Igreja Solidária e Transformadora
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3ª<br />
ANEXO 2<br />
OFICINA DE<br />
SENSIBILIZAÇÃO<br />
AIDS, SOCIEDADE E MULHERES<br />
A derrubada de barreiras promovida pela Aids ao redor do mundo é uma realidade. É inegável<br />
que diversos setores da sociedade conheceram, ao longo dos últimos anos, esta doença.<br />
Evidencia-se que, ao contrário do que muitos consideravam inicialmente, a Aids não se delimitou<br />
aos denominados “grupos de risco”, conceituação que ocasionou a marginalização, a culpabilidade,<br />
a discriminação e o preconceito contra usuários de drogas, homossexuais, bissexuais,<br />
entre outros.<br />
Na verdade, pobres e ricos, homens e mulheres, jovens e idosos, solteiros e casados,<br />
religiosos, profissionais liberais, acadêmicos, homossexuais e heterossexuais, entre tantos, integram<br />
as estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS). A Aids é uma doença que alcança<br />
todas as pessoas. Acreditar na imunidade natural, religiosa, política, afetiva ou econômica<br />
é um grande risco por três simples e devastadoras razões: o poder de propagação da doença, a<br />
subjetividade das relações humanas e a fragilidade dos serviços públicos de saúde.<br />
Tamanha é a diversidade social e a complexidade das relações estabelecidas entre as<br />
pessoas, sobretudo quando estão em evidência as expressões de sexualidade, o comportamento<br />
pessoal e coletivo, o uso de drogas não legalizadas, o sistema público de saúde, a afetividade<br />
e vulnerabilidade relacionais, que ao falar sobre a Aids e os desafios a serem enfrentados<br />
mundialmente, corremos o perigo de não obter respostas concretas favoráveis à manutenção da<br />
vida, o que, em última instância, se revela como alvo maior de qualquer sociedade.<br />
Neste contexto, está claro que a educação preventiva, a política da redução de danos<br />
e a garantia de direitos se apresentam, na experiência brasileira, como eixos principais para a<br />
mudança de comportamento social através da implementação de práticas seguras e humanizadoras,<br />
seja no âmbito pessoal ou coletivo, clínico ou hospitalar.<br />
Sabe-se que toda e qualquer prática que pretende ser geradora de saúde deve favorecer,<br />
entre outros aspectos, o diálogo aberto, realista e construtivo sobre questões tantas vezes<br />
ocultas, ainda que presentes em nosso cotidiano. É evidente que existem fortes tensões na sociedade<br />
quando valores e princípios são colocados como referenciais educativos, muitos deles<br />
equivocados e opressores. Cada segmento, conforme sua natureza e convicção, procura assegurar<br />
seu ponto de vista e estabelecer elos de força e poder que favoreçam seus objetivos. Nem<br />
sempre a disposição de educar e aprender está envolvida pela prática da prevenção, do respeito<br />
e da dignidade.<br />
As estatísticas apontam que o número de mulheres brasileiras contaminadas pelo HIV<br />
vem crescendo de modo constante. Ao contrário do que se imagina, em geral, elas participam<br />
de relacionamentos monogâmicos, heterossexuais e estáveis, porém caracterizados pela impossibilidade<br />
na negociação do uso do preservativo, pela ausência de um diálogo aberto sobre<br />
vulnerabilidade, pelo machismo e autoritarismo e, conseqüentemente, pela utilização da mulher<br />
como elemento subjugado.<br />
Nestes cenários, que insistem na violência e na morte contra as mulheres, cabe às<br />
<strong>Igreja</strong>s importantes posicionamentos: desconstruir leituras e práticas que estabelecem o homem<br />
como alguém que está acima da mulher; favorecer a construção de práticas de respeito e cuidado<br />
mútuo, fundamentadas na lealdade e na transparência relacionais; lutar contra toda forma de<br />
moralismo alienante, historicamente protetor do homem e penalizador da mulher.<br />
Rev. Sérgio Andrade – coordenador de Programa – Diaconia<br />
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