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Igreja Solidária e Transformadora

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4ª<br />

ANEXO 3<br />

OFICINA DE<br />

CAPACITAÇÃO<br />

AMPLIANDO A CONVERSA SOBRE GêNERO NOS AMBIENTES DE APRENDIzAGEM<br />

Conversar sobre gênero convida a um movimento que nos possibilite um encontro não<br />

só com a nossa fala e entendimento sobre esta dimensão da nossa identidade, mas nos situe<br />

diante do que somos, do lugar que ocupamos e diante do nosso desenvolvimento enquanto homens<br />

e mulheres que buscamos a construção de uma sociedade diferente a partir das mudanças<br />

em nós mesmos, nas nossas relações interpessoais e em nossas práticas.<br />

Temos, como uma atividade de encontro e troca daquilo que somos, a dança. A dança<br />

nos possibilita múltiplas expressões. A dança de roda 1 celebra a chegada e as boas-vindas aos<br />

pescadores que voltavam sãos e salvos de uma pescaria perigosa; as mulheres e seus filhos iam<br />

esperá-los na beira da praia e, no encontro, dançavam. O sentido do movimento é envolvido no<br />

significado do conviver em comunidade apresentando-se e expressando-se, e ao mesmo tempo,<br />

reconhecendo o/a outro/a e reverenciando-o/a.<br />

Gênero e Cotidiano<br />

É necessário entendermos que o conceito de gênero nos faz compreender as diferenças<br />

entre gênero e sexo, para, a partir desse entendimento, refletirmos as relações vivenciadas por<br />

mulheres e homens. Ao falarmos de sexo, estamos falando dos aspectos físicos e biológicos<br />

do macho e fêmea. Ao falarmos de gênero masculino e feminino estamos falando da construção<br />

cultural do ser homem e ser mulher, dos papéis, atribuições, jeito de ser feminino e masculino,<br />

que vai variar de acordo com o tempo e as diferentes sociedades e culturas. Essas desigualdades<br />

são erroneamente justificadas pelo sexo, cor da pele, geração, ou seja, pelo biológico, pela<br />

natureza.<br />

Para entender um pouco mais sobre as manifestações das desigualdades de gênero no<br />

cotidiano é importante preparar-se para aprender com ele. Para Agnes Heller, a cotidianeidade<br />

“é a vida do homem inteiro; ou seja, ele participa da vida cotidiana com todos os aspectos de<br />

sua individualidade, de sua personalidade; a vida cotidiana é em grande medida heterogênea, e<br />

isto em vários aspectos, sobretudo no que se refere ao conteúdo e significação ou importância<br />

de nossos tipos de atividade. São partes orgânicas da vida cotidiana: a organização do trabalho<br />

e da vida privada, os lazeres e o descanso, a atividade social sistematizada, o intercâmbio e a<br />

purificação”. 2<br />

Quando falamos em igualdade entre homens e mulheres, sabemos que não se simplifica<br />

apenas na inversão de papéis e/ou funções. Apenas experimentar essa inversão pode vir a<br />

possibilitar o desenvolvimento das capacidades que fazem parte do potencial do ser humano,<br />

independente se é homem e se é mulher, de desenvolver estas experiências, que lhe foram tolhidas<br />

desde o seu nascimento.<br />

Gesta-se, hoje, no ambiente das <strong>Igreja</strong>s e da vivência religiosa, uma compreensão compartilhada<br />

acerca da importância do conceito de gênero, da compreensão da diferença entre natureza<br />

e cultura, da construção do ser homem e ser mulher, da diferença das relações de gênero<br />

em cada sociedade, e o papel que esta reflexão desempenha na criação de relações baseadas<br />

nos princípios cristãos.<br />

O conjunto das questões colocadas pela reflexão em torno da temática de gênero nos<br />

remete às relações de poder estabelecidas através da cultura e justificadas pelas diferenças se-<br />

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