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A nova classe média rural - Faeg

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Ano XIII | 200 | Fevereiro 2012<br />

Exportação<br />

Goiás desponta na preferência<br />

europeia por carne bovina<br />

Há vagas<br />

Em período de safra, emprego<br />

no campo aumenta até 40%<br />

Cunicultura<br />

Coelhos são boa<br />

alternativa para quem<br />

busca lucro rápido<br />

A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />

<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />

Eles não são atendidos por programas sociais e nem<br />

alcançam os lucros dos grandes produtores. Essa<br />

<strong>nova</strong> <strong>classe</strong> C representa mais de 60 milhões da<br />

produção bruta brasileira<br />

INSS 2178-5781<br />

9912263550


CAMPO<br />

A revista Campo é uma publicação da Federação da<br />

Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional<br />

de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela<br />

Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR,<br />

com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos<br />

assinados são de responsabilidade de seus autores.<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

Bartolomeu Braz Pereira;<br />

Claudinei Rigonatto; Eurípedes Bassamurfo da Costa<br />

Editores: Francila Calica (01996/GO) e<br />

Rhudy Crysthian (02080/GO)<br />

Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e<br />

Leydiane Alves<br />

Fotografi a: Jana Tomazelli Techio,<br />

Larissa Melo<br />

Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO)<br />

Diagramação: Rowan Marketing<br />

Impressão: Gráfi ca Talento Tiragem: 12.500<br />

Comercial: (62) 3096-2200<br />

revistacampo@faeg.com.br<br />

DIRETORIA FAEG<br />

Presidente: José Mário Schreiner<br />

Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel<br />

Caixeta Haun. Vice-Presidentes Institucionais: Bartolomeu<br />

Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Vice-Presidentes<br />

Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares<br />

Ribeiro. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira,<br />

Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius,<br />

Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo<br />

Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa,<br />

Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva Prates<br />

Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes: Arno<br />

Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth<br />

Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo<br />

Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu<br />

Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira,<br />

Walter Vieira de Rezende.<br />

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR<br />

Presidente: José Mário Schreiner<br />

Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges,<br />

Osvaldo Moreira Guimarães, Tiago Freitas de Mendonça.<br />

Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva,<br />

Alair Luiz dos Santos, Elias Mourão Junior, Joaquim Saêta<br />

Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar<br />

Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes:<br />

Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho<br />

Serafi m, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo: Bairon<br />

Pereira Araújo, Maria José Del Peloso, Heberson Alcântara,<br />

José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos Fernandes.<br />

Suplentes: Theldo Emrich, Carlos Magri Ferreira, Valdivino<br />

Vieira da Silva, Antônio Sêneca do Nascimento, Glauce<br />

Mônica Vilela Souza.<br />

Superintendente: Marcelo Martins<br />

FAEG - SENAR<br />

Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300<br />

Goiânia - Goiás<br />

Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222<br />

Site: www.sistemafaeg.com.br<br />

E-mail: faeg@faeg.com.br<br />

Fone: (62) 3545-2600- Fax: (62) 3545-2601<br />

Site: www.senargo.org.br<br />

E-mail: senar@senargo.org.br<br />

Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o<br />

e-mail: revistacampo@faeg.com.br.<br />

Para falar com a redação ligue:<br />

(62) 3096-2208 - (62) 3096-2248<br />

(62) 3096-2115.<br />

PALAVRA DO PRESIDENTE<br />

Perfi l social do produtor<br />

O<br />

setor <strong>rural</strong> amargava uma lacuna na classificação<br />

da renda líquida do produtor. Teoricamente,<br />

os produtores eram enquadrados<br />

como agricultores familiares ou produtores comerciais.<br />

Essa realidade, até então, deturpada, começa a<br />

ser revista devido a um levantamento longo e detalhado<br />

encomendado pela CNA à FGV com base no<br />

último senso agropecuário. Essa <strong>nova</strong> escala de participação<br />

na economia, produção, empregabilidade,<br />

custos e crescimento dividiu as <strong>classe</strong>s econômicas<br />

da zona <strong>rural</strong> assim como são classificadas na zona<br />

urbana.<br />

Esse perfil será muito importante para traçarmos<br />

metas e estimularmos a adequação e a criação<br />

de <strong>nova</strong>s políticas públicas que contribuirão para o<br />

desenvolvimento dessas <strong>classe</strong>s, cada uma com sua<br />

devida necessidade. O estudo norteia um caminho<br />

de soluções adequadas para as necessidades dessas<br />

<strong>classe</strong>s, bem como políticas focadas nos diferentes<br />

perfis sociais para podermos avançar a cada dia e<br />

melhorarmos a vida do produtor <strong>rural</strong>, em todas as<br />

camadas sociais.<br />

José Mário Schreiner<br />

Presidente do Sistema<br />

FAEG/SENAR<br />

Alexandre Cerqueira


PAINEL CENTRAL<br />

Carne goiana: a queridinha da Europa<br />

16<br />

Com 441 propriedades rurais cadastradas para exportar carnes para a União<br />

Europeia, Goiás se desponta como o Estado com maior número de unidades<br />

aptas a vender para Europa.<br />

Safra negociada<br />

Mais da metade dos produtores goianos travaram<br />

preços em contratos antecipados.<br />

Emprego no campo<br />

Safra aumenta em até 40% os empregos na zona <strong>rural</strong>.<br />

Média de remuneração supera o valor do Salário Mínimo.<br />

Agenda Rural 06<br />

Fique Sabendo 07<br />

Cartão Produtor 12<br />

Campo Responde 32<br />

Delícias do Campo<br />

Campo Aberto<br />

4 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

33<br />

38<br />

19<br />

26<br />

Larissa Melo<br />

08<br />

Prosa Rural<br />

O especialista em análise de mercado<br />

e fundador a AgRural Commodities<br />

Agrícolas, Fernando Muraro, acredita que<br />

a previsão de mercado de commodities<br />

para 2012 seja tão boa quanto foi em<br />

2011 para os produtores rurais. Para ele,<br />

a preocupação é com a safra de 2013.<br />

Riqueza que vem do mel<br />

34<br />

Produtor turbinou os lucros da produção de mel<br />

e derivados com orientações repassadas em<br />

treinamento do Senar em Goiás.<br />

Jana Tomazelli<br />

www.sistemafaeg.com.br<br />

Larissa Melo


Retrato da família <strong>rural</strong><br />

Coelho: lucro rápido e garantido<br />

Carne nobre, macia e saborosa se destaca em um mercado<br />

ainda pouco explorado.<br />

A família de<br />

produtores de<br />

Vicentinópolis é<br />

o retrato da <strong>nova</strong><br />

<strong>classe</strong> <strong>média</strong> <strong>rural</strong>.<br />

Foto produzida<br />

por Larissa Melo e<br />

tratada por Carlos<br />

Nascimento.<br />

28<br />

22<br />

Pesquisa classifi ca os perfi s econômicos da população no campo e<br />

revela uma <strong>classe</strong> <strong>média</strong> à margem das políticas públicas, que precisa<br />

trabalhar fora da propriedade para complementar a renda.<br />

Ano XIII | 200 | Fevereiro 2012<br />

Exportação<br />

Goiás desponta na preferência<br />

europeia por carne bovina<br />

Há vagas<br />

Em período de safra, emprego<br />

no campo aumenta até 40%<br />

Cunicultura<br />

Coelhos são boa<br />

alternativa para quem<br />

busca lucro rápido<br />

A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />

<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />

INSS 2178-5781<br />

9912263550<br />

Eles não são atendidos por programas sociais e nem<br />

alcançam os lucros dos grandes produtores. Essa<br />

<strong>nova</strong> <strong>classe</strong> C representa mais de 60 milhões da<br />

produção bruta brasileira<br />

www.senargo.org.br<br />

Larissa Melo<br />

Shu erstock<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 5


AGENDA RURAL<br />

14/03 21/03 23/03<br />

Mesa redonda “Os 10 mais do PIB”<br />

Local: na sede da <strong>Faeg</strong> em Goiânia (GO)<br />

Informações: (62) 3096-2200<br />

3° Goiás Leite<br />

Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />

Local: Lago Municipal Dirceu Vaz da Rosa,<br />

em Palminópolis (GO)<br />

3° Goiás Leite<br />

Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />

Local: Sede da AABB, Rua 07 s/n<br />

Vila Progresso, em Itaberaí (GO)<br />

Informações: (62) 3375-2457<br />

26/03 28/03 30/03<br />

3° Goiás Leite<br />

Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />

Local: Tatersal Filó Garcia, no Parque de Exposições<br />

Nélio de Moraes Vilela, em Jataí (GO)<br />

6 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Março 2012<br />

19 de março<br />

3º Goiás Leite<br />

Seminários regionais de Pecuária de Leite.<br />

Local: Sede do Sindicato Rural de Jussara (GO)<br />

Informações: (62) 3373-2246<br />

3° Goiás Leite<br />

Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />

Local: Loja Maçônica Vale das Orquídeas<br />

Piracanjuba (GO)<br />

Informações: (64) 9261-4486<br />

3° Goiás Leite<br />

Seminários Regionais de Pecuária de Leite<br />

Local: Centro Pro Menor Irmão Sol,<br />

em Corumbaíba (GO)<br />

Shu erstock<br />

www.sistemafaeg.com.br


FIQUE SABENDO<br />

ARMAZÉM REGISTRO<br />

Reeducação de detentos<br />

Divulgação<br />

Alimentação de<br />

monogástricos<br />

A Fundação de Estudos<br />

e Pesquisas Agrícolas e<br />

Florestais (Fepaf) lançou,<br />

recentemente, o livro<br />

Alimentação de Animais<br />

Monogástricos: mandioca<br />

e outros alimentos não<br />

convencionais. A obra<br />

apresenta aos pesquisadores,<br />

técnicos e produtores<br />

uma <strong>nova</strong> perspectiva<br />

nas possibilidades do uso<br />

da fonte de alimentos<br />

energéticos e proteicos<br />

destinados aos animais<br />

monogástricos.<br />

O livro reúne informações<br />

científicas e parâmetros<br />

técnicos disponibilizados<br />

em importantes periódicos<br />

científicos internacionais<br />

sobre o uso de outras fontes<br />

de alimento capazes de<br />

garantir uma diversificação<br />

estratégica no abastecimento<br />

para os sistemas produtores<br />

de carne, ovos, leite e<br />

outros alimentos de origem<br />

animal. A publicação custa<br />

R$ 50 e pode ser adquirida<br />

diretamente na sede da<br />

Fundação de Estudos e<br />

Pesquisas Agrícolas e<br />

Florestais (Fepaf), em<br />

Botucatu, ou pelo e-mail:<br />

publicacao@fepaf.org.br<br />

www.senargo.org.br<br />

Representantes do Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar,<br />

da Agência Goiana do Sistema de Execução<br />

Penal (Agsep) e outras entidades assinaram,<br />

no dia 13 de fevereiro, a participação do<br />

Sistema em um convênio que prevê a<br />

reutilização da Fazenda Esperança (FE),<br />

uma área agropastoril, localizada dentro<br />

do Complexo Prisional de Aparecida<br />

de Goiânia, com aproximadamente 50<br />

alqueires, no processo de reeducação dos<br />

detentos.<br />

PESQUISA<br />

A Fundação Pró-Sementes divulgou,<br />

em janeiro, três <strong>nova</strong>s cultivares de trigo<br />

desenvolvidas pela OR Melhoramento de<br />

Sementes. . As variedades dades denominadas<br />

Berilo, Ametista metista e TTopázio,<br />

Topázio, já estão<br />

disponíveis is para pro produtores odutores de<br />

sementes interessad interessados dos em multiplicar multiplicar<br />

os materiais ais para a ppróxima<br />

próxima safra. Com<br />

boa produtividade utividade<br />

e comportamento tamento<br />

quanto às principais<br />

s<br />

doenças da cultura,<br />

as<br />

variedades s atendem<br />

m a<br />

<strong>nova</strong> classificação sificação<br />

industrial para<br />

o trigo, sendo endo<br />

este um<br />

fator muito o<br />

observado o<br />

Segundo o presidente da Agsep,<br />

Edemundo Dias, o trabalho vai diminuir<br />

o custo do preso com alimentação e<br />

aumentar a sua autoestima, além de<br />

reduzir a pena a ser cumprida. “Para cada<br />

três dias trabalhados, o detento terá um<br />

dia reduzido em sua pena.” Ele acrescenta<br />

que a ação também é válida para os<br />

empresários que poderão desenvolver<br />

algum tipo de empreendimento na FE,<br />

utilizando a mão de obra do reeducando.<br />

Novas variedades de trigo<br />

para a comercialização da produção.<br />

A partir de 2013 as variedades estarão<br />

disponíveis para a produção comercial.<br />

Para mais informações informações, basta entrar em<br />

contato com a Fundação Fundação Pró-Sementes<br />

pelo número: (54) 3314-8983.<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 7<br />

Jana Tomazelli<br />

Luiz Lui Luiz z Humberto Humb<br />

mbert<br />

ertoo


PROSA RURAL<br />

Produtores de<br />

olho na safra 2013<br />

Leydiane Alves | leidyane@faeg.com.br<br />

FERNANDO MURARO<br />

Fundador da AgRural e especialista<br />

em análise de mercado agrícola<br />

C<br />

om a previsão de que o ano de 2012 seja tão bom<br />

quanto o de 2011 para os produtores rurais, o<br />

Engenheiro Agrônomo, Fernando Muraro, afirma<br />

que a preocupação, no momento, é com a safra de 2013. Ele<br />

explica que, caso a crise europeia se agrave, os produtores<br />

vão sentir um aumento no custo da produção. Especialista<br />

em análise de mercado, Muraro tem pós-graduação em<br />

economia agrícola na Universidade de Pádua, na Itália,<br />

e especialização em análise técnica e fundamental de<br />

mercado de commodities agrícolas, nos EUA. Em 1996,<br />

fundou a AgRural Commodities Agrícolas, empresa que<br />

presta assessoria de informação e comercialização para<br />

produtores de soja e milho das regiões Centro-Oeste e Sul<br />

e para empresas do setor de insumos e máquinas.<br />

8 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

www.sistemafaeg.com.br


www.senargo.org.br<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 9<br />

Larissa Melo


Revista Campo: Como as<br />

questões macroeconômicas têm<br />

influenciado nos preços das<br />

commodities agrícolas?<br />

Fernando Muraro: Essa é a<br />

grande questão do ano, porque<br />

existe uma correlação inversa e<br />

fundamental entre commodities e<br />

dólar. No ano passado, os preços<br />

do milho atingiram os maiores<br />

patamares do ano, justamente<br />

quando o dólar registrava seu<br />

menor valor. No último<br />

trimestre, a moeda voltou<br />

a reagir e os preços das<br />

commodities cederam<br />

significativamente. Essa é<br />

a lição de 2011 para 2012.<br />

Agora, a expectativa é que<br />

se a crise da Europa se<br />

aprofundar, o dólar volte<br />

a se fortalecer. Caso isso<br />

ocorra, as commodities<br />

poderão sofrer grandes<br />

perdas.<br />

Revista Campo: Como<br />

o senhor vê os efeitos<br />

da crise europeia na<br />

rentabilidade dos<br />

produtores rurais de<br />

Goiás?<br />

Fernando Muraro: A<br />

safra que foi plantada o<br />

ano passado e colhida em<br />

2012 não é problema, pois ela<br />

já está pronta e grande parte<br />

comercializada. A preocupação é<br />

com a safra 2012/2013, porque<br />

se a crise europeia se agravar<br />

podemos ter uma mudança na<br />

estrutura de formação de preço.<br />

Isso significa que a valorização<br />

da moeda americana, impactando<br />

em menores preços em dólares<br />

das commodities, resultaria em<br />

custo de produção mais elevado.<br />

10 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

“<br />

Revista Campo: : Os<br />

fundamentos de oferta e<br />

demanda mundial no mercado<br />

de grãos deverão continuar<br />

favoráveis aos preços dos<br />

produtos agrícolas?<br />

Fernando Muraro: Sim,<br />

especialmente para o milho. Nós<br />

tivemos uma quebra em mais de<br />

10 milhões de toneladas, esse ano,<br />

na safra do milho na América do<br />

Sul.<br />

O Brasil deve<br />

assumir na<br />

próxima<br />

década um<br />

papel de<br />

liderança não<br />

só na produção<br />

como nas<br />

exportações,<br />

especialmente,<br />

de soja e milho.<br />

“<br />

Revista Campo: A China<br />

continuará a apresentar<br />

crescimento constante na<br />

demanda por grãos?<br />

Fernando Muraro: Depois<br />

da macroeconomia, a questão<br />

fundamental é a China. Em 2011,<br />

depois de quase oito anos, o País<br />

diminuiu a sua importação, dando<br />

sinais que sua demanda não cresce<br />

em ritmos tão elevados.<br />

Revista Campo: Qual será<br />

o papel do Brasil dentro do<br />

mercado de commodities<br />

agrícolas?<br />

Fernando Muraro: O Brasil<br />

deve assumir na próxima década<br />

um papel de liderança não só na<br />

produção como nas exportações,<br />

especialmente, de soja e milho.<br />

Revista Campo: Quais os<br />

principais entraves brasileiros na<br />

expansão de sua participação<br />

no comércio de commodities<br />

agrícolas?<br />

Fernando Muraro: O principal<br />

entrave continua sendo o<br />

logístico. O custo da tonelada<br />

transportada do estado de<br />

Goiás para os principais portos<br />

brasileiros não para de subir,<br />

revelando ineficiência da nossa<br />

infraestrutura. O Brasil não pode<br />

ser o celeiro do mundo sem cesto.<br />

Revista Campo: : O país já é<br />

um dos principais exportadores<br />

de soja do mundo. Na sua visão,<br />

o Brasil deverá se consolidar<br />

como um dos principais<br />

exportadores de milho também?<br />

Por que?<br />

Fernando Muraro: Sim, porque<br />

a tendência é que a China, que<br />

é a maior importadora de soja<br />

do mundo, passe a ser também<br />

grande importadora de milho<br />

mundialmente.<br />

Revista Campo: O que o<br />

produtor pode esperar da safra<br />

2011/12?<br />

Fernando Muraro : Goiás deve<br />

esperar um ano tão bom quanto<br />

2011. Mas temos que estar<br />

atentos, porque o ciclo de alta das<br />

commodities pode estar acabando.<br />

www.sistemafaeg.com.br


O meio <strong>rural</strong> tem vivido um processo intenso<br />

de transformação nas últimas décadas,<br />

resultado de um esforço coletivo baseado em<br />

técnicas de i<strong>nova</strong>ção para o campo. Prova<br />

disso, são os constantes e cada vez mais necessários<br />

investimentos em modernização da<br />

gestão agrícola, proveniente da transição do<br />

status de simples proprietários rurais para a<br />

denominação de micro ou pequena empresa<br />

<strong>rural</strong>, baseada em estratégias competitivas.<br />

Essa transição, no entanto, vem acompanhada<br />

de um histórico de mudanças que começam<br />

no comportamento do produtor <strong>rural</strong>.<br />

Além de aperfeiçoar sua forma de trabalhar,<br />

ele necessita de uma <strong>nova</strong> frente de gerenciamento<br />

com perfil de metas e resultados.<br />

Neste cenário, redução de custos, aumento da<br />

produtividade, melhoria nas vendas e identificação<br />

de <strong>nova</strong>s oportunidades de negócios<br />

passam a ser ferramentas de gestão competitiva<br />

e de fortalecimento desse setor agroindustrial<br />

– hoje representado inclusive pela<br />

agricultura familiar.<br />

Parte desse desenvolvimento tem sido<br />

conquistado segundo redes de cooperação.<br />

O associativismo aí representa, hoje, uma alternativa<br />

sustentável para o micro e pequeno<br />

produtor se organizar, ao mesmo tempo em<br />

que agrega valor aos produtos primários, por<br />

vezes preteridos na conta final do processo de<br />

beneficiamento de um produto.<br />

Além disso, as entidades de <strong>classe</strong> têm<br />

MERCADO E PRODUTO<br />

Revolução no<br />

campo com MPE do<br />

agronegócio<br />

José Mário Schreiner | presidencia@faeg.com.br<br />

www.senargo.org.br<br />

buscado junto aos governos federal e estadual,<br />

em parceria com municípios, formas de<br />

promover essa revolução agroindustrial, quer<br />

seja por meio do desenvolvimento de instrumentos<br />

de Política Agrícola mais eficientes,<br />

pela disponibilização de linhas de crédito<br />

como Plano Safra e o Programa Nacional de<br />

Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)<br />

ou por projetos de fortalecimento das cadeias<br />

produtivas.<br />

Dentro desse panorama, o Serviço Nacional<br />

de Aprendizagem Rural (Senar) de Goiás<br />

e a Federação da Agricultura e Pecuária de<br />

Goiás (<strong>Faeg</strong>) desenvolvem o Programa Empreendedor<br />

Rural (PER-GO) que, com o apoio do<br />

Sebrae Goiás, procuram estimular a competência<br />

pessoal dos empreendedores do agronegócio.<br />

Fundamentado em três fases, o PER-GO<br />

leva ao meio <strong>rural</strong> a gestão do conhecimento<br />

em empreendedorismo, com a elaboração<br />

de um projeto de investimento de capital; a<br />

implantação do projeto e desenvolvimento de<br />

grupos; e o capital social com a fidelização de<br />

lideranças no meio <strong>rural</strong>. Atualmente, o projeto<br />

está em andamento, no entanto, espera-<br />

-se que a transformação aplicada diretamente<br />

ao produtor seja estendida como ferramenta<br />

transformadora de ações sociais, políticas e<br />

econômicas, de modo a fundamentar ainda<br />

mais o desenvolvimento do agronegócio e a<br />

diminuição do êxodo <strong>rural</strong>.<br />

Marcus Vinicius<br />

José Mário Schreiner<br />

é presidente da<br />

Federação da<br />

Agricultura e Pecuária<br />

de Goiás (FAEG)<br />

e vice-presidente<br />

de fi nanças da<br />

Confederação da<br />

Agricultura e Pecuária<br />

do Brasil (CNA).<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 11


Casa <strong>nova</strong><br />

com o cartão<br />

produtor<br />

A Coluna Cartão do Produtor deste mês vem com descontos em lojas e redes de materiais<br />

de construção para o produtor <strong>rural</strong> construir, ampliar ou reformar. Aproveite!<br />

DINIZ MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO<br />

End.: Rua Santo Antônio, Qd. 01, Lt. 08, Centro - Barro<br />

Alto (GO)<br />

Fone: (62) 3347-6362 / Cel.: (62) 9659-4455<br />

Desconto: 5%<br />

A PREDIAL MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO<br />

End.: Avenida Simirami de Castro n° 1192, - Bom Jardim<br />

de Goiás (GO)<br />

Fone: (64) 3657-1192<br />

Desconto: 15%<br />

CONSTRULAR<br />

End.: Avenida do Comércio nº 262, Centro – Caiapônia<br />

(GO)<br />

Fone: (64) 3663-1123<br />

Desconto: 12%<br />

CONSTRULÂNDIA<br />

End.: Avenida José Alves de Assis nº 249, Centro –<br />

Doverlândia (GO)<br />

Fone: (64) 3664-1274<br />

Desconto: 4%<br />

CASA SILVA<br />

End.: Avenida 15 de Novembro, Centro – Iporá (GO)<br />

Fone: (64) 3674-3012<br />

Desconto: 3% exceto cimento<br />

ITACONSTRUMAIS<br />

End.: Rua Balbino de Mendonça, Centro – Diorama (GO)<br />

Fone: (64) 3689–1207<br />

Desconto: 3% exceto cimento<br />

DEPÓSITO SÃO LUÍS<br />

End.: Avenida Camilo Teixeira, esquina c/ Rio Verde nº22,<br />

Centro – Indiara (GO)<br />

Fone: (64) 3547-1154<br />

Descontos: 5% à vista para material básico e 10% no<br />

material de acabamento<br />

12 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

TIJOLÃO SHOPPING DA CONSTRUÇÃO<br />

End.: Avenida Santos Dumont n°1091, Centro - Montes<br />

Claros de Goiás (GO)<br />

Fone: (62) 3370-1262<br />

Desconto: 3% exceto material básico<br />

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Arte: Carlos Nascimento


ORIZONA<br />

Nova diretoria<br />

Cerca de 350 pessoas participaram da solenidade de posse da<br />

<strong>nova</strong> diretoria do Sindicato Rural de Orizona para o próximo<br />

triênio. O evento foi realizado no dia 9 de dezembro de 2011. Na<br />

ocasião foi oferecido um jantar para funcionários, associados e<br />

familiares. Para a <strong>nova</strong> diretoria foram eleito Domingos Sávio de<br />

Oliveira, como presidente, Geovando Vieira Pereira, secretário<br />

e o tesoureiro Paulo César Dias de Almeida. Joaquim Sant’ana<br />

Pinto de Oliveira, Daniel Olimpio Álvares e Marcelo Fernandes<br />

Rexende compõem para o conselho fiscal.<br />

(Colaborou: Adriane Pereira Tiago)<br />

TERRENO<br />

Parque de Exposições<br />

Além da posse, o Sindicato Rural de Orizona tem mais<br />

motivos para comemorar. Foi aprovada pela Câmara<br />

Municipal da cidade a doação de um terreno pela<br />

prefeitura ao Sindicato. No local será construído o Parque<br />

de Exposições. (Colaborou: Adriane Pereira Tiago)<br />

ERRAMOS<br />

Diferente do que foi publicado na edição de janeiro,<br />

número 199, da Revista Campo, a posse da <strong>nova</strong><br />

diretoria do Sindicato Rural de Itapaci foi realizada no<br />

Hotel San Domingues e não no salão de eventos do<br />

Sindicato.<br />

www.senargo.org.br<br />

Divulgação/Sindicato Rural Orizona<br />

COMITIVA<br />

ANÁPOLIS<br />

Leilão<br />

AÇÃO SINDICAL<br />

Empreendedor Sindical<br />

é tema de visita<br />

O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar recebeu no dia 15 de fevereiro,<br />

a visita das colaboradoras Diana Torres Maia e Juliana<br />

Modergan Ferreira, do Sistema Famato/Senar. O objetivo<br />

do encontro foi conhecer o Programa Empreendedor<br />

Sindical, a aplicação do Indíce de Desenvolvimento<br />

Sindical (IDS), os treinamentos, orientações e visitas<br />

técnicas nos sindicatos. Junto com o gerente sindical<br />

da <strong>Faeg</strong>, Antelmo Teixeira Alves, a comitiva foi até o<br />

município de Orizona, conhecer onde o projeto está<br />

sendo implementado. Segundo Antelmo, a intenção do<br />

programa é dar suporte à modernização e melhoria da<br />

representatividade e atuar nas organizações sindicais<br />

rurais com sustentabilidade.<br />

Cerca de 150 pessoas participaram, no dia 8 de fevereiro,<br />

da solenidade de posse da <strong>nova</strong> gestão administrativa do<br />

Sindicato Rural de Anápolis, realizada no Salão de eventos<br />

do Sindicato. O vice-presidente da <strong>Faeg</strong>, José Manoel<br />

Caixeta, o superintendente do Senar, Marcelo Martins e o<br />

secretário da Agricultura, Antônio Flávio Camilo de Lima,<br />

também marcaram presença. Na ocasião foi apresentado ao<br />

público um vídeo falando sobre as conquistas e realizações<br />

da entidade nos últimos três anos e o projeto de construção<br />

do novo Parque de Exposições. José Caixeta foi reeleito como<br />

presidente, o vice-presidente passa a ser Francisco de Assis<br />

Xavier Nunes, o secretário é José Augusto e o tesoureiro<br />

Emival Silveira Duarte.<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 13<br />

Divulgação/Sindicato Rural Anápolis


RIO VERDE<br />

Cavalgada em prol<br />

do meio ambiente<br />

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a<br />

importância do meio ambiente, o Sindicato Rural de Rio<br />

Verde, realiza no mês de março, dia 24, a Terceira Cavalgada<br />

Ecológica. O evento vai percorrer um total de 28 quilômetros.<br />

A expectativa é a participação de 200 pessoas. As inscrições<br />

são feitas na sede do Sindicato. Mais informações: (64) 3612-<br />

0252, falar com Fernanda.<br />

PORANGATU<br />

Nova diretoria toma posse<br />

O Sindicato Rural de Porangatu foi palco, no dia 20 de<br />

janeiro, da solenidade de posse da diretoria, conselho fiscal<br />

e delegados representantes eleitos para o triênio 2012/2014. O<br />

novo presidente é Carlos José Garcia, como secretário geral<br />

ficou Rodrigo Barros de Azevedo e Francisco Pereira Lima é o<br />

novo tesoureiro. No conselho fiscal entram Julio Sérgio de Melo<br />

Júnior, Carlos Moreira da Silva e Claudiney Luiz Ribeiro. Como<br />

delegados ficaram Carlos José Garcia e Antonio Anselmo de<br />

Freitas<br />

14 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

CROMÍNIA<br />

Posse no Sindicato<br />

Iluminados à luz de vela e lampião, o Sindicato Rural<br />

de Cromínia realizou a cerimônia de posse da <strong>nova</strong><br />

diretoria para a gestão do triênio 2012-2015. O evento<br />

foi realizado no salão de eventos das <strong>nova</strong>s instalações<br />

da sede do Sindicato. A realização teve a presença de<br />

produtores, funcionários, pessoas da comunidade e da<br />

presidente do Sindicato de Guapó, Maria das Graças. Para<br />

a <strong>nova</strong> diretoria foram eleitos João Marciano Neto como<br />

presidente, Luiz Roberto Martins Ferreira vice-presidente,<br />

como secretária Maria de Almeida Silvério e o novo<br />

tesoureiro é João Antônio de Souza. O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar<br />

foi representado pelo gerente sindical, Antelmo Teixeira<br />

Alves. (Colaborou: Mábia Regina)<br />

FAEG JOVEM<br />

Rio Verde sedia<br />

o primeiro encontro<br />

<strong>Faeg</strong> Jovem do ano<br />

O Sistema <strong>Faeg</strong>/Senar, em uma parceria com o Sindicato<br />

Rural de Rio Verde, a Associação dos Jovens Empreendedores<br />

e Empresários de Goiás (AJE) e o Sebrae Goiás, realizou no<br />

último dia 28 de fevereiro, em Rio Verde, o primeiro encontro<br />

municipal do Programa <strong>Faeg</strong> Jovem de 2012. O evento contou<br />

com a participação de aproximadamente 40 pessoas entre<br />

jovens empresários, estudantes, produtores rurais, lideranças<br />

municipais entre outros. (Colaborou: Alexandro Alves)<br />

Sindicato Rural/Cromínia<br />

Alexandro Alves<br />

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Pessoa Física até 22 de maio<br />

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COMERCIALIZACÃO<br />

Carne goiana lidera<br />

preferência europeia<br />

O<br />

Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa) divulgou no mês de<br />

fevereiro a lista das fazendas autorizadas<br />

a exportar gado bovino para<br />

abate e carne in natura para a União<br />

Europeia (UE). Goiás lidera o número<br />

de propriedades. Das 1.949 mil unidades,<br />

o Estado tem 441 propriedades<br />

cadastradas. Os principais municípios<br />

responsáveis pela exportação são<br />

Nova Crixás, representada por 41 unidades,<br />

São Miguel do Araguaia com<br />

17, Corumbaíba e Mozarlândia com<br />

15, e as cidades de Montes Claros de<br />

Goiás e Mundo Novo, ambas com 14.<br />

16 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Goiás esta à frente das exportações de carne<br />

bovina para União Europeia. O Estado tem<br />

mais de 440 propriedades habilitadas<br />

Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />

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A grande novidade é que, a partir<br />

desse ano, as autoridades brasileiras<br />

farão a gestão da lista dessas unidades<br />

habilitadas a exportar o alimento.<br />

O assessor técnico da Confederação<br />

da Agricultura e Pecuária do Brasil<br />

(CNA), Paulo Sérgio Mustefaga, explica<br />

que essa conquista só foi possível<br />

após muitas negociações, pois<br />

o Brasil era o único País do mundo<br />

que tinha que cumprir com as exigências<br />

da Decisão da Comissão nº<br />

61/08. “Em 2008, a União Europeia<br />

passou a exigir que as propriedades<br />

habilitadas para exportações de carne<br />

bovina fossem auditadas pelas autoridades<br />

sanitárias brasileiras e fossem<br />

aprovadas pela autoridade europeia.<br />

Só podiam exportar as propriedades<br />

aprovadas pela UE e que constassem<br />

na Lista Traces, publicada no site da<br />

UE, conforme dispunha a decisão 61”,<br />

explica.<br />

Agora a lista de unidades aprovadas<br />

passa a ser divulgada no site do<br />

Ministério, que será atualizada a cada<br />

15 dias. Os relatórios de auditoria também<br />

não precisarão mais ser transmitidos<br />

para análise da Comissão Europeia.<br />

Somente as propriedades que<br />

cumprem as exigências da Instrução<br />

Normativa nº 17, que regulamenta o<br />

sistema brasileiro de rastreamento,<br />

podem ingressar no cadastro. “Essa<br />

medida é muito importante para as<br />

exportações de carne bovina do Bra-<br />

www.senargo.org.br<br />

sil, pois o País reassume a sua autonomia<br />

sobre as fazendas exportadoras,<br />

podendo expandir o número de fazendas<br />

desde que estejam de acordo com<br />

as normas de rastreabilidade, vigentes<br />

no País.”<br />

Segundo Paulo Sérgio, a União<br />

Europeia é um mercado muito importante<br />

para o Brasil. Atualmente,<br />

o bloco é o terceiro maior comprador<br />

da carne brasileira, atrás da Rússia e<br />

do Irã, mas já chegou a ser o principal<br />

mercado de exportação de carne bovina<br />

do Brasil. “A UE é um mercado<br />

de grande potencial para o Brasil, não<br />

só pelos grandes volumes que compra,<br />

mas também por pagar um preço<br />

muito superior aos de outros mercados”,<br />

avalia o assessor.<br />

Só em 2011 foram exportadas para<br />

o bloco US$ 478 milhões de carne bovina<br />

in natura, com um total de 48 mil<br />

toneladas. No ano de 2010 foram US$<br />

345 milhões e 44 mil toneladas. Entre<br />

os dois anos, houve um aumento<br />

de 38% no valor e 9,2% na quantidade.<br />

Já na importação de carne industrializada,<br />

a UE lidera o ranking.<br />

No ano passado foram exportadas 53<br />

mil toneladas do produto, somando<br />

um montante de US$ 307 milhões. Já<br />

em 2010 foram enviadas para o bloco<br />

econômico 70,7 mil toneladas. Goiás<br />

foi responsável, só em 2011, por 8 mil<br />

toneladas de carne exportada, com<br />

um valor de US$ 86 milhões.<br />

Exigências<br />

De acordo com a coordenadora do<br />

Sistema de Identificação e Certificação<br />

de Bovinos e Bubalinos (Sisbov)<br />

da Agência Goiana de Defesa Agropecuária<br />

(Agrodefesa), Silvânia Andrade<br />

Reis, quando Goiás recomeçou<br />

a exportar carne para a UE, o Estado<br />

tinha apenas duas fazendas autorizadas.<br />

“No fim de 2007, a UE embargou<br />

a exportação porque não estava<br />

satisfeita com o sistema de rastreabilidade.<br />

Então, foi feito em todo o País<br />

uma força tarefa, principalmente em<br />

Goiás, por meio do Mapa, onde foi<br />

realizada uma auditoria prévia de todas<br />

as fazendas do Estado.”<br />

Em pouco mais de três anos, de<br />

duas propriedades, Goiás passou a<br />

ter 400, chegando a 504, em agosto<br />

do ano passado. “Em 2011 foi o ápice<br />

de propriedades aptas a exportar<br />

carne bovina. Conseguimos passar<br />

Minas Gerais que, até então, era o<br />

Estado que mais exportava. E desde<br />

essa conquista, não perdemos mais<br />

a liderança na exportação”, explica<br />

Silvânia. Depois de Goiás, aparecem<br />

o Mato Grosso, com 431 fazendas,<br />

e Minas Gerais, com 428, entre oito<br />

Estados produtores de carne bovina<br />

que aparecem na listagem do Mapa.<br />

Silvânia conta que, para Goiás<br />

conseguir chegar ao primeiro lugar,<br />

a Agrodefesa tem trabalhado de forma<br />

diferenciada e intensiva. “Nós fi-<br />

Fonte: Agrodefesa<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 17<br />

Arte: Carlos Nascimento


zemos um trabalho muito constante<br />

de atendimento. Preparamos nossos<br />

auditores de forma exaustiva e demos<br />

vazão ao trabalho. O que não aconteceu<br />

em outros Estados.” Ela explica<br />

que quando teve a determinação<br />

do Ministério, Goiás acatou todas as<br />

normas. “Foram criadas normas que<br />

todos os produtores devem atender.<br />

Nós fazemos uma checagem documental<br />

e outra do rebanho.”<br />

Produtor comemora<br />

agilidade nas exportações<br />

O produtor <strong>rural</strong> César Leite<br />

de Sant’Anna, exporta carne para<br />

União Europeia desde o fim de<br />

2007. Ele conta que quando deu<br />

início, a atividade era muito burocrática.<br />

Era necessário que os<br />

César Leite vende carne para UE<br />

desde o fi m de 2007 e afi rma que o<br />

processo está mais rápido e ágil.<br />

18 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Larissa Melo<br />

Segundo Silvânia, a parte documental<br />

obedece rigorosamente à IN<br />

17, onde anexos checados nessa auditoria<br />

devem estar inteiramente de<br />

acordo com a Instrução. A coordenadora<br />

do Sisbov explica que o trabalho<br />

leva tempo, por ser cheio de detalhes.<br />

“Nós precisamos saber o dia que<br />

cada animal entra na propriedade, a<br />

idade e de onde veio. Depois de ter as<br />

informações, é feita uma comparação<br />

protocolos fossem encaminhados<br />

ao Mapa, onde eles processavam<br />

a vistoria por meio de uma empresa<br />

certificadora, que decidiria se a<br />

propriedade poderia fazer parte da<br />

lista de exportadores. “Hoje estão<br />

mais ágeis. Basta contratar uma<br />

certificadora que vai realizar a solicitação<br />

à Agrodefesa.”<br />

César explica que o processo<br />

de visita da certificadora consiste<br />

ainda em orientar os produtores<br />

rurais no que é preciso para fazer<br />

parte da lista de exportação.<br />

“Nesta etapa a certificadora é fundamental,<br />

pois é ela que procede a<br />

aquisição dos brincos específicos<br />

já referenciados ao proprietário,<br />

fornece a ele as normas de colocação<br />

do objeto, realiza com o<br />

proprietário e funcionários treinamento<br />

e explicações sob normas<br />

essenciais solicitadas pelo Sisbov”,<br />

diz.<br />

O produtor tem duas fazendas<br />

credenciadas, uma na cidade de<br />

Hidrolândia e outra em Jaraguá.<br />

De acordo com ele, das duas propriedades,<br />

são exportadas três<br />

mil cabeças de gado por ano para<br />

União Europeia. César salienta que<br />

hoje não é correto referir o crescimento<br />

somente ao mercado euro-<br />

entre os dados do Sisbov e da Receita<br />

Sanitária da Agrodefesa”, conta.<br />

Ela acrescenta ainda que as informações<br />

da propriedade têm que estar de<br />

acordo com o que está registrado no<br />

Banco Nacional de Dados.<br />

peu, pois alguns países asiáticos já<br />

lideram as importações. Ele conta,<br />

ainda, que o rebanho brasileiro é<br />

mais de 180 milhões de cabeças.<br />

Desse total, são abatidas mais<br />

de 36 milhões e apenas 10% são<br />

confinadas. Já nos EUA ocorre o<br />

contrario, em 2011 o país ultrapassou<br />

o Brasil em volume exportado.<br />

“Foram 1.287 milhões exportados<br />

pelos EUA e 1.097 milhões<br />

pelo Brasil. Isso não ocorria desde<br />

2004, apesar de termos algumas<br />

boas expectativas, a crise europeia<br />

poderá desencadear efeitos<br />

negativos em nossa área.”<br />

Ele acrescenta ainda que o desenvolvimento<br />

da pecuária passa<br />

por um período de alterações, reflexões<br />

e decisões. “O que o pecuarista<br />

tem que ter como alvo é<br />

a eficiência de sua propriedade.<br />

Pois, o custo da terra e as oscilações<br />

do preço dos insumos podem<br />

inviabilizar o negócio e acarretar<br />

sérios prejuízos.” Mas ele acredita<br />

que os pecuaristas brasileiros são<br />

os melhores do mundo. “Se tivéssemos<br />

metade dos subsídios franceses<br />

e americanos, certamente<br />

nosso povo comeria mais carne e<br />

com melhor qualidade por um menor<br />

valor”, defende.<br />

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O<br />

s Seminários Regionais de Comercialização<br />

e Mercado Agrícola<br />

2012, realizados nos meses<br />

de janeiro e fevereiro, desse ano,<br />

reuniram em todas as rodadas mais de<br />

Produtores<br />

antecipam<br />

comercialização<br />

Seminários orientaram produtores sobre o<br />

comportamento do mercado agrícola<br />

1,1 mil participantes. O evento foi realizado<br />

em sete municípios de Goiás, e<br />

teve um público médio de 160 pessoas<br />

por cidade. Com o tema Perspectivas<br />

para a Comercialização Agrícola da Sa-<br />

Para Dejneka: “se a crise europeia se fi rmar pode afetar as commodities brasileiras”<br />

www.senargo.org.br<br />

VENDA ANTECIPADA<br />

Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />

André Saddi<br />

fra 2011/2012, os consultores de mercado<br />

Pedro Dejneka e Fernando Muraro,<br />

debateram alguns assuntos ligados<br />

aos cenários econômicos, logística do<br />

país, especulação financeira e outras<br />

situações que impactam nos preços<br />

das commodities.<br />

Para Pedro Dejneka, 2012 será um<br />

ano de atenção. Ele explicou que a<br />

crise na Europa é preocupante, pois<br />

o Brasil não está resguardado de seus<br />

efeitos. “Os europeus são consumidores<br />

de produtos agrícolas brasileiros,<br />

se a crise se agravar ainda mais por<br />

lá, perderemos escala em consumo<br />

e isso afetará diretamente os preços<br />

de nossas commodities. O Brasil não<br />

está isolado”, alertou durante uma das<br />

palestras. Ainda sob o rescaldo da divulgação<br />

do último relatório do Departamento<br />

de Agricultura dos Estados<br />

Unidos (USDA), que indicava um mer-<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 19<br />

Shu erstock


cado de grãos baixista no país norte-<br />

-americano, Dejneka garantiu que,<br />

para o Brasil, ainda não há tendência<br />

de queda.<br />

Porém, orientou que é preciso que<br />

o produtor fique atento às evoluções<br />

do mercado, que muda rapidamente<br />

ao gosto dos acontecimentos econômicos<br />

mundiais. “Tente travar o preço<br />

de seu produto. Se o mercado está<br />

bom, analise se seus custos já foram<br />

cobertos e qual seu desempenho financeiro<br />

para saber em qual margem<br />

de operação trabalhar. Mas trave preço<br />

antes que a grande oferta da colheita<br />

chegue ao mercado”, recomendou<br />

o consultor. Ele também chamou a<br />

atenção dos produtores para a importância<br />

da China no mercado mundial<br />

de commodities. Destacou que o país<br />

asiático já possui grandes investimentos<br />

em energia e agricultura no Brasil e<br />

que está atento ao desempenho agropecuário<br />

nacional.<br />

Terceirizar a comercialização da<br />

produção também foi fator defendido<br />

por Dejneka. “O produtor produz bem,<br />

mas isso não significa que vá comercializar<br />

devidamente sua produção.<br />

Ele precisa pedir ajuda e auxílio nesta<br />

parte. E terceirizar é um investimento<br />

no seu negocio”, explica o consultor.<br />

A afirmação deve-se ao fato de a área<br />

da comercialização demandar muita<br />

dedicação do produtor <strong>rural</strong>.<br />

Comercialização fragmentada<br />

Já para o consultor, Fernando<br />

Muraro, o ideal para o produtor<br />

é fragmentar a comercialização<br />

da safra em partes para ter menos<br />

chance de errar na hora de<br />

vender a produção. Para ele, é<br />

a oportunidade de os produtores<br />

fugirem da tradicional<br />

pressão da colheita, entre março<br />

e abril. “Não é indicado comercializar<br />

nesses meses, pois<br />

demonstram uma tendência<br />

de diminuição nessa época do<br />

ano”, destaca. Ainda de acordo<br />

com ele, a safra deste ano<br />

está bem antecipada quanto à<br />

tomada de decisão. “Em Goiás,<br />

cerca de 50% da safra de grãos<br />

já foi comercializada”, diz.<br />

Ele lembrou também que a<br />

estiagem em algumas regiões<br />

do país reforçada pelo fenômeno<br />

La Niña, já comprometeu o<br />

potencial produtivo de grãos de<br />

parte do Mato Grosso do Sul. O<br />

que colocará a produção goiana<br />

em maior destaque. Ele afirma<br />

que os negócios, visando a safra<br />

de soja do Brasil, indicam<br />

que a <strong>nova</strong> temporada poderá<br />

apresentar um recorde de área<br />

plantada, com preços altos e<br />

produtores capitalizados pela<br />

colheita passada. O analista<br />

ponderou que a previsão de aumento<br />

do plantio está relacionada<br />

às condições de mercado.<br />

Segundo ele, os Estados Unidos<br />

estão com estoques apertados<br />

e não podem contar com<br />

um aumento na safra. Uma safra<br />

menor vai estimular o plantio<br />

de soja na América do Sul.<br />

O presidente do Sistema<br />

<strong>Faeg</strong>/Senar, José Mário Schreiner,<br />

falou das características<br />

da produção goiana de grãos<br />

neste ano em todas as rodadas<br />

do seminário e destacou<br />

também a importância de uma<br />

maior participação de produtores<br />

rurais na política regional.<br />

José Mário falou das demandas<br />

políticas para o setor agrícola<br />

em 2012. Cobrou ainda uma<br />

política agrícola que garanta<br />

renda ao produtor <strong>rural</strong> e sua<br />

família, ao invés da atual forma<br />

que se baseia somente no<br />

crédito<br />

Fernando Muraro acredita que é melhor o produtor fragmentar a comercialização da safra<br />

20 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Larissa Melo<br />

www.sistemafaeg.com.br


Pauta 2012<br />

José Mário falou ainda sobre<br />

a produção sucroalcooleira no<br />

Estado, do posicionamento da<br />

<strong>Faeg</strong> pela diversificação agrícola<br />

do produtor <strong>rural</strong> e pela maior<br />

participação de produtores rurais<br />

na produção da cana-de-açúcar e<br />

não somente como arrendatário.<br />

Outra novidade foi o anúncio<br />

de realização do seminário O que<br />

esperamos do próximo prefeito?<br />

ainda no primeiro semestre deste<br />

ano. O projeto começou ainda<br />

em 2010, durante as eleições para<br />

presidente da república e gover-<br />

nador, deputado e senadores.<br />

Sabatinas semelhantes foram realizadas<br />

em 2010 antes da eleição<br />

estadual com propostas reunidas<br />

em um documento entregue aos<br />

candidatos ao governo do Estado<br />

daquele ano. Isso reforçou o número<br />

de deputados federais e estaduais<br />

que hoje apoiam o setor<br />

<strong>rural</strong>. “Precisamos repetir esse<br />

projeto com os produtores rurais<br />

e Sindicatos Rurais visando melhorar<br />

a vida da família <strong>rural</strong> do<br />

interior do Estado e o desenvolvimento<br />

dos municípios goianos”,<br />

disse José Mário.<br />

Durante o Seminário de Comercialização<br />

realizado em Cristalina,<br />

Entorno do Distrito Federal,<br />

foi assinado um contrato<br />

de prestação de serviços entre a<br />

Secretaria de Agricultura, Pecuária<br />

e Irrigação de Goiás (Seagro)<br />

e uma empresa privada para a<br />

elaboração de estudos de viabilidade<br />

técnica e econômica para a<br />

implantação de 80 barragens nos<br />

mananciais e ribeirões localizados<br />

na região.<br />

(Colaboraram: Francila Calica,<br />

Rhudy Crysthian e Cleiber Di<br />

Ribeiro)<br />

Shuterstock


PERFIL SOCIAL<br />

Estudo revela uma <strong>nova</strong> <strong>classe</strong> social no campo, até então<br />

desconhecida e longe das políticas públicas para o setor Waléria<br />

Com o objetivo de entender<br />

melhor o perfil social dos<br />

produtores rurais brasileiros,<br />

a Confederação da Agricultura e Pecuária<br />

do Brasil (CNA), encomendou<br />

à Fundação Getúlio Vargas (FGV) um<br />

estudo sobre os perfis das <strong>classe</strong>s de<br />

renda <strong>rural</strong> no Brasil. O estudo realizado<br />

pelo Instituto Brasileiro de<br />

Economia (IBRE) da FGV, utilizou<br />

os resultados do Censo Agropecuário<br />

de 2006, realizado pelo Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

(IBGE), para mensurar as informações<br />

e traçar o perfil das <strong>classe</strong>s de<br />

renda agropecuária e assim contribuir<br />

para o desenvolvimento de <strong>nova</strong>s<br />

políticas públicas para o setor.<br />

O estudo foi coordenado pelo<br />

professor Mauro de Rezende Lopes e<br />

contou com os pesquisadores Ignez<br />

Vidigal Lopes, Daniela de Paula Rocha<br />

e Rafael de Castro Bonfim. Os resultados<br />

desse trabalho foram apresentados<br />

em Brasília, no seminário de<br />

comemoração dos 60 anos da CNA e<br />

dos 20 anos do Serviço Nacional de<br />

22 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

A <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />

<strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />

Aprendizagem Rural (Senar).<br />

De acordo com Daniela Rocha,<br />

uma das pesquisadoras, o estudo foi<br />

motivado após os resultados da pesquisa,<br />

Quem produz o quê no campo,<br />

quando e onde?, apresentar lacunas<br />

na classificação da renda líquida do<br />

produtor nacional. “Chegamos a um<br />

número um pouco assustador de<br />

mais de um milhão de produtores<br />

que tinha até quatro módulos rurais.”<br />

De acordo com Daniela, teoricamente,<br />

eles poderiam ser enquadrados<br />

como agricultores familiares segundo<br />

as normas, mas foram excluídos<br />

do Programa Nacional de Fortalecimento<br />

da Agricultura Familiar (Pronaf),<br />

por empregar mais de três trabalhadores<br />

permanentes, ou ainda,<br />

tiveram renda acima do estipulado<br />

pela normativa. “São produtores pequenos,<br />

mas que não se enquadram,<br />

nem na agricultura familiar, nem na<br />

agricultura comercial. Ficamos muito<br />

preocupados com esse grupo”.<br />

A pesquisadora conta que ao final<br />

do estudo os resultados aparecem<br />

Carlos | revistacampo@faeg.com.br<br />

Especial para a Revista Campo<br />

moldando a realidade da agropecuária<br />

brasileira, até então deturpada. Foi<br />

possível traçar o perfil dos grupos de<br />

produtores existentes, estabelecer<br />

as escalas de participação na economia,<br />

produção, empregabilidade,<br />

custos e crescimento. “Tecnologia,<br />

políticas públicas e <strong>nova</strong>s demandas<br />

têm impulsionado a diversificação<br />

do setor agropecuário. O fato é que<br />

agropecuária brasileira, assim como a<br />

<strong>classe</strong> urbana, é dividida em <strong>classe</strong>s.<br />

No caso do campo <strong>classe</strong>s A/B, C e<br />

D/E”, diz.<br />

Daniela ressalta que é importante<br />

frisar, que são essas informações que<br />

vão traçar metas e estimular a adequação<br />

e a criação de <strong>nova</strong>s políticas<br />

públicas que contribuirão para o desenvolvimento<br />

dessas <strong>classe</strong>s. “Sempre<br />

existiu o produtor familiar e comercial,<br />

mas há ainda o produtor que<br />

não se enquadra em nenhuma dessas<br />

categorias, mas tem características<br />

dos dois. Essa <strong>classe</strong> precisa ter assistência<br />

ou correm o risco de passa<br />

para o nível D/E.”<br />

www.sistemafaeg.com.br


O RETRATO DAS CLASSES RURAIS NO BRASIL<br />

300 mil<br />

propriedades<br />

15,4% s áreas<br />

rurais de até 21<br />

hectares<br />

3,6 milhões de<br />

áreas rurais de<br />

até 6 hectares<br />

www.senargo.org.br<br />

R$ 130 milhões de<br />

faturamento, cinco<br />

vezes a produção<br />

da <strong>classe</strong> C<br />

60 milhões<br />

da produção<br />

bruta<br />

52% da receita é<br />

oriunda de outras<br />

rendas como<br />

aposentadoria<br />

Produz 80% dos<br />

grãos e 85% da<br />

fruticultura do País<br />

40% produz leite,<br />

17% bovinos<br />

e 13% grãos<br />

30% da renda são<br />

provenientes da<br />

produção<br />

Líder em<br />

contratações<br />

Classe A/B<br />

mão de obra é<br />

famíliar, até dois<br />

empregados<br />

permanentes e<br />

cinco temporários<br />

Classe C<br />

fonte de crédito<br />

essencial são<br />

as empresas<br />

integradoras<br />

Classe D/E<br />

É responsável por 83%<br />

da lavoura e<br />

70% da pecuária<br />

18% da <strong>classe</strong> C<br />

localiza-se na região<br />

Centro-Oeste<br />

A pecuária<br />

representa 12%<br />

e a lavoura com 6%<br />

5,2 Milhões de estabelecimentos<br />

divididos em três <strong>classe</strong>s:<br />

78,80%<br />

7,60%<br />

Valor Bruto da Produção (VBP)<br />

78,80%<br />

Renda acima<br />

de R$ 4.083 mil<br />

mês<br />

Renda de até<br />

R$ 4.083 mil<br />

mês<br />

Renda <strong>média</strong><br />

de R$ 1.455 mil<br />

mês<br />

7,60%<br />

Classe A/B<br />

Classe C<br />

Classe D/E<br />

13,60%<br />

13,60%<br />

Arte: Carlos Nascimento<br />

O perfi l<br />

das <strong>classe</strong>s<br />

A pesquisadora afirma que a<br />

<strong>classe</strong> D/E representa 70,4% do total<br />

de estabelecimentos produtores,<br />

ou seja, dos quase 5,2 milhões<br />

de estabelecimentos, mais de 3,6<br />

milhões são formados por áreas<br />

de até seis hectares. Essa <strong>classe</strong><br />

representa apenas 7,6% do valor<br />

bruto da produção (VBP), sendo<br />

assim, duas vezes menos se comparado<br />

a <strong>classe</strong> C. “O que mantêm<br />

esses produtores no ambiente<br />

<strong>rural</strong> são os programas governamentais<br />

e as aposentadorias, que<br />

representam 52% da receita. Os<br />

outros 30% são provenientes da<br />

produção e o restante são salários<br />

por fora”, explica Daniela.<br />

Ela avalia que a <strong>classe</strong> D/E<br />

concentra-se na região nordeste.<br />

A principal atividade é a pecuária,<br />

que representa 12% e a lavoura<br />

com 6%, destacando-se o feijão e<br />

o fumo. Sua maior despesa é com<br />

medicamentos, e o trabalho tem<br />

por base o grupo familiar. A fonte<br />

de crédito essencial são as empresas<br />

integradoras. Daniela aponta<br />

que o mais surpreendente da pesquisa<br />

é que a geração de renda da<br />

metade dos estabelecimentos da<br />

<strong>classe</strong> D/E gerou <strong>média</strong> de faturamento<br />

anual de R$ 1.455,00 de<br />

valor bruto da produção. “O crescimento<br />

é extremamente baixo.”<br />

A <strong>classe</strong> A/B por sua vez só é<br />

minoria em número de propriedades,<br />

pouco mais de 300 mil, representando<br />

5,8% do total de estabelecimentos.<br />

Mas com faturamento<br />

bruto de quase R$ 130 milhões,<br />

cinco vezes a produção da <strong>classe</strong><br />

C. “Essa <strong>classe</strong> vive da sua produção,<br />

somente 6% são provenientes<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 23


de outras rendas como aposentadoria,<br />

pensão, salários fora ou<br />

programas governamentais”, conta<br />

Daniela.<br />

A pesquisadora destaca que<br />

essa <strong>classe</strong> contribui com 83% da<br />

lavoura e 70% da pecuária produzida<br />

no país, em propriedades<br />

com o mínimo de 60 hectares. A<br />

<strong>classe</strong> é responsável também pela<br />

produção de 80% dos grãos e 85%<br />

da fruticultura. Os principais produtos<br />

são algodão, cana-de-açúcar,<br />

laranja, soja, trigo, arroz. Nas<br />

criações, aves, suínos, bovinos.<br />

“Em consequência, as principais<br />

despesas com insumos são com<br />

adubo e os agroquímicos. Como a<br />

tecnologia promove a mudança de<br />

<strong>classe</strong>s, quanto maior a tecnologia<br />

maior a renda líquida das <strong>classe</strong>s.”<br />

Daniela revela que a <strong>classe</strong> A/B<br />

também é líder em contratações,<br />

além da mão de obra familiar,<br />

possui uma <strong>média</strong> de oito empregados<br />

permanentes e emprega<br />

aproximadamente 13 trabalhadores<br />

temporários. Suas fontes de<br />

crédito são, principalmente, os comerciantes<br />

de matéria-prima.<br />

24 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Surge uma <strong>nova</strong> <strong>classe</strong><br />

No meio dessas duas <strong>classe</strong>s há<br />

um grupo que este estudo mostrou.<br />

Segundo a pesquisadora do Instituto<br />

Brasileiro de Economia, o que existia<br />

antes era o grupo de empresários<br />

e o familiar. Mas agora, sabe-se que<br />

existe aqueles que não são grandes<br />

produtores e também não são atendidos<br />

pelo Pronaf. “Foi justamente<br />

por essas questões que surgiu a necessidade<br />

de se estudar melhor esse<br />

grupo, utilizando os mesmo critérios<br />

adotados para definir a <strong>classe</strong> <strong>média</strong><br />

urbana. Sendo assim, conclui-se que<br />

existe a <strong>classe</strong> media <strong>rural</strong>, ou <strong>classe</strong><br />

C”, conta Daniela.<br />

No estudo, a <strong>classe</strong> <strong>média</strong> <strong>rural</strong><br />

representa 15% dos estabelecimentos<br />

produtores. Com áreas de aproximadamente<br />

21 hectares, representa<br />

mais de 60 milhões da produção<br />

bruta. Sendo que 73% desse valor é<br />

líquido. Dezoito por cento da <strong>classe</strong><br />

C localiza-se na região Centro-Oeste.<br />

O leite é sua principal atividade,<br />

40% do total da produção, 17% de<br />

bovinos e 13% de grãos. Por isso, sua<br />

maior despesa com insumos são as<br />

rações. A mão de obra é famíliar, com<br />

até dois empregados permanentes e<br />

cinco temporários.<br />

Jana Tomazelli<br />

A pesquisadora diz que a principal<br />

fonte de crédito das <strong>classe</strong>s A/B e C<br />

são os comerciantes de matérias-primas.<br />

“Observa-se que a <strong>classe</strong> <strong>média</strong><br />

<strong>rural</strong> é uma miscigenação das <strong>classe</strong>s.<br />

Até mesmo porque fica entre elas marcando<br />

o momento de transição tanto<br />

para o crescimento como para o decrescimento.”<br />

O economista e analista<br />

de mercado da <strong>Faeg</strong>, Pedro Arantes,<br />

acredita que há um equilíbrio muito<br />

grande entre produção agrícola e pecuária<br />

na <strong>classe</strong> C <strong>rural</strong>. A diferença é<br />

de menos de 10% de um para o outro.<br />

Daniela disse que a reação foi unânime,<br />

o público em geral, representantes<br />

do governo, todos ficaram preocupados<br />

e surpresos com esse grupo que<br />

está esquecido na política. Segundo<br />

Arantes, a <strong>Faeg</strong> tem acompanhado as<br />

manifestações da presidente Dilma,<br />

que se mostrou bastante preocupada<br />

com a situação, principalmente com a<br />

produção de alimentos e declarou que<br />

o setor não pode ser esquecido.<br />

O estudo implica soluções adequadas<br />

para as <strong>classe</strong>s A/B e C. Políticas<br />

focadas nas diferentes <strong>classe</strong>s, com<br />

menor viés em produtos, como tem<br />

sido historicamente. Recomenda ainda<br />

que a <strong>classe</strong> D/E deve-se beneficiar<br />

das políticas destinadas aos grupos<br />

de pobreza extrema. Além de levantar<br />

dúvidas se a política agrícola adotada<br />

pode contribuir para o contingente<br />

mais pobre dessa <strong>classe</strong>. Recomenda-<br />

-se que as empresas integradoras sejam<br />

canais para levar as políticas públicas<br />

para a <strong>classe</strong> C.<br />

A produtora <strong>rural</strong> Silvia<br />

Cordeiro e o marido Antônio<br />

Carlos mudaram de atividade e<br />

galgaram da <strong>classe</strong> D/E para a<br />

<strong>classe</strong> C sem a ajuda de políticas<br />

públicas<br />

www.sistemafaeg.com.br


A família <strong>classe</strong> C<br />

O produtor Sidneis da Silva, não<br />

tem funcionários. Ele, a esposa,<br />

Michelly Rabelo, e o filho, Marco<br />

Antônio Rabelo da Silva, tomam<br />

conta de toda a produção de leite,<br />

da propriedade de 11 alqueires, localizada<br />

no município de Vicentinópolis.<br />

“Além da área não ser muito<br />

grande, eu não vejo vantagem em<br />

ter uma pessoa a mais com um lucro<br />

tão baixo”, conta ele.<br />

A renda da família gira em torno<br />

de R$ 3 mil líquido. “Esse valor<br />

poderia ser maior, se o gasto com<br />

insumos não fosse tão grande”. Ele<br />

destaca que esse é o grande entrave<br />

na atividade, o preço da ração. “O valor<br />

do leite não aumenta de forma proporcional<br />

como a ração. Há três anos o<br />

litro do leite era de R$ 0,73 e o quilo da<br />

ração R$ 19. Hoje, o leite aumentou R$<br />

0,03 e a ração elevou R$ 11. É um valor<br />

absurdo, que compromete o desenvolvimento<br />

da atividade”, denuncia.<br />

Para Sidneis, o que facilita é o convênio<br />

existente com uma firma de cereal,<br />

onde o valor da ração sai R$ 9<br />

mais barata. “Eu consigo comprar o<br />

alimento do gado hoje por R$ 22, com<br />

frete, o total sobe para R$ 25, o que<br />

para mim já é vantagem”. O produtor<br />

gasta em <strong>média</strong> R$ 3 mil com a manutenção<br />

do gado. “Nossa renda bruta é<br />

de R$ 6 mil”<br />

Para ele, o poder público apoia somente<br />

o grande produtor, o pequeno<br />

sempre sai lesado. “A empresa que eu<br />

revendo o leite é um exemplo disso.<br />

Nós que produzimos cerca de 300 litros<br />

diariamente, recebemos apenas<br />

R$ 0,79, enquanto o grande recebe um<br />

montante de R$ 0,90 por litro. O que<br />

facilitou para mim, foram os treina-<br />

www.senargo.org.br<br />

Sidneis da Silva e sua família cuidam sozinhos de toda a produção<br />

de leite, de 11 alqueires em Vicentinópolis<br />

mentos do Senar, que me deram outra<br />

visão do negócio e me ajudaram a<br />

gastar menos na propriedade”, conta.<br />

Samuel Diniz é um desses pecuaristas,<br />

ofício passado de pai para filho,<br />

ele trabalha há cinco anos com a<br />

criação de gado leiteiro, também em<br />

Vicentinópolis. O produtor emprega<br />

um funcionário e consegue ter renda<br />

entre R$ 1,6 mil e R$ 1,8 mil mensais.<br />

Com planos de melhorar o rebanho,<br />

pretende começar, no próximo ano,<br />

um trabalho de inseminação, além<br />

de dar início à plantação de milho ou<br />

soja. O pecuarista revela que o grande<br />

entrave é o custo com a ração. “Falta<br />

recursos, não temos nenhuma ajuda<br />

do governo. O pequeno não tem jeito<br />

de crescer, fica parado”.<br />

A produtora <strong>rural</strong> Silvia Cordeiro,<br />

há cerca de um ano, sentiu-se obrigada<br />

a mudar a atividade no campo.<br />

Ela e o marido Antônio Carlos Luiz da<br />

Silva, trabalhavam com gado leiteiro,<br />

mas a atividade não estava dando o<br />

retorno necessário.<br />

Ela conta que sem auxílio do governo,<br />

passou a plantar hortaliças no<br />

Jana Larissa Tomazelli Melo<br />

quintal de casa. “Aos poucos fomos<br />

percebendo que o retorno das folhagens<br />

estava vindo muito mais rápido<br />

do que com o leite.” A família que tirava<br />

R$ 600 por mês, passou a lucrar<br />

R$ 2 mil. “Foi um diferencial enorme<br />

na nossa vida. Abandonamos o gado<br />

leiteiro e passamos a trabalhar somente<br />

com as hortaliças”, diz.<br />

Mesmo com a renda praticamente<br />

triplicada, Silvia conta que não optou<br />

por ter funcionários na chácara. Ela e<br />

o marido são responsáveis pela plantação,<br />

colheita e venda das folhagens.<br />

“Já não temos auxílio. Se formos gastar<br />

com mão de obra, teríamos que<br />

tirar da nossa própria casa”, avalia.<br />

Já Elieser Rodrigues de Lima é<br />

criador de gado de leite na Ilha do<br />

Bananal, na divisa dos Estados de<br />

Goiás e Tocantins. A profissão é divida<br />

com a esposa. Sua renda mensal<br />

é de aproximadamente R$ 2,5 mil<br />

mensais.<br />

Sem nenhum incentivo do governo,<br />

o pecuarista tenta progredir,<br />

embora a ração do gado seja muito<br />

onerosa.<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 25


EMPREGOS<br />

26 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Oportunidades<br />

no campo<br />

O período da safra aumenta em<br />

até 40% o número de empregos<br />

avulsos no meio <strong>rural</strong><br />

Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />

MAIORES MUNICÍPIOS GOIANOS EM NÚMERO<br />

DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS<br />

Goiânia 2.565 propriedades<br />

Rio Verde 2.467 propriedades<br />

Jataí 1.682 propriedades<br />

Mineiros 1.237 propriedades<br />

Itumbiara 1.104 propriedades<br />

Quirinópolis 1.082 propriedades<br />

Catalão 972 propriedades<br />

Morrinhos 981 propriedades<br />

Piracanjuba 928 propriedades<br />

Cristalina 854 propriedades<br />

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais de 2005 a 2008<br />

www.sistemafaeg.com.br<br />

Shu erstock


A<br />

oportunidade de arrumar um<br />

emprego temporário no meio<br />

<strong>rural</strong>, principalmente na região<br />

sudoeste de Goiás, aumenta significativamente<br />

nessa época do ano. O período<br />

da safra da soja e da cana-de-açúcar,<br />

que vai de janeiro a abril, exige do mercado<br />

mão de obra extra, principalmente<br />

para os trabalhadores que sabem operar<br />

máquinas agrícolas. Nas duas principais<br />

cooperativas da região sudoeste, o número<br />

de pessoas contratadas aumenta<br />

cerca de 40%. De acordo com o presidente<br />

da Comissão da Técnica para área<br />

de cereais, fibras e oleaginosas da <strong>Faeg</strong>,<br />

Flávio Faedo, o aumento se dá, especialmente,<br />

por se tratar de um pólo agroindustrial.<br />

Segundo o presidente da Cooperativa<br />

Agroindustrial dos Produtores Rurais<br />

do Sudoeste Goiano (Comigo), Antônio<br />

Chavaglia, a empresa, que fica em Rio<br />

Verde, tem 1,8 mil funcionários contratados<br />

e o número é insuficiente para a<br />

demanda nesse início de ano. Antônio<br />

explica que cerca de 600 funcionários<br />

foram contratados. “No ano passado foram<br />

500, esse ano o número já subiu. E<br />

esse aumento se dá pela necessidade de<br />

mão de obra tanto na zona <strong>rural</strong> como<br />

nas empresas de grãos. Pessoas até de<br />

outros estados vêm para a região à procura<br />

de trabalho”, revela.<br />

A Cooperativa Mista Agropecuária do<br />

Vale do Araguaia (Comiva), localizada<br />

em Mineiros, também tem a necessidade<br />

de aumentar sua mão de obra nessa<br />

época do ano. “Nós dominamos a<br />

modalidade de prestadores de serviços<br />

temporários”, explica a supervisora do<br />

departamento de recursos humanos da<br />

Comiva, Tatiane Morais. Segundo ela, as<br />

pessoas são selecionadas através do Sindicato<br />

dos Trabalhadores Rurais, que realiza<br />

as contratações avulsas.<br />

De acordo com a supervisora, na<br />

empresa, ao todo existem 246 funcionários.<br />

De janeiro a abril esse número<br />

www.senargo.org.br<br />

vai para 300, totalizando um aumento<br />

de mais de 20%. Para Tatiane, as contratações<br />

são necessárias para atender a<br />

demanda de serviços neste período de<br />

safra, pois o produtor associado conta<br />

com a Cooperativa para o recebimento<br />

e armazenamento de seus grãos com<br />

qualidade e agilidade. “Por isso, fazemos<br />

um trabalho planejado juntamente<br />

com os gestores de cada área para que<br />

tenhamos êxito nas contratações e com<br />

antecedência para atender os nossos<br />

clientes. Buscamos profissionais com<br />

qualificação e perfil para cada cargo solicitado.<br />

Acreditamos que assim, conseguimos<br />

atender nossos associados com<br />

mais qualidade, confiança e agilidade”,<br />

destaca.<br />

Contratações<br />

O jovem Reginaldo do Campo, 25, estava<br />

desempregado há três meses. Ele<br />

sentia a necessidade de um trabalho e<br />

decidiu distribuir currículos nas principais<br />

empresas de Rio Verde. Para a sorte<br />

de Reginaldo, uma dessas instituições<br />

estava contratando funcionários para<br />

trabalhos temporários. Ele fechou contrato<br />

com a empresa para prestar serviço<br />

de 45 dias como auxiliar de operador<br />

de máquina. “Dependendo da minha<br />

agilidade, esse contrato pode aumentar<br />

para mais 45 dias”, conta.<br />

Ele relata que os empregos oferecidos<br />

nessa época da safra estimulam os trabalhadores<br />

que muitas vezes não arrumam<br />

emprego pela falta de oportunidade.<br />

“Acredito que cabe ao funcionário<br />

dar o seu melhor para esse contrato se<br />

tornar permanente. A minha expectativa<br />

aqui é essa, me tornar funcionário<br />

efetivo da empresa”, revela.<br />

A auxiliar de escritório, Beatriz<br />

Rodrigues, 25, também faz parte<br />

das contratações avulsas. De<br />

acordo com ela, o contrato com a<br />

empresa é de três meses de<br />

trabalho, com a oportu-<br />

nidade de se tornar permanente. “Minha<br />

vontade é de ficar na empresa, estou<br />

gostando muito da rotina. Mas em<br />

todo caso, se eu não for efetivada, pelo<br />

menos, vou ter mais experiência na área<br />

administrativa, que sem dúvidas é um<br />

diferencial enorme na hora de arrumar<br />

outro emprego”, conta ela.<br />

Dados<br />

Segundo um trabalho realizado pelo<br />

curso de Economia da Universidade Federal<br />

de Goiás (UFG), baseado nos dados<br />

da Relação Anual de Informações<br />

Sociais (Rais), entre os anos de 2005 e<br />

2008, a região de planejamento com a<br />

maior quantidade de estabelecimentos<br />

é a do Sudoeste goiano, onde estão localizados<br />

os municípios de Rio Verde,<br />

Jataí e Mineiros. Essas cidades são as<br />

maiores em número de estabelecimentos<br />

agropecuários na atividade de agricultura,<br />

pecuária e de serviços relacionados.<br />

O estudo da UFG aponta também<br />

que a renda <strong>média</strong> goiana, em reais,<br />

era, em 2008, de R$1.106,26 e R$<br />

795,22 na agropecuária. Os dados revelam<br />

ainda que a maior parte dos empregados<br />

na atividade são homens. Em<br />

2008, 85,79% dos empregados eram<br />

do sexo masculino e 14,21% mulheres.<br />

No mesmo ano, 0,53% dos funcionários<br />

possuía até 17 anos de idade;<br />

14,73% possuíam de 18 a 24 anos;<br />

16,81% de 25 a 29 anos; 32,33% de<br />

30 a 39 anos; 22,10% de 40 a 49 anos;<br />

12,88% de 50 a 64 anos e 0,62% com<br />

65 anos ou mais.<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 27


Shu erstock<br />

CUNICULTURA<br />

Rica em proteína, com excelente<br />

valor biológico, sabor leve (semelhante<br />

à carne de frango),<br />

baixo teor de gordura e de colesterol<br />

são algumas das características da<br />

carne de coelho. Mesmo com tantas<br />

qualidades o alimento não faz parte<br />

do dia a dia dos brasileiros.<br />

Prova disso é o consumo por habitante.<br />

Enquanto o consumo de aves<br />

chega a cerca de 40 quilos por habitante<br />

ao ano, seguidas da carne suína,<br />

15,5 quilos, a quantidade de carne de<br />

coelho consumida é de aproximadamente<br />

100 gramas por habitante a<br />

cada ano.<br />

A criação de coelhos ou cunicultura,<br />

e mostra uma boa atividade<br />

28 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Mais<br />

lucrativos<br />

que boi<br />

Mercado ainda pouco explorado abre<br />

uma janela de oportunidades<br />

de lucros rápidos<br />

para quem quer velocidade no retorno<br />

financeiro. Com apenas 30 matrizes<br />

e cinco reprodutores, é possível<br />

ter uma rentabilidade de 60%.<br />

A criação de coelhos pode ser um<br />

negócio lucrativo, tanto para a venda<br />

de animais de estimação quanto<br />

para a venda da carne. Uma coelha<br />

pode dar mais de 60 filhotes por<br />

ano.<br />

Cada coelho rende 1,5 quilos de<br />

carne, sendo assim, o criador pode<br />

obter cerca de 70 quilos de carne. A<br />

carne pode ser vendida com o preço<br />

de R$ 17 o quilo. Desta forma,<br />

uma coelha pode render cerca de R$<br />

1.200 por ano, mais rentável que a<br />

carne bovina.<br />

Leydiane Alves | leydiane@faeg.com.br<br />

E mesmo com tamanha facilidade<br />

de lucros, a expansão do mercado<br />

é considerada fraca. A afirmativa<br />

é do presidente da Associação<br />

de Criadores de Brasília (ACB) e<br />

Entorno, o cunicultor, Teobaldo<br />

Tadeu Galvão. “Dados colhidos recentemente<br />

apontam para uma demanda<br />

reprimida no Centro-Oeste.<br />

São cerca de 40 toneladas por mês”,<br />

afirma. Galvão é cunicultor há seis<br />

anos, mas apenas há doze meses<br />

tem focado sua criação para o abate.<br />

Ele conta que em sua chácara, localizada<br />

em Novo Gama (GO), a 177<br />

quilômetros de Goiânia, é produzida<br />

mensalmente uma <strong>média</strong> de 150<br />

coelhos. “A nossa perspectiva é de<br />

www.sistemafaeg.com.br


De acordo com Galvão as fêmeas alcançam a maturidade<br />

seis meses e produz em até os três anos de idade.<br />

nos próximos três anos elevar esse<br />

número para 1.200.”<br />

Galvão explica que, o aumento<br />

da produção se dá pela facilidade<br />

de uma coelha gerar filhotes. De<br />

acordo com ele, as fêmeas alcançam<br />

a maturidade aos seis meses e<br />

produzem até os três anos de idade.<br />

“Elas podem ter até oito gestações<br />

em um único mês. Sendo que<br />

em cada prenhez pode gerar de 10 a<br />

12 láparos”. O número do rebanho<br />

de Galvão equivale a 45 matrizes e<br />

cinco reprodutores, em um galpão<br />

de 50 metros quadrados. Ele afirma<br />

que atualmente trabalha apenas<br />

www.senargo.org.br<br />

com a venda da carne, que são comercializadas<br />

para supermercados,<br />

restaurantes, casa de carnes e até<br />

para escolas estaduais. “Eu aproveito<br />

só a carne. Mas tem cunicultores<br />

que usam tudo, a pele, o pelo, as<br />

vísceras, o cérebro, o sangue, a urina<br />

e o esterco”, explica.<br />

Expansão<br />

O cunicultor Cláudio Duarte,<br />

está no ramo há quase 40 anos, ele<br />

faz parte da Coelho e Cia, uma associação<br />

criada para divulgar em todo<br />

o País as vantagens da cunicultura.<br />

Ele afirma que a entidade tem se<br />

organizado com outras associações,<br />

cooperativas e federações, espalhadas<br />

por todo o território nacional.<br />

“Há cinco anos estamos tentando<br />

reunir todos os atores e levando as<br />

discussões para um local comum”,<br />

conta.<br />

De acordo com ele, nesses espaços,<br />

são reunidos cunicultores profissionais<br />

que atuam na área, bem<br />

como alunos, professores, pesquisadores,<br />

industriais, donos de abatedouros<br />

do Rio Grande do Sul,<br />

Paraná, Santa Catarina, São Paulo,<br />

Espírito Santo, Minas Gerais e Distrito<br />

Federal. “Em 2011 realizamos<br />

Jana Tomazelli<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 29


o segundo Encontro Nacional de<br />

Cunicultores e aí vieram pessoas<br />

também do Nordeste, Pernambuco<br />

e Rio Grande do Norte.” Cláudio diz<br />

que em 2012, a expectativa é aumentar<br />

a participação em quantidade<br />

e representatividade, contando<br />

com cunicultores também do norte<br />

do país.<br />

Nos estudos apresentados pelos<br />

cunicultores no Encontro foi possível<br />

perceber em qual região a cunicultura<br />

se mantém mais forte. “O<br />

maior volume de venda é São Paulo,<br />

não porque consome, mas porque é<br />

o centro comercial do Brasil. O consumo<br />

fica bem dividido, o Sudeste<br />

e a região Sul são os maiores consumidores.”<br />

Ele explica que no Centro-oeste,<br />

o Distrito Federal é o mais avançado<br />

nesta atividade. “Goiás tem cunicultores<br />

espalhados por Formosa,<br />

Planaltina, Goiânia e recentemente<br />

descobriram um criador em Bela<br />

Vista de Goiás. Não são muitos, mas<br />

a expansão já é notada.”<br />

Recentemente, o cunicultor recebeu<br />

solicitações de pessoas de Goiânia<br />

e Silvânia interessados em iniciar<br />

uma criação. “Já me coloquei à<br />

disposição para ajudá-los e, inclusive,<br />

recebi em minha propriedade<br />

três pessoas de Goiás que vieram<br />

ver meu plantel e aprender como se<br />

cria coelhos para o abate”, revela.<br />

Cláudio conta que, atualmente,<br />

procura mostrar para a população<br />

que a cadeia produtiva do coelho<br />

tem que ser respeitada por todos.<br />

“Há quem produza a ração, quem<br />

fabrica as gaiolas e acessórios, outros<br />

produzem matrizes e reprodutores,<br />

outros engordam os animais,<br />

abatem e comercializam. É todo um<br />

processo que trabalha em prol da<br />

cunicultura”, acrescenta.<br />

O cunicultor conta que existem<br />

abatedouros por todo o Brasil, mas<br />

o maior deles está em Salto de Pirapora,<br />

interior paulista. “Claro que<br />

existem em outros estados como<br />

Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espí-<br />

30 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Segundo Cláudio, o consumo da carne fi ca dividido entre as regióes Sul e Sudeste<br />

rito Santo, Santa Catariana, Paraná<br />

e até na região do Nordeste.” Já no<br />

rebanho a região que se destaca é a<br />

Sul, com 55% em todo o País. Dados<br />

do Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística (IBGE) mostram que<br />

em segundo está o Nordeste com<br />

5%, seguido do Norte de Centro-<br />

-Oeste, ambos com 1%.<br />

Para aumentar o consumo da carne<br />

no Brasil, Cláudio explica que é<br />

preciso incentivar a oferta. “Temos<br />

que organizar uma rede nacional<br />

de produção, coordenada conjuntamente<br />

com os abatedouros. Basta<br />

colocar uma receita de coelho em<br />

qualquer programa de culinária e<br />

no dia seguinte não teremos carne<br />

suficiente para atender a demanda.”<br />

Mas ele reitera que o grande problema<br />

encontrado pelos profissionais<br />

não é a falta de consumidores, mas<br />

a quase inexistência de uma rede de<br />

produção.<br />

Nos últimos três anos, o estado<br />

que mais produziu a carne de coelho<br />

foi o Rio Grande do Sul, chegando<br />

a 46% da produção no Brasil. O Paraná<br />

foi o segundo maior produtor,<br />

com uma demanda de 19%. Já Santa<br />

Catarina ocupa a terceira colocação<br />

com 18%, seguido de São Paulo com<br />

17%. Os demais estados nem aparecem<br />

no estudo. “Temos que incentivar<br />

essa produção. Até mesmo para<br />

as pessoas conhecerem mais sobre<br />

as vantagens de consumir a carne<br />

de coelho”, conclui Cláudio.<br />

Jana Tomazelli<br />

www.sistemafaeg.com.br


VANTAGENS DA CUNICULTURA<br />

Elevada prolificidade e produtividade - Uma<br />

coelha poderá produzir cerca de 60 filhotes por<br />

ano. A partir de uma fêmea, poderão ser obtidos<br />

aproximadamente 70 kg .<br />

Alta qualidade nutricional - A carne do<br />

coelho apresenta cerca de 21% de proteína, 8% de<br />

gorduras e apenas 50 mg/100g de colesterol o que<br />

a destaca como excelente alimento, principalmente<br />

para idosos.<br />

Baixa necessidade de área útil - O coelho<br />

é um animal que exige pouco espaço. Em uma<br />

gaiola de 60 x 60 cm é possível alojar um animal<br />

em reprodução e quatro animais em crescimento.<br />

Trabalho leve - O trabalho da granja pode<br />

ser realizado por mulheres, idosos e crianças, se<br />

adaptando bem a sistemas de agricultura fami-<br />

Desenvolvida nos Estados<br />

Unidos é das mais<br />

populares no Brazil e no<br />

mundo, sobretudo a variedade<br />

branca. Há também<br />

a vermelha e a preta. É de<br />

porte médio, precoce, com<br />

grande aptidão para a produçãoddução<br />

ã de dde carne e também ttambém bé<br />

pele, podendo pesar até<br />

5,5 quilos.<br />

Cunicultura.com<br />

Raça americana para<br />

carne e pele surgiu de<br />

cruzamentos nos quais<br />

entraram a Nova Zelândia<br />

e a Chinchila. Chega a<br />

4,5 quilos e tem pelagem<br />

branca, exceto no focinho,<br />

pés, orelhas e rabo, que<br />

são escuros<br />

escuros<br />

liar, onde a família é responsável por toda a mão<br />

de obra.<br />

Geração de esterco de alta qualidade - O esterco<br />

produzido na criação de coelhos é de altíssima<br />

qualidade para as plantas e considerado,<br />

por horticultores, como um excelente adubo orgânico.<br />

Possibilidade do aproveitamento de subprodutos<br />

do abate - Da carcaça do coelho, pode-se<br />

aproveitar praticamente tudo como o sangue, a<br />

pele, o cérebro, as vísceras, etc.<br />

Baixa necessidade de água - Diferentemente<br />

das atividades de suinocultura, avicultura e<br />

bovinocultura intensiva, não há grande consumosde<br />

água mesmo para higienização das instalações.<br />

RAÇAS BOAS DE CORTE<br />

Fonte: Associação Científica Brasileira de Cunicultura<br />

Nova Zelândia Califórnia Gigante de Bouscat<br />

Cunicultura.com<br />

Desenvolvida na França,<br />

foi obtida a partir de<br />

cruzamentos de outras<br />

raças gigantes com a angorá,<br />

razão pela qual tem<br />

pelos mais compridos do<br />

que a maioria dos coelhos.<br />

Tem bom rendimento de<br />

carcaça e pesa até 7 quilos.<br />

Fonte: Coelho & Cia<br />

Cunicultura.com<br />

Shu erstock


CAMPO RESPONDE<br />

Tenho interesse em plantar parreiras em Jaraguá, Norte goiano. Onde encontro mudas de variedades<br />

sem sementes? Também gostaria de receber prospectos da lavoura.<br />

Roberto Moraes<br />

A cultura da uva tem se desenvolvido em Goiás e já temos atraído pesquisadores para o Estado. Você<br />

pode conseguir mais informações sobre a condução da lavoura, mudas e variedades, com a Vinícola<br />

Goiás, no município de Itaberaí; os pioneiros na cultura no Estado e parceiros de várias instituições.<br />

O e-mail: viticulturaitaberai@hotmail.com<br />

CONSULTOR: ALEXANDRO ALVES, assessor técnico da <strong>Faeg</strong> para a área de fruticultura.<br />

Gostaria de saber quando vão ser abertas as inscrições para o PER 2012.<br />

Quando começa o curso, os horários, local e onde faço inscrição?<br />

Carlos Gabriel<br />

O Programa Empreendedor Rural (PER-GO) é demandado através dos Sindicatos Rurais. Mais de 130 municípios<br />

goianos possuem Sindicatos. Caso seu município não tenha Sindicato, você deve entrar em contato com o coordenador<br />

de ações e projetos do Senar, em Goiás, Fernando Veiga, que lhe enviará uma ficha de inscrição do programa e lhe<br />

informará sobre a abertura de turma em seu município.<br />

Os contatos são: fernando@senar-go.com.br ou telefone celular: (62) 9968-1156.<br />

CONSULTOR: FERNANDO VEIGA, Coordenador de ações e projetos do Senar, em Goiás.<br />

Envie suas dúvidas para revistacampo@faeg.com.br. Não se esqueça de colocar<br />

nome completo, a região onde mora e a cultura que produz. Envie-nos também<br />

fotos do assunto que pretende obter resposta.<br />

32 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

www.sistemafaeg.com.br<br />

Shu erstock


Receita elaborada por Ângelo<br />

Armando de Paula, instrutor e<br />

educador de cozinha <strong>rural</strong> e de<br />

panifi cação <strong>rural</strong> do Senar, em<br />

Goiás.<br />

RECHEIO<br />

02 cebolas grandes picadas<br />

06 dentes de alho picados<br />

1/2 kg de carne moída<br />

sal e pimenta do reino a gosto<br />

PREPARO: Em uma panela aqueça<br />

o óleo e refogue o alho e a cebola.<br />

Acrescente a carne moída e o sal<br />

com a pimenta a gosto e deixe fritar.<br />

Reserve.<br />

Envie sua sugestão de<br />

receita para<br />

revistacampo@faeg.com.br<br />

ou ligue (62) 3096-2200.<br />

www.senargo.org.br<br />

DELÍCIAS DO CAMPO<br />

Pastel frito<br />

MASSA<br />

01 kg de farinha de trigo<br />

1/2 copo americano de óleo<br />

05 colheres de sopa de pinga (qualquer uma)<br />

01 ovo inteiro<br />

02 colheres de sopa de sal<br />

Água até dar o ponto<br />

DICA<br />

O recheio pode ser<br />

a gosto, mas deve<br />

ser seco e não<br />

molhado.<br />

PREPARO: Em uma vasilha ponha a farinha de trigo, o óleo, a pinga e o ovo. Faça uma<br />

farofa. Vá colocando a água e o sal aos poucos até a massa desgrudar das mãos. Deixe<br />

descansar por uma hora. Leve a massa ao cilindro, com farinha para não grudar e vá<br />

abrindo até ficar fininha. Em seguida, depois que o recheio estiver frio, coloque no centro<br />

da massa e feche. Corte com a ajuda de um cortador de pastéis. Frite os pasteis em uma<br />

panela funda e larga e com uma escumadeira. Vá virando os pasteis de um lado para o<br />

outro até dourar.<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 33<br />

Ângelo Armando


CASO DE SUCESSO<br />

Lucro doce<br />

Criador de abelhas aumentou a renda em 30%<br />

após participar de treinamentos do Senar e, hoje,<br />

comercializa dois mil quilos de mel por ano<br />

Edson Jorge da Silva, 46, é professor<br />

em Vicentinópolis, e<br />

há cinco anos trabalha com<br />

apicultura. Ele não esconde o amor<br />

pela atividade e gosta de contar<br />

como as abelhas mudaram sua vida.<br />

“Elas representam para mim melhora<br />

na saúde, aumento na qualidade<br />

de vida e preservação do meio ambiente.<br />

“A ideia de trabalhar com os<br />

insetos surgiu mais por necessidade<br />

do que por vontade”. O apicultor<br />

conta que existiam enxames que<br />

estavam comprometendo a saúde do<br />

gado leiteiro, na<br />

propriedade<br />

de seu<br />

sogro. “Não<br />

34 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

sabíamos o que fazer. Eu não queria<br />

queimar os insetos, porque sabia<br />

que atingiria de alguma forma o<br />

meio ambiente”.<br />

Ele decidiu então se dedicar à<br />

apicultura, mas a falta de conhecimento<br />

quase o matou. “Eu decidi<br />

mudar as abelhas de lugar e começar<br />

com a criação. Mas como não tinha<br />

experiência acabei sendo atacado<br />

pelo enxame que quase me matou.”<br />

Decidido a continuar com a apicultura<br />

e fazer a atividade dar certo, ele<br />

procurou ajuda no Sindicato Rural<br />

do município e solicitou um curso de<br />

apicultura, ministrado pelo Serviço<br />

de Aprendizagem Rural (Senar), em<br />

Goiás. “Lembro que quando procurei<br />

ajuda no Sindicato não tinha muitas<br />

pessoas na região que se interessavam<br />

pelo curso. Foi preciso que eu<br />

saísse pelas propriedades mais próximas,<br />

convidando as pessoas para<br />

fazer o treinamento”, conta.<br />

Depois de alguns meses, ele<br />

conseguiu reunir uma turma de dez<br />

apicultores, que fizeram o curso,<br />

gratuitamente, pelo Senar. Para Edson,<br />

a oportunidade de participar<br />

do aprendizado foi um divisor de<br />

águas na atividade. “O curso é tudo<br />

na vida de um produtor <strong>rural</strong>. Eu<br />

acredito que sem o devido conhecimento,<br />

a atividade não tem sucesso.<br />

E com certeza eu teria desistido da<br />

apicultura no primeiro ano”, revela.<br />

Shu erstock<br />

www.sistemafaeg.com.br


O criador de abelhas em Vicentinópolis, Edson Jorge, conta que a atividade mudou sua vida e a renda da família<br />

O comprometimento de Edson foi<br />

um diferencial no crescimento. Ele<br />

destaca que se dedicou com à atividade,<br />

e pouco depois de dois meses<br />

após o curso já contabilizava lucro.<br />

Atualmente ele é o maior distribuidor<br />

de mel do município, abastecendo os<br />

principais comércios da região e residências.<br />

A atividade se tornou uma<br />

importante renda extra para família.<br />

“O meu lucro aumentou cerca de<br />

30%, o que eu considero um grande<br />

avanço.” Ele vende dois mil quilos de<br />

mel anualmente.<br />

Terapia<br />

Para Jorge, o dinheiro nem foi o<br />

grande diferencial. Ele gosta de destacar<br />

que as abelhas mudaram sua<br />

saúde. Ele é adepto da apiterapia, a<br />

utilização de produtos derivados das<br />

abelhas para tratamento terapêutico.<br />

Nestes casos, são utilizados o mel, o<br />

pólen, a geleia real e as apitoxinas das<br />

picadas das abelhas. “Desde criança<br />

eu tenho uma deficiência no pé, onde<br />

www.senargo.org.br<br />

eu sinto muita dor quando faço algum<br />

esforço. O tratamento com as apitoxinas<br />

praticamente me curou. Outro<br />

problema que eu enfrentava era uma<br />

inflamação no ombro, que também<br />

foi solucionada com a terapia.”<br />

A família de Edson também recebe<br />

as vantagens dos derivados da<br />

abelha. Ele conta que o sogro sempre<br />

teve problema de respiração, e após<br />

o uso do própolis, sua saúde melhorou.<br />

“Considero que a descoberta da<br />

atividade foi um acontecimento importante<br />

para minha vida.” Ele acrescenta<br />

ainda que as abelhas mudaram<br />

o visual da fazenda e região. “Com<br />

a polinização das flores, diversas<br />

plantas frutíferas nasceram por<br />

aqui”, revela.<br />

Ao todo, Edson ministra 25<br />

caixas de enxames,<br />

com cerca de<br />

50 mil abelhas<br />

em cada. O<br />

apicultor ressalta<br />

que além de aprender<br />

corretamente a produzir o mel, ele<br />

soube também fazer a cera e o própolis.<br />

“O curso do Senar durou apenas<br />

quatro dias. Mas foi tempo suficiente<br />

para desenvolver corretamente a<br />

atividade. Eu sou inteiramente grato<br />

pela a oportunidade”, destaca.<br />

Edson ficou tão satisfeito com<br />

o trabalho do Sindicato Rural e do<br />

Senar que decidiu se tornar um mobilizador.<br />

“Acredito no trabalho do<br />

Senar e acho que é extremamente relevante<br />

levar a toda população a necessidade<br />

e importância dos cursos<br />

e treinamentos. Como para mim foi<br />

uma mudança extremamente positiva,<br />

penso que pode ser assim para<br />

outras pessoas também”,<br />

acrescenta.<br />

Shu erstock<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 35<br />

Jana Tomazelli


CURSOS E TREINAMENTOS<br />

Produção de ovos<br />

para incubação<br />

* Cristiano Ferreira da Silveira | cristianofsilveira@yahoo.com<br />

EM JANEIRO, O SENAR PROMOVEU<br />

116<br />

12<br />

Na área de<br />

agricultura<br />

36 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL<br />

46<br />

Em atividade<br />

de apoio<br />

agrossilvipastoril<br />

6<br />

Na área de<br />

silvicultura<br />

3<br />

Na área de<br />

agroindústria<br />

4<br />

Na área de<br />

aquicultura<br />

32<br />

Na área de<br />

pecuária<br />

13<br />

Em atividades<br />

relativas à<br />

prestação de<br />

serviços<br />

www.sistemafaeg.com.br


12<br />

Alimentação<br />

e nutrição<br />

www.senargo.org.br<br />

31<br />

CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL<br />

2<br />

Gustavo Milanez<br />

Organização<br />

Comunitária<br />

1<br />

Saúde e<br />

Alimentação<br />

Rhudy Crysthian<br />

rhudy@faeg.com.br<br />

Na produção de ovos para<br />

incubação, buscam-se práticas<br />

para concentrar a postura<br />

nos ninhos, o correto manejo<br />

da composteira, o recebimento de<br />

frangas para o início da produção,<br />

o manejo diário da produção dos<br />

ovos, manejo dos machos e da água<br />

são alguns dos tópicos oferecidos<br />

pelo curso de Produção de Ovos<br />

para a Incubação, do Senar, em<br />

Goiás. Tanto o manejo dos ninhos<br />

na pré-postura como a utilização<br />

de um número adequado de coletas<br />

diárias, contribuem na obtenção de<br />

ovos limpos e com menor grau de<br />

contaminação. Além disso, o peso<br />

do ovo e a qualidade da casca são<br />

fatores importantes na produção<br />

do ovo fértil. Para participar desse<br />

treinamento, o interessado deve ter<br />

idade mínima de 18 anos. O treinamento<br />

tem duração de 40 horas<br />

com 16 vagas em cada turma.<br />

5<br />

Prevenção<br />

de acidentes<br />

Para mais informações sobre os treinamentos<br />

e cursos oferecidos pelo Senar, em Goiás, o<br />

contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo<br />

site: www.senargo.org.br<br />

11<br />

Artesanato<br />

1791<br />

PRODUTORES E<br />

TRABALHADORES<br />

RURAIS<br />

CAPACITADOS<br />

Fevereiro/2012 CAMPO | 37


Mendel Cor zo<br />

CAMPO ABERTO<br />

Maria de Fátima<br />

Araújo de Farias<br />

Coordenadora<br />

de ação social do<br />

Senar, em Goiás.<br />

38 | CAMPO Fevereiro/2012<br />

Qualidade de vida<br />

para um trabalho<br />

efi ciente no campo<br />

Maria de Fátima Araújo de Farias<br />

fatima@senargo.org.br<br />

A<br />

humanidade vive numa<br />

era onde o bem-estar<br />

animal tem sido muito<br />

discutido e valorizado. E o bem<br />

-estar humano, como é discutido?<br />

A Escola Nacional de Saúde<br />

Pública afirma que as dores nas<br />

costas afetam três em cada dez<br />

brasileiros. Em 2010, o Ministério<br />

da Previdência divulgou que 77<br />

mil trabalhadores foram afastados<br />

de seus empregos, no campo e<br />

na cidade, devido a problemas<br />

posturais.<br />

A Confederação da Agricultura<br />

e Pecuária do Brasil e o Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem Rural<br />

(Sistema CNA/SENAR), criaram<br />

o Programa Trabalho Decente:<br />

Educação Postural no Campo,<br />

direcionado aos produtores<br />

e trabalhadores rurais. Ele<br />

segue normas da Organização<br />

Internacional do Trabalho (OIT)<br />

e tem por objetivo capacitar os<br />

instrutores para a educação de<br />

produtores e trabalhadores rurais<br />

com informações básicas sobre a<br />

melhor postura corporal, durante a<br />

realização das atividades diárias no<br />

campo.<br />

Com esta iniciativa, o<br />

programa estimula os moradores<br />

da zuna <strong>rural</strong> a contribuírem mais<br />

com a atividade agropecuária,<br />

na medida em que fornece<br />

informações detalhadas sobre as<br />

posturas corporais corretas para<br />

o exercício das atividades que<br />

os produtores e trabalhadores<br />

desenvolvem cotidianamente.<br />

Fornecer informações sobre como<br />

desenvolver postura correta é<br />

um passo importante para evitar<br />

doenças ocupacionais e patologias<br />

da coluna que são campeãs em<br />

incidência no mundo trabalhista em<br />

todas as suas áreas de atuação.<br />

A prevenção de acidentes<br />

e lesões do trabalho – além da<br />

primazia à qualidade de vida às<br />

pessoas do campo – permeiam as<br />

ações do programa, desenvolvido<br />

como tema transversal em todos os<br />

cursos e treinamentos do Senar, em<br />

Goiás. A postura correta é aquela<br />

que permite liberdade e variação<br />

de movimento. Contrariamente,<br />

postura ruim é aquela que provoca<br />

um movimento ruim, com maior<br />

dispêndio de energia, esforço, dor,<br />

e, consequentemente, lesão.<br />

Informação para educar e<br />

reeducar. Fazendo da informação<br />

a base para educação, espera-se<br />

como resultado mais saúde e<br />

qualidade de vida na zona <strong>rural</strong>.<br />

Sendo a informação utilizada para<br />

reeducar o movimento corporal, é<br />

necessário informar ao trabalhador<br />

a razão da adoção desses novos<br />

hábitos, pois ninguém se protege<br />

do que desconhece. Informação é<br />

uma ferramenta poderosa!<br />

Conscientizar é algo ativo<br />

e constante. Portanto, levar<br />

informação aos produtores e<br />

trabalhadores rurais quanto ao<br />

conforto, saúde e segurança na<br />

realização de suas atividades<br />

diárias no campo é imprescindível<br />

para a construção de novos<br />

hábitos. Entre esses novos hábitos<br />

podemos destacar a postura<br />

correta durante a realização das<br />

tarefas e alongamentos antes e<br />

após determinados trabalhos como<br />

capina, plantio, colheita manual,<br />

poda, utilização de máquinas<br />

agrícolas, pulverização costal<br />

manual, ordenha manual, trabalho<br />

com equinos, entre outros.<br />

Lançado em Goiás em janeiro<br />

deste ano, o programa trabalha<br />

reeducação postural como tema<br />

transversal em todos os eventos<br />

do Sistema FAEG/SENAR. Ele<br />

contribui para a gradativa melhoria<br />

da saúde e da qualidade da vida<br />

do homem e a mulher <strong>rural</strong>, meta<br />

do Programa Trabalho Decente:<br />

Educação Postural no Campo.<br />

www.sistemafaeg.com.br

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