Relatório com fotos Criança Esperança ... - Amencar
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RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS<br />
PROJETO MISTURANDO INGREDIENTES, APROXIMANDO ETNIAS<br />
NO EMBALO E NOS PASSOS<br />
DA CULTURA ALEMÃ<br />
O desenvolvimento de ações relacionadas à arte vão ao encontro dos interesses dos jovens. O<br />
presente projeto conseguiu maior envolvimento na construção de uma cultura participativa e democrática, na<br />
formação de jovens/adolescentes cidadãos ativos e responsáveis, capazes de atuar politicamente, lutando por<br />
suas conquistas e interesses de modo a resolver os conflitos provenientes da participação social. Além disso,<br />
desenvolveram potencialidades, a auto-expressão, a auto-estima, a socialização e o respeito pelo coletivo, bem<br />
<strong>com</strong>o obtiveram acesso a novos conhecimentos e elaboraram, através de atividades ligadas às três culturas,<br />
conceitos referentes a diversas áreas do conhecimento.<br />
A atividade produtiva em grupo contribuiu para o exercício de uma convivência mais solidária e<br />
democrática. Pudemos constatar uma crescente superação do individualismo, porque os problemas são<br />
parecidos e isso estimula a procura de saídas <strong>com</strong>uns. Os indivíduos encontram no grupo solidariedade,<br />
sustento, abertura, amizade e <strong>com</strong>panheirismo. Eles apreenderam a respeitar diferenças e a tomar decisões<br />
conjuntas, em que eles são os atores principais do projeto.<br />
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EQUILÍBRIO E DANÇA ATRAVÉS DA<br />
CULTURA AFRO<br />
A atividade produtiva em grupo contribuiu para o exercício de uma convivência mais solidária e<br />
democrática. Pudemos constatar uma crescente superação do individualismo, porque os problemas são<br />
parecidos e isso estimula a procura de saídas <strong>com</strong>uns. Os indivíduos encontram no grupo solidariedade,<br />
sustento, abertura, amizade e <strong>com</strong>panheirismo. Eles apreenderam a respeitar diferenças e a tomar decisões<br />
conjuntas, em que eles são os atores principais do projeto.<br />
A capoeira se apresenta <strong>com</strong>o um caminho para estimular a consciência cultural do sujeito,<br />
<strong>com</strong>eçando pelo reconhecimento da cultura afro descendente, ressaltando suas visões de mundo, suas<br />
potencialidades e desafios. Neste sentido, procuramos pensar a capoeira <strong>com</strong>o um instrumento para revitalizar<br />
e resgatar a identidade, a diversidade e as singularidades culturais e a diversidade humana. Além disso, é<br />
possível pensar propostas pedagógicas que vinculem a capoeira <strong>com</strong> preocupações políticas e sociais mais<br />
amplas. Nesta perspectiva, a capoeira pode ser dialética, emancipatória e inclusiva, partindo de uma prática<br />
restauradora, transgressora, intercultural e crítica, <strong>com</strong>o um poderoso instrumento para reafirmar a<br />
singularidade na diversidade.<br />
Na foto, o grupo de jovens está realizando um momento de roda da capoeira, momento<br />
considerado importante para a formação de alguns valores grupais, <strong>com</strong>o por exemplo: respeito pelo tempo e<br />
movimento de cada um e pelo espaço conjunto de que se precisa para se formar a roda; necessidade de<br />
a<strong>com</strong>panhar o outro (<strong>com</strong> instrumentos distintos) no mesmo ritmo, contribuindo para que o todo soe<br />
uniformemente; daí provém a necessidade de escutar atentamente os outros integrantes do grupo para poder<br />
se colocar <strong>com</strong>o participante da roda também; o contrato/acordo grupal de fechar o círculo para que, neste<br />
momento, ninguém a deixe ou a invada que já não faça parte deste grupo, respeitando, <strong>com</strong> isso, a grupalidade<br />
que vem sendo desenvolvida desde o início dos trabalhos.<br />
Também a dança Kaingang, <strong>com</strong>o elemento essencialmente cultural desta <strong>com</strong>unidade<br />
indígena, foi apreciada pelos participantes do projeto, assim <strong>com</strong>o pela <strong>com</strong>unidade de pais e demais familiares<br />
dos participantes. Apesar de esta <strong>com</strong>unidade indígena estar presente há tantos anos no município de São<br />
Leopoldo, ainda é surpreendente <strong>com</strong>o a sua cultura se apresenta <strong>com</strong>o novidade para a <strong>com</strong>unidade local.<br />
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Oficinas de Culinária:<br />
Adolescentes e familiares <strong>com</strong> a mão na massa<br />
Quando se participa de uma atividade diferenciada que empolga, anima e a partir da qual se<br />
pode tecer outras idéias (por exemplo, de outras receitas, <strong>com</strong>binações tanto para a culinária quanto para o<br />
artesanato ou passos de dança), isto desperta automaticamente o interesse também dos familiares. Estes<br />
seguidamente participavam de algumas ações pontuais, conferindo o devido valor aos participantes. Aqui se<br />
tem, novamente, o elemento importante da auto-estima a partir de uma atividade que os familiares<br />
a<strong>com</strong>panham e podem <strong>com</strong>preender, através dos olhos dos participantes, <strong>com</strong>o estas diversas oficinas<br />
puderam contribuir para a formação profissional e pessoal dos integrantes, <strong>com</strong> vistas à geração de renda<br />
<strong>com</strong>plementar familiar.<br />
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A maior contribuição de todos os projetos obviamente está no desenvolvimento social e<br />
humano das pessoas, fortalecendo a auto-estima, o desenvolvimento dos potenciais humanos, das relações<br />
interpessoais e a criação de um espírito mais solidário nos grupos.<br />
mudanças:<br />
Através dos depoimentos dos beneficiários pudemos identificar <strong>com</strong>o importantes e positivas<br />
• fortalecimento da auto-estima, que se expressa numa melhor expressão verbal, posturas<br />
mais firmes e reflexões mais profundas sobre sua cidadania e as condições de vida. Isso<br />
levou os participantes a assumirem novas posturas em relação ao cuidado pessoal, à higiene,<br />
à saúde e à alimentação. Alguns entrevistados relatam uma maior alegria e perspectiva de<br />
vida, que reduz a ansiedade e os fenômenos de stress que provocam doenças<br />
psicossomáticas;<br />
• ampliação de estratégias de sobrevivência através de formação de novas relações e redes<br />
sociais;<br />
• em vários casos pudemos constatar um melhor rendimento escolar dos adolescentes;<br />
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Com relação à ampliação e fortalecimento dos laços sociais, observamos um fenômeno<br />
interessante e que foi tecendo uma grupalidade imprescindível para os trabalhos ao longo do projeto: o apoio<br />
mútuo. Desde o início do projeto, as mulheres e adolescentes integrantes das diversas oficinas (culinária,<br />
artesanato, entre outros) experimentaram momentos de troca de vivências, de desabafo sobre questões<br />
diversas de suas famílias e de questões individuais também, sendo que isto resultou em um bonito movimento<br />
de apoio em grupo. Logo se sentiram acolhidas e <strong>com</strong>preendidas, pois havia ali pessoas <strong>com</strong> problemáticas<br />
semelhantes e <strong>com</strong> as quais era possível de se escutar e até colher alguns conselhos a partir da troca de<br />
vivências.<br />
Já <strong>com</strong> os jovens que participaram da capoeira, por exemplo, a temática era outra; neste grupo<br />
mais dinâmico, eram trabalhadas questões de respeito e disciplina, dando abertura aos jovens para trazerem<br />
temas que os estivessem ocupando no momento. Aqui surgiram dúvidas sobre drogas, sexualidade, entre<br />
outros, que puderam ser discutidas ao longo dos encontros semanais.<br />
Percebemos, também, mudanças significativas relacionadas ao reconhecimento dos potenciais<br />
individuais e o fortalecimento do seu conhecimento próprio, o que altera atitudes e motiva a busca de<br />
alternativas para o suprimento das necessidades básicas, <strong>com</strong>o transformar as relações sociais.<br />
Os projetos de geração de trabalho e renda se mostraram uma estratégia adequada para surtir<br />
melhorias nas condições de vida das famílias. A rede familiar sentiu as conseqüências deste projeto na medida<br />
em que teve modificada a postura dos integrantes do projeto. Isto certamente modifica as próprias relações<br />
afetivas, uma vez que se admite, pela Psicologia, mudanças em um todo grupal quando ocorrem mudanças<br />
significativas para um ou mais de seus indivíduos. Nem sempre isso implica melhorias financeiras, mas sempre<br />
em novos conhecimentos (profissionalizantes), na ampliação da rede social e no aprendizado de mecanismos<br />
democráticos na gestão de grupos. Isso qualifica as pessoas em vários sentidos e aumenta o leque de<br />
possibilidades para uma inserção social.<br />
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Inicialmente enfrentamos algumas dificuldades para focar o projeto no público-alvo e despertar<br />
o interesse da <strong>com</strong>unidade pelas oficinas. O baixo grau de organização e articulação das <strong>com</strong>unidades mais<br />
próximas contribuiu para esta situação.<br />
A questão de gênero demonstrou ser um elemento que inicialmente subestimamos. O forte<br />
preconceito por parte dos rapazes em relação a aprender e desenvolver habilidades culinárias foi um elemento<br />
desagregador. A necessidade de afirmar valores de igualdade e tolerância através de metodologias alternativas<br />
foi uma questão de grande significância.<br />
A necessidade econômica nós acreditamos que tenha sido o elemento mais desafiador. Muitos<br />
dos jovens estavam em busca do primeiro emprego ou de uma atividade que claramente pudesse gerar um<br />
trabalho formal no curto prazo.<br />
Estes elementos geraram uma variação de grande significância na pirâmide etária atingida<br />
tanto para cima quanto para baixo. Inicialmente, o interesse pela oficina foi despertado por mulheres que<br />
possuíam uma faixa etária elevada e buscavam uma atividade que lhes permitisse a socialização além dos<br />
limites domésticos, mais focadas em grupos de convivência. As oficinas <strong>com</strong>eçaram a tomar corpo, e o aroma<br />
dos quitutes produzidos pelos jovens passaram a atrair novos educandos.<br />
Em novembro de 2009 foi firmada uma parceria <strong>com</strong> o Cedeca/Proame e o Centro de<br />
Referência em Assistência Social da Zona Leste de forma a realizar as oficinas na Cohab Feitoria e aproximar<br />
do grupo existente nesta <strong>com</strong>unidade.<br />
Esta proposição foi implementada <strong>com</strong> muito êxito e gerou inúmeros frutos. Ao final do ano<br />
passado constituímos algumas pequenas atividades de produção e <strong>com</strong>ercialização dos produtos. Estas<br />
iniciativas serviram <strong>com</strong>o um poderoso estímulo e deram algumas pistas sobre a constituição real do grupo de<br />
produção. O maior saldo adquirido <strong>com</strong> estas medidas foi o fortalecimento da sua auto-estima e da sua<br />
autonomia. O resultado das novas táticas a partir do início do ano elevou a sua conscientização do papel do<br />
projeto e do seu próprio papel <strong>com</strong>o protagonistas. Elas assumiram a responsabilidade pelo seu sucesso e<br />
passaram a enfrentar desafios operacionais importantes <strong>com</strong> a sua garra e criatividade. Elas assimilaram que<br />
este projeto era delas e não apenas para elas.<br />
Oficina de Inclusão Digital:<br />
Momentos de descobertas e aprendizagens<br />
As oficinas de inclusão digital se mostraram <strong>com</strong>o um importante ancorador de conhecimentos<br />
que cada jovem trazia consigo e mesclava <strong>com</strong> os conhecimentos dos outros. Por isso mesmo, não se teve<br />
uma postura de aula propriamente dita, para poder valorizar o domínio que cada um já tinha sobre uma ou outra<br />
ferramenta utilizada nas oficinas. Nas situações em que havia dúvida sobre os procedimentos, os próprios<br />
integrantes se articulavam e exercitavam a solução prática e adequada entre si. Por vezes, era necessária a<br />
intervenção do oficineiro, mas isto ocorreu mais no sentido de poder mediar e organizar as várias idéias e<br />
perguntas que surgiam do que propriamente de repetir o sistema professor-aluno que todos já conhecem de<br />
sua formação em escolas.<br />
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Como se sabe <strong>com</strong>umente, os jovens são muito atraídos pela informática e suas infinitas<br />
possibilidades de busca, de inserção, de aprendizado dinâmico e de entretenimento também. Concluímos que<br />
este <strong>com</strong>plemento de inclusão digital deva estar presente em todos os projetos que tenham os jovens <strong>com</strong>o<br />
público-alvo e que tiverem condições de executá-la, pois acrescenta o importante elemento de participação<br />
ativa e interessada por parte dos jovens. Em outras palavras, a informática vem sendo vista pelos próprios<br />
jovens <strong>com</strong>o um potencializador de sua entrada no mercado de trabalho, inclusive. E esta vem sendo uma<br />
preocupação constante no grupo que a<strong>com</strong>panhamos.<br />
Fazendo e Mostrando Arte através do Artesanato<br />
Nas oficinas de artesanato, as mulheres vivenciaram momentos de prazer na confecção de<br />
artigos diversos, possibilitando usar sua própria inventividade para criar artefatos inéditos e estéticos. Além<br />
disso, puderam aprender novas técnicas de feitio para poder reproduzir em suas casas, aperfeiçoando-se<br />
nelas.<br />
Sabe-se que a geração de renda é um instrumento estratégico para a inclusão social e também<br />
para a mudança de posição de gênero na família brasileira, que ainda aponta o homem <strong>com</strong>o o principal<br />
provedor da família e a mulher <strong>com</strong>o a que não gera renda. No entanto, sentiu-se grande dificuldade de fazer<br />
alguma diferença neste quadro atual. Alguns dos desafios encontrados foi a própria articulação em grupo para<br />
além das oficinas, <strong>com</strong>o instrumento de potencial fortalecedor ao grupo de produção feminino; as mulheres que<br />
freqüentaram nossas oficinas passaram a confeccionar o seu artesanato individualmente em casa para vender<br />
por en<strong>com</strong>endas. Isto aponta para um individualismo ainda muito enraizado em nossa cultura de geração de<br />
renda: cada um ganha conforme o que cada um produzir individualmente. Isto vai contra os princípios da<br />
Economia Solidária que tentamos transmitir durante as oficinas na AMENCAR.<br />
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Para poder garantir o crescimento, a sustentabilidade e a autonomia dos empreendimentos,<br />
será necessário, futuramente, investir mais forças na qualificação do grupo <strong>com</strong>o um todo. Ainda mais se nos<br />
lembrarmos de quão <strong>com</strong>petitivo é o mercado; sozinho, sem somar forças, dificilmente se consegue sobreviver.<br />
Apontamos, portanto, para este desafio: a importância de se trabalhar melhor a metodologia de<br />
empreendimentos coletivos durante as oficinas.<br />
Momento de Confraternização<br />
entre equipe e usuários do Projeto<br />
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