ENTREVISTA/WALTER RODRIGUES Fazer jornalismo ... - Fae
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colaboradores. A minha vontade é que haja mais colaboradores. Não há vontade de que eu<br />
seja o único redator, distribuidor.<br />
Memória.Com - O que é <strong>jornalismo</strong> independente para você?<br />
Walter - Em primeiro lugar, o <strong>jornalismo</strong> independente é uma coisa bastante simples. É<br />
que você não receba ordem, orientação de nenhum grupo político, nem mesmo dos grupos<br />
com os quais você pode simpatizar. Ou seja, se um jornal recebe orientação do PT, pode até<br />
ser um excelente jornal se o PT tiver excelentes propostas, mas ele não é um jornal<br />
independente. Só pode ser independente se a linha editorial do jornal for baseada em<br />
princípios e não em facções. O que quer dizer em princípios. Exemplo, você tem uma linha<br />
de princípio contra a tortura ou contra a fraude a licitações. Então é claro que uma notícia<br />
de fraude em licitações deve sair no jornal independentemente de quem for o acusado.<br />
Assim como você tem que ter a capacidade de poder entrevistar qualquer líder político,<br />
qualquer deputado, qualquer prefeito, qualquer governador, independentemente de você<br />
achar que ele é o pior sujeito do mundo ou o melhor. Entrevistar sempre de forma<br />
equilibrada, ou seja, você não pode nem fazer da entrevista um pelotão de fuzilamento nem<br />
um levantamento de bola para aquele que você simpatiza. O jornalista independente tem<br />
que estar disposto a eventualmente a atritar-se com todos os grupos políticos.<br />
Memória.Com - O jornalista independente não é imparcial?<br />
Walter – Não. Isso está bem definido em nossa carta de princípios, que estabelece o<br />
seguinte: ser independente não significa dizer que você não tenha posição sobre as coisas.<br />
Por exemplo, eu tenho posição a favor do MST na sua luta contra os grandes proprietários<br />
rurais. Isso é uma posição clara do Colunão, não se esconde de ninguém. Entretanto, se<br />
aparece um caso objetivo de saber se tal fazendeiro foi morto pelo MST ou não, o jornalista<br />
tem que encarar aquilo como fato. Nada justifica sonegar a informação para o leitor. Nada<br />
justifica você assumir o papel e dizer “é melhor que o leitor não saiba disso que ele pode<br />
entender errado”. Não. Você dá a informação e se você simpatiza com o MST, você tem<br />
que mostrar que um episódio isolado não define o que é certo e o que é errado na reforma