Este número da Pulmão RJ - Sociedade de Pneumologia e ...
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<strong>Pulmão</strong> <strong>RJ</strong> vol.14(1) 2005<br />
Figura 14 – Radiografia <strong>de</strong> tórax mostrando múltiplas<br />
con<strong>de</strong>nsações alveolares, mais nota<strong>da</strong>mente no terço superior<br />
do hemitórax esquerdo e na base do pulmão direito. Notar a<br />
presença <strong>de</strong> aerobroncograma na lesão do terço superior<br />
esquerdo. Diagnóstico: carcinoma bronquíolo-alveolar.<br />
<strong>de</strong> hemoptise (ocorre em 50% dos casos) também não<br />
é separadora dos dois diagnósticos. O estudo radiológico<br />
mais apurado (TC) geralmente não esclarece o caso, pois<br />
o máximo que po<strong>de</strong> adiantar, em alguns casos, diz<br />
respeito a pequena cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> central e irregular. Muitas<br />
vezes, esses pacientes são levados à cirurgia 17 .<br />
A atelectasia redon<strong>da</strong> 18,19 é uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> rara e<br />
que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer durante o ato cirúrgico para<br />
realização <strong>da</strong> biópsia. É <strong>de</strong> fisiopatologia complexa e<br />
muitas vezes está relaciona<strong>da</strong> a espessamento pleural<br />
na asbestose.<br />
A impactação mucói<strong>de</strong> no interior <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
bronquiectasias apresenta-se geralmente como<br />
con<strong>de</strong>nsações tubuliformes, semelhando “<strong>de</strong>dos <strong>de</strong><br />
luva”. Raramente, po<strong>de</strong> simular nódulo e prestar-se a<br />
confusão com câncer pulmonar.<br />
A amiloidose po<strong>de</strong>, muito incomumente,<br />
provocar <strong>de</strong>posição amilói<strong>de</strong> pulmonar com a<br />
configuração <strong>de</strong> nódulo.<br />
Artefatos são outra causa <strong>de</strong> falsos tumores do<br />
pulmão. Consi<strong>de</strong>ram-se aqui objetos ou artefatos<br />
estranhos ao organismo e que possam provocar<br />
<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>s superpostas aos campos pulmonares. Um<br />
exemplo é a superposição <strong>de</strong> mecha <strong>de</strong> cabelo no ápice<br />
pulmonar. Por exagero, incluímos aqui tumorações <strong>de</strong><br />
partes moles que se projetem sobre os pulmões; nestes<br />
casos, a posição em perfil dissocia a imagem e os<br />
conhecidos artifícios <strong>de</strong> fazer coincidir com a tumoração<br />
40 • PULMÃO <strong>RJ</strong> • Volume 14 • Nº 1 • Jan-Fev-Mar, 2005<br />
um objeto ou substância radiopaca esclarecem o caso<br />
em <strong>de</strong>finitivo.<br />
Calcificação exuberante <strong>da</strong> articulação condroestrenal<br />
do primeiro arco costal também simula<br />
nódulo pulmonar passível <strong>de</strong> confusão com neoplasia.<br />
Nestes casos, a TC é suficiente para estabelecer o<br />
correto diagnóstico.<br />
“Falsos falsos-tumores do pulmão”<br />
Conforme vimos anteriormente, um gran<strong>de</strong><br />
recurso radiológico na separação <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> natureza<br />
não neoplásica, <strong>de</strong> nódulos ou massas pulmonares é a<br />
constatação <strong>de</strong> aerobroncograma no interior <strong>da</strong><br />
con<strong>de</strong>nsação. Tanto isto é ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que é aconselhável<br />
procurar esse sinal por todos os meios: radiografia<br />
penetra<strong>da</strong> e TC. Em duas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, esse sinal é <strong>de</strong><br />
extrema utili<strong>da</strong><strong>de</strong>: as pneumonias e o e<strong>de</strong>ma pulmonar.<br />
No entanto, <strong>de</strong>ve-se enfatizar que o encontro <strong>de</strong><br />
aerobroncograma não é patognomônico <strong>de</strong> lesão<br />
benigna, pois dois tipos celulares <strong>de</strong> neoplasia maligna<br />
po<strong>de</strong>m apresentá-lo e o fazem <strong>de</strong> forma característica<br />
e freqüente – o carcinoma bronquíolo-alveolar e o<br />
linfoma 20 , que aqui chamamos <strong>de</strong> “falsos falsostumores”<br />
(Figura 14). Lembrar essas imitações é muito<br />
importante, pois retira a certeza tranqüilizadora <strong>da</strong><br />
presença <strong>de</strong> aerobroncograma, como fazia supor parte<br />
<strong>da</strong> apresentação anterior.<br />
Comentários finais<br />
Ca<strong>da</strong> vez que a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> neoplasia maligna<br />
esteja em pauta, são múltiplos e conhecidos os recursos<br />
diagnósticos que <strong>de</strong>vem ser empregados. <strong>Este</strong>s<br />
po<strong>de</strong>riam ser invocados em nome <strong>de</strong> uma “Medicina<br />
por etapas”, hoje <strong>de</strong> todo ultrapassa<strong>da</strong> e que po<strong>de</strong>ria<br />
falsamente sugerir prudência, quando o necessário é<br />
eficácia. Assim, os métodos <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong>vem ser<br />
utilizados <strong>de</strong> forma pronta e efetiva, sem retar<strong>da</strong>mentos<br />
<strong>de</strong>snecessários.<br />
Vale, no entanto, estu<strong>da</strong>r as situações benignas<br />
supracita<strong>da</strong>s e os elementos que possam indicá-las para,<br />
nos casos pertinentes, po<strong>de</strong>r optar por procedimentos<br />
que, embora menos invasivos, são igualmente eficazes.<br />
Fica a ressalva <strong>de</strong> que essa conduta só é a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
quando substancia<strong>da</strong> em <strong>da</strong>dos concretos e relevantes<br />
e não esquecendo a atenta observação dos casos.<br />
Sempre que dúvi<strong>da</strong>s persistirem, estão indicados<br />
exames invasivos para propiciar diagnóstico <strong>de</strong> certeza.<br />
O problema dos falsos tumores <strong>de</strong> pulmão é<br />
basicamente <strong>de</strong> imagem. É a sugestão radiológica <strong>de</strong><br />
tumor que encaminha a conduta diagnóstica posterior<br />
e suscita a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> superar a dúvi<strong>da</strong> cruel: é ou<br />
não é um tumor maligno? Outros <strong>da</strong>dos clínicos (por