Poesia - Academia Brasileira de Letras
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Talvez um tiro no coração,<br />
para não ferir o rosto.<br />
Talvez uma xícara <strong>de</strong> veneno<br />
que me fizesse adormecer.<br />
Fiz muito mal a mim mesmo<br />
em não matar-me aos 37 anos.<br />
Não veria as coisas inúteis que vi<br />
nem teria rezado tanto para salvar minha alma.<br />
Dela, nada sei<br />
e ela nada sabe <strong>de</strong> mim.<br />
Também não teria inventado<br />
tantas histórias para viver<br />
esse tempo que afinal<br />
passou sem que eu percebesse.<br />
Não teria sangrado tanto<br />
se tivesse me matado aos 37 anos.<br />
Peço <strong>de</strong>sculpas aos amigos<br />
e aos três anjos que hoje vivem comigo<br />
e comigo falam em silêncio<br />
no meio das noites e dos temporais.<br />
Devia ter-me matado aos 37 anos.<br />
De lá para cá<br />
foram anos que não contei,<br />
só an<strong>de</strong>i perdido <strong>de</strong> mim<br />
como se não existisse mais..<br />
Poemas<br />
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