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Melhorar a mandioca e alimentar os pobres - gene conserve

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CORTESIA DE NEIL PALMER CIAT (plantador); CORTESIA DE ANGELA GORGEN (Nassar);<br />

CORTESIA DE CIMMYT CORPORATE COMMUNICATIONS (Ortiz)<br />

país em trigo importado por meio da adição de farinha<br />

de <strong>mandioca</strong> à de trigo. O uso da <strong>mandioca</strong><br />

de maior proteína ajudaria a preservar a dieta diária<br />

de proteína de milhões de brasileir<strong>os</strong>.<br />

A hibridização da <strong>mandioca</strong> com parentes selvagens,<br />

como também a reprodução seletiva de diferentes<br />

variedades da <strong>mandioca</strong>, também pode ajudar<br />

a criar plantas com outr<strong>os</strong> importantes nutrientes.<br />

A equipe de Brasília demonstrou que certas<br />

espécies da Manihot selvagem são ricas em aminoácid<strong>os</strong><br />

essenciais, ferro, zinco e carotenoides como<br />

a luteína, betacaroteno e licopeno. O betacaroteno,<br />

em particular, é uma importante fonte de vitamina<br />

A, cuja falta resulta em progressivo dano à visão –<br />

um problema sério e disseminado nas áreas tropicais<br />

da África, Ásia e América Latina.<br />

Considerando o status da <strong>mandioca</strong> como alimento<br />

essencial n<strong>os</strong> trópic<strong>os</strong>, variedades com alto teor de<br />

carotenoides poderiam contribuir signifi cativamente<br />

para solucionar defi ciências de vitamina A no mundo<br />

em desenvolvimento. N<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> três an<strong>os</strong> a equipe<br />

cultivou variedades de <strong>mandioca</strong> altamente produtivas,<br />

contendo até 50 vezes mais betacaroteno do que<br />

uma <strong>mandioca</strong> comum, e está atualmente em fase de<br />

teste dessas variedades com agricultores locais.<br />

Outro grande projeto tem como foco a mudança<br />

do ciclo reprodutivo da planta. O modo comum<br />

de reprodução, por polinização, produz mudas de<br />

tip<strong>os</strong> não idêntic<strong>os</strong> à planta-mãe e frequentemente<br />

com rendimento mais baixo. Por isso, <strong>os</strong> agricultores<br />

c<strong>os</strong>tumam extrair mudas d<strong>os</strong> pés de <strong>mandioca</strong><br />

em vez de plantar sementes. No entanto, a extração<br />

permite que vírus e bactérias contaminem a planta.<br />

Geração após geração <strong>os</strong> microrganism<strong>os</strong> se acumulam,<br />

o que pode acabar prejudicando o rendimento<br />

de uma planta. Como muitas outras angi<strong>os</strong>permas,<br />

certas espécies de Manihot selvagem, incluindo<br />

a maniçoba (M. glaziovii), parente arbórea<br />

da <strong>mandioca</strong>, procriam tanto sexuada como assexuadamente,<br />

e as sementes produzidas assexualmente<br />

se transformam em plantas que nada mais<br />

são que clones da planta-mãe. Em mais de uma década<br />

de esforç<strong>os</strong> concentrad<strong>os</strong> na criação interespécies,<br />

<strong>os</strong> pesquisadores de Brasília obtiveram faz<br />

pouco uma variedade de <strong>mandioca</strong> que pode reproduzir-se<br />

tanto sexualmente como assexualmente,<br />

dando origem a dois tip<strong>os</strong> de sementes, assim como<br />

sua parente selvagem. Assim que nov<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong><br />

nessa pesquisa estiverem complet<strong>os</strong>, essa variedade<br />

estará pronta para ser distribuída a agricultores.<br />

A maniçoba tem outr<strong>os</strong> <strong>gene</strong>s úteis que podem<br />

ajudar a <strong>alimentar</strong> milhões de pessoas vivendo em<br />

terras áridas. Um híbrido da maniçoba com a <strong>mandioca</strong><br />

típica revela dois tip<strong>os</strong> de raízes. Algumas,<br />

como aquelas na <strong>mandioca</strong>, se enchem de amido e<br />

[OS AUTORES]<br />

Nagib Nassar é natural do Cairo e<br />

tem Ph.D. em genética pela Universidade<br />

de Alexandria, no Egito. Faz<br />

pesquisas com <strong>mandioca</strong> desde<br />

1975 pela Universidade de Brasília,<br />

criando variedades que vêm sendo<br />

adotadas por agricultores no Brasil<br />

e exportadas para a África. Rodomiro<br />

Ortiz nasceu em Lima, Peru. É<br />

Ph.D. em reprodução de plantas e<br />

genética pela University of Wisconsin-Madison<br />

e ex-diretor de mobilização<br />

de recurs<strong>os</strong> do Centro Internacional<br />

de Aperfeiçoamento do Trigo<br />

e Milho, em Texcoco, México.<br />

são comestíveis. O segundo tipo de raiz penetra<br />

mais no solo, podendo alcançar fontes de água<br />

mais profundas. Essas características colocam <strong>os</strong><br />

híbrid<strong>os</strong> entre as melhores variedades de <strong>mandioca</strong><br />

para uso em regiões semiáridas, como o Nordeste<br />

do Brasil, ou certas partes das regiões de savana<br />

na África subsaariana.<br />

A equipe está agora melhorando esses híbrid<strong>os</strong><br />

para combinar alto rendimento e tolerância à seca<br />

por meio do retrocruzamento delas com uma variedade<br />

produtiva de <strong>mandioca</strong>.<br />

Um tipo diferente de manipulação – a consagrada<br />

técnica do enxerto – é uma outra maneira de elevar<br />

o rendimento de raízes tuber<strong>os</strong>as da <strong>mandioca</strong>,<br />

como descobriram pela primeira vez agricultores indonési<strong>os</strong><br />

n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 50. Tal<strong>os</strong> de enxert<strong>os</strong> de espécies<br />

da maniçoba (como a M. glaziovii ou M. pseudoglaziovii,<br />

ou híbrid<strong>os</strong> das duas) em linhagens de<br />

<strong>mandioca</strong> aumentaram até em sete vezes a produção<br />

de raízes em canteir<strong>os</strong> de testes. Infelizmente, em<br />

muit<strong>os</strong> países a prática do enxerto é difi cultada por<br />

falta de disponibilidade desses híbrid<strong>os</strong>.<br />

AGRICULTOR EXAMINA cultivo, em Huila, n<strong>os</strong> Andes colombian<strong>os</strong>.<br />

www.sciam.com.br SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL 75

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