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MAPA DA VIOLÊNCIA 2012 CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO BRASIL

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1. NOTAS CONCEITUAIS E TÉCNICAS<br />

1.1. Notas conceituais<br />

7<br />

<strong>CRIANÇAS</strong> E <strong>A<strong>DO</strong>LESCENTES</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Colocávamos em estudos anteriores que o contínuo incremento da violência cotidiana<br />

configura-se como aspecto representativo e problemático da atual organização de nossa vida<br />

social, adquirindo formas específicas de manifestação nas diversas esferas da vida cotidiana. A<br />

questão da violência e sua contrapartida, a segurança cidadã, têm-se convertido em uma das<br />

principais preocupações não só no Brasil, como também nas Américas e no mundo todo, como o<br />

evidenciam diversas pesquisas de opinião pública. Esse fato foi recentemente corroborado pelo<br />

Ipea, que divulgou uma pesquisa realizada em 2010 numa amostra nacional, na qual perguntava<br />

aos entrevistados sobre o medo em relação a serem vítimas de assassinato, categorizando as<br />

respostas em muito medo, pouco medo e nenhum medo1 . O resultado altamente preocupante<br />

constitui um sério toque de alerta: 79% da população têm muito medo de ser assassinada;<br />

18,8%, pouco medo; e somente 10,2% manifestaram nenhum medo. Em outras palavras: apenas<br />

um em cada dez cidadãos não tem temor de ser assassinado e oito em cada dez têm muito<br />

medo. E essa enorme apreensão é uma constante em todas as regiões do país, está em toda<br />

parte. Como bem aponta Alba Zaluar: “ela está em toda parte, ela não tem nem atores sociais<br />

permanentes reconhecíveis nem ‘causas’ facilmente delimitáveis e inteligíveis2 “.<br />

Todavia, também assistimos, desde finais do século passado, a uma profunda mudança<br />

nas formas de manifestação, de percepção e de abordagem de fenômenos que parecem ser características<br />

marcantes da nossa época: a violência e a insegurança. Como assevera Wieviorka3 ,<br />

“mudanças tão profundas estão em jogo que é legítimo acentuar as inflexões e as rupturas da<br />

violência, mais do que as continuidades”. Efetivamente, assistimos, por um lado, a um incremento<br />

constante dos indicadores objetivos da violência no mundo: taxas de homicídios, conflitos étnicos,<br />

religiosos, raciais etc., índices de criminalidade, incluindo nesta categoria o narcotráfico etc..<br />

Também presenciamos, nas últimas décadas, um alargamento do entendimento da violência, uma<br />

reconceituação de suas peculiaridades pelos novos significados que o conceito assume, “(...) de<br />

modo a incluir e a nomear como violência acontecimentos que passavam anteriormente por práticas<br />

costumeiras de regulamentação das relações sociais” 4 , como a violência intrafamiliar contra a<br />

mulher ou as crianças, a violência simbólica contra grupos, categorias sociais ou etnias, a violência<br />

1 Ipea. SIPS. Sistema de Indicadores de Percepção Social. Segurança Pública. Brasília, 30/03/11. O Ipea é o Instituto<br />

de Pesquisa Econômica Aplicada da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Consultado<br />

em 24/11/2011: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php? option=com_content&view=article&id=6186&Item<br />

id=33 .<br />

2 ZALUAR, A. A guerra privatizada da juventude. Folha de S.Paulo, 18/05/97.<br />

3 WIEVIORKA, M. O novo paradigma da violência. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, n.1, v.9, 1997.<br />

4 PORTO, M. S. G. A violência entre a inclusão e a exclusão social. Anais do VII Congresso Sociedade Brasileira de<br />

Sociologia. Brasília, ago., 1997.

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