Igreja Solidária e Transformadora
Igreja Solidária e Transformadora
Igreja Solidária e Transformadora
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capa em P e B
Diaconia<br />
Projeto: Aids – <strong>Igreja</strong> <strong>Solidária</strong> e <strong>Transformadora</strong><br />
KOINONIA<br />
Projeto: Aids e <strong>Igreja</strong>s<br />
Recife, maio de 2008
AIDS: IGREJA SOLIDÁRIA E TRANSFORMADORA<br />
Esta publicação é o resultado de diversas oficinas realizadas junto às igrejas pela Diaconia,<br />
através do Programa de Apoio à Ação Diaconal das <strong>Igreja</strong>s – PAADI e pela KOINONIA, através<br />
do Programa de Saúde e Direitos. É fruto da necessidade de sistematizar e registrar as práticas,<br />
as metodologias e os conteúdos resultantes de construções coletivas nas igrejas populares dos<br />
grandes centros.<br />
O conteúdo original desta cartilha foi elaborado por técnicos da Diaconia.<br />
Diaconia<br />
Programa de Apoio à Ação Diaconal das <strong>Igreja</strong>s<br />
Projeto: Aids: <strong>Igreja</strong> <strong>Solidária</strong> e <strong>Transformadora</strong><br />
KOINONIA<br />
Programa Saúde e Direitos<br />
Projeto: Aids e <strong>Igreja</strong>s<br />
Coordenadores de Programa<br />
Rev. Sérgio Fernando Lomeu de Andrade - Diaconia<br />
Ester Lisboa de Almeida - KOINONIA<br />
Equipe do Programa<br />
Airton Schoereder<br />
Gleizy Irene Gueiros<br />
Holdair José Drefs<br />
Organização e Redação<br />
Airton Schoereder<br />
Gleizy Irene Gueiros<br />
Sabrina Nunes Bolla<br />
Revisão<br />
Ester Lisboa de Almeida<br />
Sérgio Fernando Lomeu de Andrade<br />
Projeto Gráfico e Editoração<br />
Cleto Campos<br />
Ilustrações<br />
Posters do cd-rom Sign of Hope Steps for Change<br />
© Ecumenical Advocacy Alliance.<br />
HANNA-CHERIYAN VARGHESE - Malásia (capa) / BABATUNDE MORGAN - Serra Leoa<br />
(ilustração interna) / DENNIS ALPAYO LASU - Sudão (ilustração interna)<br />
Tiragem: 2.000 exemplares
SUMÁRIO<br />
1. Apresentação 05<br />
2. Referenciais teóricos<br />
Aids hoje: condenação ou encontro com a vida?<br />
Relações de gênero e direitos sexuais e reprodutivos em contextos<br />
religiosos<br />
3. Oficinas de Sensibilização<br />
Aids, realidade entre nós!<br />
Conhecendo as pessoas que vivem com HIV e Aids<br />
Respondendo ao desafio<br />
4. Oficinas de capacitação<br />
Planejando nossas ações<br />
Compromisso com a vida<br />
O agente multiplicador<br />
Gênero e sexualidade<br />
DST e prevenção<br />
HIV e Aids<br />
Diversidade sexual<br />
Espaço solidário<br />
A resposta da <strong>Igreja</strong><br />
5. As metas de desenvolvimento do milênio<br />
6. Informações sobre a Diaconia e a KOINONIA<br />
07<br />
11<br />
15<br />
19<br />
29<br />
37<br />
43<br />
49<br />
55<br />
65<br />
71<br />
77<br />
87<br />
91<br />
97<br />
101
APRESENTAÇÃO<br />
Para muitas pessoas, as distintas aborda-<br />
gens sobre a Aids encontram-se relaciona-<br />
das, prioritariamente, à área da saúde. Análises<br />
primárias apontam para percepções<br />
sociais ligadas a assistência médica permanente,<br />
a distribuição de medicamentos, ao<br />
melhoramento da rede hospitalar, ao atendimento<br />
profissional com qualidade, a quebra<br />
de patentes e a inclusão das pessoas que<br />
vivem com HIV, na abrangência do Sistema<br />
Único de Saúde (SUS). Tais referenciais parecem<br />
indicar que devemos olhar para a Aids<br />
como um desafio à saúde mundial.<br />
Entretanto, um olhar mais criterioso favorecerá<br />
a compreensão de que a luta contra<br />
a doença extrapola o âmbito da saúde física.<br />
Pela natureza excludente imposta pela<br />
sociedade, alicerçada em alguns conceitos<br />
de “moralidade”, pelo interesse econômico<br />
das indústrias da saúde e pela conivência<br />
dos governos, a Aids debilita outras áreas da<br />
condição humana, pois revela o preconceito,<br />
a discriminação, o desconhecimento e a<br />
exploração social, promotores da transgres-<br />
são fundamental dos direitos do ser humano<br />
em suas distinções intrínsecas; entre elas, a<br />
orientação sexual e o direito à vida.<br />
Ainda que a sociedade, através dos permanentes<br />
esforços do poder público, de profissionais<br />
de saúde e pesquisa, de organizações<br />
não-governamentais e, principalmente,<br />
de pessoas que vivem com HIV, tenha avançado<br />
numa importante compreensão técnicocientífica<br />
e mobilização pela implementação<br />
de políticas públicas, é perceptível, ainda, a<br />
forte resistência à garantia de direitos.<br />
Nestes cenários, as <strong>Igreja</strong>s surgem como<br />
personagens importantes na luta contra esta<br />
pandemia.<br />
Somos chamados à reflexão e à prática<br />
que sejam caracterizadas pela solidariedade<br />
e pela promoção da vida.<br />
Por estas razões, a Diaconia e a KOI-<br />
NONIA disponibilizam às <strong>Igreja</strong>s e demais<br />
instituições e organizações cristãs esta car-<br />
5
tilha, um roteiro de oficinas que poderá ser<br />
importante instrumento metodológico para a<br />
sensibilização e capacitação de homens e<br />
mulheres comprometidos em suas comunidades<br />
locais com os desafios da realidade<br />
em que vivem.<br />
Esperamos que este material seja útil<br />
para o desenvolvimento das ações daquelas<br />
pessoas que estão a serviço do Reino de<br />
Deus.<br />
6<br />
Fraternalmente em Cristo,<br />
Rev. Arnulfo Barbosa<br />
Diretor Executivo da Diaconia
AIdS HOjE: cONdENAÇÃO OU<br />
ENcONTRO cOM A vIdA?<br />
Atravessamos um período de signifi-<br />
cativas reflexões acerca da sobrevivência<br />
humana. Uma delas, a questão da Aids, se<br />
apresenta como desafio que não pode ser<br />
escamoteado. Como afirma Mann (1985:8):<br />
“Nosso desafio hoje – pessoal e coletivo – não<br />
deve ser subestimado. Temos nós confiança<br />
em nosso conhecimento, em nossa experiência,<br />
em nossas descobertas? Temos nós<br />
necessária coragem, força e imaginação? A<br />
epidemia – nossa especial responsabilidade<br />
– não vai esperar. Encontramo-nos, de modo<br />
inesperado e aterrador, em uma grande encruzilhada<br />
da história mundial”. Em 25 anos<br />
de epidemia já são 42 milhões de casos de<br />
Aids no mundo. Estima-se que, anualmente,<br />
5 milhões de pessoas contraem o HIV . No<br />
Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca<br />
de 115 mil crianças foram infectadas. Na faixa<br />
etária entre 15 e 49 anos, já são 620 mil<br />
brasileiros infectados pelo HIV. A Aids tem<br />
sido a segunda causa de óbito entre homens<br />
jovens, e a quarta causa entre mulheres. No<br />
Brasil, ocorrem 8 mil óbitos por ano, matando,<br />
em média, 30 pessoas por dia. No en-<br />
tanto, a contradição entre a noção de risco<br />
individual e uma nova compreensão de vulnerabilidade<br />
social ainda é um desafio que<br />
antecede as estratégias capazes de conter o<br />
avanço da epidemia.<br />
Historicamente, o conceito de “grupo de<br />
risco” difundiu-se amplamente através da<br />
mídia. No início da década de 80, com o<br />
surgimento da epidemia, as estratégias de<br />
prevenção produziriam preconceito e individualismo,<br />
estigmatização e segregação, entre<br />
outros “pecados sociais”. Naquela época,<br />
para as <strong>Igreja</strong>s, Aids era (e ainda é, em alguns<br />
contextos) vista como o preço do pecado<br />
ou até a peste do Apocalipse.<br />
Em meados da década de 80, o quadro<br />
pandêmico da Aids já não podia ser negado.<br />
A epidemia já não respeitava limites geográficos,<br />
etnia, orientação sexual, religião, cultura<br />
etc. Surgem, nesse período, as estratégias<br />
de redução de risco com base no conceito<br />
de “comportamento de risco”. O novo conceito,<br />
de certa forma, minimizou o estigma<br />
7
dos grupos nos quais primeiro foi detectada<br />
a epidemia. No entanto, essa nova concepção<br />
também mostrou limites nas estratégias<br />
de intervenção na doença. Com ela, emerge<br />
a culpa individual, atribuída à displicência e<br />
falha na prevenção.<br />
As <strong>Igreja</strong>s começam a lidar com os primeiros<br />
casos de portadores do vírus de diversas<br />
formas; às vezes culpando, condenando e<br />
disciplinando o portador; às vezes apoiando,<br />
orando com ele e tentando aprender, diante<br />
desta nova realidade, os caminhos para ser<br />
solidária.<br />
A partir do final da década de 80, a epidemia<br />
assume sua face atual. Torna-se uma<br />
questão mundial. Rompe as fronteiras geográficas,<br />
se pauperiza e se heterossexualiza,<br />
propagando-se rapidamente nas periferias e<br />
comunidades pobres e nos grandes centros<br />
urbanos. Percebe-se que “o HIV é um agente<br />
infeccioso universal e, portanto, todas as<br />
pessoas são vulneráveis a ele” (Parker et alii,<br />
1994).<br />
Em 1996, dá-se início à terapia com a<br />
combinação de anti-retrovirais (conhecido<br />
como coquetel) que não só contribui para a<br />
diminuição de internações, óbitos e ocorrências<br />
de infecções oportunistas, mas também<br />
para o aumento da sobrevida das pessoas<br />
vivendo com o vírus. Isso contribui para o<br />
avanço da percepção da Aids que, entre os<br />
profissionais de saúde, deixa de ser encarada<br />
como uma condenação à morte e passa<br />
a ser vista como uma patologia de caráter<br />
evolutivo e crônico, mas controlável. No entanto,<br />
o custo financeiro ainda é altíssimo, o<br />
8<br />
que torna a terapia inacessível para os mais<br />
vulneráveis à infecção e ao adoecimento, especialmente<br />
nos países do Terceiro Mundo.<br />
Ao contrário do que se pensava, não há freio<br />
em relação à expansão da epidemia.<br />
Evidenciam-se, no entanto, tendências<br />
que caracterizam a face da Aids, hoje, como<br />
a heterossexualização, a feminização, a interiorização,<br />
a jovialização e, ainda, a pauperização,<br />
que denunciam a “convivência<br />
complacente” com o problema por parte do<br />
poder público. Nesse momento, ganham<br />
espaço as proposições que defendem estratégias<br />
de controle de alcance social e/ou<br />
estrutural. Dentre essas, as ações comunitárias,<br />
dos movimentos sociais organizados,<br />
das organizações não-governamentais, das<br />
<strong>Igreja</strong>s etc.<br />
Atualmente, o processo de apropriação do<br />
conceito de vulnerabilidade, como alternativa<br />
de avanço na compreensão e intervenção<br />
em Aids, vem estabelecendo parâmetros que<br />
mensuram maior ou menor grau da mesma<br />
em relação à infecção pelo HIV. O conceito<br />
de vulnerabilidade aplicado à saúde tem sido<br />
compreendido como o resultado da militância<br />
frente à epidemia da Aids e o movimento dos<br />
direitos humanos (Aids in the World, Mann &<br />
Cols, 1993). De certa forma simplista, pode<br />
ser entendido como o potencial de resposta,<br />
referencial ou instrumental que considera os<br />
fatores biopsicossociais de indivíduos e da<br />
coletividade.
ENFRENTAMENTO<br />
É neste cenário que algumas organi-<br />
zações cristãs começam a se dar conta de<br />
que nas estatísticas em relação à Aids, há<br />
um percentual de pessoas infectadas ainda<br />
não mensurado oficialmente, mas identificado<br />
nos serviços públicos. A comunidade<br />
evangélica tem se infectado e engrossado as<br />
fileiras da feminização, da jovialização e da<br />
pauperização, uma vez que estão nessas comunidades<br />
mulheres com um único parceiro,<br />
sem que ambos façam uso de preservativo,<br />
jovens com vida sexual ativa “secreta”,<br />
e uma grande população pobre que enche<br />
os templos. A prevenção tem sido difícil na<br />
medida em que não se cria o espaço para a<br />
discussão deste tema, acrescido ao fato de<br />
que muitos continuam acreditando que Aids<br />
é “doença do pecado” e, portanto, não os<br />
atinge.<br />
A Aids está intimamente relacionada<br />
com a sexualidade. Assim sendo, tem sido,<br />
muitas vezes um assunto omitido, desconsiderado,<br />
ou abordado de forma superficial<br />
ou preconceituosa. A sexualidade tem sido<br />
abordada, em algumas situações, de forma<br />
reduzida à esfera biológica, acompanhada,<br />
ainda, do conceito dualista e medieval que<br />
separa corpo e espírito e sem incluir os aspectos<br />
de afetividade e responsabilidade,<br />
tendo, como conseqüência, se tornado tabu,<br />
especialmente no universo cristão.<br />
A <strong>Igreja</strong> cristã, historicamente, tem tido<br />
dificuldade para abrir espaço para trabalhar<br />
a questão da sexualidade da mesma forma<br />
que trabalha o crescimento espiritual. Ao<br />
mesmo tempo em que tem, em sua essência<br />
como comunidade de fé, um papel e uma<br />
missão terapêuticos, também se torna, com<br />
essa omissão, um dos agentes repressores<br />
da sexualidade, ou, pelo menos, não cumpre<br />
o seu papel de promover o desenvolvimento<br />
integral do ser humano, na sua missão de<br />
defender a vida.<br />
Em nossas comunidades de fé, convivemos<br />
com uma crescente demanda de irmãos<br />
e irmãs, jovens e idosos, que são portadores<br />
do HIV, sem contar as gestantes precoces.<br />
A realidade da epidemia está bem perto<br />
de nós. Falar e pensar acerca da questão da<br />
sexualidade não é libertinagem. A <strong>Igreja</strong> tem<br />
um papel importante para a reflexão de valores<br />
e princípios. Torna-se, portanto, necessário<br />
e urgente incluir a temática em nossas<br />
agendas.<br />
Se nós, como <strong>Igreja</strong>, assumirmos o desafio<br />
de tratar esta questão de forma equilibrada,<br />
considerando os dados epidemiológicos<br />
que evidenciam a pandemia e seu caráter<br />
de vulnerabilidade (tendo em mente que a<br />
sexualidade é parte da pessoa inteira, e não<br />
um apêndice, e que está diretamente ligada<br />
à afetividade e à responsabilidade), poderemos<br />
dar uma grande contribuição para a sociedade<br />
na busca de estratégias de enfrentamento<br />
da expansão da epidemia.<br />
A ausência de possibilidades para falar<br />
sobre o assunto, o silêncio e a discriminação<br />
reafirmam ainda mais a culpa, a quebra da<br />
relação com Deus e a perda de valores espirituais,<br />
éticos e morais, acarretando doenças<br />
9
emocionais sem precedentes nos indivíduos<br />
vítimas da Aids e/ou gravidez precoce.<br />
ALGUNS ASPECTOS PRECISAM<br />
SER APROFUNDADOS:<br />
u O modo como as relações de gênero<br />
são vivenciadas historicamente nas comunidades<br />
evangélicas evidenciam a vulnerabilidade<br />
feminina;<br />
u Algumas práticas não analisam de<br />
forma consciente os valores que estão implícitos,<br />
estimulando o individualismo, a competição<br />
e a desinformação, afetando diretamente<br />
as relações familiares;<br />
u Alguns modelos de disciplina expõem<br />
a pessoa publicamente, provocando,<br />
às vezes, afastamento ou submissão.<br />
A RELAÇÃO COM O SENHOR<br />
POSSIBILITA VIDA, E VIDA EM<br />
ABUNDÂNCIA<br />
No universo de pessoas vivendo com o<br />
HIV, há muitos cristãos com saúde, cheios de<br />
fé e vida plena e que, na experiência do confronto<br />
com a realidade de se tornarem portadores<br />
do vírus, se aproximaram de Deus e<br />
encontraram o sentido de suas vidas e uma<br />
paz interior que não haviam experimentado<br />
anteriormente.<br />
Portar o vírus não significa estar doente.<br />
Estar com Aids em terapia anti-retroviral não<br />
significa estar doente. Estar doente não significa<br />
estar separado de Deus.<br />
10<br />
Nas nossas comunidades cristãs, mui-<br />
tas mulheres são, ou foram, portadoras de<br />
câncer de colo do útero, portadoras do HPV,<br />
transmitido também nas relações sexuais. No<br />
entanto, ter câncer de colo do útero não tem<br />
sido tratado como fruto do “pecado” e, assim,<br />
a <strong>Igreja</strong> tem conseguido uma ação mais solidária<br />
e eficaz nessas situações, apoiando as<br />
famílias e ajudando as pessoas a se motivarem<br />
para a cura ou para o enfrentamento da<br />
doença. O HIV traz, na sua história, o marco<br />
do “grupo de risco” (homossexuais masculinos),<br />
dificultando, assim, a abordagem desta<br />
questão.<br />
O que estamos fazendo, como <strong>Igreja</strong>, com<br />
relação aos nossos irmãos e às nossas irmãs<br />
infectados? Sabemos que a discriminação, a<br />
condenação e a segregação têm sido o maior<br />
aliado do vírus na morte e que, ao contrário,<br />
a fé, a confiança em Deus, o sentimento de<br />
pertencimento à comunidade de fé, a solidariedade<br />
das pessoas, o carinho e a inclusão<br />
têm tido grande significação na vida das pessoas<br />
vivendo com HIV. É no fortalecimento<br />
das pessoas, da sua fé, da sua auto-estima,<br />
da sua capacidade crítica e da sua esperança<br />
que a <strong>Igreja</strong> tem um papel decisivo.<br />
É nesta conjuntura, que acirra o processo<br />
de morte e expansão da epidemia, que se<br />
torna fundamental refletirmos sobre sexualidade<br />
e Aids com um referencial de cristianismo<br />
integral, a fim de encararmos os determinantes<br />
de vulnerabilidade e contribuir na<br />
luta contra a Aids, a favor de uma sexualidade<br />
plena e sadia e de uma vida abundante,<br />
como nos promete o Senhor.<br />
Lindalva Correa é assistente social e<br />
membro da <strong>Igreja</strong> Metodista do Brasil e Trabalha<br />
com pessoas vivendo com HIV e Aids,<br />
em Recife/PE.
RElAÇõES dE GêNERO E dIREITOS<br />
SExUAIS E REPROdUTIvOS EM<br />
cONTExTOS RElIGIOSOS<br />
Falar de relações de gênero em contex-<br />
tos religiosos é um grande desafio. Quando<br />
tomamos a iniciativa de reflexão e diálogo<br />
sobre direitos sexuais e reprodutivos nestes<br />
contextos, tal posição parece, no mínimo,<br />
atrevimento.<br />
Atrevimento, porque é preciso ousar para<br />
tratarmos de temas tão presentes no cotidiano<br />
de escolas, locais de trabalho, famílias e<br />
igrejas.<br />
A premência em trabalhar com estes temas<br />
surgem pela necessidade de garantirmos<br />
a igualdade de direitos sexuais e reprodutivos,<br />
principalmente numa conjuntura<br />
marcada pela epidemia da Aids, na qual se<br />
faz necessária a garantia de ações preventivas,<br />
junto aos homens e às mulheres de comunidades<br />
religiosas.<br />
Ao refletirmos sobre as relações de gênero<br />
e direitos sexuais e reprodutivos em<br />
contextos religiosos, não podemos deixar<br />
de considerar que o “campo religioso é um<br />
terreno fértil de onde brotam cotidianamente<br />
a diversidade, a pluralidade e preocupantemente<br />
sinais de intolerância ao outro diferente.”¹<br />
Em geral, as comunidades religiosas têm<br />
sido vistas como empecilhos para o exercício<br />
e a expansão dos direitos sexuais e reprodutivos<br />
e, também, como perpetuadoras da<br />
vulnerabilidade das mulheres na sociedade.<br />
“A religião, seja para ser criticada, vivida, afirmada<br />
ou simplesmente conhecida, constitui<br />
um âmbito de conhecimento humano a ser<br />
considerado em virtude de sua capacidade<br />
mobilizadora. A religião tem a força de dar<br />
rumos ao cotidiano das pessoas. Não raras<br />
vezes, suas verdades, ou discursos sobre o<br />
sagrado exercem sobre o corpo o poder de<br />
paralisá-lo, acalmá-lo, confortá-lo, imobilizálo,<br />
quando não, levá-lo à morte.” ²<br />
Falar de relações de gênero, direitos sexuais<br />
e reprodutivos em contextos religiosos,<br />
fará com que reconheçamos que “quaisquer<br />
que sejam as realidades que me atingem,<br />
11
nada sei sobre elas, em si mesmas. Só as<br />
conheço como reverberações do meu cor-<br />
po.” 3<br />
Portanto, estão na corporeidade e em sua<br />
integridade as condições dos seres vivos de<br />
construírem suas experiências de relações<br />
com o mundo. Os temas que, até então,<br />
eram considerados tabus, tais como: mulher,<br />
corpo e sexualidade, relações de gênero,<br />
religião, DST/Aids, direitos sexuais e reprodutivos,<br />
comportamento e relacionamento<br />
pessoal, necessitam ser incorporados em<br />
nossas discussões e reflexões.<br />
Quando nos desafiamos e propomos<br />
ações educativas em relação a estes temas,<br />
abordando as comunidades religiosas a partir<br />
de seus próprios valores, é possível que as<br />
atividades de sensibilização e capacitação<br />
favoreçam que estas se tornem instrumentos<br />
de disseminação de valores fundamentais<br />
às pessoas, tais como: equidade de gênero,<br />
respeito à diversidade sexual, direitos reprodutivos<br />
e cidadania, entre outros.<br />
As comunidades religiosas, quando bem<br />
preparadas, se transformam em espaços<br />
acolhedores e solidários às pessoas que vivem<br />
e convivem com Aids, além de desempenharem<br />
papel importante de educação e<br />
prevenção. Podem, ainda, se transformar em<br />
núcleos importantes de produção de valores<br />
que contribuam para a superação do estigma,<br />
do preconceito e da discriminação relacionados<br />
aos direitos sexuais e reprodutivos,<br />
tão presentes na sociedade.<br />
12<br />
Neste cenário, é preciso clarificar que a<br />
diferença biológica é apenas o ponto de partida<br />
para a construção social do que vem a ser<br />
homem ou mulher. Sexo é atributo biológico.<br />
Gênero é uma construção social e histórica.<br />
É importante refletir que com as mudanças<br />
culturais presentes em nossa época, a<br />
conceituação de gênero é construída por<br />
uma visão ampliada, na qual estão presentes<br />
os aspectos psicológicos, a cultura familiar<br />
e a tradição religiosa. Para Tânia Mara,<br />
“é preciso se chegar e reconhecer as masculinidades<br />
e feminilidades plurais vividas<br />
historicamente e das quais as tradições religiosas<br />
podem re-visitar para enfrentar suas<br />
cristalizações.” 4<br />
Tais questões trazem à discussão as relações<br />
sociais entre homens e mulheres,<br />
e de que maneira eles se relacionam com<br />
o cotidiano. Nestas condições, em geral, a<br />
responsabilidade para com a sobrevivência<br />
sobrecarrega ainda mais as pessoas, possibilitando<br />
que o desgaste e a dificuldade nas<br />
relações de gênero se estabeleçam.<br />
Um exemplo de tal realidade acontece<br />
quando falamos de gênero no contexto da<br />
saúde. Em muitas ocasiões deparamos com<br />
a desigualdade de poderes entre homens e<br />
mulheres que, dentre outras coisas, faz crescer<br />
vertiginosamente o índice de mulheres<br />
infectadas pelo HIV.<br />
As instituições de controle social, especialmente<br />
as de caráter religioso, podem<br />
superar preconceitos e tabus por meio da<br />
mobilização, da articulação qualificada e da<br />
participação de seus integrantes em ações
que os colocam frente a frente com a diversidade.<br />
As experiências de diálogo evangélico,<br />
ecumênico e inter-religioso viabilizam o reconhecimento<br />
dos limites e dos avanços de<br />
cada grupo e levam à abertura em busca da<br />
alteridade. É também por esta razão que se<br />
faz necessário criar espaços e condições<br />
propícias para esses encontros de intercâmbio<br />
e aprendizados mútuos. Assumir que a<br />
diversidade existe é um passo importante<br />
para o reconhecimento do valor dos homens<br />
e das mulheres, sem hierarquia.<br />
Ester Almeida - Assistente Social. Assessora<br />
do Programa Saúde e Direitos – Koinonia<br />
– Presença Ecumênica e Serviço<br />
Bibliografia:<br />
1 SAMPAIO, Tânia Mara Vieira. “Aids e Religião: aproximações ao tema”. In: Revista Impulso:<br />
[Con]vivendo com HIV/Aids, nº. 32, vol. 13, Piracicaba: Editora UNIMEP, 2002.<br />
2 SAMPAIO, Tania Mara. AIDS E RELIGIÃO: Uma permanente construção de saberes em<br />
diálogo. São Paulo. Congresso Aids e religião do PNDST/AIDS e CNAIDS , 2006.<br />
3 ALVES, Rubem. Variações sobre vida e morte. São Paulo: Paulinas, 1982.<br />
4 SAMPAIO, Tania Mara. AIDS E RELIGIÃO: Uma permanente construção de saberes em<br />
diálogo. São Paulo. Congresso Aids e religião do PNDST/AIDS e CNAIDS, 2006.<br />
13
1ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Aids, realidade entre nós!<br />
15
1ª<br />
16<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Aids, realidade entre nós!<br />
1. Objetivos:<br />
Sensibilizar os participantes sobre a realidade da Aids, apresentando o panorama da epidemia<br />
no Brasil e no mundo.<br />
2. Tempo previsto: 2 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: O facilitador apresenta as boas-vindas e propõe uma oração inicial.<br />
2º Passo: Facilitar a dinâmica dos bombons.<br />
3º Passo: Formar um círculo com os participantes e entregar a cada pessoa um bombom.<br />
Instruir para que os participantes abram e comam os bombons utilizando-se apenas de<br />
um braço estendido, enquanto o outro braço permanece escondido atrás do corpo. Os<br />
participantes não poderão falar entre si.<br />
4º Passo: Deixar o grupo vivenciar e depois conversar sobre como os participantes se<br />
sentiram. Destacar algumas observações sobre a experiência.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Preparar cartões com antecedência (anexo 1).<br />
2º Passo: Entregar os cartões aos participantes.<br />
3º Passo: Leitura em Isaías 43.1 (anexo 2).<br />
4º Passo: Pedir para cada participante colocar seu nome e depois colocar seu cartão<br />
numa cesta, identificando-se e dizendo o que gosta de fazer.<br />
5º Passo: Cada pessoa pega um cartão que não seja o seu e volta para a formação em<br />
círculo.<br />
6º Passo: Individualmente, os cartões devem ser entregues às pessoas que têm o nome<br />
escrito nele. O texto contido no cartão deverá ser lido em voz alta, seguido de um cumprimento<br />
pessoal.<br />
7º Passo: Orar, agradecendo a Deus por nos conhecer pelo nome e nos chamar para<br />
testemunhar o seu amor.
1ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
DESENVOlVImENTO<br />
Apresentação do Curso.<br />
1º Passo: Formar dois grupos.<br />
2º Passo: Solicitar que um grupo desenhe uma pessoa de costas e o outro grupo desenhe<br />
um círculo de pessoas com as mãos dadas.<br />
3º Passo: Colocar os cartazes no centro do círculo e perguntar aos participantes:<br />
• Em relação à Aids, que posturas estão reveladas nestes desenhos?<br />
• Quais destas posturas indicam o caminho cristão?<br />
• Que pessoas estão representadas nestes desenhos? Homens? Mulheres? Crianças?<br />
Jovens? Idosos? Negros? Brancos? Ricos? Pobres?<br />
4º Passo: Apresentar o panorama da Aids no Brasil e no mundo (trabalho de pesquisa do<br />
educador).<br />
5º Passo: Apresentar a cartilha e o roteiro de oficinas (sem a entrega dos mesmos aos<br />
participantes) como base das aulas futuras.<br />
ENCERRAmENTO<br />
1º Passo: Colocar os cartazes no centro do círculo.<br />
2º Passo: Formar duplas de oração, pedindo a Deus que as pessoas e as <strong>Igreja</strong>s sejam<br />
sal e luz.<br />
3º Passo: Palavras breves de avaliação por parte dos participantes.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Bombons<br />
- Cartões com o texto de Isaías<br />
- Cesta ou bandeja para colocar os cartões<br />
17
1ª<br />
ANEXO 1:<br />
18<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Preparar os cartões em papel colorido neste modelo:<br />
Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, e que te formou,<br />
(linha para escrever o nome do participante)<br />
______________________________________________________<br />
Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome,<br />
tu és meu/minha.<br />
ANEXO 2<br />
Isaías 43.1<br />
(Baseado em Isaías 43.1)<br />
1 Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te<br />
formou, ó Israel: não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu<br />
nome, tu és meu.
2ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Conhecendo as pessoas<br />
que vivem com<br />
HIV e Aids<br />
19
2ª<br />
20<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Conhecendo as pessoas que<br />
vivem com HIV e Aids<br />
1. Objetivo:<br />
Sensibilizar os participantes, através do conhecimento do cotidiano das pessoas que vivem<br />
com HIV e Aids (adesão ao tratamento, família, escola, igreja, trabalho, pesquisas,<br />
entre outros).<br />
2. Tempo previsto: 3 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: O facilitador apresenta as boas-vindas e propõe uma oração inicial.<br />
2º Passo: Facilitar a dinâmica da mala .<br />
3º Passo: Entregar a cada participante uma folha de papel A4 com o contorno de uma<br />
mala (anexo 1).<br />
4º Passo: Pedir que cada pessoa personalize sua mala, escrevendo ou desenhando seus<br />
sentimentos para com o curso.<br />
5º Passo: Pedir que cada pessoa escreva na mala uma pergunta que traz consigo sobre<br />
pessoas vivendo com HIV e Aids.<br />
6º Passo: Partilha com todo o grupo.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Lamentações 3.21 (anexo 2).<br />
2º Passo: Fazer a “Oração pela Vida” (anexo 3).<br />
3º Passo: Compartilhar com o grupo o significado das palavras: esperança, solidários,<br />
perseverantes, acolhedores, misericordiosos.<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º passo: Formar 4 grupos entre os participantes.<br />
2º Passo: Os grupos receberão e lerão textos com relatos reais de pessoas vivendo com<br />
HIV e Aids (anexo 4).<br />
3º Passo: Apresentação, para todos, da análise dos textos e sua implicações nas vidas<br />
das pessoas vivendo com HIV e Aids e qual o encaminhamento para as <strong>Igreja</strong>s.
2ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ENCERRAmENTO<br />
1º Passo: Formar um círculo.<br />
2º Passo: Fazer leitura dos textos “Comunidade terapêutica: uma proposta” (pág. 31 do<br />
manual, “Aids e <strong>Igreja</strong>s - Um convite à ação”.<br />
3º Passo: Refletir sobre os desafios apontados no texto.<br />
4º Passo: Elaborar um termo de compromisso a partir dos desafios apresentados.<br />
5º Passo: Compartilhar com o grupo.<br />
6º Passo: Orar pelas pessoas que vivem com HIV e Aids e por todos nós que assumimos<br />
o compromisso<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Caneta Piloto (hidrocor)<br />
- Pincel piloto<br />
- Papel A4<br />
- Sullfitão<br />
21
2ª<br />
ANEXO 1<br />
22<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO
2ª<br />
ANEXO 2<br />
ANEXO 3<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Quero trazer à memória o<br />
que me pode dar esperança.<br />
ORAÇÃO PELA VIDA<br />
Senhor, fonte da vida e da esperança.<br />
Estamos diante de Ti como criaturas frágeis<br />
E necessitadas.<br />
Tu que amas, tudo que existe,<br />
Acolhe-nos em teu coração.<br />
Suaviza a dor e o sofrimento.<br />
Torna-nos defensores da vida,<br />
Perseverantes na luta,<br />
Solidários no sofrimento.<br />
Livra-nos do preconceito.<br />
Ajuda-nos a sermos<br />
Acolhedores e misericordiosos,<br />
Conforme tua vontade. Amém.<br />
Lamentações 3.21<br />
23
2ª<br />
ANEXO 4<br />
24<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Depoimentos – Extraídos da Revista Saber Viver<br />
SEM MEDICAÇÃO E SEM TRABALHO<br />
Cristina Costa e Silva é evangélica da Assembléia de Deus do Recife e<br />
seguiu à risca as palavras de um pastor que pregava - e continua pregando - que<br />
só Jesus cura. Suspendeu o tratamento com os anti-retrovirais e quase morreu.<br />
“Eles (os pastores) têm o cuidado e não falar diretamente para você não tomar a<br />
medicação. Isso não é só para o HIV, mas também para outras doenças, como<br />
o câncer. Eles dizem que só Jesus cura. E aí, quando a pessoa decide voltar<br />
a tomar os remédios, às vezes já é tarde”. Cristina ficou quase dois anos sem<br />
tomar o coquetel. Por sorte, quando decidiu retomar o tratamento com os antiretrovirais,<br />
conseguiu reverter os problemas de saúde que quase lhe tiraram a<br />
vida. Ela percebeu que a fé, somente, não poderia curá-la da infecção pelo HIV.<br />
“Não quero deixar de ser evangélica, mas quero uma igreja saudável. Jesus cura<br />
sim, mas os remédios ajudam e muito”.<br />
Além de abandonar a medicação, Cristina foi afastada de um trabalho<br />
social que realizava com mulheres e crianças na igreja que freqüentava. “Eu<br />
gostava muito deste trabalho, me sentia útil. Mas quando essa porta se fechou<br />
para mim, fiquei muito deprimida, me senti rejeitada, porque onde busquei apoio<br />
não encontrei. Hoje vejo que falta aos pastores mais informação.”
2ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ANEXO 4 (continuação)<br />
“LUTO DIARIAMENTE CONTRA O PRECONCEITO”<br />
“Em 1990, fiz o teste para detectar o HIV pelo plano de saúde da empresa em que trabalhava<br />
e deu positivo. O médico responsável pelo exame revelou o resultado para a empresa e<br />
logo fui chamado no departamento pessoal para assinar minha demissão. Eu me recusei a assinar.<br />
Mesmo com a pouquíssima informação que eu tinha na época, deduzi que esse não poderia<br />
ser um motivo para que eu fosse demitido. A empresa, então, usou de todos os subterfúgios para<br />
me manter afastado do trabalho. Primeiro, me deram uns dias de folga, depois férias. Cheguei<br />
a ficar três meses em casa, recebendo o auxílio-doença e ainda me propuseram aposentadoria,<br />
mas eu me negava a ficar em casa, já que me sentia muito bem de saúde e queria voltar a trabalhar.<br />
Enfim, com um parecer médico dizendo que eu estava apto ao trabalho, eu voltei à empresa.<br />
Foi quando eles declararam abertamente que eu não poderia trabalhar, pois, devido à minha<br />
soropositividade para o HIV, haveria o perigo de eu contaminar os clientes. Resolvi recorrer ao<br />
serviço jurídico de uma ONG e foi então negociado um acordo: a empresa pagaria meu salário e<br />
todos os benefícios de um funcionário (13º, vale transporte, férias), com a condição de eu não ir<br />
mais trabalhar.<br />
No ano passado, a direção da empresa mudou e eu recebi uma carta em que o novo<br />
diretor reconhecia a atitude preconceituosa que eles estavam tendo comigo e dizia que queria<br />
rever esta questão. Eu fiquei super feliz com a perspectiva de voltar a trabalhar. Mas eles me<br />
ofereceram um trabalho completamente diferente da minha antiga função. Queriam me readmitir<br />
para trabalhar no departamento de xerox da empresa. Foi mais uma atitude de discriminação,<br />
porque eu era qualificado para outra função. Antes de ser afastado, eu trabalhava como monitor,<br />
eu treinava funcionários e verificava a qualidade dos produtos. Trabalhei durante dois anos<br />
nessa função e estava para ser promovido a assistente de gerente. Eu tinha planos de seguir<br />
carreira. Esses planos foram interrompidos por causa do preconceito. Dessa vez, queriam me<br />
colocar numa sala isolada, afastado do contato com outras pessoas. Não aceitei trabalhar nestas<br />
condições.<br />
Minha luta é incansável. Este ano, ganhei uma ação contra uma empresa de ônibus<br />
porque o motorista, além de não respeitar o fato de eu ter um passe que me dá direito a não<br />
pagar a passagem, ainda me agrediu verbalmente, me xingando e expondo minha condição de<br />
soropositivo para todos no ônibus. Um dos passageiros, que também era soropositivo, se dispôs<br />
a ser minha testemunha. Fomos, então, à delegacia, foi aberto um processo e a empresa foi<br />
condenada a pagar uma indenização por discriminação e preconceito.<br />
Desde que eu fui afastado do trabalho, tenho usado meu tempo, minha determinação e<br />
minha coragem de enfrentar o HIV publicamente, para lutar pela questão do HIV. Presto serviço<br />
voluntário para a Instituição Bandeirante do Brasil, onde coordeno um projeto de agentes multiplicadores<br />
de informação. Jovens de 15 a 21 anos são treinados para incluir o tema de prevenção<br />
à Aids nas atividades que realizam. Quero transmitir para a sociedade a informação correta e<br />
mostrar que é necessário evitar o HIV, e não o portador do HIV, e que a discriminação é crime.”<br />
25
2ª<br />
26<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ANEXO 4 (continuação)<br />
CRIANÇA TAMBÉM MERECE RESPEITO<br />
Luiza, 11 anos, já estudou em diversos colégios da cidade onde vive. O motivo de tanta<br />
mudança é o preconceito. Sempre que alguém na escola fica sabendo que ela é portadora do<br />
HIV, Luiza passa a ser alvo de comentários maldosos. Algumas vezes, ela foi convidada a se<br />
retirar do colégio; em outras, pediu para sair por não suportar mais ser discriminada. Apesar de<br />
querer e poder viver como qualquer criança da sua idade, Luiza, atualmente, não quer mais ir à<br />
escola.<br />
Rosa,17 anos, São Paulo – SP. “Na minha escola todos sabem que eu tenho HIV porque<br />
eu contei para um amigo, que contou para outro, que contou para outro até que todo mundo ficou<br />
sabendo. Por causa disso acharam que eu era drogada e prostituta. A situação ficou insuportável,<br />
até que eu, minha médica e minha psicóloga fomos à escola fazer umas palestras. Eu contei<br />
que contraí HIV na barriga da minha mãe. Elas explicaram como Aids pega e não pega. Falamos<br />
de preconceito etc., mas o boato continuou, com gente falando mal de mim pelos cantos. Mudei<br />
do turno da manhã para noite e as coisas melhoraram um pouco. Até que eu comecei a namorar<br />
um menino da turma. A professora, que sabia, falou para todos os meninos tomarem cuidado<br />
comigo, porque eu tinha HIV e era falsa.<br />
Depois disso, não fui mas à escola. Quero ter uma prova do que a professora falou para<br />
poder entrar com uma ação na justiça contra ela por danos morais. Pedi aos meus colegas para<br />
me ajudarem como testemunhas, mas eles estão com medo.”<br />
O acesso ao ensino fundamental é garantido pela Constituição Federal. É responsabilidade<br />
do Estado, e dos pais, que todas as crianças freqüentem a escola, independentemente da<br />
sorologia para o HIV.<br />
Uma portaria dos Ministérios da Educação e da Saúde dispõe que a realização de testes<br />
compulsórios para a admissão do aluno na escola ou para a manutenção da sua matrícula nas<br />
redes pública e privada de ensino, em todos os níveis, é injustificável e não deve ser exigida.<br />
O HIV não é um vírus que pode ser transmitido por contato social e não oferece perigo<br />
no ambiente escolar, por isso não há obrigatoriedade em revelar o diagnóstico da criança portadora<br />
do HIV para professores e diretores de escolas.<br />
Para evitar a curiosidade dos outros alunos e preservar a intimidade da criança soropositiva,<br />
o ideal é que os medicamentos anti-retrovirais sejam tomados em casa. Se a mãe, pai ou<br />
responsável considerar necessário comunicar a sorologia da criança à professora, ou diretora,<br />
da escola, não só para pedir seu auxílio quanto aos medicamentos, mas também para justificar<br />
suas eventuais faltas por motivo de doença ou consulta médica, ela poderá pedir sigilo total sobre<br />
o fato.<br />
Quando a escola não respeita o direito da criança portadora do HIV à educação e/ou o<br />
direito ao sigilo de seu diagnóstico, a escola e seus funcionários devem ser punidos. O responsável<br />
pela criança deve procurar um advogado, ou a delegacia mais próxima e entrar com uma<br />
queixa crime.<br />
Posteriormente, a justiça poderá obrigar a escola a receber a criança e/ou condená-la a<br />
uma reparação civil. Essa reparação é educadora: ela servirá de exemplo para que casos como<br />
esse não se repitam nessa e em outras escolas.<br />
De qualquer forma, é importante que as Secretarias Estadual e Municipal de Educação<br />
tomem conhecimento das atitudes preconceituosas cometidas pelas escolas para que uma equipe<br />
capacitada possa ir ao local levando esclarecimentos sobre o HIV.<br />
As Organizações Não-Governamentais que trabalham com Aids também costumam colaborar,<br />
levando informação às escolas.
2ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ANEXO 4 (continuação)<br />
SAúDE, DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO<br />
Segundo a Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e um dever prioritário do<br />
Estado. Em alguns casos, esse direito é negado à pessoa infectada pelo HIV. As considerações<br />
abaixo são da advogada Patrícia Rios.<br />
“O direito à vida e ao tratamento médico adequado são direitos reconhecidos pela Constituição<br />
Federal, artigo 196. Além disso, segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina<br />
nº1.359/92, o atendimento profissional aos portadores do vírus da Aids é um imperativo moral<br />
da profissão médica e nenhum médico, instituição pública ou privada pode recusá-lo. O Código<br />
de Ética Médica, em seu artigo 1º, também estabelece que a medicina é uma profissão a serviço<br />
da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem nenhuma discriminação, de<br />
qualquer natureza. Logo, se um soropositivo não for atendido em alguma unidade de saúde, ele<br />
deve prestar queixa na delegacia mais próxima.<br />
Sabemos que muitas pessoas se sentem constrangidas em buscar socorro, ainda mais<br />
em uma delegacia de polícia. Porém, é fundamental que a pessoa saiba que, a partir dessa<br />
denúncia, os seus direitos poderão ser reafirmados. Conheço alguns casos nos quais pessoas<br />
prestaram queixa numa delegacia e foram muito bem recebidas pelo delegado.<br />
Em caso de não querer expor a sorologia, diga apenas ao delegado o que aconteceu.<br />
Vale ressaltar que existem as normas de biossegurança determinadas pela Organização Mundial<br />
de Saúde e pelo Ministério da Saúde que todos os profissionais da área devem seguir, independente<br />
da patologia do paciente. Isso vale para os dentistas também. Mesmo no caso das cirurgias,<br />
não há necessidade de o paciente revelar que é soropositivo. O médico também é proibido<br />
de pedir exame anti-HIV.<br />
Lembre-se: a testagem compulsória é proibida por lei e isso vale também nesses casos.<br />
Afinal, nenhum médico ou dentista apresenta exame negativo para o HIV antes de nos atender,<br />
não é verdade?”<br />
27
2ª<br />
28
3ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Respondendo ao Desafio<br />
29
3ª<br />
30<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Respondendo ao Desafio<br />
1. Objetivo:<br />
Sensibilizar os participantes para que possam compreender a dimensão do desafio da<br />
Aids às <strong>Igreja</strong>s locais.<br />
2. Tempo previsto: 3 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Boas-vindas.<br />
2º Passo: Facilitar a dinâmica das faces.<br />
3º Passo: Cada pessoa recebe meia folha de papel A4 e uma caneta hidrocor.<br />
4º Passo: Pedir para cada pessoa desenhar seu rosto no papel de forma que revele como<br />
se sente no processo de aprendizagem (não é necessário colocar o nome).<br />
5º Passo: Recolher os desenhos e colocá-los numa cesta.<br />
6º Passo: Cada participante pega da cesta um desenho que não é o seu e procura descrever<br />
o que observa (se a face desenhada revela alegria, tristeza, ânimo, apatia, cansaço,<br />
entre outras condições.). Deverá, ainda, descobrir o autor do desenho que, por sua<br />
vez, poderá ajudar o outro, complementando algumas informações.<br />
7º Passo: Os participantes deverão montar um painel com todas as faces.<br />
8º Passo: O facilitador deverá perguntar aos participantes: “As faces do grupo revelam<br />
que tipo de disposição interior?”<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Provérbios 31.8 e 9 (anexo 1).<br />
2º Passo: Colocar no chão tarjetas com as seguintes palavras: do lado esquerdo – Abre<br />
a boca, julga retamente e faze justiça; ao centro – direito de todos; do lado direito – mudo,<br />
desamparados, pobres e necessitados.<br />
3º Passo:<br />
Refletir sobre o significado destas palavras a partir das seguintes perguntas:<br />
• O que significa ser mudo, desamparado, pobre e necessitado?<br />
• Quem são as pessoas ou grupos que não têm a oportunidade de se expressar?<br />
• Quem são as pessoas ou grupos que estão privados de seus direitos?
3ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Refletir sobre os termos: abre a boca, julga retamente e faze justiça.<br />
• O que significa: abrir a boca, julgar retamente e fazer justiça?<br />
• Observar que estão no imperativo.<br />
• Sempre pensamos em justiça punitiva?<br />
• O que é justiça diante de Deus?<br />
Refletir:<br />
• Como essas ações podem garantir o direito de todos?<br />
• Qual o nosso papel com relação a estas pessoas ou estes grupos?<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: : Formar 3 grupos.<br />
2º Passo: Cada grupo receberá um texto com os seguintes temas: Aids e Políticas públicas;<br />
Aids e igrejas locais; Aids, heterossexualidade, feminização e pobreza (anexo 2).<br />
3º Passo: Cada grupo deverá produzir três perguntas relacionadas ao seu texto.<br />
4º Passo: As perguntas deverão ser apresentadas e respondidas no círculo com a contribuição<br />
de todos os participantes.<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração final.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Cesta<br />
- Cópias dos textos<br />
- Folha de papel A4 cortada ao meio<br />
- Hidrocor<br />
- Papel 40 kg ou madeira<br />
- Pincél Piloto<br />
- Tarjetas<br />
- Papel madeira (meia folha para as definições nos grupos<br />
e folha inteira para a definição única)<br />
- Xerox dos versículos de Gênesis (Anexo 1)<br />
31
3ª<br />
ANEXO 1<br />
32<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
Provérbios 31.8 e 9<br />
8 Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos<br />
os que se acham desamparados.<br />
9 Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres<br />
e necessitados.
3ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
AIDS, SOCIEDADE E MULHERES<br />
A derrubada de barreiras promovida pela Aids ao redor do mundo é uma realidade. É inegável<br />
que diversos setores da sociedade conheceram, ao longo dos últimos anos, esta doença.<br />
Evidencia-se que, ao contrário do que muitos consideravam inicialmente, a Aids não se delimitou<br />
aos denominados “grupos de risco”, conceituação que ocasionou a marginalização, a culpabilidade,<br />
a discriminação e o preconceito contra usuários de drogas, homossexuais, bissexuais,<br />
entre outros.<br />
Na verdade, pobres e ricos, homens e mulheres, jovens e idosos, solteiros e casados,<br />
religiosos, profissionais liberais, acadêmicos, homossexuais e heterossexuais, entre tantos, integram<br />
as estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS). A Aids é uma doença que alcança<br />
todas as pessoas. Acreditar na imunidade natural, religiosa, política, afetiva ou econômica<br />
é um grande risco por três simples e devastadoras razões: o poder de propagação da doença, a<br />
subjetividade das relações humanas e a fragilidade dos serviços públicos de saúde.<br />
Tamanha é a diversidade social e a complexidade das relações estabelecidas entre as<br />
pessoas, sobretudo quando estão em evidência as expressões de sexualidade, o comportamento<br />
pessoal e coletivo, o uso de drogas não legalizadas, o sistema público de saúde, a afetividade<br />
e vulnerabilidade relacionais, que ao falar sobre a Aids e os desafios a serem enfrentados<br />
mundialmente, corremos o perigo de não obter respostas concretas favoráveis à manutenção da<br />
vida, o que, em última instância, se revela como alvo maior de qualquer sociedade.<br />
Neste contexto, está claro que a educação preventiva, a política da redução de danos<br />
e a garantia de direitos se apresentam, na experiência brasileira, como eixos principais para a<br />
mudança de comportamento social através da implementação de práticas seguras e humanizadoras,<br />
seja no âmbito pessoal ou coletivo, clínico ou hospitalar.<br />
Sabe-se que toda e qualquer prática que pretende ser geradora de saúde deve favorecer,<br />
entre outros aspectos, o diálogo aberto, realista e construtivo sobre questões tantas vezes<br />
ocultas, ainda que presentes em nosso cotidiano. É evidente que existem fortes tensões na sociedade<br />
quando valores e princípios são colocados como referenciais educativos, muitos deles<br />
equivocados e opressores. Cada segmento, conforme sua natureza e convicção, procura assegurar<br />
seu ponto de vista e estabelecer elos de força e poder que favoreçam seus objetivos. Nem<br />
sempre a disposição de educar e aprender está envolvida pela prática da prevenção, do respeito<br />
e da dignidade.<br />
As estatísticas apontam que o número de mulheres brasileiras contaminadas pelo HIV<br />
vem crescendo de modo constante. Ao contrário do que se imagina, em geral, elas participam<br />
de relacionamentos monogâmicos, heterossexuais e estáveis, porém caracterizados pela impossibilidade<br />
na negociação do uso do preservativo, pela ausência de um diálogo aberto sobre<br />
vulnerabilidade, pelo machismo e autoritarismo e, conseqüentemente, pela utilização da mulher<br />
como elemento subjugado.<br />
Nestes cenários, que insistem na violência e na morte contra as mulheres, cabe às<br />
<strong>Igreja</strong>s importantes posicionamentos: desconstruir leituras e práticas que estabelecem o homem<br />
como alguém que está acima da mulher; favorecer a construção de práticas de respeito e cuidado<br />
mútuo, fundamentadas na lealdade e na transparência relacionais; lutar contra toda forma de<br />
moralismo alienante, historicamente protetor do homem e penalizador da mulher.<br />
Rev. Sérgio Andrade – coordenador de Programa – Diaconia<br />
33
3ª<br />
34<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ANEXO 2 (continuação)<br />
DIREITOS PARA SER<br />
Para muitas pessoa, as distintas abordagens sobre a Aids encontram-se relacionadas,<br />
prioritariamente, com a área da saúde. Análises primárias apontam para percepções sociais<br />
ligadas a assistência médica permanente, à distribuição de medicamentos, ao melhoramento da<br />
rede hospitalar, ao atendimento profissional com qualidade, a quebra de patentes e à inclusão<br />
das Pessoas que Vivem com HIV, na abrangência do Sistema Único de Saúde. Tais referenciais<br />
parecem indicar que devemos olhar para a Aids como um desafio à saúde mundial. E, de fato,<br />
é.<br />
Entretanto, um olhar mais criterioso favorecerá a compreensão de que a luta contra a<br />
doença extrapola o âmbito da saúde física. Pela natureza excludente imposta pela sociedade,<br />
alicerçada em alguns conceitos de “moralidade”, pelo interesse econômico das indústrias da<br />
saúde e conivência dos governos, a Aids debilita outros setores da condição humana, pois revela<br />
o preconceito, a discriminação, o desconhecimento e a exploração social, promotores da transgressão<br />
fundamental dos direitos do ser humano em suas distinções intrínsecas, entre elas, a<br />
orientação sexual e o direito à vida.<br />
Ainda que a sociedade, através dos permanentes esforços de setores do poder público,<br />
de profissionais de saúde e pesquisa, de organizações não-governamentais e, principalmente,<br />
de Pessoas que Vivem com HIV, tenha avançado numa importante compreensão técnico-científica<br />
e mobilização pela implementação de políticas públicas, é perceptível, ainda, a forte resistência<br />
à garantia de direitos.<br />
Neste cenário, o atual embate entre o governo brasileiro e o norte-americano (aliado às<br />
empresas de medicamentos) sobre políticas de prevenção à Aids e a quebra de patentes de<br />
medicamentos, ambos fundamentais ao respeito e atendimento de milhares de pessoas e ao<br />
cuidado de milhões de cidadãos e cidadãs brasileiros, requer de todos nós uma postura clara e<br />
evangélica.<br />
É cada vez mais explícito que os interesses econômicos de empresas transnacionais<br />
continuam prevalecendo sobre a vida e a dignidade humanas. Há uma opção intencional pela<br />
preservação do ganho e do mercado. Esta é a lógica que visa a preservar, aparentemente, os<br />
direitos à pesquisa e ao desenvolvimento, mas destrói as pessoas.<br />
Os cristãos optam pela vida e insistem que quando há um conflito ético entre os direitos<br />
comerciais e a saúde das pessoas, estamos sempre ao lado das pessoas. Importa, em primeiro<br />
lugar, o direito e a justiça a serviço do ser humano. Precisamos abrir os ouvidos para a exortação<br />
do profeta Isaías: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão, para<br />
negarem justiça aos pobres....” (cap. 10.1 e 2). Não temos dúvidas: a quebra de patentes não é<br />
apenas uma questão de saúde. É uma questão de justiça!<br />
Nestes tempos conturbados e caracterizados pelo egoísmo pessoal e coletivo, quando o<br />
mercado - entre eles o mercado da saúde - apresenta-se com roupagens “quase humanas”, pois<br />
revela-se “nervoso, apreensivo, cuidadoso ou inquieto”, pressionando governos e sociedades<br />
para que estes se coloquem sob os interesses econômicos, precisamos reconhecer e dizer que<br />
humanos são os homens e as mulheres que lutam não só pelas suas próprias condições pessoais,<br />
mas que se abrem para incluir outras nações e gerações futuras.<br />
O ganho de milhares promove a perda de milhões. Não estamos falando de dinheiro,<br />
mas de pessoas.<br />
Gleizy Gueiros e Sérgio Andrade fazem parte da equipe da Diaconia
3ª<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
ANEXO 2 (continuação)<br />
A AIDS E A IGREJA LOCAL<br />
Durante muitos anos <strong>Igreja</strong>s locais, bem como outros segmentos da sociedade, assumiram<br />
posturas relativamente pouco cuidadosas na prevenção contra o HIV e a Aids. Tal posicionamento<br />
era decorrente, entre outros fatores, do preconceito, da inadequada informação e de uma<br />
”falsa” sensação de imunidade proveniente da distância que estas comunidades sentiam dos<br />
chamados “grupos de risco”, ou por acreditarem que não possuíssem, em suas fileiras, pessoas<br />
com o denominado ”comportamento de risco”.<br />
Com o passar do tempo, tais convicções foram abaladas, particularmente pelo fato de a<br />
Aids se revelar como uma doença que transcende as fronteiras raciais, religiosas, sócio-econômicas,<br />
sexuais e culturais. Diferentemente do que muitos aprenderam, a Aids não é uma doença<br />
para algumas pessoas em determinados espaços sociais. O HIV pode alcançar a todos.<br />
No Brasil, a Aids tem avançado gradativamente. Atualmente, a contaminação tem crescido<br />
entre as mulheres, os jovens e os pobres – populações particularmente vulneráveis.<br />
É preciso reconhecer que estas pessoas fazem parte de nossas <strong>Igreja</strong>s ou podem ser<br />
alcançadas por elas, pois vivem ao redor de nossas comunidades de fé. São trabalhadoras,<br />
donas-de-casa, estudantes, pais e filhos que diariamente cruzam nossos caminhos e destinos.<br />
Neste contexto, cabe perguntar: o que a <strong>Igreja</strong> local pode fazer?<br />
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a <strong>Igreja</strong> local deve assumir, muitas vezes,<br />
outras maneiras de pensar e agir. O estigma, a exclusão, o medo, o moralismo, o abandono e o<br />
desconhecimento, tão presentes, não nos levarão a lugar algum. Como participantes do Reino<br />
de Deus e da sociedade nesta geração, somos convidados a abrir as portas do acolhimento, da<br />
graça e da aceitação. Mais que isso, somos instados a uma postura solidária e companheira,<br />
capaz de sentir a dor e promover a vida e a dignidade.<br />
Cabe, ainda, à <strong>Igreja</strong> local o compromisso da informação e da formação na comunidade<br />
ou no bairro onde está inserida. Ao lado de outros atores sociais, sabemos que a <strong>Igreja</strong> tem forte<br />
papel na construção de aprendizados. Através de palestras, oficinas e programações diversas é<br />
possível tratar de assuntos relacionados ao HIV e à Aids, tais como: utilização de preservativo,<br />
informações básicas, princípios e valores cristãos, acesso aos medicamentos, direitos e cidadania,<br />
relações de gênero, entre outros.<br />
Finalmente, precisamos dizer que a <strong>Igreja</strong> local é convocada ao exercício de seu papel<br />
profético. É necessário e urgente sair às ruas para colocar-se ao lado de pessoas e organizações<br />
que atuam na busca da justiça, da inclusão, da saúde e da vida – direitos de cidadania que serão<br />
obtidos através da consiência e da mobilização popular.<br />
Rev. Arnulfo Barbosa – Diretor da Diaconia – Pastor da <strong>Igreja</strong> Presbiteriana do Brasil<br />
35
1ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Planejando Nossas Ações<br />
37
1ª<br />
38<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Compromisso com a Paz<br />
1. Objetivo:<br />
Destacar a importância do planejamento para as ações relativas à temática e nas diversas<br />
atividades das <strong>Igreja</strong>s locais.<br />
2. Tempo previsto: 2 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Formar três grupos.<br />
2º Passo: Solicitar aos grupos a montagem de três quebra-cabeças que poderão ser feitos<br />
com o próprio desenho ampliado da Igrejinha (anexo 2 da 2ª oficina de capacitação).<br />
3º Passo: As peças dos quebra-cabeças deverão ser distribuídas aleatoriamente nos grupos,<br />
podendo cada um deles receber um número maior, menor ou duplicado das mesmas.<br />
4º Passo: Os grupos poderão negociar entre si a troca ou complementação das peças para<br />
que cumpram a tarefa. No entanto, seus integrantes não poderão fazer comentários.<br />
5º Passo: Depois de formados os quebra-cabeças, perguntar aos participantes: “O que<br />
aprendemos sobre planejamento?”<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Lucas 14.25-33 (anexo 1).<br />
2º Passo: Refletir sobre os principais destaques no texto.<br />
• Dar ênfase a partir do versículo 28, que trata diretamente do planejamento.<br />
• Identificar quais são os desafios para quem se compromete com a temática da Aids.<br />
• Identificar quais serão as possíveis barreiras em casa, na igreja e na sociedade.<br />
• Quais são os objetivos de nossa formação neste curso?<br />
• Que ajustes precisamos fazer para atender às demandas de nossos objetivos?<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: Apresentar conceito e etapas do planejamento, utilizando como base a planilha<br />
(anexo 2).<br />
2º Passo: Favorecer o conhecimento do curso, verificando a necessidade ou não de inserção<br />
de novos temas. Levantar com o grupo o que é necessário para os encontros (listar
1ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
em papel 40kg exposto na parede para que todos vejam).<br />
3º Passo: Estabelecer com o grupo, se necessário for, um acordo de convivência. Construir<br />
uma “agenda de compromisso” (anexo 2).<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Papel 40 Kg<br />
- Quebra-cabeças<br />
- Texto bíblico<br />
39
1ª<br />
ANEXO 1<br />
Lucas 14.25-33<br />
40<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
25 Grandes multidões o acompanhavam, e Ele, voltando-se, lhes disse:<br />
26 Se alguém vem a mim, e não aborrece ao seu pai, e mãe, e mulher,<br />
e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda a sua própria vida, não pode ser meu<br />
discípulo.<br />
27 E qualquer que não tomar a sua cruz, e vir após mim, não pode ser meu<br />
discípulo.<br />
28 Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro<br />
para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluir?<br />
29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces, não a podendo acabar,<br />
todos que a virem zombem dele,<br />
30 Dizendo: este homem começou a construir e não pôde acabar.<br />
31 Ou, qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro<br />
para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem<br />
contra ele com vinte mil?<br />
32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada,<br />
pedindo condições de paz.<br />
33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto<br />
tem, não pode ser meu discípulo.
1ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
AGENDA DE COMPROMISSO<br />
O que? Para que? Onde e Quando? Como e Quem?<br />
O que = atividades a serem realizadas.<br />
Para que = objetivos das atividades.<br />
Onde = local onde os encontros acontecerão.<br />
Quando = data e hora de começar e encerrar os encontros.<br />
Como = metodologia e recurso a serem utilizados.<br />
Quem = pessoas que participarão dos encontros.<br />
41
2ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Compromisso com a Vida<br />
43
2ª<br />
44<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Compromisso com a Vida<br />
1. Objetivos:<br />
Formular, individualmente e com o grupo, o compromisso de convivência durante a capacitação<br />
e seus desdobramentos.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Apresentação individual.<br />
2º Passo: Escrever em tarjeta o motivo de sua participação nas oficinas.<br />
3º Passo: : Apresentar “uma palavra” sobre as suas expectativas com relação ao curso.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Ler, individualmente, Isaías 61.10 a 62.3 (anexo 1)<br />
2º Passo: Cada participante poderá destacar um aspecto importante do texto lido e compartilhar<br />
com todo o grupo.<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º passo: Desenhar a igrejinha em papel madeira (anexo 2). Colocar o desenho no chão<br />
e distribuir tarjetas de uma cor aos participantes para que escrevam uma, duas ou três<br />
palavras sobre o que entendem por “compromisso”.<br />
2º Passo: Distribuir aos participantes novas tarjetas com outra cor, para que os mesmos<br />
escrevam em uma, duas ou três palavras “que compromisso querem assumir com a temática”<br />
a ser discutida durante o curso.<br />
3º Passo: Ao lado esquerdo do desenho que estará no chão, os participantes deverão<br />
colocar as tarjetas com os conceitos sobre “compromisso” e dizer o que entendem sobre<br />
estas palavras. Do lado direito, colocarão as tarjetas com o “compromisso que querem<br />
assumir com a temática”, também verbalizando suas decisões.<br />
ENCERRAmENTO<br />
1º Passo: Uma palavra de avaliação. Pedir que as pessoas escrevam, em pequenos pe-
2ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
daços de papel, os principais destaques e as dificuldades da oficina.<br />
2º Passo: Formar um círculo. Orar para que a <strong>Igreja</strong> possa assumir compromissos com as<br />
pessoas que vivem com HIV e Aids.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Folha com a imagem da igrejinha<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Texto bíblico<br />
- Tarjetas<br />
45
2ª<br />
ANEXO 1<br />
46<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Isaías 61.10-11 e 62.1-3<br />
10 Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus;<br />
porque me vestiu de vestes de salvação, e me envolveu com o manto de<br />
justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita<br />
com as suas jóias.<br />
11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar<br />
o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o<br />
louvor perante todas as nações.<br />
1 Por amor de Sião não me calarei e por amor de Jerusalém não me aquie-<br />
tarei; até que saia a sua justiça como um resplendor, a sua salvação como<br />
uma tocha acesa.<br />
2 As nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e serás chamado<br />
por um nome novo, que a boca do Senhor designará.<br />
3 Serás uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na<br />
mão do teu Deus.
2ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
47
3ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
O Agente Multiplicador<br />
49
3ª<br />
50<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
O Agente Multiplicador<br />
1. Objetivo:<br />
Favorecer a compreensão do papel do multiplicador, desafiando os participantes a refletirem<br />
sobre a importância das ações em sua igreja e comunidade local.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Colocar o conceito do termo diaconia em papel madeira ou cartolina, no centro<br />
da sala.<br />
“Diaconia é estar a serviço dos excluídos da sociedade,<br />
participando da construção solidária da cidadania,<br />
tendo como base os valores do Reino de Deus.<br />
2º Passo: Conversar com o grupo (sugestões de perguntas para facilitadores):<br />
• O que chama a atenção da gente nesta frase?<br />
• O que é serviço?<br />
• Quem são os excluídos?<br />
• O que é cidadania?<br />
• Qual a realidade que está contida no conceito de diaconia e a que acontece na nossa<br />
igreja e/ou comunidade?<br />
3º Passo: Escrever em tarjetas as falas do grupo sobre a realidade e colocar bem visível<br />
para todos os presentes.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º passo: Leitura em Mateus 13.1-9 (anexo 1)<br />
2º Passo: Perguntas e respostas do grupo<br />
• Que tipo de solos encontramos em nós mesmos?<br />
• É possível a circunstância nos modificar?<br />
• O mesmo poderá ocorrer com outras pessoas?<br />
• Como os solos poderão se apresentar em nosso trabalho?<br />
• Que tipo de colheita poderemos prever?<br />
• Será possível ver todos os frutos de nossa semeadura?<br />
3º Passo:<br />
1. Listar potencialidades que temos como semeadores;
3ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
2. Listar barreiras que poderemos encontrar em diferentes solos;<br />
3. Listar potencialidades que temos como semeadores;<br />
4. Refletir sobre como agir em cada situação.<br />
Anotar numa folha de papel as questões levantadas, pois deverão ser abordadas no planejamento<br />
que iniciamos a partir desta oficina.<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º passo: Distribuir o livro “Aids e <strong>Igreja</strong>s: um convite à ação”.<br />
2º passo: Formar grupos com, no mínimo, três pessoas e motivar a leitura do livro, destacando<br />
o que chama mais a atenção neste primeiro contato com o material.<br />
3º passo: Após conhecer o livro, cada grupo apresenta seus destaques através da fala.<br />
4º passo: Cada grupo deverá, em cartolina ou papel madeira, apresentar o que entende<br />
ser um MULTIPLICADOR. Todo grupo compõe, em cartolina ou papel madeira, o conceito<br />
de MULTIPLICADOR.<br />
ENCERRAmENTO<br />
Dinâmica da complementaridade:<br />
Objetivos: Levar o grupo a perceber a importância do outro, do trabalho em equipe e quanto o<br />
outro pode contribuir para a realização de seus sonhos.<br />
1º Passo: Pedir para o grupo formar um círculo;<br />
2º Passo: Distribuir cartões (anexo 2 - Azul: coluna “A”, Amarelo: coluna “B”). Na coluna “A” os<br />
textos expressam uma carência e, na coluna, “B” o complemento para elas;<br />
3º Passo: Cada pessoa recebe um cartão, aleatoriamente;<br />
4º Passo: As pessoas com o cartão Azul leem a carência que deverá ser complementada imediatamente<br />
pela pessoa com o cartão amarelo;<br />
5º Passo: Terminar, de mãos dadas, com uma oração.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Cartilhas<br />
- Hidrocor<br />
- Papel madeira ou cartolina<br />
- Papel A4<br />
- Texto bíblico<br />
- Tarjetas<br />
51
3ª<br />
ANEXO 1<br />
Mateus 13.1-9<br />
52<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
1 Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar;<br />
2 E grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou num<br />
barco e se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.<br />
3 E de muitas cousas lhes falou por parábolas, e dizia: Eis que o semeador<br />
saiu a semear.<br />
4 E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves a<br />
comeram.<br />
5 Outra parte caiu em solo rochoso onde a terra era pouca, e logo nasceu,<br />
visto não ser profunda a terra.<br />
6 Saindo porém, o sol, a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se.<br />
7 Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.<br />
8 Outra, enfim, caiu em boa terra, e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta<br />
por um.<br />
9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
3ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
COLUNA 1 COLUNA 2<br />
EU SOU<br />
UM CHAPÉU SEM ABA<br />
EU SOU<br />
UM GUARDA CHUVA SEM CABO<br />
EU SOU<br />
UM RIACHO SEM ÁGUA<br />
EU SOU<br />
UM PIANO SEM TECLADO<br />
EU SOU<br />
UM LIVRO SEM PÁGINAS<br />
EU SOU<br />
UMA BAIANA SEM COLARES<br />
EU SOU<br />
UMA PRIMAVERA SEM FLORES<br />
EU SOU<br />
O MAR SEM SAL<br />
EU SOU<br />
O MAR SEM PEIXES<br />
EU SOU SUA ABA,<br />
MEU CHAPÉU<br />
EU SOU SEU CABO,<br />
MEU QUARDA-CHUVA<br />
EU SOU SUA ÁGUA,<br />
MEU RIACHO<br />
EU SOU SEU TECLADO,<br />
MEU PIANO<br />
EU SOU SUAS PÁGINAS,<br />
MEU LIVRO<br />
EU SOU SEUS COLARES,<br />
MINHA BAIANA<br />
EU SOU SUAS FLORES,<br />
MINHA PRIMAVERA<br />
EU SOU SOU SEU SAL,<br />
MEU MAR<br />
EU SOU SEUS PEIXES,<br />
MEU MAR<br />
53
3ª<br />
54<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
EU SOU<br />
UMA PAÇOCA SEM AMENOIM<br />
EU SOU<br />
UMA PAMONHA SEM MILHO<br />
EU SOU<br />
UMA FOGUEIRA SEM BRASA<br />
EU SOU<br />
UM ROSTO SEM SORRISO<br />
EU SOU<br />
UM ÓCULOS SEM LENTES<br />
EU SOU<br />
UM PASTEL SEM QUEIJO<br />
EU SOU<br />
MACARRÃO SEM MOLHO<br />
EU SOU<br />
UMA VELA SEM PAVIO<br />
EU SOU<br />
UM VIOLÃO SEM CORDAS<br />
EU SOU<br />
SORRISO SEM DENTES<br />
EU SOU SEU AMENDOIM,<br />
MINHA PAÇOCA<br />
EU SOU SEU MILHO,<br />
MINHA PAMONHA<br />
EU SOU SUA BRASA,<br />
MINHA FOGUEIRA<br />
EU SOU<br />
SEU SORRISO, MEU ROSTO<br />
EU SOU<br />
SUAS LENTES, MEUS ÓCULOS<br />
EU SOU<br />
SEU QUEIJO, MEU PASTEL<br />
EU SOU<br />
SEU MOLHO, MEU MACARRÃO<br />
EU SOU<br />
SEU PAVIO, MINHA VELA<br />
EU SOU SUAS CORDAS,<br />
MEU VIOLÃO<br />
EU SOU<br />
SEUS DENTES, MEU SORRISO
4ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Gênero e Sexualidade<br />
55
4ª<br />
56<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Gênero e Sexualidade<br />
1. Objetivo:<br />
Construir, com o grupo, conceitos e compreensões sobre gênero e sexualidade.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Uma breve saudação. Colocar uma música instrumental de fundo.<br />
2º Passo: Reunir homens e mulheres e solicitar que possam tomar para si o momento da<br />
criação. Os homens deverão “Moldar” um homem de argila e as mulheres deverão “moldar”<br />
uma mulher de argila.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Gênesis 1. 1 e 2, 26 e 27 (anexo 1)<br />
• Conversar sobre a criação.<br />
• Como vocês acham que Deus se “sentiu” realizando esta criação?<br />
• Como vocês se sentem sabendo que são fruto desta criação?<br />
2º Passo: Que cada grupo possa falar sobre a sua “criação”, ressaltando dificuldades e<br />
descobertas durante a vivência.<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: Escolher um dos participantes para que possa listar as diferenças/características<br />
físicas e psíquicas/emocionais dos homens e das mulheres, num processo de construção<br />
coletiva.<br />
2º Passo: Formar dois grupos para que possam, a partir da leitura dos textos (anexos 2 e<br />
3), apresentar, de forma criativa, o que é gênero e o que é se-xualidade.<br />
3º Passo: Partilha dos textos a partir da produção dos grupos.<br />
4º Passo: Construção do conceito de gênero e de sexualidade com o facilitador.<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração.
4ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Hidrocor<br />
- Papel 40 Kg<br />
- Textos bíblicos<br />
- 2 tablados para manipulação da argila<br />
- 4 pacotes de argila<br />
57
4ª<br />
ANEXO 1<br />
58<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Gênesis 1. 1 e 2; 26 e 27<br />
1 No princípio criou Deus os céus e a terra.<br />
2 A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo<br />
e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.<br />
26 Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme<br />
nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as<br />
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda terra e sobre todos<br />
os répteis que rastejam pela terra.<br />
27 Criou Deus, pois, o homem a Sua imagem, à imagem de Deus o criou;<br />
homem e mulher os criou.
4ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
AFINAL, O qUE É SExUALIDADE?<br />
“A sexualidade deve ser entendida a partir de um enfoque abrangente, manifestando-se<br />
em todas as fases da vida de um ser humano, tendo na genitalidade apenas um de seus aspectos”<br />
(Nelson Vitiello, ginecologista e terapeuta sexual).<br />
Podemos compreender a sexualidade como um componente fundamental de todo ser<br />
humano. É um modo de exprimir-se. É o desejo voltado para as pessoas e objetos. É integração<br />
da relação corporal, psíquica e sentimental. É tudo o que envolve prazer na relação consigo e<br />
com o outro. É necessário considerá-la num aspecto global, que envolve desde um simples olhar<br />
para o outro até um perceber-se na sua diversidade de sensações corpóreas, afetivas, sociais e<br />
culturais. Portanto, a sexualidade, entendida aqui no seu contexto mais amplo, tem na genitalidade<br />
apenas um de seus aspectos.<br />
Às vezes, essa sexualidade pode gerar angústias, ansiedades e conflitos, e isso normalmente<br />
acontece quando não sabemos, ou conhecemos pouco sobre ela. Por isso, a busca de<br />
informação é importante para que possamos viver a nossa sexualidade de forma prazerosa e<br />
tranqüila, sem culpa, medo, receios, angústias.<br />
O ser humano herda uma cultura que traz em si alguns ensinamentos que passam de<br />
geração em geração. Esses ensinamentos englobam: educação familiar, vivência e prática religiosa,<br />
fé, convivência social, educação escolar.<br />
Porém, é percebida certa dificuldade em se falar deste tema, mesmo quando entendemos<br />
que é algo pertinente e indispensável às espécies. Ao falar em espécie, vale destacar que<br />
a nossa é capaz de desenvolver sentimentos que extrapolam o ato sexual e a reprodução. Por<br />
exemplo, temos o amor, que se olharmos no dicionário significa: “um sentimento que predispõe<br />
alguém a desejar o bem de outrem” (Aurélio Buarque de Holanda).<br />
É bem verdade que a sexualidade vem sendo colocada, principalmente pela mídia, como<br />
algo “coisificado” ou banalizado. Talvez este seja um dos fatores responsáveis pela desintegração<br />
física da nossa sexualidade e do sentir, que acabam gerando uma falta de assertividade<br />
consigo mesmo e entre as pessoas.<br />
Mas, se a sexualidade envolve o amor, que na sua definição retrata o bem de si e do<br />
outro, por que é tão difícil e misteriosa a abordagem desse tema?<br />
Poderíamos buscar a resposta a essa pergunta nas nossas famílias, mas elas, quando<br />
não se calam, muitas vezes não nos concedem respostas que correspondem às nossas expectativas.<br />
Ou, talvez, os jovens poderiam buscar seus educadores, que se esforçam muito, mas<br />
ainda se limitam a explicar as questões funcionais do corpo humano ou a bombardear informações<br />
sobre anticoncepção e prevenção de doenças (fato que não tem contribuído muito para o<br />
comportamento responsável dos jovens, já que pesquisas apontam para o aumento de gestações<br />
não planejadas e das doenças sexualmente transmissíveis - DSTs).<br />
Mesmo considerando as fontes informativas, ainda é delicada a abordagem do tema. As<br />
orientações recebidas nem sempre respondem aos conflitos entre as informações e a vivência<br />
da pessoa; e, por vezes, se apresentam desconectadas dos sentimentos – sensações e pensamentos.<br />
59
4ª<br />
60<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 2 (continuação)<br />
Nesse sentido, é necessário um conhecimento aprofundado acerca da diversidade apresentada<br />
na sexualidade.<br />
De acordo com Fabiano Puhlmann Di Girolamo, estudioso da sexualidade humana, podemos<br />
defini-la como: “componente fundamental de todo ser humano; é uma modalidade global<br />
do ser nos confrontos dos outros e do mundo, vinculando-se à intimidade, à afetividade, à ternura,<br />
a um modo de sentir-se e exprimir-se, vivendo o amor humano e as relações emocionais afetivo-sexuais;<br />
é contato, relação psíquica e sentimental, sempre vinculadas a intensas sensações<br />
corpóreas”.<br />
Alguns estudiosos do tema explicam (para uma melhor compreensão didática) a sexualidade<br />
como sendo sustentada por três pilares:<br />
• Psicológico: diz respeito ao estar adequado consigo mesmo, ou seja, estar satisfeito<br />
com sua própria sexualidade e com sua auto–estima valorizada. Lembrando que, para<br />
exercer a sexualidade de forma prazerosa com outra pessoa, é importante estabelecer<br />
essa relação de prazer consigo mesmo(a).<br />
• Social: Diz respeito à adequação do comportamento sexual apresentado em relação<br />
aos padrões socialmente exigidos. A nossa sociedade estabelece alguns padrões que<br />
são seguidos pela maioria das pessoas que fazem parte dessa sociedade, estando estas<br />
enquadradas dentro de um padrão de norma social.<br />
• Biológico: Diz respeito ao funcionamento orgânico do nosso corpo, envolvendo mecanismos<br />
funcionais do nosso organismo como a ereção, ejaculação, lubrificação da vagina<br />
etc. O funcionamento sexual é algo necessário para o desenvolvimento sadio do ser humano.<br />
Havendo algum comprometimento em uma dessas bases, podemos falar em disfunção<br />
sexual, ou inadequação sexual. Ocorre a disfunção sexual quando o comprometimento se dá<br />
na base orgânica. Caso ocorra dificuldade nas bases psicológica ou social, podemos considerar<br />
como inadequação sexual.<br />
Tanto a disfunção quanto a inadequação sexual podem ser tratadas com eficiência por<br />
profissionais especializados em terapia sexual.<br />
O nosso grande desafio se dá na compreensão da sexualidade vinculada à afetividade,<br />
transcendendo as explicações teóricas e baseadas na vivência pessoal, considerando as bases<br />
biopsicossociais que sustentam esse componente fundamental na vida humana.<br />
Portanto, falar em sexualidade é falar em algo muito mais abrangente do que ter uma<br />
relação sexual, ou em qualquer atividade exclusivamente ligada aos orgãos genitais. É falar,<br />
principalmente, em sentimento, em prazer, em VIDA.<br />
Diante disso, podemos dizer que durante toda a fase da vida humana, a sexualidade<br />
está presente, desde a infância até a terceira idade, tendo, em cada uma dessas fases, manifestações<br />
diferentes.<br />
Cristiana Gomes – Psicóloga e membro da equipe do Programa de<br />
Promoção da Criança e do Adolescente da Diaconia.
4ª<br />
ANEXO 3<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
AMPLIANDO A CONVERSA SOBRE GêNERO NOS AMBIENTES DE APRENDIzAGEM<br />
Conversar sobre gênero convida a um movimento que nos possibilite um encontro não<br />
só com a nossa fala e entendimento sobre esta dimensão da nossa identidade, mas nos situe<br />
diante do que somos, do lugar que ocupamos e diante do nosso desenvolvimento enquanto homens<br />
e mulheres que buscamos a construção de uma sociedade diferente a partir das mudanças<br />
em nós mesmos, nas nossas relações interpessoais e em nossas práticas.<br />
Temos, como uma atividade de encontro e troca daquilo que somos, a dança. A dança<br />
nos possibilita múltiplas expressões. A dança de roda 1 celebra a chegada e as boas-vindas aos<br />
pescadores que voltavam sãos e salvos de uma pescaria perigosa; as mulheres e seus filhos iam<br />
esperá-los na beira da praia e, no encontro, dançavam. O sentido do movimento é envolvido no<br />
significado do conviver em comunidade apresentando-se e expressando-se, e ao mesmo tempo,<br />
reconhecendo o/a outro/a e reverenciando-o/a.<br />
Gênero e Cotidiano<br />
É necessário entendermos que o conceito de gênero nos faz compreender as diferenças<br />
entre gênero e sexo, para, a partir desse entendimento, refletirmos as relações vivenciadas por<br />
mulheres e homens. Ao falarmos de sexo, estamos falando dos aspectos físicos e biológicos<br />
do macho e fêmea. Ao falarmos de gênero masculino e feminino estamos falando da construção<br />
cultural do ser homem e ser mulher, dos papéis, atribuições, jeito de ser feminino e masculino,<br />
que vai variar de acordo com o tempo e as diferentes sociedades e culturas. Essas desigualdades<br />
são erroneamente justificadas pelo sexo, cor da pele, geração, ou seja, pelo biológico, pela<br />
natureza.<br />
Para entender um pouco mais sobre as manifestações das desigualdades de gênero no<br />
cotidiano é importante preparar-se para aprender com ele. Para Agnes Heller, a cotidianeidade<br />
“é a vida do homem inteiro; ou seja, ele participa da vida cotidiana com todos os aspectos de<br />
sua individualidade, de sua personalidade; a vida cotidiana é em grande medida heterogênea, e<br />
isto em vários aspectos, sobretudo no que se refere ao conteúdo e significação ou importância<br />
de nossos tipos de atividade. São partes orgânicas da vida cotidiana: a organização do trabalho<br />
e da vida privada, os lazeres e o descanso, a atividade social sistematizada, o intercâmbio e a<br />
purificação”. 2<br />
Quando falamos em igualdade entre homens e mulheres, sabemos que não se simplifica<br />
apenas na inversão de papéis e/ou funções. Apenas experimentar essa inversão pode vir a<br />
possibilitar o desenvolvimento das capacidades que fazem parte do potencial do ser humano,<br />
independente se é homem e se é mulher, de desenvolver estas experiências, que lhe foram tolhidas<br />
desde o seu nascimento.<br />
Gesta-se, hoje, no ambiente das <strong>Igreja</strong>s e da vivência religiosa, uma compreensão compartilhada<br />
acerca da importância do conceito de gênero, da compreensão da diferença entre natureza<br />
e cultura, da construção do ser homem e ser mulher, da diferença das relações de gênero<br />
em cada sociedade, e o papel que esta reflexão desempenha na criação de relações baseadas<br />
nos princípios cristãos.<br />
O conjunto das questões colocadas pela reflexão em torno da temática de gênero nos<br />
remete às relações de poder estabelecidas através da cultura e justificadas pelas diferenças se-<br />
61
4ª<br />
62<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 3 (continuação)<br />
xuais. O desafio de ser homem e ser mulher no nosso cotidiano inclui a busca de redesenhar estas<br />
relações de forma a possibilitar a vivência da igualdade com reconhecimento das diferenças<br />
e da superação das desigualdades entre as pessoas e entre os grupos que fazem à comunidade<br />
humana.<br />
“Gênero é uma diferença entre uma multiplicidade de diferenças: diferenças entre homens<br />
e mulheres, entre homens e homens e entre mulheres e mulheres. E essas diferenças<br />
se cruzam com as diferenças de idade, de cultura, de religião. Se constitui em um instrumento<br />
importante para compreender a complexidade das relações humanas. É um instrumento de análise,<br />
mas também de autoconstrução feminina e de tentativa de construção de relações sociais<br />
mais fundadas na justiça e na igualdade, a partir do respeito pela diferença”. 3<br />
O que é ser homem e ser mulher na nossa sociedade e na <strong>Igreja</strong><br />
Sempre que compartilhamos traços das nossas identidades, mulheres e homens compartilham<br />
também semelhantes referências de um discurso que situa os papéis, lugares e relações<br />
na nossa cultura. Mesmo considerando as mudanças que vêem ocorrendo, ainda se<br />
mantêm como “familiares e internalizadas” as falas expressivas sobre as mulheres e homens na<br />
sociedade.<br />
- Ser do sexo feminino quer dizer ser do sexo frágil /Ser homem na nossa sociedade é<br />
ter poder;<br />
- O homem pode falar e é ouvido/ O homem aprende que tem que ser forte, não pode<br />
chorar nem expressar seus sentimentos;<br />
- A mulher é encrenqueira / A mulher é a rainha do lar;<br />
- A mulher desempenha vários papéis na família, mas quem decide tudo é o homem / A<br />
mulher é sensível;<br />
- A mulher, mesmo trabalhando fora, é quem se responsabiliza pelos afazeres domésticos/<br />
O homem é o provedor da família;<br />
- A mulher é a responsável pela educação dos filhos/A mulher ganha menos do que o<br />
homem;<br />
- A mulher tem obrigação de cuidar do seu marido e dos seus filhos/ O homem é naturalmente<br />
poderoso e autoridade.<br />
Refletindo o ser homem e ser mulher no interior da igreja:<br />
- Na <strong>Igreja</strong>, a mulher continua desempenhando o papel que lhe é atribuído na sociedade<br />
/ Na maioria das igrejas, a mulher não pode ministrar um culto;<br />
- As mulheres seminaristas recebem um salário menor que os homens seminaristas,<br />
mesmo desempenhando as mesmas funções;<br />
- Em algumas igrejas, a mulher seminarista desempenha apenas o papel de professora<br />
da escola dominical;<br />
- A mulher, na igreja, é responsável pela limpeza, secretaria e, às vezes, tesouraria/ O<br />
homem pode ser pastor, diácono, tesoureiro;<br />
- O homem, também na igreja tem o poder de decisão.<br />
Em relação a essa transformação dentro do espaço da igreja, poderíamos nos inspirar<br />
na experiência de Jesus Cristo. Sabemos que o princípio cristão nos testemunha e propõe a
4ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 3 (continuação02)<br />
igualdade entre os seres humanos. Baseado neste princípio, pode-se buscar a transformação<br />
dentro da igreja a partir da nossa própria transformação interior.<br />
Compreender as relações de gênero, buscar a igualdade nessas relações; é necessário<br />
gestar a mudança de atitude de cada um(a) de nós. É um processo árduo, que necessita de<br />
disposição para desaprender e aprender. O ambiente que redesenha essas mudanças são os<br />
mais próximos: a casa, a família, a relação com amigos(as), na igreja, no trabalho. Conseguindo<br />
isto estaremos permitindo que ocorram as mudanças necessárias na nossa sociedade, onde<br />
homens e mulheres, independente da raça, etnia, idade, religião possam viver em harmonia,<br />
sendo respeitadas as diferenças, e a igualdade de direitos superando qualquer subordinação e<br />
desigualdade nas relações entre homens e mulheres, homens e homens, mulheres e mulheres.<br />
A mediação de gênero nos abre um horizonte no sentido de perceber não só que a<br />
humanidade é constituída de homens e de mulheres que têm funções próprias, mas que nossa<br />
forma de organizar o mundo, de nos exprimir, de pensar, de crer e de professar nossas crenças<br />
mais profundas é transpassada por esta realidade biocultural fundamental que constitui o nosso<br />
ser. Introduz algo especial na própria compreensão do ser humano, de Deus e da fé cristã. Nos<br />
convida a rever nossos modelos de construção teórica sobre Deus e a examinar as implicações<br />
culturais e sociais na vida das mulheres e dos homens a partir de um determinado contexto.<br />
Analba Brazão Teixeira et al.<br />
Mestre em Ciências Sociais pela UFRN.<br />
Atualmente antropóloga do Coletivo Leila Diniz -<br />
Associação de cidadania de estudos feministas<br />
Bibliografia:<br />
1 Gebara, Ivone. Dança de Kos, do repertório da danças circulares.<br />
2 Heller, Agnes. O Cotidiano e a História. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989.<br />
3 Gebara, Ivone. Rompendo o silêncio. Petrópolis: Ed. Vozes 2000.<br />
63
5ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
DST e Prevenção<br />
65
5ª<br />
66<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
DST e Prevenção<br />
1. Objetivos:<br />
Proporcionar conhecimento do corpo humano e a importância da prevenção das DSTs.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Providenciar rótulos, ou etiquetas, com os seguintes dizeres: ajuda-me; ensiname;<br />
aconselha-me; ignora-me; respeita-me; ria de mim; zomba de mim; tenha piedade de<br />
mim (anexo 1).<br />
2º Passo: O facilitador cola na testa de cada participante um destes rótulos, evitando que<br />
a pessoa saiba qual é o seu próprio rótulo.<br />
3º Passo: O facilitador convida os participantes a caminharem pela sala e expressarem,<br />
para as outras pessoas do grupo, só com gestos, o que o rótulo do outro comunica.<br />
4º Passo: Com todo o grupo reunido, o facilitador lançará a seguinte pergunta: “A partir da<br />
representação do outro, eu consegui identificar meu rótulo? E como me senti?”<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Provérbios 13.16 e 17 (anexo 2).<br />
2º Passo: Compartilhar em grupo.<br />
• Que relação há entre o conhecimento e a prevenção?<br />
• A prevenção é uma forma bíblica de encarar diversas situações da vida?<br />
• Para quem, em primeiro lugar, podemos ser mensageiros fiéis?<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: O facilitador apresenta as lâminas com o sistema sexual e reprodutor masculino<br />
e feminino e convida participantes para identificar cada componente do sistema.<br />
2º Passo: Formar duplas para que estas possam responder, em tarjetas:<br />
• O que entendem por DST?<br />
• O que entendem por prevenção?<br />
3º Passo: As duplas apresentam as tarjetas para todos. O facilitador apresenta conceitos<br />
de DST e prevenção.
5ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
4º Passo: Exposição de conteúdo por parte do facilitador sobre DST e Prevenção.<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Álbum seriado<br />
- Etiquetas ou tarjetas<br />
- Fita crepe<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Papel Madeira<br />
67
5ª<br />
ANEXO 1<br />
68<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ajuda-me<br />
ensina-me<br />
aconselha-me<br />
ignora-me<br />
respeita-me<br />
ria de mim<br />
zomba de mim<br />
tenha piedade de mim
5ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Provérbios 13.16 e 17<br />
16 Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a<br />
sua loucura.<br />
17 O mau mensageiro se precipita no mal, mas o embaixador fiel é medicina.<br />
69
6ª<br />
HIV e Aids<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
71
6ª<br />
HIV e Aids<br />
1. Objetivo:<br />
72<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Aprofundar conhecimento técnico sobre HIV e Aids, suas implicações e aspectos preventivos.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO (DINâMICA DO “ME CONTAGIEI”)<br />
1º Passo: São preparados 15 cartões (anexo 1) e distribuídos com as seguintes instruções:<br />
- 2 cartões “Peça apenas uma assinatura”.<br />
- 2 cartões “Assine apenas os cartões de seus amigos”.<br />
- 2 cartões “Não siga as instruções” (em um deles, assinale um x).<br />
- 4 cartões “Siga as instruções apenas se assim o desejar”.<br />
- 5 cartões “Siga as instruções” (em um deles, assinale um x).<br />
2º Passo: O facilitador distribui os cartões e dá a seguinte instrução ao grupo: “Peça três<br />
assinaturas a três pessoas do grupo e depois volte para o seu lugar.”<br />
3º Passo: Em seguida, o facilitador pedirá às pessoas que têm o seu cartão assinalado<br />
com um X que se levantem e diz: “Elas têm Aids”.<br />
4º Passo: O facilitador deverá identificar o único cartão que tem a informação “não siga<br />
as instruções” e não tem X. Ele deverá perguntar em voz alta se o participante assinou o<br />
cartão de alguém ou se outras pessoas assinaram o seu cartão. Se a resposta for positiva,<br />
as pessoas foram contaminadas.<br />
5º Passo: Será pedido que se levantem as pessoas cujos cartões foram assinados ou<br />
assinaram cartões de outras pessoas. Pouco a pouco, será solicitado aos participantes<br />
que se levantem. Se estes assinaram os cartões de outros ou se seus próprios foram<br />
assinados por pessoas que estavam em pé, então eles também foram contaminados ou<br />
contaminaram alguém.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Lucas 17.12-17 (anexo 2)<br />
2º Passo: Refletir sobre os destaques do texto bíblico junto com o grupo.
6ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: Leitura, com todo o grupo, do texto “Ainda vou viver muito” (anexo 3).<br />
2º Passo: Exposição de conteúdo por parte do facilitador sobre HIV e Aids.<br />
3º Passo: Leitura e reforço dos conhecimentos adquiridos a partir do texto “Aids: conceitos<br />
e história” (pág. 21-28 do livro Aids e <strong>Igreja</strong>s: um convite à ação).<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Fotocópias<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Papel 40 Kg<br />
- Preservativos masculinos e femininos<br />
- Texto bíblico<br />
73
6ª<br />
ANEXO 1<br />
74<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
“Peça apenas uma<br />
assinatura”<br />
“Não siga as<br />
instruções”<br />
“Siga as instruções”<br />
“Assine apenas os<br />
cartões de seus<br />
amigos”<br />
“Siga as instruções apenas<br />
se assim o desejar”
6ª<br />
ANEXO 2<br />
Lucas 17.12-17<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
12 Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos,<br />
13 Que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compade-<br />
ce-te de nós!<br />
14 Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu<br />
que, indo eles, foram purificados.<br />
15 Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta<br />
voz,<br />
16 E prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe;<br />
e este era samaritano.<br />
17 Então Jesus lhe perguntou: não eram dez os que foram curados? Onde<br />
estão os nove?<br />
75
6ª<br />
ANEXO 3<br />
76<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
“AINDA VOU VIVER MUITO”<br />
“Descobri que era portadora do vírus HIV em 1999. Peguei o resultado do exame sozinha,<br />
no dia do meu aniversário. Fui infectada por meu ex-marido, ele era usuário de drogas. No<br />
início, achei que seria o fim do mundo. Caí em depressão, fiquei mal mesmo. Só me levantei por<br />
causa do meu filho (hoje com 10 anos), que não tinha o vírus e precisava de mim. Mesmo assim,<br />
só iniciei o tratamento um ano depois do diagnóstico. Só a minha mãe e os meus irmãos sabem<br />
que tenho o vírus. No início, quando minha mãe soube que eu era mesmo portadora, passou a<br />
limpar com álcool as coisas que eu tocava, desde talheres e copos, até o lugar onde eu sentava.<br />
Um dia, não agüentei mais e disse para ela que ela teria de me aceitar como eu era,<br />
senão não iria mais me ver. Ela acabou aceitando, foi a uma reunião sobre Aids comigo, para<br />
aprender a lidar com a situação. A menina que estou esperando agora é de um namorado. Estava<br />
me preparando para contar que tinha o vírus, mas com a noticia da gravidez ele foi embora e<br />
eu decidi criar a criança sozinha.<br />
Fiquei sabendo que estava grávida em fevereiro deste ano. Como já freqüentava as<br />
reuniões e palestras sobre a doença, sabia que o meu bebê não seria afetado se eu me tratasse<br />
desde cedo. Estou fazendo tudo direitinho.<br />
Para você ver como são as coisas: a minha mãe agora está doente, morrendo de câncer<br />
em um hospital, e eu, que tenho HIV, ainda vou viver muito”.<br />
Patrícia (nome fictício), 25 anos, soropositiva,<br />
grávida de seis meses.
7ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Diversidade Sexual<br />
77
7ª<br />
78<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Diversidade Sexual<br />
1. Objetivos:<br />
Possibilitar o conhecimento da ampla diversidade sexual do ser humano, com vistas à<br />
superação do estigma e do preconceito.<br />
Favorecer a construção de posturas de respeito e diálogo com pessoas de diferentes<br />
orientações sexuais.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO<br />
1º Passo: Solicitar que as pessoas formem duplas de modo que fiquem um de frente para<br />
o outro.<br />
2º Passo: Orientar que os participantes de cada dupla observem-se minuciosamente.<br />
3º Passo: Ficar de costas um para o outro.<br />
4º Passo: Orientar que as duplas alterem alguma coisa em si (objeto, cabelo, roupa<br />
etc.).<br />
5º Passo: Voltar a ficar de frente um para o outro e perguntar: “O que foi mudado no outro?”<br />
6º Passo: Ouvem-se todas as duplas.<br />
7º Passo: Terminar com a leitura do texto “Ver vendo” (anexo 1), fazendo algumas reflexões<br />
acerca das diferenças que nos rodeiam.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em João 4.4-19 (anexo 2)<br />
2º Passo: Refletir sobre os destaques do texto bíblico junto com o grupo a partir das seguintes<br />
perguntas orientadoras:<br />
• Em que cenários nos encontramos nos quais somos levados a interagir com pessoas<br />
que pensam e agem diferentemente de nós?<br />
• Quais foram as posturas de Jesus diante da mulher samaritana?<br />
• O que aprendemos com ele?
7ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
DESENVOlVImENTO<br />
1º Passo: (Dinâmica “Saber cuidar”) - Propor para o grupo que forme um túnel humano,<br />
em duplas. Cada dupla deverá passar pelo túnel com os olhos fechados e receber diferentes<br />
manifestações de carinho enquanto atravessa o mesmo. Ao final da passagem,<br />
a dupla deverá assumir a posição final no túnel para que outras duas pessoas façam o<br />
mesmo percurso.<br />
Após a passagem de todos, deverá ser formado um círculo para que os participantes<br />
compartilhem os seus sentimentos em dar e receber carinho. Pode-se perguntar: qual o<br />
significado e a importância de saber cuidar?<br />
2º passo: Formar 2 grupos. Cada um deles receberá um texto para conhecimento e debate<br />
no grupo (anexos 3 e 4).<br />
3º passo: Apresentação do conteúdo na presença de todos, com interação do facilitador<br />
(tarjetas poderão ser utilizadas).<br />
ENCERRAmENTO<br />
Oração final.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Bíblias<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Papel 40 Kg<br />
- Tarjetas<br />
79
7ª<br />
ANEXO 1<br />
80<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Vista Cansada<br />
“[...] De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira<br />
vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar,<br />
já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.<br />
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que<br />
você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê... Sei de um profissional que<br />
passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo.<br />
O mesmo dava-lhe bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.<br />
Um dia o porteiro cometeu a discortesia... Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?<br />
Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer.<br />
Se, um dia, no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém<br />
desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que<br />
ver: Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.<br />
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do<br />
mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca<br />
viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher [...]<br />
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o mons-<br />
tro da indiferença.”<br />
Otto lara Rezende<br />
23/02/92<br />
Folha de São Paulo
7ª<br />
ANEXO 2<br />
João 4.4-19<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
4 E, era-lhe necessário atravessar a província de Samaria.<br />
5 Chegou, pois, a uma cidade samaritana, chamada Sicá, perto das terras<br />
que Jacó dera a seu filho José.<br />
6 Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto<br />
à fonte, por volta da hora sexta.<br />
7 Nisto, veio uma mulher samaritana tirar a água. Disse-lhe Jesus: dá-me<br />
de beber.<br />
8 Pois seus discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos.<br />
9 Então, lhe disse a mulher samaritana: como, sendo tu judeu, pedes de<br />
beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão<br />
com os samaritanos)?<br />
10 Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é que te<br />
pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva.<br />
11 Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo;<br />
onde, pois, tens a água viva.<br />
12 És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu poço, do<br />
qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus filhos e o seu gado?<br />
13 Afirmou-lhe Jesus: quem beber desta água tornará a ter sede;<br />
14 Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede;<br />
pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a<br />
vida eterna.<br />
15 Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais<br />
tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la.<br />
16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem cá;<br />
17 Ao que lhe respondeu a mulher: não tenho marido. Replicou-lhe Jesus:<br />
bem disseste, não tenho marido;<br />
18 Porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido;<br />
isto disseste com verdade.<br />
19 Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta.<br />
81
7ª<br />
ANEXO 3<br />
82<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Perguntas e Respostas que sempre Buscamos<br />
Qual a diferença entre sexo e sexualidade?<br />
Atualmente a palavra sexo é usada em dois sentidos diferentes:<br />
• Um, refere-se ao gênero e define como a pessoa é ao ser considerada do sexo<br />
masculino ou feminino;<br />
• O outro, refere-se à parte física da relação sexual.<br />
Sexualidade transcende os limites do ato sexual e inclui sentimentos, fantasias, desejos,<br />
sensações e interpretações culturais.<br />
O que é identidade sexual?<br />
É o conjunto de características sexuais que diferenciam cada pessoa das demais e que<br />
se expressam pelas preferências sexuais, pelos sentimentos e/ou pelas atitudes em relação ao<br />
sexo. A identidade sexual é o sentimento de masculinidade ou feminilidade que acompanha a<br />
pessoa ao longo da vida. Nem sempre está de acordo com o sexo biológico ou com a genitália<br />
da pessoa.<br />
O que é orientação sexual?<br />
Orientação sexual é a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. A<br />
orientação sexual existe num “continuum” que varia desde a homossexualidade exclusiva até<br />
a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade. Embora<br />
tenhamos a possibilidade de escolher se vamos demonstrar, ou não, os nossos sentimentos, os<br />
estudiosos não consideram que a orientação sexual seja uma opção consciente que possa ser<br />
modificada por um ato da vontade.<br />
O que é homossexualidade?<br />
A homossexualidade é a atração afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Da<br />
mesma forma que a heterossexualidade (atração por uma pessoa do sexo oposto) não tem explicação,<br />
a homossexualidade também não tem. Depende da orientação sexual de cada pessoa.<br />
Por esse motivo, a Classificação Internacional de Doenças – CID não inclui a homossexualidade<br />
como doença desde 1993.
7ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 3 (coninuação)<br />
Classificação de Homossexualidade, segundo<br />
padrão de conduta e/ ou identidade sexual<br />
HSH Sigla da expressão “homens que fazem sexo com homens”, utilizada<br />
principalmente por profissionais da saúde na área da epidemiologia<br />
para referirem-se a homens que mantêm relações sexuais com<br />
outros homens, independente de estes terem identidade sexual homossexual.<br />
Homossexuais São aqueles indivíduos que têm orientação sexual e afetiva por pessoas<br />
do mesmo sexo.<br />
Gays<br />
São indivíduos que, além de se relacionarem afetiva e sexualmente<br />
com pessoas do mesmo sexo, têm um estilo de vida de acordo com<br />
essa sua preferência, vivendo abertamente sua sexualidade.<br />
Bissexuais São indivíduos que se relacionam sexual e/ou afetivamente com<br />
qualquer dos sexos. Alguns assumem as facetas de sua sexualidade<br />
abertamente, enquanto outros vivem sua conduta sexual de forma<br />
fechada.<br />
Lésbicas Terminologia para designar a homossexualidade feminina.<br />
Transgêneros Terminologia que engloba tanto as travestis quanto as transexuais.<br />
É um homem no sentido fisiológico, mas que se relaciona com o<br />
mundo como mulher.<br />
Travesti É uma pessoa que possui sua identidade de gênero oposta ao sexo<br />
designado no nascimento, mas que não almeja se submeter à cirurgia<br />
de redesignação sexual. Travesti também se refere às pessoas<br />
que misturam as qualidades tradicionalmente associadas ao masculino<br />
e ao feminino, não se identificando necessariamente como<br />
mulheres ou homens, mas como travestis.<br />
Transexuais São pessoas que não aceitam o sexo que ostentam anatomicamente.<br />
Sendo o fato psicológico predominante na transexualidade, o indivíduo<br />
identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália<br />
externa e interna de um único sexo.<br />
Conteúdo elaborado pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil sem<br />
Homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB promoção<br />
da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde 2004.<br />
83
7ª<br />
ANEXO 4<br />
84<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Composição da sexualidade<br />
Sexo biológico<br />
Quatro pilares sobre a sexualidade<br />
1. Sexo biológico – características genotípicas e fenotípicas;<br />
2. Identidade Sexual – quem acredita ser;<br />
3. Papéis sexuais – como se comporta;<br />
4. Orientação sexual do desejo – a quem deseja.<br />
Características genotípicas Características fenotípicas<br />
• XX feminino<br />
• Mulher – ex: mamas<br />
• XY masculino<br />
• Homem – ex: barba<br />
Identidade Sexual<br />
Quem a pessoa acredita ser: • Não basta a referência biológica para nos<br />
sentirmos homem ou mulher;<br />
• A forma como somos tratados é importante<br />
na construção de nossa identidade.<br />
Papéis sexuais<br />
Como me comporto: • Comportamentos considerados masculinos<br />
e femininos;<br />
• Variam de época e cultura;<br />
• São determinados pela sociedade e estão<br />
em constante transformação.<br />
Orientação sexual do desejo<br />
A quem deseja. • Quem nos atrai eroticamente (afetiva e sexualmente);<br />
• Não é opção – ela é espontânea e imutável;<br />
• Atitude sexual X desejo sexual.
7ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 4 (Continuação)<br />
Composição da sexualidade<br />
HETEROSSExUAL Homem mulher<br />
Sexo biológico Macho Fêmea<br />
Identidade sexual Masculina Feminina<br />
Papéis sexuais Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Orientação do desejo Sexo oposto, portanto heterossexual<br />
Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Sexo oposto, portanto heterossexual<br />
HOMOSSExUAL Homem mulher<br />
Sexo biológico Macho Fêmea<br />
Identidade sexual Masculina Feminina<br />
Papéis sexuais Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Orientação do desejo Mesmo sexo, portanto homossexual<br />
Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Mesmo sexo, portanto homossexual<br />
BISSExUAL Homem mulher<br />
Sexo biológico Macho Fêmea<br />
Identidade sexual Masculina Feminina<br />
Papéis sexuais Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Orientação do desejo Ambos os sexos, portanto<br />
bissexual<br />
Variáveis – masculinos ou<br />
femininos<br />
Ambos os sexos, portanto<br />
bissexual<br />
TRAVESTI Homem mulher<br />
Sexo biológico Macho Fêmea<br />
Identidade sexual Masculina e feminina Feminina e masculina<br />
Papéis sexuais Variáveis, mas geralmente<br />
femininos<br />
Orientação do desejo Predominante homo, mas<br />
pode ser bi<br />
Variáveis, mas geralmente<br />
masculinos<br />
Predominante homo, mas<br />
pode ser bi<br />
85
7ª<br />
86<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
ANEXO 4 (Continuação)<br />
TRANSExUAL Homem mulher<br />
Sexo biológico Macho Fêmea<br />
Identidade sexual Feminina Masculina<br />
Papéis sexuais Geralmente feminino Geralmente masculino<br />
Orientação do desejo A grande maioria hetero, mas<br />
podem ser homo ou bissexuais<br />
A grande maioria hetero, mas<br />
podem ser homo ou bissexuais<br />
Conteúdo elaborado:Cláudio Picazio – Psicólogo, com especialização em sexualidade<br />
e psicoterapia de casal e família.Contribuição teórica: Robert Stoller, Gerald Ramsey,<br />
Carlos Egypto, Ronaldo Pamplona, Maria Rita Kehl e Heleieth Saffioti.
8ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Espaço Solidário<br />
87
8ª<br />
88<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Espaço Solidário<br />
1. Objetivos:<br />
Favorecer a identificação da <strong>Igreja</strong> local como espaço de acolhimento às pessoas que<br />
vivem com HIV e Aids.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO (DINâmICA “ESPAçOS VAzIOS”)<br />
1º Passo: Previamente, o facilitador irá iniciar algum desenho, no quadro, no flip-chart ou<br />
numa folha de papel madeira. Ele deverá desenhar alguns rabiscos...rabiscos mesmo,<br />
bem pequenos – traços, círculos, curvas, linhas, etc. Esse desenho não poderá ficar explícito,<br />
e o grupo não poderá saber o que é. Na verdade, o desenho irá parecer algo sem<br />
lógica, apenas rabiscos.<br />
2º Passo: Distribuir duas folhas de papel em branco para cada participante.<br />
3º Passo: Solicitar que seja feito um desenho qualquer, a partir dos rabiscos que foram<br />
apresentados.<br />
4º Passo: Todos os rabiscos devem ser utilizados no desenho a ser feito. Os participantes<br />
terão 5 minutos para a realização da tarefa.<br />
5º Passo: O facilitador deverá sugerir que os participantes compartilhem o seu desenho<br />
com mais uma pessoa.<br />
6º Passo: Solicitar que seja feito outro desenho – desta vez, a criatividade é livre. Serão<br />
dados mais 5 minutos.<br />
7º Passo: O facilitador deverá sugerir, mais uma vez, que as pessoas compartilhem os<br />
seus desenhos.<br />
8º Passo: O facilitador deverá perguntar ao grupo: qual desenho foi mais fácil de fazer?<br />
Qual desenho, para você, ficou mais bonito e foi mais prazeroso de realizar?<br />
9º Passo: Ao final, o facilitador deve incentivar algumas reflexões e alguns questionamentos:<br />
• Existem espaços em branco para as pessoas e as <strong>Igreja</strong>s ocuparem a partir de<br />
iniciativas criativas e solidárias?<br />
• Quais são as amarras que nos impedem de assumir tais projetos?<br />
• O que ainda não foi feito e está esperando para você criar?
8ª<br />
DEVOCIONAl<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
1º Passo: Leitura em Atos 3.1-9 (anexo 1)<br />
2º Passo: Refletir sobre os destaques do texto bíblico junto com o grupo a partir das seguintes<br />
perguntas orientadoras:<br />
DESENVOlVImENTO<br />
• O que podemos oferecer às pessoas que se colocam diante de nós que participamos<br />
de uma comunidade de fé?<br />
• Que sentimentos tomaram conta daquele homem no encontro com Pedro e<br />
João?<br />
• Quais foram as marcas do testemunho público da ação dos discípulos na vida<br />
daquele homem?<br />
1º Passo: O facilitador deverá formar dois grupos.<br />
2º Passo: Um grupo lerá, no capítulo II do livro “Aids e <strong>Igreja</strong>s: um convite à ação”, o texto<br />
“Povo de Deus: uma família que acolhe” (pág. 18-19). O segundo grupo lerá o texto “Povo<br />
de Deus: uma família que acolhe enfermos” (pág.19-20).<br />
3º Passo: Os grupos deverão apresentar suas impressões sobre o texto e uma breve<br />
proposta de princípios e ações de acolhimento às pessoas com HIV e Aids em sua igreja<br />
local.<br />
ENCERRAmENTO<br />
Formar dois círculos (um dentro do outro) para a oração final.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Bíblias<br />
- Hidrocor<br />
- Papel A4<br />
- Papel 40 Kg ou madeira<br />
- Livro “Aids e <strong>Igreja</strong>s: um convite à Ação”<br />
89
8ª<br />
ANEXO 1<br />
Atos 3.1-10<br />
90<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
1 Pedro e João subiam ao templo para oração da hora nona.<br />
2 Era levado um homem, coxo de nascença, o qual punham diariamente<br />
à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam.<br />
3 Vendo ele a Pedro e João, quem iam entrar no templo, implorava que lhe<br />
dessem uma esmola.<br />
4 Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós.<br />
5 Ele os olhava atentamente, esperando receber alguma cousa.<br />
6 Pedro, porém lhe disse: não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho,<br />
isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!<br />
7 E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e<br />
tornozelos se firmaram;<br />
8 De um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo,<br />
saltando e louvando a Deus.<br />
9 Viu-o todo o povo a andar e a louvar a Deus,<br />
10 E reconheceram ser ele o mesmo que esmolava, assentado à porta<br />
Formosa do templo; e se encheram de admiração e assombro por isso que<br />
lhe acontecera.
8ª<br />
9ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
A Resposta da <strong>Igreja</strong><br />
91
9ª<br />
92<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
A Resposta da <strong>Igreja</strong><br />
1. Objetivos:<br />
Planejar e programar atividades com o grupo para inserir-se em atividades educativas que<br />
serão desenvolvidas em igrejas, escolas, associações, centro comunitários, entre outros.<br />
2. Tempo previsto: 4 horas<br />
3. Como fazer?<br />
INTEGRAçãO (DINâmIcA “DESABROchANDO”)<br />
1º Passo: O facilitador deverá confeccionar flores (anexo 1) em quantidade suficiente para<br />
as pessoas do grupo.<br />
2º Passo: Convidar as pessoas a ficarem em pé e formar um círculo.<br />
3º Passo: Distribuir um copinho para cada participante e colocar água até a metade em<br />
todos os copos.<br />
4º Passo: Distribuir uma flor para cada participante e pedir que não abram as pétalas até<br />
que todos tenham recebido.<br />
5º Passo: Orientar para que a flor seja colocada dentro do copo, com as pétalas viradas<br />
para cima. O facilitador deverá pedir às pessoas que observem o que acontecerá.<br />
6º Passo: As pessoas deverão complementar a frase: “Nosso compromisso é...” e compartilhar<br />
com o grupo.<br />
DEVOCIONAl<br />
1º Passo: Leitura em Mateus 5.1-11 (anexo 2)<br />
2º passo: Refletir sobre os destaques do texto bíblico junto com o grupo a partir das seguintes<br />
perguntas orientadoras:<br />
• Quais são as atitudes coletivas e práticas que promovem a bem-aventurança às<br />
pessoas?<br />
• As palavras de Jesus aos seus discípulos provocam que atitudes em nós?
9ª<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
DESENVOlVImENTO<br />
O facilitador deverá formar dois grupos.<br />
1º Passo:<br />
• Distribuir o desenho da igreja com o laço branco (anexo 3).<br />
• Em duplas, fazer uma ligação entre o desenho e os textos de apoio “Cuidar: o principal<br />
remédio.” (pág. 35) e “O impacto do HIV e Aids e a resposta das igrejas.” (pág. 43) do capítulo<br />
V do livro “Aids e <strong>Igreja</strong>s: um convite à ação.”<br />
• As duplas elaboram uma sugestão de ação, a partir desta capacitação.<br />
2º Passo:<br />
• A dupla se junta a uma outra dupla.<br />
• A partir das duas sugestões, elaboram uma única.<br />
• O quarteto se junta a outro quarteto e elaboram uma nova sugestão a partir das duas.<br />
• O grupo se transforma em apenas um para elaborar uma só sugestão.<br />
3º Passo:<br />
• A partir desta última sugestão, elaborar uma relação de ações:<br />
1ª - a sugestão do grupo – esta será a prioridade<br />
2ª - as duas sugestões antes da formação do grupão – segunda prioridade<br />
3ª - as sugestões dos quartetos – prioridade terceira<br />
4ª - sugestões das duplas – prioridade quarta<br />
4º Passo:<br />
Cronograma de atividades para continuidade do grupo.<br />
ENCERRAmENTO<br />
1º Passo: Escrever uma avaliação sobre as oficinas de sensibilização e capacitação realizadas<br />
neste ano.<br />
2º Passo: Oração Final.<br />
4. Material para esta oficina:<br />
- Anexos<br />
- Papel madeira<br />
- Cartolinas<br />
- Tarjetas<br />
- Hidrocor<br />
- Pincel Piloto<br />
93
9ª<br />
ANEXO 1<br />
94<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
Como confeccionar as flores?<br />
- Desenhar e recortar uma estrela de cinco pontas, em um papel.<br />
- Desenhar e recortar uma circunferência, em cartolina, que caiba dentro<br />
da estrela.<br />
- Escrever a mensagem na circunferência.<br />
- Colar a circunferência sobre a estrela, no centro.<br />
- Dobrar as pontas da estrela para dentro.<br />
- Sua flor está pronta para abrir.
9ª<br />
ANEXO 2<br />
Mateus 5.1-11<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO<br />
1 Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado,<br />
aproximaram-se os seus discípulos,<br />
2 E ele se pôs a ensiná-los, dizendo:<br />
3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos<br />
céus.<br />
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.<br />
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.<br />
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão<br />
fartos.<br />
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericór-<br />
dia.<br />
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.<br />
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos<br />
de Deus.<br />
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque<br />
deles é o reino dos céus.<br />
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e,<br />
mentindo, disserem todo mal contra vós.<br />
95
9ª<br />
ANEXO 3<br />
96<br />
OFICINA DE<br />
CAPACITAÇÃO
AS METAS dE<br />
dESENvOlvIMENTO<br />
dO MIlêNIO<br />
Origem:<br />
Wikipédia, a enciclopédia livre.<br />
Acabar com a extrema pobreza e a fome,<br />
promover a igualdade entre os sexos, erradicar<br />
doenças que matam milhões e fomentar<br />
novas bases para o desenvolvimento sustentável<br />
dos povos são algumas das oito<br />
metas da ONU apresentadas na Declaração<br />
do Milênio, e que se pretendem alcançar até<br />
2015.<br />
As Metas de Desenvolvimento do Milênio<br />
(MDM) surgem da Declaração do Milênio das<br />
Nações Unidas, adotada pelos 189 estados<br />
membros no dia 8 de setembro de 2000. Criada<br />
em um esforço para sintetizar acordos<br />
internacionais alcançados em várias cúpulas<br />
mundiais ao longo dos anos 90 (sobre<br />
meio ambiente e desenvolvimento, direitos<br />
das mulheres, desenvolvimento social, racismo,<br />
etc.), a Declaração traz uma série de<br />
compromissos concretos que, se cumpridos<br />
nos prazos fixados, segundo os indicadores<br />
quantitativos que os acompanham, deverão<br />
melhorar o destino da humanidade neste século.<br />
As Metas do Milênio estão sendo discutidas,<br />
elaboradas e expandidas globalmente<br />
e dentro de muitos países. Entidades governamentais,<br />
empresariais e da sociedade civil<br />
estão procurando formas de inserir a busca<br />
por essas Metas em suas próprias estratégias.<br />
O esforço no sentido de incluir várias<br />
dessas Metas do Milênio em agendas internacionais,<br />
nacionais e locais de Direitos Humanos,<br />
por exemplo, é uma forma criativa e<br />
inovadora de valorizar e levar adiante a iniciativa.<br />
Concretas e mensuráveis, as 8 Metas –<br />
com seus 18 objetivos e 48 indicadores – podem<br />
ser acompanhadas por todos em cada<br />
país; os avanços podem ser comparados e<br />
avaliados em escalas nacional, regional e<br />
global; e os resultados podem ser cobrados<br />
pelos povos de seus representantes, sendo<br />
que ambos devem colaborar para alcançar<br />
os compromissos assumidos em 2000. Também<br />
servem de exemplo e alavanca para a<br />
elaboração de formas complementares, mais<br />
amplas e até sistêmicas, para a busca de<br />
soluções adaptadas às condições e potencialidades<br />
de cada sociedade.<br />
97
98<br />
Meta 1<br />
Erradicar a pobreza extrema e a fome<br />
Um bilhão e duzentos milhões de pessoas<br />
sobrevivem com menos do que o equivalente<br />
a US PPP $1,00 por dia – dólares<br />
medidos pela paridade do poder de compra<br />
de cada moeda nacional. Mas tal situação já<br />
começou a mudar em pelo menos 43 países,<br />
cujos povos somam 60% da população mundial.<br />
Nesses lugares há avanços rumo à meta<br />
de, até 2015, reduzir pela metade o número<br />
de pessoas que ganham quase nada e que<br />
– por falta de oportunidades como emprego<br />
e renda – não consomem e passam fome.<br />
Meta 2<br />
Atingir o ensino básico universal<br />
Cento e treze milhões de crianças estão<br />
fora da escola no mundo. Mas há exemplos<br />
viáveis de que é possível diminuir o problema<br />
– como na Índia, que se comprometeu a ter<br />
95% das crianças freqüentando a escola já<br />
em 2005. A partir da matrícula dessas crianças<br />
ainda poderá levar algum tempo para aumentar<br />
o número de alunos que completam o<br />
ciclo básico, mas o resultado serão adultos<br />
alfabetizados e capazes de contribuir para a<br />
sociedade como cidadãos e profissionais.<br />
Meta 3<br />
Promover a igualdade entre os sexos e a<br />
autonomia das mulheres<br />
Dois terços dos analfabetos do mundo<br />
são mulheres, e 80% dos refugiados são<br />
mulheres e crianças. Superar as desigualdades<br />
é uma das metas.<br />
Meta 4<br />
Reduzir a mortalidade infantil<br />
Todos os anos onze milhões de bebês<br />
morrem de causas diversas. É um número<br />
escandaloso, mas que vem caindo desde<br />
1980, quando as mortes somavam 15 milhões.<br />
Os indicadores de mortalidade infantil<br />
falam por si, mas o caminho para se atingir<br />
o objetivo dependerá de muitos e variados<br />
meios, recursos, políticas e programas – dirigidos<br />
não só às crianças, mas à suas famílias<br />
e comunidades também.<br />
Meta 5<br />
Melhorar a saúde materna<br />
Nos países pobres e em desenvolvimento,<br />
as carências no campo da saúde reprodutiva<br />
levam a que a cada 48 partos uma mãe<br />
morra. A redução dramática da mortalidade<br />
materna é um objetivo que não será alcançado<br />
a não ser no contexto da promoção<br />
integral da saúde das mulheres em idade reprodutiva.<br />
O acesso a meios que garantam<br />
direitos de saúde reprodutiva e a presença<br />
de pessoal qualificado na hora do parto<br />
serão, portanto o reflexo do desenvolvimento<br />
de sistemas integrados de saúde pública.<br />
Meta 6<br />
Combater o HIV e Aids, a malária e outras<br />
doenças<br />
Em grandes regiões do mundo, epidemias<br />
mortais vêm destruindo gerações e ameaçando<br />
qualquer possibilidade de desenvolvimento.<br />
Ao mesmo tempo, a experiência de<br />
países como o Brasil, Senegal, Tailândia e
Uganda vêm mostrando que podemos deter<br />
a expansão do HIV. Seja no caso da Aids,<br />
seja no caso de outras doenças que ameaçam<br />
acima de tudo as populações mais pobres<br />
e vulneráveis como a malária, a tuberculose<br />
e outras, parar sua expansão e depois<br />
reduzir sua incidência dependerá fundamentalmente<br />
do acesso da população à informação,<br />
aos meios de prevenção e aos meios<br />
de tratamento, sem descuidar da criação de<br />
condições ambientais e nutritivas que estanquem<br />
os ciclos de reprodução das doenças.<br />
Meta 7<br />
Garantir a sustentabilidade ambiental<br />
Um bilhão de pessoas ainda não têm<br />
acesso a água potável. Ao longo dos anos<br />
90, no entanto, quase um bilhão de pessoas<br />
ganhou esse acesso à água bem como ao<br />
saneamento básico. A água e o saneamento<br />
são dois fatores ambientais chaves para a<br />
qualidade da vida humana, e fazem parte de<br />
um amplo leque de recursos e serviços naturais<br />
que compõem o nosso meio ambiente<br />
– clima, fontes energéticas, o ar e a biodiversidade<br />
– e de cuja proteção dependemos<br />
nós e muitas outras criaturas neste planeta.<br />
Os indicadores identificados para esta meta<br />
são justamente “indicativos” da adoção de<br />
atitudes sérias na esfera pública. Sem a<br />
adoção de políticas e programas ambientais,<br />
nada se conserva adequadamente, assim<br />
como sem a posse segura de suas terras e<br />
habitações, poucos se dedicarão à conquista<br />
de condições mais limpas e sadias para seu<br />
próprio entorno.<br />
Meta 8<br />
Estabelecer uma parceria mundial para o<br />
desenvolvimento<br />
Muitos países pobres gastam mais com<br />
os juros de suas dívidas do que para superar<br />
seus problemas sociais. Já se abrem<br />
perspectivas, no entanto, para a redução<br />
da dívida externa de muitos Países Pobres<br />
Muito Endividados (PPME). Os objetivos levantados<br />
para atingir esta Meta levam em<br />
conta uma série de fatores estruturais que<br />
limitam o potencial para o desenvolvimento<br />
em qualquer sentido que seja – da imensa<br />
maioria dos países do sul do planeta. Entre<br />
os indicadores escolhidos estão a ajuda oficial<br />
para a capacitação dos profissionais que<br />
pensarão e negociarão as novas formas para<br />
conquistar acesso a mercados e a tecnologias<br />
abrindo o sistema comercial e financeiro<br />
não apenas para países mais abastados e<br />
grandes empresas, mas para a concorrência<br />
verdadeiramente livre de todos.<br />
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metas_de_<br />
desenvolvimento_do_mil%C3%AAnio.<br />
Consultada em 07 de novembro de 2007.<br />
99
100
INfORMAÇõES SObRE<br />
A dIAcONIA<br />
A Diaconia é uma instituição formada por<br />
<strong>Igreja</strong>s Cristãs e, como tal, está fundamenta-<br />
da sobre princípios expressos nas Sagradas<br />
Escrituras, tais como: o cuidado com a criação,<br />
a libertação dos que sofrem e a convocação<br />
à comunhão e construção de relações<br />
de inclusão e dignidade entre as pessoas.<br />
A Diaconia pauta sua ação através da solidariedade,<br />
do serviço aos mais pobres e da<br />
postura político-pedagógica, com o objetivo<br />
de possibilitar uma educação mobilizadora<br />
dos excluídos e a defesa e promoção da garantia<br />
dos direitos humanos.<br />
Sendo uma expressão da ação social de<br />
<strong>Igreja</strong>s, a Diaconia não se confunde com as<br />
mesmas, respeitando a diversidade teológica<br />
e doutrinária de cada uma e, ao mesmo tempo,<br />
sendo testemunha da luta destas pela<br />
defesa, implementação e gestão de políticas<br />
públicas, pelo respeito ao equilíbrio ambiental<br />
e pelo aprofundamento democrático com<br />
ampla participação popular.<br />
Para cumprir a sua missão defende e promove:<br />
(1) Os valores do Reino de Deus, tais<br />
como: justiça, misericórdia, paz, respeito à<br />
diversidade e igualdade de gênero.<br />
(2) A dimensão integral dos seres humanos,<br />
impulsionando-os a serem protagonistas<br />
e sujeitos da sua própria história;<br />
(3) A dimensão profético-diaconal, revelada<br />
através das suas ações, no compromisso<br />
do anúncio dos sinais de vida e na denúncia<br />
das estruturas que promovem a morte;<br />
(4) Uma postura ecumênica-dialogal,<br />
entre diversas pessoas e confissões religiosas,<br />
visando o testemunho cristão conforme<br />
o Evangelho de João 17.<br />
(5) O trabalho articulado em rede, diante<br />
da complexidade e magnitude dos desafios<br />
existentes, atuando ao lado de diversos atores<br />
da sociedade (movimentos sociais, igrejas,<br />
ongs e ogs), comprometidos com sua<br />
transformação.<br />
Missão<br />
“Contribuir para a construção<br />
solidária da cidadania e a garantia<br />
dos direitos humanos da população<br />
excluída na perspectiva da transformação<br />
social, preferencialmente na<br />
região Nordeste do Brasil”.<br />
101
102<br />
A Diaconia desenvolve sua missão atra-<br />
vés do Programa de Apoio à Agricultura Familiar;<br />
Programa de Promoção da Criança e<br />
do Adolescente e do Programa de Apoio à<br />
Ação Diaconal das <strong>Igreja</strong>s.<br />
O PAADI (Programa de apoio à Ação Diaconal<br />
das <strong>Igreja</strong>s) tem por objetivo estimular<br />
as igrejas a desempenharem seu testemunho<br />
diaconal e seu papel público e transformador.<br />
Os eixos orientadores da ação do PAADI<br />
são:<br />
Fortalecimento de Articulações e Redes<br />
- A atuação do Programa está voltada<br />
ao fortalecimento de redes integradas por<br />
<strong>Igreja</strong>s, organismos e organizações cristãos<br />
que atuam na luta contra a Aids, no enfrentamento<br />
da violência familiar contra as mulheres<br />
e na formação ecumênica. Pretende-se<br />
dar continuidade às ações conjuntas entre<br />
estes participantes que possam servir como<br />
instrumentos estratégicos para políticas públicas<br />
que considerem as matrizes religiosas<br />
brasileiras.<br />
co-responsabilidade das <strong>Igreja</strong>s parceiras<br />
– As <strong>Igreja</strong>s participantes dos projetos<br />
são parceiras do Programa no desenvolvimento<br />
das ações, mas também na co-responsabilidade<br />
de sensibilização e capacitação<br />
de seus participantes, bem como na<br />
multiplicação das informações e formações<br />
adquiridas.<br />
Perspectiva Ecumênica – Destacamos<br />
a perspectiva ecumênica em todas as atividades<br />
realizadas.<br />
Princípios metodológicos<br />
1. Opção pelo trabalho em grupo - O trabalho<br />
em grupo visa fortalecer o indivíduo<br />
para lidar em conjunto com outros indivíduos<br />
com as situações do cotidiano.<br />
2. Participação e construção coletiva - A<br />
participação dos indivíduos no grupo inclui<br />
os aspectos intelectual, emocional e afetivo<br />
e resulta na construção de conceitos e valores<br />
e na mudança pessoal e coletiva. Esta<br />
construção inclui o facilitador e os participantes<br />
com papéis diferentes, mas igual valor no<br />
processo.<br />
3. Valorização das relações humanas no<br />
processo de aprendizagem - As relações interpessoais<br />
são condição pedagógica para o<br />
processo de aprendizagem garantindo a possibilidade<br />
de expressão, compreensão de si<br />
mesmo, das outras pessoas e da realidade.<br />
4. Reflexão e vivência – o Processo dialógico<br />
de ver/refletir/julgar, fazer uma análise<br />
crítica, agir/experimentar e celebrar, são<br />
parte do processo e possibilitam a autonomia<br />
dos participantes e dos grupos e a continuidade<br />
do processo.<br />
Atuamos com <strong>Igreja</strong>s evangélicas nas cidades<br />
de Recife/PE, Natal/RN e Fortaleza/<br />
CE, através de três projetos: Aids: <strong>Igreja</strong> <strong>Solidária</strong><br />
e <strong>Transformadora</strong>; Superando a Violência<br />
Familiar contra a Mulher; e o Projeto<br />
Missão e Unidade.
INfORMAÇõES SObRE<br />
KOINONIA<br />
KOINONIA é uma entidade ecumêni-<br />
ca de serviço, composta por pessoas de<br />
diferentes tradições religiosas, reunidas em<br />
associação civil sem fins lucrativos. Sua<br />
missão é mobilizar a solidariedade ecumênica<br />
e prestar serviços a grupos histórica e<br />
culturalmente vulneráveis e àqueles em processo<br />
de emancipação social e política. Para<br />
isso, desenvolve programas de produção do<br />
conhecimento, informação e educação, que<br />
atuam por meio de redes, em busca de espaços<br />
democráticos, que garantem a justiça,<br />
os direitos humanos – econômicos, sociais,<br />
culturais e ambientais – e a promoção do<br />
ecumenismo e do movimento ecumênico e<br />
de seus valores libertários em nível nacional<br />
e internacional.<br />
KOINONIA Presença Ecumênica e<br />
Serviços foi fundada em 1994 como afirmação<br />
da vocação ecumênica da comunidade<br />
que constitui sua Assembléia de associados,<br />
representntes de mais de duas décadas de<br />
luta pela democracia e de afirmação dos<br />
valores do movimento ecomênicono Brasil.<br />
Suas intenções fundantes foram: a continuidade<br />
da tradição ecumênica da prestação<br />
de serviços a comunidades locais e ao movimento<br />
social, bem como às <strong>Igreja</strong>s.<br />
Nos últimos três anos, KOINONIA<br />
tem aperfeiçoado o seu desenvolvimento<br />
institucional estabelecendo novas formas de<br />
planejamento, monitoramento e avaliação<br />
fundamentadas em metas trienais. Suas estratégias<br />
principais foram duas e complementares:<br />
no campo social, dedicada ao aumento<br />
dos serviços prestados aos setores populares<br />
com os quais já vinha se relacionando e<br />
à ampliação das alianças institucionais e com<br />
os movimentos sociais, a partir do reconhecimento<br />
de que tais setores constituem redes<br />
sociais; no campo ecumênico, uma maior<br />
articulação e visibilidade da contribuição<br />
ecumênica (nacional e internacional) ao processo<br />
social brasileiro.<br />
KOINONIA é membro do Grupo de<br />
Trabalho sobre HIV e Aids e Saúde Reprodu-<br />
tiva da Ecumenical Advocacy Alliance que<br />
reúne 58 <strong>Igreja</strong>s e mais de 100 organizações<br />
ecumênicas de todos os continentes, e da<br />
LAZOS, rede de <strong>Igreja</strong>s e de organizações<br />
ecumênicas da América Latina. KOINO-<br />
NIA também é membro da coordenação da<br />
recém-criada Rede Evangélica de Solidariedade,<br />
que reúne 5 <strong>Igreja</strong>s e 11 organizações<br />
que trabalham os temas HIV e Aids, saúde e<br />
direitos sexuais e reprodutivos.<br />
103
Diaconia<br />
Sede<br />
Rua Marques do Amorim, 599, Ilha do Leite<br />
CEP: 50070-030<br />
Recife – PE – Brasil<br />
Tel/ Fax: (81) 3221.0508<br />
E-mail: diaconia@diaconia.org.br<br />
www.diaconia.org.br<br />
104<br />
Parceiros Institucionais da Diaconia<br />
KOINONIA<br />
Sede<br />
Rua Santo Amaro, 129<br />
CEP: 22211-230<br />
Rio de Janeiro – RJ – Brasil<br />
Tel: (21) 2224.6713 | Fax: (21) 2221.3016<br />
E-mail: koinonia@koinonia.org.br<br />
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