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Aula Magna 08 - Campo Magnético - Unicamp

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<strong>Aula</strong>-8<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Magnético</strong><br />

Curso de Física Geral F-328<br />

1 o semestre, 2011


<strong>Campo</strong> magnético<br />

Introdução:<br />

Há mais de 2000 anos, os gregos sabiam da existência de um certo<br />

tipo de pedra (hoje chamada de magnetita) que atraía pedaços de ferro<br />

(limalhas) .<br />

Em 1269, Pierre de Maricourt descobriu que uma agulha liberada<br />

em vários pontos sobre um imã natural esférico orientava-se ao longo<br />

de linhas que passavam através de pontos nas extremidades<br />

diametralmente opostas da esfera. Ele chamou esses pontos de pólos do<br />

ímã.<br />

Em seguida, vários experimentos verificaram que todos os ímãs de<br />

qualquer formato possuíam dois pólos, chamados de pólos norte e sul.<br />

Foi observado também que pólos iguais de dois ímãs se repelem e<br />

pólos diferentes se atraem mutuamente.


<strong>Campo</strong> magnético<br />

Em 1600, William Gilbert descobriu que a Terra era um ímã<br />

natural com pólos magnéticos próximos aos pólos norte e sul<br />

geográficos. Uma vez que o pólo norte de uma agulha imantada<br />

de uma bússola aponta na direção do pólo sul de um ímã, o que é<br />

denominado pólo norte da Terra, é na realidade, um pólo sul<br />

magnético.<br />

Embora as cargas elétricas e os pólos magnéticos<br />

sejam similares em vários aspectos, existe uma<br />

importante diferença entre eles: os pólos magnéticos<br />

sempre ocorrem aos pares. Quando um ímã é<br />

dividido ao meio, pólos opostos aparecem em cada<br />

parte proveniente da divisão. Isso resulta em dois<br />

novos ímãs, cada um com um pólo norte e um pólo<br />

sul.


Força exercida por um campo magnético<br />

Definição do vetor indução magnética B :<br />

<br />

A existência de um campo magnético em uma dada região pode<br />

ser demonstrada com uma agulha de bússola. Esta se alinhará na<br />

direção do campo. Por outro lado, quando uma partícula carregada<br />

com carga q e velocidade v entra em uma região onde existe um<br />

<br />

campo magnético B, ela é desviada transversalmente de sua trajetória<br />

<br />

sob ação de uma força magnética que é proporcional à carga da<br />

partícula, à sua velocidade, à intensidade do campo magnético e ao<br />

seno do ângulo entre a direção da velocidade da partícula e a<br />

direção do campo.<br />

Surpreendente ainda é o fato de que esta força é perpendicular<br />

tanto à velocidade quanto ao campo magnético. magnético


Força exercida por um campo magnético<br />

A força magnética é:<br />

<br />

FB = qvBsenθ<br />

⇒ FB<br />

= qv<br />

× B (1)<br />

A partir da equação (1), define-se o vetor Indução Magnética B ,<br />

cujo módulo é:<br />

<br />

Unidade de B <br />

B<br />

=<br />

FB<br />

| q|<br />

v senθ<br />

Ns N<br />

: = ≡ T(Tesla)<br />

Cm A.m<br />

Unidade de uso frequente : gauss (G) ; 1 G = 10 -4 T


Força exercida por um campo magnético<br />

FB <br />

F B<br />

v <br />

=<br />

B <br />

| q|<br />

v<br />

FB <br />

v <br />

B <br />

FB <br />

Bsenθ<br />

B <br />

v <br />

F B<br />

<br />

F B<br />

FB <br />

=<br />

v <br />

v <br />

<br />

qv<br />

×<br />

FB <br />

<br />

B<br />

= | q|<br />

vB<br />

senθ<br />

= | q|<br />

vB<br />

B


Movimento de uma partícula carregada em<br />

um campo magnético<br />

Filtro de velocidades/<strong>Campo</strong>s cruzados<br />

B <br />

v <br />

E <br />

<br />

F<br />

=<br />

<br />

qv×<br />

B<br />

qE <br />

<br />

qE<br />

+<br />

Uma partícula de carga q > 0 entra<br />

numa região do espaço entre as<br />

placas de um capacitor onde<br />

existem um campo elétrico e um<br />

campo magnético perpendicular . A<br />

força total sobre a partícula ( força<br />

de Lorentz) é:<br />

<br />

q v ×<br />

Se a carga da partícula é negativa, as forças elétrica e magnética<br />

são invertidas. As duas forças se equilibram (e, portanto, a partícula não<br />

sofre desvio) se qE = qvB , ou:<br />

E<br />

v = (filtro de velocidades)<br />

B<br />

<br />

B


Efeito Hall<br />

Um condutor achatado conduz uma<br />

corrente na direção x e um campo magnético<br />

é aplicado na direção y. A corrente pode ser<br />

devida tanto a portadores positivos<br />

movendo-se para direita como portadores<br />

negativos movendo-se para a esquerda.<br />

Medindo-se a ddp de Hall (VH ) entre os<br />

pontos a e c, pode-se determinar o sinal e a<br />

densidade volumétrica (n) dos portadores.<br />

FB<br />

= qvd<br />

B = qEH<br />

⇒ EH<br />

= vd<br />

B<br />

EH<br />

J i<br />

vd<br />

= = = ⇒<br />

B nq nqA<br />

iB iB iB<br />

n = =<br />

=<br />

EH<br />

qA EH<br />

qdl VH<br />

ql<br />

A= dl , onde l é a espessura do condutor.<br />

i<br />

i<br />

i<br />

B <br />

B <br />

l<br />

vd <br />

B <br />

FB <br />

FB <br />

vd <br />

i<br />

i<br />

B <br />

i


Exemplo 1<br />

Por uma placa de prata com espessura de 1mm passa uma<br />

corrente de 2,5 A em uma região na qual existe campo magnético<br />

uniforme de módulo 1,25 T perpendicular à placa. A tensão Hall é<br />

medida como 0,334 V. Calcule:<br />

a) a densidade de portadores;<br />

b) compare a resposta anterior com a densidade de portadores na<br />

prata, que possui uma massa específica =10,5 g/cm3 μ<br />

ρ<br />

e massa<br />

molar M = 107,9 g/mol.<br />

Solução:<br />

a)<br />

b)<br />

n<br />

n<br />

a<br />

iB<br />

( 2,<br />

5A)(<br />

1,<br />

25T)<br />

=<br />

V)(<br />

0,<br />

001m)<br />

= =<br />

− 19<br />

− 7<br />

qVH<br />

l ( 1,<br />

6×<br />

10 C)(<br />

3,<br />

34×<br />

10<br />

N A<br />

3<br />

23<br />

6,<br />

02 × 10<br />

= ρ<br />

M<br />

=<br />

5,<br />

85×<br />

10<br />

átomos/mol<br />

( 10,<br />

5g/cm<br />

)<br />

= 5,<br />

86 ×<br />

107 g/mol<br />

28<br />

10<br />

elétrons/m<br />

28<br />

3<br />

átomos/m<br />

Esses resultados indicam que o número de portadores de carga na<br />

prata é muito próximo de um por átomo.<br />

3


Movimento de uma partícula carregada<br />

em um campo magnético<br />

v <br />

FB <br />

B <br />

FB <br />

FB <br />

v <br />

elétrons num campo magnético<br />

v <br />

<br />

Como ⊥ v ⇒ v = constante ⇒ MCU<br />

F B<br />

2<br />

v<br />

FB = mac<br />

⇒ qvB=<br />

m ou<br />

r<br />

r =<br />

mv<br />

qB<br />

O período do movimento circular é o<br />

tempo que a partícula leva para se deslocar<br />

uma vez ao longo do perímetro do círculo:<br />

2π<br />

r 2π<br />

mv 2π<br />

m<br />

T = =<br />

=<br />

v v qB qB<br />

A frequência do movimento circular, chamada<br />

de frequência de cíclotron, é o inverso do período:<br />

1 qB<br />

qB<br />

f = = ⇒ ω = 2π<br />

f =<br />

T 2π<br />

m<br />

m


Movimento de uma partícula carregada em<br />

um campo magnético<br />

B <br />

Suponha, agora, que uma partícula carregada entra<br />

em um campo magnético com uma velocidade que<br />

não é perpendicular a . Não existe componente<br />

de força na direção paralela a , e, portanto, a<br />

componente da velocidade nesta direção<br />

permanece constante. A força magnética sobre a<br />

partícula é perpendicular a B , então a variação no<br />

movimento da partícula devida a essa força é a<br />

mesma discutida antes. Resulta que a trajetória da<br />

partícula é helicoidal, como mostrada na figura.<br />

<br />

B <br />

B


Movimento de uma partícula carregada<br />

em um campo magnético<br />

Garrafa Magnética:<br />

Quando uma partícula carregada se move em espiral em um campo<br />

magnético não uniforme, que é forte em ambas as extremidades e fraco<br />

no meio, ela fica aprisionada e se desloca para frente e para trás em uma<br />

trajetória espiral em torno das linhas de campo.<br />

Desta maneira, elétrons e prótons ficam aprisionados pelo campo<br />

magnético terrestre não-uniforme, formando os cinturões de radiação<br />

de Van Allen.


Espectrômetro de massa<br />

A figura mostra o esboço de um espectrômetro de massa, que serve para medir a<br />

massa de um íon. Este, de massa m e carga q, é produzido na fonte S e acelerado pelo<br />

campo elétrico devido a uma diferença de potencial V. O íon entra em uma câmara<br />

separadora na qual existe um campo uniforme e perpendicular à trajetória do íon.<br />

Suponha: B = 80T, V = 1000V e que os íons de carga q = 1,6 x 10 -19 C atinjam a placa<br />

fotográfica, na câmara, em x = 1,625m. Qual a massa m dos íons?<br />

_<br />

+<br />

V<br />

+q<br />

b<br />

a<br />

x<br />

S<br />

B <br />

r<br />

m =<br />

1u<br />

=<br />

2<br />

B qx<br />

8V<br />

2<br />

=<br />

1,<br />

66x10<br />

B <br />

U a =<br />

Kb<br />

⇒<br />

qvB =<br />

x<br />

− 19<br />

( 0,<br />

<strong>08</strong>0T<br />

)( 1,<br />

6x10<br />

C)(<br />

1,<br />

625m)<br />

8(<br />

1000V<br />

)<br />

− 27<br />

=<br />

2r<br />

=<br />

kg ⇒<br />

mv<br />

r<br />

2<br />

2<br />

B<br />

qV<br />

⇒<br />

=<br />

2mV<br />

q<br />

m = 203,<br />

9u<br />

1<br />

2<br />

r =<br />

mv<br />

2<br />

⇒<br />

mv<br />

qB<br />

=<br />

v =<br />

m<br />

qB<br />

2<br />

=<br />

2qV<br />

m<br />

2qV<br />

m<br />

=<br />

3,<br />

38x10<br />

1<br />

B<br />

− 25<br />

( 1)<br />

2mV<br />

q<br />

kg.


d<br />

dq<br />

Força magnética sobre um fio com corrente<br />

i v <br />

<br />

d<br />

B <br />

<br />

dF<br />

=<br />

<br />

dqv<br />

×<br />

θ<br />

<br />

B =<br />

i<br />

dF =<br />

dt<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

i dl<br />

<br />

dl<br />

×<br />

dt<br />

⎞<br />

B ⎟<br />

⎠<br />

Bsin<br />

θ<br />

⇒<br />

<br />

dF<br />

=<br />

<br />

i dl<br />

× B<br />

A força infinitesimal pode ser escrita como:<br />

onde é o ângulo entre a direção do<br />

segmento do fio ( direção da corrente) e a<br />

direção do campo magnético. A força sobre o<br />

fio é:<br />

<br />

F<br />

=<br />

Para fios finitos e B uniforme devemos ter: F = i L × B<br />

<br />

∫<br />

fio<br />

<br />

dF<br />

=<br />

∫<br />

fio<br />

<br />

idl<br />

×<br />

<br />

B


Exemplo 2<br />

Um fio curvo na forma de uma espira<br />

semicircular de raio R está em repouso no plano<br />

xy. Por ele passa uma corrente i de um ponto a até<br />

um ponto b, como mostra<br />

<br />

figura. Existe um campo<br />

magnético uniforme B= Bkˆ<br />

, perpendicular ao<br />

plano da espira. Encontre a força que atua sobre a<br />

parte do fio na forma de espira semicircular.<br />

<br />

dF<br />

= idl<br />

× B⇒<br />

dl<br />

= − dl senθiˆ<br />

+ dlcosθ<br />

ˆj<br />

; dl=<br />

Rdθ<br />

<br />

dF<br />

= i(<br />

− dl senθ<br />

+ dl cosθ<br />

ˆj<br />

) × Bkˆ<br />

<br />

dF<br />

= iRBsen<br />

θdθ<br />

ˆj<br />

+ iRB cosθdθiˆ<br />

<br />

F = dF<br />

= iRBiˆ<br />

cosθdθ<br />

+ iRBˆj<br />

<br />

F = iRB(<br />

0)<br />

iˆ<br />

+ iRB(<br />

2)<br />

ˆj<br />

= 2iRBˆj<br />

π π<br />

∫ ∫ ∫<br />

0 0<br />

senθdθ<br />

b<br />

b<br />

y<br />

<br />

id<br />

y<br />

θ<br />

R<br />

θ<br />

i<br />

a<br />

B <br />

a<br />

z<br />

dF <br />

z<br />

x<br />

B <br />

x


Torque em espira com corrente<br />

Uma espira transportando uma corrente em um campo magnético uniforme<br />

sofre a ação de um torque que tende a girá-la. As figuras abaixo mostram as forças<br />

exercidas por um campo magnético uniforme sobre uma espira retangular cujo vetor<br />

unitário faz um ângulo θ com o vetor indução magnética B . A força líquida<br />

sobre a espira é nula. As forças e formam um binário, de tal modo que o<br />

torque é o mesmo em torno de qualquer ponto. Temos:<br />

<br />

nˆ<br />

F1 <br />

F3 <br />

F2 <br />

F1 <br />

A <br />

i<br />

F3 <br />

F4 <br />

B <br />

F1 <br />

<br />

F<br />

2<br />

F F =<br />

1<br />

= 3<br />

A <br />

<br />

− F<br />

= (e têm mesma linha de ação)<br />

μ <br />

F3 <br />

4<br />

ibB<br />

B <br />

Torque em relação ao ponto O:<br />

a<br />

τ = 2F 1 senθ<br />

= iaBbsenθ<br />

2<br />

A= ab⇒<br />

τ = NiABsenθ<br />

N voltas<br />

<br />

μ<br />

= NiAnˆ<br />

⇒<br />

<br />

τ<br />

=<br />

( )<br />

<br />

μ ×<br />

μ : vetor momento de dipolo<br />

magnético da espira<br />

<br />

B


Energia potencial de um dipolo magnético<br />

em um campo magnético<br />

Quando um dipolo magnético gira de um ângulo dθ<br />

a partir<br />

de uma dada orientação num campo magnético, um trabalho dW<br />

é realizado sobre o dipolo pelo campo magnético:<br />

dW<br />

= − τ dθ = − μ B senθ dθ<br />

dU = − dW = + μ B senθ dθ<br />

U = − μB cosθ<br />

+ U<br />

θ<br />

=<br />

90<br />

U<br />

0<br />

⇒<br />

U<br />

0<br />

=<br />

= − μB cosθ<br />

0<br />

0<br />

=<br />

−<br />

<br />

μ ⋅<br />

<br />

B


Exemplo 3<br />

Em um enrolamento quadrado de 12 voltas, de lado igual a 40cm,<br />

passa uma corrente de 3A. Ele repousa no plano xy na presença<br />

de um campo magnético uniforme B = 0 , 3T<br />

iˆ<br />

+ 0,<br />

4T<br />

kˆ<br />

.<br />

Encontre:<br />

a) O momento dipolo magnético do enrolamento;<br />

b) O torque exercido sobre o enrolamento;<br />

c) A energia potencial do enrolamento.<br />

Solução:<br />

a) NiAkˆ<br />

2<br />

kˆ<br />

2<br />

μ = = ( 12)(<br />

3A)(<br />

0,<br />

40m<br />

) = 5,<br />

76A.m<br />

kˆ<br />

<br />

<br />

b) τ =<br />

<br />

μ ×<br />

<br />

B =<br />

2<br />

( 5,<br />

76A.m<br />

kˆ<br />

) × ( 0,<br />

3T<br />

iˆ<br />

+ 0,<br />

4T<br />

kˆ<br />

) = 1,<br />

73N.m<br />

ˆj<br />

<br />

c) U = − μ<br />

. B =<br />

2<br />

− ( 5,<br />

76A.m<br />

kˆ<br />

).( 0,<br />

3Tiˆ<br />

+ 0,<br />

4Tkˆ<br />

) = − 2,<br />

30J


Efeito Hall quântico<br />

O efeito Hall quântico (Prêmio Nobel de 1985) é observado em<br />

estruturas semicondutoras especiais, geralmente com altos valores<br />

de mobilidade e a baixas temperaturas. No efeito Hall clássico a<br />

variação da tensão Hall ( VH<br />

) com o campo magnético é linear,<br />

enquanto que no quântico esta variação resulta numa série de<br />

patamares como ilustra a figura abaixo.<br />

RK<br />

= 25.<br />

812,<br />

807Ω<br />

Na teoria do efeito Hall<br />

quântico, a resistência R H<br />

é definida como:<br />

R<br />

H<br />

VH<br />

RK<br />

= = ; n=<br />

i n<br />

(Constante de von Klitzing)<br />

1,<br />

2,<br />

3,...


Lista de exercícios do Capítulo 28<br />

Os exercícios sobre <strong>Campo</strong> <strong>Magnético</strong> estão na página da disciplina :<br />

(http://www.ifi.unicamp.br).<br />

Consultar: Graduação Disciplinas F 328 Física Básica III

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