a preferência<br />

do investidor. Diversas pesquisas apontam que o<br />

consumidor final está disposto a pagar um pouco<br />

mais por metro quadrado num edifício verde.”<br />

“No passado, alguns edifícios eram promovidos<br />

como edifícios verdes e vendidos a preços bem<br />

mais altos, sem de fato terem esse conceito em<br />

sua concepção. Isto levou a certa desconfiança, e,<br />

quando um novo empreendimento é lançado com<br />

o argumento de que é “verde”, muitos suspeitam<br />

da veracidade das informações. Isso tem mudado,<br />

e hoje há um amadurecimento do setor.”<br />

“Duas forças concorrentes corroboraram<br />

para uma maior credibilidade desse novo tipo<br />

de empreendimento: por um lado, a existência<br />

de entidades certificadoras isentas e específicas<br />

para esta finalidade, e, por outro, o valor cobrado<br />

está mais alinhado com a realidade.”<br />

“Dentro desse contexto é que trabalhamos<br />

para dar a nossos clientes uma perspectiva de<br />

soluções reais, exequíveis dos pontos de vista<br />

técnico e financeiro. É necessário muito conhecimento<br />

e criatividade a fim de adequar todas<br />

as facilidades que o mercado exige dentro do<br />

conceito ecológico.”<br />

“Adequações de custos, soluções preservacionistas<br />

e preocupação com conforto são itens fundamentais<br />

ao se pensar, projetar, construir e administrar<br />

um ’empreendimento verde’, e nesse contexto é<br />

imprescindível uma boa consultoria ambiental”.<br />

Nilberto Machado é engenheiro pela Escola Politécnica<br />

da USP, com ênfase em Energia. Sua empresa,<br />

a NR <strong>Ambiental</strong>, conta com um departamento específico<br />

de consultoria para construtoras interessadas em<br />

fazer projetos dentro do conceito Green Building<br />

A tendência mundial de construções verdes<br />

parece mesmo irreversível. Já se sabe que, no<br />

detalhe ou no todo, moradias, hotéis, hospitais<br />

e escritórios podem ser construídos dentro<br />

desse conceito. A mudança principal que<br />

cabe agora é a de postura diante das opções<br />

de quem planeja, constrói, compra, investe ou<br />

administra. Elas definirão os novos rumos da<br />

construção civíl e as possibilidade de melhor<br />

viver num mundo sustentável.<br />

Copa Sustentável<br />

A Copa do Mundo de Futebol que acontecerá<br />

no Brasil em 2014 terá como tema “Copa<br />

Sustentável”. As 12 capitais escolhidas para<br />

sediar jogos precisarão desenvolver projetos<br />

caracterizados pela sustentabilidade ambiental<br />

e econômica. Os requisitos foram<br />

definidos pela Fifa, e seus fiscais<br />

estarão atentos a todos os<br />

detalhes da construção e modernização<br />

dos estádios, desde<br />

os projetos de engenharia<br />

e arquitetura, até a qualidade<br />

dos materiais utilizados.<br />

Divulgação


VISÃO POLÍTICA<br />

Laércio Benko Lopes<br />

E-Trash: um problema muito<br />

sério sem a devida atenção<br />

O lixo eletrônico constitui o problema de<br />

coleta de resíduos de maior crescimento no<br />

mundo. Desde a China continental até regiões<br />

da Índia, Paquistão e principalmente o Brasil, em<br />

rápido processo de industrialização, uma ampla<br />

gama de aparelhos está sendo produzida e destinada<br />

em condições que colocam em perigo a<br />

saúde dos trabalhadores, suas comunidades e o<br />

meio ambiente. A maior parte dos componentes<br />

destes aparelhos, na maioria das vezes, não é<br />

recuperada e vendida para sua reutilização.<br />

Manuseada como lixo normal, seu destino é<br />

o lixão, e o meio ambiente ao seu redor fica<br />

exposto aos perigos provenientes do contato<br />

com metais pesados como mercúrio, chumbo,<br />

berílio, cádmio e bromato, que deixam resíduos<br />

letais no corpo, solo e cursos de água.<br />

Trata-se de um tipo de reciclagem que não<br />

é exatamente o que os consumidores têm em<br />

mente quando depositam seus computadores<br />

no lixão local. Os especialistas industriais dizem<br />

que entre 50% e 80% do lixo eletrônico coletado<br />

para reciclagem acaba em navios que se dirigem<br />

aos lixões de lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />

componentes tóxicos vão parar em correntes<br />

sanguíneas e cursos de água.<br />

Os governos e as companhias eletrônicas<br />

conhecem há muito tempo os perigosos efeitos<br />

desta reciclagem, como já assinalava em 1989 a<br />

redação da Convenção da Basileia, um tratado<br />

internacional que se ocupa do comércio mundial<br />

de resíduos tóxicos. Em 1994, esse tratado<br />

foi reforçado para proibir a exportação de todo<br />

lixo tóxico dos países ricos para as nações pobres,<br />

inclusive com o propósito de reciclá-los.<br />

O único país desenvolvido que se recusou<br />

a ratificar a Convenção da Basileia foram<br />

os Estados Unidos. Agora, como no caso de<br />

muitos acordos globais, o restante do mundo<br />

deixou de esperar que Washington conduza<br />

o processo para reduzir os perigos derivados<br />

do lixo eletrônico e tomou a iniciativa em suas<br />

mãos. A União Europeia, por exemplo, já colocou<br />

em vigor a Convenção da Basileia e proíbe<br />

em todos os casos a exportação de lixo perigoso<br />

para os países em desenvolvimento. E,<br />

mais importante ainda, a UE prepara uma série<br />

de regras que incluem a exigência de que as<br />

indústrias eletrônicas que venderem aos 25<br />

integrantes do bloco assumam a responsabilidade<br />

por todo o ciclo de vida de seus produtos.<br />

Soluções existem várias, porém, a mais sensata<br />

seria que tanto os fabricantes quanto os consumidores<br />

pensassem em seus computadores<br />

e outros aparelhos<br />

eletrônicos não tanto<br />

como produtos<br />

para serem vendidos<br />

e comprados,<br />

mas como serviços<br />

a serem utilizados<br />

d u r a n t e t e m p o<br />

mais prolongado do<br />

que os atuais. Mas o<br />

que aconteceria se<br />

comprássemos dos fabricantes “caixas” básicas<br />

contendo os componentes centrais e que,<br />

por sua vez, os produtores, como parte de um<br />

acordo de serviço a longo prazo, garantissem a<br />

manutenção regular da máquina e instalassem<br />

nela dispositivos mais modernos quando estes<br />

estiverem disponíveis? A “expectativa de<br />

vida” dos computadores se estenderia,<br />

então, para cinco anos ou<br />

mais. Para adotar tal enfoque seria<br />

necessário adiar indefinidamente<br />

a estratégia de sobrevivência dos<br />

fabricantes de planejar a obsolescência<br />

a curto prazo de<br />

seus produtos e<br />

de condicionar<br />

a preferência<br />

dos consumidores<br />

por incessantesnovidades<br />

em seus<br />

equipamentos<br />

eletrônicos.<br />

Divulgação<br />

Os especialistas industriais dizem que<br />

entre 50% e 80% do lixo eletrônico<br />

coletado para reciclagem acaba em<br />

barcos que se dirigem aos lixões de<br />

lixo eletrônico da Ásia, onde seus<br />

componentes tóxicos vão parar em<br />

correntes sanguíneas e cursos de água<br />

LAÉRCIO BENKO LOPES<br />

é advogado tributarista<br />

e dirigente regional do<br />

Partido Verde<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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Renato Cardoso/SXC<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

14<br />

POLÍTICA<br />

Por Arnaldo Jardim<br />

A gestão adequada de resíduos sólidos é uma<br />

tendência mundial irreversível. Entenda-se por<br />

resíduos todo o lixo doméstico, efluentes industriais,<br />

rejeitos perigosos, entulhos da construção<br />

civil e materiais hospitalares usados. Há décadas,<br />

países desenvolvidos implantaram políticas que<br />

melhoraram sua qualidade de vida e sua saúde pública,<br />

além de ajudar na preservação dos recursos<br />

naturais. No Brasil, faz 17 anos que o Congresso<br />

Nacional tenta aprovar uma Política Nacional de<br />

Resíduos Sólidos, sem sucesso. Agora, queremos<br />

mudar esse destino e caminhar na direção das<br />

experiências internacionais bem sucedidas.<br />

Esta convicção gera expectativa em torno do<br />

grupo de trabalho, suprapartidário, formado no<br />

âmbito da Câmara Federal, que será responsável<br />

por apresentar a proposta de Política Nacional de<br />

Resíduos Sólidos<br />

Desafios e oportunidades<br />

A gestão adequada<br />

do lixo é uma<br />

tendência mundial<br />

irreversível<br />

Resíduos Sólidos (PNRS). Trata-se de um marco<br />

regulatório fundamental, ao estabelecer diretrizes<br />

de gestão em todo o País, reconhecendo<br />

a descentralização político-administrativa das<br />

ações e estabelecendo a responsabilidade compartilhada<br />

entre a sociedade, a iniciativa privada<br />

e o poder público.<br />

Anualmente, produzimos 61,5 milhões de<br />

toneladas/ano de resíduos urbanos, das quais 54,4<br />

milhões de toneladas são coletadas. De acordo<br />

com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas<br />

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), dos<br />

5.563 municípios, 3.406 não dão uma destinação<br />

adequada ao lixo.<br />

Na cidade de São Paulo, são geradas 12 mil<br />

toneladas de lixo/dia, mas apenas 5% são reciclados.<br />

As áreas de periferia, justamente as que<br />

mais sofrem com enchentes, epidemias e lixões,<br />

em sua maioria estão excluídas do programa.<br />

Todos os meses são distribuídos 66 milhões de<br />

sacolinhas plásticas, que demoram 300 anos para<br />

se decompor. Pesquisa junto às 31 subprefeituras<br />

da capital paulista, feita por um jornal diário,<br />

revelou que existem 1,3 mil pontos ilegais de<br />

despejo de entulho.<br />

A experiência como autor da lei paulista sobre<br />

Na cidade de<br />

São Paulo, são<br />

geradas 12 mil<br />

toneladas de<br />

lixo/dia, mas<br />

apenas 5%<br />

são reciclados.<br />

Pesquisa<br />

revelou que<br />

existem 1,3 mil<br />

pontos ilegais<br />

de despejo de<br />

entulho


a questão de resíduos sólidos fez com que tivesse<br />

acesso a estes dados que demonstram a dimensão<br />

do problema, pois, pasmem, não existem<br />

estatísticas oficiais atualizadas ou consolidadas.<br />

A necessidade de dispormos de um inventário<br />

nacional – de quanto se produz, como se transporta,<br />

quanto se trata e qual a destinação final<br />

do lixo –, é uma das prerrogativas da PNRS para<br />

elaborarmos um diagnóstico e embasar políticas<br />

públicas adequadas à realidade de cada cidade,<br />

região ou Estado.<br />

Aos municípios, cabe elaborar um Plano de<br />

Gestão Integrada de Resíduos, que consiste na<br />

criação de um plano de varrição, de coleta seletiva,<br />

diagnóstico de produção de resíduos e outros<br />

serviços de limpeza pública, que será condição<br />

obrigatória para que recebam verbas da União<br />

para investimentos no setor.<br />

Nas 1.971 cidades que contam com coleta<br />

seletiva, algumas já usufruem de parcerias entre<br />

cooperativas de catadores, iniciativa privada e<br />

o poder público, que serão fortalecidas com a<br />

PNRS. Cerca de 800 mil pessoas sobrevivem da<br />

catação de reciclados, com uma renda média de<br />

1 a 1,5 salário mínimo.<br />

Para demonstrar a importância desta atividade<br />

econômica e social, basta observar os dados<br />

da Associação Brasileira de Alumínio (Abal).<br />

Segundo a entidade, o índice de reciclagem de<br />

latinhas chega a 95%, o que gera uma economia<br />

de energia na faixa de 1.976 GW/h por ano (0,5%<br />

do consumo no Brasil), além de ser responsável<br />

pela economia de 700 mil toneladas de bauxita,<br />

matéria-prima da alumina. Exemplos bem<br />

sucedidos como este, estimulam o princípio do<br />

Poluidor-Pagador e os instrumentos de Logística<br />

Reversa e a Análise do Ciclo de Vida do Produto,<br />

pilares da nova legislação.<br />

Zsuzsanna Kiliàn/SXC<br />

O princípio do Poluidor-Pagador estabelece<br />

ao poluidor a responsabilidade pelos custos de<br />

combate à poluição, para manter o meio ambiente<br />

em estado aceitável, bem como sua melhoria.<br />

A partir deste conceito, surge a necessidade<br />

de implantarmos a Análise do Ciclo de Vida do<br />

Produto, que consiste em uma série de etapas<br />

que envolvem a produção, desde a obtenção de<br />

matérias-primas e insumos, processo produtivo,<br />

até o seu consumo e disposição final.<br />

Já a Logística Reversa é um instrumento econômico<br />

e social, caracterizado por um conjunto<br />

de ações, procedimentos e meios, destinados<br />

a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos<br />

por seus geradores para que sejam tratados ou<br />

reaproveitados. Neste sentido, destaco o trabalho<br />

do Inpev (Instituto Nacional de Processamento<br />

de Embalagens Vazias), a partir de uma legislação<br />

específica. Trata-se de uma entidade, sem fins<br />

lucrativos, responsável pelo transporte das embalagens<br />

vazias, a destinação final (reciclagem ou<br />

incineração) e pelo seu destino ambientalmente<br />

adequado. O comprometimento de toda a cadeia<br />

(agricultor, indústria, poder público e sistema<br />

de comercialização) é um dos pontos fortes e<br />

fator chave do processo de destinação final de<br />

embalagens vazias. Só no ano passado, foram<br />

coletadas quase 22 mil toneladas de embalagens<br />

que, caso contrário, estariam contaminando rios,<br />

solos e animais.<br />

O grupo de trabalho já realizou quatro audiências<br />

públicas sobre os temas mencionados anteriormente.<br />

A mais recente abordou a construção<br />

de um modelo viável, a partir de instrumentos<br />

econômicos e tributários que fomentem processos<br />

de produção mais limpos e favoreçam a<br />

inovação tecnológica, no sentido de distinguir, do<br />

ponto de vista tributário, os equipamentos destinados<br />

a esta finalidade e, assim, estimular boas<br />

práticas, novas oportunidades de negócios, ciclos<br />

ecoeficientes e a geração de empregos/renda.<br />

Também temos participado de diversos<br />

eventos para conhecer experiências, esclarecer<br />

detalhes, colher contribuições, críticas e propostas<br />

dos diversos segmentos da sociedade.<br />

Queremos construir um arcabouço jurídico com<br />

um espírito de política pública que estabeleça<br />

responsabilidades e seja o ponto de partida para<br />

regulamentação de práticas sustentáveis em<br />

diversos setores produtivos. A participação e o<br />

acompanhamento de toda a sociedade serão<br />

fundamentais para aprovarmos uma Política Nacional<br />

de Resíduos Sólidos exequível, inovadora<br />

e transformadora.<br />

ARNALDO JARDIM<br />

é deputado e coordenador do<br />

grupo de trabalho responsável<br />

pela apresentação de proposta<br />

de Política Nacional de Resíduos<br />

Sólidos da Câmara Federal.<br />

arnaldojardim@arnaldojardim.com.br<br />

www.arnaldojardim.com.br<br />

Nas 1.971<br />

cidades que<br />

contam com<br />

coleta seletiva,<br />

algumas já<br />

usufruem de<br />

parcerias entre<br />

cooperativas<br />

de catadores,<br />

iniciativa<br />

privada e o<br />

poder público<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

16<br />

TURISMO<br />

Fotos: Divulgação<br />

Viagem sustentável<br />

pela Europa<br />

Paisagens naturais e<br />

alimentos saudáveis<br />

fazem a diferença<br />

Por Renan de Souza<br />

A Europa já está adaptada ao<br />

novo modelo global de economia<br />

verde. Prova disso é a ampla infraestrutura<br />

turística do continente<br />

para as boas práticas do turismo<br />

sustentável de qualidade. Dados<br />

da Comissão Europeia de Turismo<br />

apontam que há mais de três mil<br />

hotéis, pousadas e casas de veraneio<br />

com certificação ecológica<br />

pelos altos padrões ambientais<br />

em toda a Europa.<br />

Essa certificação assegura ao<br />

turista que o local em que ele vai<br />

se hospedar protege a natureza,<br />

compra produtos e alimentos<br />

orgânicos, reduz o consumo de<br />

energia e água e também utiliza<br />

energia renovável, garante o tratamento<br />

adequado de esgoto e<br />

recicla o lixo.<br />

Em uma “viagem sustentável”<br />

pela Europa, o turista pode expe-<br />

rimentar deliciosas e saudáveis<br />

comidas típicas regionais, preparadas<br />

com produtos locais, e<br />

se hospedar em acomodações<br />

inovadoras ou tradicionais, administradas<br />

por famílias europeias.<br />

Viajar de forma ecologicamente<br />

correta e socialmente responsável<br />

permite, além de pagar<br />

preços mais justos, desfrutar de<br />

uma experiência de viagem única<br />

e excepcional. Confira a seguir<br />

Família faz lanche<br />

saudável com alimentos<br />

locais no camping de<br />

Sennalpe e, abaixo, a<br />

Floresta Bregenz, ambos<br />

na Áustria<br />

algumas opções sustentáveis<br />

disponíveis em cada destino:<br />

ALEMANHA<br />

Já pensou em percorrer Berlim<br />

de bicicleta ou a pé e evitar outros<br />

meios de transporte que poluem<br />

o ambiente? A cidade possui faixas<br />

exclusivas para o trânsito de<br />

bicicletas e, para quem prefere caminhar,<br />

as calçadas são excelentes


Divulgação<br />

e bem sinalizadas. Independente<br />

do meio de transporte, faça a rota<br />

obrigatória para qualquer turista:<br />

seguir o curso do antigo Muro de<br />

Berlim. Não deixe de apreciar ainda<br />

as belas paisagens e de respirar<br />

o ar puro da cidade que possui<br />

apenas 320 automóveis para<br />

cada mil habitantes. Aproveite o<br />

passeio ao ar livre para visitar um<br />

dos 2,5 mil parques de Berlim que,<br />

juntos, correspondem a um terço<br />

de toda a área verde da cidade.<br />

ÁUSTRIA<br />

Na Áustria, visite a Floresta<br />

de Bregenz, localizada entre o<br />

Lago de Constança e Arlberg. Na<br />

floresta, o visitante conta com<br />

diversas opções de passeios,<br />

como acampamentos, trilhas e<br />

práticas de esportes. A atração<br />

pode ser visitada o ano todo. No<br />

verão, o turista tem à disposição<br />

mais de duas mil trilhas que levam<br />

ao contato com diversas<br />

espécies de plantas e animais.<br />

Já no inverno é possível esquiar<br />

na floresta. Na hora de dormir, o<br />

viajante pode optar pelos hotéis<br />

locais ou acampar. Não deixe a<br />

Áustria sem antes experimentar<br />

um dos diversos tipos de queijos<br />

da região. O país conta também<br />

com 10 mil km de ciclovias e é<br />

considerado um dos melhores do<br />

mundo para a prática de cicloturismo.<br />

A infraestrutura para atender<br />

os ciclistas é tão completa<br />

que hotéis oferecem até mesmo<br />

manutenção para as bikes.<br />

ITÁLIA<br />

Em Umbria, localizada na região<br />

central da Itália e conhecida como<br />

o Coração Verde do país, o turista<br />

pode se hospedar em fazendas e<br />

participar da preparação de alimentos<br />

como queijos, doces ou<br />

do típico vinho italiano. Umbria<br />

também é tradicionalmente conhecida<br />

pela produção de carne<br />

de porco, então aproveite a hospedagem<br />

em uma das mais de 200<br />

estadias sustentáveis e participe<br />

da preparação de alimentos derivados<br />

da carne suína. Se preferir,<br />

hospede-se em típicas casas de<br />

pedra nas quais você pode sentir<br />

o conforto e a hospitalidade da<br />

população local. Reserve tempo<br />

em sua viagem para conhecer o<br />

fantástico Parque Nacional Dei<br />

Monti Sibillini. Por toda a Itália o<br />

viajante poderá encontrar opções<br />

de hospedagem em locais preocupados<br />

com o ambiente. Para<br />

mais informações, acesse www.<br />

agriturist.it.<br />

IRLANDA<br />

Nosso destino na Irlanda fica<br />

na região oeste do país, na província<br />

de Connacht. The Organic<br />

Centre (www.theorganiccentre.<br />

ie) é uma organização sem fins lucrativos,<br />

criada em 1995, que tem<br />

como objetivo fornecer educação<br />

pública, treinamento e informação<br />

sobre a produção biológica<br />

e o modo de vida sustentável. Ao<br />

visitar o local, o turista fica por<br />

dentro da aplicação das práticas<br />

sustentáveis no dia a dia. Visite o<br />

jardim, as horticulturas e o pomar.<br />

Caso tenha tempo, participe de<br />

um dos cursos de fim de semana<br />

que ensinam a manusear produtos<br />

orgânicos. Após conhecer<br />

todo o complexo, vá até o Grass<br />

Roots Café e saboreie os deliciosos<br />

lanches naturais e as sobremesas<br />

caseiras acompanhadas de chá<br />

ou café. Para entrar no Organic<br />

Centre, o turista paga apenas<br />

cinco euros.<br />

Produtos orgânicos<br />

produzidos em<br />

Umbria, região<br />

conhecida como<br />

o Coração Verde<br />

da Itália<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

18<br />

TURISMO<br />

Praia da região do<br />

Algarve em Portugal,<br />

onde num roteiro<br />

pré-definido o viajante<br />

segue por trilhas de<br />

ciclismo até a cidade<br />

de Sagres<br />

PORTUGAL<br />

Na região do Alentejo, em<br />

Portugal, localiza-se a maior usina<br />

fotovoltaica do mundo e também<br />

um dos maiores parques eólicos<br />

da Europa. Um projeto ambicioso<br />

de aproveitamento energético<br />

das marés no Arquipélago dos<br />

Açores e que colocam Portugal<br />

num cenário de destaque. E, para<br />

o turista que deseja uma aventura<br />

sustentável, nada melhor<br />

que fazer um trajeto histórico de<br />

bicicleta. Em Vila Real de Santo<br />

Antonio tem início uma fantástica<br />

rota que passa pela ensolarada<br />

região do Algarve. Neste roteiro,<br />

pré-definido pela EuroVelo (12<br />

grandes trilhas de ciclismo com<br />

mais de 65 mil km que cruzam<br />

toda a Europa), o viajante seguirá<br />

ao longo de belas praias até a<br />

cidade de Sagres, reduto de inúmeros<br />

locais históricos, inclusive a<br />

Escola dos Navegadores, que tem<br />

cerca de 500 anos e faz parte da<br />

época das Grandes Navegações.<br />

Também aproveite a região do<br />

Algarve para caminhar e sentir a<br />

brisa do Oceano Atlântico, além<br />

de experimentar pratos típicos<br />

da região.<br />

ESPANHA<br />

Na capital da Espanha, Madrid,<br />

embarque em um trem que parte<br />

em direção à região de Santander,<br />

com paradas em Reinosa e Torrelavega.<br />

O passeio rumo ao norte<br />

da Espanha dura entre seis e oito<br />

horas. Conhecida por sua beleza<br />

natural, Torrelavega é a segunda<br />

maior cidade da região da Cantabria<br />

e conserva patrimônios históricos<br />

e artísticos como o Conjunto<br />

Monumental de Viérnoles, com<br />

palácios e casarões dos séculos<br />

XVII e XIX. Torrelavega ainda permite<br />

ao turista entrar em contato<br />

com tradições e costumes locais.<br />

Participe de “La Celebración de La<br />

Virgen Grande”, uma festa cheia de<br />

flores da região, que ocorre em<br />

meados de agosto. Ao passar pela<br />

cidade, experimente as famosas<br />

polkas, doce típico da região.<br />

POLÔNIA<br />

Distante 200 km ao norte de<br />

Varsóvia, o Puszcza Bialowieska<br />

(Parque Nacional Bialowieza) é<br />

uma floresta na qual as plantas<br />

e os animais são respeitados e<br />

mantidos sob preservação. Outra<br />

atração da região é uma estrada<br />

de ferro que leva o visitante a<br />

observar belas paisagens naturais.<br />

Após visitar a floresta, siga<br />

para a pequena cidade de Bialowieza,<br />

que possui pitorescas<br />

casas de madeira. O local conta<br />

ainda com uma Igreja Ortodoxa<br />

toda em mármore, uma Fonte<br />

de Energia, repleta de campos<br />

magnéticos, e o Palace Park, considerado<br />

um dos parques mais<br />

bonitos da Polônia.<br />

FRANÇA<br />

A França dispõe de excelentes<br />

opções para deixar ainda melhor<br />

sua “eco viagem”. O Le Morgane<br />

Hotel é uma delas. Localizado no<br />

monte Aiguille du Midi, a uma altitude<br />

de 3,2 mil metros, o hotel<br />

é todo revestido por materiais<br />

naturais como granito, ardósia e<br />

madeira, conta com ambientes<br />

espaçosos e características modernas.<br />

O hotel ainda dá um show<br />

no quesito sustentabilidade, ao<br />

fazer o equilíbrio de energia com<br />

emissão zero de gás carbônico na<br />

Divulgação


atmosfera. Em Paris, percorra a<br />

cidade por meio do sistema vélib,<br />

no qual é possível alugar bicicletas<br />

por um (€ 1) ou sete dias (€ 5)<br />

em um dos mais de 750 postos<br />

espalhados pela capital francesa.<br />

Utilizando o sistema é possível<br />

conhecer de uma maneira mais<br />

livre e menos poluente o rico<br />

patrimônio histórico francês e as<br />

paisagens naturais.<br />

GRÃ-BRETANHA<br />

Em Londres, na Inglaterra,<br />

visite o Chelsea Physic Garden,<br />

o segundo jardim botânico mais<br />

antigo da Inglaterra. A atração,<br />

fundada em 1673 pela Sociedade<br />

Veneradora de Boticários, recebeu<br />

a certificação “Green Tourism for<br />

London” ou “Turismo Verde para<br />

Londres” na categoria bronze. Ao<br />

visitar o local, descubra a origem<br />

dos remédios na seção das plantas<br />

medicinais e os diversos temperos<br />

no jardim das ervas culinárias.<br />

Plantas raras e a maior oliveira da<br />

Grã-Bretanha ao ar livre também<br />

podem ser vistas pelo turista. Já<br />

no “Jardim do Mundo da Medicina”,<br />

conheça o uso medicinal das<br />

plantas nas sociedades tribais. O<br />

Feira livre em Berna<br />

– passar a noite em<br />

um celeiro, saborear<br />

um café da manhã<br />

da fazenda e provar<br />

deliciosos queijos são<br />

experiências únicas<br />

no roteiro da Suíça<br />

passeio custa £ 7 (R$21) para adultos<br />

e £ 4 (R$12) para crianças.<br />

REPÚBLICA TCHECA<br />

Na República Tcheca, siga até<br />

a cidade termal de Karlovy Vary,<br />

distante 140 km de Praga. Sem dúvida,<br />

o visitante se encantará com<br />

as nascentes de água mineral que<br />

possuem propriedades terapêuticas<br />

e medicinais. As águas são<br />

provenientes de 12 mananciais<br />

com profundidades entre 2 mil e<br />

2,5 mil metros e cujas temperaturas<br />

variam entre 41ºC e 72ºC.<br />

Visite a fonte termal de Sprudel,<br />

que é a maior e mais quente, e a<br />

de Vridlo, que lança jatos d’água<br />

a 17 metros de altura. Aproveite<br />

essa atração natural e desfrute<br />

dos benefícios à saúde, como os<br />

efeitos curativos sobre o sistema<br />

nervoso e a circulação sanguínea.<br />

Após esse banho natural, passeie<br />

pelas diversas trilhas arborizadas<br />

que existem em Karlovy Vary e admire<br />

as belezas das exuberantes<br />

montanhas ao redor da cidade.<br />

SUÍÇA<br />

Se você deseja visitar Genebra,<br />

dê preferência aos transportes<br />

públicos, pois hotéis da<br />

região oferecem um cartão para<br />

utilização gratuita dos meios<br />

de transporte urbano. Para<br />

diminuir os impactos ecológicos<br />

e entrar em contato com<br />

os costumes locais, opte pelos<br />

“Bed & Breakfast” (www.bnb.<br />

ch), hospedagem em casas de<br />

família suíça. Se preferir ser ainda<br />

mais ecológico e alternativo,<br />

o turista pode passar a noite em<br />

um celeiro, experimentar a sensação<br />

única de dormir no feno e<br />

saborear um café da manhã da<br />

fazenda com ingredientes cultivados<br />

na própria região, além<br />

de provar deliciosos queijos típicos<br />

(www.bauernhof-ferien.<br />

ch). Separe um tempo em sua<br />

viagem para visitar aos sábados,<br />

em Vevey, a feira de produtos<br />

orgânicos produzidos pelos<br />

fazendeiros locais, com frutas<br />

e legumes frescos, vinhos, pães,<br />

geleias e queijos caseiros.<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

20<br />

LEGISLAÇÃO<br />

Compensação do<br />

impacto ambiental<br />

Legislação deve levar em conta o<br />

equilíbrio entre empreendedorismo<br />

e impacto ambiental<br />

Por Victor Penitente Trevizan<br />

Em maio deste ano foi publicado o Decreto nº<br />

6.848, que estabeleceu um limite para o cálculo<br />

da compensação decorrente de impacto ambiental<br />

significativo, ocasionado pela instalação<br />

e construção de empreendimentos. A grande<br />

mudança instituída pela nova regulamentação é<br />

que o cálculo da compensação ambiental passou<br />

a ter um percentual limitado a 0,5%.<br />

O impacto ambiental é o resultado ocasionado<br />

por qualquer alteração no meio ambiente,<br />

benéfica ou adversa, decorrente de atividades<br />

humanas ou naturais. A definição de impacto<br />

ambiental é necessariamente abrangente, uma<br />

vez que deve abarcar as alterações, principalmente<br />

as significativas, incidentes sobre o meio<br />

ambiente natural, artificial, cultural e, também,<br />

do trabalho.<br />

O meio ambiente está amplamente consagrado<br />

na Constituição Federal (artigo 225), uma<br />

vez que o legislador resguarda o tema de forma<br />

que tanto sua preservação quanto sua recuperação<br />

são vistas como prioridades dos cidadãos<br />

e do Estado.<br />

O meio ambiente, mesmo antes da Constituição<br />

de 1988, passou a ter como medida de<br />

proteção, em 31/08/81, a Lei nº 6.938, que dispõe<br />

sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, cujos<br />

objetivos gerais são:<br />

a) preservação do meio ambiente;<br />

b) melhoria da qualidade ambiental;<br />

c) recuperação do meio ambiente;<br />

d) assegurar ao País condições de desenvolvimento<br />

socioeconômico e;<br />

e) proteção da dignidade da pessoa humana.<br />

Já o Direito <strong>Ambiental</strong> visa regulamentar<br />

e respeitar os procedimentos necessários<br />

para a aplicação efetiva da Política Nacional<br />

do Meio Ambiente. O Direito <strong>Ambiental</strong> tem<br />

Thiago Felipe Festa/SXC<br />

O impacto ambiental<br />

é o resultado<br />

ocasionado por<br />

qualquer alteração<br />

no meio ambiente,<br />

benéfica ou<br />

adversa,<br />

decorrente<br />

de atividades<br />

humanas ou<br />

naturais


como um de seus escopos regular as ações de<br />

empreendedores quando iniciam atividades<br />

que interfiram direta e indiretamente sobre o<br />

meio ambiente.<br />

Para que o empreendedor possa viabilizar<br />

o início de sua atividade, independentemente<br />

de sua natureza, necessita obter a licença ambiental.<br />

É o procedimento administrativo pelo<br />

qual o órgão ambiental competente licencia a<br />

localização, instalação, ampliação e operação de<br />

empreendimentos e atividades que empregam<br />

recursos ambientais considerados efetiva e potencialmente<br />

poluidores, ou que, de algum modo,<br />

possam ocasionar degradação ambiental.<br />

Para que o empreendimento obtenha o licenciamento<br />

ambiental, faz-se necessária a apresentação,<br />

ao órgão competente, do EIA (Estudo de<br />

Impacto <strong>Ambiental</strong>), de acordo com a Resolução<br />

Conama nº 1/86. Além do EIA, o empreendedor<br />

deve apresentar o RIMA (Relatório de Impacto<br />

ao Meio Ambiente).<br />

Esse estudo envolve técnicos e especialistas<br />

das mais variadas áreas, como químicos, biólogos<br />

e geólogos, para fornecer uma análise cabal do<br />

impacto a ser ocasionado pelo empreendimento<br />

em caso de deferimento do pedido de licença<br />

ambiental. Torna possível, assim, uma mensuração<br />

aproximada sobre o nível do impacto, bem<br />

como dos possíveis danos a serem suportados<br />

pelo meio ambiente.<br />

Mesmo que o relatório seja desfavorável ao<br />

empreendimento, não significa que as atividades,<br />

tanto para instalação quanto para operação, não<br />

poderão ser viabilizadas. Ao contrário, constatada<br />

a ocorrência de impactos ambientais negativos,<br />

o empreendimento poderá ser iniciado mediante<br />

apoio, por parte de seus idealizadores, à implementação<br />

e manutenção de unidade de conservação<br />

voltada à proteção ambiental.<br />

O empreendedor não tem que criar, necessariamente,<br />

algo voltado à proteção e recuperação<br />

do meio ambiente. Mas, sim, despender<br />

valores com a finalidade de compensar os danos<br />

que seu empreendimento ocasionará ao equilíbrio<br />

ambiental. Tem-se, assim, a compensação<br />

pecuniária decorrente da constatação de impacto<br />

ambiental.<br />

Tais efeitos e resultados negativos devem ser<br />

apurados e analisados pelo órgão ambiental na<br />

apresentação do EIA e do RIMA pelo empreendedor,<br />

em virtude do pedido de licenciamento<br />

ambiental realizado.<br />

Assim, verificada a ocorrência de impactos<br />

ambientais significativos, o empreendimento,<br />

para ter prosseguimento em suas atividades, é<br />

obrigado a pagar valor a título de compensação<br />

pelos danos e degradações ao meio ambiente,<br />

baseado em percentual incidente sobre o montante<br />

total a ser gasto.<br />

Até o período anterior à vigência do Decreto<br />

nº 6.848, não havia uma previsão máxima do<br />

percentual incidente sobre o valor total vinculado<br />

à execução do empreendimento. Apenas<br />

não poderia ser inferior, conforme previsto no<br />

§ 1º do artigo 36 da Lei nº 9.985/2000, a 0,5%.<br />

Ou seja, para o empreendedor, nunca era certo o<br />

valor total que seria investido em suas atividades,<br />

uma vez que a quantia atribuída à compensação<br />

ambiental poderia influenciar consideravelmente<br />

em suas despesas.<br />

A partir da instituição do decreto, o cálculo da<br />

compensação ambiental passou a ter um percentual<br />

limitado a 0,5%, gerando um grande alívio aos<br />

empreendedores brasileiros. A nova regra determina<br />

que “o Valor da Compensação <strong>Ambiental</strong> - CA<br />

será calculado pelo produto do Grau de Impacto<br />

- GI com o Valor de Referência - VR”.<br />

O Valor de Referência é “a somatória dos<br />

investimentos necessários para implantação do<br />

empreendimento, não incluídos os investimentos<br />

referentes aos planos, projetos e programas<br />

exigidos no procedimento de licenciamento<br />

ambiental para mitigação de impactos causados<br />

pelo empreendimento, bem como os encargos<br />

e custos incidentes sobre o financiamento do<br />

empreendimento, inclusive os relativos às garantias,<br />

e os custos com apólices e prêmios de<br />

seguros pessoais e reais”.<br />

Já o Grau de Impacto é o nível de impacto<br />

sobre os ecossistemas, calculado de acordo com<br />

índices determinados conforme a especificidade<br />

do caso. O percentual é delimitado pelo Grau<br />

de Impacto, que, após ser delineado mediante<br />

análise do empreendimento, deve atingir percentuais<br />

entre 0 e 0,5%.<br />

Apesar desta delimitação do cálculo da<br />

compensação estar regulamentada, encontrase<br />

pendente no Supremo Tribunal Federal (STF)<br />

uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que<br />

tem como propósito discutir o método de cálculo<br />

da compensação ambiental. Ou seja, o decreto<br />

atual ainda pode sofrer alterações em seu texto,<br />

trazendo novas delimitações e as formas para o<br />

cálculo da compensação ambiental.<br />

VICTOR PENITENTE TREVIZAN<br />

é advogado de Direito <strong>Ambiental</strong><br />

do Peixoto e Cury Advogados<br />

vpt@peixotoecury.com.br<br />

Para que o<br />

empreendedor<br />

possa viabilizar<br />

o início de<br />

sua atividade,<br />

independentemente<br />

de sua natureza,<br />

necessita obter a<br />

licença ambiental<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

22<br />

MERCADO <strong>DE</strong> TRABALHO<br />

Por Arielli Secco<br />

Os oceanos cobrem cerca de 70% do planeta<br />

e contribuem de forma significativa para o equilíbrio<br />

da vida. Para se ter uma ideia, mudanças nos<br />

ecossistemas marinhos e alterações na temperatura<br />

das águas, por exemplo, são fatores que influenciam<br />

diretamente o funcionamento do meio<br />

ambiente e o clima da Terra. É para amenizar as<br />

consequências do desenvolvimento do homem<br />

e da má utilização dos recursos naturais que a<br />

atuação do oceanógrafo é tão importante. Ele<br />

está preparado para relacionar todas as instâncias<br />

da natureza a partir do estudo dos processos e<br />

das composições marítimas.<br />

Não é uma tarefa fácil. Pode-se dizer que, para<br />

exercer a profissão, é preciso estudar um mar<br />

de conteúdos, abarcar muitos conhecimentos.<br />

“A oceanografia, incluída nas áreas de ciências<br />

exatas e da Terra, é multi e interdisciplinar, que<br />

requer conhecimento geral e integrado de biologia,<br />

física, geologia, matemática e química”,<br />

define Fernando Diehl, presidente da Associação<br />

Brasileira de Oceanografia (Aoceano).<br />

Rodrigo Barletta, oceanógrafo há 12 anos, foi<br />

professor da primeira turma do curso de oceanografia<br />

da Universidade Federal de Santa Catarina<br />

(UFSC), iniciado em 2008. Ele diz que o estudante<br />

deve se dedicar a todas as áreas ensinadas durante<br />

o curso – independentemente das preferências<br />

pessoais – porque, como profissional, cedo ou<br />

tarde terá de interpretar e solucionar situações<br />

que envolvem um pouco de cada ciência.<br />

Basta pensar no caso de um rio que tem, às<br />

suas margens, plantações ou criação de animais.<br />

Através das bacias de drenagem, todos os resíduos<br />

desses tipos de atividades (fertilizantes,<br />

dejetos etc.) vão parar nas águas do rio, que, por<br />

sua vez, deságua no mar. “Com a contaminação,<br />

aumenta a disponibilidade de nitrogênio, o que<br />

acelera a produção de algas; como consequência,<br />

haverá redução de oxigênio no ambiente”,<br />

explica Rodrigo. Esse processo provoca a morte<br />

de diversas espécies e a proliferação de organismos<br />

prejudiciais a determinado ecossistema,<br />

ocasionando desequilíbrio ambiental. São os<br />

estudos das correntes, da formação geológica,<br />

da composição química dos resíduos e da fauna<br />

local que, nesse caso, permitem a correção ou<br />

prevenção desse tipo de acontecimento.<br />

Durante a graduação, portanto, o oceanógrafo<br />

deve adquirir um conhecimento amplo. Essa<br />

característica do curso é um dos fatores que mais<br />

atraem os estudantes que optam pela ciência do<br />

mar. É o caso de Ricardo Arruda, aluno da quarta<br />

fase de oceanografia da UFSC. “São quatro áreas<br />

diferentes com um pouco de tudo, e foi isso que<br />

eu achei legal”, diz ele, que desistiu da engenharia<br />

civil justamente por se sentir limitado. Ácmon<br />

Bhering, também aluno da quarta fase, concorda:<br />

“Nós vemos o mar sob vários enfoques para, no<br />

futuro, poder atuar com uma dessas possibilidades”.<br />

Ele explica que o que o motivou a escolher<br />

o curso foi o fato de poder trabalhar em uma<br />

profissão que é voltada ao meio ambiente, mas<br />

com uma abordagem científica.<br />

O PAPEL DA OCEANOGRAFIA<br />

O oceanógrafo está aí para mostrar que<br />

interferir na natureza é coisa séria. Por isso, o<br />

mercado exige um perfil empreendedor, criativo<br />

e, acima de tudo, ético. Alexandra Severino<br />

é uma apaixonada pela profissão. Atualmente,<br />

mora em Macaé (RJ) e trabalha na Bureau Veritas,<br />

uma empresa que presta serviços, por exemplo,<br />

para a Petrobras. Com oito anos de profissão,<br />

Oceanógrafo<br />

Um mergulho nas<br />

ciências do mar<br />

A oceanografia compreende diversas áreas do conhecimento<br />

e é focada na preservação ambiental<br />

Explicação do professor Rodrigo<br />

Barletta na saída inaugural do curso de<br />

Oceanografia da UFSC, em 2008<br />

“O estado do Rio<br />

de Janeiro, por<br />

concentrar a<br />

quase totalidade<br />

das indústrias de<br />

óleo e gás, assim<br />

como um<br />

grande parque<br />

portuário, é<br />

uma das regiões<br />

brasileiras que<br />

mais oferecem<br />

emprego na área.”<br />

Fernando Diehl,<br />

presidente da Aoceano<br />

Fotos: Arquivo pessoal de Rodrigo Barletta com colaboração<br />

dos alunos da 1a fase de 2008


Garrafa de Van<br />

Dorn para<br />

coleta e análise<br />

físico-química<br />

da água<br />

Primeira turma de Oceanografia da UFSC e<br />

professores na saída inaugural do curso<br />

ela menciona alguns dos melhores momentos<br />

proporcionados pelo trabalho. “Ver uma baleia,<br />

realizar uma campanha oceanográfica e ver o<br />

sol nascer em alto mar, nas embarcações, são<br />

lembranças únicas, que me fazem pensar que<br />

eu não poderia fazer outra coisa”.<br />

Sustentabilidade é a palavra-chave para a utilização<br />

racional dos recursos marinhos. Alexandra<br />

alerta para a concentração populacional nas áreas<br />

costeiras, principalmente porque o Brasil possui<br />

um extenso litoral, tanto em partes tropicais<br />

como subtropicais: “A ocupação humana nesses<br />

territórios vem aumentando de forma exponencial,<br />

o que resulta em uma enorme diversidade<br />

de interações que podem provocar danos aos<br />

diferentes ecossistemas marinhos”.<br />

A melhor saída, porém, não é esperar que<br />

o desenvolvimento da sociedade cesse, e sim<br />

propor pontos de equilíbrio que satisfaçam as<br />

pessoas e que não prejudiquem o meio ambiente.<br />

Rodrigo Barletta recomenda aos oceanógrafos<br />

que vistam a camisa da natureza e que, ao mesmo<br />

tempo, saibam ponderar as necessidades evolutivas<br />

do homem. “Se você que é profissional,<br />

que tem o conhecimento, se omitir ou se recusar<br />

a fazer algum trabalho para que tudo saia<br />

da melhor maneira, alguém que não tem esse<br />

conhecimento vai fazer as coisas de um jeito<br />

muito pior no seu lugar”, pondera.<br />

REGULAMENTAÇÃO E MERCADO <strong>DE</strong> TRABALHO<br />

A Lei 11.760, que regulamenta a profissão do<br />

oceanógrafo no Brasil, foi sancionada no dia 1º<br />

de agosto de 2008, depois de quase trinta anos<br />

Rede de<br />

coleta de<br />

plâncton<br />

Alunos recolhendo um correntógrafo,<br />

instrumento que mede as correntes marítimas<br />

de espera. O presidente da Aoceano, Fernando<br />

Diehl, acha que esse acontecimento vai incentivar<br />

a demanda por profissionais. “Isso aumentou a<br />

autoestima do profissional e a confiança dele<br />

no mercado. Facilitou também a atuação da associação,<br />

que, por ações muitas vezes simples,<br />

interfere positivamente no cenário, oferecendo<br />

profissionais, ampliando as vagas em concursos<br />

e se relacionando com a imprensa”, explica.<br />

A empregabilidade para o oceanógrafo é<br />

promissora. De acordo com a Aoceano, o setor<br />

público representa uma considerável parcela<br />

do mercado de trabalho. As oportunidades no<br />

setor privado são encontradas em empresas que<br />

exercem atividades relacionadas a consultoria<br />

ambiental, aquicultura e pesca, petróleo e gás.<br />

Fernando Diehl afirma que “o estado do Rio de<br />

Janeiro, por concentrar a quase totalidade das<br />

indústrias de óleo e gás, assim como um grande<br />

parque portuário, é uma das regiões brasileiras<br />

que mais oferecem emprego na área; mas o estado<br />

de São Paulo e a região Nordeste também<br />

têm se destacado”. O presidente da associação<br />

cita, ainda, o setor portuário, as ONGs e o terceiro<br />

setor como possibilidades de atuação.<br />

UM POUCO <strong>DE</strong> HISTÓRIA<br />

Os principais personagens da oceanografia<br />

são estrangeiros, e suas ações repercutem até<br />

hoje na profissão. Rodrigo Barletta lembra que<br />

os nórdicos, naturalistas e aventureiros, são os<br />

introdutores da oceanografia física. “Amundsen e<br />

Scott, por exemplo, queriam desbravar os polos.<br />

Nansen encalhou um navio na Groenlândia e<br />

Refratômetro que<br />

mede a salinidade<br />

da água através da<br />

passagem da luz<br />

ficou três anos lá para provar<br />

que o gelo também tinha uma<br />

corrente”. A garrafa de Nansen,<br />

desenvolvida pelo próprio navegador,<br />

é um instrumento<br />

utilizado até hoje para coleta<br />

de água e medição de índices<br />

de salinidade.<br />

Informações no site da Aoceano<br />

descrevem Matthew Fontaine<br />

Maury como o pai da oceanografia.<br />

Estadunidense, ele foi o responsável<br />

pela organização de um<br />

evento com a finalidade de discutir<br />

o padrão dos métodos náuticos<br />

e as observações meteorológicas<br />

do mar. A conferência ocorreu na<br />

Bélgica e rendeu dados posteriormente<br />

interpretados no primeiro<br />

livro da moderna oceanografia,<br />

The Physical Geography of the Sea,<br />

de 1855.<br />

No Brasil, o precursor foi o<br />

almirante Paulo Moreira da Silva,<br />

que, em 1964, transformou o<br />

navio escola Almirante Saldanha<br />

no primeiro navio oceanográfico<br />

brasileiro. O Instituto Oceanográfico<br />

da Universidade de São<br />

Paulo é o mais antigo do país, e a<br />

Fundação Universidade Federal<br />

de Rio Grande (RS) foi a primeira<br />

a oferecer o curso de graduação<br />

na área, em 1971.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

23


Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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CERTIFICAÇÃO<br />

Normas de certificação guiam as boas práticas empresariais e<br />

gestão consciente, garantindo qualidade de modo sustentável<br />

A evolução do conceito<br />

qualidade e a ISO 9001<br />

Por Raul Lóis Crnkovic<br />

Inicialmente seria interessante fazer uma breve<br />

abordagem sobre a evolução da qualidade ao longo<br />

do tempo. Antes da Revolução Industrial, que<br />

teve início em meados do século XVIII, a atividade<br />

produtiva era artesanal e manual, com no máximo<br />

o emprego de algumas máquinas de baixa complexidade.<br />

Dependendo da quantidade de objetos a<br />

serem manufaturados, alguns grupos de artesãos<br />

podiam se organizar e dividir determinadas etapas<br />

do processo artesanal. Porém, na maioria das vezes<br />

o próprio artesão cuidava de todo processo, ou<br />

seja, desde a obtenção da matéria-prima até a<br />

comercialização do produto. Esses<br />

trabalhos eram frequentemente<br />

executados nas dependências<br />

dos próprios artesãos. Com a Revolução<br />

Industrial os artesãos se<br />

tornaram operários, não<br />

tendo mais domínio<br />

sobre a matéria-prima,<br />

processos e produtos.<br />

Esses trabalhadores<br />

passaram a operar<br />

máquinas, trabalhar<br />

em grandes grupos<br />

chamados de empresas,<br />

e a não mais usufruir dos<br />

próprios lucros.<br />

Essa foi uma transição<br />

marcante nas evoluções<br />

tecnológica, econômica<br />

e social. Até então as atividades<br />

eram predominante-<br />

RAUL LÓIS CRNKOVIC<br />

é engenheiro consultor,<br />

graduado em engenharia e<br />

administração, pós-graduado<br />

em MBA e mestrado no<br />

Brasil, com cursos de<br />

especialização nos EUA<br />

mente agrícola, artesanal e de prestação de serviços.<br />

Esse período foi denominado mercantilista,<br />

e durou de 1450 a 1850. A partir da Revolução<br />

Industrial o volume de produção teve uma mudança<br />

extraordinária. Passaram a ser produzidos bens<br />

em grande escala a preços reduzidos, empregando<br />

milhares de trabalhadores, tudo para atender a<br />

um mercado consumidor em total crescimento.<br />

A elevada produção trouxe consigo algo preocupante:<br />

o alto índice de rejeição, oriundo de problemas<br />

com matéria-prima, processo ou produto.<br />

Assim, a produção elevada, que antes beneficiava<br />

o mercado pela redução de preços, agregou um<br />

novo fator: as unidades rejeitadas, que passaram<br />

a contar como prejuízo, reduzindo o lucro obtido<br />

e elevando o custo total. Foi então introduzido o<br />

conceito de qualidade, que inicialmente consistia<br />

em inspecionar a matéria-prima e operações da<br />

produção. Posteriormente, surgiu o departamento<br />

de controle de qualidade, que se reportava à<br />

gerência de fábrica.<br />

A qualidade então significava o atendimento à<br />

especificação do produto. Ou seja, a qualidade era<br />

restrita à produção. Esse conceito evoluiu e passou<br />

a ter importância estratégica, fazendo com que<br />

deixasse de ser um departamento anexo à produção<br />

e se tornasse uma estrutura independente. E,<br />

para ampliar ainda mais o conceito de qualidade,<br />

teve início a era da globalização propriamente<br />

dita, ou sua terceira fase, iniciada em 1989 e que<br />

perdura até os dias atuais. A globalização impôs<br />

novos desafios devido à elevada concorrência,<br />

como a busca por preços baixos agregada à boa<br />

qualidade, maximização dos resultados gerais e o<br />

pleno atendimento ao cliente.<br />

Dessa forma o conceito qualidade assumiu uma<br />

linguagem única e de maior abrangência dentro<br />

das organizações. Diante desse novo desafio, foram<br />

gerados sistemas de qualidade para monitorar<br />

atividades produtivas e improdutivas dentro das<br />

empresas. A qualidade tornou-se de importância<br />

vital para a sobrevivência e o desenvolvimento<br />

A implantação<br />

das normas ISO<br />

é vantajosa para<br />

as organizações,<br />

pois lhes conferem<br />

maior organização,<br />

qualidade,<br />

produtividade e<br />

credibilidade<br />

das organizações. Entretanto,<br />

sua difusão em termos globais<br />

passou a enfrentar problemas<br />

de interpretação devido à existência<br />

de inúmeros padrões de<br />

normatização e diversas linguagens.<br />

Assim sendo, foi fundada<br />

em 1947, em Genova, Suíça, a ISO<br />

(International Organization for<br />

Standardization), com o objetivo<br />

de unificar as especificações técnicas<br />

e de procedimentos produtivos<br />

e não produtivos. Atualmente<br />

a ISO é a maior organização<br />

mundial para o desenvolvimento<br />

de normas técnicas. Hoje ela é<br />

constituída por representantes<br />

de 162 países, e passou a ser um<br />

padrão de referência entre as organizações<br />

mundiais. Desde sua<br />

fundação ela publicou mais de<br />

17,5 mil normas internacionais,<br />

abrangendo especificações para<br />

inúmeros segmentos, como o in-


dustrial, a construção civil, engenharia, aviação,<br />

meio ambiente, saúde, TI e outros. Dentre as inúmeras<br />

normas da ISO, a mais difundida e conhecida<br />

é a ISO 9001, que estabelece um modelo de<br />

gestão da qualidade para qualquer organização,<br />

independentemente de seu porte ou atividade econômica.<br />

A sua função é promover a normatização<br />

de atividades de qualquer natureza. Essa norma<br />

estabelece requisitos que promovem a melhoria<br />

dos processos produtivos, maior capacitação dos<br />

colaboradores, o monitoramento do ambiente de<br />

trabalho e a verificação da satisfação de clientes,<br />

colaboradores e fornecedores, buscando a melhoria<br />

contínua pelo sistema de gestão da qualidade.<br />

Aplica-se a áreas distintas, como as de materiais,<br />

produtos, processos e serviços.<br />

A implantação das normas ISO é vantajosa<br />

para as organizações, pois lhes conferem maior<br />

organização, qualidade, produtividade e credibilidade,<br />

fatores esses facilmente identificáveis pelos<br />

clientes, aumentando a sua competitividade nos<br />

mercados nacional e internacional. Uma certificação<br />

ISO, de reconhecimento internacional, deve<br />

ser realizada por auditorias externas independentes.<br />

Contudo, dependendo da estrutura da<br />

organização, é altamente recomendável que se<br />

contrate um serviço de consultoria para assessorar<br />

n Consultoria para certificação ambiental (ISO 14000)<br />

n Análise e otimização de processos de produção,<br />

diminuindo custos operacionais diretos e indiretos,<br />

melhorando a qualidade de produtos e serviços<br />

e reduzindo o consumo de recursos naturais<br />

n Contratação e intermediação de seguro ambiental<br />

n Licenciamento junto aos órgãos ambientais<br />

n Elaboração de Relatórios de Impacto <strong>Ambiental</strong><br />

n Assessoria na elaboração de Termos<br />

de Compromisso <strong>Ambiental</strong><br />

n Administração de passivo ambiental<br />

n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem<br />

(projetos turn-key)<br />

n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem<br />

de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros<br />

a empresa no processo de certificação.<br />

A norma ISO 9001 foi elaborada através de um<br />

consenso internacional, informando as práticas que<br />

uma empresa deve adotar para atender plenamente<br />

os requisitos de qualidade total. A ISO 9001 não<br />

fixa metas a serem atingidas pelas organizações,<br />

mas as próprias organizações devem estabelecer<br />

as metas para essa certificação. Entretanto, as organizações<br />

que desejarem receber a certificação<br />

devem atender a determinados requisitos, dentre<br />

eles: padronização dos processos chave da organização,<br />

que afetam o produto e consequentemente<br />

o atendimento ao cliente; monitoramento e medição<br />

dos processos para assegurar a qualidade dos<br />

produtos materiais/serviços através de indicadores<br />

de desempenho e desvios; implantação e manutenção<br />

dos registros adequados e necessários para<br />

garantir a rastreabilidade dos processos; inspeção<br />

de qualidade e meios apropriados de ações corretivas<br />

quando necessário; revisão sistemática dos<br />

processos e do sistema da qualidade para garantir<br />

sua eficácia e a melhoria contínua.<br />

Convém ressaltar que “produto”, no vocabulário<br />

da ISO, pode significar um objeto físico, um serviço,<br />

um software, uma aplicação financeira, um cartão de<br />

crédito, etc. Considerando-se todas as normas ISO, há<br />

duas de caráter genérico que podem ser implantadas<br />

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Uma certificação<br />

ISO, de<br />

reconhecimento<br />

internacional,<br />

deve ser realizada<br />

por auditorias<br />

externas<br />

independentes<br />

em quaisquer segmentos ou organizações:<br />

a ISO 9001 (qualidade)<br />

e a ISO 14001 (meio ambiente).<br />

Observando-se a realidade atual<br />

de nosso planeta e da escassez<br />

dos recursos naturais, essas duas<br />

normas deveriam ser implantadas<br />

conjuntamente, pois ao se promover<br />

a maximização dos resultados<br />

gerais com a ISO 9001, devemos<br />

também nos comprometer com<br />

o meio ambiente, nosso e das<br />

futuras gerações, conforme dita<br />

a ISO 14001.<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

26<br />

ECO ESTILO<br />

Por Arielli Secco<br />

Formado em Florianópolis, o grupo Trilhas Floripa se<br />

aventura e aprecia a natureza com responsabilidade<br />

Um feriado, alguns estudantes e uma<br />

trilha para Lagoinha do Leste, um lugar encantador<br />

entre os morros ao sul de Florianópolis<br />

que reúne praia, mata nativa, costões<br />

e a tranquilidade de uma lagoa. Aconteceu<br />

em 7 de setembro de 2004. A ideia vingou,<br />

vieram os amigos dos amigos e, hoje, cinco<br />

anos depois, o grupo se classifica como uma<br />

família.<br />

Pessoas de várias idades, profissões, classes<br />

sociais e até nacionalidades se encontram<br />

cerca de duas vezes por mês para trilhar<br />

caminhos diferentes e contemplar o meio<br />

ambiente. Fabrício Lima Brasil, engenheiro<br />

eletricista e fundador do Trilhas Floripa, atualmente<br />

mora na Alemanha e conversou com<br />

a <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong> por e-mail.<br />

Ele conta que a fama do grupo se espalhou<br />

boca a boca, mas que o crescimento<br />

repentino veio depois da criação de uma<br />

comunidade no site de relacionamento Orkut.<br />

São mais de 2,4 mil membros trocando informações,<br />

experiências e agendando atividades.<br />

Não são todos que comparecem aos<br />

encontros e a rotatividade desse número é<br />

grande, mas Fabrício acredita que esse é um<br />

dos grupos de trilha mais ativos do Brasil.<br />

O amor por “andar no meio do mato” é o<br />

responsável pela união dessas pessoas, como<br />

descreve Deizi Crispim, 39 anos, integrante do<br />

grupo desde 2006. A pedagoga e comerciária<br />

tomou conhecimento do Trilhas Floripa quando<br />

buscava por comunidades de trilheiros no<br />

Orkut. Ela adora a natureza e gosta de sentir a<br />

grandeza de lugares pouco visitados.<br />

Deizi destaca a afinidade que os participantes<br />

acabam criando mesmo tendo<br />

Redescobrindo<br />

a Ilha<br />

personalidades e características tão distintas.<br />

“Gosto de como esse tipo de aventura une<br />

as pessoas. No final de cada trilha, parece<br />

que já somos amigos de longa data”, conta a<br />

pedagoga. Ela cita atos simples para exemplificar<br />

essa interação, como estender a mão<br />

a um companheiro com dificuldade para<br />

subir um morro. Isso faz com que as pessoas<br />

tenham noção de como são pequenas e<br />

de como podem ser grandes. “Pequenas<br />

diante da força e da dimensão da natureza<br />

e grandes porque conseguimos superar<br />

nossos próprios limites para alcançarmos<br />

nossos objetivos”, completa.<br />

Reserva do<br />

Arvoredo<br />

Trilha do<br />

Morro do<br />

Cambirela<br />

Reserva do Arvoredo<br />

Mutirão de limpeza na<br />

Lagoinha do Leste<br />

A NATUREZA COMO PROTAGONISTA<br />

No cenário das trilhas, os animais,<br />

as plantas ou qualquer outro<br />

elemento natural são vistos como<br />

personagens principais por quem<br />

percorre os caminhos camuflados entre<br />

montanhas e paisagens. Preserválos,<br />

portanto, é primordial para que<br />

esse envolvimento seja algo constante<br />

e experimentado por cada vez<br />

mais pessoas.<br />

O Trilhas Floripa incentiva a conscientização<br />

ambiental e cumpre o<br />

seu papel nesse quesito. Fabrício diz


Rafting e rapel na<br />

Cachoeira do Cambará<br />

Trilha noturna na<br />

Lagoa da Joaquina<br />

Cambará do Sul<br />

que o slogan do grupo é “A trilha é na<br />

faixa, mas será cobrada consciência<br />

ecológica”. Em alguns casos, os participantes<br />

são convocados para uma<br />

ação coletiva. “Fazemos campanhas<br />

pedindo que os trilheiros levem sacolas<br />

plásticas e coletem o lixo durante<br />

o percurso”, ele conta.<br />

A ação que ganhou maior destaque<br />

aconteceu em 16 de dezembro<br />

do ano passado, quando a mesma<br />

trilha que motivou a criação do Trilhas<br />

Floripa foi recompensada com<br />

um mutirão de limpeza. Na alta<br />

São José dos Ausentes<br />

Cambará do Sul<br />

temporada, a Lagoinha do Leste é muito<br />

procurada por turistas e nativos. O acesso<br />

à praia só é possível por meio de trilhas<br />

ou de barcos. Ao mesmo tempo em que o<br />

lugar torna-se mais conhecido e divulgado,<br />

a quantidade de lixo aumenta e põe em<br />

risco suas belezas naturais.<br />

O objetivo do grupo, então, foi recolher<br />

os resíduos e dar continuidade ao trabalho<br />

através da divulgação e do alerta em prol dos<br />

cuidados com o meio ambiente. “A campanha<br />

superou nossas expectativas, pois contou<br />

com o apoio de uma rede de televisão, da<br />

Fotos: Divulgação/Trilhas de Floripa<br />

prefeitura e dos moradores locais, além dos<br />

barqueiros e trilheiros”, lembra Fabrício. Ele<br />

destaca que o material recolhido encheu mais<br />

de um contêiner e resultou em aproximadamente<br />

setenta sacos de lixo. Uma placa foi<br />

colocada no início da trilha com os dizeres:<br />

“Acabamos de limpar este local. Por favor,<br />

colabore. Leve seu lixo embora”.<br />

TRILHANDO NOVOS HÁBITOS<br />

Com tantos trilheiros, a organização é fundamental<br />

para o respeito à natureza. Muitas<br />

trilhas precisam ter o número de participantes<br />

limitado. “Aconselhamos que, ao atingir um<br />

certo número, o restante fique em uma lista<br />

de espera para preservar a região”, explica<br />

Fabrício. Não existe nenhum cadastro ou<br />

controle de integrantes, e qualquer pessoa<br />

pode fazer parte do Trilhas Floripa. “A participação<br />

nas trilhas do grupo fica sujeita às<br />

regras de conduta e preservação publicadas<br />

em nosso site”, avisa.<br />

O Trilhas Floripa contabiliza cerca de cem<br />

trilhas percorridas e quinze viagens realizadas.<br />

Nesse percurso de cinco anos, além do<br />

fortalecimento dos laços de amizade entre<br />

os participantes, Fabrício diz que essa prática<br />

pode colaborar com a qualidade de vida de<br />

quem está disposto a se aventurar. Ele cita<br />

um caso comum: “Exemplos reais são pessoas<br />

que pararam de fumar e passaram a cuidar<br />

melhor da alimentação e do preparo físico”. A<br />

impressão de Deizi não é diferente. Para ela,<br />

ser trilheira pode ser considerado um estilo<br />

de vida: “Talvez as trilhas sejam só o ponto<br />

de partida, e não de chegada”.<br />

Ficou com vontade de levantar da cadeira<br />

e partir para uma aventura? Com responsabilidade<br />

e respeito à natureza, a experiência<br />

de fazer uma trilha pode trazer recompensas<br />

incomparáveis. Renovar as energias, respirar<br />

ar puro e contemplar uma bela paisagem são<br />

fatores que curam qualquer estresse provocado<br />

pela vida nos centros urbanos. Ficam as<br />

recomendações de Fabrício: “Além do respeito<br />

ao meio ambiente, é bom utilizar um mapa<br />

e tentar fazer a trilha acompanhado, sem<br />

se esquecer da água, de uma alimentação<br />

saudável e de trazer de volta o seu lixo”.<br />

É um estilo de vida. É um Eco Estilo.<br />

Comunidade no Orkut: Trilhas Floripa<br />

Site: www.trilhasfloripa.com<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

27


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

28<br />

MEIO AMBIENTE<br />

Pau para toda<br />

(e qualquer) obra<br />

Madeiras certificadas e de demolição são alternativas de sucesso<br />

contra o desmatamento frente à escassez de recursos naturais<br />

Por Tais Castilho<br />

O Brasil sempre aparece com destaque no<br />

noticiário quando se trata de desmatamento de<br />

florestas e de um certo descaso com os recursos<br />

naturais. Segundo um relatório do Programa das<br />

Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),<br />

só o desmatamento na Amazônia já acabou com<br />

mais de 26 espécies de vida e ameaça outras<br />

644. Lá ainda consta que, até o ano de 2006, a<br />

floresta já tinha perdido uma área equivalente à<br />

da Venezuela. “Isso significa que os protagonistas<br />

amazônicos não conseguiram imaginar um<br />

futuro no qual as políticas públicas, o mercado,<br />

a ciência e a tecnologia se desenvolvam, simultaneamente,<br />

de uma maneira suficientemente<br />

positiva de forma a promover o desenvolvimento<br />

sustentável da Amazônia”, diz o documento. O relatório<br />

ainda cita previsão feita em outro estudo<br />

de que 60% da Amazônia pode se transformar<br />

em savana ainda neste século.<br />

O <strong>DE</strong>SMATAMENTO NO BRASIL<br />

É interessante notar que nosso país foi batizado<br />

com nome de uma árvore. No século XVI,<br />

logo que os portugueses começaram a explorar<br />

a terra recém-descoberta, viram uma fonte de<br />

lucratividade no pau-brasil. A madeira servia<br />

para a confecção de móveis e instrumentos musicais;<br />

a seiva avermelhada, para tingir tecidos.<br />

Desde então, o desmatamento em nosso país<br />

é constante. Da mata atlântica, por exemplo,<br />

hoje restam aproximadamente 9% da área que<br />

ocupava há quinhentos anos.<br />

O desmatamento existe nos quatro cantos do<br />

País e vários são os motivos para essa tragédia<br />

ambiental: a derrubada de árvores para a confecção<br />

de móveis e inúmeros outros fins, as frentes<br />

agrícolas (desmatamento para fins de pastagem<br />

e plantações), as queimadas e incêndios e, por<br />

fim, o crescimento das cidades (crescimento<br />

populacional, construção de condomínios residenciais<br />

e polos industriais, construção de<br />

rodovias para escoamento de produtos etc.).<br />

Por outro lado, é fato que, atualmente, instituições<br />

públicas, privadas e não governamentais<br />

estão mais atentas aos problemas resultantes<br />

do desmatamento, e unem forças para diminuir<br />

os impactos sobre a natureza. Tanto que as políticas<br />

públicas e as constantes iniciativas dos<br />

outros dois participantes estão conseguindo<br />

desacelerar o ritmo da derrubada de árvores.<br />

Ou seja, a destruição de florestas e áreas verdes<br />

tem acontecido com menor frequência.<br />

MA<strong>DE</strong>IRA DO BEM<br />

A certificação florestal tem o objetivo de<br />

garantir que a madeira utilizada em qualquer<br />

produto ou empreendimento venha de um processo<br />

produtivo ecologicamente adequado,<br />

socialmente justo e economicamente viável. E,<br />

logicamente, dentro das leis vigentes.<br />

A certificação garante a origem da madeira<br />

dentro dos mais rigorosos padrões de legalidade<br />

ambiental. O FSC é hoje o selo verde mais<br />

reconhecido do mundo em relação ao manejo<br />

sustentável de madeira e atua em mais de 75<br />

países. A sigla quer dizer: Forest Stewardship<br />

Council (Conselho de Manejo Florestal), uma<br />

organização internacional sem fins lucrativos,<br />

criada em 1993 por entidades de várias partes<br />

do mundo, que tem como meta diminuir a exploração<br />

predatória e a degradação de florestas.<br />

Para tanto, elaborou critérios capazes de avaliar<br />

se os empreendimentos florestais realizam um<br />

manejo florestal responsável, considerando<br />

aspectos ambientais, sociais e econômicos.<br />

Atualmente, o FSC está sediado em Bonn, na<br />

Alemanha, e possui representações em mais<br />

de 46 países.


Madeira Certificada X Madeira Ilegal<br />

Entenda as diferenças<br />

Infográfico: WWF-Brasil / Talita Ferreira<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

30<br />

MEIO AMBIENTE<br />

Exemplos de ecologicamente correto<br />

Lápis Eco Grip,<br />

da Faber-Castell<br />

Divulgação<br />

Pensando no meio ambiente<br />

e numa forma sustentável<br />

de produzir e lucrar,<br />

empresas de pequeno, médio<br />

e grande porte dão exemplos<br />

de responsabilidade ambiental<br />

e mostram ao país que podem<br />

ser ecologicamente corretas e produtivas<br />

sem pecar na qualidade e<br />

agredir o ambiente.<br />

FABER-CASTELL:<br />

AMIGA DA NATUREZA<br />

Não poderíamos falar de madeira<br />

e não citá-la. Com mais de 240 anos de<br />

existência, a empresa tem uma política<br />

ambiental bastante significativa. Além das<br />

unidades de produção, a empresa possui<br />

uma unidade voltada apenas para a geração<br />

de mudas e operações florestais com industrialização<br />

da madeira e outra área de plantio<br />

e preservação. Sua produção anual chega a 1,8<br />

bilhão de EcoLápis de madeira plantada e fez do<br />

Brasil líder mundial no setor.<br />

Através de um conjunto de ações, a empresa<br />

conquistou vários prêmios e certificados por ser<br />

“amiga“ da natureza. Desde a década de 80, a<br />

Faber-Castell trabalha somente com madeira<br />

reflorestada. Em 1999, as florestas receberam o<br />

certificado FSC. Em 2005, foi a vez dos EcoLápis receberem<br />

o selo. Todas as unidades da empresa no<br />

Brasil são certificadas pela norma ISO 9001:2000,<br />

que trata dos Sistemas de Gestão e Garantia da<br />

Qualidade de processos e produtos.<br />

O sistema de gestão ambiental também<br />

conquistou mais um certificado em 2001, o ISO<br />

14001, pelo LGA InterCert, que foi renovado em<br />

2004 e 2008.<br />

Hoje qualquer processo de produção leva<br />

em conta a preservação do meio ambiente. “Este<br />

cuidado se reflete desde a escolha das áreas de<br />

plantio das árvores até o processo industrial ambientalmente<br />

responsável, com o desenvolvimento<br />

de programas de preservação da biodiversidade<br />

local, solos e águas, reutilização, reciclagem, reaproveitamento<br />

correto de resíduos, chegando até<br />

a educação ambiental de colaboradores diretos e<br />

indiretos e da comunidade”, afirma Jairo Cantarelli,<br />

gerente da Divisão Madeira da Faber-Castell.<br />

A empresa jamais substitui vegetação nativa.<br />

Ela ocupa apenas terras degradadas ou já utilizadas<br />

para projetos florestais e conserva a integridade<br />

dos solos, dos rios e riachos, aumentando os estoques<br />

de água nos lençóis subterrâneos. Só faz o<br />

uso de produtos químicos se são recomendados e<br />

aprovados para o ambiente florestal. Entre outros,<br />

a empresa desenvolve e adota estratégias para<br />

aprimorar constantemente a qualidade e produtividade<br />

da madeira, minimizando a necessidade<br />

de área. Atualmente, 70% dos resíduos da empresa<br />

são reciclados.<br />

ECOEFICIÊNCIA<br />

Todos os subprodutos resultantes do processo<br />

de fabricação do lápis são aproveitados, evitando<br />

o desperdício e a geração de resíduos. As árvores<br />

são aproveitadas em sua totalidade: galhos e folhas<br />

são deixados no solo para que se decomponham<br />

e reincorporem nutrientes. A parte fina da árvore<br />

é aproveitada para a geração de energia ou para a<br />

fabricação de chapas de aglomerado. Os resíduos<br />

da indústria são utilizados e a serragem, além de<br />

gerar energia, também é vendida para granjas de<br />

criação de frangos e para a fabricação de briquetes.<br />

A casca é empregada na produção de húmus. Os<br />

resíduos que são considerados riscos potenciais ao<br />

meio ambiente e à saúde pública são gerenciados<br />

por métodos de tratamento adequados. Toda<br />

a água utilizada nas unidades fabris é tratada e<br />

devolvida à natureza através da ETE (Estação de<br />

Tratamento de Efluentes), considerada estação<br />

modelo pela Companhia de Tecnologia de Saneamento<br />

<strong>Ambiental</strong> (Cetesb). Todo o resíduo<br />

das unidades fabris e escritórios da empresa são<br />

reciclados. Para viabilizar a reciclagem, a segre-<br />

Projeto Animalis, da<br />

Faber-Castell: reserva<br />

em Minas Gerais abriga<br />

espécies em extinção<br />

gação é feita por categorias: vidros,<br />

plásticos, papéis, metais e<br />

não recicláveis. Esses materiais,<br />

quando não passíveis de reaproveitamento<br />

na própria produção,<br />

são vendidos para empresas que<br />

reciclam resíduos. Todo papel<br />

coletado é encaminhado a empresas<br />

de reciclagem e retorna<br />

em forma de cadernos que completam<br />

o kit de material escolar<br />

oferecido aos colaboradores e<br />

seus dependentes.<br />

PROJETO ANIMALIS<br />

Uma área de aproximadamente<br />

10 mil hectares em Prata<br />

(MG), sendo 35% dela de Reserva<br />

Legal ou Preservação Permanente.<br />

O projeto Animalis cuida da<br />

fauna desse lugar há mais de 15<br />

anos e já identificou 219 espécies<br />

de pássaros, 40 de mamíferos e<br />

41 de répteis e anfíbios na área.<br />

Fotos: Divulgação


Fotos: Divulgação<br />

Muitos destes animais estão ameaçados de extinção,<br />

como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e<br />

a onça-parda. O objetivo do projeto é criar um<br />

ambiente propício à sobrevivência dos animais já<br />

existentes, além de fazer com que outras espécies<br />

procurem abrigo nesses parques.<br />

PROJETO ARBORIS<br />

Tem por objetivos a preservação e a recuperação<br />

dos remanescentes da flora nativa presentes<br />

nos parques florestais da empresa. Mais de<br />

300 espécies nativas já foram identificadas nos<br />

inventários. O conhecimento detalhado da flora<br />

existente mais o conhecimento da fauna definem<br />

as ações a serem tomadas para a criação de ambientes<br />

propícios à manutenção e à atração das<br />

espécies da fauna.<br />

PROJETO <strong>DE</strong> CONSERVAÇÃO <strong>DE</strong> SOLOS<br />

A empresa promove práticas adequadas de uso<br />

do solo, difundindo o conhecimento gerado entre<br />

os proprietários rurais locais. Para sua realização, foi<br />

firmado convênio com a Universidade de Brasília<br />

(UnB) por meio do qual a instituição dá suporte<br />

técnico-científico ao monitoramento e controle dos<br />

processos erosivos existentes antes da presença da<br />

Faber-Castell na região. No início do projeto foram<br />

cadastrados 66 processos erosivos, dos quais 62 já<br />

Floresta de pinus e o<br />

plantio das mudas:<br />

projeto da Celulose Irani<br />

estão controlados. Esta experiência foi registrada<br />

em livro lançado pela UnB em 2007.<br />

RAMO MOVELEIRO: ALTERNATIVAS <strong>DE</strong> SUCESSO<br />

Que o progresso acarreta o esgotamento de<br />

recursos naturais e o acúmulo crescente de resíduos,<br />

ninguém tem dúvida. Por outro lado, existem<br />

empresas que fizeram do problema uma causa<br />

nobre e uma forma de produzir sem destruir. Com<br />

essa filosofia, o ramo moveleiro buscou alternativas<br />

para conseguir criar sem causar danos e impactos<br />

ao meio ambiente. A solução foi buscar materiais<br />

que substituíssem os processos criativos.<br />

Através da permacultura (cultura da permanência),<br />

e com a utilização de materiais descartados<br />

na natureza, Adhimar Silva criou a Barrocarte, uma<br />

empresa que confecciona móveis com madeira<br />

de demolição, conferindo qualidade e requinte às<br />

peças. Localizada em Santa Cruz de Minas (MG),<br />

município em ascensão na área de móveis e decoração,<br />

a empresa se fez reutilizando madeira<br />

antiga e descartada na elaboração de projetos<br />

moveleiros. “Só usamos produtos ecologicamente<br />

corretos, e com esta filosofia estamos atraindo<br />

clientes que pensam no meio ambiente e que<br />

buscam um produto diferenciado, de qualidade”,<br />

ressalta Adhimar.<br />

A madeira de demolição é uma alternativa<br />

sustentável e muito interessante<br />

(além de viável) para usos diversos,<br />

tanto na construção de móveis<br />

e objetos variados como na<br />

reinserção em construções civis.<br />

Isso tudo devido a sua origem,<br />

pois se trata de matéria-prima<br />

que não seria mais usada, somente<br />

descartada como mais<br />

um resíduo no meio ambiente.<br />

É bom lembrar que a decomposição<br />

da madeira leva anos, além<br />

de liberar gases nocivos à atmosfera.<br />

Normalmente, quando existe<br />

a demolição de uma obra, por<br />

motivos de reconstrução ou não,<br />

a maioria do que existe ali vira<br />

entulho. E muita madeira sobrevive<br />

para virar mesas, armários,<br />

cadeiras e outros objetos. “Em<br />

tempos de aquecimento global,<br />

a preocupação com o meio ambiente<br />

se tornou mais evidente<br />

entre todos nós. No entanto, o<br />

uso de madeira de demolição<br />

para fins decorativos – o que é<br />

o caso de fábricas de móveis de<br />

madeira de demolição – vem<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

Divulgação<br />

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MEIO AMBIENTE<br />

Peça confeccionada com<br />

madeira de demolição,<br />

da Barrocarte<br />

mostrando há tempos essa preocupação com a<br />

preservação ambiental”, explicou Adhimar, que recupera<br />

a madeira de casarões antigos, dá o devido<br />

tratamento e transforma as mesmas em móveis<br />

de estilo e qualidade. “O produto torna os espaços<br />

mais aconchegantes e bonitos, coordenando<br />

harmoniosamente o rústico com o moderno. Não<br />

deixa de ser uma reciclagem de um material que<br />

já tinha um destino certo: o lixo”, finaliza.<br />

As peças confeccionadas pela empresa são<br />

consideradas de alto luxo e são utilizadas por<br />

renomados arquitetos, designers de interiores,<br />

engenheiros, entre outros. Marceneiros talentosos<br />

espalhados pelas cidades de Santa Cruz de<br />

Minas e São João Del Rei dão vida a materiais<br />

considerados inutilizáveis, transformando-os em<br />

verdadeiras obras de arte. Tudo é criado e produzido<br />

artesanalmente e sem derrubar uma única<br />

árvore. A empresa chega a produzir cerca de 200<br />

peças por mês e, de acordo com o proprietário, se<br />

fosse transformar este número em árvores, seria<br />

necessário cerca de 20 árvores de grande porte<br />

para suprir a produção.<br />

São iniciativas como esta que precisam ser<br />

entendidas, conhecidas e colocadas em prática.<br />

Uma coisa importante é não confundir madeira<br />

de demolição com madeira de reflorestamento. A<br />

madeira de demolição sai da obra que foi destruída<br />

e vai direto para as mãos de verdadeiros artesãos. A<br />

madeira de reflorestamento sai de indústrias ou madeireiras<br />

em forma de placas manufaturadas para<br />

depois serem transformadas em produto final.<br />

PRODUÇÃO RESPONSÁVEL<br />

Outro grande exemplo é a Celulose Irani, que<br />

fabrica móveis para exportação e para o consumidor<br />

final através de uma loja virtual chamada Meu<br />

Móvel de Madeira. Mas não é só isso, a empresa<br />

consegue ir além e trabalha hoje com várias vertentes:<br />

papel, embalagens e resinas. Tudo dentro dos<br />

padrões ecologicamente corretos. A madeira utili-<br />

zada na fabricação dos móveis vem<br />

de florestas cultivadas e planejadas,<br />

localizadas nos estados de Santa<br />

Catarina e Rio Grande do Sul.<br />

O manejo das florestas plantadas<br />

ocorre por meio de ciclos<br />

sucessivos de plantio, quando,<br />

além de garantir matéria-prima<br />

renovável, ainda contribui para a<br />

conservação de florestas nativas<br />

e preservação da biodiversidade<br />

local. O grupo possui locais de<br />

intensa preservação da natureza:<br />

matas nativas de araucária, cedro,<br />

jacarandá e espécies menos conhecidas,<br />

além dos diversos rios,<br />

lagoas, vertentes e animais, como o<br />

macaco-prego, a capivara e a onçapintada,<br />

que também estão dentro<br />

do cenário de preservação.<br />

Com muitas ações em prol<br />

do meio ambiente, a empresa<br />

conquistou a certificação Forest<br />

Stewardship Council. “Com a<br />

conquista do FSC buscamos dar<br />

aos nossos clientes uma garantia<br />

maior da proveniência da madeira<br />

utilizada na fabricação dos móveis,<br />

e também engajar cada vez mais<br />

quem pratica o consumo conscien-<br />

Sofás produzidos com<br />

madeira maciça de<br />

reflorestamento, da<br />

Meu Móvel de Madeira<br />

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Divulgação<br />

te”, afirma Franciane Junctum, coordenadora do<br />

Sistema de Gestão da Qualidade. Além de buscar<br />

a sustentabilidade do seu negócio e minimizar<br />

os impactos das operações industriais, a empresa<br />

só adquire madeira, peças e componentes de<br />

pínus e eucalipto, chapas de MDF, OSB e Duraplac<br />

(compensado e sarrafeado) no mercado regional,<br />

evitando a compra de matérias-primas oriundas<br />

de fontes controversas. Para comprar madeira,<br />

profissionais capacitados da empresa analisam<br />

fornecedores e, como critério, só adquirem madeira<br />

de florestas com certificado FSC. Quando<br />

isso não é possível, verificam a origem da madeira<br />

conforme os critérios definidos pelo FSC e, através<br />

de um questionário acompanhado de evidências<br />

(documentos, declarações, pareceres jurídicos, etc.),<br />

a empresa avalia as condições para se determinar<br />

se a madeira provém de uma área que possui<br />

um alto ou baixo risco em relação aos critérios<br />

definidos pelo FSC. “Nesse processo, são controlados<br />

a autenticidade dos materiais fornecidos e<br />

o atendimento das definições e exemplos do FSC”,<br />

explica Franciane.<br />

O grupo também tem capacidade para produzir<br />

cerca de 15 mil toneladas mensais de papéis<br />

Kraft pardo e branco de 30 a 200 g/m², além de<br />

papéis para a fabricação de chapas e caixas de<br />

papelão ondulado. Em 2005, a empresa inaugurou<br />

na Unidade Fabril Papel, em Vargem Bonita (SC), a<br />

Usina de Co-geração de Energia, um projeto MDL<br />

(Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) à base<br />

de biomassa. O projeto trouxe autossuficiência<br />

energética à unidade e reduziu a emissão de poluentes<br />

na atmosfera. Com isso, a Celulose Irani S.A.<br />

é a primeira empresa brasileira do setor de papel e<br />

embalagem e a segunda no mundo a ter créditos<br />

de carbono emitidos segundo o Protocolo de Kyoto.<br />

Ou seja: ela retirou mais carbono da atmosfera<br />

do que emitiu, em função do grande volume de<br />

florestas plantadas e da energia gerada pela própria<br />

empresa por meio das suas hidroelétricas e<br />

termoelétricas. Em 2006, a Irani ativou sua nova<br />

Planta de Recuperação de Produtos Químicos. O<br />

investimento, além de permitir o aumento da produção<br />

de celulose em 30%, elevando de 170 para<br />

220 toneladas por dia a capacidade instalada da<br />

unidade, possibilitou um melhor aproveitamento<br />

térmico do processo, gerando uma economia de<br />

aproximadamente seis mil toneladas mensais de<br />

biomassa. Com suas várias ações, em 2007 o grupo<br />

recebeu da ISO a certificação 9001:2000.<br />

SELO BIOMÓVEL<br />

O conceito do móvel ecologicamente correto<br />

está neste selo e é exclusivo do APL Móveis do<br />

Planalto Catarinense, região onde as empresas<br />

utilizam madeira renovável e buscam processos<br />

ambientalmente corretos. Atualmente, 25 empresas<br />

estão credenciadas a fabricar produtos com o selo.<br />

Entre elas, a Meu Móvel de Madeira.<br />

Para poder batizar um produto com o selo<br />

Biomóvel, as empresas precisam cumprir diversas<br />

exigências no desenvolvimento do móvel e no<br />

processo de fabricação. Entre os principais requisitos<br />

Dormitório Grossl: elaborado<br />

dentro das normas<br />

de certificação e com<br />

orientações do Sebrae<br />

estão a obrigatoriedade de ter na<br />

composição do móvel 100% de<br />

madeira de origem reflorestada,<br />

utilizar exclusivamente adesivos<br />

à base de PVA, controlar os resíduos<br />

gerados durante o processo<br />

produtivo, direcionar de forma<br />

ambientalmente adequada produtos<br />

químicos, vasilhames e resíduos<br />

não orgânicos, otimizar o<br />

número de componentes e peças,<br />

escolher materiais e processos de<br />

baixo impacto e evitar a utilização<br />

de materiais tóxicos. Políticas de<br />

segurança e socialmente justas<br />

também integram as exigências<br />

do Biomóvel.<br />

A proposta do Biomóvel é<br />

construir um modelo de desenvolvimento<br />

econômico e social<br />

sustentável aliando tecnologia<br />

limpa e materiais não nocivos ao<br />

meio ambiente ou à saúde do<br />

consumidor. “É uma nova cultura<br />

na produção de móveis. As indústrias,<br />

além de atenderem a<br />

todos os requisitos de qualidade,<br />

também estão oferecendo ao<br />

mercado produtos que unem design<br />

moderno, resistência e visão<br />

ambiental”, explica o coordenador<br />

do projeto, Carlos Mattos.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

33


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

34<br />

Divulgação<br />

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CONSUMO CONSCIENTE<br />

Em substituição aos<br />

convencionais aramados<br />

de metal, supermercados<br />

estão aderindo aos<br />

carrinhos feitos de plástico.<br />

Ecologicamente corretos,<br />

são 100% recicláveis, e seu<br />

processo de fabricação não<br />

agride o meio ambiente.<br />

Exigem pouca manutenção, são<br />

fáceis de manusear e menos<br />

ruidosos. Os modelos da<br />

Masterplastic apresentam<br />

durabilidade, praticidade,<br />

conforto e higiene.<br />

www.masterplastic.com.br.<br />

Estabelecida no Vale do Parnaíba,<br />

a OSCIP Orienta Vida é responsável,<br />

desde 1999, por capacitar<br />

mulheres artesãs da região de<br />

Poti (SP). Elas trançam a fibra e<br />

de suas mãos surgem os lindos<br />

pendentes da Linha Taboa, que<br />

são parte da coleção 2009 da<br />

Bertolucci. Muito utilizada<br />

na produção de cestarias e<br />

esteiras, a taboa, uma fibra<br />

de planta aquática tropical,<br />

mostrou que também pode<br />

ser usada na iluminação.<br />

O efeito é ao mesmo<br />

tempo rústico e sofisticado,<br />

em uma trama forte<br />

e resistente.<br />

www.bertolucci.com.br<br />

www.orientavida.org.br<br />

Além de embelezar os<br />

espaços com estilo, estas<br />

lixeiras são práticas e feitas<br />

de material que não agride<br />

o meio ambiente. Recoberta<br />

com couro pespontado e<br />

revestida por recouro, as<br />

lixeiras têm durabilidade<br />

garantida, e podem ser<br />

fabricadas em couro liso,<br />

croco ou lezard. Os valores<br />

variam de acordo com o<br />

material escolhido.<br />

www.laeder.com.br<br />

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Divulgação<br />

Divulgação<br />

A Tintas Futura lança no<br />

mercado uma alternativa<br />

ecológica para pinturas<br />

de superfícies de madeira<br />

e metal. O esmalte à base<br />

d’água, com todas as<br />

qualidades do esmalte<br />

sintético, não afeta a<br />

natureza nem prejudica a<br />

saúde. Sua fórmula oferece<br />

resistência a fungos, não<br />

amarela com o tempo e<br />

dispensa a compra do<br />

solvente utilizado para<br />

diluição e limpeza.<br />

www.futuratintas.com.br<br />

A linha “De pet para pet”, produzida pela Lazza Pet, estimula<br />

a coleta e o aproveitamento do material reciclável<br />

disponível em garrafas de refrigerante, água mineral e<br />

outros, ajudando na preservação do meio ambiente.<br />

Com design anatômico, as peças proporcionam<br />

conforto e bem-estar para os animais. São<br />

roupinhas e acessórios que permitem que os<br />

animais corram, brinquem e se movimentem<br />

sem nenhuma dificuldade. A qualidade<br />

e o acabamento também estão<br />

presentes nos produtos,<br />

acompanhando as tendências<br />

da moda de cada estação.<br />

www.lazza.com.br<br />

Bolsas de algodão estão mais presentes nas ruas.<br />

Estilosas, práticas e resistentes, elas substituem<br />

perfeitamente os sacos plásticos, um dos grandes<br />

vilões da poluição, que demoram mais de 100 anos<br />

para se degradarem na natureza, gerando acúmulo<br />

de lixo e poluição. A Drogaria São Paulo incentiva esta<br />

iniciativa com a venda das sacolas de algodão a custo<br />

acessível. www.drogariasaopaulo.com.br<br />

Divulgação


Divulgação<br />

Agricultura Sustentável descreve ações<br />

de educação e responsabilidade<br />

socioambiental. Apresenta projetos sobre<br />

seis temas: Boas Práticas Agrícolas,<br />

Comunidade, Educação, Emprego e<br />

Renda, Meio Ambiente e Pessoas.<br />

www.andef.com.br<br />

Sylvain Darnil (Nestlé) e Mathieu Le<br />

Roux escreveram 80 homens para<br />

mudar o mundo. O livro retrata 80<br />

iniciativas de empresários que, ao redor<br />

do planeta, mantêm negócios rentáveis<br />

sem agredir o ambiente, promovendo o<br />

equilíbrio socioeconômico.<br />

www.clioeditora.com.br<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

O livro Inteligência Ecológica mostra<br />

que conhecer os impactos ambientais<br />

ocultos do consumo, fabricação e<br />

venda, pode orientar nossas decisões,<br />

tornando-as alinhadas com o que<br />

desejamos para nossas vidas.<br />

www.campus.com.br<br />

Divulgação<br />

Para guardar boas lembranças ou<br />

colocar aos pés da cama para organizar<br />

edredons e travesseiros. Superprático,<br />

este baú feito pela Barrocarte com<br />

madeira de demolição tem 1,50 m de<br />

comprimento por 0,50 m de altura e<br />

profundidade, nas opções de acabamento<br />

pátina, cal, pintura artística e policromia.<br />

www.barrocarte.com<br />

Divulgação<br />

O Moto W233 Eco é o primeiro<br />

aparelho do mundo feito de<br />

garrafas plásticas. Possui um<br />

kit 100% reciclável, com<br />

embalagem e manual produzidos<br />

a partir de papel reciclado. O<br />

aparelho tem 25% da estrutura<br />

externa feita a partir de<br />

garrafas plásticas e uma<br />

bateria com vida útil de até<br />

nove horas de conversação,<br />

que garante economia de<br />

tempo e energia. Parceria<br />

com a Carbonfund.org,<br />

compensará o dióxido<br />

de carbono gerado<br />

durante o seu ciclo<br />

de vida.<br />

www.motorola.com.br<br />

www.carbonfund.org<br />

A TriFil apresenta a<br />

linha Ecology Bambu,<br />

produzida da fibra da<br />

planta, considerada uma<br />

das matérias-primas mais<br />

ecológicas do século. O<br />

produto surpreende pelo<br />

conforto e capacidade de<br />

absorção do suor. Além<br />

disso, é hipoalergênico e<br />

antibacteriano.<br />

A coleção tem quatro<br />

produtos desenvolvidos<br />

com a fibra: calcinhas<br />

(tanga e boxer) e cuecas<br />

(boxer e slip). Calcinhas<br />

P, M e G nas cores branca,<br />

preta e chocolate,<br />

e cuecas P, M, G e EG<br />

nas cores branca, preta,<br />

azul denim e duna.<br />

www.trifil.com.br<br />

A tinta acrílica Zero, da Renner, é<br />

um produto de acabamento fosco<br />

e semibrilho. Com zero odor, ela<br />

não respinga e não agride o meio<br />

ambiente, pois não contém VOC<br />

(Compostos Orgânicos Voláteis).<br />

Indicada para superfícies externas<br />

e internas de alvenaria.<br />

www.tintasrenner.com.br<br />

Seguindo a tendência de inserir elementos<br />

que não agridam a natureza em móveis e<br />

objetos de decoração, Vera Gonzaga lança<br />

coleção de puffs, mobílias e banquetas em<br />

madeira e/ou com revestimento de couro<br />

reciclado. Tudo ecologicamente correto.<br />

www.veragonzaga.com.br<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

35<br />

Divulgação


RODANDO TECNOLOGIA CO<br />

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE


M SOLUÇÕES INOVADORAS<br />

Rua César Cavassi, 74<br />

Jd. do Lago - São Paulo - SP<br />

cep: 05550-050<br />

55-11-3783-7800<br />

rodotec@rodotecltda.com.br<br />

www.rodotecltda.com.br


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

38<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Como parte integrante da publicação, o CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong> é composto de informação<br />

mais direcionada, colocando à disposição de nossos leitores matérias técnicas, cobertura<br />

de eventos e dados de interesse específico sem, no entanto, abrir mão de uma linguagem<br />

mais aberta e de fácil entendimento para todos.<br />

A parceria com empresas e entidades do setor é que torna possível a realização deste caderno.<br />

O apoio da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos<br />

Especiais) se mantém nesta edição, confirmando a importância da VISÃO AMBIENTAL para o<br />

segmento. Outras entidades e associações que nos procuraram devem passar a integrar as<br />

próximas edições de forma mais concreta, possibilitando maior abrangência de informações<br />

e ações direcionadas ao nosso público-alvo.<br />

Fazemos aqui um agradecimento especial à AESabesp (Associação dos Engenheiros da<br />

Sabesp), organizadora da Fenasan e nossa apoiadora na realização e lançamento da revista<br />

junto ao setor de saneamento básico.<br />

São destaques nesta edição:<br />

• RSS - <strong>RESÍDUOS</strong> <strong>DE</strong> SERVIÇOS <strong>DE</strong> SAÚ<strong>DE</strong><br />

• COBERTURA COMPLETA DA XX FENASAN (Feira Nacional de Saneamento e Meio<br />

Ambiente) E DO ENCONTRO TÉCNICO<br />

• COBERTURA SEMINÁRIO AMBIANCE<br />

• LANÇAMENTO PANORAMA ABRELPE 2008<br />

• LANÇAMENTO OFICIAL DA REVISTA VISÃO AMBIENTAL<br />

O CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong> tem ainda conteúdo exclusivo para nosso portal, com depoimentos<br />

de visitantes da Fenasan e a lista completa de expositores, apoiadores e parceiros<br />

da feira, além de um painel de fotos do lançamento do Panorama Abrelpe.<br />

Visite www.rvambiental.com.br e cadastre-se. Visitantes cadastrados passam a receber<br />

informativos semanais com notícias sobre meio ambiente, resíduos e sustentabilidade.<br />

• As matérias e assuntos abordados neste caderno não são exclusivos da entidade apoiadora;<br />

tratam de forma abrangente de assuntos de interesse do setor.


Lançamento<br />

Panorama dos Resíduos<br />

Sólidos no Brasil - 2008<br />

Por Susi Guedes<br />

Informação detalhada e com aval de uma entidade<br />

conceituada são fundamentais para uma<br />

análise isenta e profunda de qualquer segmento.<br />

Pensando nisto, e mantendo o foco no desenvolvimento<br />

de um setor que precisa ser melhor<br />

entendido e ter sua fundamental importância<br />

reconhecida, a Abrelpe (Associação Brasileira de<br />

Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais),<br />

lançou no dia 10 de agosto mais uma edição<br />

do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil.<br />

Utilizando-se de metodologia estatística para<br />

captação e tabulação de dados, a entidade consegue<br />

traçar o perfil da situação destas questões<br />

na atualidade – esta edição tem como base as<br />

informações coletadas em 2008. Tais elementos<br />

devem servir de base a empresas, entidades,<br />

instituições públicas e privadas no sentido de<br />

encontrar soluções adequadas e segmentadas,<br />

atendendo às necessidades de cada região.<br />

Todos os tipos de resíduos sólidos foram analisados<br />

separadamente. Números, gráficos e um<br />

diagnóstico dos resultados conferem consistência<br />

e relevância à pesquisa, que contempla todas<br />

as variantes de resíduos sólidos (RSU– resíduos<br />

sólidos urbanos, RSI- resíduos sólidos industriais,<br />

RSS- resíduos de serviços de saúde, RCD- resíduos<br />

da construção e demolição).<br />

Uma cerimônia presidida por João Carlos David,<br />

presidente da entidade, reuniu membros da<br />

Abrelpe, personalidades e autoridades. Além do<br />

lançamento oficial, foi consolidado um acordo<br />

de cooperação com a Plastivida (Instituto Sócio-<br />

<strong>Ambiental</strong> dos Plásticos), acordo este que objetiva<br />

promover a recuperação energética dos resíduos<br />

sólidos e o desenvolvimento sustentável.<br />

De acordo com a Plastivida, entidade que vem<br />

promovendo a tecnologia da reciclagem energética<br />

em seu trabalho de educação ambiental pelo<br />

Brasil, a destinação do lixo urbano transformou-se<br />

num dos mais graves problemas das grandes cida-<br />

Divulgação<br />

João Carlos David e<br />

autoridades convidadas<br />

para o lançamento oficial do<br />

Panorama Abrelpe 2008<br />

des. “Países que adotam a reciclagem energética<br />

conseguem reduzir substancialmente o volume<br />

de seus resíduos, um benefício incalculável, principalmente<br />

para localidades que contam com<br />

problemas de espaço para a destinação de lixo”,<br />

explica o presidente da entidade, Francisco de<br />

Assis Esmeraldo.<br />

Juntas, as entidades iniciarão estudos sobre a<br />

viabilidade política e econômica para a instalação<br />

das usinas de reciclagem energética no Brasil, assegurando<br />

a continuidade do processo. “Isso porque<br />

se trata de um projeto de capital intensivo”, lembra<br />

o presidente da Abrelpe, João Carlos David.<br />

Participaram da mesa e da solenidade: Ana<br />

Cristina Pasini da Costa - diretora da Cetesb; Arnaldo<br />

Jardim - deputado Federal e coordenador<br />

do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da<br />

Câmara dos Deputados; Casemiro Tércio Carvalho<br />

- Secretaria Estadual de Meio Ambiente, representando<br />

o secretário Xico Graziano; Rodolfo<br />

Costa e Silva - deputado estadual; Paulo Teixeira<br />

- deputado federal; Fernando Tadeu da Costa<br />

Passos - gerente regional de negócios da Caixa<br />

Econômica Federal; Luiz de Carvalho - secretário<br />

de Relações Políticas e Institucionais da Prefeitura<br />

de Curitiba - PR; Marisa Guimarães - Secretaria<br />

de Estado de Saneamento e<br />

Energia de São Paulo, representando<br />

a secretária estadual<br />

Dilma Seli Pena; Nelson Pereira<br />

dos Reis - vice-presidente da<br />

Fiesp e do Conselho Superior<br />

de Meio Ambiente (Cosema)<br />

e diretor titular do Departamento<br />

de Meio Ambiente;<br />

vereador Gilberto Natalini -<br />

vereador do município de São<br />

Paulo; Afonso Celso Teixeira de<br />

Moraes - Limpurb/São Paulo,<br />

representando o secretário<br />

municipal de Serviços da Prefeitura<br />

de São Paulo.<br />

O acesso ao Panorama<br />

dos Resíduos Sólidos no Brasil<br />

se dá através do site www.<br />

abrelpe.org.br , onde é possível<br />

baixar seu conteúdo gratuitamente.<br />

Mais informações<br />

sobre o acordo no site www.<br />

plastivida.org.br<br />

Fonte: assessorias de<br />

imprensa das entidades<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

39


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

40<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Lixo bem tratado<br />

Com segurança, tecnologia<br />

e consciência ambiental,<br />

municípios e instituições<br />

se unem para melhorar a<br />

gestão dos resíduos da<br />

área da saúde<br />

Por Tais Castilho e Miriam Bollini<br />

Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) ocupam<br />

lugar de destaque quando falamos em meio<br />

ambiente e saúde pública. O manejo inadequado<br />

desses resíduos causa grande impacto no<br />

ambiente por conter uma carga significativa de<br />

componentes químicos, biológicos e radioativos.<br />

Quando falamos em saúde pública, os RSS aparecem<br />

como grandes inimigos do homem, pois<br />

exercem influência na transmissão de doenças<br />

através da contaminação de moscas, mosquitos,<br />

baratas e roedores que encontram as condições<br />

necessárias para procriação. Outro grande risco<br />

é para os trabalhadores, que se tornam vítimas<br />

de acidentes devido ao mal acondicionamento<br />

dos resíduos perfurocortantes, que, por sua<br />

vez, contribuem diretamente para o aumento<br />

da incidência de infecção hospitalar. Para o meio<br />

ambiente, o risco é ainda mais significativo, já que<br />

acarretam poluição biológica, física e química do<br />

solo e do ar, submetendo as pessoas às variadas<br />

formas de exposição, ao contato direto ou indireto<br />

com vetores biológicos e mecânicos. Por isso, é<br />

muito importante que os geradores de resíduos<br />

tratem e destinem adequadamente todo “lixo”<br />

produzido por eles.<br />

Conforme a Resolução nº 358/05 do Conama<br />

(Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a Resolução<br />

da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306/04 da<br />

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),<br />

os RSS são tudo aquilo gerado por prestadores<br />

de assistência médica, odontológica, laboratorial,<br />

farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa<br />

médica e que são altamente prejudiciais. De<br />

acordo com o Dr. Hamilton Coelho, presidente<br />

da Comissão Interna de Biossegurança do<br />

Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, do Rio de<br />

Janeiro, os RSS trazem grande risco em função<br />

da presença de materiais biológicos capazes de<br />

causar infecção, além de objetos perfurocortantes<br />

contaminados, produtos químicos perigosos e<br />

até mesmo os rejeitos radioativos. “Todos requerem<br />

cuidados específicos de acondicionamento,<br />

transporte, armazenamento, coleta, tratamento<br />

e disposição final”, ressalta o especialista.<br />

Parte da solução veio com a homologação de<br />

resoluções que falam da necessidade de definir<br />

procedimentos mínimos para o gerenciamento<br />

de resíduos, com o objetivo de preservar a saúde<br />

pública e a qualidade do meio ambiente. Inicialmente,<br />

a Resolução n o 5/93 (Conama) e sua<br />

regulamentação posterior definiram os resíduos<br />

sólidos, bem como sua destinação e transporte.<br />

A resolução prevê que tais estabelecimentos<br />

devem fazer um Plano de Gerenciamento de Resíduos<br />

Sólidos (PGRSS) e submetê-lo à aprovação<br />

dos órgãos de meio ambiente, saúde pública e<br />

vigilância sanitária competentes, identificando o<br />

responsável técnico por aquela atividade.<br />

RESOLUÇÕES, CLASSIFICAÇÃO E RISCOS<br />

São várias as classificações para os RSS. No<br />

Brasil devemos nos guiar através das resoluções<br />

redigidas pela ABNT (Associação<br />

Brasileira de Normas Técnicas),<br />

pelo Conama e pela Anvisa. Já os<br />

riscos, tanto ao meio ambiente<br />

quanto à saúde pública, são classificados<br />

segundo a Norma n o<br />

10.004/87 da ABNT. A Resolução<br />

n o 05/93 do Conama classifica<br />

os resíduos em quatro grandes<br />

grupos (A, B, C e D).<br />

Resíduos Grupo A : Mistura de<br />

micro-organismos e meios de<br />

cultura inoculados provenientes<br />

de laboratório clínico ou<br />

de pesquisa; vacina vencida<br />

ou inutilizada; filtros de ar e<br />

gases aspirados da área contaminada,<br />

membrana filtrante<br />

de equipamento médico hospitalar<br />

e de pesquisa; sangue,<br />

hemoderivados e resíduos que<br />

tenham entrado em contato<br />

com estes; tecidos, membranas,<br />

órgãos, placentas, fetos,<br />

peças anatômicas; animais<br />

— inclusive os de experimentação<br />

e os utilizados para estudos<br />

— carcaças e vísceras<br />

suspeitos de serem portadores<br />

de doenças transmissíveis e os<br />

mortos a bordo de meios de<br />

transporte e todos os resídu-<br />

Photoxpressa


os que tenham entrado em contato com eles;<br />

objetos perfurantes ou cortantes provenientes<br />

de estabelecimentos prestadores de serviços de<br />

saúde; excreções, secreções, líquidos orgânicos<br />

procedentes de pacientes e todos os resíduos<br />

contaminados por estes; resíduos de sanitários<br />

de pacientes; resíduos de área de isolamento;<br />

materiais descartáveis que tiveram contato com<br />

paciente; lodo de estação de tratamento de<br />

esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde e<br />

resíduos provenientes de áreas endêmicas ou<br />

epidêmicas definidas por autoridades de saúde<br />

competente.<br />

Resíduos Grupo B: Drogas quimioterápicas e<br />

outros produtos que possam causar mutagenicidade<br />

e genotoxicidade e os materiais por elas<br />

contaminados; medicamentos vencidos, interditados,<br />

não utilizados, alterados e medicamentos<br />

impróprios para o consumo; antimicrobianos e<br />

hormônios sintéticos; demais produtos considerados<br />

perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis<br />

e reativos).<br />

Resíduos Grupo C: Enquadram-se neste grupo<br />

os resíduos radioativos ou contaminados com<br />

radionuclídeos, provenientes de laboratórios de<br />

análises clínicas, serviços de medicina nuclear<br />

e radioterapia.<br />

Resíduos Grupo D: Resíduos comuns, que não<br />

se enquadram nos grupos A, B e C.<br />

Em 2001, a Resolução nº 283 é apresentada<br />

pelo Conama com o intuito de complementar<br />

e melhorar a Resolução nº 5. Nela é discutido o<br />

tratamento e destino final dos RSS. Considerando<br />

também que as ações de prevenção são eficazes<br />

e diminuem os riscos ao meio ambiente e à saúde<br />

pública, com o passar dos anos as resoluções que<br />

dão diretrizes relacionadas ao meio ambiente<br />

melhoraram muito. Hoje, para toda infração relativa<br />

à destinação dos RSS existe uma punição<br />

descrita, o que não significa que todo criminoso<br />

ambiental seja preso e pague multas. O que vem<br />

acontecendo, na verdade, é que o meio ambiente<br />

tem sido visto pelos fiscais com um pouco mais<br />

de responsabilidade e cuidado e, portanto, as<br />

fiscalizações têm se intensificado.<br />

Atualmente, no Brasil existem duas legislações<br />

que regulamentam os serviços: a RDC 306/04, da<br />

Anvisa, e a Resolução 358/05, do Conama. Essas<br />

resoluções regulamentam a obrigatoriedade dos<br />

geradores de resíduos de saúde humana e animal<br />

Divulgação<br />

darem a devida segregação, armazenamento,<br />

coleta, transporte, tratamento e disposição final<br />

aos RSS. Lembrando que, apesar de existir normas<br />

específicas em âmbito nacional, os estados e municípios<br />

podem ter sua própria legislação.<br />

<strong>DE</strong>SCARTE E ACONDICIONAMENTO<br />

A separação por categoria (segregação) deve<br />

ser feita no local onde os resíduos são gerados e<br />

colocados em recipientes próprios. O acondicionamento<br />

dos RSS deve ser feito em contenedores<br />

resistentes e impermeáveis, na hora e no local<br />

onde foram produzidos, de acordo com a classificação<br />

e o estado em que se encontram. Por isso<br />

que na maioria dos hospitais, clínicas e instituições<br />

que geram resíduos, encontram-se recipientes<br />

diversos para acondicioná-los, já separando as<br />

sobras por categoria.<br />

Geralmente, os RSS do grupo A devem ser<br />

acondicionados em saco resistente e impermeável,<br />

de cor branco leitosa, com a simbologia de resíduo<br />

infectante. No caso de resíduos pesados e úmidos,<br />

o saco deve ser duplo. Eles devem ser identificados<br />

com rótulos e a inscrição do tipo de resíduo.<br />

Os do grupo B seguem os mesmos padrões, só<br />

mudando a identificação de substância tóxica e<br />

a inscrição de resíduo tóxico. Os perfurocortantes<br />

são acondicionados em recipientes resistentes,<br />

estanques, rígidos, com tampa e identificados<br />

como resíduos classe A, conforme a Norma Brasileira<br />

n o 10.004 da ABNT, sendo expressamente<br />

proibido o esvaziamento desses recipientes para o<br />

seu reaproveitamento. Os recipientes não devem<br />

ultrapassar 2/3 de sua capacidade. As agulhas<br />

Coleta Sterlix:<br />

contenedores<br />

resistentes e<br />

impermeáveis<br />

O que é ISO?<br />

É um conjunto de normas<br />

definidas pela International<br />

Organization for<br />

Standardization – ou seja,<br />

as iniciais em inglês para<br />

Organização Internacional<br />

para Padronização.<br />

Quando se fala em ISO<br />

14000, diz-se de normas para<br />

a gestão ambiental em empresas.<br />

Atingir um desempenho<br />

ambiental exemplar requer<br />

empenho da organização com<br />

uma abordagem constante e<br />

melhorias contínuas do seu<br />

sistema de gestão ambiental.<br />

Esta certificação é bem criteriosa<br />

e apenas empresas com<br />

excelência no assunto conseguem<br />

conquistá-la. A partir<br />

do momento que as firmas<br />

começam a seguir as normas<br />

do ISO 14000, elas reduzem<br />

significativamente os danos<br />

ao meio ambiente. Ao implantar<br />

os processos indicados, a<br />

empresa conquista o certificado,<br />

o que significa que a<br />

organização possui responsabilidade<br />

ambiental. Para<br />

conquistar e manter o título,<br />

é preciso seguir a legislação<br />

ambiental do país, treinar e<br />

qualificar os funcionários para<br />

seguirem as normas, diagnosticar<br />

os impactos ambientais<br />

que está causando e aplicar<br />

procedimentos para diminuir<br />

os danos ao meio ambiente.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

41


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

42<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Sistema de autoclave:<br />

descaracterização de objetos<br />

como lâminas, agulhas,<br />

seringas entre outros<br />

usadas em quimioterapia, assim<br />

como todos os outros materiais,<br />

são considerados resíduos<br />

classe B. As agulhas usadas para<br />

aplicação de radiofármacos são<br />

consideradas classe C. As agulhas<br />

descartáveis devem ser<br />

desprezadas juntamente com as<br />

seringas, sendo proibido reencapá-las<br />

ou proceder a sua retirada<br />

manualmente. De acordo com<br />

as normas, os serviços locais de<br />

Divulgação<br />

limpeza ficam com os resíduos do grupo D.<br />

TRATAMENTO E <strong>DE</strong>STINAÇÃO<br />

O tratamento dos resíduos é caracterizado<br />

segundo os processos que recebem: térmicos,<br />

químicos ou biológicos. O objetivo é descontaminar,<br />

desinfectar ou esterilizar os RSS alterando suas<br />

características biológicas, químicas e físicas para<br />

assim diminuir e até mesmo eliminar os riscos à<br />

saúde pública e ao meio ambiente. Seja qual for<br />

o processo de tratamento adotado, deverão ser<br />

dispostos em aterro sanitário projetado, operado<br />

e monitorado, tanto para disposição das cinzas ou<br />

escórias provenientes de incineração como para<br />

a carga esterilizada em autoclaves. Segundo o<br />

professor Antonio Germano Gomes Pinto, especialista<br />

em recursos naturais, tecnologia e gestão<br />

ambiental, o método de incineração, desde que<br />

seja realizado o tratamento dos gases emitidos,<br />

é o método mais indicado: “Financeiramente o<br />

incinerador é mais interessante, pois consome<br />

menos energia e reduz a quantidade de resíduos<br />

em até 97%. <strong>Ambiental</strong>mente também é vantajoso,<br />

pois a autoclave e o micro-ondas eliminam<br />

apenas a contaminação biológica, permanecendo<br />

contaminantes químicos e físicos, que são encaminhados<br />

ao aterro sanitário e podem contaminar<br />

a água e o ar”, alerta.<br />

No processo de incineração acontece a decomposição<br />

dos RSS através de altas temperaturas,<br />

entre 900 e 1250 ºC, com tempo de permanência<br />

controlada. É utilizado para o tratamento de<br />

resíduos de grande perigo e que precisam ser<br />

destruídos de forma segura. “É a decomposição<br />

térmica devido à oxidação em alta temperatura<br />

da parte orgânica dos resíduos. Acontece uma<br />

fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o<br />

Grupo Fleury: sustentabilidade e<br />

responsabilidade com o meio ambiente<br />

Pela primeira vez no País, uma empresa<br />

do setor de saúde recebe licença de operação<br />

para tratamento interno de resíduos infectantes.<br />

Por meio de autorização concedida pela<br />

Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento<br />

<strong>Ambiental</strong> do Estado de São Paulo), o<br />

Fleury trata o lixo infectante gerado na sede<br />

técnico-administrativa, transformando-o em<br />

resíduo comum. Para tanto, foi necessário que<br />

atendesse às exigências do órgão, como a monitoração<br />

da qualidade dos efluentes, do nível<br />

de ruído, e, também, avaliações regulares para<br />

controlar o desempenho do processo. A instalação<br />

do sistema precisou da compra de duas<br />

autoclaves (equipamentos que funcionam sob<br />

alta pressão e temperatura elevada) para destruir<br />

os micro-organismos, e de um triturador para<br />

descaracterizar o material, reduzindo-o em peso<br />

e, principalmente, em volume.<br />

Confira a entrevista com o gerente de sustentabilidade<br />

do grupo, Daniel Périgo.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>: Quais as ações que a<br />

instituição adotou para diminuir os impactos<br />

ao meio ambiente?<br />

Divulgação<br />

Daniel Périgo: Para o Fleury Medicina e Saúde, o<br />

conceito de sustentabilidade é parte integrante<br />

de nossa missão. As atividades neste sentido<br />

são norteadas pela integração dos conceitos<br />

ambientais e sociais, até os financeiros, conforme<br />

preconizado pelo modelo TBL (Triple<br />

Bottom Line — resultados de uma empresa<br />

que são medidos em termos sociais, ambientais<br />

e econômicos). Em agosto de 2002, o Fleury<br />

implementou um Sistema de Gestão Integrada,<br />

migrando seu sistema da qualidade, previamente<br />

certificado, para a versão 2000 da norma ISO<br />

9001, e conquistando também a certificação ISO<br />

14001, com a qual oficializou a preocupação<br />

ambiental da empresa. Neste processo, além<br />

do atendimento à legislação ambiental aplicável,<br />

o Fleury buscou otimizar suas rotinas de<br />

trabalho. O sistema trouxe para a empresa um<br />

melhor controle de seus aspectos ambientais e<br />

foi ainda acompanhado pelo estabelecimento de<br />

ações de monitoramento e Programas de Gestão<br />

<strong>Ambiental</strong>. Com relação a esses programas, destaca-se<br />

o voltado à minimização da geração de<br />

resíduos e os voltados à redução do consumo de


água, papel e energia. A criação da área de<br />

sustentabilidade, em 2007, e a subsequente<br />

unificação das ações sociais da empresa<br />

permitiram explorar de maneira mais consistente<br />

as diversas sinergias existentes entre as<br />

dimensões da sustentabilidade. Além disso,<br />

como parte de seu compromisso ambiental,<br />

o Fleury adotou em 2008, em parceria com a<br />

Delegacia Regional do Trabalho, o programa<br />

“Empresa Livre de Mercúrio”, substituindo<br />

os equipamentos que continham mercúrio<br />

metálico por alternativas sem esse elemento,<br />

iniciativa pela qual recebeu menção honrosa<br />

do órgão. Ainda em 2008 foi inaugurada a<br />

primeira unidade de atendimento sustentável,<br />

a Rochaverá-Morumbi.<br />

Construída segundo os requisitos da certificação<br />

LEED (Leadership in Energy and<br />

Environmental Design — em português,<br />

Liderança na Energia e no Projeto <strong>Ambiental</strong>),<br />

do U.S. Greenbuilding Council, desde a<br />

fase de planejamento até o término da fase<br />

de obras, foram adotadas várias medidas<br />

visando à redução dos impactos ambientais<br />

oriundos da construção civil, dentre as<br />

quais se destacam o estudo da eficiência<br />

energética da unidade e a utilização de equipamentos<br />

livres de CFC, madeira certificada,<br />

Divulgação<br />

Incinerador Pioneira: resíduos se transformam em anidrido<br />

carbônico (CO 2 ), anidrido sulfuroso (SO 2 ), nitrogênio (N 2 ),<br />

oxigênio (O 2 ), água (H 2 O) e cinzas<br />

peso e as características de periculosidade dos resíduos”,<br />

define o professor. As escórias e cinzas são<br />

dispostas em aterro sanitário próprio, os efluentes<br />

líquidos devem ser encaminhados para estação<br />

de tratamento e os gases oriundos da queima<br />

precisam ser tratados e monitorados.<br />

A Pioneira <strong>Ambiental</strong> foi a primeira empresa<br />

brasileira a conseguir licença e instalar um incinerador<br />

privado. Hoje, segundo levantamento<br />

da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza<br />

Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), são doze<br />

incineradores em todo Brasil. A técnica usada<br />

pela empresa é uma das mais positivas ao meio<br />

ambiente: a dry scrubber, ou seja, que remove os<br />

poluentes a seco. Ele “limpa” os resíduos sem gerar<br />

efluentes contaminados, o que atende aos mais<br />

rigorosos limites de emissões. “Temos capacidade<br />

para incinerar dez toneladas por dia, já que temos<br />

duas linhas com capacidade de cinco toneladas;<br />

nosso sistema foi projetado para operar dentro<br />

das mais rigorosas leis vigentes” ressalta o gerente<br />

de projetos do grupo Pioneira, Andreas Babinskys.<br />

Segundo ele, o sistema em operação emite menos<br />

do que 15% dos valores máximos permitidos. As<br />

emissões de gases são permanentemente con-<br />

materiais de rápida renovação na natureza<br />

e produtos livres de metais pesados e substâncias<br />

voláteis.<br />

RVA: O que é feito com os resíduos sólidos?<br />

DP: O programa de gerenciamento de resíduos<br />

do Fleury segue padrões de referência<br />

na área. Cada resíduo possui um descarte<br />

e destinação específicos, de acordo com a<br />

natureza e o risco apresentado. Nas Unidades<br />

de Atendimento, os resíduos infectantes são<br />

acondicionados em sacos branco-leitosos e<br />

posteriormente encaminhados ao sistema de<br />

tratamento por desativação eletrotérmica<br />

oferecido pelo município. Perfurocortantes<br />

são acondicionados em caixas resistentes a<br />

puncturas e são encaminhados para o mesmo<br />

tratamento. Na sede técnica da empresa,<br />

os resíduos infectantes são autoclavados e<br />

descaracterizados, e posteriormente encaminhados<br />

como resíduo comum. Resíduos<br />

químicos são acondicionados em bombonas<br />

ou frascos de vidro, de acordo com a<br />

compatibilidade química, e posteriormente<br />

encaminhados para incineração. Rejeitos<br />

radioativos são armazenados em contêineres<br />

e abrigos revestidos de chumbo, onde<br />

aguardam o decaimento da radioatividade<br />

até níveis inócuos à saúde humana. Também<br />

troladas através do sistema de<br />

amostragem do Analisador Contínuo<br />

de Emissões Atmosféricas<br />

(CEMS), que assegura a qualidade<br />

do ar. Com esta conduta, o<br />

grupo conquistou o ISO 14001<br />

em 2006. “Somos os primeiros<br />

e únicos com o certificado ISO<br />

14001 para o escopo de Coleta,<br />

Transporte e Incineração de<br />

Resíduos de Serviço de Saúde,<br />

e continuamos sempre buscando<br />

a excelência ambiental aprimorando<br />

os nossos processos”,<br />

afirma Andreas.<br />

No sistema de autoclavagem<br />

acontece a esterilização dos RSS<br />

dentro de um equipamento de<br />

autoclave. Os sacos com os resíduos<br />

são depositados em caixas<br />

metálicas sem tampa e o vapor é<br />

injetado na câmara com temperatura<br />

de 150 ºC a 4 kg de pressão<br />

por centímetro quadrado. Com a<br />

alta temperatura da câmara, os<br />

é praticada a coleta seletiva para separação<br />

dos materiais recicláveis. Os demais resíduos<br />

são considerados comuns e recolhidos por<br />

empresas contratadas para este fim. O Fleury<br />

apresenta ainda programas específicos para<br />

a destinação de lâmpadas fluorescentes,<br />

baterias, óleo comestível e filmes de raios-X<br />

desprezados, dentre outros.<br />

RVA: O que foi preciso para conseguir a licença<br />

para tratar os RSS?<br />

DP: A licença foi emitida pela Cetesb em março<br />

de 2006, e possui validade de 5 anos. O<br />

licenciamento envolveu a elaboração de um<br />

Relatório <strong>Ambiental</strong> Preliminar e a realização<br />

de testes para verificação da eficácia do<br />

processo e envolve ainda o compromisso do<br />

envio periódico à Cetesb de dados relacionados<br />

à eficácia e produtividade do sistema.<br />

RVA: Existem medidas de sustentabilidade<br />

e reciclagem de materiais RSS?<br />

DP: Sim, a coleta seletiva foi implantada em<br />

1998 na empresa e envolve a separação dos<br />

materiais passíveis de reciclagem no momento<br />

e local da sua geração, mas caso o resíduo<br />

apresente algum risco, ele é separado de<br />

acordo com suas características (infectante,<br />

químico ou radioativo) para seguir a destinação<br />

correta específica.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

44<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Delboni Auriemo,<br />

unidade do<br />

grupo Dasa:<br />

excelência também<br />

no tratamento<br />

de resíduos<br />

Dasa e o compromisso ambiental<br />

Tanto as empresas públicas quanto as privadas<br />

estão cada vez mais com a consciência ambiental<br />

incorporada em seu dia a dia. A Diagnósticos da<br />

América (Dasa), por exemplo, é um grupo formado<br />

por 20 marcas, presente em doze estados brasileiros<br />

e no Distrito Federal. Entre as marcas, as<br />

mais conhecidas são: Delboni Auriemo, Lavoisier<br />

e Med Imagem. Atualmente é a maior empresa<br />

de medicina diagnóstica da América Latina e a<br />

quinta maior rede do mundo. Com cerca de 10<br />

mil colaboradores, atende aproximadamente 50<br />

mil pacientes por dia e processa, em média, 6,5<br />

milhões de exames por mês.<br />

Seu sistema de gerenciamento ambiental<br />

assegura que todos os RSS sejam coletados, transportados,<br />

manuseados, processados, armazenados<br />

e descartados conforme os regulamentos ambientais<br />

aplicáveis. Todos os resíduos com material<br />

biológico são descontaminados e descartados em<br />

aterros legalizados, promovendo a redução do<br />

potencial poluidor e diminuindo o volume gerado.<br />

Além disso, todas as unidades de atendimento<br />

contam com o Programa de Gerenciamento de<br />

Resíduos de Serviços de Saúde, que contempla<br />

também o correto descarte dos resíduos radioativos,<br />

químicos e lixo comum. Confira abaixo a<br />

entrevista com a gestora de Processo de Meio<br />

Ambiente da Dasa, Andréa Pussenti Derossi.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>: Quais as medidas adotadas<br />

pela empresa visando a sustentabilidade?<br />

Andréa Pussenti Derossi: A Dasa tem um plano<br />

de controle do meio ambiente em que alguns<br />

pontos são monitorados, como: descarte de re-<br />

síduos, emissão de poluentes atmosféricos de<br />

equipamentos a diesel, emissão de fumaça de veículos,<br />

poluição sonora, efluente líquido, produtos<br />

controlados, corte e poda de árvores e cuidados<br />

operacionais para evitar desperdício de água e<br />

energia elétrica.<br />

RVA: A Dasa conta com mais de 300 unidades<br />

espalhadas pelo território nacional. O que faz<br />

com todo o lixo gerado?<br />

APD: A Dasa destina seus resíduos para aterros<br />

licenciados pelo orgão ambiental de cada município.<br />

Os resíduos infectantes e perfurocortantes<br />

são tratados para descontaminação, são<br />

descaracterizados e depois enviados para aterro<br />

sanitário. Os resíduos químicos que podem ser<br />

neutralizados são tratados no próprio laboratório;<br />

os co-processados ou incinerados, em empresas<br />

contratadas. Os resíduos comuns não recicláveis<br />

são destinados para aterros sanitários licenciados<br />

e os resíduos comuns recicláveis são vendidos para<br />

empresas de reciclagem devidamente licenciadas<br />

pelo orgão ambiental ou são doados para ONGs,<br />

também licenciadas para tal fim.<br />

RVA: Vocês possuem o ISO 14000?<br />

APD: Sim, desde 2006.<br />

RVA: O tratamento dos resíduos infectantes é feito<br />

na instituição ou alguma empresa especializada<br />

faz esta parte?<br />

APD: Os resíduos infectantes do grupo A1* são<br />

tratados na própria Dasa. Os resíduos infectantes<br />

do grupo A4** são encaminhados para empresas<br />

especializadas e licenciadas pelo orgão ambiental,<br />

para tratamento térmico (em alguns lugares, a<br />

autoclavação; em outros, a incineração).<br />

* A1: culturas e estoques de micro-organismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; meios<br />

de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação<br />

genética. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes<br />

do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.<br />

** A4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana<br />

filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de laboratório e seus<br />

recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter<br />

agentes Classe de Risco 4; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue<br />

ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos<br />

cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica; bolsas transfusionais vazias ou com volume<br />

residual pós-transfusão.<br />

Divulgação<br />

sacos são destruídos, permitindo<br />

o contato do vapor com os resíduos<br />

que são esterilizados. “Essa<br />

tecnologia permite a modificação<br />

das características biológicas<br />

e físicas dos resíduos, eliminando<br />

sua carga microbiana”, explica<br />

Roberval Battaglini, diretor comercial<br />

da Sterlix <strong>Ambiental</strong>,<br />

empresa que trabalha com a<br />

gestão completa de RSS, desde<br />

a coleta até o destino final. “Em<br />

síntese, transformamos resíduos<br />

classificados como do grupo A<br />

em resíduos do grupo D, que são<br />

os domésticos”. Após o processo,<br />

os materiais são triturados para<br />

a descaracterização de objetos<br />

como lâminas, agulhas, seringas<br />

entre outros. Posteriormente, o<br />

que sobra é disposto em aterros<br />

sanitários. Como a empresa é responsável<br />

pela destinação final<br />

dos RSS, precisam de um aterro<br />

devidamente licenciado e dentro<br />

das normas vigentes.<br />

Muitas empresas fazem o<br />

serviço de coleta, transporte,<br />

tratamento e destinação final<br />

dos resíduos. No entanto, é<br />

muito importante que estejam<br />

regularizadas junto aos órgãos<br />

competentes, como Secretaria<br />

do Meio Ambiente e Cetesb. Já no<br />

PGRSS, segregação e armazenamento<br />

interno são de responsabilidade<br />

dos geradores. Segundo<br />

Roberval, para todas as etapas do<br />

processo existem legislações específicas.<br />

“Os veículos devem ser<br />

licenciados perante a Vigilância<br />

Sanitária, certificados pelo Inmetro,<br />

registrados na ANTT. Os<br />

motoristas devem possuir curso<br />

de Movimentação Operacional de<br />

Produtos Perigosos (curso obrigatório<br />

para quem transporta RSS) e<br />

treinamentos específicos a serem<br />

comprovados aos clientes, junto<br />

com os coletores”, finaliza.


Conhecimento gera<br />

caminhos e soluções na<br />

gestão dos resíduos do<br />

setor de saúde<br />

Por Susi Guedes<br />

Seminários Ambiance<br />

Informação dirigida é fundamental para a<br />

atuação profissional em todos os setores. Em<br />

se tratando de manipulação e destinação dos<br />

resíduos da saúde, a responsabilidade é aumentada<br />

em função dos possíveis danos ao meio<br />

ambiente e às pessoas que tenham contato direto<br />

ou indireto com esses resíduos.<br />

A promoção de seminários e workshops é<br />

uma maneira eficiente para se divulgar produtos<br />

e serviços, mas também uma oportunidade<br />

para discutir os problemas e a legislação sobre<br />

determinado assunto. Nesse tipo de encontro, a<br />

troca de experiências aproxima todos os elos do<br />

setor, unindo profissionais, empresas, entidades<br />

públicas e privadas, no intuito de compartilhar<br />

o conhecimento e buscar soluções.<br />

No caso das questões ligadas aos resíduos<br />

de serviços de saúde (RSS), a complexidade<br />

é maior. Num seminário recente, a Ambiance<br />

– empresa que oferece consultoria em saúde e<br />

soluções ambientais – abordou temas atuais e<br />

pertinentes. As palestras apresentadas demonstraram<br />

que o assunto é extenso e a inserção de<br />

variados temas possibilitou que os participantes<br />

tivessem acesso a profissionais de destaque, se<br />

atualizassem e pudessem discutir os temas de<br />

maneira direcionada.<br />

Todos os aspectos do assunto foram abordados<br />

de maneira abrangente, e a grade de palestras<br />

se mostrou eficaz pela variedade e pelos<br />

palestrantes escolhidos. Em dois dias de evento,<br />

os participantes tiveram acesso a informação de<br />

qualidade dentro da programação. Confira:<br />

• Gestão ambiental em um centro de medicina<br />

diagnóstica – Adriana S.E. Gonçalves (Fleury Medicina<br />

e Saúde)<br />

• Tratamento dos resíduos de serviços de saúde<br />

– Andreas Peter Babinsky (Pioneira)<br />

• Gestão dos RSS e as práticas de sustentabilidade<br />

– Vital de Oliveira Ribeiro Filho (CVS)<br />

• Implantação do Plano de Gerenciamento: PGRSS<br />

em ambientes de saúde – Silvia Renata da Silva<br />

(Hospital Samaritano)<br />

• A importância da gestão ambiental nos serviços<br />

de saúde para o desenvolvimento e crescimento<br />

sustentável das organizações – Gonzalo Vecina<br />

Neto (Hospital Sírio-Libanês)<br />

• Gestão ambiental dos RSS, segundo a RDC 306<br />

da Anvisa e a Resolução 358 do Conama – Luiz<br />

Carlos da Fonseca e Silva (Anvisa)<br />

• Gestão ambiental em hemocentros – Antonio<br />

Carlos Magnanelli (Fundação Pró-Sangue)<br />

Com a necessidade cada vez maior de se<br />

aprimorar métodos e posturas, eventos como<br />

esse demonstram ser fundamentais na disseminação<br />

de informações, que servem de<br />

base para o crescimento desse importante<br />

segmento profissional.<br />

Acima, carro da<br />

Pioneira equipado<br />

para coleta de RSS.<br />

Ao lado, Andreas<br />

Peter Babinsky<br />

apresenta palestra<br />

sobre tratamento<br />

dos RSS<br />

A promoção de<br />

seminários e<br />

workshops é<br />

uma maneira<br />

eficiente para<br />

se divulgar<br />

produtos e<br />

serviços<br />

Fotos: Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

45


Divulgação<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

46<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

COBERTURA<br />

FENASAN 2009 e XX ENCONTRO<br />

TÉCNICO AESABESP<br />

Por Susi Guedes<br />

Aconteceu entre os dias 12 e 14 de agosto,<br />

no Expo Center Norte, em São Paulo, um dos<br />

mais importantes eventos no que se refere a<br />

saneamento e meio ambiente. Em sua 20ª edição,<br />

a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento<br />

e Meio Ambiente) e o XX Encontro Técnico se<br />

mostraram como sendo um meio eficiente de<br />

obter e disseminar conhecimento, oferecer e<br />

fazer negócios, e encontrar caminhos e redes<br />

de relacionamentos que possam ajudar na<br />

construção e ampliação de ideias e projetos<br />

que sirvam de suporte ao aprimoramento do<br />

trabalho e à evolução do setor.<br />

Com toda sua área de exposição comercializada,<br />

contando com a participação de empresas,<br />

fabricantes e fornecedores de equipamentos<br />

para o setor, prestadoras de serviços e de demais<br />

segmentos complementares à esfera do<br />

saneamento, num total de 152 expositores, e sob<br />

o tema “Sustentabilidade – caminho para universalização<br />

do saneamento ambiental”, o evento<br />

foi considerado como um dos mais importantes<br />

do setor na América Latina, com visitação de 10<br />

mil pessoas.<br />

Em sua 20ª edição, o Encontro Técnico cresceu<br />

muito e evoluiu na diversidade de temas. Compa-<br />

Cerimônia de<br />

abertura do evento<br />

nhias de saneamento de todo o<br />

País, docentes de universidades<br />

e representantes da iniciativa<br />

privada apresentaram 130 palestras<br />

técnicas sobre eficiência<br />

operacional, gestão ambiental,<br />

resíduos sólidos, eficiência<br />

energética, novas tecnologias e<br />

políticas públicas do segmento.<br />

Além disso, houve cinco mesasredondas,<br />

com debates sobre<br />

as questões mais atuais e pertinentes<br />

ao meio. O encontro<br />

também contou com visitantes<br />

Divulgação


de várias regiões do país e com a presença de<br />

aproximadamente dois mil congressistas.<br />

Empresas internacionais, como as trazidas<br />

pelo consulado de Israel – um país com sérios<br />

problemas de captação e gestão de água –, da<br />

Itália e dos EUA, também estiveram presentes.<br />

A visita da Superintendente Nacional de Saneamento<br />

do Governo do Chile, Magaly Espinosa<br />

Sarria, que apresentou o modelo de regulação<br />

dos serviços sanitários daquele país, foi outra<br />

participação de extrema importância.<br />

A solenidade de abertura do XX Encontro<br />

Técnico da AESabesp contou com participantes<br />

de destaque do setor e da sociedade, numa mesa<br />

composta por Luiz Narimatsu (presidente da<br />

Associação dos Engenheiros da Sabesp), Hugo<br />

de Oliveira (presidente da ARSESP - Agência Reguladora<br />

de Saneamento e Energia do Estado de<br />

São Paulo), Orlando Diniz Vulcano (presidente<br />

da ADM - Associação dos Administradores da<br />

Sabesp), Cláudio Antônio Borges (presidente da<br />

Associação Sabesp), René Vicente (presidente<br />

do Sintaema - Sindicato dos Trabalhadores em<br />

Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de<br />

São Paulo), Walter Sigolo (superintendente de<br />

RH da Sabesp), José Aurélio Boranga (superintendente<br />

da Unidade de Negócio Médio Tietê da<br />

Sabesp), Camil Eid (vice-presidente do Instituto<br />

de Engenharia de São Paulo), Dante Ragazzi<br />

(presidente da ABES-SP - Associação Brasileira<br />

de Engenharia Sanitária), Carlos Alberto Rosito<br />

(presidente da AIDIS - Associação Interamericana<br />

de Engenharia Sanitária e <strong>Ambiental</strong>), João<br />

Divulgação<br />

Bancada no primerio dia:<br />

presentes autoridades e<br />

representantes do setor<br />

Alberto Viol (presidente da APECS - Associação<br />

Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços<br />

em Saneamento e Meio Ambiente), João Carlos<br />

Bibbo (presidente da CECRES - Cooperativa de<br />

Crédito dos Empregados e Servidores da Sabesp),<br />

Daniel Castilho Azevedo (presidente da AAPS<br />

– Associação dos Aposentados e Pensionistas<br />

da Sabesp), Luis Paulo Almeida Neto (superintendente<br />

da Unidade de Negócio Baixo Tietê e<br />

Grande), Wilson Passeto (presidente da OSCIP<br />

Água & Cidade) e Vera Bueno (diretora do Sindicato<br />

dos Advogados).<br />

Os pronunciamentos dos presentes à mesa<br />

giraram em torno do tema do evento (Sustentabilidade<br />

– caminho para universalização do<br />

saneamento ambiental), e também em torno do<br />

trabalho da AESabesp em disseminar<br />

a tecnologia do setor e<br />

atrair o interesse da esfera pública,<br />

acadêmica e do setor privado<br />

para a otimização e excelência<br />

do saneamento nacional.<br />

MESAS-REDONDAS:<br />

As mesas-redondas deram<br />

suporte a todas estas ações,<br />

com discussões que devem<br />

surtir efeitos e frutos.<br />

A primeira mesa-redonda<br />

do encontro, realizada na tarde<br />

do dia 12 de agosto, apresentou<br />

o tema “Equilíbrio entre o<br />

capitalismo e sustentabilidade<br />

numa empresa - cases bem sucedidos”.<br />

Ela foi coordenada por<br />

Marcelo Morgado (Sabesp).<br />

No dia 13 de agosto, na<br />

parte da manhã, foi realizada<br />

a mesa “Sustentabilidade nas<br />

contratações de projetos, equipamentos<br />

e obras”, coordenada<br />

por Francisco Kurimori (CREA).<br />

Neste mesmo dia, na parte<br />

da tarde, foi realizada a mesa<br />

“Estratégias para implementação<br />

das metas do milênio e do<br />

consumo de água”, coordenada<br />

por Amauri Pollachi (Subcomitê<br />

Cotia-Guarapiranga).<br />

Participantes<br />

na palestra no<br />

segundo dia do<br />

Encontro Técnico<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

48<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

No dia 14, pela manhã, foi<br />

realizada a mesa “A Parceria Público-Privada<br />

(PPP) como alternativa<br />

para a universalização do<br />

saneamento básico no Brasil”,<br />

coordenada por Yves Besse (AB-<br />

CON). Na tarde deste dia, encerrando<br />

as sessões de mesasredondas,<br />

foi realizada a mesa<br />

“Regulação do setor de saneamento<br />

na atualidade”, coordenada<br />

por Paulo Ferreira (Instituto<br />

de Engenharia de São Paulo).<br />

SEMINÁRIOS<br />

Os seminários foram um<br />

sucesso entre os visitantes; o<br />

que confirma a vocação original<br />

do evento como sendo um<br />

forte ponto de sinergia entre<br />

conhecimento e quem deseja<br />

aprender. Os temas foram:<br />

• “Boas Práticas e Tendências<br />

de Automação em Saneamento”,<br />

promovido pela AESabesp<br />

em parceria com a ISA (International<br />

Society of Automation)<br />

da América do Sul, Distrito 4.<br />

Foram 22 horas de programação,<br />

entre palestras, mini-cursos<br />

e uma mesa-redonda, que<br />

abordou diversos temas, como<br />

PIMS, MES, sistemas SCADA,<br />

eficiência energética, plano<br />

diretor de automação, sistemas<br />

de comunicação wireless<br />

e estratégias de controle;<br />

• “Inovação Tecnológica”, promovido<br />

pela Missão Econômica<br />

de Israel no Brasil em parceria<br />

com o Israel Newtech, programa<br />

nacional de atuação nas indústrias<br />

israelenses que desenvolvem<br />

soluções inovadoras para<br />

os setores de água, saneamento<br />

e recursos hídricos.<br />

Em ambos os casos, a presença<br />

maciça deixou gratificados<br />

palestrantes e organizadores.<br />

Visita técnica<br />

à Natura<br />

Na tarde do dia 13, a AESabesp promoveu<br />

uma visita técnica ao complexo<br />

da empresa de cosméticos Natura,<br />

em Cajamar (SP), denominado Cidade<br />

Natura. O grupo, coordenado pelo conselheiro<br />

Sérgio Eduardo Nadur, reuniu<br />

vinte participantes, que conheceram as<br />

instalações dessa empresa e suas ações<br />

de cunho socioambiental.<br />

AÇÕES SOCIAIS<br />

A AESabesp renovou a parceria com a ONG<br />

Iniciativa Verde, que desempenha um projeto<br />

de neutralização das emissões de gases de<br />

efeito estufa (GEE) por meio do restauro florestal,<br />

tornando-se detentora do selo Carbon Free,<br />

a exemplo das grandes realizações feitas com<br />

consciência ambiental em todo o mundo. Este<br />

compromisso é assumido pela AESabesp desde<br />

a Fenasan de 2007.<br />

Durante os três dias da realização da Fenasan<br />

2009, o Instituto Oniki do Brasil disponibilizou<br />

a sua equipe da Escola Técnica de Massoterapia<br />

e equipamentos especiais para sessões de<br />

massagem e relaxamento, muito indicadas para<br />

amenizar o estresse. Desde 2005 na Fenasan,<br />

essa iniciativa está voltada à inclusão social, uma<br />

vez que a maior parte dos massoterapeutas são<br />

portadores de deficiência visual.<br />

ATIVIDA<strong>DE</strong>S DA OSCIP AESABESP<br />

No estande da AESabesp foi reservado um<br />

espaço para o desenvolvimento do trabalho<br />

da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de<br />

Interesse Público) da entidade, conduzido pelo<br />

diretor de Projetos Socioambientais, Ivan Norberto<br />

Borghi. Este espaço teve intensa visitação<br />

e imensa repercussão positiva.<br />

Os visitantes demonstraram um forte interesse<br />

em cadastrar suas propostas de atuação nos<br />

projetos socioambientais da entidade, bem como<br />

em se tornarem associados e apresentarem os<br />

seus trabalhos, que devem ser inseridos na “Carteira<br />

de Projetos AESabesp”, que se prontifica a<br />

buscar sua viabilização com apoio das iniciativas<br />

pública e privada.<br />

Visita técnica<br />

à Cidade Natura Divulgação<br />

No espaço da OSCIP, a AESabesp ainda lançou<br />

o livro Água, sua importância em nossa vida, que foi<br />

inserido nas pastas dos congressistas do Encontro<br />

Técnico e exposto no estande da associação. Esse<br />

trabalho, que é uma grande referência para as palestras<br />

de educação ambiental, consolida o termo<br />

de cooperação técnica entre a OSCIP AESabesp e<br />

a OSCIP Água e Cidade, autora do projeto.<br />

Além das atividades e produtos inerentes à<br />

OSCIP, a AESabesp também promoveu no seu<br />

estande a distribuição da revista Saneas, do<br />

jornal da AESabesp e do folder institucional da<br />

entidade, num trabalho motivacional de arregimentação<br />

de novos associados que teve um<br />

resultado muito positivo, fortalecendo a sua<br />

imagem no setor.<br />

Fotos: Luciana Yole


Luciana Yole<br />

PALAVRA DOS ORGANIZADORES<br />

“ Estou cansado mas recompensado.<br />

É um imenso prazer poder terminar<br />

os trabalhos com sentimento de<br />

dever cumprido. Observar a satisfação<br />

dos participantes nos faz perceber a<br />

importância do evento e nos dá a certeza<br />

de que devemos continuar a realizá-lo”.<br />

Luiz Narimatsu – presidente da AESabesp<br />

“Visitei cada estande, conversei com cada<br />

expositor, colaborador e parceiro. Vi em todos<br />

a alegria em fazer parte deste evento que<br />

comemora 20 anos. É muito bom ver todos os<br />

espaços ocupados por empresas preocupadas<br />

em mostrar seus lançamentos ao mercado, e<br />

também ver lotados os auditórios em todas as<br />

atividades programadas”<br />

Carlos Alberto de Carvalho– diretor de marketing<br />

Luciana Yole<br />

“Houve muita dedicação e empenho para<br />

que este evento ocorresse da forma que<br />

aconteceu. Estamos felizes com os resultados<br />

porque percebemos que expositores,<br />

parceiros, visitantes e participantes estão<br />

satisfeitos”.<br />

Olavo A. Prates Sachs – diretor cultural da AESabesp<br />

Luciana Yole<br />

Sistemas de Resfriamento<br />

TORRES <strong>DE</strong> RESFRIAMENTO ÁGUA<br />

• Resfriamento de água, água contaminada<br />

ou efluentes<br />

• Circuito aberto em PPRFV ou concreto<br />

• Circuito fechado em PRFV ou chapa<br />

galvanizada com erpentinas em aço inox<br />

ou aço galvanizado.<br />

TUBE dek®<br />

• Placas Lamelares<br />

• Projetos Aplicáveis:<br />

- Processo Físico/Químico<br />

Floculação-Decantação<br />

- Água de Lavagem<br />

de Filtros<br />

- Sedimentação Primária<br />

- Lodo Ativado<br />

- Polimento Final<br />

Linha BCN®<br />

• Mídias Randomicas<br />

• Projetos Aplicáveis:<br />

- Reatores de leito<br />

fluidizado<br />

- Reatores Anoxicos<br />

- Reatores de<br />

alta carga<br />

Linha BIO dek®<br />

• Enchimentos<br />

Estruturados<br />

• Projetos Aplicáveis:<br />

- Filtros Biológicos<br />

Percolares<br />

- Filtros Submersos<br />

(aerados e anaeróbios)<br />

- Filtros Anóxicos<br />

- Lavadores de Gases<br />

GEA Sistemas de Resfriamento Ltda.<br />

Al. Venus, 573, Distr. Industrial American Park<br />

Indaiatuba - SP - CEP: 13347-659<br />

Fone: (19) 3936.1522<br />

Fax: (19) 3936.1171<br />

E-mail: geasr@geasr.com.br


Fotos: Luciana Yole<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

50<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

“Nós participamos da feira há 5<br />

anos, aumentamos o tamanho<br />

do estande e visamos um excelente<br />

retorno para o futuro, não<br />

só pelo contato com a Sabesp,<br />

mas com outras empresas privadas.<br />

Certamente estaremos aqui<br />

ano que vem; a feira é essencial,<br />

não podemos faltar.”<br />

Luiz Gustavo Escobar, da Allonda<br />

“A feira está sendo realizada em<br />

um momento importante para<br />

o País. Os investimentos do PAC<br />

- Programa de Aceleração do<br />

Crescimento, entre outros no<br />

segmento de saneamento, são<br />

importantes para nós.”<br />

Maurílio Cirne, da Caetanos<br />

“O ano de 2009 foi um pouco<br />

atípico, e acredito que todos<br />

estejam falando isso. Nós<br />

entramos com uma expectativa<br />

de parceria com a Sabesp;<br />

mesmo que o mercado esteja<br />

retraído, temos que continuar<br />

persistindo e acreditar no<br />

saneamento.”<br />

Maurizio Bortali, da Continum<br />

“A Fenasan é a maior feira de saneamento<br />

da América Latina; é excelente<br />

esta oportunidade para divulgarmos<br />

os equipamentos para tratamento<br />

de efluentes e efetuar contatos com<br />

antigos e novos clientes. Este ano se<br />

comprovaram mais uma vez os bons<br />

resultados com o público.”<br />

Cristina Correia, da Hidrosul<br />

“Nossa expectativa está sendo<br />

boa, há um grande número<br />

de participantes. Nosso<br />

lançamento é um adaptador<br />

de material antigo, anterior da<br />

linha do Fofo (ferro galvanizado<br />

que é PVA) e a luva de<br />

MPVC linha 300/550.”<br />

Armindo Furini, da CEB<br />

“A expectativa está ótima! Participamos<br />

de algumas feiras 4 anos atrás,<br />

e esta feira está acima das perspectivas.<br />

Estamos com um equipamento<br />

de tecnologia italiana com patente<br />

específica para o ramo de biogás;<br />

o pessoal tem passado para tirar<br />

dúvidas técnicas, pois estamos aqui<br />

para trocar informações, e não só no<br />

âmbito comercial.”<br />

Roberto Silvestre, da Robushi


“Já participamos há alguns anos<br />

de algumas feiras e essa é mais<br />

uma oportunidade. Realmente<br />

estou bastante surpreso com<br />

a movimentação; nós tivemos<br />

uma repercussão muito boa pelos<br />

nossos equipamentos. Com<br />

certeza esta é uma feira que<br />

vou sempre estar presente.”<br />

Dirceu Rinaldo, da Flipper<br />

“Nós estamos vendo este evento<br />

com satisfação positiva. Estamos<br />

aqui para divulgação do<br />

nosso produto, temos interesse<br />

e vamos continuar participando<br />

da Fenasan. Como diz o<br />

ditado, ‘onde você não é visto,<br />

você não é lembrado’ .”<br />

Roberto Campos, da Acquamec<br />

EXPOSITORES<br />

“A feira vem de encontro a aquilo que fabricamos<br />

e ao trabalho que executamos. Uma vantagem<br />

que o nosso material apresenta é que<br />

ele é natural, com uma tecnologia inovadora<br />

derivada do óleo de mamona como matériaprima,<br />

um material totalmente atóxico, sólido,<br />

sem solvente, que atende todas as<br />

necessidades ambientais e ecológicas.”<br />

Donizeti Curcio Luciano, da Imperveg<br />

“A feira está muito proveitosa,<br />

o mercado de saneamento está<br />

crescendo bastante. Quero aproveitar<br />

e deixar um recado para<br />

o pessoal nos consultar mais e<br />

verificar o que o mercado exige<br />

hoje. Também estaremos aqui<br />

em 2010, pois o saneamento<br />

é o mercado do futuro.”<br />

Andres Forghieri, da Digitrol<br />

“A Fenasan está muito boa. Já<br />

participamos várias vezes da feira<br />

e este ano trouxemos duas<br />

inovações que são os tubos de<br />

fibra de vidro e os tanques oblatados<br />

do mesmo material, ambos<br />

normalizados pela ABNT; é uma<br />

tecnologia que, na América toda,<br />

só a Tecniplas tem.”<br />

Wagner Rodrigues, da Tecniplas<br />

“Já participamos de edições<br />

anteriores, e a feira é muito<br />

importante para nossa empresa<br />

e para o setor. Nosso objetivo<br />

aqui, além de divulgar nossa<br />

empresa, nossos produtos<br />

e serviços, é fortalecer<br />

relacionamentos já existentes e<br />

criar novos relacionamentos. ”<br />

Carlos Crusciol, da Electric Schneider<br />

“Estamos participando pela<br />

3ª vez e temos notado que o<br />

crescimento é bem grande.<br />

Este ano a Famac está lançando<br />

uma média de dez linhas de<br />

produtos e, para o ano que<br />

vem, vamos trazer catálogos<br />

novos com bombas para diversos<br />

portes e setores.”<br />

Rafael Dancoski, da Famac<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

51


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

52<br />

CA<strong>DE</strong>RNO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Mesa de encerramento (da esq. para dir.): Shooji Ohara - diretor técnico da<br />

AESabesp, Daniel Castilho Azevedo - presidente da Associação dos Aposentados<br />

da Sapesp, Eduardo Camargo Afonso - subprefeito de Ermelino Matarazzo, João<br />

Alberto Viol - presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e<br />

Serviços em Saneamento e Meio Ambiente, Walter Hihoshi - deputado federal, Luiz<br />

Narimatsu - presidente da AESabesp, Dante Ragazzi Pauli- presidente da ABES-SP,<br />

Magaly Espinosa Sarria - Superintendente Nacional de Saneamento do Governo<br />

do Chile, Afonso Mamede - Associação Brasileira de Manutenção e Tecnologia de<br />

Equipamento, Olavo Alberto Prates Sachs - diretor cultural da AESabesp e Carlos<br />

Alberto de Carvalho - diretor de marketing da AESabesp<br />

ENCERRAMENTO<br />

Após três dias de muito trabalho<br />

e resultados compensadores,<br />

a solenidade de encerramento do<br />

encontro foi realizada na tarde do<br />

dia 14 de agosto, após o término<br />

das mesas-redondas.<br />

A mesa de trabalho desta<br />

solenidade foi integrada pelo<br />

presidente da AESabesp Luiz<br />

Narimatsu, pelos diretores Olavo<br />

Alberto Prates Sachs (cultural),<br />

Shooji Ohara (técnico) e Carlos<br />

Alberto de Carvalho (marketing),<br />

além do deputado federal Walter<br />

Ihoshi, da Superintendente Nacional<br />

de Saneamento do Governo do<br />

Chile, Magaly Espinosa Sarria, do<br />

subprefeito de Ermelino Matarazzo,<br />

Eduardo Camargo Afonso, do<br />

presidente da Associação Brasileira<br />

de Manutenção e Tecnologia de<br />

Equipamento, Afonso Mamede,<br />

do presidente da Associação Paulista<br />

de Empresas de Consultoria e<br />

Serviços em Saneamento e Meio<br />

Ambiente, João Alberto Viol, do<br />

presidente da ABES-SP, Dante Ragazzi,<br />

e do presidente da Associa-<br />

ção dos Aposentados da SABESP,<br />

Daniel Castilho Azevedo.<br />

PRÓXIMA EDIÇÃO<br />

Motivada pelos bons resultados<br />

de 2009, a AESabesp já definiu<br />

a data do XXI Encontro Técnico e<br />

da Fenasan: será nos dias 10, 11 e<br />

12 de agosto de 2010, no mesmo<br />

local. Essa iniciativa provocou o<br />

interesse tanto dos congressistas<br />

– que já podem começar a preparar<br />

seus trabalhos – como dos<br />

expositores, que estão garantindo<br />

seu espaço na feira do ano que<br />

vem – 35% da área disponível já foi<br />

comercializada, sinalizando mais<br />

uma realização de sucesso.<br />

Ao final do evento, a impressão<br />

de dever cumprido e realização de<br />

bons negócios era unânime. O setor<br />

se viu representado e fortalecido, e<br />

a ampliação de temas discutidos e<br />

empresas expositoras, demonstrando<br />

preocupações e soluções que vão<br />

além do saneamento, colocam a<br />

Fenasan como ponto de encontro<br />

obrigatório para quem trabalha ou se<br />

preocupa com o meio ambiente.<br />

Divulgação<br />

Lançamento oficial da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong><br />

Por se tratar de um grande evento que reúne empresas e<br />

visitantes de grande relevância no setor, a VISÃO AMBIENTAL<br />

considerou a Fenasan como uma boa ocasião para lançar oficialmente<br />

a revista no mercado.<br />

Uma edição exclusiva contendo um caderno especial com<br />

um pouco dos 20 anos de história da feira e do encontro técnico,<br />

e um estande concebido dentro do conceito de sustentabilidade,<br />

fizeram um sucesso imenso entre expositores, dirigentes, autoridades<br />

e participantes em geral. A preocupação e o cuidado com os<br />

detalhes demonstraram coerência entre conteúdo e atitude.<br />

Acima (da esq. para dir.): José<br />

Antonio Gutierrez, Haroldo Macedo<br />

- executivo de contas da revista <strong>Visão</strong><br />

<strong>Ambiental</strong> e Raul Lóis Crnkovic<br />

- engenheiro consultor.<br />

Ao lado e abaixo: movimentação<br />

no estande<br />

Fotos: Luciana Yole<br />

Acima (da esq. para<br />

dir.): Nilberto Machado<br />

- executivo editorial da<br />

revista <strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>,<br />

Carlos Alberto de<br />

Carvalho - diretor de<br />

marketing Fenasan, Paulo<br />

de Oliveira - coordenador<br />

de marketing Fenasan e<br />

José Antonio Gutierrez<br />

- executivo financeiro da<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>


VISÃO MÉDICA<br />

Dr. MOISES CHENCINSKI<br />

é médico pediatra e<br />

homeopata, autor dos livros<br />

Homeopatia: mais simples do<br />

que parece e Gerar e Nascer:<br />

um canto de amor e aconchego<br />

www.doutormoises.com.br<br />

Divulgação<br />

Moises Chencinski<br />

Homeopatia e<br />

sustentabilidade<br />

“Se o médico perceber com clareza o que<br />

há para ser curado nas doenças, quer dizer,<br />

em cada caso patológico individual (conhecimento<br />

da doença, indicação); se ele perceber<br />

claramente o que há de curativo nos medicamentos,<br />

isto é, em cada medicamento em<br />

particular (conhecimento do poder medicinal);<br />

se souber como adaptar, conforme princípios<br />

perfeitamente definidos, o que há de curativo<br />

nos medicamentos ao que descobriu de indubitavelmente<br />

mórbido no doente de modo<br />

que obtenha seu restabelecimento; se souber,<br />

também, adaptar convenientemente o medicamento<br />

mais apropriado segundo seu modo<br />

de ação ao caso que se lhe apresenta (eleição<br />

do remédio, indicação do medicamento), assim<br />

como o modo exato de preparo e quantidade<br />

necessária (dose apropriada), e o período conveniente<br />

de repetição da dose; se, finalmente,<br />

conhece os obstáculos para o restabelecimento<br />

em cada caso e for hábil para removê-los, de<br />

modo tal que o restabelecimento seja permanente:<br />

então ele terá compreendido a forma<br />

racional de curar e será um verdadeiro praticante<br />

da arte de curar”.<br />

Esse é o 3º parágrafo do livro Organon: a<br />

arte de curar, que representa a base da filosofia<br />

homeopática, escrito por Samuel Hahnemann.<br />

Como se vê, nada de muito absurdo, nada de<br />

tão revolucionário, nada de tão inimaginável<br />

para qualquer profissional da área de saúde, especialmente<br />

os médicos.<br />

O tratamento homeopático mantém seu foco<br />

desde sua criação em 1790: o ser único, individualizado,<br />

na sua totalidade, em sua busca do<br />

equilíbrio holístico, sem agredir o indivíduo ou<br />

a natureza.<br />

O paciente vem ao médico com uma queixa.<br />

O médico analisa essa queixa dentro de um contexto<br />

global do paciente, avalia-o clinicamente,<br />

pede exames, opiniões de especialistas (se julgar<br />

necessário) e receita um tratamento amplo, in-<br />

cluindo uma parte medicamentosa. O paciente<br />

melhora, ou até se cura. Isso é ou não é uma<br />

medicina baseada em evidências?<br />

Então, qual a razão para tanta controvérsia,<br />

para tanta discussão a respeito da validade do<br />

tratamento homeopático?<br />

Acredito que uma das principais questões de<br />

atrito seja o medicamento homeopático que é<br />

receitado após uma consulta médica específica.<br />

Sendo assim, ele é único, para aquele quadro e<br />

para aquele momento (o simillimum). Assim, o<br />

medicamento precisa ser manipulado por profissional<br />

farmacêutico habilitado a fabricá-lo, estocálo<br />

e dispensá-lo de forma adequada e que esteja<br />

apto a prestar os esclarecimentos necessários.<br />

O medicamento homeopático pode ser feito de<br />

plantas, animais, minerais. Ele é muito diluído e,<br />

dessa forma, não faz mal ao doente nem afeta<br />

o equilíbrio da natureza. Além de diluído, ele é<br />

energizado (sucussionado).<br />

O local adequado para guardar o medicamento<br />

deve ser protegido de poeira, luz, umidade<br />

e calor, de cheiros fortes, de aparelhos<br />

que emitam radiações (microondas, geladeiras,<br />

computadores, eletrodomésticos, celulares, raios<br />

X, detectores de metais em bancos e aeroportos)<br />

e distante do alcance de crianças e animais.<br />

Não existem bulas homeopáticas. Não há como<br />

indicar para que serve o medicamento. O remédio<br />

é usado para quem (paciente) e não para o<br />

quê (doença).<br />

Assim, protegendo o indivíduo sem agredir<br />

o ecossistema, utilizando mínimas quantidades<br />

de substâncias provenientes da natureza sem<br />

esgotá-las e não apresentando metabólitos que,<br />

uma vez de volta à natureza, não vão provocar<br />

mudanças na homeostase nem do indivíduo e<br />

nem do mundo que o cerca, o tratamento homeopático<br />

é um modelo a ser preservado e até<br />

difundido como meta para o milênio.<br />

Preserve a natureza e o ser humano. Homeopatia:<br />

ontem, hoje e sempre.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

53


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

54<br />

EXPORTAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

Pintou<br />

sujeira...<br />

Navio com contêineres<br />

repletos de resíduos<br />

provenientes da Inglaterra<br />

Lixo enviado da Inglaterra<br />

para o Brasil é um alerta<br />

para a prática internacional<br />

de crimes ambientais<br />

Por Arielli Secco<br />

Um ser humano gera aproximadamente cinco<br />

quilos de lixo por dia. Fazendo uso de uma<br />

simples operação matemática, é possível ter<br />

noção do significado de mil e seiscentas toneladas<br />

de material dispensado. Acompanhe o<br />

raciocínio: são um milhão e seiscentos mil quilos.<br />

Considerando a estimativa que abriu a reportagem,<br />

seriam necessárias trezentas e vinte mil<br />

pessoas para gerar tal quantidade de resíduos.<br />

Esse contingente populacional é equivalente ao<br />

número de habitantes da cidade de Pelotas, no<br />

Rio Grande do Sul, de Maringá, no Paraná, ou de<br />

Bauru, em São Paulo.<br />

Os números tornam-se ainda mais expressivos<br />

quando o fato em questão é a origem desse<br />

tanto de lixo. A descoberta de vários contêineres<br />

vindos da Inglaterra veio à tona e foi divulgada<br />

pela imprensa em julho. A carga aguardava um<br />

destino nos portos de Santos (SP) e Rio Grande<br />

(RS). Ficou difícil entender o que aconteceu.<br />

A sujeira começou quando fiscais da Receita<br />

Federal encontraram setecentas e cinquenta<br />

toneladas de material indesejável em Rio Grande.<br />

Plástico, papel, vidros, seringas e até camisinhas<br />

faziam parte de todo o material transportado. Um<br />

papel trazia os seguintes dizeres em português:<br />

“Colocamos um tonel cheio de brinquedos e um<br />

saco com diversas bolas para serem distribuídos<br />

com as crianças carentes” e “Lavar antes de usar”.<br />

Reportagens na televisão mostravam bonecos<br />

quebrados, brinquedos imundos e com defeitos<br />

envolvidos em fitas adesivas junto ao recado.<br />

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />

(Anvisa), a Receita Federal, o Ministério Público<br />

Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambien-<br />

“O processo<br />

de importação<br />

tem seu tempo<br />

específico; muitas<br />

vezes cargas<br />

ficam paradas<br />

no aguardo<br />

dos trâmites<br />

necessários para<br />

sua internalização.”<br />

Ingrid Öberg,<br />

chefe do escritório regional<br />

do Ibama de Santos<br />

Eduardo Borges da Silva/Ascom/IBAMA-SP


te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)<br />

se uniram no caso e iniciaram um processo de<br />

investigação. Em Caxias do Sul, mais descaso.<br />

Além do envio do lixo, a transportadora recolheu<br />

as caixas utilizadas no carregamento por ordem<br />

do importador e deixou o material despejado no<br />

porto seco da serra gaúcha junto a outras cargas,<br />

sem qualquer tipo de isolamento ou proteção.<br />

Os contêineres eram destinados a duas empresas<br />

de Bento Gonçalves (RS) - Stephenon<br />

Estratégia e Marketing e Alfatech - e a uma empresa<br />

de Goiânia. A ironia encontra-se no fato<br />

de que o dono das exportadoras é brasileiro.<br />

Julio Cesar Rando da Costa é proprietário da<br />

Worldwide Biorecyclabes Ltda. e da UK Multiplas<br />

Recycling Ltda., sendo que a primeira entrou em<br />

falência neste ano e a segunda opera em Swidon,<br />

na Inglaterra. De acordo com informações da<br />

BBC Brasil, o empresário afirmou que recebeu a<br />

carga como sendo plástico destinado a reciclagem,<br />

já que a UK Multiplas Recycling realiza o<br />

processo de prensagem do material, exportado<br />

em seguida.<br />

O problema se estendeu para São Paulo. Dias<br />

depois, as manchetes dos jornais declaravam um<br />

acréscimo de mais de seiscentas toneladas a essa<br />

conta. A chefe do escritório regional do Ibama<br />

em Santos, Ingrid Öberg, contou que recebeu<br />

um comunicado do escritório de Rio Grande<br />

com suspeita de que uma outra parte da carga<br />

do mesmo importador estaria no porto da cidade<br />

e poderia conter lixo. A dúvida se confirmou:<br />

resíduos eletrônicos como cabos e restos de computadores,<br />

travesseiros, embalagens de produtos<br />

domésticos e sobras de alimentos aumentaram<br />

a soma em cerca de trezentas toneladas. “Nós<br />

assumimos a responsabilidade de contatar a<br />

Receita Federal, vistoriar os contêineres e tomar<br />

as providências legais no âmbito da legislação<br />

brasileira”, explicou Ingrid. Segundo ela, em 2004<br />

houve a autuação de uma importação de resíduos<br />

tóxicos industriais, mas é a primeira vez que<br />

ela tem conhecimento desse tipo de ocorrência<br />

com lixo doméstico.<br />

A conta totalizou oitenta e nove contêineres:<br />

quarenta em Rio Grande, quarenta e um em<br />

Santos e oito em Caxias do Sul. A partir de então,<br />

os órgãos envolvidos no caso procuraram agir<br />

de forma conjunta nas três regiões, seguindo o<br />

mesmo padrão de procedimentos. O escritório<br />

central do Ibama, em Brasília, providenciou a<br />

coordenação das informações e a organização<br />

de um dossiê para formalizar denúncia ao Mi-<br />

nistério do Meio Ambiente e ao Ministério das<br />

Relações Exteriores. O objetivo foi comunicar o<br />

governo inglês e declarar o descumprimento<br />

de acordos internacionais, como a Convenção<br />

de Basileia.<br />

O porto de Santos é o maior da América<br />

do Sul. A carga ilegal encontrada lá teve ainda<br />

como agravante o tempo em que permaneceu<br />

no local. Os últimos vinte e cinco contêineres<br />

descobertos estavam no porto desde novembro<br />

de 2008. “O processo de importação tem seu<br />

tempo específico, muitas vezes cargas ficam<br />

paradas no aguardo dos trâmites necessários<br />

para sua internalização. Mas os contêineres<br />

estavam praticamente abandonados pelo importador”,<br />

esclareceu Ingrid. Quanto aos demais<br />

contêineres de Santos e à carga localizada no Rio<br />

Grande do Sul, a remessa aportou em vários lotes<br />

que começaram a chegar ao Brasil em fevereiro<br />

deste ano.<br />

Como todo visitante indesejado, a solução<br />

para o caso foi mandar o lixo de volta o mais<br />

rápido possível. A devolução da carga começou<br />

no dia 5 de agosto e a previsão de chegada da<br />

primeira remessa é dia 17 de agosto no porto de<br />

Felixtowe, o mesmo ponto de partida. As multas<br />

aplicadas pelo Ibama às importadoras passam<br />

de um milhão de reais. “Em Santos, foram duas<br />

multas de aproximadamente R$ 154 mil e duas<br />

de R$ 234 mil. No Rio Grande, as multas foram<br />

de R$ 408 mil”, contou Ingrid. Em entrevista à<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Ambiental</strong>, o ministro do Meio Ambiente,<br />

Carlos Minc, chamou a atenção para o dever do<br />

país em reprimir esse crime ambiental. “Estamos<br />

comunicando ao país exportador para que use<br />

a legislação soberana para punir os autores da<br />

exportação ilegal. Duvido que algum país desenvolvido<br />

aceite nosso lixo ou troquem o lixo<br />

entre si”, declarou o ministro.<br />

CONVENÇÃO <strong>DE</strong> BASILEIA<br />

O caso repercutiu no país e no mundo. Ao<br />

mesmo tempo, a África também era alvo desse<br />

tipo de crime. O jornal britânico The Times chamou<br />

a atenção dos leitores para uma denúncia<br />

em Gana. De acordo com a reportagem, televisores,<br />

geladeiras e outros aparelhos eletrônicos<br />

são amontoados em depósitos no bairro de Agbogbloshie.<br />

Moradores e trabalhadores de lá afirmam<br />

que os materiais têm etiquetas britânicas.<br />

Também não é a primeira vez que a África passa<br />

por essa situação. Em agosto do ano passado, o<br />

Greenpeace divulgou um relatório identificando<br />

“Estamos<br />

comunicando<br />

ao país<br />

exportador<br />

para que use<br />

a legislação<br />

soberana para<br />

punir os autores<br />

da exportação<br />

ilegal. Duvido<br />

que algum país<br />

desenvolvido<br />

aceite o nosso<br />

lixo ou troquem<br />

o lixo entre si”.<br />

Carlos Minc, ministro<br />

do Meio Ambiente<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

56<br />

EXPORTAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>RESÍDUOS</strong><br />

depósitos ilegais de lixo eletrônico em Gana. O<br />

material era originário da Ásia, Europa e Estados<br />

Unidos. Esse tipo de resíduo recebe o nome de<br />

e-waste (ou e-lixo, na tradução) e é altamente<br />

tóxico, composto por elementos como alumínio,<br />

cádmio, zinco e chumbo, que contaminam o solo<br />

e os lençóis freáticos.<br />

O envio de lixo de países desenvolvidos<br />

a países em desenvolvimento é crime. Isso<br />

contraria a Convenção de Basileia, tratado internacional<br />

reconhecido em uma conferência<br />

do Programa das Nações Unidas para o Meio<br />

Ambiente (PNUMA), em 1988, em Basiléia, na<br />

Suíça. Em 1993, o Brasil confirmou sua participação<br />

como integrante da convenção, citada<br />

POSICIONAMENTO ABRELPE<br />

REVISTA VISÃO AMBIENTAL – A ISWA (Associação<br />

Internacional de Resíduos Sólidos)<br />

comenta no texto de apresentação que “ser<br />

parte da nossa associação irá dar-lhe um<br />

acesso sem precedentes a organizações internacionais<br />

como o PNUMA, a OMS, a Europa<br />

ou UE (...)”. Isso demonstra que países como<br />

a Inglaterra deveriam ser referência no tratamento<br />

e destinação de resíduos sólidos.<br />

Considerando essa notícia e tantas outras<br />

que denunciaram casos de envio de lixo de<br />

países desenvolvidos a países em desenvolvimento,<br />

nota-se que essa prática não é tão<br />

incomum. Sabemos que o caso noticiado se<br />

trata de situação isolada e repudiada pela comunidade<br />

internacional, e que tal atitude não<br />

representa a postura de um país, mas sendo<br />

a Abrelpe a representante da International<br />

Solid Waste Association no Brasil, qual é a<br />

avaliação da associação diante do envio de<br />

contêineres de lixo da Inglaterra para o Brasil?<br />

O envio de resíduos de países desenvolvidos<br />

para países em desenvolvimento, principalmente<br />

os localizados na África, no leste Europeu<br />

e no sul da Ásia constitui-se num fato já<br />

constatado há algum tempo, cuja prática vem<br />

sendo coibida por todos os órgãos envolvidos.<br />

Estima-se que cerca de 400 milhões de toneladas<br />

de resíduos perigosos são gerados no<br />

mundo atualmente e que cerca de 40 milhões<br />

de toneladas são dispostas em países menos<br />

desenvolvidos.<br />

ABRELPE – Observamos que a disposição de<br />

uma tonelada de resíduos nos países desenvolvidos<br />

custa em torno de USS 100 a USS 2<br />

mil, dependendo da característica do resíduo<br />

a ser disposto, enquanto nos países em desenvolvimento<br />

custa entre USS 3 e USS 70.<br />

Tal constatação torna necessária a adoção<br />

de políticas de controle e rastreamento de<br />

resíduos que impossibilitem tal “comércio”<br />

ilegal pois, em última instância, quem perde<br />

em resolução do Conselho Nacional do Meio<br />

Ambiente (Conama). O acordo tem como finalidade<br />

acabar com o envio de lixo dos países<br />

mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos.<br />

Duas emendas ao tratado, aprovadas entre 1995<br />

e 1997, determinam a proibição da exportação<br />

de qualquer resíduo, seja ele para destinação<br />

ou reciclagem. Coube aos países a decisão de<br />

ratificar ou não essa emenda.<br />

O ministro Carlos Minc alertou para a necessidade<br />

de legislação e fiscalização mais rigorosas.<br />

Reuniões entre a Polícia, a Receita Federal e o setor<br />

responsável pela política portuária brasileira já<br />

foram feitas para discutir o problema. “Só conseguiremos<br />

assegurar que nenhum lixo exportado vá<br />

é sempre o meio ambiente.<br />

A Convenção da Basileia conta com um centro<br />

e pessoal treinado e capacitado para desestimular<br />

tais práticas, fiscalizar, apurar denúncias<br />

e punir os responsáveis. Também existem<br />

diversas ONGs que tratam do assunto, auxiliando<br />

as autoridades em suas funções.<br />

Entretanto, tal como outros crimes (contrabando,<br />

tráfico de drogas, etc.), a exportação ilegal<br />

de resíduos é planejada e executada por quadrilhas<br />

com ramificações e integrantes que tentam<br />

viabilizar a tarefa e consumar a disposição dos<br />

resíduos nos países em desenvolvimento.<br />

A ISWA, no seu papel de principal associação<br />

do mundo do setor de resíduos sólidos, vem<br />

cumprindo seu papel de integrar os atores,<br />

disseminar informações, treinar e capacitar as<br />

pessoas e estabelecer uma rede de contatos a<br />

fim de promover o desenvolvimento do setor<br />

de resíduos ao redor do globo.<br />

Nesse caso específico de exportação ilegal de<br />

resíduos, a ISWA está em permanente contato<br />

com a delegação da Convenção da Basileia,<br />

em Genebra, e junto à mesma estabelece uma<br />

constante troca de informações e dados, a fim<br />

de aprimorar os sistemas de fiscalização e apuração<br />

dos crimes, com a consequente punição.<br />

Além disso, as autoridades da Convenção da<br />

Basileia participam com frequência dos congressos<br />

e seminários da ISWA, onde apresentam<br />

os dados mais recentes e outros detalhes<br />

para capacitar e conscientizar os participantes<br />

acerca da importância dessa questão.<br />

No tocante ao caso ocorrido no Brasil, a Abrelpe,<br />

como membro nacional da ISWA em nosso<br />

país, manteve contato com os representantes<br />

da CIWM (Chartered Institution of Wastes<br />

Management) e com membros nacionais da<br />

ISWA no Reino Unido na tentativa de obter<br />

mais informações de ambos os lados, bem<br />

como para estabelecer uma base de dados<br />

iniciais (afinal essa foi a primeira vez que tal<br />

entrar aqui quando tornarmos<br />

mais rigoroso o chamado Canal<br />

Verde, em que cerca de 85% dos<br />

contêineres passam pela aduana<br />

portuária sem fiscalização direta<br />

do seu conteúdo”, explicou Minc.<br />

Para que isso ocorra, o ministro<br />

detalha que o país terá que<br />

adquirir mais equipamentos de<br />

controle, como scanners e aparelhos<br />

de raio X. Parcerias serão<br />

firmadas entre a Polícia Federal<br />

e as autoridades portuárias para<br />

que episódios como esse não<br />

voltem a ocorrer.<br />

fato aconteceu envolvendo os dois países)<br />

com o objetivo de prevenir futuras ocorrências<br />

semelhantes, enquanto aguardamos a completa<br />

apuração do caso e a responsabilização<br />

dos criminosos.<br />

REVISTA VISÃO AMBIENTAL – No que diz respeito<br />

à legislação, em entrevista à nossa revista,<br />

o ministro Carlos Minc declarou que serão<br />

propostas mudanças nas leis vigentes, pois<br />

“não é possível que o lixo indesejável tenha o<br />

mesmo tratamento que qualquer produto de<br />

exportação ilegal, que é o confisco, sem que<br />

possamos responsabilizar os criminosos pelo<br />

retorno da carga exportada ilegalmente para o<br />

Brasil”. A Abrelpe concorda com isso? A legislação<br />

tem falhas? O que é preciso mudar?<br />

ABRELPE – A importação de resíduos já é<br />

efetivamente proibida no Brasil, pois o País<br />

é signatário da Convenção da Basileia, que<br />

proíbe o trânsito de resíduos sólidos e líquidos<br />

perigosos entre países. Entretanto, de<br />

acordo com a situação do mercado, empresas<br />

que atuam no Brasil podem importar alguns<br />

materiais, como sucata de papel, ferro, aço,<br />

plástico que, a todo rigor, podem se configurar<br />

como resíduo em sua origem, porém são<br />

importados como insumos (matéria-prima)<br />

para a indústria brasileira.<br />

Como signatário da convenção, o Brasil conta<br />

com uma proteção legal contra a importação<br />

indevida de resíduos. Porém, nosso país ainda<br />

não conta com uma Política Nacional de Resíduos,<br />

que poderia e deverá tratar dessa matéria<br />

de maneira mais clara e efetiva. De acordo com<br />

o projeto de lei atualmente em discussão no<br />

Congresso (PL 1991/2007), há uma disposição<br />

para vedar a importação de qualquer tipo de<br />

resíduo. Assim, ao nosso ver, não há necessidade<br />

de se falar em nova legislação, mas de se<br />

canalizar esforços para a aprovação da Política<br />

Nacional de Resíduos Sólidos.


VISÃO SOCIAL<br />

Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />

Plano Nacional da<br />

Sociobiodiversidade<br />

Outro dia vi um adesivo em um carro que dizia<br />

mais ou menos o seguinte: ”Será que só depois<br />

que o último rio secar, o último peixe for pescado,<br />

a última árvore for derrubada e o último solo for<br />

desertificado é que o homem vai perceber que<br />

não pode comer dinheiro?”.<br />

É uma reflexão importante, sobretudo em<br />

tempos de greenwash, uma neologia pra picaretagem<br />

que significa a utilização de ações supostamente<br />

“verdes” ou ambientalmente corretas para<br />

disfarçar o comportamento verdadeiramente<br />

nocivo ao meio ambiente e insustentável da<br />

empresa ou corporação.<br />

Valorizar a floresta em pé é a saída para sua<br />

preservação, isso é óbvio. O cidadão que vive no<br />

meio do nada, que só tem árvores à sua volta<br />

tem que ganhar dinheiro de alguma forma para<br />

poder comprar aquilo que não planta ou então<br />

para poder satisfazer suas “necessidades”, muitas<br />

vezes criadas pela cultura do consumismo.<br />

Pipocam na mídia, especializada ou não,<br />

notícias de boas intenções para atacar este<br />

problema, como é o caso do pagamento por<br />

desmatamento evitado ou das RPPNs (Reservas<br />

Particulares para o Patrimônio Natural). Mas<br />

ainda assim, o dilema do cidadão que vive em<br />

áreas de floresta, ou muito próximo a elas, não<br />

é resolvido, pois a mata não produz dinheiro<br />

suficiente de maneira contínua.<br />

Por isso as árvores com madeira mais nobre<br />

são cortadas e vendidas, seguindo para as<br />

menos nobres até que aquilo que tem um valor<br />

comercial muito baixo como madeira é vendido<br />

como carvão e a mata desaparece. E o cidadão<br />

continua na miséria.<br />

Com este cenário em mente, está em desenvolvimento,<br />

e já apresentando resultados<br />

muito importantes, o Plano Nacional das Cadeias<br />

Produtivas da Sociobiodiversidade, que<br />

estabelece uma série de ações – divididas em<br />

emergenciais e estruturantes – para tornar as<br />

cadeias de valor dos produtos da floresta sólidas<br />

e rentáveis ao pequeno produtor.<br />

Isso possibilita que aquele cidadão, caboclo<br />

da terra que sempre colheu açaí pra fazer suco<br />

ou sempre comeu pequi porque era o que tinha,<br />

possa vender estes frutos por um preço mínimo<br />

que lhe confira uma renda capaz de cobrir<br />

os custos de comprar material<br />

para a colheita, armazenamento<br />

e até mesmo transformação do<br />

produto natural bruto em matérias-primas<br />

valiosíssimas para a<br />

indústria de cosméticos, como<br />

é o caso dos óleos de andiroba ou buriti.<br />

O Plano será detalhado por produto e pactuado<br />

em cada estado produtor com órgãos<br />

governamentais, de pesquisa, representações de<br />

produtores, ambientalistas e representantes das<br />

indústrias, de modo a se encontrar alternativas<br />

econômicas para a superação dos já conhecidos<br />

gargalos visando o aumento da produção e promoção<br />

da cadeia.<br />

Inicialmente estão sendo trabalhadas as<br />

cadeias do babaçu e da castanha-do-Brasil (conhecida<br />

como castanha-do-Pará), que, segundo<br />

o IBGE, movimentaram em 2007 algo em torno<br />

de R$ 45 milhões para uma produção de pouco<br />

mais de 30 mil toneladas de castanha e R$ 113<br />

milhões para uma produção de 114.874 toneladas<br />

de babaçu.<br />

Mais informações sobre os objetivos, metas,<br />

parceiros envolvidos e, principalmente, como<br />

você pode apoiar esta iniciativa estão disponíveis<br />

diretamente na página da Secretaria de Extrativismo<br />

e Desenvolvimento Rural Sustentável, do<br />

Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.<br />

br/sociobiodiversidade).<br />

Caso você tenha algum comentário ou<br />

sugestão sobre este artigo ou sobre temas<br />

para o próximo artigo, escreva pra mim –<br />

emiliano@tulipeconsultoria.com.br<br />

Valorizar a floresta em<br />

pé é a saída para sua<br />

preservação, isso é óbvio<br />

Divulgação<br />

EMILIANO MILANEZ<br />

GRAZIANO DA SILVA<br />

é engenheiro agronômo,<br />

consultor especialista da<br />

FAO/ONU e da Unesco e também<br />

diretor da Tulipe Consultoria<br />

em Projetos Sustentáveis –<br />

www.tulipeconsultoria.com.br<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

Ilustração: design.flora@gmail.com<br />

58<br />

<strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />

Diariamente nos vemos diante de escolhas de<br />

consumo. Elas estão presentes em quase tudo e nem<br />

sempre nos damos conta disso em nossas atividades<br />

cotidianas, como escovar os dentes com a torneira<br />

aberta ou fechada, apagar a luz quando saímos de<br />

um ambiente, nas compras programadas para evitar<br />

desperdício de alimentos, e tantas outras. Estamos<br />

também expostos a escolhas quando da compra de<br />

produtos e bens, duráveis ou não, que impliquem em<br />

menor consumo de energia, origem comprovada,<br />

produto reciclável ou reciclado, responsabilidade<br />

Divulgação<br />

Por Susi Guedes<br />

Escolhas<br />

sustentáveis e<br />

conscientes<br />

As opções do consumidor podem<br />

direcionar os novos<br />

lançamentos do mercado<br />

social, credibilidade e transparência da empresa fornecedora,<br />

matéria-prima certificada, etapas de produção<br />

otimizadas e várias outras informações, conhecidas ou<br />

não, divulgadas ou omitidas, mas que podem direta<br />

ou indiretamente afetar o meio ambiente.<br />

Todas as novas possibilidades na hora da escolha<br />

nos deixam muitas vezes sem saber qual o melhor<br />

caminho, porque, afinal, algumas escolhas que são<br />

mais condizentes com a consciência ambiental podem<br />

também implicar em custos mais altos, poucas<br />

opções de modelo, cor, conteúdo, quantidade e outras<br />

características. Surge então um dilema que nem sempre<br />

é de fácil resolução: custo X impacto ambiental X<br />

necessidade X utilidade X qualidade – tudo isso tem<br />

de ser levado em consideração, até para comprar um<br />

simples sabão em pó, uma mesa para o escritório,<br />

alimentos para o almoço, uma roupa nova, um carro<br />

ou uma geladeira.<br />

O fato é que a cada dia se torna mais evidente que<br />

até nossas escolhas mais elementares afetam a natureza.<br />

A forma como vamos conduzir nossas escolhas<br />

e educar as novas gerações neste sentido, buscando<br />

Rafael Ferraresso,<br />

administrador<br />

de empresas,<br />

é diretor da<br />

Ferraresso<br />

Consultoria<br />

Divulgação<br />

que as empresas, fornecedores e<br />

prestadores de serviço atendam<br />

nossos anseios e necessidades, faz<br />

a diferença. Atitudes individuais<br />

podem influenciar o coletivo.<br />

A coluna <strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />

apresentou o assunto em forma<br />

de perguntas a quatro pessoas<br />

de diferentes áreas profissionais<br />

e de atuação, cada um com sua<br />

visão pessoal sobre o tema, tendo<br />

suas opiniões cruzadas, num<br />

“debate à distância”, que nos leva<br />

a refletir e agir.<br />

Se o leitor desejar responder às<br />

mesmas perguntas, elas estão em<br />

nosso site e ficarão disponíveis até<br />

o lançamento da próxima edição.<br />

Algumas respostas serão divulgadas<br />

no site, assim você participa do<br />

nosso debate virtual, que começa<br />

aqui, com nossos convidados.<br />

Simone Soares<br />

é atriz e cineasta


Divulgação<br />

Qual(is) atitude(s) cotidiana(s) você tem<br />

e que considera como sendo “de consciência<br />

ambiental”?<br />

Rafael Feraresso - Eu racionalizo a utilização de<br />

água (substituí válvulas de descarga por caixas<br />

acopladas) e separo lixo para reciclagem. Na<br />

empresa, não imprimimos e-mail e reduzimos<br />

ao máximo a impressão de documentos.<br />

Simone Soares - As atitudes que tenho de consciência<br />

ambiental começam em casa. Evito o<br />

desperdício de água, de energia, faço coleta<br />

seletiva de lixo e como alimentos orgânicos.<br />

Pedro Benamor Marvão – Cada vez mais tenho<br />

a preocupação em não deixar as luzes de casa<br />

acesas ou em fechar a torneira da água. Por outro<br />

lado, tento sempre não esquecer de separar nos<br />

vários recipientes do lixo as embalagens, o cartão<br />

e os jornais, os vidros, etc. Este cuidado é habitual<br />

e já faço isto automaticamente. Jamais deito um<br />

papel no chão quando estou na rua, e quando<br />

vou à praia nunca deixo restos de comida ou<br />

outras coisas na areia, coloco sempre tudo nos<br />

caixotes do lixo ou na mochila.<br />

Confesso que talvez tenha sido o documentário<br />

do Al Gore (Uma verdade inconveniente) que<br />

me despertou de alguma forma para uma maior<br />

consciência ambiental. De fato, uma das ameaças<br />

que vivemos hoje é a do aquecimento climático. O<br />

buraco de ozônio está a aumentar cada vez mais, e<br />

a terra está a aquecer a um ritmo sequencial mais<br />

elevado, o que faz aumentar os níveis das águas<br />

do mar, podendo engolir numerosas cidades portuárias,<br />

bem como zonas costeiras habitadas por<br />

centenas de milhões de pessoas.<br />

Do meu ponto de vista, caso não se tomem<br />

algumas medidas sérias para se combater o aumento<br />

do buraco do ozônio, não se afigura nada<br />

de bom. Resta a esperança de que Obama inverta<br />

o curso desta política de cassino que unicamente<br />

serviu para aumentar o bolso dos investidores e<br />

Pedro Benamor<br />

Marvão é advogado,<br />

partner da Sociedade<br />

de Advogados de<br />

Direito Português<br />

BMGA e sóciogerente<br />

da Clever<br />

Click, Serviços de<br />

Telecomunicações e<br />

Informática, Lda.<br />

causar perdas ainda incalculáveis nas poupanças<br />

de milhares de pessoas.<br />

Luiza Zeccer Sarubi – Somos, na grande maioria,<br />

imediatistas, e por consequência acabamos<br />

não agindo de maneira efetiva em relação a<br />

assuntos recorrentes como a consciência ambiental.<br />

Não diferente de uma grande parcela<br />

da população, acabo refletindo mais sobre<br />

minha postura consciente quando me deparo<br />

com situações nas quais não tenho autonomia<br />

o suficiente para resolvê-las. Por exemplo, só me<br />

dou conta da necessidade diária da água quando<br />

o abastecimento é interrompido por algum<br />

motivo. Ou ainda me vejo escrava da energia<br />

elétrica quando ela me falta e não vejo ser possível<br />

nenhuma atividade, principalmente à noite.<br />

Na minha casa, reciclamos lixo e tentamos reduzir<br />

o consumo de energia trocando lâmpadas,<br />

tirando aparelhos domésticos da tomada etc.<br />

Nossa última postura ambiental foi abolir definitivamente<br />

as sacolas plásticas quando vamos<br />

ao supermercado. Como moramos perto de um,<br />

sempre levamos nossas sacolas ecológicas.<br />

Quando vai às compras, leva em consideração<br />

que o produto ou serviço tenha<br />

algum apelo ambiental, de sustentabilidade<br />

ou preservação da natureza?<br />

Já comprou alguma coisa apenas por<br />

ter este tipo de apelo?<br />

Rafael - Sim, produtos cujas empresas contribuam<br />

para algum projeto ambiental ou de sustentabilidade<br />

têm preferência na hora da compra.<br />

Simone - Tenho simpatia pelos produtos que têm<br />

essa consciência. Confesso que muitas vezes consumo<br />

o produto pela propaganda de ser orgânico,<br />

sem agrotóxico, de não agredir o meio ambiente...<br />

Acho importante a consciência de preservar o<br />

corpo e o planeta.<br />

Pedro - Não levo sempre em consideração os ape-<br />

Divulgação<br />

“Como<br />

consumidor<br />

penso<br />

realmente no<br />

que será do<br />

futuro se não<br />

fizermos algo<br />

no presente”<br />

Rafael Ferraresso<br />

“As atitudes<br />

que tenho de<br />

consciência<br />

ambiental<br />

começam em<br />

casa; evito<br />

sempre o<br />

desperdício”<br />

Simone Soares<br />

Luiza Zeccer<br />

Sarubi é<br />

estudante de<br />

jornalismo do<br />

4 o período da<br />

Unisul<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

60<br />

<strong>DE</strong>BATE VIRTUAL<br />

“Cada vez<br />

mais tenho a<br />

preocupação<br />

em não deixar<br />

as luzes de casa<br />

acesas ou em<br />

fechar a torneira<br />

da água”<br />

Pedro Benamor<br />

“Só me dou<br />

conta da<br />

necessidade<br />

diária da água<br />

quando o<br />

abastecimento<br />

é interrompido<br />

por algum<br />

motivo”<br />

Luiza Zeccer<br />

los ambientais dos produtos ou serviços, se gostar<br />

mais de um produto ou serviço; sinceramente eu<br />

compro-o preterindo os outros. Não sou um fanático<br />

nem um fundamentalista do ambientalismo,<br />

embora tenha presente essa preocupação como<br />

um imperativo a que já não sou alheio. Nunca<br />

comprei um produto unicamente por ser bom<br />

para o ambiente.<br />

Luiza - Nas compras do dia a dia, naquelas em que<br />

consumimos o básico, não me atenho a escolhas<br />

de produtos com um apelo ambiental. Tenho sim<br />

muitos objetos derivados de material reciclado,<br />

como agenda e cadernos. Como faço jornalismo,<br />

tenho uma demanda grande de leitura e cópias,<br />

e sempre as peço em papel reciclado.<br />

Acha justo que produtos ou serviços que<br />

tenham conotação ambiental sejam mais<br />

caros? Considera convincentes e legítimos<br />

os motivos alegados para justificar este<br />

custo mais elevado?<br />

Rafael – Não acho justo; os motivos alegados não<br />

devem ser levados em conta. Aliás, a conotação<br />

ambiental deveria estar contemplada no projeto<br />

do produto e ser absorvido pelo fabricante e não<br />

repassado ao cliente. Caso contrário, é como dar<br />

esmola com o dinheiro dos outros.<br />

Simone – Não acho justo o valor elevado dos<br />

produtos naturais e orgânicos. Deveria existir um<br />

subsídio ou isenção fiscal para estimular a produção<br />

e o consumo desses produtos.<br />

Pedro –Julgo que a tendência será para o preço<br />

dos produtos ou serviços ambientais baixarem<br />

de custo, mas nunca me preocupei muito com<br />

esta questão.<br />

Luiza- Como a maioria dos produtos que compro<br />

que tenham conotação ambiental são artesanais,<br />

valorizo o preço também pela proposta, trabalho<br />

e criatividade.<br />

Sempre que algo é divulgado como tendo<br />

alguma ligação com a causa ambiental<br />

você acredita? Se tem alguma dúvida, o<br />

que o leva a pensar assim?<br />

Rafael- Acredito, não tenho dúvidas, sei que os<br />

números e as imagens muitas vezes são superdimensionados<br />

pela propaganda paga, porém hoje<br />

em dia é muito difícil haver trapaça por parte de<br />

empresas, tal a visibilidade e os mecanismos de<br />

visualização existentes nesses projetos.<br />

Simone- Sim, eu acredito. Me interesso pelas ONGs<br />

e sei que tem sido feito um excelente controle nas<br />

empresas e produtos, e também que as pessoas es-<br />

tão ficando cada vez mais conscientes com o meio<br />

ambiente e a importância de sua preservação.<br />

Pedro- Normalmente acredito que os produtos<br />

que são anunciados com a causa ambiental sejam<br />

realmente credíveis. Não me oferece muitas dúvidas<br />

a esta questão.<br />

Luíza - Sim, acredito, mas acho que o que existe<br />

é uma preocupação geral, mas sem muita<br />

atitude prática. Com a preocupação vêm as<br />

pesquisas e as mudanças de hábito que facilitam<br />

para que uma mudança significativa aconteça<br />

para o bem do planeta, e em consequência, do<br />

próprio homem.<br />

Qual sua motivação quando escolhe<br />

economizar água, comprar produtos que<br />

consumam menos energia, preferir empresas<br />

que tenham atitudes sustentáveis,<br />

e outras posturas neste sentido?<br />

Rafael - Como consumidor, penso realmente no<br />

que será do futuro se não fizermos algo no presente.<br />

Como empresário, penso nas economias e benefícios<br />

a médio e longo prazo dessas ações.<br />

Simone - O que me motiva a economizar água é<br />

saber da importância que cada um deve fazer a<br />

sua parte para preservar o planeta. O meu próximo<br />

passo é colocar em casa um sistema de coleta de<br />

água da chuva e energia solar. Tenho uma filha de 5<br />

anos, a Luana, que desde pequena já tem atitudes<br />

de preservação ambiental.<br />

Pedro - A minha motivação é bastante significativa<br />

no que tange às escolhas que no dia a dia eu faço<br />

com relação às empresas que se preocupam com o<br />

ambiente e que tenham uma perspectiva sustentável<br />

e que não pensem unicamente na maximização<br />

do lucro por si, mas antes se preocupem também<br />

com o salvamento do planeta. Como um jornalista<br />

famoso de nome Amin Maalouf disse, hoje em dia vivemos<br />

num “Mundo sem regras” e entramos no novo<br />

século sem bússola. E, por isso, todos nós temos o<br />

dever de contribuir para uma ação de salvamento<br />

com sabedoria, com lucidez, mas igualmente com<br />

paixão e, por vezes, até com ira.<br />

Luíza - Além do fator financeiro, há a preocupação<br />

ambiental. Quem nunca ficou uma noite às escuras<br />

em casa sem ter o que fazer? Em Florianópolis<br />

temos o exemplo de poucos anos atrás do apagão<br />

que durou dias, fazendo com que as atividades<br />

dos moradores tivessem que ser revistas. Nessas<br />

horas, nos deparamos com dificuldades de um<br />

futuro que pode sim estar próximo se não mudarmos<br />

nossos hábitos enquanto a mudança ainda<br />

é uma escolha.


Divulgação<br />

VISÃO INTERNACIONAL<br />

O BRIC e o binômio<br />

da sustentabilidade<br />

JOÃO SAMPAIO<br />

é economista, secretário de<br />

Agricultura e Abastecimento<br />

do Estado de São Paulo e<br />

presidente do Conselho<br />

Estadual de Segurança<br />

Alimentar e Nutricional<br />

Sustentável (Consea)<br />

Considerando que a busca de alternativas<br />

para aumentar a sua influência nas decisões sobre<br />

a economia mundial é uma prioridade do BRIC<br />

(Brasil, Rússia, China e Índia), foi absolutamente<br />

lógico o destaque conferido à segurança alimentar<br />

e à oferta energética na pauta da primeira reunião<br />

de cúpula desse bloco de emergentes, na cidade<br />

russa de Ecaterimburgo, em 16 de junho. Afinal,<br />

não há dúvida quanto ao peso político e diplomático<br />

crescente das nações<br />

capazes de atender às<br />

demandas internacionais<br />

de comida e combustíveis<br />

limpos, advindos de<br />

fontes renováveis.<br />

Na verdade, o Brasil<br />

é o país com as melhores<br />

condições de assumir a<br />

liderança na produção<br />

e exportação de produtos<br />

agropecuários,<br />

incluindo as commodities e os biocombustíveis.<br />

Tal circunstância se comprova no fato de<br />

que acabamos de receber referendo da mais<br />

alta credibilidade: o estudo do Banco Mundial<br />

(Bird) “Desenvolvimento com menos carbono<br />

— Respostas latino-americanas ao desafio<br />

das mudanças climáticas”.<br />

A pesquisa ratifica que o Brasil possui<br />

uma das matrizes energéticas mais limpas<br />

do mundo (mais de 80% da energia<br />

que produz são provenientes de fontes<br />

renováveis, como a hidroeletricidade e<br />

os biocombustíveis líquidos).<br />

Sugere, ainda, que o País<br />

pode compartilhar suas<br />

experiências bem-sucedidas<br />

de manejo ambiental<br />

com outras<br />

nações emergentes<br />

e em desenvo<br />

l v i m e nto,<br />

especialmente<br />

O Brasil é o país com as<br />

melhores condições de<br />

assumir a liderança na<br />

produção e exportação de<br />

produtos agropecuários,<br />

incluindo as commodities<br />

e os biocombustíveis<br />

João Sampaio<br />

no desenvolvimento de energias renováveis, a<br />

produção de etanol de cana-de-açúcar, a administração<br />

sustentável das matas tropicais e a<br />

gestão de resíduos sólidos. Embora o relatório<br />

não tenha incluído nessa lista de diferenciais<br />

as tecnologias de aplicação do etanol, como os<br />

automóveis flex, evidencia o reconhecimento da<br />

comunidade internacional não só à nossa capacidade<br />

de produzir, mas também de inteligência<br />

e know-how.<br />

Muito relevante também<br />

esse mesmo estudo<br />

considerar que o etanol<br />

brasileiro de cana-de-açúcar<br />

reduz de 70% a 90%<br />

as emissões de gases do<br />

efeito estufa, em comparação<br />

com a gasolina. Os<br />

biocombustíveis, ainda<br />

segundo os dados do Bird,<br />

representam cerca de 6%<br />

da energia consumida no setor de transporte da<br />

América Latina, com destaque para a produção<br />

e consumo de etanol do Brasil. Fundamental é<br />

o reconhecimento, no documento, de que, “ao<br />

contrário da produção do etanol de milho em<br />

outros países, o produto brasileiro de cana-deaçúcar<br />

não contribuiu, em razão do desvio de<br />

terras destinadas à produção agrícola, para o<br />

aumento do preço das matérias-primas alimentares<br />

ocorrido em 2007/2008”.<br />

Agora, seria fundamental que, a partir de sua<br />

primeira reunião de cúpula na Rússia, as nações<br />

do BRIC pudessem atuar diplomaticamente de<br />

maneira mais coesa e sinérgica, avançando nas<br />

negociações, com norte-americanos e europeus,<br />

dos subsídios agrícolas e taxas de importação do<br />

etanol. Ao agirem assim, não estariam beneficiando<br />

apenas o Brasil, mas todo o bloco, à medida<br />

que a contribuição recíproca poderia implicar<br />

a contrapartida brasileira no fornecimento e<br />

também na transferência de tecnologia, o que<br />

é muito importante.<br />

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

62<br />

VISÃO ADMINISTRATIVA<br />

Giovani Toledo<br />

Tempo de conscientização e atitude<br />

Mais do que nunca, precisamos combater<br />

a poluição e agir em favor do meio ambiente<br />

Em nenhum período o mundo desenvolveuse<br />

tanto como nos últimos cinquenta anos. Seja<br />

na medicina, nas telecomunicações, nos setores<br />

industriais, nos transportes, nas áreas tecnológicas<br />

ou na indústria de diversos segmentos,<br />

inúmeras mudanças tornaram mais confortável<br />

a vida do ser humano. Tanta evolução, porém,<br />

não veio só. A despeito dos benefícios adquiridos<br />

pela humanidade em todos esses anos,<br />

os danos causados ao planeta são notórios e<br />

tornaram-se urgentes por solução.<br />

No mês de agosto, existe um dia (14) especialmente<br />

dedicado ao combate à poluição,<br />

que nos faz avaliar o quanto podemos fazer em<br />

favor de nosso planeta e para melhorar nossa<br />

qualidade de vida e das próximas gerações. No<br />

ar, na terra, na água, a preservação dos recursos<br />

naturais é de responsabilidade de todos e<br />

pequenas atitudes podem trazer resultados<br />

bastante significativos.<br />

Vivemos num país beneficiado pela natureza.<br />

Temos em nosso território a maior floresta<br />

tropical do mundo, que abriga uma enorme<br />

biodiversidade — animal e vegetal — e detemos<br />

cerca de 13% da água potável do planeta.<br />

Entretanto, dados do Instituto Nacional<br />

de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam para<br />

578 km 2 de áreas em processo de desmatamento<br />

na Amazônia Legal no mês de junho<br />

último, totalizando 3.562 km 2 em 12 meses,<br />

e desperdiçamos cerca de 40% da água que<br />

tratamos. Diariamente, centenas de toneladas<br />

de lixo são jogadas nas ruas e outras tantas<br />

toneladas de poluentes são lançadas no ar,<br />

produzidos por milhões de veículos que circulam<br />

por nossas cidades, responsáveis também<br />

pela poluição sonora que tanto prejudica a<br />

saúde da população.<br />

Dados da Organização das Nações Unidas<br />

apontam para um futuro ainda mais preocupante.<br />

Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm<br />

acesso a água potável, fator responsável por<br />

80% das mortes e enfermidades nos países<br />

em desenvolvimento. A falta de saneamento<br />

básico e de água disponível para a agricultura<br />

tem levado milhões de pessoas à morte<br />

todos os anos.<br />

Temos de mudar este quadro, começando<br />

pelo âmbito familiar. Precisamos ensinar nossas<br />

crianças, desde<br />

No ar, na terra, na água, a<br />

preservação dos recursos naturais é<br />

de responsabilidade de todos;<br />

pequenas atitudes podem trazer<br />

resultados bastante significativos<br />

pequenas, a cuidar<br />

do bem-estar de todos,<br />

a não jogar lixo<br />

nas ruas e a fechar a<br />

torneira ao escovar os<br />

dentes e ao varrer as<br />

calçadas, e a separar<br />

os diferentes tipos de<br />

lixo. Devemos agir todos os dias em favor da<br />

preservação da natureza em casa, na rua, no<br />

trabalho, não somente por imposição de leis,<br />

mas por conscientização e respeito a nós e ao<br />

próximo. Pessoas que pensam e praticam ações<br />

que beneficiam o meio ambiente agem com<br />

base no desenvolvimento sustentável.<br />

GIOVANI TOLEDO<br />

é gestor da Unidade de Negócios<br />

Mizumo – unidade de negócios<br />

do Grupo Jacto, especializada em<br />

sistemas compactos de tratamento<br />

de esgoto sanitário<br />

Divulgação


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VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

64<br />

VISÃO ECONÔMICA<br />

Alexandre Reis<br />

Recursos Hídricos:<br />

qual o cenário para o Brasil?<br />

O Brasil detém aproximadamente 8% de toda<br />

a água doce do mundo. Desse percentual, 80%<br />

está na região amazônica. Se repartíssemos os<br />

20% restantes pelas demais regiões, cada uma<br />

ficaria com 5%. Logo, é preciso haver um plano<br />

de gestão adequado para esse recurso natural,<br />

principalmente nos estados das regiões Sul<br />

e Sudeste.<br />

Antes, a problemática dos recursos hídricos<br />

se restringia ao problema da poluição qualitativa,<br />

ou seja, dos detritos lançados em mananciais.<br />

Com o passar do tempo surgiu também o problema<br />

da escassez quantitativa. Portanto, sem<br />

medidas bem planejadas, vai faltar água.<br />

Vários setores da sociedade argumentam<br />

pela consciência ou pela educação ambiental.<br />

Isso é muito importante, mas não é tudo. O próprio<br />

País age de maneira pouco significativa para<br />

mitigar o problema. O que precisamos, de fato,<br />

é da implementação imediata de um sistema<br />

nacional de gestão dos recursos hídricos. Isso é<br />

essencial para a sustentabilidade do sistema.<br />

Hoje, os instrumentos mais utilizados para<br />

controlar o problema da água são a cobrança<br />

pelo uso (retirada) e o direito de uso (outorga),<br />

mas falta o principal, que é a implementação<br />

da tríade incitação financeira, participação descentralizada<br />

e reversão de recursos em obras.<br />

Para que isso se concretize é preciso consolidar<br />

os comitês e as agências de bacia.<br />

A origem teórica do instrumento de cobrança<br />

está no livro Princípios da Economia Política<br />

e da Tributação, de David Ricardo, economista<br />

do século XIX. A generalização do raciocínio da<br />

renda estática para os demais recursos naturais<br />

já constava na discussão sobre a determinação<br />

da renda da terra que ele fez em sua obra. O<br />

autor falou desse problema com mais de um<br />

século de antecedência. A citação abaixo demonstra<br />

isso:<br />

“Nada é mais comum que ouvir falar das<br />

vantagens que a terra possui sobre qualquer<br />

outra fonte de produção, devido ao excedente<br />

que proporciona sob a forma de renda. No entanto,<br />

quando a terra é muito abundante, muito<br />

produtiva e fértil, não produz renda alguma. Somente<br />

quando suas forças diminuem, e quando<br />

se obtém menor retorno com o trabalho, uma<br />

parcela da produção original das faixas mais férteis<br />

é destinada ao pagamento da renda. (...) Se<br />

o ar, a água, a elasticidade do vapor e a pressão<br />

atmosférica tivessem diferentes qualidades; se<br />

pudessem ser apreendidas e se cada qualidade<br />

existisse apenas em quantidade moderada, esses<br />

agentes, assim como a terra, dariam origem<br />

a renda, à medida que as diferentes qualidades<br />

fossem sendo utilizadas.”<br />

David Ricardo constata que os recursos naturais<br />

podem gerar renda devido a três motivos:<br />

(a) escassez, (b) qualidades diferenciadas, e (c)<br />

possibilidade de ser apropriado (possuir valor<br />

de troca). De fato, quer por problemas quantitativos<br />

(extração excessiva), quer por problemas<br />

de degradação qualitativa (poluição), as águas<br />

dos mananciais têm diminuído.<br />

Dessa forma, os recursos naturais adquirem<br />

características semelhantes a qualquer outro<br />

ativo na economia. Ao não serem mais bens<br />

livres, passam a ser considerados bens econômicos,<br />

como a terra. É claro que, no caso do ar e<br />

da água, existe o problema da apropriabilidade.<br />

Nesse caso, a apropriação é feita pela declaração<br />

de domínio estatal.<br />

Através desse instrumento, a renda não<br />

é dissipada (o que ocorreria no caso de livre<br />

acesso ao recurso) e, ao ser cobrada, reverte<br />

para o Estado (o ativo “recursos hídricos” é um<br />

bem patrimonial estatal que faz jus a uma renda<br />

de escassez).<br />

Observa-se, então, que o cerne da questão é<br />

que, quando qualquer recurso natural se tornar<br />

escasso, será necessário cobrar um preço sobre<br />

esse bem. Cobrando esse preço, e mais um<br />

pouco para ser usado em ações mitigadoras, o<br />

processo torna-se eficiente. Caso isso não seja<br />

feito, o cenário é bastante pessimista.<br />

ALEXANDRE REIS<br />

é economista e professor<br />

especialista em<br />

Planejamento <strong>Ambiental</strong><br />

Divulgação


EVENTOS<br />

A transparência e a sustentabilidade no<br />

Mercado de Capitais<br />

Por Susi Guedes<br />

Realizado por uma parceria entre o IBRI (Instituto<br />

Brasileiro de Relações com Investidores),<br />

a M&E Consultoria e a revista Razão Contábil, e<br />

sediado no auditório da BM&FBOVESPA, o seminário<br />

“A Transparência e a Sustentabilidade no<br />

Mercado de Capitais” discutiu a importância desta<br />

nova postura, antes desejada, agora exigida, que<br />

leva em conta a clareza e a veracidade de todas<br />

as informações do mundo corporativo.<br />

A história recente da economia mundial evidencia<br />

quão graves podem ser as consequências<br />

da omissão e distorção de dados. Em função<br />

disso, a transparência passou a ser valorizada<br />

como capital impalpável, mas fundamental, e o<br />

investidor ficou mais atento a qualquer detalhe.<br />

Neste cenário, a sustentabilidade ganhou maior<br />

relevância, pois a preocupação com o meio ambiente<br />

é por si só um ponto estratégico.<br />

Cases de sucesso como os da CPFL Energia<br />

e da Braskem, que têm a sustentabilidade e a<br />

boa governança corporativa como bases fundamentais<br />

de suas empresas, sinalizam que este é<br />

Augusto Rodrigues - CPFL,<br />

Luana Pavani - Agência Estado<br />

e Luciana Ferreira - Braskem,<br />

apresentando cases de sucesso<br />

o caminho a ser seguido. Declarações de seus<br />

representantes em suas apresentações dimensionam<br />

este posicionamento.<br />

“A perenidade do nosso negócio e o futuro<br />

da humanidade dependem cada vez mais do<br />

equilíbrio entre a busca de resultados econômicos<br />

e a capacidade da sociedade e da natureza<br />

suportarem o crescimento. Acreditamos que a<br />

integração dessas variáveis na produção e utilização<br />

de energia contribui para criar um estilo de<br />

vida que não gera desequilíbrio social e ambiental<br />

e produz uma sociedade segura, equilibrada,<br />

ECONOMIZE CAPITAL<br />

E <strong>DE</strong>FENDA SEUS DIREITOS!<br />

• Contabilidade em Regime de Outsourcing<br />

• Departamento Pessoal<br />

• Gestão de Benefícios<br />

• Escrita Fiscal<br />

• Planejamento Tributário:<br />

– Agilização na Homologação/Recuperação<br />

de Créditos junto às SRF e Fazenda Estadual<br />

– Administração de Passivo Tributário com<br />

Precatórios Alimentares<br />

saudável e agradável de viver”.<br />

Essa é a opinião de Augusto Rodrigues,<br />

diretor de Comunicação<br />

Empresarial da CPFL.<br />

“Quanto mais ações forem<br />

tomadas na direção da sustentabilidade,<br />

maior é o impacto<br />

positivo na imagem corporativa<br />

da companhia”, afirma<br />

Luciana Ferreira, diretora de<br />

Relações com Investidores da<br />

Braskem.<br />

ATENAS CONSULTORIA EMPRESARIAL<br />

Rua José Debieux, 35, Conj. 43 – Santana – São Paulo – SP – Fone: 11-2283-2264<br />

www.atenasconsultoria.com – comercial@atenasconsultoria.com<br />

Divulgação


VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009<br />

66<br />

AGENDA<br />

Fenágua (Feira Nacional da Água) e I Congresso<br />

Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo<br />

De 15 a 18 de setembro<br />

Horário e programação: verificar no site<br />

FECOMERCIO - Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista<br />

/ São Paulo- SP - www.abas.org/cimas<br />

Vivendo Sustentável 2009<br />

De 16 de setembro a 04 de outubro<br />

Horário e programação: verificar no site<br />

Clube Esperia – Av. Santos Dumont, 1313 – Santana /<br />

São Paulo / SP - www.esperia.com.br<br />

FITABES (VIII Feira Internacional de Tecnologias<br />

de Saneamento <strong>Ambiental</strong>)<br />

De 20 a 24 de setembro<br />

Centro de Convenções de Pernambuco<br />

Horário e programação: verificar no site<br />

Av. Prof. Andrade Bezerra, s/nº - Salgadinho / Recife<br />

Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas<br />

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais<br />

11 - 3254-3566 - www.abrelpe.org.br<br />

Albert Einstein – Sociedade Beneficente<br />

Israelita Brasileira<br />

www.einstein.br<br />

Alexandre Reis<br />

alexreisrs@ig.com.br<br />

Andef - Projeto de Responsabilidade<br />

Socioambiental das Indústrias de<br />

Defensivos Agrícola<br />

11 - 3087-5038 - www.andef.com.br<br />

Aoceano - Associação Brasileira<br />

de Oceanografia<br />

47- 3367-2202 - www.aoceano.org.br<br />

Arnaldo Jardim<br />

www.arnaldojardim.com.br<br />

Atenas Consultoria Empresarial-<br />

José Antonio Gutierrez<br />

11 - 2283-2264 - gutierrez@atenasconsultoria.com<br />

Barrocarte<br />

32 - 3371-6988 - www.barrocarte.com<br />

Bertolucci<br />

11 - 3873- 2879 - www.bertolucci.com.br<br />

Biomóvel<br />

47 - 3635-0768 - www.biomovel.com.br<br />

BM&FBovespa<br />

www.bmfbovespa.com.br<br />

Celulose Irani S.A<br />

51 - 3220-3535 - www.celuloseirani.com.br<br />

Clio Editora<br />

11 2186-2548 - www.clioeditora.com.br<br />

Comissão Europeia de Turismo<br />

11 - 2729-8872 - www.vifiteurope.com<br />

Delboni Auriemo – Dasa<br />

11- 3049-6999 - www.delboniauriemo.com.br<br />

Drogaria São Paulo<br />

11- 3272-1000 - www.drogariasaopaulo.com.br<br />

Edifício Acqua<br />

www.acqua.com.uy<br />

Editora Campus - Elsevier<br />

0800-265340 - www.campus.com.br<br />

Emiliano Milanez Graziano da Silva<br />

emiliano@tulipeconsultoria.com.br<br />

Espaço Terra<br />

11- 4241-8310 - www.espacoterra.com.br<br />

Faber-Castell<br />

0800 701-7068 - www.fabercastell.com.br<br />

Fiema<br />

www.fiema.com.br<br />

Flipper<br />

11- 4411-0977 - www.flipper.ind.br<br />

GEA Sistemas de Resfriamento<br />

19 - 3936-1522 - www.geasr.com.br<br />

Giovani Toledo<br />

mizumo@mizumo.com.br<br />

Green Building<br />

www.gbcbrasil.org.br<br />

Greenpeace<br />

www.greenpeace.org.br<br />

Grossl – Divisão de móveis<br />

www.grossl.com.br<br />

Grupo Fleury<br />

11 - 5014-7269 - www.fleury.com.br<br />

Ibama – Instituto Brasileiro do Meio<br />

Ambiente e dos Recursos Naturais<br />

Renováveis – Escritório Regional Santos<br />

13 - 3227-5775 / 3227-5776<br />

Ibri –Instituto Brasileiro de Relações<br />

com Investidores<br />

www.ibri.com.br<br />

Jatobá Green Building<br />

www.edificiojatoba.com.br<br />

João Pedro Sampaio -<br />

Fotografia & Assessoria<br />

www.joaopedrosampaio.com.br<br />

João Sampaio<br />

joaosampaio@agricultura.sp.gov.br<br />

Kahn do Brasil<br />

11-4152-3500 - www.kahndobrasil.com.br<br />

Kema<br />

21 - 2232-4500 - www.kema.com<br />

Laércio Benko Lopes<br />

advbenkolopes@uol.com.br<br />

Lazza Pet<br />

13 - 33415026 - www.lazza.com.br<br />

Leader<br />

www.laeder.com.br<br />

Masterplastic<br />

35- 3433-8310 - www.masterplastic.com.br<br />

Meu Móvel de Madeira<br />

0800-645-9009 - www.meumoveldemadeira.com.br<br />

Ministério do Meio Ambiente<br />

www.mma.gov.br<br />

Moises Chencinski<br />

11 - 3253-0586 - www.doutormoises.com.br<br />

VI Congresso Brasileiro de Unidades de<br />

Conservação (VI CBUC),<br />

II Simpósio Internacional de Conservação<br />

da Natureza<br />

e III Mostra de Conservação da Natureza<br />

De 20 a 24 de setembro<br />

Horário e programação: verificar no site<br />

Expo Unimed Curitiba - Rua Prof. Pedro Viriato Parigot<br />

de Souza, 5300 – Campus Universitário Positivo<br />

www.fundacaoboticario.org.br/cbuc<br />

VI Congresso de Meio Ambiente da Associação<br />

de Universidades Grupo Montevidéu<br />

De 5 a 8 de outubro<br />

Horário e programação: verificar no site<br />

Rodovia Washington Luís (SP-310), km 235 -<br />

São Carlos – SP<br />

http://www.ambiente-augm.ufscar.br<br />

– PE - www.fitabes.com.brMotorola Brasil<br />

www.motorola.com.br<br />

MSM Consultoria Imobiliária<br />

11- 2972-8888 - www.msmimobiliaria.com.br<br />

NCC - North Corporate Center<br />

www.msmconstrucoes.com.br<br />

NR <strong>Ambiental</strong> – Nilberto Machado<br />

11- 2281-9751 - nilberto@atenasconsultoria.com<br />

Orienta Vida<br />

12 - 3112-1103 - www.orientavida.org.br<br />

Pedro Benamor Marvão<br />

00 351 314 7295 e 00 351 3157210/11 – Lisboa<br />

Portugal - jpa.advogados@mail.telepac.pt<br />

Pioneira<br />

11- 4748-2922 - www.pioneira.com.br<br />

Planalto Indústria Mecânica<br />

62 - 3237-2400 - www.planaltoindustria.com.br<br />

Plastivida – Instituto Sócio <strong>Ambiental</strong><br />

dos Plásticos<br />

11- 3816-2080 - www.plastivida.org.br<br />

Rafael Ferraresso<br />

19- 9762-22-24 - www.ferraressoconsultoria.com.br<br />

Raul Lóis Crnkovic<br />

11- 5042-1703 - crnkovich@bol.com.br<br />

Rodotec Indústria Comércio e Prestação<br />

de Serviços Rodoviários<br />

11- 3783-7800 - www.rodotec.com.br<br />

Scalla Lingerie<br />

11 - 3598-2178 - www.scalasemcostura.com.br<br />

Sterlix <strong>Ambiental</strong> Tratamento de Resíduos<br />

11- 3805-7566 - www.sterlix.com.br<br />

Tintas Futura<br />

0800 773 2900 - www.futuratintas.com.br<br />

Tintas Renner<br />

www.tintasrenner.com.br<br />

TriFil – Lingerie e Meias<br />

11- 3598-2000 - www.trifil.com.br<br />

Trilhas Floripa<br />

www.trilhasfloripa.com.br<br />

UFSC - Universidade Federal de Santa<br />

Catarina- Depto. de Oceanografia<br />

48- 3721-8517 - www.ufsc.br<br />

Vera Gonzaga<br />

www.veragonzaga.com.br<br />

Victor Penitente Trevizan<br />

vpt@peixotoecury.com.br<br />

WWF Brasil<br />

www.wwf.org.br<br />

SXC

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