07.05.2013 Views

Os Três Níveis do Juízo Médico - LusoSofia

Os Três Níveis do Juízo Médico - LusoSofia

Os Três Níveis do Juízo Médico - LusoSofia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐<br />

✐<br />

✐<br />

✐<br />

<strong>Os</strong> <strong>Três</strong> <strong>Níveis</strong> <strong>do</strong> <strong>Juízo</strong> <strong>Médico</strong> 13<br />

Ora os conflitos surgem nas duas frentes em que a orientação,<br />

da prática médica que acabámos de chamar “humanista”, se encontra<br />

hoje cada vez mais ameaçada.<br />

A primeira frente é aquela onde a ética médica orientada para<br />

a clínica ´r a única que aqui é tomada em consideração ´r encontra<br />

a ética médica orientada para a investigação. Estes <strong>do</strong>is ramos<br />

toma<strong>do</strong>s em conjunto constituem, de facto, o que se chama hoje<br />

bioética, a qual comporta além disso uma dimensão legal fortemente<br />

acentuada no meio anglo-saxão, o que dá lugar à formação<br />

<strong>do</strong> conceito relativamente recente de ‘bio-lei’ (biolaw). Deixarei<br />

totalmente de la<strong>do</strong> as controvérsias internas próprias da ética da<br />

investigação e as relativas à sua relação com a instância legal superior.<br />

Todavia, não obstante a sua diferente orientação ´r melhorar<br />

os cuida<strong>do</strong>s e/ou fazer avançar a ciência ´r a clínica e a investigação<br />

têm uma fronteira comum ao longo da qual, inelutavelmente, os<br />

conflitos surgem. <strong>Os</strong> progressos da medicina, com efeito, dependem<br />

largamente <strong>do</strong>s das ciências biológicas e médicas. A razão<br />

última disso é que o corpo humano é ao mesmo tempo carne de<br />

um ser pessoal e objecto de investigação observável na natureza.<br />

É principalmente por ocasião das modalidades de exploração <strong>do</strong><br />

corpo humano, onde intervém a experimentação, que podem surgir<br />

conflitos, na medida em que a participação voluntária e consciente<br />

<strong>do</strong>s pacientes está em jogo. A este propósito, o desenvolvimento<br />

da medicina preditiva fez aumentar a pressão das técnicas<br />

objectivantes sobre a medicina praticada como uma arte. É aqui<br />

que intervém a regra <strong>do</strong> “consentimento informa<strong>do</strong>” (consentement<br />

éclairé; informed consent). Esta regra implica que o paciente seja<br />

não apenas informa<strong>do</strong>, mas associa<strong>do</strong> a título de parceiro voluntário<br />

da experimentação, ainda que unicamente consagrada à investigação.<br />

To<strong>do</strong>s conhecem os inumeráveis obstáculos opostos<br />

ao respeito integral desta norma; as soluções de compromisso oscilam<br />

entre uma tentativa honesta para pôr limites ao poder médico<br />

(conceito que, evidentemente, está ausente nos códigos) e as pre-<br />

www.lusosofia.net<br />

✐<br />

✐<br />

✐<br />

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!