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Igreja Solidária e Transformadora

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ENFRENTAMENTO<br />

É neste cenário que algumas organi-<br />

zações cristãs começam a se dar conta de<br />

que nas estatísticas em relação à Aids, há<br />

um percentual de pessoas infectadas ainda<br />

não mensurado oficialmente, mas identificado<br />

nos serviços públicos. A comunidade<br />

evangélica tem se infectado e engrossado as<br />

fileiras da feminização, da jovialização e da<br />

pauperização, uma vez que estão nessas comunidades<br />

mulheres com um único parceiro,<br />

sem que ambos façam uso de preservativo,<br />

jovens com vida sexual ativa “secreta”,<br />

e uma grande população pobre que enche<br />

os templos. A prevenção tem sido difícil na<br />

medida em que não se cria o espaço para a<br />

discussão deste tema, acrescido ao fato de<br />

que muitos continuam acreditando que Aids<br />

é “doença do pecado” e, portanto, não os<br />

atinge.<br />

A Aids está intimamente relacionada<br />

com a sexualidade. Assim sendo, tem sido,<br />

muitas vezes um assunto omitido, desconsiderado,<br />

ou abordado de forma superficial<br />

ou preconceituosa. A sexualidade tem sido<br />

abordada, em algumas situações, de forma<br />

reduzida à esfera biológica, acompanhada,<br />

ainda, do conceito dualista e medieval que<br />

separa corpo e espírito e sem incluir os aspectos<br />

de afetividade e responsabilidade,<br />

tendo, como conseqüência, se tornado tabu,<br />

especialmente no universo cristão.<br />

A <strong>Igreja</strong> cristã, historicamente, tem tido<br />

dificuldade para abrir espaço para trabalhar<br />

a questão da sexualidade da mesma forma<br />

que trabalha o crescimento espiritual. Ao<br />

mesmo tempo em que tem, em sua essência<br />

como comunidade de fé, um papel e uma<br />

missão terapêuticos, também se torna, com<br />

essa omissão, um dos agentes repressores<br />

da sexualidade, ou, pelo menos, não cumpre<br />

o seu papel de promover o desenvolvimento<br />

integral do ser humano, na sua missão de<br />

defender a vida.<br />

Em nossas comunidades de fé, convivemos<br />

com uma crescente demanda de irmãos<br />

e irmãs, jovens e idosos, que são portadores<br />

do HIV, sem contar as gestantes precoces.<br />

A realidade da epidemia está bem perto<br />

de nós. Falar e pensar acerca da questão da<br />

sexualidade não é libertinagem. A <strong>Igreja</strong> tem<br />

um papel importante para a reflexão de valores<br />

e princípios. Torna-se, portanto, necessário<br />

e urgente incluir a temática em nossas<br />

agendas.<br />

Se nós, como <strong>Igreja</strong>, assumirmos o desafio<br />

de tratar esta questão de forma equilibrada,<br />

considerando os dados epidemiológicos<br />

que evidenciam a pandemia e seu caráter<br />

de vulnerabilidade (tendo em mente que a<br />

sexualidade é parte da pessoa inteira, e não<br />

um apêndice, e que está diretamente ligada<br />

à afetividade e à responsabilidade), poderemos<br />

dar uma grande contribuição para a sociedade<br />

na busca de estratégias de enfrentamento<br />

da expansão da epidemia.<br />

A ausência de possibilidades para falar<br />

sobre o assunto, o silêncio e a discriminação<br />

reafirmam ainda mais a culpa, a quebra da<br />

relação com Deus e a perda de valores espirituais,<br />

éticos e morais, acarretando doenças<br />

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