A nova classe média rural - Faeg
A nova classe média rural - Faeg
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Ano XIII | 200 | Fevereiro 2012<br />
Exportação<br />
Goiás desponta na preferência<br />
europeia por carne bovina<br />
Há vagas<br />
Em período de safra, emprego<br />
no campo aumenta até 40%<br />
Cunicultura<br />
Coelhos são boa<br />
alternativa para quem<br />
busca lucro rápido<br />
A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />
<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />
Eles não são atendidos por programas sociais e nem<br />
alcançam os lucros dos grandes produtores. Essa<br />
<strong>nova</strong> <strong>classe</strong> C representa mais de 60 milhões da<br />
produção bruta brasileira<br />
INSS 2178-5781<br />
9912263550
CAMPO<br />
A revista Campo é uma publicação da Federação da<br />
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional<br />
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela<br />
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR,<br />
com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos<br />
assinados são de responsabilidade de seus autores.<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Bartolomeu Braz Pereira;<br />
Claudinei Rigonatto; Eurípedes Bassamurfo da Costa<br />
Editores: Francila Calica (01996/GO) e<br />
Rhudy Crysthian (02080/GO)<br />
Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e<br />
Leydiane Alves<br />
Fotografi a: Jana Tomazelli Techio,<br />
Larissa Melo<br />
Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO)<br />
Diagramação: Rowan Marketing<br />
Impressão: Gráfi ca Talento Tiragem: 12.500<br />
Comercial: (62) 3096-2200<br />
revistacampo@faeg.com.br<br />
DIRETORIA FAEG<br />
Presidente: José Mário Schreiner<br />
Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel<br />
Caixeta Haun. Vice-Presidentes Institucionais: Bartolomeu<br />
Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Vice-Presidentes<br />
Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares<br />
Ribeiro. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira,<br />
Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius,<br />
Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo<br />
Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa,<br />
Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva Prates<br />
Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes: Arno<br />
Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth<br />
Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo<br />
Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu<br />
Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira,<br />
Walter Vieira de Rezende.<br />
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR<br />
Presidente: José Mário Schreiner<br />
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges,<br />
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FAEG - SENAR<br />
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PALAVRA DO PRESIDENTE<br />
Perfi l social do produtor<br />
O<br />
setor <strong>rural</strong> amargava uma lacuna na classificação<br />
da renda líquida do produtor. Teoricamente,<br />
os produtores eram enquadrados<br />
como agricultores familiares ou produtores comerciais.<br />
Essa realidade, até então, deturpada, começa a<br />
ser revista devido a um levantamento longo e detalhado<br />
encomendado pela CNA à FGV com base no<br />
último senso agropecuário. Essa <strong>nova</strong> escala de participação<br />
na economia, produção, empregabilidade,<br />
custos e crescimento dividiu as <strong>classe</strong>s econômicas<br />
da zona <strong>rural</strong> assim como são classificadas na zona<br />
urbana.<br />
Esse perfil será muito importante para traçarmos<br />
metas e estimularmos a adequação e a criação<br />
de <strong>nova</strong>s políticas públicas que contribuirão para o<br />
desenvolvimento dessas <strong>classe</strong>s, cada uma com sua<br />
devida necessidade. O estudo norteia um caminho<br />
de soluções adequadas para as necessidades dessas<br />
<strong>classe</strong>s, bem como políticas focadas nos diferentes<br />
perfis sociais para podermos avançar a cada dia e<br />
melhorarmos a vida do produtor <strong>rural</strong>, em todas as<br />
camadas sociais.<br />
José Mário Schreiner<br />
Presidente do Sistema<br />
FAEG/SENAR<br />
Alexandre Cerqueira
PAINEL CENTRAL<br />
Carne goiana: a queridinha da Europa<br />
16<br />
Com 441 propriedades rurais cadastradas para exportar carnes para a União<br />
Europeia, Goiás se desponta como o Estado com maior número de unidades<br />
aptas a vender para Europa.<br />
Safra negociada<br />
Mais da metade dos produtores goianos travaram<br />
preços em contratos antecipados.<br />
Emprego no campo<br />
Safra aumenta em até 40% os empregos na zona <strong>rural</strong>.<br />
Média de remuneração supera o valor do Salário Mínimo.<br />
Agenda Rural 06<br />
Fique Sabendo 07<br />
Cartão Produtor 12<br />
Campo Responde 32<br />
Delícias do Campo<br />
Campo Aberto<br />
4 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
33<br />
38<br />
19<br />
26<br />
Larissa Melo<br />
08<br />
Prosa Rural<br />
O especialista em análise de mercado<br />
e fundador a AgRural Commodities<br />
Agrícolas, Fernando Muraro, acredita que<br />
a previsão de mercado de commodities<br />
para 2012 seja tão boa quanto foi em<br />
2011 para os produtores rurais. Para ele,<br />
a preocupação é com a safra de 2013.<br />
Riqueza que vem do mel<br />
34<br />
Produtor turbinou os lucros da produção de mel<br />
e derivados com orientações repassadas em<br />
treinamento do Senar em Goiás.<br />
Jana Tomazelli<br />
www.sistemafaeg.com.br<br />
Larissa Melo
Retrato da família <strong>rural</strong><br />
Coelho: lucro rápido e garantido<br />
Carne nobre, macia e saborosa se destaca em um mercado<br />
ainda pouco explorado.<br />
A família de<br />
produtores de<br />
Vicentinópolis é<br />
o retrato da <strong>nova</strong><br />
<strong>classe</strong> <strong>média</strong> <strong>rural</strong>.<br />
Foto produzida<br />
por Larissa Melo e<br />
tratada por Carlos<br />
Nascimento.<br />
28<br />
22<br />
Pesquisa classifi ca os perfi s econômicos da população no campo e<br />
revela uma <strong>classe</strong> <strong>média</strong> à margem das políticas públicas, que precisa<br />
trabalhar fora da propriedade para complementar a renda.<br />
Ano XIII | 200 | Fevereiro 2012<br />
Exportação<br />
Goiás desponta na preferência<br />
europeia por carne bovina<br />
Há vagas<br />
Em período de safra, emprego<br />
no campo aumenta até 40%<br />
Cunicultura<br />
Coelhos são boa<br />
alternativa para quem<br />
busca lucro rápido<br />
A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />
<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />
INSS 2178-5781<br />
9912263550<br />
Eles não são atendidos por programas sociais e nem<br />
alcançam os lucros dos grandes produtores. Essa<br />
<strong>nova</strong> <strong>classe</strong> C representa mais de 60 milhões da<br />
produção bruta brasileira<br />
www.senargo.org.br<br />
Larissa Melo<br />
Shu erstock<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 5
AGENDA RURAL<br />
14/03 21/03 23/03<br />
Mesa redonda “Os 10 mais do PIB”<br />
Local: na sede da <strong>Faeg</strong> em Goiânia (GO)<br />
Informações: (62) 3096-2200<br />
3° Goiás Leite<br />
Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />
Local: Lago Municipal Dirceu Vaz da Rosa,<br />
em Palminópolis (GO)<br />
3° Goiás Leite<br />
Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />
Local: Sede da AABB, Rua 07 s/n<br />
Vila Progresso, em Itaberaí (GO)<br />
Informações: (62) 3375-2457<br />
26/03 28/03 30/03<br />
3° Goiás Leite<br />
Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />
Local: Tatersal Filó Garcia, no Parque de Exposições<br />
Nélio de Moraes Vilela, em Jataí (GO)<br />
6 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Março 2012<br />
19 de março<br />
3º Goiás Leite<br />
Seminários regionais de Pecuária de Leite.<br />
Local: Sede do Sindicato Rural de Jussara (GO)<br />
Informações: (62) 3373-2246<br />
3° Goiás Leite<br />
Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />
Local: Loja Maçônica Vale das Orquídeas<br />
Piracanjuba (GO)<br />
Informações: (64) 9261-4486<br />
3° Goiás Leite<br />
Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />
Local: Centro Pro Menor Irmão Sol,<br />
em Corumbaíba (GO)<br />
Shu erstock<br />
www.sistemafaeg.com.br
FIQUE SABENDO<br />
ARMAZÉM REGISTRO<br />
Reeducação de detentos<br />
Divulgação<br />
Alimentação de<br />
monogástricos<br />
A Fundação de Estudos<br />
e Pesquisas Agrícolas e<br />
Florestais (Fepaf) lançou,<br />
recentemente, o livro<br />
Alimentação de Animais<br />
Monogástricos: mandioca<br />
e outros alimentos não<br />
convencionais. A obra<br />
apresenta aos pesquisadores,<br />
técnicos e produtores<br />
uma <strong>nova</strong> perspectiva<br />
nas possibilidades do uso<br />
da fonte de alimentos<br />
energéticos e proteicos<br />
destinados aos animais<br />
monogástricos.<br />
O livro reúne informações<br />
científicas e parâmetros<br />
técnicos disponibilizados<br />
em importantes periódicos<br />
científicos internacionais<br />
sobre o uso de outras fontes<br />
de alimento capazes de<br />
garantir uma diversificação<br />
estratégica no abastecimento<br />
para os sistemas produtores<br />
de carne, ovos, leite e<br />
outros alimentos de origem<br />
animal. A publicação custa<br />
R$ 50 e pode ser adquirida<br />
diretamente na sede da<br />
Fundação de Estudos e<br />
Pesquisas Agrícolas e<br />
Florestais (Fepaf), em<br />
Botucatu, ou pelo e-mail:<br />
publicacao@fepaf.org.br<br />
www.senargo.org.br<br />
Representantes do Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar,<br />
da Agência Goiana do Sistema de Execução<br />
Penal (Agsep) e outras entidades assinaram,<br />
no dia 13 de fevereiro, a participação do<br />
Sistema em um convênio que prevê a<br />
reutilização da Fazenda Esperança (FE),<br />
uma área agropastoril, localizada dentro<br />
do Complexo Prisional de Aparecida<br />
de Goiânia, com aproximadamente 50<br />
alqueires, no processo de reeducação dos<br />
detentos.<br />
PESQUISA<br />
A Fundação Pró-Sementes divulgou,<br />
em janeiro, três <strong>nova</strong>s cultivares de trigo<br />
desenvolvidas pela OR Melhoramento de<br />
Sementes. . As variedades dades denominadas<br />
Berilo, Ametista metista e TTopázio,<br />
Topázio, já estão<br />
disponíveis is para pro produtores odutores de<br />
sementes interessad interessados dos em multiplicar multiplicar<br />
os materiais ais para a ppróxima<br />
próxima safra. Com<br />
boa produtividade utividade<br />
e comportamento tamento<br />
quanto às principais<br />
s<br />
doenças da cultura,<br />
as<br />
variedades s atendem<br />
m a<br />
<strong>nova</strong> classificação sificação<br />
industrial para<br />
o trigo, sendo endo<br />
este um<br />
fator muito o<br />
observado o<br />
Segundo o presidente da Agsep,<br />
Edemundo Dias, o trabalho vai diminuir<br />
o custo do preso com alimentação e<br />
aumentar a sua autoestima, além de<br />
reduzir a pena a ser cumprida. “Para cada<br />
três dias trabalhados, o detento terá um<br />
dia reduzido em sua pena.” Ele acrescenta<br />
que a ação também é válida para os<br />
empresários que poderão desenvolver<br />
algum tipo de empreendimento na FE,<br />
utilizando a mão de obra do reeducando.<br />
Novas variedades de trigo<br />
para a comercialização da produção.<br />
A partir de 2013 as variedades estarão<br />
disponíveis para a produção comercial.<br />
Para mais informações informações, basta entrar em<br />
contato com a Fundação Fundação Pró-Sementes<br />
pelo número: (54) 3314-8983.<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 7<br />
Jana Tomazelli<br />
Luiz Lui Luiz z Humberto Humb<br />
mbert<br />
ertoo
PROSA RURAL<br />
Produtores de<br />
olho na safra 2013<br />
Leydiane Alves | leidyane@faeg.com.br<br />
FERNANDO MURARO<br />
Fundador da AgRural e especialista<br />
em análise de mercado agrícola<br />
C<br />
om a previsão de que o ano de 2012 seja tão bom<br />
quanto o de 2011 para os produtores rurais, o<br />
Engenheiro Agrônomo, Fernando Muraro, afirma<br />
que a preocupação, no momento, é com a safra de 2013. Ele<br />
explica que, caso a crise europeia se agrave, os produtores<br />
vão sentir um aumento no custo da produção. Especialista<br />
em análise de mercado, Muraro tem pós-graduação em<br />
economia agrícola na Universidade de Pádua, na Itália,<br />
e especialização em análise técnica e fundamental de<br />
mercado de commodities agrícolas, nos EUA. Em 1996,<br />
fundou a AgRural Commodities Agrícolas, empresa que<br />
presta assessoria de informação e comercialização para<br />
produtores de soja e milho das regiões Centro-Oeste e Sul<br />
e para empresas do setor de insumos e máquinas.<br />
8 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
www.sistemafaeg.com.br
www.senargo.org.br<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 9<br />
Larissa Melo
Revista Campo: Como as<br />
questões macroeconômicas têm<br />
influenciado nos preços das<br />
commodities agrícolas?<br />
Fernando Muraro: Essa é a<br />
grande questão do ano, porque<br />
existe uma correlação inversa e<br />
fundamental entre commodities e<br />
dólar. No ano passado, os preços<br />
do milho atingiram os maiores<br />
patamares do ano, justamente<br />
quando o dólar registrava seu<br />
menor valor. No último<br />
trimestre, a moeda voltou<br />
a reagir e os preços das<br />
commodities cederam<br />
significativamente. Essa é<br />
a lição de 2011 para 2012.<br />
Agora, a expectativa é que<br />
se a crise da Europa se<br />
aprofundar, o dólar volte<br />
a se fortalecer. Caso isso<br />
ocorra, as commodities<br />
poderão sofrer grandes<br />
perdas.<br />
Revista Campo: Como<br />
o senhor vê os efeitos<br />
da crise europeia na<br />
rentabilidade dos<br />
produtores rurais de<br />
Goiás?<br />
Fernando Muraro: A<br />
safra que foi plantada o<br />
ano passado e colhida em<br />
2012 não é problema, pois ela<br />
já está pronta e grande parte<br />
comercializada. A preocupação é<br />
com a safra 2012/2013, porque<br />
se a crise europeia se agravar<br />
podemos ter uma mudança na<br />
estrutura de formação de preço.<br />
Isso significa que a valorização<br />
da moeda americana, impactando<br />
em menores preços em dólares<br />
das commodities, resultaria em<br />
custo de produção mais elevado.<br />
10 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
“<br />
Revista Campo: : Os<br />
fundamentos de oferta e<br />
demanda mundial no mercado<br />
de grãos deverão continuar<br />
favoráveis aos preços dos<br />
produtos agrícolas?<br />
Fernando Muraro: Sim,<br />
especialmente para o milho. Nós<br />
tivemos uma quebra em mais de<br />
10 milhões de toneladas, esse ano,<br />
na safra do milho na América do<br />
Sul.<br />
O Brasil deve<br />
assumir na<br />
próxima<br />
década um<br />
papel de<br />
liderança não<br />
só na produção<br />
como nas<br />
exportações,<br />
especialmente,<br />
de soja e milho.<br />
“<br />
Revista Campo: A China<br />
continuará a apresentar<br />
crescimento constante na<br />
demanda por grãos?<br />
Fernando Muraro: Depois<br />
da macroeconomia, a questão<br />
fundamental é a China. Em 2011,<br />
depois de quase oito anos, o País<br />
diminuiu a sua importação, dando<br />
sinais que sua demanda não cresce<br />
em ritmos tão elevados.<br />
Revista Campo: Qual será<br />
o papel do Brasil dentro do<br />
mercado de commodities<br />
agrícolas?<br />
Fernando Muraro: O Brasil<br />
deve assumir na próxima década<br />
um papel de liderança não só na<br />
produção como nas exportações,<br />
especialmente, de soja e milho.<br />
Revista Campo: Quais os<br />
principais entraves brasileiros na<br />
expansão de sua participação<br />
no comércio de commodities<br />
agrícolas?<br />
Fernando Muraro: O principal<br />
entrave continua sendo o<br />
logístico. O custo da tonelada<br />
transportada do estado de<br />
Goiás para os principais portos<br />
brasileiros não para de subir,<br />
revelando ineficiência da nossa<br />
infraestrutura. O Brasil não pode<br />
ser o celeiro do mundo sem cesto.<br />
Revista Campo: : O país já é<br />
um dos principais exportadores<br />
de soja do mundo. Na sua visão,<br />
o Brasil deverá se consolidar<br />
como um dos principais<br />
exportadores de milho também?<br />
Por que?<br />
Fernando Muraro: Sim, porque<br />
a tendência é que a China, que<br />
é a maior importadora de soja<br />
do mundo, passe a ser também<br />
grande importadora de milho<br />
mundialmente.<br />
Revista Campo: O que o<br />
produtor pode esperar da safra<br />
2011/12?<br />
Fernando Muraro : Goiás deve<br />
esperar um ano tão bom quanto<br />
2011. Mas temos que estar<br />
atentos, porque o ciclo de alta das<br />
commodities pode estar acabando.<br />
www.sistemafaeg.com.br
O meio <strong>rural</strong> tem vivido um processo intenso<br />
de transformação nas últimas décadas,<br />
resultado de um esforço coletivo baseado em<br />
técnicas de i<strong>nova</strong>ção para o campo. Prova<br />
disso, são os constantes e cada vez mais necessários<br />
investimentos em modernização da<br />
gestão agrícola, proveniente da transição do<br />
status de simples proprietários rurais para a<br />
denominação de micro ou pequena empresa<br />
<strong>rural</strong>, baseada em estratégias competitivas.<br />
Essa transição, no entanto, vem acompanhada<br />
de um histórico de mudanças que começam<br />
no comportamento do produtor <strong>rural</strong>.<br />
Além de aperfeiçoar sua forma de trabalhar,<br />
ele necessita de uma <strong>nova</strong> frente de gerenciamento<br />
com perfil de metas e resultados.<br />
Neste cenário, redução de custos, aumento da<br />
produtividade, melhoria nas vendas e identificação<br />
de <strong>nova</strong>s oportunidades de negócios<br />
passam a ser ferramentas de gestão competitiva<br />
e de fortalecimento desse setor agroindustrial<br />
– hoje representado inclusive pela<br />
agricultura familiar.<br />
Parte desse desenvolvimento tem sido<br />
conquistado segundo redes de cooperação.<br />
O associativismo aí representa, hoje, uma alternativa<br />
sustentável para o micro e pequeno<br />
produtor se organizar, ao mesmo tempo em<br />
que agrega valor aos produtos primários, por<br />
vezes preteridos na conta final do processo de<br />
beneficiamento de um produto.<br />
Além disso, as entidades de <strong>classe</strong> têm<br />
MERCADO E PRODUTO<br />
Revolução no<br />
campo com MPE do<br />
agronegócio<br />
José Mário Schreiner | presidencia@faeg.com.br<br />
www.senargo.org.br<br />
buscado junto aos governos federal e estadual,<br />
em parceria com municípios, formas de<br />
promover essa revolução agroindustrial, quer<br />
seja por meio do desenvolvimento de instrumentos<br />
de Política Agrícola mais eficientes,<br />
pela disponibilização de linhas de crédito<br />
como Plano Safra e o Programa Nacional de<br />
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)<br />
ou por projetos de fortalecimento das cadeias<br />
produtivas.<br />
Dentro desse panorama, o Serviço Nacional<br />
de Aprendizagem Rural (Senar) de Goiás<br />
e a Federação da Agricultura e Pecuária de<br />
Goiás (<strong>Faeg</strong>) desenvolvem o Programa Empreendedor<br />
Rural (PER-GO) que, com o apoio do<br />
Sebrae Goiás, procuram estimular a competência<br />
pessoal dos empreendedores do agronegócio.<br />
Fundamentado em três fases, o PER-GO<br />
leva ao meio <strong>rural</strong> a gestão do conhecimento<br />
em empreendedorismo, com a elaboração<br />
de um projeto de investimento de capital; a<br />
implantação do projeto e desenvolvimento de<br />
grupos; e o capital social com a fidelização de<br />
lideranças no meio <strong>rural</strong>. Atualmente, o projeto<br />
está em andamento, no entanto, espera-<br />
-se que a transformação aplicada diretamente<br />
ao produtor seja estendida como ferramenta<br />
transformadora de ações sociais, políticas e<br />
econômicas, de modo a fundamentar ainda<br />
mais o desenvolvimento do agronegócio e a<br />
diminuição do êxodo <strong>rural</strong>.<br />
Marcus Vinicius<br />
José Mário Schreiner<br />
é presidente da<br />
Federação da<br />
Agricultura e Pecuária<br />
de Goiás (FAEG)<br />
e vice-presidente<br />
de fi nanças da<br />
Confederação da<br />
Agricultura e Pecuária<br />
do Brasil (CNA).<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 11
Casa <strong>nova</strong><br />
com o cartão<br />
produtor<br />
A Coluna Cartão do Produtor deste mês vem com descontos em lojas e redes de materiais<br />
de construção para o produtor <strong>rural</strong> construir, ampliar ou reformar. Aproveite!<br />
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ORIZONA<br />
Nova diretoria<br />
Cerca de 350 pessoas participaram da solenidade de posse da<br />
<strong>nova</strong> diretoria do Sindicato Rural de Orizona para o próximo<br />
triênio. O evento foi realizado no dia 9 de dezembro de 2011. Na<br />
ocasião foi oferecido um jantar para funcionários, associados e<br />
familiares. Para a <strong>nova</strong> diretoria foram eleito Domingos Sávio de<br />
Oliveira, como presidente, Geovando Vieira Pereira, secretário<br />
e o tesoureiro Paulo César Dias de Almeida. Joaquim Sant’ana<br />
Pinto de Oliveira, Daniel Olimpio Álvares e Marcelo Fernandes<br />
Rexende compõem para o conselho fiscal.<br />
(Colaborou: Adriane Pereira Tiago)<br />
TERRENO<br />
Parque de Exposições<br />
Além da posse, o Sindicato Rural de Orizona tem mais<br />
motivos para comemorar. Foi aprovada pela Câmara<br />
Municipal da cidade a doação de um terreno pela<br />
prefeitura ao Sindicato. No local será construído o Parque<br />
de Exposições. (Colaborou: Adriane Pereira Tiago)<br />
ERRAMOS<br />
Diferente do que foi publicado na edição de janeiro,<br />
número 199, da Revista Campo, a posse da <strong>nova</strong><br />
diretoria do Sindicato Rural de Itapaci foi realizada no<br />
Hotel San Domingues e não no salão de eventos do<br />
Sindicato.<br />
www.senargo.org.br<br />
Divulgação/Sindicato Rural Orizona<br />
COMITIVA<br />
ANÁPOLIS<br />
Leilão<br />
AÇÃO SINDICAL<br />
Empreendedor Sindical<br />
é tema de visita<br />
O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar recebeu no dia 15 de fevereiro,<br />
a visita das colaboradoras Diana Torres Maia e Juliana<br />
Modergan Ferreira, do Sistema Famato/Senar. O objetivo<br />
do encontro foi conhecer o Programa Empreendedor<br />
Sindical, a aplicação do Indíce de Desenvolvimento<br />
Sindical (IDS), os treinamentos, orientações e visitas<br />
técnicas nos sindicatos. Junto com o gerente sindical<br />
da <strong>Faeg</strong>, Antelmo Teixeira Alves, a comitiva foi até o<br />
município de Orizona, conhecer onde o projeto está<br />
sendo implementado. Segundo Antelmo, a intenção do<br />
programa é dar suporte à modernização e melhoria da<br />
representatividade e atuar nas organizações sindicais<br />
rurais com sustentabilidade.<br />
Cerca de 150 pessoas participaram, no dia 8 de fevereiro,<br />
da solenidade de posse da <strong>nova</strong> gestão administrativa do<br />
Sindicato Rural de Anápolis, realizada no Salão de eventos<br />
do Sindicato. O vice-presidente da <strong>Faeg</strong>, José Manoel<br />
Caixeta, o superintendente do Senar, Marcelo Martins e o<br />
secretário da Agricultura, Antônio Flávio Camilo de Lima,<br />
também marcaram presença. Na ocasião foi apresentado ao<br />
público um vídeo falando sobre as conquistas e realizações<br />
da entidade nos últimos três anos e o projeto de construção<br />
do novo Parque de Exposições. José Caixeta foi reeleito como<br />
presidente, o vice-presidente passa a ser Francisco de Assis<br />
Xavier Nunes, o secretário é José Augusto e o tesoureiro<br />
Emival Silveira Duarte.<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 13<br />
Divulgação/Sindicato Rural Anápolis
RIO VERDE<br />
Cavalgada em prol<br />
do meio ambiente<br />
Com o objetivo de conscientizar a população sobre a<br />
importância do meio ambiente, o Sindicato Rural de Rio<br />
Verde, realiza no mês de março, dia 24, a Terceira Cavalgada<br />
Ecológica. O evento vai percorrer um total de 28 quilômetros.<br />
A expectativa é a participação de 200 pessoas. As inscrições<br />
são feitas na sede do Sindicato. Mais informações: (64) 3612-<br />
0252, falar com Fernanda.<br />
PORANGATU<br />
Nova diretoria toma posse<br />
O Sindicato Rural de Porangatu foi palco, no dia 20 de<br />
janeiro, da solenidade de posse da diretoria, conselho fiscal<br />
e delegados representantes eleitos para o triênio 2012/2014. O<br />
novo presidente é Carlos José Garcia, como secretário geral<br />
ficou Rodrigo Barros de Azevedo e Francisco Pereira Lima é o<br />
novo tesoureiro. No conselho fiscal entram Julio Sérgio de Melo<br />
Júnior, Carlos Moreira da Silva e Claudiney Luiz Ribeiro. Como<br />
delegados ficaram Carlos José Garcia e Antonio Anselmo de<br />
Freitas<br />
14 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
CROMÍNIA<br />
Posse no Sindicato<br />
Iluminados à luz de vela e lampião, o Sindicato Rural<br />
de Cromínia realizou a cerimônia de posse da <strong>nova</strong><br />
diretoria para a gestão do triênio 2012-2015. O evento<br />
foi realizado no salão de eventos das <strong>nova</strong>s instalações<br />
da sede do Sindicato. A realização teve a presença de<br />
produtores, funcionários, pessoas da comunidade e da<br />
presidente do Sindicato de Guapó, Maria das Graças. Para<br />
a <strong>nova</strong> diretoria foram eleitos João Marciano Neto como<br />
presidente, Luiz Roberto Martins Ferreira vice-presidente,<br />
como secretária Maria de Almeida Silvério e o novo<br />
tesoureiro é João Antônio de Souza. O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar<br />
foi representado pelo gerente sindical, Antelmo Teixeira<br />
Alves. (Colaborou: Mábia Regina)<br />
FAEG JOVEM<br />
Rio Verde sedia<br />
o primeiro encontro<br />
<strong>Faeg</strong> Jovem do ano<br />
O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar, em uma parceria com o Sindicato<br />
Rural de Rio Verde, a Associação dos Jovens Empreendedores<br />
e Empresários de Goiás (AJE) e o Sebrae Goiás, realizou no<br />
último dia 28 de fevereiro, em Rio Verde, o primeiro encontro<br />
municipal do Programa <strong>Faeg</strong> Jovem de 2012. O evento contou<br />
com a participação de aproximadamente 40 pessoas entre<br />
jovens empresários, estudantes, produtores rurais, lideranças<br />
municipais entre outros. (Colaborou: Alexandro Alves)<br />
Sindicato Rural/Cromínia<br />
Alexandro Alves<br />
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Pessoa Física até 22 de maio<br />
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COMERCIALIZACÃO<br />
Carne goiana lidera<br />
preferência europeia<br />
O<br />
Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento<br />
(Mapa) divulgou no mês de<br />
fevereiro a lista das fazendas autorizadas<br />
a exportar gado bovino para<br />
abate e carne in natura para a União<br />
Europeia (UE). Goiás lidera o número<br />
de propriedades. Das 1.949 mil unidades,<br />
o Estado tem 441 propriedades<br />
cadastradas. Os principais municípios<br />
responsáveis pela exportação são<br />
Nova Crixás, representada por 41 unidades,<br />
São Miguel do Araguaia com<br />
17, Corumbaíba e Mozarlândia com<br />
15, e as cidades de Montes Claros de<br />
Goiás e Mundo Novo, ambas com 14.<br />
16 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Goiás esta à frente das exportações de carne<br />
bovina para União Europeia. O Estado tem<br />
mais de 440 propriedades habilitadas<br />
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />
www.sistemafaeg.com.br
A grande novidade é que, a partir<br />
desse ano, as autoridades brasileiras<br />
farão a gestão da lista dessas unidades<br />
habilitadas a exportar o alimento.<br />
O assessor técnico da Confederação<br />
da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />
(CNA), Paulo Sérgio Mustefaga, explica<br />
que essa conquista só foi possível<br />
após muitas negociações, pois<br />
o Brasil era o único País do mundo<br />
que tinha que cumprir com as exigências<br />
da Decisão da Comissão nº<br />
61/08. “Em 2008, a União Europeia<br />
passou a exigir que as propriedades<br />
habilitadas para exportações de carne<br />
bovina fossem auditadas pelas autoridades<br />
sanitárias brasileiras e fossem<br />
aprovadas pela autoridade europeia.<br />
Só podiam exportar as propriedades<br />
aprovadas pela UE e que constassem<br />
na Lista Traces, publicada no site da<br />
UE, conforme dispunha a decisão 61”,<br />
explica.<br />
Agora a lista de unidades aprovadas<br />
passa a ser divulgada no site do<br />
Ministério, que será atualizada a cada<br />
15 dias. Os relatórios de auditoria também<br />
não precisarão mais ser transmitidos<br />
para análise da Comissão Europeia.<br />
Somente as propriedades que<br />
cumprem as exigências da Instrução<br />
Normativa nº 17, que regulamenta o<br />
sistema brasileiro de rastreamento,<br />
podem ingressar no cadastro. “Essa<br />
medida é muito importante para as<br />
exportações de carne bovina do Bra-<br />
www.senargo.org.br<br />
sil, pois o País reassume a sua autonomia<br />
sobre as fazendas exportadoras,<br />
podendo expandir o número de fazendas<br />
desde que estejam de acordo com<br />
as normas de rastreabilidade, vigentes<br />
no País.”<br />
Segundo Paulo Sérgio, a União<br />
Europeia é um mercado muito importante<br />
para o Brasil. Atualmente,<br />
o bloco é o terceiro maior comprador<br />
da carne brasileira, atrás da Rússia e<br />
do Irã, mas já chegou a ser o principal<br />
mercado de exportação de carne bovina<br />
do Brasil. “A UE é um mercado<br />
de grande potencial para o Brasil, não<br />
só pelos grandes volumes que compra,<br />
mas também por pagar um preço<br />
muito superior aos de outros mercados”,<br />
avalia o assessor.<br />
Só em 2011 foram exportadas para<br />
o bloco US$ 478 milhões de carne bovina<br />
in natura, com um total de 48 mil<br />
toneladas. No ano de 2010 foram US$<br />
345 milhões e 44 mil toneladas. Entre<br />
os dois anos, houve um aumento<br />
de 38% no valor e 9,2% na quantidade.<br />
Já na importação de carne industrializada,<br />
a UE lidera o ranking.<br />
No ano passado foram exportadas 53<br />
mil toneladas do produto, somando<br />
um montante de US$ 307 milhões. Já<br />
em 2010 foram enviadas para o bloco<br />
econômico 70,7 mil toneladas. Goiás<br />
foi responsável, só em 2011, por 8 mil<br />
toneladas de carne exportada, com<br />
um valor de US$ 86 milhões.<br />
Exigências<br />
De acordo com a coordenadora do<br />
Sistema de Identificação e Certificação<br />
de Bovinos e Bubalinos (Sisbov)<br />
da Agência Goiana de Defesa Agropecuária<br />
(Agrodefesa), Silvânia Andrade<br />
Reis, quando Goiás recomeçou<br />
a exportar carne para a UE, o Estado<br />
tinha apenas duas fazendas autorizadas.<br />
“No fim de 2007, a UE embargou<br />
a exportação porque não estava<br />
satisfeita com o sistema de rastreabilidade.<br />
Então, foi feito em todo o País<br />
uma força tarefa, principalmente em<br />
Goiás, por meio do Mapa, onde foi<br />
realizada uma auditoria prévia de todas<br />
as fazendas do Estado.”<br />
Em pouco mais de três anos, de<br />
duas propriedades, Goiás passou a<br />
ter 400, chegando a 504, em agosto<br />
do ano passado. “Em 2011 foi o ápice<br />
de propriedades aptas a exportar<br />
carne bovina. Conseguimos passar<br />
Minas Gerais que, até então, era o<br />
Estado que mais exportava. E desde<br />
essa conquista, não perdemos mais<br />
a liderança na exportação”, explica<br />
Silvânia. Depois de Goiás, aparecem<br />
o Mato Grosso, com 431 fazendas,<br />
e Minas Gerais, com 428, entre oito<br />
Estados produtores de carne bovina<br />
que aparecem na listagem do Mapa.<br />
Silvânia conta que, para Goiás<br />
conseguir chegar ao primeiro lugar,<br />
a Agrodefesa tem trabalhado de forma<br />
diferenciada e intensiva. “Nós fi-<br />
Fonte: Agrodefesa<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 17<br />
Arte: Carlos Nascimento
zemos um trabalho muito constante<br />
de atendimento. Preparamos nossos<br />
auditores de forma exaustiva e demos<br />
vazão ao trabalho. O que não aconteceu<br />
em outros Estados.” Ela explica<br />
que quando teve a determinação<br />
do Ministério, Goiás acatou todas as<br />
normas. “Foram criadas normas que<br />
todos os produtores devem atender.<br />
Nós fazemos uma checagem documental<br />
e outra do rebanho.”<br />
Produtor comemora<br />
agilidade nas exportações<br />
O produtor <strong>rural</strong> César Leite<br />
de Sant’Anna, exporta carne para<br />
União Europeia desde o fim de<br />
2007. Ele conta que quando deu<br />
início, a atividade era muito burocrática.<br />
Era necessário que os<br />
César Leite vende carne para UE<br />
desde o fi m de 2007 e afi rma que o<br />
processo está mais rápido e ágil.<br />
18 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Larissa Melo<br />
Segundo Silvânia, a parte documental<br />
obedece rigorosamente à IN<br />
17, onde anexos checados nessa auditoria<br />
devem estar inteiramente de<br />
acordo com a Instrução. A coordenadora<br />
do Sisbov explica que o trabalho<br />
leva tempo, por ser cheio de detalhes.<br />
“Nós precisamos saber o dia que<br />
cada animal entra na propriedade, a<br />
idade e de onde veio. Depois de ter as<br />
informações, é feita uma comparação<br />
protocolos fossem encaminhados<br />
ao Mapa, onde eles processavam<br />
a vistoria por meio de uma empresa<br />
certificadora, que decidiria se a<br />
propriedade poderia fazer parte da<br />
lista de exportadores. “Hoje estão<br />
mais ágeis. Basta contratar uma<br />
certificadora que vai realizar a solicitação<br />
à Agrodefesa.”<br />
César explica que o processo<br />
de visita da certificadora consiste<br />
ainda em orientar os produtores<br />
rurais no que é preciso para fazer<br />
parte da lista de exportação.<br />
“Nesta etapa a certificadora é fundamental,<br />
pois é ela que procede a<br />
aquisição dos brincos específicos<br />
já referenciados ao proprietário,<br />
fornece a ele as normas de colocação<br />
do objeto, realiza com o<br />
proprietário e funcionários treinamento<br />
e explicações sob normas<br />
essenciais solicitadas pelo Sisbov”,<br />
diz.<br />
O produtor tem duas fazendas<br />
credenciadas, uma na cidade de<br />
Hidrolândia e outra em Jaraguá.<br />
De acordo com ele, das duas propriedades,<br />
são exportadas três<br />
mil cabeças de gado por ano para<br />
União Europeia. César salienta que<br />
hoje não é correto referir o crescimento<br />
somente ao mercado euro-<br />
entre os dados do Sisbov e da Receita<br />
Sanitária da Agrodefesa”, conta.<br />
Ela acrescenta ainda que as informações<br />
da propriedade têm que estar de<br />
acordo com o que está registrado no<br />
Banco Nacional de Dados.<br />
peu, pois alguns países asiáticos já<br />
lideram as importações. Ele conta,<br />
ainda, que o rebanho brasileiro é<br />
mais de 180 milhões de cabeças.<br />
Desse total, são abatidas mais<br />
de 36 milhões e apenas 10% são<br />
confinadas. Já nos EUA ocorre o<br />
contrario, em 2011 o país ultrapassou<br />
o Brasil em volume exportado.<br />
“Foram 1.287 milhões exportados<br />
pelos EUA e 1.097 milhões<br />
pelo Brasil. Isso não ocorria desde<br />
2004, apesar de termos algumas<br />
boas expectativas, a crise europeia<br />
poderá desencadear efeitos<br />
negativos em nossa área.”<br />
Ele acrescenta ainda que o desenvolvimento<br />
da pecuária passa<br />
por um período de alterações, reflexões<br />
e decisões. “O que o pecuarista<br />
tem que ter como alvo é<br />
a eficiência de sua propriedade.<br />
Pois, o custo da terra e as oscilações<br />
do preço dos insumos podem<br />
inviabilizar o negócio e acarretar<br />
sérios prejuízos.” Mas ele acredita<br />
que os pecuaristas brasileiros são<br />
os melhores do mundo. “Se tivéssemos<br />
metade dos subsídios franceses<br />
e americanos, certamente<br />
nosso povo comeria mais carne e<br />
com melhor qualidade por um menor<br />
valor”, defende.<br />
www.sistemafaeg.com.br
O<br />
s Seminários Regionais de Comercialização<br />
e Mercado Agrícola<br />
2012, realizados nos meses<br />
de janeiro e fevereiro, desse ano,<br />
reuniram em todas as rodadas mais de<br />
Produtores<br />
antecipam<br />
comercialização<br />
Seminários orientaram produtores sobre o<br />
comportamento do mercado agrícola<br />
1,1 mil participantes. O evento foi realizado<br />
em sete municípios de Goiás, e<br />
teve um público médio de 160 pessoas<br />
por cidade. Com o tema Perspectivas<br />
para a Comercialização Agrícola da Sa-<br />
Para Dejneka: “se a crise europeia se fi rmar pode afetar as commodities brasileiras”<br />
www.senargo.org.br<br />
VENDA ANTECIPADA<br />
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />
André Saddi<br />
fra 2011/2012, os consultores de mercado<br />
Pedro Dejneka e Fernando Muraro,<br />
debateram alguns assuntos ligados<br />
aos cenários econômicos, logística do<br />
país, especulação financeira e outras<br />
situações que impactam nos preços<br />
das commodities.<br />
Para Pedro Dejneka, 2012 será um<br />
ano de atenção. Ele explicou que a<br />
crise na Europa é preocupante, pois<br />
o Brasil não está resguardado de seus<br />
efeitos. “Os europeus são consumidores<br />
de produtos agrícolas brasileiros,<br />
se a crise se agravar ainda mais por<br />
lá, perderemos escala em consumo<br />
e isso afetará diretamente os preços<br />
de nossas commodities. O Brasil não<br />
está isolado”, alertou durante uma das<br />
palestras. Ainda sob o rescaldo da divulgação<br />
do último relatório do Departamento<br />
de Agricultura dos Estados<br />
Unidos (USDA), que indicava um mer-<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 19<br />
Shu erstock
cado de grãos baixista no país norte-<br />
-americano, Dejneka garantiu que,<br />
para o Brasil, ainda não há tendência<br />
de queda.<br />
Porém, orientou que é preciso que<br />
o produtor fique atento às evoluções<br />
do mercado, que muda rapidamente<br />
ao gosto dos acontecimentos econômicos<br />
mundiais. “Tente travar o preço<br />
de seu produto. Se o mercado está<br />
bom, analise se seus custos já foram<br />
cobertos e qual seu desempenho financeiro<br />
para saber em qual margem<br />
de operação trabalhar. Mas trave preço<br />
antes que a grande oferta da colheita<br />
chegue ao mercado”, recomendou<br />
o consultor. Ele também chamou a<br />
atenção dos produtores para a importância<br />
da China no mercado mundial<br />
de commodities. Destacou que o país<br />
asiático já possui grandes investimentos<br />
em energia e agricultura no Brasil e<br />
que está atento ao desempenho agropecuário<br />
nacional.<br />
Terceirizar a comercialização da<br />
produção também foi fator defendido<br />
por Dejneka. “O produtor produz bem,<br />
mas isso não significa que vá comercializar<br />
devidamente sua produção.<br />
Ele precisa pedir ajuda e auxílio nesta<br />
parte. E terceirizar é um investimento<br />
no seu negocio”, explica o consultor.<br />
A afirmação deve-se ao fato de a área<br />
da comercialização demandar muita<br />
dedicação do produtor <strong>rural</strong>.<br />
Comercialização fragmentada<br />
Já para o consultor, Fernando<br />
Muraro, o ideal para o produtor<br />
é fragmentar a comercialização<br />
da safra em partes para ter menos<br />
chance de errar na hora de<br />
vender a produção. Para ele, é<br />
a oportunidade de os produtores<br />
fugirem da tradicional<br />
pressão da colheita, entre março<br />
e abril. “Não é indicado comercializar<br />
nesses meses, pois<br />
demonstram uma tendência<br />
de diminuição nessa época do<br />
ano”, destaca. Ainda de acordo<br />
com ele, a safra deste ano<br />
está bem antecipada quanto à<br />
tomada de decisão. “Em Goiás,<br />
cerca de 50% da safra de grãos<br />
já foi comercializada”, diz.<br />
Ele lembrou também que a<br />
estiagem em algumas regiões<br />
do país reforçada pelo fenômeno<br />
La Niña, já comprometeu o<br />
potencial produtivo de grãos de<br />
parte do Mato Grosso do Sul. O<br />
que colocará a produção goiana<br />
em maior destaque. Ele afirma<br />
que os negócios, visando a safra<br />
de soja do Brasil, indicam<br />
que a <strong>nova</strong> temporada poderá<br />
apresentar um recorde de área<br />
plantada, com preços altos e<br />
produtores capitalizados pela<br />
colheita passada. O analista<br />
ponderou que a previsão de aumento<br />
do plantio está relacionada<br />
às condições de mercado.<br />
Segundo ele, os Estados Unidos<br />
estão com estoques apertados<br />
e não podem contar com<br />
um aumento na safra. Uma safra<br />
menor vai estimular o plantio<br />
de soja na América do Sul.<br />
O presidente do Sistema<br />
<strong>Faeg</strong>/Senar, José Mário Schreiner,<br />
falou das características<br />
da produção goiana de grãos<br />
neste ano em todas as rodadas<br />
do seminário e destacou<br />
também a importância de uma<br />
maior participação de produtores<br />
rurais na política regional.<br />
José Mário falou das demandas<br />
políticas para o setor agrícola<br />
em 2012. Cobrou ainda uma<br />
política agrícola que garanta<br />
renda ao produtor <strong>rural</strong> e sua<br />
família, ao invés da atual forma<br />
que se baseia somente no<br />
crédito<br />
Fernando Muraro acredita que é melhor o produtor fragmentar a comercialização da safra<br />
20 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Larissa Melo<br />
www.sistemafaeg.com.br
Pauta 2012<br />
José Mário falou ainda sobre<br />
a produção sucroalcooleira no<br />
Estado, do posicionamento da<br />
<strong>Faeg</strong> pela diversificação agrícola<br />
do produtor <strong>rural</strong> e pela maior<br />
participação de produtores rurais<br />
na produção da cana-de-açúcar e<br />
não somente como arrendatário.<br />
Outra novidade foi o anúncio<br />
de realização do seminário O que<br />
esperamos do próximo prefeito?<br />
ainda no primeiro semestre deste<br />
ano. O projeto começou ainda<br />
em 2010, durante as eleições para<br />
presidente da república e gover-<br />
nador, deputado e senadores.<br />
Sabatinas semelhantes foram realizadas<br />
em 2010 antes da eleição<br />
estadual com propostas reunidas<br />
em um documento entregue aos<br />
candidatos ao governo do Estado<br />
daquele ano. Isso reforçou o número<br />
de deputados federais e estaduais<br />
que hoje apoiam o setor<br />
<strong>rural</strong>. “Precisamos repetir esse<br />
projeto com os produtores rurais<br />
e Sindicatos Rurais visando melhorar<br />
a vida da família <strong>rural</strong> do<br />
interior do Estado e o desenvolvimento<br />
dos municípios goianos”,<br />
disse José Mário.<br />
Durante o Seminário de Comercialização<br />
realizado em Cristalina,<br />
Entorno do Distrito Federal,<br />
foi assinado um contrato<br />
de prestação de serviços entre a<br />
Secretaria de Agricultura, Pecuária<br />
e Irrigação de Goiás (Seagro)<br />
e uma empresa privada para a<br />
elaboração de estudos de viabilidade<br />
técnica e econômica para a<br />
implantação de 80 barragens nos<br />
mananciais e ribeirões localizados<br />
na região.<br />
(Colaboraram: Francila Calica,<br />
Rhudy Crysthian e Cleiber Di<br />
Ribeiro)<br />
Shuterstock
PERFIL SOCIAL<br />
Estudo revela uma <strong>nova</strong> <strong>classe</strong> social no campo, até então<br />
desconhecida e longe das políticas públicas para o setor Waléria<br />
Com o objetivo de entender<br />
melhor o perfil social dos<br />
produtores rurais brasileiros,<br />
a Confederação da Agricultura e Pecuária<br />
do Brasil (CNA), encomendou<br />
à Fundação Getúlio Vargas (FGV) um<br />
estudo sobre os perfis das <strong>classe</strong>s de<br />
renda <strong>rural</strong> no Brasil. O estudo realizado<br />
pelo Instituto Brasileiro de<br />
Economia (IBRE) da FGV, utilizou<br />
os resultados do Censo Agropecuário<br />
de 2006, realizado pelo Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística<br />
(IBGE), para mensurar as informações<br />
e traçar o perfil das <strong>classe</strong>s de<br />
renda agropecuária e assim contribuir<br />
para o desenvolvimento de <strong>nova</strong>s<br />
políticas públicas para o setor.<br />
O estudo foi coordenado pelo<br />
professor Mauro de Rezende Lopes e<br />
contou com os pesquisadores Ignez<br />
Vidigal Lopes, Daniela de Paula Rocha<br />
e Rafael de Castro Bonfim. Os resultados<br />
desse trabalho foram apresentados<br />
em Brasília, no seminário de<br />
comemoração dos 60 anos da CNA e<br />
dos 20 anos do Serviço Nacional de<br />
22 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />
<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />
Aprendizagem Rural (Senar).<br />
De acordo com Daniela Rocha,<br />
uma das pesquisadoras, o estudo foi<br />
motivado após os resultados da pesquisa,<br />
Quem produz o quê no campo,<br />
quando e onde?, apresentar lacunas<br />
na classificação da renda líquida do<br />
produtor nacional. “Chegamos a um<br />
número um pouco assustador de<br />
mais de um milhão de produtores<br />
que tinha até quatro módulos rurais.”<br />
De acordo com Daniela, teoricamente,<br />
eles poderiam ser enquadrados<br />
como agricultores familiares segundo<br />
as normas, mas foram excluídos<br />
do Programa Nacional de Fortalecimento<br />
da Agricultura Familiar (Pronaf),<br />
por empregar mais de três trabalhadores<br />
permanentes, ou ainda,<br />
tiveram renda acima do estipulado<br />
pela normativa. “São produtores pequenos,<br />
mas que não se enquadram,<br />
nem na agricultura familiar, nem na<br />
agricultura comercial. Ficamos muito<br />
preocupados com esse grupo”.<br />
A pesquisadora conta que ao final<br />
do estudo os resultados aparecem<br />
Carlos | revistacampo@faeg.com.br<br />
Especial para a Revista Campo<br />
moldando a realidade da agropecuária<br />
brasileira, até então deturpada. Foi<br />
possível traçar o perfil dos grupos de<br />
produtores existentes, estabelecer<br />
as escalas de participação na economia,<br />
produção, empregabilidade,<br />
custos e crescimento. “Tecnologia,<br />
políticas públicas e <strong>nova</strong>s demandas<br />
têm impulsionado a diversificação<br />
do setor agropecuário. O fato é que<br />
agropecuária brasileira, assim como a<br />
<strong>classe</strong> urbana, é dividida em <strong>classe</strong>s.<br />
No caso do campo <strong>classe</strong>s A/B, C e<br />
D/E”, diz.<br />
Daniela ressalta que é importante<br />
frisar, que são essas informações que<br />
vão traçar metas e estimular a adequação<br />
e a criação de <strong>nova</strong>s políticas<br />
públicas que contribuirão para o desenvolvimento<br />
dessas <strong>classe</strong>s. “Sempre<br />
existiu o produtor familiar e comercial,<br />
mas há ainda o produtor que<br />
não se enquadra em nenhuma dessas<br />
categorias, mas tem características<br />
dos dois. Essa <strong>classe</strong> precisa ter assistência<br />
ou correm o risco de passa<br />
para o nível D/E.”<br />
www.sistemafaeg.com.br
O RETRATO DAS CLASSES RURAIS NO BRASIL<br />
300 mil<br />
propriedades<br />
15,4% s áreas<br />
rurais de até 21<br />
hectares<br />
3,6 milhões de<br />
áreas rurais de<br />
até 6 hectares<br />
www.senargo.org.br<br />
R$ 130 milhões de<br />
faturamento, cinco<br />
vezes a produção<br />
da <strong>classe</strong> C<br />
60 milhões<br />
da produção<br />
bruta<br />
52% da receita é<br />
oriunda de outras<br />
rendas como<br />
aposentadoria<br />
Produz 80% dos<br />
grãos e 85% da<br />
fruticultura do País<br />
40% produz leite,<br />
17% bovinos<br />
e 13% grãos<br />
30% da renda são<br />
provenientes da<br />
produção<br />
Líder em<br />
contratações<br />
Classe A/B<br />
mão de obra é<br />
famíliar, até dois<br />
empregados<br />
permanentes e<br />
cinco temporários<br />
Classe C<br />
fonte de crédito<br />
essencial são<br />
as empresas<br />
integradoras<br />
Classe D/E<br />
É responsável por 83%<br />
da lavoura e<br />
70% da pecuária<br />
18% da <strong>classe</strong> C<br />
localiza-se na região<br />
Centro-Oeste<br />
A pecuária<br />
representa 12%<br />
e a lavoura com 6%<br />
5,2 Milhões de estabelecimentos<br />
divididos em três <strong>classe</strong>s:<br />
78,80%<br />
7,60%<br />
Valor Bruto da Produção (VBP)<br />
78,80%<br />
Renda acima<br />
de R$ 4.083 mil<br />
mês<br />
Renda de até<br />
R$ 4.083 mil<br />
mês<br />
Renda <strong>média</strong><br />
de R$ 1.455 mil<br />
mês<br />
7,60%<br />
Classe A/B<br />
Classe C<br />
Classe D/E<br />
13,60%<br />
13,60%<br />
Arte: Carlos Nascimento<br />
O perfi l<br />
das <strong>classe</strong>s<br />
A pesquisadora afirma que a<br />
<strong>classe</strong> D/E representa 70,4% do total<br />
de estabelecimentos produtores,<br />
ou seja, dos quase 5,2 milhões<br />
de estabelecimentos, mais de 3,6<br />
milhões são formados por áreas<br />
de até seis hectares. Essa <strong>classe</strong><br />
representa apenas 7,6% do valor<br />
bruto da produção (VBP), sendo<br />
assim, duas vezes menos se comparado<br />
a <strong>classe</strong> C. “O que mantêm<br />
esses produtores no ambiente<br />
<strong>rural</strong> são os programas governamentais<br />
e as aposentadorias, que<br />
representam 52% da receita. Os<br />
outros 30% são provenientes da<br />
produção e o restante são salários<br />
por fora”, explica Daniela.<br />
Ela avalia que a <strong>classe</strong> D/E<br />
concentra-se na região nordeste.<br />
A principal atividade é a pecuária,<br />
que representa 12% e a lavoura<br />
com 6%, destacando-se o feijão e<br />
o fumo. Sua maior despesa é com<br />
medicamentos, e o trabalho tem<br />
por base o grupo familiar. A fonte<br />
de crédito essencial são as empresas<br />
integradoras. Daniela aponta<br />
que o mais surpreendente da pesquisa<br />
é que a geração de renda da<br />
metade dos estabelecimentos da<br />
<strong>classe</strong> D/E gerou <strong>média</strong> de faturamento<br />
anual de R$ 1.455,00 de<br />
valor bruto da produção. “O crescimento<br />
é extremamente baixo.”<br />
A <strong>classe</strong> A/B por sua vez só é<br />
minoria em número de propriedades,<br />
pouco mais de 300 mil, representando<br />
5,8% do total de estabelecimentos.<br />
Mas com faturamento<br />
bruto de quase R$ 130 milhões,<br />
cinco vezes a produção da <strong>classe</strong><br />
C. “Essa <strong>classe</strong> vive da sua produção,<br />
somente 6% são provenientes<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 23
de outras rendas como aposentadoria,<br />
pensão, salários fora ou<br />
programas governamentais”, conta<br />
Daniela.<br />
A pesquisadora destaca que<br />
essa <strong>classe</strong> contribui com 83% da<br />
lavoura e 70% da pecuária produzida<br />
no país, em propriedades<br />
com o mínimo de 60 hectares. A<br />
<strong>classe</strong> é responsável também pela<br />
produção de 80% dos grãos e 85%<br />
da fruticultura. Os principais produtos<br />
são algodão, cana-de-açúcar,<br />
laranja, soja, trigo, arroz. Nas<br />
criações, aves, suínos, bovinos.<br />
“Em consequência, as principais<br />
despesas com insumos são com<br />
adubo e os agroquímicos. Como a<br />
tecnologia promove a mudança de<br />
<strong>classe</strong>s, quanto maior a tecnologia<br />
maior a renda líquida das <strong>classe</strong>s.”<br />
Daniela revela que a <strong>classe</strong> A/B<br />
também é líder em contratações,<br />
além da mão de obra familiar,<br />
possui uma <strong>média</strong> de oito empregados<br />
permanentes e emprega<br />
aproximadamente 13 trabalhadores<br />
temporários. Suas fontes de<br />
crédito são, principalmente, os comerciantes<br />
de matéria-prima.<br />
24 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Surge uma <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />
No meio dessas duas <strong>classe</strong>s há<br />
um grupo que este estudo mostrou.<br />
Segundo a pesquisadora do Instituto<br />
Brasileiro de Economia, o que existia<br />
antes era o grupo de empresários<br />
e o familiar. Mas agora, sabe-se que<br />
existe aqueles que não são grandes<br />
produtores e também não são atendidos<br />
pelo Pronaf. “Foi justamente<br />
por essas questões que surgiu a necessidade<br />
de se estudar melhor esse<br />
grupo, utilizando os mesmo critérios<br />
adotados para definir a <strong>classe</strong> <strong>média</strong><br />
urbana. Sendo assim, conclui-se que<br />
existe a <strong>classe</strong> media <strong>rural</strong>, ou <strong>classe</strong><br />
C”, conta Daniela.<br />
No estudo, a <strong>classe</strong> <strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />
representa 15% dos estabelecimentos<br />
produtores. Com áreas de aproximadamente<br />
21 hectares, representa<br />
mais de 60 milhões da produção<br />
bruta. Sendo que 73% desse valor é<br />
líquido. Dezoito por cento da <strong>classe</strong><br />
C localiza-se na região Centro-Oeste.<br />
O leite é sua principal atividade,<br />
40% do total da produção, 17% de<br />
bovinos e 13% de grãos. Por isso, sua<br />
maior despesa com insumos são as<br />
rações. A mão de obra é famíliar, com<br />
até dois empregados permanentes e<br />
cinco temporários.<br />
Jana Tomazelli<br />
A pesquisadora diz que a principal<br />
fonte de crédito das <strong>classe</strong>s A/B e C<br />
são os comerciantes de matérias-primas.<br />
“Observa-se que a <strong>classe</strong> <strong>média</strong><br />
<strong>rural</strong> é uma miscigenação das <strong>classe</strong>s.<br />
Até mesmo porque fica entre elas marcando<br />
o momento de transição tanto<br />
para o crescimento como para o decrescimento.”<br />
O economista e analista<br />
de mercado da <strong>Faeg</strong>, Pedro Arantes,<br />
acredita que há um equilíbrio muito<br />
grande entre produção agrícola e pecuária<br />
na <strong>classe</strong> C <strong>rural</strong>. A diferença é<br />
de menos de 10% de um para o outro.<br />
Daniela disse que a reação foi unânime,<br />
o público em geral, representantes<br />
do governo, todos ficaram preocupados<br />
e surpresos com esse grupo que<br />
está esquecido na política. Segundo<br />
Arantes, a <strong>Faeg</strong> tem acompanhado as<br />
manifestações da presidente Dilma,<br />
que se mostrou bastante preocupada<br />
com a situação, principalmente com a<br />
produção de alimentos e declarou que<br />
o setor não pode ser esquecido.<br />
O estudo implica soluções adequadas<br />
para as <strong>classe</strong>s A/B e C. Políticas<br />
focadas nas diferentes <strong>classe</strong>s, com<br />
menor viés em produtos, como tem<br />
sido historicamente. Recomenda ainda<br />
que a <strong>classe</strong> D/E deve-se beneficiar<br />
das políticas destinadas aos grupos<br />
de pobreza extrema. Além de levantar<br />
dúvidas se a política agrícola adotada<br />
pode contribuir para o contingente<br />
mais pobre dessa <strong>classe</strong>. Recomenda-<br />
-se que as empresas integradoras sejam<br />
canais para levar as políticas públicas<br />
para a <strong>classe</strong> C.<br />
A produtora <strong>rural</strong> Silvia<br />
Cordeiro e o marido Antônio<br />
Carlos mudaram de atividade e<br />
galgaram da <strong>classe</strong> D/E para a<br />
<strong>classe</strong> C sem a ajuda de políticas<br />
públicas<br />
www.sistemafaeg.com.br
A família <strong>classe</strong> C<br />
O produtor Sidneis da Silva, não<br />
tem funcionários. Ele, a esposa,<br />
Michelly Rabelo, e o filho, Marco<br />
Antônio Rabelo da Silva, tomam<br />
conta de toda a produção de leite,<br />
da propriedade de 11 alqueires, localizada<br />
no município de Vicentinópolis.<br />
“Além da área não ser muito<br />
grande, eu não vejo vantagem em<br />
ter uma pessoa a mais com um lucro<br />
tão baixo”, conta ele.<br />
A renda da família gira em torno<br />
de R$ 3 mil líquido. “Esse valor<br />
poderia ser maior, se o gasto com<br />
insumos não fosse tão grande”. Ele<br />
destaca que esse é o grande entrave<br />
na atividade, o preço da ração. “O valor<br />
do leite não aumenta de forma proporcional<br />
como a ração. Há três anos o<br />
litro do leite era de R$ 0,73 e o quilo da<br />
ração R$ 19. Hoje, o leite aumentou R$<br />
0,03 e a ração elevou R$ 11. É um valor<br />
absurdo, que compromete o desenvolvimento<br />
da atividade”, denuncia.<br />
Para Sidneis, o que facilita é o convênio<br />
existente com uma firma de cereal,<br />
onde o valor da ração sai R$ 9<br />
mais barata. “Eu consigo comprar o<br />
alimento do gado hoje por R$ 22, com<br />
frete, o total sobe para R$ 25, o que<br />
para mim já é vantagem”. O produtor<br />
gasta em <strong>média</strong> R$ 3 mil com a manutenção<br />
do gado. “Nossa renda bruta é<br />
de R$ 6 mil”<br />
Para ele, o poder público apoia somente<br />
o grande produtor, o pequeno<br />
sempre sai lesado. “A empresa que eu<br />
revendo o leite é um exemplo disso.<br />
Nós que produzimos cerca de 300 litros<br />
diariamente, recebemos apenas<br />
R$ 0,79, enquanto o grande recebe um<br />
montante de R$ 0,90 por litro. O que<br />
facilitou para mim, foram os treina-<br />
www.senargo.org.br<br />
Sidneis da Silva e sua família cuidam sozinhos de toda a produção<br />
de leite, de 11 alqueires em Vicentinópolis<br />
mentos do Senar, que me deram outra<br />
visão do negócio e me ajudaram a<br />
gastar menos na propriedade”, conta.<br />
Samuel Diniz é um desses pecuaristas,<br />
ofício passado de pai para filho,<br />
ele trabalha há cinco anos com a<br />
criação de gado leiteiro, também em<br />
Vicentinópolis. O produtor emprega<br />
um funcionário e consegue ter renda<br />
entre R$ 1,6 mil e R$ 1,8 mil mensais.<br />
Com planos de melhorar o rebanho,<br />
pretende começar, no próximo ano,<br />
um trabalho de inseminação, além<br />
de dar início à plantação de milho ou<br />
soja. O pecuarista revela que o grande<br />
entrave é o custo com a ração. “Falta<br />
recursos, não temos nenhuma ajuda<br />
do governo. O pequeno não tem jeito<br />
de crescer, fica parado”.<br />
A produtora <strong>rural</strong> Silvia Cordeiro,<br />
há cerca de um ano, sentiu-se obrigada<br />
a mudar a atividade no campo.<br />
Ela e o marido Antônio Carlos Luiz da<br />
Silva, trabalhavam com gado leiteiro,<br />
mas a atividade não estava dando o<br />
retorno necessário.<br />
Ela conta que sem auxílio do governo,<br />
passou a plantar hortaliças no<br />
Jana Larissa Tomazelli Melo<br />
quintal de casa. “Aos poucos fomos<br />
percebendo que o retorno das folhagens<br />
estava vindo muito mais rápido<br />
do que com o leite.” A família que tirava<br />
R$ 600 por mês, passou a lucrar<br />
R$ 2 mil. “Foi um diferencial enorme<br />
na nossa vida. Abandonamos o gado<br />
leiteiro e passamos a trabalhar somente<br />
com as hortaliças”, diz.<br />
Mesmo com a renda praticamente<br />
triplicada, Silvia conta que não optou<br />
por ter funcionários na chácara. Ela e<br />
o marido são responsáveis pela plantação,<br />
colheita e venda das folhagens.<br />
“Já não temos auxílio. Se formos gastar<br />
com mão de obra, teríamos que<br />
tirar da nossa própria casa”, avalia.<br />
Já Elieser Rodrigues de Lima é<br />
criador de gado de leite na Ilha do<br />
Bananal, na divisa dos Estados de<br />
Goiás e Tocantins. A profissão é divida<br />
com a esposa. Sua renda mensal<br />
é de aproximadamente R$ 2,5 mil<br />
mensais.<br />
Sem nenhum incentivo do governo,<br />
o pecuarista tenta progredir,<br />
embora a ração do gado seja muito<br />
onerosa.<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 25
EMPREGOS<br />
26 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Oportunidades<br />
no campo<br />
O período da safra aumenta em<br />
até 40% o número de empregos<br />
avulsos no meio <strong>rural</strong><br />
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />
MAIORES MUNICÍPIOS GOIANOS EM NÚMERO<br />
DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS<br />
Goiânia 2.565 propriedades<br />
Rio Verde 2.467 propriedades<br />
Jataí 1.682 propriedades<br />
Mineiros 1.237 propriedades<br />
Itumbiara 1.104 propriedades<br />
Quirinópolis 1.082 propriedades<br />
Catalão 972 propriedades<br />
Morrinhos 981 propriedades<br />
Piracanjuba 928 propriedades<br />
Cristalina 854 propriedades<br />
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais de 2005 a 2008<br />
www.sistemafaeg.com.br<br />
Shu erstock
A<br />
oportunidade de arrumar um<br />
emprego temporário no meio<br />
<strong>rural</strong>, principalmente na região<br />
sudoeste de Goiás, aumenta significativamente<br />
nessa época do ano. O período<br />
da safra da soja e da cana-de-açúcar,<br />
que vai de janeiro a abril, exige do mercado<br />
mão de obra extra, principalmente<br />
para os trabalhadores que sabem operar<br />
máquinas agrícolas. Nas duas principais<br />
cooperativas da região sudoeste, o número<br />
de pessoas contratadas aumenta<br />
cerca de 40%. De acordo com o presidente<br />
da Comissão da Técnica para área<br />
de cereais, fibras e oleaginosas da <strong>Faeg</strong>,<br />
Flávio Faedo, o aumento se dá, especialmente,<br />
por se tratar de um pólo agroindustrial.<br />
Segundo o presidente da Cooperativa<br />
Agroindustrial dos Produtores Rurais<br />
do Sudoeste Goiano (Comigo), Antônio<br />
Chavaglia, a empresa, que fica em Rio<br />
Verde, tem 1,8 mil funcionários contratados<br />
e o número é insuficiente para a<br />
demanda nesse início de ano. Antônio<br />
explica que cerca de 600 funcionários<br />
foram contratados. “No ano passado foram<br />
500, esse ano o número já subiu. E<br />
esse aumento se dá pela necessidade de<br />
mão de obra tanto na zona <strong>rural</strong> como<br />
nas empresas de grãos. Pessoas até de<br />
outros estados vêm para a região à procura<br />
de trabalho”, revela.<br />
A Cooperativa Mista Agropecuária do<br />
Vale do Araguaia (Comiva), localizada<br />
em Mineiros, também tem a necessidade<br />
de aumentar sua mão de obra nessa<br />
época do ano. “Nós dominamos a<br />
modalidade de prestadores de serviços<br />
temporários”, explica a supervisora do<br />
departamento de recursos humanos da<br />
Comiva, Tatiane Morais. Segundo ela, as<br />
pessoas são selecionadas através do Sindicato<br />
dos Trabalhadores Rurais, que realiza<br />
as contratações avulsas.<br />
De acordo com a supervisora, na<br />
empresa, ao todo existem 246 funcionários.<br />
De janeiro a abril esse número<br />
www.senargo.org.br<br />
vai para 300, totalizando um aumento<br />
de mais de 20%. Para Tatiane, as contratações<br />
são necessárias para atender a<br />
demanda de serviços neste período de<br />
safra, pois o produtor associado conta<br />
com a Cooperativa para o recebimento<br />
e armazenamento de seus grãos com<br />
qualidade e agilidade. “Por isso, fazemos<br />
um trabalho planejado juntamente<br />
com os gestores de cada área para que<br />
tenhamos êxito nas contratações e com<br />
antecedência para atender os nossos<br />
clientes. Buscamos profissionais com<br />
qualificação e perfil para cada cargo solicitado.<br />
Acreditamos que assim, conseguimos<br />
atender nossos associados com<br />
mais qualidade, confiança e agilidade”,<br />
destaca.<br />
Contratações<br />
O jovem Reginaldo do Campo, 25, estava<br />
desempregado há três meses. Ele<br />
sentia a necessidade de um trabalho e<br />
decidiu distribuir currículos nas principais<br />
empresas de Rio Verde. Para a sorte<br />
de Reginaldo, uma dessas instituições<br />
estava contratando funcionários para<br />
trabalhos temporários. Ele fechou contrato<br />
com a empresa para prestar serviço<br />
de 45 dias como auxiliar de operador<br />
de máquina. “Dependendo da minha<br />
agilidade, esse contrato pode aumentar<br />
para mais 45 dias”, conta.<br />
Ele relata que os empregos oferecidos<br />
nessa época da safra estimulam os trabalhadores<br />
que muitas vezes não arrumam<br />
emprego pela falta de oportunidade.<br />
“Acredito que cabe ao funcionário<br />
dar o seu melhor para esse contrato se<br />
tornar permanente. A minha expectativa<br />
aqui é essa, me tornar funcionário<br />
efetivo da empresa”, revela.<br />
A auxiliar de escritório, Beatriz<br />
Rodrigues, 25, também faz parte<br />
das contratações avulsas. De<br />
acordo com ela, o contrato com a<br />
empresa é de três meses de<br />
trabalho, com a oportu-<br />
nidade de se tornar permanente. “Minha<br />
vontade é de ficar na empresa, estou<br />
gostando muito da rotina. Mas em<br />
todo caso, se eu não for efetivada, pelo<br />
menos, vou ter mais experiência na área<br />
administrativa, que sem dúvidas é um<br />
diferencial enorme na hora de arrumar<br />
outro emprego”, conta ela.<br />
Dados<br />
Segundo um trabalho realizado pelo<br />
curso de Economia da Universidade Federal<br />
de Goiás (UFG), baseado nos dados<br />
da Relação Anual de Informações<br />
Sociais (Rais), entre os anos de 2005 e<br />
2008, a região de planejamento com a<br />
maior quantidade de estabelecimentos<br />
é a do Sudoeste goiano, onde estão localizados<br />
os municípios de Rio Verde,<br />
Jataí e Mineiros. Essas cidades são as<br />
maiores em número de estabelecimentos<br />
agropecuários na atividade de agricultura,<br />
pecuária e de serviços relacionados.<br />
O estudo da UFG aponta também<br />
que a renda <strong>média</strong> goiana, em reais,<br />
era, em 2008, de R$1.106,26 e R$<br />
795,22 na agropecuária. Os dados revelam<br />
ainda que a maior parte dos empregados<br />
na atividade são homens. Em<br />
2008, 85,79% dos empregados eram<br />
do sexo masculino e 14,21% mulheres.<br />
No mesmo ano, 0,53% dos funcionários<br />
possuía até 17 anos de idade;<br />
14,73% possuíam de 18 a 24 anos;<br />
16,81% de 25 a 29 anos; 32,33% de<br />
30 a 39 anos; 22,10% de 40 a 49 anos;<br />
12,88% de 50 a 64 anos e 0,62% com<br />
65 anos ou mais.<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 27
Shu erstock<br />
CUNICULTURA<br />
Rica em proteína, com excelente<br />
valor biológico, sabor leve (semelhante<br />
à carne de frango),<br />
baixo teor de gordura e de colesterol<br />
são algumas das características da<br />
carne de coelho. Mesmo com tantas<br />
qualidades o alimento não faz parte<br />
do dia a dia dos brasileiros.<br />
Prova disso é o consumo por habitante.<br />
Enquanto o consumo de aves<br />
chega a cerca de 40 quilos por habitante<br />
ao ano, seguidas da carne suína,<br />
15,5 quilos, a quantidade de carne de<br />
coelho consumida é de aproximadamente<br />
100 gramas por habitante a<br />
cada ano.<br />
A criação de coelhos ou cunicultura,<br />
e mostra uma boa atividade<br />
28 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Mais<br />
lucrativos<br />
que boi<br />
Mercado ainda pouco explorado abre<br />
uma janela de oportunidades<br />
de lucros rápidos<br />
para quem quer velocidade no retorno<br />
financeiro. Com apenas 30 matrizes<br />
e cinco reprodutores, é possível<br />
ter uma rentabilidade de 60%.<br />
A criação de coelhos pode ser um<br />
negócio lucrativo, tanto para a venda<br />
de animais de estimação quanto<br />
para a venda da carne. Uma coelha<br />
pode dar mais de 60 filhotes por<br />
ano.<br />
Cada coelho rende 1,5 quilos de<br />
carne, sendo assim, o criador pode<br />
obter cerca de 70 quilos de carne. A<br />
carne pode ser vendida com o preço<br />
de R$ 17 o quilo. Desta forma,<br />
uma coelha pode render cerca de R$<br />
1.200 por ano, mais rentável que a<br />
carne bovina.<br />
Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />
E mesmo com tamanha facilidade<br />
de lucros, a expansão do mercado<br />
é considerada fraca. A afirmativa<br />
é do presidente da Associação<br />
de Criadores de Brasília (ACB) e<br />
Entorno, o cunicultor, Teobaldo<br />
Tadeu Galvão. “Dados colhidos recentemente<br />
apontam para uma demanda<br />
reprimida no Centro-Oeste.<br />
São cerca de 40 toneladas por mês”,<br />
afirma. Galvão é cunicultor há seis<br />
anos, mas apenas há doze meses<br />
tem focado sua criação para o abate.<br />
Ele conta que em sua chácara, localizada<br />
em Novo Gama (GO), a 177<br />
quilômetros de Goiânia, é produzida<br />
mensalmente uma <strong>média</strong> de 150<br />
coelhos. “A nossa perspectiva é de<br />
www.sistemafaeg.com.br
De acordo com Galvão as fêmeas alcançam a maturidade<br />
seis meses e produz em até os três anos de idade.<br />
nos próximos três anos elevar esse<br />
número para 1.200.”<br />
Galvão explica que, o aumento<br />
da produção se dá pela facilidade<br />
de uma coelha gerar filhotes. De<br />
acordo com ele, as fêmeas alcançam<br />
a maturidade aos seis meses e<br />
produzem até os três anos de idade.<br />
“Elas podem ter até oito gestações<br />
em um único mês. Sendo que<br />
em cada prenhez pode gerar de 10 a<br />
12 láparos”. O número do rebanho<br />
de Galvão equivale a 45 matrizes e<br />
cinco reprodutores, em um galpão<br />
de 50 metros quadrados. Ele afirma<br />
que atualmente trabalha apenas<br />
www.senargo.org.br<br />
com a venda da carne, que são comercializadas<br />
para supermercados,<br />
restaurantes, casa de carnes e até<br />
para escolas estaduais. “Eu aproveito<br />
só a carne. Mas tem cunicultores<br />
que usam tudo, a pele, o pelo, as<br />
vísceras, o cérebro, o sangue, a urina<br />
e o esterco”, explica.<br />
Expansão<br />
O cunicultor Cláudio Duarte,<br />
está no ramo há quase 40 anos, ele<br />
faz parte da Coelho e Cia, uma associação<br />
criada para divulgar em todo<br />
o País as vantagens da cunicultura.<br />
Ele afirma que a entidade tem se<br />
organizado com outras associações,<br />
cooperativas e federações, espalhadas<br />
por todo o território nacional.<br />
“Há cinco anos estamos tentando<br />
reunir todos os atores e levando as<br />
discussões para um local comum”,<br />
conta.<br />
De acordo com ele, nesses espaços,<br />
são reunidos cunicultores profissionais<br />
que atuam na área, bem<br />
como alunos, professores, pesquisadores,<br />
industriais, donos de abatedouros<br />
do Rio Grande do Sul,<br />
Paraná, Santa Catarina, São Paulo,<br />
Espírito Santo, Minas Gerais e Distrito<br />
Federal. “Em 2011 realizamos<br />
Jana Tomazelli<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 29
o segundo Encontro Nacional de<br />
Cunicultores e aí vieram pessoas<br />
também do Nordeste, Pernambuco<br />
e Rio Grande do Norte.” Cláudio diz<br />
que em 2012, a expectativa é aumentar<br />
a participação em quantidade<br />
e representatividade, contando<br />
com cunicultores também do norte<br />
do país.<br />
Nos estudos apresentados pelos<br />
cunicultores no Encontro foi possível<br />
perceber em qual região a cunicultura<br />
se mantém mais forte. “O<br />
maior volume de venda é São Paulo,<br />
não porque consome, mas porque é<br />
o centro comercial do Brasil. O consumo<br />
fica bem dividido, o Sudeste<br />
e a região Sul são os maiores consumidores.”<br />
Ele explica que no Centro-oeste,<br />
o Distrito Federal é o mais avançado<br />
nesta atividade. “Goiás tem cunicultores<br />
espalhados por Formosa,<br />
Planaltina, Goiânia e recentemente<br />
descobriram um criador em Bela<br />
Vista de Goiás. Não são muitos, mas<br />
a expansão já é notada.”<br />
Recentemente, o cunicultor recebeu<br />
solicitações de pessoas de Goiânia<br />
e Silvânia interessados em iniciar<br />
uma criação. “Já me coloquei à<br />
disposição para ajudá-los e, inclusive,<br />
recebi em minha propriedade<br />
três pessoas de Goiás que vieram<br />
ver meu plantel e aprender como se<br />
cria coelhos para o abate”, revela.<br />
Cláudio conta que, atualmente,<br />
procura mostrar para a população<br />
que a cadeia produtiva do coelho<br />
tem que ser respeitada por todos.<br />
“Há quem produza a ração, quem<br />
fabrica as gaiolas e acessórios, outros<br />
produzem matrizes e reprodutores,<br />
outros engordam os animais,<br />
abatem e comercializam. É todo um<br />
processo que trabalha em prol da<br />
cunicultura”, acrescenta.<br />
O cunicultor conta que existem<br />
abatedouros por todo o Brasil, mas<br />
o maior deles está em Salto de Pirapora,<br />
interior paulista. “Claro que<br />
existem em outros estados como<br />
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espí-<br />
30 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Segundo Cláudio, o consumo da carne fi ca dividido entre as regióes Sul e Sudeste<br />
rito Santo, Santa Catariana, Paraná<br />
e até na região do Nordeste.” Já no<br />
rebanho a região que se destaca é a<br />
Sul, com 55% em todo o País. Dados<br />
do Instituto Brasileiro de Geografia<br />
e Estatística (IBGE) mostram que<br />
em segundo está o Nordeste com<br />
5%, seguido do Norte de Centro-<br />
-Oeste, ambos com 1%.<br />
Para aumentar o consumo da carne<br />
no Brasil, Cláudio explica que é<br />
preciso incentivar a oferta. “Temos<br />
que organizar uma rede nacional<br />
de produção, coordenada conjuntamente<br />
com os abatedouros. Basta<br />
colocar uma receita de coelho em<br />
qualquer programa de culinária e<br />
no dia seguinte não teremos carne<br />
suficiente para atender a demanda.”<br />
Mas ele reitera que o grande problema<br />
encontrado pelos profissionais<br />
não é a falta de consumidores, mas<br />
a quase inexistência de uma rede de<br />
produção.<br />
Nos últimos três anos, o estado<br />
que mais produziu a carne de coelho<br />
foi o Rio Grande do Sul, chegando<br />
a 46% da produção no Brasil. O Paraná<br />
foi o segundo maior produtor,<br />
com uma demanda de 19%. Já Santa<br />
Catarina ocupa a terceira colocação<br />
com 18%, seguido de São Paulo com<br />
17%. Os demais estados nem aparecem<br />
no estudo. “Temos que incentivar<br />
essa produção. Até mesmo para<br />
as pessoas conhecerem mais sobre<br />
as vantagens de consumir a carne<br />
de coelho”, conclui Cláudio.<br />
Jana Tomazelli<br />
www.sistemafaeg.com.br
VANTAGENS DA CUNICULTURA<br />
Elevada prolificidade e produtividade - Uma<br />
coelha poderá produzir cerca de 60 filhotes por<br />
ano. A partir de uma fêmea, poderão ser obtidos<br />
aproximadamente 70 kg .<br />
Alta qualidade nutricional - A carne do<br />
coelho apresenta cerca de 21% de proteína, 8% de<br />
gorduras e apenas 50 mg/100g de colesterol o que<br />
a destaca como excelente alimento, principalmente<br />
para idosos.<br />
Baixa necessidade de área útil - O coelho<br />
é um animal que exige pouco espaço. Em uma<br />
gaiola de 60 x 60 cm é possível alojar um animal<br />
em reprodução e quatro animais em crescimento.<br />
Trabalho leve - O trabalho da granja pode<br />
ser realizado por mulheres, idosos e crianças, se<br />
adaptando bem a sistemas de agricultura fami-<br />
Desenvolvida nos Estados<br />
Unidos é das mais<br />
populares no Brazil e no<br />
mundo, sobretudo a variedade<br />
branca. Há também<br />
a vermelha e a preta. É de<br />
porte médio, precoce, com<br />
grande aptidão para a produçãoddução<br />
ã de dde carne e também ttambém bé<br />
pele, podendo pesar até<br />
5,5 quilos.<br />
Cunicultura.com<br />
Raça americana para<br />
carne e pele surgiu de<br />
cruzamentos nos quais<br />
entraram a Nova Zelândia<br />
e a Chinchila. Chega a<br />
4,5 quilos e tem pelagem<br />
branca, exceto no focinho,<br />
pés, orelhas e rabo, que<br />
são escuros<br />
escuros<br />
liar, onde a família é responsável por toda a mão<br />
de obra.<br />
Geração de esterco de alta qualidade - O esterco<br />
produzido na criação de coelhos é de altíssima<br />
qualidade para as plantas e considerado,<br />
por horticultores, como um excelente adubo orgânico.<br />
Possibilidade do aproveitamento de subprodutos<br />
do abate - Da carcaça do coelho, pode-se<br />
aproveitar praticamente tudo como o sangue, a<br />
pele, o cérebro, as vísceras, etc.<br />
Baixa necessidade de água - Diferentemente<br />
das atividades de suinocultura, avicultura e<br />
bovinocultura intensiva, não há grande consumosde<br />
água mesmo para higienização das instalações.<br />
RAÇAS BOAS DE CORTE<br />
Fonte: Associação Científica Brasileira de Cunicultura<br />
Nova Zelândia Califórnia Gigante de Bouscat<br />
Cunicultura.com<br />
Desenvolvida na França,<br />
foi obtida a partir de<br />
cruzamentos de outras<br />
raças gigantes com a angorá,<br />
razão pela qual tem<br />
pelos mais compridos do<br />
que a maioria dos coelhos.<br />
Tem bom rendimento de<br />
carcaça e pesa até 7 quilos.<br />
Fonte: Coelho & Cia<br />
Cunicultura.com<br />
Shu erstock
CAMPO RESPONDE<br />
Tenho interesse em plantar parreiras em Jaraguá, Norte goiano. Onde encontro mudas de variedades<br />
sem sementes? Também gostaria de receber prospectos da lavoura.<br />
Roberto Moraes<br />
A cultura da uva tem se desenvolvido em Goiás e já temos atraído pesquisadores para o Estado. Você<br />
pode conseguir mais informações sobre a condução da lavoura, mudas e variedades, com a Vinícola<br />
Goiás, no município de Itaberaí; os pioneiros na cultura no Estado e parceiros de várias instituições.<br />
O e-mail: viticulturaitaberai@hotmail.com<br />
CONSULTOR: ALEXANDRO ALVES, assessor técnico da <strong>Faeg</strong> para a área de fruticultura.<br />
Gostaria de saber quando vão ser abertas as inscrições para o PER 2012.<br />
Quando começa o curso, os horários, local e onde faço inscrição?<br />
Carlos Gabriel<br />
O Programa Empreendedor Rural (PER-GO) é demandado através dos Sindicatos Rurais. Mais de 130 municípios<br />
goianos possuem Sindicatos. Caso seu município não tenha Sindicato, você deve entrar em contato com o coordenador<br />
de ações e projetos do Senar, em Goiás, Fernando Veiga, que lhe enviará uma ficha de inscrição do programa e lhe<br />
informará sobre a abertura de turma em seu município.<br />
Os contatos são: fernando@senar-go.com.br ou telefone celular: (62) 9968-1156.<br />
CONSULTOR: FERNANDO VEIGA, Coordenador de ações e projetos do Senar, em Goiás.<br />
Envie suas dúvidas para revistacampo@faeg.com.br. Não se esqueça de colocar<br />
nome completo, a região onde mora e a cultura que produz. Envie-nos também<br />
fotos do assunto que pretende obter resposta.<br />
32 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
www.sistemafaeg.com.br<br />
Shu erstock
Receita elaborada por Ângelo<br />
Armando de Paula, instrutor e<br />
educador de cozinha <strong>rural</strong> e de<br />
panifi cação <strong>rural</strong> do Senar, em<br />
Goiás.<br />
RECHEIO<br />
02 cebolas grandes picadas<br />
06 dentes de alho picados<br />
1/2 kg de carne moída<br />
sal e pimenta do reino a gosto<br />
PREPARO: Em uma panela aqueça<br />
o óleo e refogue o alho e a cebola.<br />
Acrescente a carne moída e o sal<br />
com a pimenta a gosto e deixe fritar.<br />
Reserve.<br />
Envie sua sugestão de<br />
receita para<br />
revistacampo@faeg.com.br<br />
ou ligue (62) 3096-2200.<br />
www.senargo.org.br<br />
DELÍCIAS DO CAMPO<br />
Pastel frito<br />
MASSA<br />
01 kg de farinha de trigo<br />
1/2 copo americano de óleo<br />
05 colheres de sopa de pinga (qualquer uma)<br />
01 ovo inteiro<br />
02 colheres de sopa de sal<br />
Água até dar o ponto<br />
DICA<br />
O recheio pode ser<br />
a gosto, mas deve<br />
ser seco e não<br />
molhado.<br />
PREPARO: Em uma vasilha ponha a farinha de trigo, o óleo, a pinga e o ovo. Faça uma<br />
farofa. Vá colocando a água e o sal aos poucos até a massa desgrudar das mãos. Deixe<br />
descansar por uma hora. Leve a massa ao cilindro, com farinha para não grudar e vá<br />
abrindo até ficar fininha. Em seguida, depois que o recheio estiver frio, coloque no centro<br />
da massa e feche. Corte com a ajuda de um cortador de pastéis. Frite os pasteis em uma<br />
panela funda e larga e com uma escumadeira. Vá virando os pasteis de um lado para o<br />
outro até dourar.<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 33<br />
Ângelo Armando
CASO DE SUCESSO<br />
Lucro doce<br />
Criador de abelhas aumentou a renda em 30%<br />
após participar de treinamentos do Senar e, hoje,<br />
comercializa dois mil quilos de mel por ano<br />
Edson Jorge da Silva, 46, é professor<br />
em Vicentinópolis, e<br />
há cinco anos trabalha com<br />
apicultura. Ele não esconde o amor<br />
pela atividade e gosta de contar<br />
como as abelhas mudaram sua vida.<br />
“Elas representam para mim melhora<br />
na saúde, aumento na qualidade<br />
de vida e preservação do meio ambiente.<br />
“A ideia de trabalhar com os<br />
insetos surgiu mais por necessidade<br />
do que por vontade”. O apicultor<br />
conta que existiam enxames que<br />
estavam comprometendo a saúde do<br />
gado leiteiro, na<br />
propriedade<br />
de seu<br />
sogro. “Não<br />
34 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
sabíamos o que fazer. Eu não queria<br />
queimar os insetos, porque sabia<br />
que atingiria de alguma forma o<br />
meio ambiente”.<br />
Ele decidiu então se dedicar à<br />
apicultura, mas a falta de conhecimento<br />
quase o matou. “Eu decidi<br />
mudar as abelhas de lugar e começar<br />
com a criação. Mas como não tinha<br />
experiência acabei sendo atacado<br />
pelo enxame que quase me matou.”<br />
Decidido a continuar com a apicultura<br />
e fazer a atividade dar certo, ele<br />
procurou ajuda no Sindicato Rural<br />
do município e solicitou um curso de<br />
apicultura, ministrado pelo Serviço<br />
de Aprendizagem Rural (Senar), em<br />
Goiás. “Lembro que quando procurei<br />
ajuda no Sindicato não tinha muitas<br />
pessoas na região que se interessavam<br />
pelo curso. Foi preciso que eu<br />
saísse pelas propriedades mais próximas,<br />
convidando as pessoas para<br />
fazer o treinamento”, conta.<br />
Depois de alguns meses, ele<br />
conseguiu reunir uma turma de dez<br />
apicultores, que fizeram o curso,<br />
gratuitamente, pelo Senar. Para Edson,<br />
a oportunidade de participar<br />
do aprendizado foi um divisor de<br />
águas na atividade. “O curso é tudo<br />
na vida de um produtor <strong>rural</strong>. Eu<br />
acredito que sem o devido conhecimento,<br />
a atividade não tem sucesso.<br />
E com certeza eu teria desistido da<br />
apicultura no primeiro ano”, revela.<br />
Shu erstock<br />
www.sistemafaeg.com.br
O criador de abelhas em Vicentinópolis, Edson Jorge, conta que a atividade mudou sua vida e a renda da família<br />
O comprometimento de Edson foi<br />
um diferencial no crescimento. Ele<br />
destaca que se dedicou com à atividade,<br />
e pouco depois de dois meses<br />
após o curso já contabilizava lucro.<br />
Atualmente ele é o maior distribuidor<br />
de mel do município, abastecendo os<br />
principais comércios da região e residências.<br />
A atividade se tornou uma<br />
importante renda extra para família.<br />
“O meu lucro aumentou cerca de<br />
30%, o que eu considero um grande<br />
avanço.” Ele vende dois mil quilos de<br />
mel anualmente.<br />
Terapia<br />
Para Jorge, o dinheiro nem foi o<br />
grande diferencial. Ele gosta de destacar<br />
que as abelhas mudaram sua<br />
saúde. Ele é adepto da apiterapia, a<br />
utilização de produtos derivados das<br />
abelhas para tratamento terapêutico.<br />
Nestes casos, são utilizados o mel, o<br />
pólen, a geleia real e as apitoxinas das<br />
picadas das abelhas. “Desde criança<br />
eu tenho uma deficiência no pé, onde<br />
www.senargo.org.br<br />
eu sinto muita dor quando faço algum<br />
esforço. O tratamento com as apitoxinas<br />
praticamente me curou. Outro<br />
problema que eu enfrentava era uma<br />
inflamação no ombro, que também<br />
foi solucionada com a terapia.”<br />
A família de Edson também recebe<br />
as vantagens dos derivados da<br />
abelha. Ele conta que o sogro sempre<br />
teve problema de respiração, e após<br />
o uso do própolis, sua saúde melhorou.<br />
“Considero que a descoberta da<br />
atividade foi um acontecimento importante<br />
para minha vida.” Ele acrescenta<br />
ainda que as abelhas mudaram<br />
o visual da fazenda e região. “Com<br />
a polinização das flores, diversas<br />
plantas frutíferas nasceram por<br />
aqui”, revela.<br />
Ao todo, Edson ministra 25<br />
caixas de enxames,<br />
com cerca de<br />
50 mil abelhas<br />
em cada. O<br />
apicultor ressalta<br />
que além de aprender<br />
corretamente a produzir o mel, ele<br />
soube também fazer a cera e o própolis.<br />
“O curso do Senar durou apenas<br />
quatro dias. Mas foi tempo suficiente<br />
para desenvolver corretamente a<br />
atividade. Eu sou inteiramente grato<br />
pela a oportunidade”, destaca.<br />
Edson ficou tão satisfeito com<br />
o trabalho do Sindicato Rural e do<br />
Senar que decidiu se tornar um mobilizador.<br />
“Acredito no trabalho do<br />
Senar e acho que é extremamente relevante<br />
levar a toda população a necessidade<br />
e importância dos cursos<br />
e treinamentos. Como para mim foi<br />
uma mudança extremamente positiva,<br />
penso que pode ser assim para<br />
outras pessoas também”,<br />
acrescenta.<br />
Shu erstock<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 35<br />
Jana Tomazelli
CURSOS E TREINAMENTOS<br />
Produção de ovos<br />
para incubação<br />
* Cristiano Ferreira da Silveira | cristianofsilveira@yahoo.com<br />
EM JANEIRO, O SENAR PROMOVEU<br />
116<br />
12<br />
Na área de<br />
agricultura<br />
36 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL<br />
46<br />
Em atividade<br />
de apoio<br />
agrossilvipastoril<br />
6<br />
Na área de<br />
silvicultura<br />
3<br />
Na área de<br />
agroindústria<br />
4<br />
Na área de<br />
aquicultura<br />
32<br />
Na área de<br />
pecuária<br />
13<br />
Em atividades<br />
relativas à<br />
prestação de<br />
serviços<br />
www.sistemafaeg.com.br
12<br />
Alimentação<br />
e nutrição<br />
www.senargo.org.br<br />
31<br />
CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL<br />
2<br />
Gustavo Milanez<br />
Organização<br />
Comunitária<br />
1<br />
Saúde e<br />
Alimentação<br />
Rhudy Crysthian<br />
rhudy@faeg.com.br<br />
Na produção de ovos para<br />
incubação, buscam-se práticas<br />
para concentrar a postura<br />
nos ninhos, o correto manejo<br />
da composteira, o recebimento de<br />
frangas para o início da produção,<br />
o manejo diário da produção dos<br />
ovos, manejo dos machos e da água<br />
são alguns dos tópicos oferecidos<br />
pelo curso de Produção de Ovos<br />
para a Incubação, do Senar, em<br />
Goiás. Tanto o manejo dos ninhos<br />
na pré-postura como a utilização<br />
de um número adequado de coletas<br />
diárias, contribuem na obtenção de<br />
ovos limpos e com menor grau de<br />
contaminação. Além disso, o peso<br />
do ovo e a qualidade da casca são<br />
fatores importantes na produção<br />
do ovo fértil. Para participar desse<br />
treinamento, o interessado deve ter<br />
idade mínima de 18 anos. O treinamento<br />
tem duração de 40 horas<br />
com 16 vagas em cada turma.<br />
5<br />
Prevenção<br />
de acidentes<br />
Para mais informações sobre os treinamentos<br />
e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o<br />
contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo<br />
site: www.senargo.org.br<br />
11<br />
Artesanato<br />
1791<br />
PRODUTORES E<br />
TRABALHADORES<br />
RURAIS<br />
CAPACITADOS<br />
Fevereiro/2012 CAMPO | 37
Mendel Cor zo<br />
CAMPO ABERTO<br />
Maria de Fátima<br />
Araújo de Farias<br />
Coordenadora<br />
de ação social do<br />
Senar, em Goiás.<br />
38 | CAMPO Fevereiro/2012<br />
Qualidade de vida<br />
para um trabalho<br />
efi ciente no campo<br />
Maria de Fátima Araújo de Farias<br />
fatima@senargo.org.br<br />
A<br />
humanidade vive numa<br />
era onde o bem-estar<br />
animal tem sido muito<br />
discutido e valorizado. E o bem<br />
-estar humano, como é discutido?<br />
A Escola Nacional de Saúde<br />
Pública afirma que as dores nas<br />
costas afetam três em cada dez<br />
brasileiros. Em 2010, o Ministério<br />
da Previdência divulgou que 77<br />
mil trabalhadores foram afastados<br />
de seus empregos, no campo e<br />
na cidade, devido a problemas<br />
posturais.<br />
A Confederação da Agricultura<br />
e Pecuária do Brasil e o Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem Rural<br />
(Sistema CNA/SENAR), criaram<br />
o Programa Trabalho Decente:<br />
Educação Postural no Campo,<br />
direcionado aos produtores<br />
e trabalhadores rurais. Ele<br />
segue normas da Organização<br />
Internacional do Trabalho (OIT)<br />
e tem por objetivo capacitar os<br />
instrutores para a educação de<br />
produtores e trabalhadores rurais<br />
com informações básicas sobre a<br />
melhor postura corporal, durante a<br />
realização das atividades diárias no<br />
campo.<br />
Com esta iniciativa, o<br />
programa estimula os moradores<br />
da zuna <strong>rural</strong> a contribuírem mais<br />
com a atividade agropecuária,<br />
na medida em que fornece<br />
informações detalhadas sobre as<br />
posturas corporais corretas para<br />
o exercício das atividades que<br />
os produtores e trabalhadores<br />
desenvolvem cotidianamente.<br />
Fornecer informações sobre como<br />
desenvolver postura correta é<br />
um passo importante para evitar<br />
doenças ocupacionais e patologias<br />
da coluna que são campeãs em<br />
incidência no mundo trabalhista em<br />
todas as suas áreas de atuação.<br />
A prevenção de acidentes<br />
e lesões do trabalho – além da<br />
primazia à qualidade de vida às<br />
pessoas do campo – permeiam as<br />
ações do programa, desenvolvido<br />
como tema transversal em todos os<br />
cursos e treinamentos do Senar, em<br />
Goiás. A postura correta é aquela<br />
que permite liberdade e variação<br />
de movimento. Contrariamente,<br />
postura ruim é aquela que provoca<br />
um movimento ruim, com maior<br />
dispêndio de energia, esforço, dor,<br />
e, consequentemente, lesão.<br />
Informação para educar e<br />
reeducar. Fazendo da informação<br />
a base para educação, espera-se<br />
como resultado mais saúde e<br />
qualidade de vida na zona <strong>rural</strong>.<br />
Sendo a informação utilizada para<br />
reeducar o movimento corporal, é<br />
necessário informar ao trabalhador<br />
a razão da adoção desses novos<br />
hábitos, pois ninguém se protege<br />
do que desconhece. Informação é<br />
uma ferramenta poderosa!<br />
Conscientizar é algo ativo<br />
e constante. Portanto, levar<br />
informação aos produtores e<br />
trabalhadores rurais quanto ao<br />
conforto, saúde e segurança na<br />
realização de suas atividades<br />
diárias no campo é imprescindível<br />
para a construção de novos<br />
hábitos. Entre esses novos hábitos<br />
podemos destacar a postura<br />
correta durante a realização das<br />
tarefas e alongamentos antes e<br />
após determinados trabalhos como<br />
capina, plantio, colheita manual,<br />
poda, utilização de máquinas<br />
agrícolas, pulverização costal<br />
manual, ordenha manual, trabalho<br />
com equinos, entre outros.<br />
Lançado em Goiás em janeiro<br />
deste ano, o programa trabalha<br />
reeducação postural como tema<br />
transversal em todos os eventos<br />
do Sistema FAEG/SENAR. Ele<br />
contribui para a gradativa melhoria<br />
da saúde e da qualidade da vida<br />
do homem e a mulher <strong>rural</strong>, meta<br />
do Programa Trabalho Decente:<br />
Educação Postural no Campo.<br />
www.sistemafaeg.com.br