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BOLETIM TÉCNICO Implantação de um Pomar de Uva (Vitis ... - Upis

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<strong>BOLETIM</strong> <strong>TÉCNICO</strong><br />

<strong>Implantação</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>Pomar</strong> <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> (<strong>Vitis</strong> labrusca) Cultivares<br />

Isabel Precoce e BRS Cora para a Elaboração <strong>de</strong> Suco e<br />

Comercialização no Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Planaltina<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Novembro <strong>de</strong> 2005


www.upis.br<br />

Boletim Técnico<br />

<strong>Implantação</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>Pomar</strong> <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> (<strong>Vitis</strong> labrusca) Cultivares<br />

Isabel Precoce e BRS Cora para a Elaboração <strong>de</strong> Suco e<br />

Comercialização no Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Kenia Gracielle da Fonseca<br />

Planaltina<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Novembro <strong>de</strong> 2005


UPIS - Faculda<strong>de</strong>s Integradas<br />

Departamento <strong>de</strong> Agronomia<br />

Rodovia BR 020 Km 12<br />

DF 335 Km 4,8<br />

Planaltina-DF<br />

En<strong>de</strong>reço <strong>de</strong> correspondência:<br />

Sep/Sul Eq. 712/912 Conjunto A<br />

CEP: 70390-125 Brasília (DF) Brasil<br />

Fone/Fax: (0XX61) 3488 99 09<br />

www.upis.br<br />

agronomia@upis.br<br />

Supervisores: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo<br />

Prof. Ms. Adilson Jayme <strong>de</strong> Oliveira<br />

Orientadora: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo<br />

Coorientador: Prof. Ms. Antônio Alberto Fonseca Filho<br />

Profa. Ms. Eliane Maria Molica<br />

Membros da Banca: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo<br />

Prof. Ms. Antônio Alberto Fonseca Filho<br />

Prof. Júlio Sérgio <strong>de</strong> Moraes<br />

Data da Defesa: 09/11/2005


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA


SUMÁRIO<br />

RESUMO.................................................................................11<br />

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA..................................13<br />

2. OBJETIVO...........................................................................16<br />

3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA..........................................17<br />

3.1. Escolha da Área ............................................................17<br />

3.2. Preparo do Solo.............................................................17<br />

3.3. Adubação e Nutrição Mineral.......................................18<br />

3.3.1. Adubação <strong>de</strong> correção............................................18<br />

3.3.2. Adubação <strong>de</strong> plantio ..............................................18<br />

3.3.3. Adubação <strong>de</strong> crescimento ......................................19<br />

3.3.4. Adubação <strong>de</strong> produção...........................................20<br />

3.4. Instalação do Sistema <strong>de</strong> Condução..............................20<br />

3.5. Uso <strong>de</strong> Quebra-Ventos..................................................23<br />

3.6. Irrigação ........................................................................24<br />

3.7. Plantio ...........................................................................25<br />

3.8. Tratos Culturais.............................................................26<br />

3.8.1. Poda <strong>de</strong> formação...................................................26<br />

3.8.2. Poda <strong>de</strong> frutificação ...............................................26<br />

3.8.3. Poda ver<strong>de</strong>..............................................................27<br />

3.8.3.1. Desbrota ..............................................................28<br />

3.8.3.2. Desnetamento e eliminação <strong>de</strong> gavinhas ............28<br />

3.8.3.3. Desfolha ..............................................................29<br />

3.9. Repouso.........................................................................29<br />

3.10. Doenças.......................................................................30<br />

3.10.1. Antracnose ...........................................................30<br />

3.10.2. Míldio...................................................................31<br />

3.10.3.Oídio......................................................................33<br />

3.10.4. Podridão seca .......................................................34<br />

3.10.5. Cancro bacteriano ................................................34<br />

3.10.6. Vírus do enrolametno da folha da vi<strong>de</strong>ira............35<br />

3.11. Pragas..........................................................................38<br />

3.11.1. Pérola-da-terra......................................................38<br />

7


8<br />

3.11.2. Filoxera ................................................................39<br />

3.11.3. Cochonilha-parda.................................................40<br />

3.11.4. Cochonilhas da parte aérea ..................................41<br />

3.11.5. Cochonilha-algodão .............................................41<br />

3.11.6. Ácaro-rajado.........................................................41<br />

3.11.7. Formigas corta<strong>de</strong>iras............................................43<br />

3.12. Colheita .......................................................................45<br />

3.13. Transporte ...................................................................45<br />

3.14. Instalação da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Processamento ...................46<br />

3.15. Higiene na Produção ...................................................47<br />

3.16.Análise <strong>de</strong> Perigos e Pontos Críticos <strong>de</strong> Controle........48<br />

3.17. Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> ................................................................49<br />

3.17.1. Recepção ..............................................................51<br />

3.17.2. Desengaçamento/esmagamento ...........................51<br />

3.17.3. Enzimagem...........................................................52<br />

3.17.4. Pasteurização........................................................52<br />

3.17.5. Envase ..................................................................52<br />

3.17.6. Armazenamento ...................................................53<br />

4. ESTUDO DE CASO............................................................53<br />

4.1. Localização ...................................................................53<br />

4.2. Escolha da Área ............................................................53<br />

4.3. Preparo do Solo.............................................................54<br />

4.4. Talhões..........................................................................54<br />

4.5. Adubação <strong>de</strong> Correção..................................................54<br />

4.6. Adubação ......................................................................55<br />

4.7. Uso <strong>de</strong> Quebra-ventos...................................................56<br />

4.8. Instalação do Sistema <strong>de</strong> Condução..............................57<br />

4.9. Irrigação ........................................................................57<br />

4.10. Espaçamento ...............................................................59<br />

4.11. Cultivares ....................................................................59<br />

4.12. Aquisição <strong>de</strong> Mudas....................................................60<br />

4.13. Tratos Culturais...........................................................60<br />

4.13.1. Controle <strong>de</strong> plantas daninhas ..............................61<br />

4.13.2. Poda <strong>de</strong> formação.................................................61


4.13.3. Poda <strong>de</strong> frutificação .............................................61<br />

4.13.4. Poda ver<strong>de</strong>............................................................61<br />

4.13.4.1. Desbrota ............................................................61<br />

4.13.4.2. Desnetamento e eliminação <strong>de</strong> gavinhas ..........61<br />

4.13.4.3. Desfolha ............................................................61<br />

4.13.4.4. Desbaste dos cachos..........................................62<br />

4.14. Doenças.......................................................................62<br />

4.15. Pragas..........................................................................63<br />

4.16. Colheita .......................................................................64<br />

4.17. Transporte ...................................................................65<br />

4.18. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Processamento .........................................65<br />

4.19. Instruções e Supervisões .............................................67<br />

4.20. Higiene na Produção...................................................67<br />

4.21. Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> ................................................................69<br />

4.21.1. Recepção ..............................................................69<br />

4.21.2. Lavagem...............................................................69<br />

4.21.3. Desengaçamento/Esmagamento...........................69<br />

4.21.4. Enzimagem...........................................................70<br />

4.21.5. Prensagem ............................................................70<br />

4.21.6. Filtragem ..............................................................70<br />

4.21.7. Pasteurização........................................................70<br />

4.21.8. Envase ..................................................................70<br />

4.22. Estratégia <strong>de</strong> Marketing ..............................................71<br />

4.23. Comercialização..........................................................71<br />

4.24. Coeficientes Técnicos ................................................71<br />

4.25. Equipamentos e Materiais Necessários para a<br />

Agroindustria <strong>de</strong> Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> Integral................................74<br />

5. DISCUSSÃO ......................................................................74<br />

6. CONCLUSÃO ....................................................................75<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................75<br />

9


RESUMO<br />

11<br />

O Boletim técnico objetiva estudar a viabilida<strong>de</strong> técnica<br />

da implantação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar <strong>de</strong> uva e o processamento da produção<br />

para a elaboração <strong>de</strong> suco, a ser comercializado no Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral. Serão implantados 10 ha <strong>de</strong> uva Isabel Precoce e<br />

BRS Cora por serem cultivares <strong>de</strong> fácil adaptação, apresentarem<br />

tolerância à antracnose (Elsinoe ampelina) e oídio (Uncinula<br />

necator) e precocida<strong>de</strong> em relação às <strong>de</strong>mais cultivares. O<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral é <strong>um</strong> local que possui condições climáticas favoráveis<br />

para o cultivo <strong>de</strong> uva, permitindo 2 safras por ano. É<br />

<strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra,<br />

principalmente, nos tratos culturais e colheita. O sistema <strong>de</strong><br />

condução escolhido será o espal<strong>de</strong>ira que permite maior penetração<br />

<strong>de</strong> raios solares, melhorando a qualida<strong>de</strong> da fruta, além<br />

<strong>de</strong> facilitar as operações mecanizadas e manuais. O sistema <strong>de</strong><br />

irrigação adotado será o gotejamento. O espaçamento será <strong>de</strong><br />

2,0 x 2,5 m correspon<strong>de</strong>ndo a 2.000 plantas/ha. As uvas serão<br />

<strong>de</strong>stinadas ao processamento, originando suco integral <strong>de</strong> uva,<br />

em <strong>um</strong>a agroindústria que será implantada na proprieda<strong>de</strong>. É<br />

<strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> que possui viabilida<strong>de</strong> técnica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as recomendações<br />

técnicas para a produção da uva sejam seguidas,<br />

bem como as normas <strong>de</strong> Boas Práticas <strong>de</strong> Fabricação (BPF) e a<br />

Análise <strong>de</strong> Perigos e Pontos Críticos <strong>de</strong> Controle (APPCC) para<br />

a elaboração do suco.<br />

PALAVRAS-CHAVE: <strong>Pomar</strong>, <strong>Uva</strong>, Processamento


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA<br />

13<br />

Segundo a Embrapa/CNPUV (2005), a vi<strong>de</strong>ira é <strong>um</strong>a<br />

espécie frutífera cultivada há séculos, possui <strong>um</strong> mercado crescente<br />

tanto para a fruta in natura como para os seus <strong>de</strong>rivados.<br />

A produção <strong>de</strong> uvas no Brasil se localiza nas regiões<br />

Sul, Su<strong>de</strong>ste e Nor<strong>de</strong>ste. Constitui-se em ativida<strong>de</strong> consolidada,<br />

com importância sócio–econômica, nos Estados do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia,<br />

e Minas Gerais.<br />

Houve <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento da área colhida e da produção <strong>de</strong><br />

uva na maioria das regiões produtoras, nos anos <strong>de</strong> 2003 para<br />

2004.<br />

O principal Estado produtor <strong>de</strong> uva é o Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul que contribuiu com aproximadamente 54 % (tabela 1) da<br />

produção nacional no ano <strong>de</strong> 2004. Além disso, apresenta a<br />

maior área plantada correspon<strong>de</strong>nte a 57 % da área total plantada<br />

nesse mesmo ano.<br />

Pernambuco e Bahia não apresentam a maior área plantada,<br />

porém em 2004, apresentaram a maior produtivida<strong>de</strong> (32<br />

ton/ha e 25 ton/ha, respectivamente) em relação aos outros Estados,<br />

que é <strong>de</strong> 16 ton/ha em média (tabela 1), Embrapa/CNPUV<br />

(2005).<br />

Segundo Kuhn (2003), a maioria das áreas brasileiras <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> uvas para processamento está localizada na região<br />

Sul, em regiões <strong>de</strong> relevo montanhoso e <strong>de</strong> difícil mecanização,<br />

sendo geralmente exploradas <strong>de</strong> forma artesanal com mão-<strong>de</strong>obra<br />

familiar. É <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> agrícola típica <strong>de</strong> pequenas proprieda<strong>de</strong>s,<br />

on<strong>de</strong> a área média <strong>de</strong> vinhedos é geralmente <strong>de</strong> 2<br />

hectares.<br />

Essa ativida<strong>de</strong> tem gran<strong>de</strong> importância econômica e social,<br />

por sua alta rentabilida<strong>de</strong> por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área e por <strong>de</strong>sempenhar<br />

a gran<strong>de</strong> função <strong>de</strong> fixar o homem ao meio rural,<br />

especialmente nas pequenas proprieda<strong>de</strong>s.


14<br />

Tabela 1 - Área colhida e produção <strong>de</strong> uvas em 2003 e 2004.<br />

2003 2004<br />

Estado/Ano Área Produção Área Produção<br />

(ha) (ton) (ha) (ton)<br />

RS 38.517 489.012 40.351 696.557<br />

SP 12.398 224.468 11.600 193.300<br />

PR 6.500 94.250 5.794 96.660<br />

SC 3.671 41.709 3.771 44.612<br />

PE 3.423 104.506 4.692 151.699<br />

BA 2.911 87.435 3.407 85.910<br />

MG 903 13.455 916 13.060<br />

Brasil 68.323 1.054.835 70.531 1.281.798<br />

Fonte: Embrapa/CNPUV (2005).<br />

Em 2004, a produção <strong>de</strong> uvas no Brasil foi <strong>de</strong> 1.281.798<br />

toneladas (tabela 1) e 48,72 % <strong>de</strong>ssa produção foi <strong>de</strong>stinada ao<br />

processamento. Houve <strong>um</strong> incremento <strong>de</strong> 51,18 % comparado<br />

ao ano anterior (Embrapa/CNPUV, 2005).<br />

Mais recentemente, começou a ser cultivada uvas nas<br />

regiões <strong>de</strong> clima tropical e semi-árido, mais especificamente no<br />

Submédio do Vale do São Francisco. Isso ocorre por causa do<br />

hábito perene da cultura submetida a diferentes formas <strong>de</strong> estresse<br />

no campo (Farjado, 2003).<br />

A viticultura nessa região vem se <strong>de</strong>stacando no cenário<br />

nacional não apenas pela expansão da área cultivada e pelo vol<strong>um</strong>e<br />

<strong>de</strong> produção, mas principalmente pelos altos rendimentos<br />

alcançados e pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uva produzida (Leão e Soares,<br />

2000).<br />

Convém ressaltar a especificida<strong>de</strong> da viticultura da Região<br />

Semi-Árida nor<strong>de</strong>stina, em virtu<strong>de</strong> da adaptação e do<br />

comportamento diferenciado das plantas nessas condições climáticas.<br />

Assim, os processos fisiológicos são acelerados, a propagação<br />

e o crescimento inicial das plantas são rápidos e, a-


15<br />

proximadamente <strong>um</strong> ano e meio após o plantio, tem-se a primeira<br />

safra.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se que o ciclo <strong>de</strong> produção da uva oscila<br />

em torno <strong>de</strong> 120 dias, po<strong>de</strong>-se obter até duas safras e meia por<br />

ano, com manejo da irrigação e a realização <strong>de</strong> podas programadas.<br />

Isso possibilita a produção durante todo o ano a <strong>um</strong>a<br />

produtivida<strong>de</strong> média da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 40 t/ha/ano, a partir do quinto<br />

ano. Esse procedimento permite a colheita dos frutos nos períodos<br />

<strong>de</strong> preços mais elevados, o que torna a viticultura <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong><br />

que apresenta menor grau <strong>de</strong> incerteza e elevada rentabilida<strong>de</strong><br />

econômica (Leão, 2001).<br />

Em doc<strong>um</strong>ento publicado pelo Ministério da Agricultura<br />

e do Abastecimento, <strong>de</strong>staca a uva cultivada no Nor<strong>de</strong>ste<br />

como a cultura que apresenta a maior receita entre as principais<br />

frutas cultivadas (Leão, 2001).<br />

No Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a área plantada e a produção <strong>de</strong><br />

uva têm a<strong>um</strong>entado consi<strong>de</strong>ravelmente nos últimos anos, a produtivida<strong>de</strong><br />

situa-se em torno <strong>de</strong> 8 a 12 ton/ha. No primeiro semestre<br />

<strong>de</strong> 2005, a área colhida ocupou 5,1 ha (tabela 2) e a<br />

área em formação correspon<strong>de</strong> a 5,5 ha. As cida<strong>de</strong>s produtoras<br />

são Brazlândia, Ceilândia, Gama, PAD-DF e Planaltina, (Bernardino,<br />

informação pessoal, 2005).<br />

Tabela 2- Área colhida e produção <strong>de</strong> uva no DF.<br />

Ano 2003 2004 2005<br />

Área colhida(ha) 1,32 1,67 5,1<br />

Produção (ton) 12,3 15 63,5<br />

Fonte: Bernardino, 2005 (informação pessoal)<br />

A vantagem da implantação da cultura <strong>de</strong> uva no Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> programar a colheita na época da<br />

seca, já que a chuva, nesse estágio da cultura, prejudica a produção.<br />

Assim po<strong>de</strong>-se ter safra durante 10 meses do ano.


16<br />

O motivo da escolha do processamento da uva para suco<br />

é reflexo do crescimento <strong>de</strong>sse segmento. De acordo com o Instituto<br />

Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), as vendas do suco <strong>de</strong><br />

uva integral no primeiro semestre <strong>de</strong> 2005 foi maior que o dobro<br />

em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2005,<br />

foram vendidos 3,73 milhões <strong>de</strong> litros, ante os 1,65 milhão em<br />

2004. As vinícolas, que geralmente produzem esse suco como<br />

ativida<strong>de</strong> secundária, não estão conseguindo aten<strong>de</strong>r a procura e<br />

estão investindo em ampliações (Gazeta Mercantil, 2005).<br />

Foi realizada <strong>um</strong>a pesquisa orientada não registrada sobre<br />

<strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva integral em 8 supermercados e 3 lojas especializadas<br />

em vinhos do DF. Entrevistou-se os gerentes <strong>de</strong>sses<br />

estabelecimentos, interrogando-os se esse suco tem bastante<br />

procura e; caso o suco <strong>de</strong> uva fosse produzido no Distrito Fe<strong>de</strong>ral,<br />

haveria interesse pelo produto.<br />

Obteve-se como resultado que o cons<strong>um</strong>o do suco <strong>de</strong><br />

uva integral vem a<strong>um</strong>entando nos últimos anos e que se o suco<br />

fosse produzido nessa região teria gran<strong>de</strong> aceitação nos estabelecimentos<br />

porque seria <strong>um</strong> produto mais barato, pois o frete<br />

seria bem menor, já que os sucos existentes, na sua maioria,<br />

vêm <strong>de</strong> São Paulo e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

O suco integral apresenta os mesmos benefícios à saú<strong>de</strong><br />

que o vinho (proteção adicional <strong>de</strong> 13% contra o câncer pulmonar,<br />

é, também <strong>um</strong> aliado do coração, pois a<strong>um</strong>enta o HDL e<br />

reduz a quantida<strong>de</strong> do LDL <strong>de</strong> acordo com BOA SAÚDE,<br />

2005) porém sem a presença <strong>de</strong> álcool.<br />

2. OBJETIVO<br />

Instalar <strong>um</strong> pomar <strong>de</strong> 10 ha <strong>de</strong> uva Isabel Precoce e<br />

BRS Cora no Distrito Fe<strong>de</strong>ral e processar a produção em suco<br />

<strong>de</strong> uva integral para comercialização no DF.


3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA<br />

3.1. Escolha da Área<br />

17<br />

A vi<strong>de</strong>ira se adapta a ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> solos, no entanto,<br />

dá-se preferência a solos com textura franca e bem drenados<br />

e com pH variando <strong>de</strong> 5,0 a 6,0 (Leão e Soares, 2000).<br />

Deve-se, também, consi<strong>de</strong>rar para a escolha do terreno,<br />

a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> do terreno e exposição para o norte, permitindo<br />

maior incidência <strong>de</strong> raios solares. Os melhores terrenos são os<br />

planos porque facilita o preparo do solo e as práticas culturais<br />

(Pommer, 2003).<br />

Juntamente com esses fatores, <strong>de</strong>ve-se atentar que os<br />

solos mais profundos são os mais a<strong>de</strong>quados para o cultivo da<br />

vi<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estejam bem supridos, pois estes têm o maior<br />

potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento radicular (Kuhn, 2003).<br />

Além disso, <strong>um</strong> outro fator importante é a latitu<strong>de</strong>, pois<br />

a viticultura, <strong>de</strong>stinada à agroindústria no Brasil, encontra-se<br />

em latitu<strong>de</strong>s baixas a médias, situando-se entre 8° e 32° S, diferentemente<br />

dos outros países on<strong>de</strong> essa ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>senvolvida<br />

em latitu<strong>de</strong>s mais elevadas, chegando até 52° N <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong><br />

(Kuhn, 2003).<br />

3.2. Preparo do Solo<br />

Essa é <strong>um</strong>a etapa muito importante para garantir que as<br />

mudas plantadas possam expressar todo o seu potencial produtivo.<br />

Fazem parte <strong>de</strong>sse processo: a roçagem, que tem como<br />

principal objetivo a eliminação da vegetação existente, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser feita manualmente ou com tratores; o <strong>de</strong>stocamento, visando<br />

a retirada dos tocos maiores, no caso da área ser coberta por<br />

mata ou outra vegetação maior; a aração que consiste na mobilização<br />

total do solo, à profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 a 25 cm; e a gradagem,<br />

que visa nivelar o terreno revolvido possibilitando a dis-


18<br />

tribuição uniforme dos adubos e facilitando a <strong>de</strong>marcação e<br />

abertura da covas (50 x 50 x 50 cm) para o plantio (Kuhn,<br />

2003).<br />

3.3. Adubação e Nutrição Mineral<br />

A vi<strong>de</strong>ira é <strong>um</strong>a cultura bastante exigente em nutrientes,<br />

assim, torna-se necessário <strong>um</strong> aporte <strong>de</strong> macro e micronutrientes<br />

suficientes para a obtenção <strong>de</strong> alta produtivida<strong>de</strong> e frutos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> (Leão e Soares, 2000).<br />

3.3.1. Adubação <strong>de</strong> correção<br />

A distribuição <strong>de</strong> calcário po<strong>de</strong> ser efetuada após a aração<br />

e incorporado com o uso <strong>de</strong> gradagem, pelo menos três meses<br />

antes do plantio, para que o corretivo seja distribuído <strong>de</strong><br />

maneira uniforme na superfície e em profundida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong><br />

20 a 25 cm no perfil do solo (Leão e Soares, 2000). Tem por<br />

objetivo corrigir os teores <strong>de</strong> cálcio e magnésio do solo e eliminar<br />

prováveis efeitos tóxicos dos elementos que po<strong>de</strong>m ser prejudiciais<br />

às plantas, como, por exemplo, o al<strong>um</strong>ínio, manganês<br />

e ferro nos solos do cerrado (Malavolta, 1989). Normalmente,<br />

há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer novamente outra calagem, após 3 a 4<br />

anos (Kuhn, 2003).<br />

3.3.2. Adubação <strong>de</strong> plantio<br />

Os fertilizantes minerais e orgânicos são colocados na<br />

cova e misturados com a terra da própria cova, antes <strong>de</strong> se fazer<br />

o transplantio das mudas. Deve-se utilizar aproximadamente 20<br />

kg/cova <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral curtido ou outro produto similar.<br />

Para a recomendação <strong>de</strong> fertilizantes minerais <strong>de</strong>ve-se utilizar<br />

a tabela 3, que indica as quantida<strong>de</strong>s necessárias <strong>de</strong> nitrogênio,<br />

fósforo e potássio (g/planta) para cada tipo <strong>de</strong> solo, sendo im-


19<br />

portante para essa recomendação a análise química do solo.<br />

Nessa adubação po<strong>de</strong>-se, também, adicionar 4 g/planta<br />

<strong>de</strong> zinco e 1 g/planta <strong>de</strong> boro, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong> solo, segundo<br />

Leão e Soares (2000).<br />

Tabela 3 – Recomendações gerais <strong>de</strong> adubação para vi<strong>de</strong>ira<br />

Fases da planta<br />

Plantio Crescimento Produção (ciclo)<br />

1° 2° 3° 4° 5 °<br />

Nitrogênio<br />

Fósforo-Melich<br />

(mg/dm³ P)<br />

------------------- N (g/planta) ----------------------<br />

170 60 70 80 100 120<br />

------------------- P2O5 (g/planta) ------------------<br />

< 11 160 100 80 80 90 100 100<br />

11 a 20 120 80 70 70 80 90 100<br />

21 a 40 80 60 60 60 70 80 100<br />

> 40 60 40 50 50 60 70 100<br />

Potássio-Melich<br />

(cmolc/dm³ K)<br />

-------------------- K2O (g/planta) ------------------<br />

< 0,16 90 90 90 100 120 160 160<br />

0,16 a 0,30 70 70 70 80 100 140 160<br />

0,31 a 0,45 50 50 50 60 80 120 160<br />

> 0,45 30 30 30 40 60 100 160<br />

Fonte: Leão e Soares, 2000.<br />

3.3.3. Adubação <strong>de</strong> crescimento<br />

Consiste em aplicações <strong>de</strong> fertilizantes minerais (nitrogênio,<br />

fósforo e potássio). As adubações nitrogenadas e o potássio<br />

por planta, <strong>de</strong>vem ser parcelados em aplicações quinzenais.<br />

O fósforo juntamente com 20 kg <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral por<br />

planta, <strong>de</strong>ve ser aplicado apenas <strong>um</strong>a vez, seis meses após o<br />

plantio (Leão e Soares, 2000).<br />

3.3.4. Adubação <strong>de</strong> produção


20<br />

Deve-se utilizar fósforo, potássio e nitrogênio, segundo<br />

a quantida<strong>de</strong> recomendada na tabela 3, logo após a poda <strong>de</strong><br />

frutificação. Até o quinto ciclo <strong>de</strong> produção da vi<strong>de</strong>ira, a análise<br />

<strong>de</strong> solo que foi feita antes do plantio, associada às análises<br />

foliares, ainda po<strong>de</strong> ser útil para <strong>de</strong>terminação das doses <strong>de</strong> fósforo<br />

e potássio. Posteriormente, as análises foliares ass<strong>um</strong>em<br />

maior importância nos critérios das recomendações <strong>de</strong> adubação<br />

(Leão e Soares, 2000).<br />

3.4. Instalação do Sistema <strong>de</strong> Condução<br />

Para a escolha do sistema <strong>de</strong> condução, vários fatores<br />

<strong>de</strong>vem ser levados em consi<strong>de</strong>ração, tais como, a cultivar que<br />

será utilizada; o método <strong>de</strong> colheita, se é manual ou mecanizado;<br />

a topografia do terreno; o custo <strong>de</strong> implantação; a rentabilida<strong>de</strong><br />

do viticultor; as condições climáticas e a tradição (Kuhn,<br />

2003).<br />

Os sistemas <strong>de</strong> condução mais utilizados no Brasil são:<br />

latada e espal<strong>de</strong>ira.<br />

O sistema <strong>de</strong> condução do tipo latada (figura 1) permite<br />

<strong>um</strong>a área do dossel vegetativo extensa, com gran<strong>de</strong> carga <strong>de</strong><br />

gemas, proporcionando <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> cachos e alta<br />

produtivida<strong>de</strong>; apresenta fácil adaptação à topografia das regiões<br />

montanhosas; facilita a locomoção dos viticultores, que po<strong>de</strong><br />

ser feita em todas as direções.<br />

Entretanto, os custos <strong>de</strong> implantação e <strong>de</strong> manutenção<br />

são elevados; a posição do dossel vegetativo e dos frutos situados<br />

acima do trabalhador causa transtornos às práticas culturais;<br />

não é o sistema mais apropriado para a colheita mecânica,<br />

ainda que já existam na Europa máquinas com esta finalida<strong>de</strong>;<br />

a posição horizontal do dossel vegetativo e o vigor excessivo<br />

das vi<strong>de</strong>iras po<strong>de</strong>m causar sombreamento, afetar a fertilida<strong>de</strong><br />

das gemas e a qualida<strong>de</strong> da uva e do vinho e o elevado índice


21<br />

<strong>de</strong> área foliar proporciona maior <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> na região do cacho e<br />

das folhas, o que favorece o aparecimento <strong>de</strong> doenças fúngicas,<br />

segundo a Embrapa/CNPUV (2005).<br />

Figura 1. Sistema <strong>de</strong> condução da vi<strong>de</strong>ira em latada: a) cantoneira;<br />

b) poste externo; c) rabicho; d) poste interno; e) cordão<br />

primário; f) cordão secundário; g) cordão-rabicho; h) fio simples<br />

(Kuhn, 2003).<br />

Nesse sistema, as vi<strong>de</strong>iras são alinhadas em fileiras distanciadas,<br />

geralmente, <strong>de</strong> 2,0 m a 3,0 m, sendo 2,5 m o mais<br />

usual. A distância entre plantas é <strong>de</strong> 1,5 m a 2,0 m, conforme a<br />

varieda<strong>de</strong> e o vigor da vi<strong>de</strong>ira. A zona <strong>de</strong> produção da uva situa-se<br />

a aproximadamente 1,8 m do solo (Embrapa/ CNPTIA,<br />

2005).<br />

O sistema <strong>de</strong> condução do tipo espal<strong>de</strong>ira, é <strong>um</strong> dos<br />

mais utilizados pelos viticultores na maioria dos países produtores.<br />

Não fornece a maior produtivida<strong>de</strong>, porém, permite a melhor<br />

penetração dos raios solares e aeração do pomar, trazendo<br />

benefícios na qualida<strong>de</strong> da uva produzida, além <strong>de</strong> facilitar a


22<br />

execução dos tratos culturais e operações mecanizadas.<br />

Na construção da espal<strong>de</strong>ira (figura 2), os fios são dispostos<br />

<strong>de</strong> forma vertical semelhante a <strong>um</strong>a cerca, ao contrário<br />

da latada on<strong>de</strong> são dispostos horizontalmente formando <strong>um</strong>a<br />

re<strong>de</strong>. Emprega-se 3 ou 4 fios <strong>de</strong> arame, sendo o primeiro colocado<br />

a 1,0 m a 1,2 m do solo; o segundo, a 0,35 m do primeiro;<br />

o terceiro, a 0,35 m do segundo e o quarto, a 0,3 m do terceiro.<br />

A posteação é individual por fila e a distância entre postes po<strong>de</strong><br />

variar <strong>de</strong> 5 a 6 m, sendo que os postes das extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem<br />

estar presos a rabichos para que os fios permaneçam sempre<br />

bem estendidos, <strong>de</strong> acordo com Kuhn (2003).<br />

Figura 2. Sistema <strong>de</strong> Condução da vi<strong>de</strong>ira em espal<strong>de</strong>ira: a)<br />

poste externo; b) poste interno, c) fio da produção; d) fios fixos<br />

do dossel vegetativo; e) fio móvel do dossel vegetativo (Kuhn,<br />

2003).<br />

3.5. Uso <strong>de</strong> Quebra-Ventos<br />

A ocorrência <strong>de</strong> ventos muito fortes prejudica o <strong>de</strong>sen-


23<br />

volvimento da vi<strong>de</strong>ira, danificando os brotos novos, arrancando-os<br />

da planta ou causando danos físicos aos tecidos vegetais<br />

por fricção, além da perda <strong>de</strong> água e a<strong>um</strong>ento das áreas necrosadas<br />

nas folhas, provocando reduções na produção (Pommer,<br />

2003).<br />

Recomenda-se implantar quebra-ventos para <strong>de</strong>ter os<br />

ventos dominantes, <strong>de</strong> preferência em forma <strong>de</strong> L, dispostas em<br />

filas duplas ou triplas para fornecer melhor proteção (figura 3).<br />

No caso <strong>de</strong>sse exemplo, os ventos dominantes são provenientes<br />

do su<strong>de</strong>ste.<br />

Figura 3. Localização e disposição <strong>de</strong> quebra-ventos em pomares<br />

(Fachinello et al., 1996).<br />

Quando forem utilizadas espécies <strong>de</strong> crescimento lento,<br />

recomenda-se que o quebra-vento seja implantado <strong>de</strong> 1 a 3 anos<br />

antes do plantio da cultura. Como isso nem sempre é possível,


24<br />

po<strong>de</strong>-se utilizar <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> porte mais baixo, porém com<br />

crescimento inicial rápido. Com isso, consegue-se <strong>um</strong>a proteção<br />

na fase inicial da cultura, que é <strong>um</strong>a fase bastante <strong>de</strong>licada<br />

para a maioria das espécies, <strong>de</strong>pois, com o passar do tempo,<br />

po<strong>de</strong>-se eliminar essas espécies, <strong>de</strong>ixando-se o quebra-vento<br />

<strong>de</strong>finitivo, segundo Fachinello et al. (1996).<br />

3.6. Irrigação<br />

De acordo com Pommer (2003), a irrigação po<strong>de</strong> ser<br />

superficial, localizada ou subterrânea. Os principais sistemas <strong>de</strong><br />

irrigação localizada são gotejamento e microaspersão.<br />

No gotejamento, a água é aplicada pontualmente em gotas<br />

através dos gotejadores, que possuem orifícios <strong>de</strong> diâmetro<br />

muito reduzido, diretamente sobre a zona radicular da planta.<br />

Na microaspersão, a água é aspergida pelos emissores,<br />

em círculos <strong>de</strong> 1 a 3 m <strong>de</strong> raio, po<strong>de</strong>ndo atingir até 5 m.<br />

Esses sistemas apresentam como vantagem alta eficiência<br />

<strong>de</strong> aplicação, redução no escoamento artificial, economia <strong>de</strong><br />

água, energia e mão-<strong>de</strong>-obra, além <strong>de</strong> permitir fertirrigação e<br />

não interferir nos tratos fitossanitários.<br />

A irrigação localizada é usada, geralmente, sob a forma<br />

<strong>de</strong> sistema fixo constituído <strong>de</strong> tantas linhas laterais quantas forem<br />

necessárias para suprir toda a área e, portanto, não há movimento<br />

das linhas laterais. Porém, somente <strong>de</strong>terminado número<br />

<strong>de</strong> linhas laterais funciona por vez a fim <strong>de</strong> minimizar a capacida<strong>de</strong><br />

do cabeçal <strong>de</strong> controle, conforme po<strong>de</strong> ser observado<br />

na figura 14 na página 58 (Bernardo, 1995).<br />

3.7. Plantio<br />

Para essa prática po<strong>de</strong>-se adquirir a muda <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fonte


25<br />

idônea, proporcionando <strong>um</strong>a maior segurança <strong>de</strong> estarem isentas<br />

<strong>de</strong> viroses ou outras doenças.<br />

A enxertia <strong>de</strong> campo é <strong>um</strong>a modalida<strong>de</strong> muito utilizada<br />

no Brasil, sendo a muda enxertada em local <strong>de</strong>finitivo na maioria<br />

das vezes. Nesse caso, as mudas do porta-enxerto são plantadas<br />

durante os meses <strong>de</strong> julho e agosto e após <strong>um</strong> ano é realizada<br />

a enxertia, sendo as mais comuns garfagem (figura 4) e<br />

borbulhia, segundo Kuhn (2003).<br />

Figura 4. Encaixe do garfo no porta-enxerto (Embrapa/<br />

CNPTIA, 2005)<br />

Em regiões <strong>de</strong> clima tropical com manejo da irrigação, a<br />

enxertia ou o plantio das mudas já enxertadas po<strong>de</strong>m ser feitos<br />

em qualquer época do ano porque a planta vegeta durante todo<br />

esse período. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se dar preferência à realização<br />

durante a estação chuvosa, pois as temperaturas mais amenas e<br />

a maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

mais rápido das plantas.<br />

O plantio <strong>de</strong>ve ser efetuado pelo menos 30 dias após a<br />

adubação básica em covas previamente preparadas. Após o<br />

plantio das mudas enxertadas ou após a brotação da enxertia <strong>de</strong><br />

campo, as mudas <strong>de</strong>vem ser conduzidas em haste única, mediante<br />

a eliminação <strong>de</strong> brotações laterais, mantendo-se o tronco<br />

ereto, amarrado ao tutor (Leão e Soares, 2000).


26<br />

3.8. Tratos Culturais<br />

3.8.1. Poda <strong>de</strong> formação<br />

O objetivo <strong>de</strong>ssa poda é dar a forma a<strong>de</strong>quada à planta<br />

proporcionando <strong>um</strong>a altura <strong>de</strong> tronco, do solo às primeiras ramificações<br />

da copa, e <strong>um</strong>a boa estrutura <strong>de</strong> ramos para a exploração<br />

vitícola (Pommer, 2003).<br />

Essa poda é realizada no inverno, antes do início da brotação.<br />

As mudas são conduzidas mediante sucessivas amarrações<br />

junto ao tutor e podadas <strong>de</strong> maneira que permaneçam até 8<br />

gemas no ramo. Se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas mudas não for<br />

satisfatório, <strong>de</strong>vem ser podados a <strong>um</strong>a altura <strong>de</strong> 2 a 3 gemas <strong>de</strong><br />

sua base. No ano seguinte é feito <strong>um</strong> <strong>de</strong>sponte na muda, na altura<br />

do primeiro arame, forçando a brotação lateral e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das feminelas (brotação, ramo antecipado) que serão<br />

conduzidas no arame, dando origem aos braços da vi<strong>de</strong>ira.<br />

A poda <strong>de</strong> formação (figura 5) é concluída no terceiro ano<br />

(Kuhn, 2003).<br />

3.8.2. Poda <strong>de</strong> frutificação<br />

Essa poda é feita quando a planta está em repouso vegetativo.<br />

Consiste em preparar a vi<strong>de</strong>ira para a produção da próxima<br />

safra, eliminando os sarmentos mal localizados ou fracos<br />

e ramos ladrões (Kuhn, 2003).<br />

Para as varieda<strong>de</strong>s americanas é indicado a poda curta<br />

em que os ramos podados ficam com no máximo três gemas,<br />

passando a constituir os esporões. Na poda longa, os ramos podados<br />

apresentam quatro ou mais gemas, dando origem às varas<br />

e a poda mista é aquela em que as plantas ficam com varas e<br />

esporões (Pommer, 2003).


27<br />

Figura 5. Poda <strong>de</strong> formação: A - enxerto ou muda; B – condução<br />

da muda; C – <strong>de</strong>sponta; D – condução das feminelas; E –<br />

poda seca (Kuhn, 2003).<br />

3.8.3. Poda ver<strong>de</strong><br />

Segundo Leão e Soares (2000), a poda ver<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong><br />

as seguintes operações manuais: <strong>de</strong>sbrota, <strong>de</strong>sfolha, eliminação<br />

<strong>de</strong> gavinhas, <strong>de</strong>sponte e <strong>de</strong>sbaste <strong>de</strong> cachos.<br />

Os principais objetivos da poda ver<strong>de</strong> são: conduzir a<br />

seiva para os órgãos da planta que estão requerendo em maior<br />

quantida<strong>de</strong>, alcançando-se <strong>um</strong> equilíbrio <strong>de</strong> vigor das brotações<br />

e favorecendo a frutificação; facilitar o pegamento dos frutos, a<br />

maturação a<strong>de</strong>quada e a obtenção <strong>de</strong> cachos com excelente aspecto<br />

visual; corrigir erros, eventualmente, cometidos na poda<br />

seca (podar os braços da vi<strong>de</strong>ira que foram <strong>de</strong>spontados, <strong>de</strong>i-


28<br />

xando no máximo seis gemas; Kuhn, 2003) e; permitir <strong>um</strong>a<br />

melhor distribuição dos ramos e da área foliar da planta, a<strong>um</strong>entando<br />

a eficiência fotossintética e promovendo <strong>um</strong> melhor<br />

controle fitossanitário.<br />

3.8.3.1. Desbrota<br />

Os ramos que nascem do caule, brotações fracas e em<br />

excesso e brotações duplas ou triplas, originadas da mesma<br />

gema, <strong>de</strong>vem ser eliminados nessa operação. Evita-se <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> seiva para essas partes supérfluas,<br />

favorecendo o seu aproveitamento para as partes mais importantes<br />

da planta.<br />

Essa operação é realizada quando as brotações atingem<br />

o comprimento <strong>de</strong> 8 a 15 cm, aproximadamente. Deve-se <strong>de</strong>ixar<br />

em torno <strong>de</strong> duas a três brotações <strong>de</strong> forma bem distribuída em<br />

cada vara produtiva e, sempre que possível, <strong>um</strong>a na extremida<strong>de</strong><br />

e outra na base.<br />

Nos esporões, <strong>de</strong>ve-se manter <strong>um</strong>a brotação, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da presença ou não <strong>de</strong> cacho, nunca <strong>de</strong>ixar duas brotações<br />

na mesma gema, eliminando-se sempre a mais fraca.<br />

Nos ramos mais velhos, para dar origem aos esporões<br />

da poda seguinte, <strong>de</strong>ve-se manter todas as brotações que apresentarem<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nos braços primários e<br />

secundários (Leão e Soares, 2000).<br />

3.8.3.2. Desnetamento e eliminação <strong>de</strong> gavinhas<br />

O <strong>de</strong>snetamento é a eliminação dos ramos secundários<br />

que aparecem nas axilas das folhas, pois impe<strong>de</strong>m a aeração da<br />

planta e consomem substâncias nutritivas. Quando já se encontra<br />

<strong>de</strong>senvolvido, o neto é cortado no ápice, ficando as folhas<br />

basais. Se, porém, for recém-formado, o corte é feito na base<br />

junto ao ramo do qual se originou (Pommer, 2003).


29<br />

Essa operação é realizada durante a fase <strong>de</strong> crescimento<br />

vegetativo ou pré-floração juntamente com a eliminação <strong>de</strong> gavinhas,<br />

ramos terciários da vi<strong>de</strong>ira que surgem nas axilas das<br />

folhas, e também funcionam como ladrão da seiva além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

causar o enforcamento dos ramos.<br />

O crescimento excessivo <strong>de</strong>sses ramos provoca <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

nutricional da planta e prejudica o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

brotação, segundo Leão e Soares (2000).<br />

3.8.3.3. Desfolha<br />

A <strong>de</strong>sfolha é executada geralmente 30 dias antes da colheita,<br />

quando a vi<strong>de</strong>ira apresenta vegetação muito <strong>de</strong>nsa, impossibilitando<br />

boa aeração e, em casos extremos, impe<strong>de</strong> que os<br />

tratamentos fitossanitários atinjam, <strong>de</strong> forma eficiente, todas as<br />

partes da planta. Deve-se evitar a retirada das folhas opostas ao<br />

cacho ou basais, priorizando a retirada das folhas que encobrem<br />

os cachos, pois essas atrapalham na aeração, insolação e tratamentos<br />

fitossanitários nos cachos (Pommer, 2003).<br />

3.9. Repouso<br />

Deve haver <strong>um</strong> período <strong>de</strong> repouso <strong>de</strong> 30 dias entre <strong>um</strong>a<br />

safra e outra. Esse período é <strong>de</strong>terminado pela diminuição quase<br />

total da irrigação, tomando o cuidado <strong>de</strong> manter o nível correto<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> para evitar o estresse hídrico das plantas. Logo<br />

após esse repouso, <strong>de</strong>ve-se realizar a poda <strong>de</strong> frutificação, dando<br />

início a <strong>um</strong> novo ciclo (Pommer, 2003).<br />

3.10. Doenças<br />

3.10.1. Antracnose<br />

Segundo Farjado (2003), a antracnose da vi<strong>de</strong>ira é causada<br />

pelo fungo Elsinoe ampelina, originária da Europa, ocorre


30<br />

em todas as regiões vitícolas e é consi<strong>de</strong>rada <strong>um</strong>a das mais importantes<br />

doenças.<br />

Produz lesões circulares, com margens escuras em todas<br />

as partes ver<strong>de</strong>s da planta (folhas, ramos, gavinhas, inflorescências<br />

e frutos), principalmente quando em <strong>de</strong>senvolvimento inicial,<br />

em tecidos tenros. No limbo, pecíolo e nervura das folhas,<br />

aparecem, inicialmente, pequenas manchas castanho-escuras<br />

que posteriormente necrosam e causam <strong>de</strong>formações e/ou perfurações<br />

(figura 6). As lesões nas folhas, freqüentemente muito<br />

n<strong>um</strong>erosas, po<strong>de</strong>m permanecer isoladas ou coalescer, formando<br />

gran<strong>de</strong>s áreas necróticas. A paralisação do crescimento da parte<br />

afetada provoca a formação <strong>de</strong> pregas que levam ao enrugamento<br />

da folha.<br />

Figura 6. Lesões <strong>de</strong> antracnose na folha (Pearson e Goheen,<br />

1988)<br />

Aparecem cancros profundos <strong>de</strong> contorno irregular e<br />

bem <strong>de</strong>finido nos ramos (figura 7); nas pontas dos brotos surgem<br />

lesões que coalescem, dando impressão <strong>de</strong> queimaduras<br />

(Grigoletti e Sônego, 1993).


31<br />

Quando o ataque ocorre na fase <strong>de</strong> floração, observa-se<br />

<strong>um</strong> escurecimento e <strong>de</strong>struição das flores, nas bagas há ocorrência<br />

<strong>de</strong> manchas arredondadas, que tornam o tecido m<strong>um</strong>ificado<br />

e escuro (Kuhn et al., 1996).<br />

Figura 7. Lesões <strong>de</strong> antracnose no ramo (Pearson e Goheen,<br />

1988)<br />

3.10.2.Míldio<br />

Segundo Grigolletti e Sônego (1993), o míldio causado<br />

pelo fungo Plasmopara viticola é consi<strong>de</strong>rado a doença fúngica<br />

<strong>de</strong> maior importância para a viticultura no Brasil.<br />

Afeta todas as partes ver<strong>de</strong>s e em <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

vi<strong>de</strong>ira, sendo que os estágios mais críticos ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

pré-floração até início da frutificação (Sônego e Czermainski,<br />

1999).<br />

Nas folhas, o primeiro sintoma se caracteriza pelo aparecimento<br />

da mancha-<strong>de</strong>-óleo na face superior (figura 8), <strong>de</strong><br />

coloração ver<strong>de</strong>-clara. Na face inferior aparecem estruturas esbranquiçadas<br />

que são os órgãos <strong>de</strong> frutificação do fungo. As<br />

áreas da folha infectada sofrem <strong>de</strong>ssecamento e tornam-se marrons.<br />

Freqüentemente, toda a folha seca e posteriormente cai.


32<br />

Figura 8. Sintoma <strong>de</strong> míldio na folha <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira (mancha óleo)<br />

Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e a<br />

<strong>de</strong>struição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos<br />

ocasionados pela antracnose.<br />

As bagas, quando atingem mais da meta<strong>de</strong> do seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

ao sofrerem ataque do fungo, apresentam coloração<br />

pardo-escura, e são facilmente <strong>de</strong>stacadas do cacho (figura<br />

9). Os ramos infectados apresentam coloração marromescura,<br />

com aspecto escaldado. Os nós são mais sensíveis do<br />

que os entrenós, <strong>de</strong> acordo com Farjado (2003).


Figura 9. Sintoma <strong>de</strong> míldio nas bagas <strong>de</strong> uva (Pearson e Goheen,<br />

1988)<br />

3.10.3. Oídio<br />

33<br />

Essa doença é causada pelo fungo Uncinula necator e<br />

também é conhecida por cinza ou mufeta. Ocorre com maior<br />

freqüência nas regiões <strong>de</strong> clima quente e com baixa <strong>um</strong>ida<strong>de</strong><br />

relativa do ar (Kuhn et al., 1996).<br />

Desenvolve-se na superfície dos órgãos ver<strong>de</strong>s (brotos,<br />

folhas e bagas), <strong>de</strong>ixando <strong>um</strong> pó acinzentado (figura 10) que se<br />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong> facilmente (Kuhn et al., 1996).<br />

As bagas apresentam cicatrizes que posteriormente po<strong>de</strong>m<br />

rachar, expondo as sementes, permitindo a entrada <strong>de</strong> organismos<br />

que causam podridões (Farjado, 2003).


34<br />

Figura 10. Sintoma <strong>de</strong> oídio nas bagas <strong>de</strong> uva<br />

3.10.4.Podridão seca<br />

Causada pelo fungo Botryodiplodia theobromae, essa<br />

doença também é conhecida por “morte <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte”.<br />

Apresenta queima ou seca <strong>de</strong> ponteiros e folhas; necrose<br />

<strong>de</strong> cor escura, manchas escuras, geralmente longitudinais e salteadas;<br />

diminuição do vigor ou crescimento vegetativo; dimuinuição<br />

da produtivida<strong>de</strong>, perda <strong>de</strong> turgescência e morte.<br />

A penetração do fungo, em sua maioria, ocorre através<br />

<strong>de</strong> ferimentos causados à planta ou através <strong>de</strong> aberturas naturais<br />

do tecido vegetal, quando a incidência do fungo no pomar é<br />

alta. Como esse fungo não é sistêmico, não é disseminado pela<br />

seiva no interior da planta. A infecção é localizada e progressiva,<br />

<strong>de</strong>struindo célula por célula, até penetrar no interior do lenho,<br />

segundo Leão e Soares (2000).<br />

3.10.5.Cancro bacteriano<br />

Causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. viticola,<br />

é responsável pela morte <strong>de</strong> plantas e eliminação <strong>de</strong> po-


35<br />

mares na Região do Vale do São Francisco, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong><br />

forma sistêmica (infecta toda a planta). O patógeno é transmitido<br />

principalmente através do material propagativo infectado e<br />

por meio <strong>de</strong> ferramentas utilizadas nas operações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbrota,<br />

poda, raleio <strong>de</strong> bagas e colheita (Embrapa/CNPTIA, 2005).<br />

Nos ramos, pecíolos e engaços po<strong>de</strong> provocar manchas<br />

<strong>de</strong> coloração escura, alongadas e irregulares. Com a evolução<br />

da infecção as lesões se transformam em cancros.<br />

Nas folhas, observam-se lesões escuras, angulares, pequenas<br />

e que ao coalescerem necrosam gran<strong>de</strong>s áreas do limbo<br />

foliar.<br />

Po<strong>de</strong>m ocorrer lesões arredondadas, atingindo <strong>de</strong> 1 a 3<br />

mm nos frutos, segundo Freire e Oliveira (2001).<br />

No Brasil, ainda não há produtos registrados no Ministério<br />

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle<br />

do cancro-bacteriano. Entretanto, produtos à base <strong>de</strong> cobre têm<br />

sido utilizados em pulverizações e pincelamentos (Farjado,<br />

2003).<br />

3.10.6.Vírus do enrolamento da folha da vi<strong>de</strong>ira<br />

A virose do enrolamento da folha ocorre <strong>de</strong> forma generalizada<br />

em todos os países vitícolas do mundo. Causa sérios<br />

prejuízos, afetando o número, o peso e o tamanho dos cachos,<br />

além <strong>de</strong> diminuir o teor <strong>de</strong> açúcar da uva e a longevida<strong>de</strong> da<br />

planta. (Embrapa/CNPTIA, 2005).<br />

Esta doença é causada por <strong>um</strong> complexo <strong>de</strong> oito vírus<br />

(Grapevine leafroll-associated virus, GLRaV-1 a -8), embora<br />

cada <strong>um</strong> dos vírus do complexo possa ocorrer <strong>de</strong> forma isolada<br />

(Embrapa/CNPTIA, 2005).<br />

Os sintomas variam com as condições climáticas, época<br />

do ano, fertilida<strong>de</strong> do solo, com a cultivar, etc. Em plantas muito<br />

afetadas, os sintomas po<strong>de</strong>m começar a se pronunciar a partir<br />

da floração, porém o mais com<strong>um</strong> é na época próxima à matu-


36<br />

ração da uva. O sintoma mais característico da doença é o enrolamento<br />

dos bordos da folha para baixo, observado com relativa<br />

facilida<strong>de</strong> nas cultivares viníferas tintas e brancas, embora possa<br />

ocorrer infecção sem ocorrer enrolamento dos bordos.<br />

Os sintomas aparecem sempre a partir da base dos ramos,<br />

evoluindo para as <strong>de</strong>mais folhas da extremida<strong>de</strong>. Na cultivar<br />

Isabel, a redução no crescimento é o sintoma mais evi<strong>de</strong>nte.<br />

Nos cachos <strong>de</strong> plantas muito afetadas, a maturação é irregular e<br />

retardada; o número e o tamanho dos cachos são menores e as<br />

plantas tornam-se totalmente <strong>de</strong>finhadas (Farjado, 2003).<br />

O controle <strong>de</strong> viroses <strong>de</strong>ve ser feito com a utilização <strong>de</strong><br />

materiais propagativos sadios; seleção sanitária; termoterapia<br />

associada ao cultivo in vitro e controle <strong>de</strong> vetores.<br />

A tabela 4 apresenta os princípios ativos que são indicados<br />

para o controle cada doença e suas respectivas eficácias,<br />

doses, intervalos entre aplicações e classe toxicológica.<br />

Tabela 4. Doenças fúngicas da vi<strong>de</strong>ira e recomendações para o<br />

controle químico. Embrapa <strong>Uva</strong> e Vinho, Bento<br />

Gonçalves, 2003.


Doença/<br />

Patógeno<br />

Antracnose<br />

(Elsinoe ampelina)<br />

Míldio<br />

(Plasmopara<br />

vitícola)<br />

Podridão seca<br />

(Botryodiplodia<br />

theobromae)<br />

Oídio (Uncinula<br />

necator)<br />

Princípio<br />

Ativo<br />

Captan<br />

Folpet<br />

Diathianon<br />

Clorothalonil<br />

Difenoconazole<br />

Imibenconazole<br />

Tiafanato<br />

metílico<br />

Propineb<br />

Diathinon<br />

Fenemidone<br />

Mancozeb<br />

Folpet<br />

Metalaxyl +<br />

Mancozeb<br />

Cymoxanil +<br />

Famoxadone<br />

Cymoxanil +<br />

Maneb<br />

Iprovalicarb +<br />

Propineb<br />

Benalaxyl +<br />

Mancozeb<br />

Azoxystrobin<br />

Fosetyl-Al<br />

Captan<br />

Calda bordalesa<br />

(pulverização)<br />

Pasta bordalesa<br />

(pincelamento)<br />

Tebuconazole +<br />

Tinta plástica<br />

látex (pincela-<br />

mento)<br />

Enxofre<br />

Fanarimol<br />

Triadimenol<br />

Tebuconazole<br />

Difeconazole<br />

Pyrazophos<br />

Eficácia<br />

(a)<br />

X<br />

X<br />

XXX<br />

X<br />

XXX<br />

XXX<br />

XX<br />

XX<br />

XXX<br />

SI<br />

XX<br />

XX<br />

XXX<br />

XX<br />

XXX<br />

XXX<br />

XX<br />

XX<br />

XX<br />

XX<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

XXX<br />

XXX<br />

XXX<br />

XXX<br />

XX<br />

Dose (i.a)<br />

(g/100L)<br />

125<br />

65<br />

93,75<br />

200<br />

2 a 3<br />

15<br />

49<br />

210<br />

93,75<br />

15<br />

200 a 280<br />

65<br />

216<br />

31,5<br />

180<br />

135<br />

146<br />

12<br />

200<br />

120<br />

1,50%<br />

2%<br />

2 ml em 1<br />

litro <strong>de</strong><br />

tinta látex<br />

240 a 320<br />

2,4<br />

15,5 a<br />

18,7<br />

25<br />

2 a 3<br />

18<br />

Intervalo<br />

entre<br />

aplicações<br />

(dias)<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

12 a 14<br />

7 a 15<br />

10 a 12<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

5 a 7<br />

5 a 7<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

7 a 10<br />

5 a 7<br />

7 a 10<br />

10 a 15<br />

10 a 15<br />

10 a 14<br />

12 a 14<br />

7 a 14<br />

Perído<br />

<strong>de</strong><br />

carência<br />

1<br />

1<br />

21<br />

7<br />

21<br />

7<br />

14<br />

(a) Eficácia observada a campo. X = até 70%; XX = 70% a 90%; XXX = > 90% e SI = sem informação<br />

*CT = Classe Toxicológica<br />

Fonte: Farjado (2003)<br />

7<br />

21<br />

7<br />

21<br />

1<br />

21<br />

7<br />

7<br />

10<br />

21<br />

7<br />

15<br />

1<br />

7<br />

15<br />

30<br />

14<br />

21<br />

35<br />

37<br />

CT<br />

*<br />

III<br />

IV<br />

II<br />

II<br />

I<br />

II<br />

III<br />

II<br />

II<br />

III<br />

III<br />

IV<br />

II<br />

III<br />

III<br />

III<br />

III<br />

IV<br />

IV<br />

III<br />

IV<br />

II<br />

III<br />

II<br />

I<br />

II


38<br />

3.11. Pragas<br />

3.11.1. Pérola-da-terra<br />

A pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis) é <strong>um</strong>a<br />

cochonilha subterrânea que ataca as raízes <strong>de</strong> várias frutíferas<br />

(figura 11), entretanto, é consi<strong>de</strong>rada praga chave apenas na<br />

cultura da vi<strong>de</strong>ira (Hickel, 1996).<br />

Figura 11. Pérola-da-terra em raízes da vi<strong>de</strong>ira (Embrapa/CNPTIA,<br />

2005)<br />

As plantas afetadas, geralmente, apresentam lesões superficiais<br />

pretas nas raízes por causa das exsudações da praga,<br />

po<strong>de</strong> provocar murchamento progressivo, secamento e queda<br />

das folhas e, conseqüentemente, a morte da planta (Gallo et al.,<br />

2002).<br />

O controle químico da pérola-da-terra po<strong>de</strong> ser feito<br />

com o Tiametoxam 1% e Imidacloprid 70 % (tabela 5)<br />

Tabela 5 - Inseticidas recomendados para o controle da pérolada-terra<br />

(Eurhizococcus brasiliensis) na cultura da<br />

vi<strong>de</strong>ira. Bento Gonçalves, RS, 2002.


Inseticida<br />

Ida<strong>de</strong><br />

das<br />

plantas<br />

(anos)<br />

Dose ( em<br />

g <strong>de</strong> produtocomercial<br />

/<br />

planta)<br />

Actara 10 GR 1 12-20<br />

(Tiametoxam,<br />

1%)<br />

3 30-40<br />

Premier 700 1 0,2-0,3<br />

(Imidacloprid,<br />

70%)<br />

3 0,5-0,8<br />

Fonte: Kuhn (2003)<br />

3.11.2. Filoxera<br />

Classe toxicológica<br />

39<br />

Carência<br />

(dias)<br />

2 20-30 IV 45<br />

2 0,3-0,5 IV 60<br />

A filoxera (Daktulosphaira vitifoliae) é <strong>um</strong> inseto sugador<br />

que se apresenta na forma alada ou áptera (Kuhn, 2003).<br />

As plantas atacadas por esse inseto, apresentam <strong>um</strong><br />

crescimento retardado, com ramos mais curtos e folhas menores;<br />

as bagas quase não se <strong>de</strong>senvolvem e mudam <strong>de</strong> cor precocemente.<br />

Nas varieda<strong>de</strong>s americanas ocorre formação <strong>de</strong> galhas<br />

avermelhadas nas folhas em reação às picadas do inseto (Gallo<br />

et al., 2002).<br />

O controle químico da filoxera <strong>de</strong>verá ser realizado com<br />

Fenitrotiom ou Paration metil, que são os inseticidas registrados<br />

pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, para o<br />

controle <strong>de</strong> filoxera (tabela 6).<br />

Tabela 6 - Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento para o controle <strong>de</strong> filoxera.<br />

Bento Gonçalves, RS, 2000.<br />

Praga Inseticidas Dosagem Carência Classe toxi-


40<br />

Filoxera<br />

(Daktulosphaira<br />

vitifoliae)<br />

Ingrediente<br />

ativo<br />

Fenitrotiom<br />

Paration<br />

metil<br />

Fonte: Farjado (2003)<br />

Produto<br />

comercial<br />

S<strong>um</strong>ithion<br />

500<br />

Bravik<br />

600 CE<br />

Folidol<br />

600<br />

Folisuper<br />

3.11.3. Cochonilha-parda<br />

(mL/100L) (dias) cológica<br />

150 14<br />

100 15<br />

A cochonilha-parda (Parthenolecani<strong>um</strong> persicae) apresenta<br />

<strong>um</strong>a carapaça oval convexa <strong>de</strong> coloração pardaacizentada,<br />

com estrias escuras no dorso. É <strong>um</strong> inseto que suga<br />

a seiva da planta, provocando fitotoxida<strong>de</strong>; <strong>de</strong>positam excreções<br />

açucaradas nas folhas resultando no aparecimento da f<strong>um</strong>agina<br />

e, às vezes, transmitem agentes patogênicos.<br />

Figura 12. Grupamento da cochonilha parda em ramos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />

(Embrapa/CNPTIA, 2005).<br />

Ataca, geralmente, os ramos mais novos <strong>de</strong> forma agregada<br />

(figura 12); as brotações tem <strong>um</strong>a redução do crescimento;<br />

a produção é afetada e em ataques intensos, a planta po<strong>de</strong> secar,<br />

segundo Kuhn (2003).<br />

II<br />

I<br />

I<br />

I


3.11.4. Cochonilhas da parte aérea<br />

41<br />

Essas cochonilhas (Hemiberlesia lataniae, Pseudaulacaspis<br />

pentagona) também conhecidas como cochonilhas do<br />

tronco ou cochonilhas do lenho são circulares, os machos são<br />

alados enquanto as fêmeas são ápteras.<br />

Elas formam gran<strong>de</strong>s colônias ao longo do tronco e haste,<br />

sugando a seiva e po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>bilitar os ramos, levando-os à<br />

morte (Gallo et al., 2002).<br />

3.11.5. Cochonilha-algodão<br />

A cochonilha-algodão (Icerya schrottkyi) é oval, rosada,<br />

<strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> carapaça e com o corpo coberto por <strong>um</strong>a massa<br />

<strong>de</strong> cera branca. Inci<strong>de</strong> sobre ramos e tronco, enfraquecendo a<br />

planta e causando perda da produção (Kuhn, 2003).<br />

As cochonilhas po<strong>de</strong>rão ser controladas quimicamente<br />

com os inseticidas registrados, que são Paration metil, Óleo<br />

emulsionável e Fenitrotiom (tabela 7).<br />

3.11.6. Ácaro-rajado<br />

Segundo Farjado (2003), o ácaro-rajado (Tetranychus<br />

urticae) me<strong>de</strong> aproximadamente 0,5 mm <strong>de</strong> comprimento, sua<br />

coloração é amarelo-esver<strong>de</strong>ada com duas manchas escuras no<br />

dorso do corpo. Vive principalmente na página inferior das folhas<br />

e tece teia.<br />

O sintoma inicial é o aparecimento <strong>de</strong> pequenas manchas<br />

cloróticas nas folhas, entre nervuras principais e posteriormente,<br />

o local <strong>de</strong> ataque fica necrosado. Na página superior<br />

das folhas correspon<strong>de</strong>nte às lesões, surgem tons avermelhados.<br />

Altas infestações po<strong>de</strong>m causar <strong>de</strong>sfolhamento e também ataque<br />

aos cachos, causando bronzeamento das bagas.


42<br />

O controle químico <strong>de</strong> ácaro-rajado po<strong>de</strong> ser feito com<br />

Abamectin, que apresenta <strong>um</strong>a carência <strong>de</strong> 28 dias e classe toxicológica<br />

III (tabela 8).<br />

Tabela 7 - Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento para o controle <strong>de</strong> cochonilhas.<br />

Bento Gonçalves, RS, 2000.<br />

Inseticidas<br />

Praga Ingrediente Produto<br />

ativo comercial<br />

Cochonilha-parda<br />

(Parthenolecani<strong>um</strong><br />

Paration<br />

metil +<br />

Óleo emulsionável<br />

Bravik<br />

600 CE<br />

Folidol<br />

600<br />

Folisuper<br />

persicae) e Cocho- Fenitrotiom<br />

nilha-algodão(I- + óleo emul- S<strong>um</strong>ithion<br />

cerya schrottkyi) sionável 500<br />

Óleo emulsi- Iharol<br />

onável Triona<br />

Cochonilhas da<br />

parte aérea<br />

Paration<br />

metil<br />

SR: sem restrições<br />

Fonte: Farjado (2003)<br />

Bravik<br />

600 CE<br />

Folidol<br />

600<br />

Folisuper<br />

Dosagem<br />

(mL/100L)<br />

Carência<br />

(dias)<br />

100 15<br />

150<br />

500 a 1000<br />

500 a 1000<br />

14<br />

SR<br />

SR<br />

100 15<br />

Classe toxicológica<br />

Tabela 8 - Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento para o controle <strong>de</strong> ácarorajado<br />

na vi<strong>de</strong>ira. Bento Gonçalves, RS, 2000.<br />

Praga Inseticidas Dosagem Carência Classe toxi-<br />

I<br />

I<br />

I<br />

II<br />

IV<br />

IV<br />

I<br />

I<br />

I


Ácaro rajado<br />

(Tetranychus urticae)<br />

Ingrediente<br />

ativo<br />

Abamectin<br />

Fonte: Farjado (2003)<br />

Produto<br />

comercial<br />

Vertimec<br />

18 CE<br />

3.11.7. Formigas corta<strong>de</strong>iras<br />

43<br />

(mL/100L) (dias) cológica<br />

80 a 100 28 III<br />

As formigas quenquém (Acromymex spp.) são as que<br />

ocorrem com maior freqüência nos vinhedos. Os formigueiros<br />

são pequenos e com poucas panelas, muitas vezes, <strong>um</strong>a só, parcialmente<br />

enterradas. Essas formigas são mais ativas à noite e<br />

nas horas <strong>de</strong> temperatura mais amena do dia.<br />

As formigas saúva (Atta spp.) têm ocorrência esporádica<br />

no vinhedo, porém seus formigueiros são gran<strong>de</strong>s, com muitas<br />

panelas e indivíduos, tendo alto potencial <strong>de</strong>strutivo. Também<br />

são mais ativas à noite e em dias nublados (Hickel, 1996).<br />

Causam sérios danos à vi<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>vido ao corte <strong>de</strong> folhas,<br />

brotos e cachos. O ataque <strong>de</strong> formigas é prejudicial em<br />

qualquer fase do ciclo, porém, o dano é maior na fase <strong>de</strong> formação<br />

da planta, quando paralisa o crescimento (Embrapa/CNPUV).<br />

A tabela 9 indica os formicidas empregados para o controle<br />

químico das formigas corta<strong>de</strong>iras, os mais utilizados são<br />

as iscas formicidas.<br />

Tabela 9 - Inseticidas empregados no controle <strong>de</strong> formigas corta<strong>de</strong>iras<br />

Ingrediente<br />

ativo<br />

Nome comercial<br />

Dosagem * Formulação C.T.<br />

Sulfluramida Mirex S S = 8-10 g/m² Isca IV


44<br />

Fipronil<br />

Clorpirifós<br />

Fluramim<br />

Formicida<br />

Gran. Pikapau-<br />

S<br />

Isca Formicida<br />

Atta Mex-S<br />

Blitz<br />

Isca Formicida<br />

Landrin<br />

Isca Formicida<br />

Pyrineus<br />

QQ=10-12 g/m²<br />

formigueiro<br />

S = 6-10g/m³<br />

formigueiro<br />

QQ = 10-30<br />

g/formigueiro<br />

S = 6-10 g/m² <strong>de</strong><br />

formigueiro<br />

S = 6-10 g/m² <strong>de</strong><br />

formigueiro<br />

S = 10 g/m²<br />

QQ = 5<br />

g/formigueiro<br />

QQ = 8-10 g/<br />

formigueiro<br />

S = 5-10 g/m²<br />

formigueiro<br />

Deltametrina<br />

S e QQ = 10<br />

K-Othrine 2P<br />

g/m² formigueiro<br />

* S = Saúva; QQ = quenquém<br />

Fonte: Embrapa/ CNPTIA (2005)<br />

3.12. Colheita<br />

Isca<br />

Isca<br />

Isca<br />

IV<br />

IV<br />

IV<br />

Isca IV<br />

Isca<br />

Isca<br />

III<br />

III<br />

Pó IV<br />

Para obter <strong>um</strong> bom suco assim como <strong>um</strong> bom <strong>de</strong>rivado<br />

<strong>de</strong> uva, vários fatores <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como por exemplo<br />

o teor <strong>de</strong> açúcar da uva, que <strong>de</strong>ve ser o maior possível, <strong>um</strong>a


45<br />

aci<strong>de</strong>z equilibrada e <strong>um</strong>a coloração intensa, que lhe confere<br />

<strong>um</strong>a característica mais atrativa (Guerra, 2003).<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da varieda<strong>de</strong> e das condições climáticas, os<br />

frutos atingem a maturação geralmente 100 a 130 dias após a<br />

poda <strong>de</strong> frutificação e o surgimento da brotação vegetativa<br />

(Choudhury, 2001).<br />

Essa etapa <strong>de</strong>verá ser realizada nos horários mais frescos<br />

do dia, para evitar a <strong>de</strong>sidratação dos cachos. Não é aconselhável<br />

que a colheita seja realizada em dias chuvosos ou quando<br />

houver a presença <strong>de</strong> orvalho sobre as frutas (Choudhury,<br />

2001).<br />

3.13. Transporte<br />

O transporte da uva até a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong>ve<br />

ser rápido e cuidadoso, para evitar seu esmagamento, porque<br />

esse juntamente com <strong>um</strong>a má sanida<strong>de</strong>, manipulação e processamento<br />

po<strong>de</strong>rá provocar o avinagramento total ou parcial do<br />

suco (Kuhn, 2003).<br />

Os veículos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong>vem estar limpos, dotados<br />

<strong>de</strong> cobertura para proteção da carga e não <strong>de</strong>vem transportar<br />

animais, produtos saneantes, produtos tóxicos ou outros materiais<br />

contaminantes que possam comprometer a qualida<strong>de</strong> sanitária<br />

da matéria-prima (Anvisa, 2005).<br />

3.14. Instalação da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Processamento<br />

A posição <strong>de</strong>verá ser no sentido leste-oeste para permitir<br />

a maior penetração <strong>de</strong> luz solar, durante a manhã e à tar<strong>de</strong>,<br />

através das aberturas e sua forma <strong>de</strong>verá ser retangular ou qua-


46<br />

drada visando aproveitar melhor o espaço físico (Rizzon et al.,<br />

2003).<br />

Segundo ABIA apud Carvalho (2005), a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong>ve ser dimensionada em local amplo, acima<br />

da sua capacida<strong>de</strong>, para permitir, quando necessário, futuras<br />

expansões na linha <strong>de</strong> produção; o local <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte dos resíduos<br />

<strong>de</strong>verá ser distante da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento; <strong>de</strong>ve ter<br />

água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>; disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para o<br />

processamento e vias rodoviárias com condições <strong>de</strong> uso e <strong>de</strong><br />

fácil acesso.<br />

O local <strong>de</strong>ve ser bem ventilado, ter fácil acesso para a<br />

matéria-prima, ins<strong>um</strong>os e produtos finais e apresentar <strong>um</strong>a<br />

rampa com inclinação <strong>de</strong> no máximo 8% com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conduzir a uva para a parte mais elevada construção (Rizzon et<br />

al., 2004).<br />

O piso <strong>de</strong>ve ser liso, <strong>de</strong> cerâmica impermeável, anti<strong>de</strong>rrapante,<br />

resistente à impactos e <strong>de</strong> fácil limpeza (ABIA, 2003<br />

apud Carvalho, 2005), <strong>de</strong>ve apresentar <strong>um</strong>a inclinação <strong>de</strong> 1% (1<br />

cm/m) para escoar rapidamente a água <strong>de</strong> lavagem para o exterior<br />

(Rizzon et al., 2003).<br />

Os líquidos <strong>de</strong>vem escorrer até ralos (tipo sifão ou similar),<br />

impedindo, <strong>de</strong>sta maneira, a formação <strong>de</strong> poças (ANVISA,<br />

2005).<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> preservar o meio ambiente, a água <strong>de</strong><br />

lavagem da agroindústria <strong>de</strong>ve ser conduzida para <strong>um</strong> <strong>de</strong>pósito<br />

<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes.<br />

Suas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> alvenaria, impermeáveis,<br />

lisas e <strong>de</strong> fácil lavagem, <strong>de</strong> acordo com Rizzon et al. (2003).<br />

As janelas e outras aberturas <strong>de</strong>vem ser construídas <strong>de</strong><br />

maneira a evitar o acúmulo <strong>de</strong> sujeira e as que se comunicam<br />

com o exterior <strong>de</strong>vem ser providas <strong>de</strong> proteção anti-pragas<br />

(ANVISA, 2005). Tanto as portas como as janelas <strong>de</strong>vem apresentar<br />

aberturas fixas protegidas por telas <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 1 mm,<br />

que po<strong>de</strong>m ser facilmente retiradas para a limpeza.


47<br />

A área <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong>verá ter quatro metros, no<br />

mínimo, para permitir <strong>um</strong>a boa ventilação e evitar acúmulo <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>ida<strong>de</strong>, segundo ABIA (2003) apud Carvalho (2005).<br />

Os estabelecimentos <strong>de</strong>vem ter il<strong>um</strong>inação natural ou<br />

artificial. A il<strong>um</strong>inação artificial <strong>de</strong>ve ser feita com lâmpadas<br />

fluorescentes protegidas contra quebras com canaletas acrílicas<br />

(ABIA,2003 apud Carvalho, 2005). As instalações elétricas <strong>de</strong>vem<br />

ser externas revestidas por tubulações isolantes e presas a<br />

pare<strong>de</strong>s e tetos (ANVISA, 2005).<br />

O teto <strong>de</strong> laje permite <strong>um</strong>a melhor vedação comparado a<br />

outros materiais e facilita a limpeza, melhorando a resistência à<br />

<strong>um</strong>ida<strong>de</strong> e vapores, segundo ABIA (2003) apud Carvalho<br />

(2005).<br />

Os refeitórios, lavabos, vestiários e banheiros <strong>de</strong> limpeza<br />

pessoal auxiliar do estabelecimento <strong>de</strong>vem estar completamente<br />

separados dos locais <strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong> alimentos e não<br />

<strong>de</strong>vem ter acesso direto e nem comunicação com estes locais<br />

(ANVISA, 2005).<br />

Deve-se evitar o uso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou outro material <strong>de</strong><br />

difícil higienização porque po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> contaminação<br />

(ANVISA, 2005).<br />

3.15. Higiene na Produção<br />

Os manipuladores <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>vem ser capacitados<br />

em higiene pessoal, manipulação higiênica dos alimentos e doenças<br />

transmitidas por alimentos.<br />

Deve-se adotar procedimentos que minimizem o risco<br />

<strong>de</strong> contaminação dos alimentos e bebidas preparados, por meio<br />

da lavagem das mãos e pelo uso <strong>de</strong> luvas <strong>de</strong>scartáveis ou utensílios.<br />

O manipulador <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>verá apresentar atestado<br />

médico, pois em casos <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong> que tenha a probabilida-


48<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminar os alimentos, ele será impedido <strong>de</strong> entrar em<br />

qualquer área <strong>de</strong> manipulação.<br />

Toda pessoa que trabalhe n<strong>um</strong>a área <strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong><br />

alimentos <strong>de</strong>ve, enquanto em serviço, lavar e <strong>de</strong>sinfetar as mãos<br />

freqüentemente e <strong>de</strong> maneira cuidadosa com <strong>um</strong> agente <strong>de</strong> limpeza<br />

autorizado e com água corrente potável fria ou fria e quente;<br />

<strong>de</strong>ve usar uniformes brancos, botas emborrachadas, touca<br />

protetora <strong>de</strong>scartável, máscaras e luvas. Durante a manipulação,<br />

<strong>de</strong>vem ser retirados todos os objetos <strong>de</strong> adorno pessoal e é proibido<br />

todo o ato que possa originar <strong>um</strong>a contaminação <strong>de</strong> alimentos<br />

como: comer, f<strong>um</strong>ar, tossir ou outras práticas antihigiênicas,<br />

<strong>de</strong> acordo com a ANVISA (2005).<br />

A sanitização <strong>de</strong> vasilhames, utensílios metálicos e mesas<br />

em aço inox po<strong>de</strong> ser feita espalhando água fervente sobre o<br />

material, segundo Silva et al. (1999) apud Carvalho (2005).<br />

3.16. Análise <strong>de</strong> Perigos e Pontos Críticos <strong>de</strong> Controle<br />

(APPCC)<br />

De acordo com CNI/SENAI/SEBRAE (2000), para a<br />

instalação da agroindústria será adotado o Sistema APPCC (Análise<br />

<strong>de</strong> Perigos e Pontos Críticos <strong>de</strong> Controle) que associado<br />

às Boas Práticas <strong>de</strong> Fabricação (BPF), tem-se revelado <strong>um</strong>a ferramenta<br />

básica do sistema mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> gestão da qualida<strong>de</strong> nas<br />

indústrias <strong>de</strong> alimentos.<br />

Esse sistema proporciona garantia da segurança do alimento;<br />

diminuição dos custos operacional e a<strong>um</strong>ento da lucrativida<strong>de</strong>,<br />

já que minimiza as perdas e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recolher,<br />

<strong>de</strong>struir ou reprocessar o alimento final por razões <strong>de</strong> segurança;<br />

maior credibilida<strong>de</strong> junto ao cliente (cons<strong>um</strong>idor); maior<br />

competitivida<strong>de</strong> do produto na comercialização; etc.<br />

As Boas Práticas <strong>de</strong> Fabricação são pré-requisitos fundamentais<br />

para a implantação do Sistema APPCC, pois são necessárias<br />

para controlar as possíveis fontes <strong>de</strong> contaminação


49<br />

cruzada e para garantir que o produto atenda às especificações<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>.<br />

As Portarias n° 326 <strong>de</strong> 30/07/97 da Secretaria <strong>de</strong> Vigilância<br />

Sanitária e n° 368 <strong>de</strong> 04/09/97 do Ministério da Agricultura<br />

e do Abastecimento regulamentam as condições higiênicosanitária<br />

e <strong>de</strong> boas práticas <strong>de</strong> fabricação para estabelecimentos<br />

produtores/industrializadores <strong>de</strong> alimentos.<br />

3.17. Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong><br />

Os padrões <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> para suco <strong>de</strong> uva<br />

<strong>de</strong>terminam que suco é a bebida não fermentada e não diluída<br />

através <strong>de</strong> processo tecnológico a<strong>de</strong>quado.<br />

Conforme a legislação brasileira, o suco <strong>de</strong> uva <strong>de</strong>ve apresentar<br />

no mínimo 14°Brix e aci<strong>de</strong>z total <strong>de</strong> 0,41 g/100g e no<br />

máximo 20 g/100g <strong>de</strong> açúcares totais, naturais da uva (tabela<br />

10), Ministério da Agricultura (2005).<br />

Tabela 10 - Limites analíticos estabelecido pela legislação brasileira<br />

para o suco <strong>de</strong> uva.<br />

Limite<br />

Variável<br />

Sólidos solúveis<br />

em °Brix, a 20°C<br />

Mínimo Máximo<br />

14,0 -<br />

Aci<strong>de</strong>z total ex- 0,41 -


50<br />

pressa em ácido<br />

tartárico (g/100g)<br />

Açucares totais,<br />

naturais da uva<br />

(g/100g)<br />

Aci<strong>de</strong>z volátil em<br />

ácido acético<br />

(g/100g)<br />

- 20,0<br />

- 0,05<br />

Sabores solúveis<br />

(% v/v)<br />

- 5,00<br />

Fonte: Ministério da Agricultura (2005)<br />

A elaboração <strong>de</strong>sse produto consiste no leve esmagamento,<br />

<strong>de</strong>sengaçamento, seguido <strong>de</strong> enzima (enzimagem), segue<br />

para <strong>um</strong> recipiente <strong>de</strong> aço inoxidável, on<strong>de</strong> é submetido a<br />

<strong>um</strong> aquecimento, logo após é engarrafado a vácuo em recipientes<br />

<strong>de</strong> vidro esterilizados conforme po<strong>de</strong> ser observado no fluxograma<br />

(figura 13), Guerra, 2003.<br />

Recepção Lavagem Desengaçamento/<br />

esmagemento<br />

Filtragem<br />

Prensagem<br />

Enzimagem<br />

Pasteurização Envase Armazenamento<br />

Figura 13. Fluxograma do suco <strong>de</strong> uva


3.17.1. Recepção<br />

51<br />

De acordo com a Portaria n° 326 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997<br />

da Secretaria <strong>de</strong> Vigilância Sanitária, a matéria-prima <strong>de</strong>ve ser<br />

recebida em local protegido, limpo, livre <strong>de</strong> objetos em <strong>de</strong>suso<br />

e estranhos ao ambiente, <strong>de</strong>ve ser avaliada visualmente no ato<br />

<strong>de</strong> sua aquisição para verificar as condições higiênicosanitárias,<br />

a presença <strong>de</strong> vetores e pragas e ou <strong>de</strong> seus vestígios,<br />

bem como <strong>de</strong> materiais contaminantes. A matéria-prima em<br />

condições higiênico-sanitárias insatisfatórias (cachos doentes,<br />

amassados, etc.) <strong>de</strong>ve ser rejeitada (ANVISA, 2005).<br />

De acordo com a Legislação Brasileira, o local <strong>de</strong> recepção<br />

<strong>de</strong>ve ter <strong>um</strong>a superfície <strong>de</strong> 12 m², no mínimo, suas pare<strong>de</strong>s<br />

serão revestidas <strong>de</strong> azulejo até a superficie <strong>de</strong> 2 m.<br />

3.17.2. Desengaçamento/ Esmagamento<br />

Para o processamento será necessário adquirir <strong>um</strong>a máquina<br />

<strong>de</strong>sengaça<strong>de</strong>ira-esmagadora, que tem a função <strong>de</strong> separar<br />

a ráquis da baga da uva e, <strong>de</strong>pois esmagá-la. Essa máquina é<br />

formada por <strong>um</strong> cilindro horizontal <strong>de</strong> teflon perfurado que não<br />

permite triturar a película e a ráquis. No interior do cilindro,<br />

gira <strong>um</strong> eixo com pás <strong>de</strong> tamanho variável no sentido contrário<br />

e em baixa velocida<strong>de</strong>. A baga da uva é esmagada pela passagem<br />

entre os dois rolos revestidos <strong>de</strong> borracha.<br />

Esse processo <strong>de</strong>ve ser realizado <strong>de</strong> forma lenta para<br />

não triturar a ráquis e conseqüentemente não provocar sabores<br />

in<strong>de</strong>sejáveis no produto final (Miele e Miolo, 2003).<br />

3.17.3. Enzimagem<br />

A produção do suco <strong>de</strong> uva tinta das uvas vitis labrusca,<br />

que são extremamente ricas em pectinas, necessita da utilização


52<br />

<strong>de</strong> enzimas pectolíticas afim <strong>de</strong> reduzir o muco do esmagamento<br />

prensável (Janda, 1985).<br />

3.17.4. Pasteurização<br />

Essa técnica foi <strong>de</strong>senvolvida por Lois Pasteur (1822-<br />

1895) e consiste no aquecimento do suco a 75°C a 80°C durante<br />

15 minutos eliminando as leveduras e inativando a maior<br />

parte dos microrganismos. A temperatura não <strong>de</strong>ve exce<strong>de</strong>r 90°<br />

C para evitar a caramelização, com possível gosto <strong>de</strong> cozido no<br />

suco <strong>de</strong> uva (Rizzon et al, 1998).<br />

3.17.5. Envase<br />

O engarrafamento anti-séptico necessita que a temperatura<br />

mínima do suco seja <strong>de</strong> 75° C. A seguir, à medida que o<br />

vapor vai extraindo o suco, ele é ac<strong>um</strong>ulado no fundo do recipiente<br />

e engarrafado a quente em recipientes <strong>de</strong> vidro previamente<br />

esterilizados.<br />

O suco <strong>de</strong>ve encher completamente o recipiente, e conforme<br />

vai esfriando, o nível baixa. O fechamento da garrafa<br />

<strong>de</strong>ve ser feito imediatamente, <strong>de</strong> preferência com tampinha tipo<br />

corona, sem permitir contaminação por microrganismos. O rendimento<br />

do suco <strong>de</strong> uva, por esse processo, alcança entre 50% e<br />

60% do peso da uva (Rizzon et al, 1998).<br />

As embalagens ou recipientes não <strong>de</strong>vem ter sido anteriormente<br />

utilizados para nenh<strong>um</strong>a finalida<strong>de</strong> que possam contaminar<br />

o produto. Devem ser inspecionados imediatamente<br />

antes do uso, limpos e/ou <strong>de</strong>sinfetados; quando lavados <strong>de</strong>vem<br />

ser secos antes do uso (ANVISA, 2005).<br />

3.17.6. Armazenamento<br />

Segundo a Portaria n° 326 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997 da


53<br />

Secretaria <strong>de</strong> Vigilância Sanitária, os ins<strong>um</strong>os <strong>de</strong>vem ser armazenados<br />

sobre estrados limpos. Não <strong>de</strong>vem ser armazenados<br />

em contato direto com o piso.<br />

4. ESTUDO DE CASO<br />

4.1. Localização<br />

A proprieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a cultura e a agroindústria serão<br />

implantadas é a Fazenda Lagoa Bonita /UPIS, Campus II, que<br />

fica localizada na Rodovia BR 020 Km 12, DF 335 Km 4,8<br />

(Planaltina-DF).<br />

4.2.Escolha da Área<br />

O terreno escolhido é classificado como latossolo vermelho<br />

com latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15° 34’ S, permitindo <strong>um</strong>a maior insolação;<br />

longitu<strong>de</strong> 47° 43’ W; altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.005 m, com<strong>um</strong> para o<br />

cultivo <strong>de</strong> uva (Kuhn, 2003) e 3% <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>.<br />

4.3. Preparo do Solo<br />

Como a área escolhida já teve outros cultivos, serão realizadas,<br />

60 dias antes do plantio, <strong>um</strong>a roçagem utilizando-se<br />

<strong>um</strong>a roça<strong>de</strong>ira RPP 1500 própria, <strong>um</strong>a aração <strong>de</strong> 27 cm e duas<br />

gradagens niveladoras através <strong>de</strong> terceirização para a incorporação<br />

do calcário. Para o plantio das mudas serão feitos sulcos<br />

utilizando <strong>um</strong> sulcador, esse serviço também será terceirizado e<br />

as covas serão abertas com <strong>um</strong> perfurador <strong>de</strong> solo <strong>de</strong> 18” que<br />

será adquirido.<br />

Será necessário adquirir <strong>de</strong> <strong>um</strong> trator <strong>de</strong> 60 cv; <strong>um</strong>a carreta<br />

R15, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 ton para a distribuição do adubo<br />

e das mudas e também para servir <strong>de</strong> auxilio na colheita (Agri-


54<br />

anual, 2005).<br />

4.4. Talhões<br />

Para permitir a colheita em 10 meses do ano, a área será<br />

dividida em cinco talhões <strong>de</strong> dois hectares. Cada talhão produzirá<br />

duas vezes por ano.<br />

4.5. Adubação <strong>de</strong> Correção<br />

O solo utilizado para o estabelecimento do pomar foi<br />

analisado quimicamente, apresenta <strong>um</strong> pH <strong>de</strong> 5,5; ausência <strong>de</strong><br />

al<strong>um</strong>ínio e o teor <strong>de</strong> matéria orgânica <strong>de</strong> 51,80% (tabela 11).<br />

Tabela 11 - Análise química do solo da proprieda<strong>de</strong>. Centro<br />

Nacional <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Hortaliças. Laboratório<br />

<strong>de</strong> Fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Solos. Embrapa.<br />

pH P Na S Al H+Al K Ca+Mg Ca Mg M.O Al<br />

H2O 1:2,5<br />

mg/dm³ cmolc/dm³ g/dm³ %<br />

5,50 1,10 53 1,70 0,00 8,60 0,25 9,80 7,60 2,20 51,80 0,00<br />

Para saber a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcário a ser distribuída no<br />

terreno utilizará como indicador a saturação <strong>de</strong> bases e PRNT =<br />

100%.<br />

NC = (V1 – V2) x T<br />

PRNT<br />

O solo on<strong>de</strong> será estabelecido o pomar apresenta CTC<br />

potencial (T) = 18,65 cmolc/dm³ e saturação por bases (V1) <strong>de</strong><br />

53,9 %, portanto, serão necessárias 4,87 ton/ha <strong>de</strong> calcário dolomítico,<br />

por ter que elevar a saturação por base (V2) para 80 %<br />

para essa cultura, <strong>de</strong> acordo com Pommer (2003). A distribuição<br />

<strong>de</strong> calcário será realizada em toda a área, três meses antes<br />

da implantação da cultura, através <strong>de</strong> terceirização.


4.6. Adubação<br />

55<br />

De acordo com a análise química do solo, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) a ser utilizada por<br />

planta, nas fases <strong>de</strong> plantio, crescimento e produção, encontrase<br />

na tabela 12.<br />

Na adubação <strong>de</strong> plantio será adicionado 4 g/planta <strong>de</strong><br />

zinco e 1 g/planta <strong>de</strong> boro, além <strong>de</strong> 20 kg <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral<br />

curtido/planta.<br />

Para a adubação <strong>de</strong> plantio se utilizará 1,067 ton/ha da<br />

formulação 00-15-10, é a que mais se aproxima da recomendação<br />

da tabela 12, porque meta<strong>de</strong> do fósforo será disponibilizado<br />

com 571 kg <strong>de</strong> fosfato natural reativo, além <strong>de</strong>sses adubos será<br />

adicionado 40 kg/ha <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> zinco e 18,18 kg/ha <strong>de</strong> bórax<br />

.<br />

Precisará <strong>de</strong> 772,73 kg/ha <strong>de</strong> uréia; 1,11 ton/ha <strong>de</strong> superfosfato<br />

simples e 298,84 kg/ha <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio, na adubação <strong>de</strong><br />

crescimento.<br />

Serão utilizados para a adubação do 1° ciclo <strong>de</strong> produção<br />

272,72 kg/ha <strong>de</strong> uréia; 889 kg/ha <strong>de</strong> superfosfato simples e<br />

241,38 kg/ha <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio.<br />

No 2° ciclo, serão usados 318,18 kg/ha <strong>de</strong> uréia; 889<br />

kg/ha <strong>de</strong> superfosfato simples e 275,86 kg/ha <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio.<br />

Para o 3° ciclo serão necessários 363,64 kg/ha <strong>de</strong> uréia;<br />

1 ton/ha <strong>de</strong> superfosfato simples e 344,83 kg/ha <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong><br />

potássio.<br />

No 4° ciclo precisará <strong>de</strong> 454,55 kg/ha <strong>de</strong> uréia; 1,11<br />

ton/ha <strong>de</strong> superfosfato simples e 482,76 kg/ha <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio.<br />

Para o 5° ciclo em diante, serão utilizados 545,45 kg/ha<br />

<strong>de</strong> uréia; 1,11 ton/ha <strong>de</strong> superfosfato simples e 551,72 kg/ha <strong>de</strong><br />

cloreto <strong>de</strong> potássio.


56<br />

Tabela 12 - Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutriente necessário com base na<br />

análise <strong>de</strong> solo<br />

Fases da planta<br />

Plantio Crescimento Produção (ciclo)<br />

1° 2° 3° 4° 5 °<br />

Nitrogênio<br />

Fósforo-Melich<br />

(mg/dm³ P)<br />

----------------------- N (g/planta) ---------------------<br />

170 60 70 80 100 120<br />

---------------------- P2O5 (g/planta) ------------------<br />

< 11 160 100 80 80 90 100 100<br />

Potássio-Melich<br />

(cmolc/dm³ K)<br />

--------------------- K2O (g/planta) -------------------<br />

0,16 a 0,30 70 70 70 80 100 140 160<br />

Fonte: Leão e Soares (2000)<br />

4.7. Uso <strong>de</strong> Quebra-Ventos<br />

Para evitar possíveis problemas <strong>de</strong>scritos na recomendação<br />

técnica, será utilizado o sansão-do-campo (Mimosa caesalpineafolia)<br />

como quebra-vento para proteger a área externa e<br />

permitir a passagem apenas <strong>de</strong> <strong>um</strong>a porção do vento para o vinhedo.<br />

As mudas serão plantadas na forma <strong>de</strong> L, dispostas em<br />

filas duplas para fornecer melhor proteção (Fachinello et al.,<br />

1996), 1 ano antes da implantação do vinhedo, para atingirem a<br />

ida<strong>de</strong> adulta, sendo o espaçamento entre plantas <strong>de</strong> 25 cm. As<br />

mudas serão adquiridas <strong>de</strong> viveiro certificado do DF.<br />

4.8. Instalação do Sistema <strong>de</strong> Condução<br />

O sistema <strong>de</strong> condução escolhido será o do tipo espal<strong>de</strong>ira,<br />

por facilitar os tratos culturais, pelo fato da produção se<br />

situar em <strong>um</strong>a altura menor em relação ao sistema latada e,<br />

principalmente, por oferecer <strong>um</strong>a melhor penetração <strong>de</strong> raios


57<br />

solares no dossel vegetativo que produzirá uvas mais doces, <strong>um</strong><br />

fator importante para a fabricação do suco <strong>de</strong> uva, já que não se<br />

adicionará açúcar.<br />

Para a construção <strong>de</strong>sse sistema, empregar-se-á 3 fios <strong>de</strong><br />

arame, sendo o primeiro colocado a 1,0 m <strong>de</strong> altura e os <strong>de</strong>mais<br />

a cada 0,35 m. A distância entre postes será <strong>de</strong> 6 m.<br />

4.9. Irrigação<br />

O sistema <strong>de</strong> irrigação adotado será o gotejamento que<br />

consiste na aplicação <strong>de</strong> água n<strong>um</strong>a fração do vol<strong>um</strong>e explorado<br />

pelas raízes das plantas. Esse vol<strong>um</strong>e do solo é <strong>de</strong>nominado<br />

<strong>de</strong> bulbo molhado quando é por <strong>um</strong> gotejador. Deve-se dar <strong>um</strong>a<br />

atenção especial às formas e dimensões do bulbo molhado na<br />

camada <strong>de</strong> 0 a 20 cm por ser o local <strong>de</strong> maior concentração do<br />

sistema radicular da vi<strong>de</strong>ira (Leão e Soares, 2000).<br />

O croqui da irrigação po<strong>de</strong> ser visto na figura 14.<br />

Figura 14. Croqui <strong>de</strong> Irrigação<br />

O projeto <strong>de</strong> irrigação constará <strong>de</strong>:


58<br />

• 5 unida<strong>de</strong>s operacionais;<br />

• 1000 linhas laterais, com diâmetro <strong>de</strong> 12,5 mm, 50 m <strong>de</strong><br />

comprimento e 20 gotejadores espaçados entre si <strong>de</strong> 2,5<br />

m;<br />

• 5 linhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação; com 75 mm <strong>de</strong> diâmetro e 200 m<br />

<strong>de</strong> comprimento, em cada linha serão conectadas 200 linhas<br />

laterais, 100 <strong>de</strong> cada lado espaçadas entre si <strong>de</strong> 2,0<br />

m;<br />

• Uma linha principal com 150 mm <strong>de</strong> diâmetro e 500 m<br />

<strong>de</strong> comprimento, na qual será conectada as cinco linhas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação;<br />

• Um cabeçal <strong>de</strong> controle, constando <strong>de</strong> <strong>um</strong> filtro <strong>de</strong> disco,<br />

<strong>um</strong> filtro <strong>de</strong> tela,<br />

• 7 registros e 2 manômetros;<br />

• Conjunto motobomba: vazão <strong>de</strong> 4,64 L/s e pressão <strong>de</strong><br />

50,75 m.c.a;<br />

• 20.000 gotejadores com vazão <strong>de</strong> 4 L/s;<br />

• Cinco válvulas reguladoras <strong>de</strong> pressão.<br />

4.10. Espaçamento<br />

O espaçamento utilizado será <strong>de</strong> 2,0 X 2,5 m, por ser<br />

recomendado tanto para as cultivares <strong>de</strong> uva utilizada como para<br />

o sistema <strong>de</strong> condução adotado. O espaçamento entre linhas<br />

<strong>de</strong> 2,5 m foi <strong>de</strong>terminado para facilitar as operações mecanizadas.<br />

A população será 2.000 plantas por hectare.<br />

4.11. Cultivares<br />

As cultivares adotadas serão a Isabel Precoce e BRS<br />

Cora (<strong>Vitis</strong> labrusca) por serem vigorosas, adaptarem facilmente<br />

às diferentes condições climáticas, comportam-se bem em<br />

relação à antracnose (Elsinoe ampelina) e ao oídio (Uncinula<br />

necator), apresentam relativa susceptibilida<strong>de</strong> ao míldio da vi-


59<br />

<strong>de</strong>ira (Plasmopora viticola), à requeima (Alternaria sp) e à ferrugem<br />

(Phakospora euvitis).<br />

A Isabel Precoce (figura 15) possui boa qualida<strong>de</strong>, dando<br />

origem à produtos típicos com boa aceitação no mercado.<br />

Nas regiões tropicais é recomendada como alternativa prioritária<br />

para a elaboração <strong>de</strong> vinhos <strong>de</strong> mesa e suco <strong>de</strong> uva.<br />

Seu cacho é cilindrico-cônico, alado, cheio, em média<br />

com 110 g. Difere da cultivar Isabel por apresentar coloração<br />

do mosto mais intensa, maturação uniforme e antecipada em<br />

cerca <strong>de</strong> 33 dias, seu ciclo é <strong>de</strong> aproximadamente 140 dias, o<br />

que possibilita duas colheitas durante o período <strong>de</strong> estiagem<br />

em regiões tropicais, segundo Camargo (2004).<br />

A BRS Cora (Figura 16) apresenta cachos <strong>de</strong> aproximadamente<br />

150 gramas, ciclo médio <strong>de</strong> 130 a 140 dias nas regiões<br />

tropicais. Origina suco <strong>de</strong> uva intensamente colorido, indicado<br />

para a melhoria da coloração <strong>de</strong> sucos <strong>de</strong>ficientes em coloração.<br />

No caso <strong>de</strong> sucos <strong>de</strong> Isabel, obtem-se bom padrão em cortes<br />

contendo 85 a 90% <strong>de</strong> suco <strong>de</strong>sta cultivar e 10 a 15% <strong>de</strong> suco<br />

<strong>de</strong> BRS Cora (Camargo e Maia, 2004).<br />

Figura 15 - Isabel Precoce Figura 16- BRS Cora<br />

(Embrapa/CNPUV, 2005) (Embrapa/CNPUV, 2005)


60<br />

4.12. Aquisição <strong>de</strong> Mudas<br />

Serão adquiridas da Embrapa <strong>de</strong> Campinas (SP), 17.600<br />

mudas enxertadas <strong>de</strong> Isabel Precoce e 4.400 <strong>de</strong> BRS Cora, já<br />

consi<strong>de</strong>rando <strong>um</strong> acréscimo <strong>de</strong> 10 % para reposição no caso <strong>de</strong><br />

eventuais perdas. Meta<strong>de</strong> das mudas será com o porta-enxerto<br />

IAC-572 e a outra meta<strong>de</strong> com o porta-enxerto IAC-766, <strong>de</strong><br />

modo a evitar a perda total do pomar por doenças. Tanto os<br />

porta-enxertos como as cultivares são adaptadas para regiões<br />

tropicais.<br />

4.13. Tratos Culturais<br />

Os tratos culturais serão realizados constantemente, para<br />

tal ativida<strong>de</strong> é fundamental mão-<strong>de</strong>-obra capacitada.<br />

4.13.1. Controle <strong>de</strong> plantas daninhas<br />

As plantas daninhas serão controladas com o uso <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>a roça<strong>de</strong>ira nas entrelinhas e capinas manuais nas linhas.<br />

4.13.2. Poda <strong>de</strong> formação<br />

A muda será conduzida após o plantio em haste única até <strong>um</strong>a<br />

altura <strong>de</strong> 0,8 m, on<strong>de</strong> será feito <strong>um</strong> <strong>de</strong>sponte <strong>de</strong>ixando-se 3 gemas,<br />

sendo <strong>um</strong>a em cada lateral e 1 para cima (Figura 3).<br />

4.13.3. Poda <strong>de</strong> frutificação<br />

A poda <strong>de</strong> frutificação será do tipo esporão (poda curta),<br />

que consiste em <strong>de</strong>ixar 2 gemas por esporão. Após 120 a 140<br />

dias começa a colher os frutos.<br />

4.13.4. Poda ver<strong>de</strong>


4.13.4.1. Desbrota<br />

61<br />

Será mantida <strong>um</strong>a brotação, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da presença<br />

ou não <strong>de</strong> cacho, a brotação mais fraca será eliminada (Leão e<br />

Soares, 2000).<br />

4.13.4.2. Desnetamento e eliminação <strong>de</strong> gavinhas<br />

Eliminará os ramos terciários que aparecem nas axilas<br />

das folhas durante a fase <strong>de</strong> crescimento vegetativo (Leão e Soares,<br />

2000).<br />

4.13.4.3. Desfolha<br />

Quando a vi<strong>de</strong>ira apresentar a vegetação muito <strong>de</strong>nsa,<br />

será realizada a <strong>de</strong>sfolha próximo aos cachos, evitando-se fazer<br />

<strong>um</strong>a eliminação exagerada, que po<strong>de</strong> comprometer o vigor da<br />

planta (Pommer, 2003).<br />

4.13.4.4. Desbaste dos cachos<br />

Deve-se <strong>de</strong>ixar a produção bem distribuída, melhorando<br />

a relação entre as folhas e os cachos. O <strong>de</strong>sbaste dos cachos é<br />

realizado quando há <strong>de</strong>ficiências, doenças ou abafamento por<br />

excesso <strong>de</strong> ramos e folhas (Leão e Soares, 2000). Se houver<br />

<strong>um</strong>a sobrecarga da produção também será realizado esse trato<br />

cultural.<br />

4.14. Doenças<br />

As doenças mais importante da cultura nessa região é o<br />

míldio e oídio. Como as cultivares escolhidas são relativamente<br />

tolerantes ao oídio, a principal doença, então, é o míldio. Não


62<br />

existem estudos a respeito das outras doenças no DF por ser<br />

<strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> recente nesse local.<br />

O tratamento do míldio será feito com o Folpet por ser<br />

<strong>um</strong> produto <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> baixa (tabela 13). Para realizar a pulverização<br />

da área será necessário adquirir <strong>um</strong> pulverizador atomizador<br />

400 L (Agrianual, 2005), para que ambos os lados da<br />

folha sejam atingidos com os produtos.<br />

Tabela 13 - Doenças fúngicas da vi<strong>de</strong>ira e recomendações para<br />

o controle químico. Embrapa <strong>Uva</strong> e Vinho, Bento<br />

Gonçalves, 2003.<br />

Doença/<br />

Patógeno<br />

Míldio<br />

(Plasmopara<br />

vitícola)<br />

Princípio<br />

Ativo<br />

Folpet<br />

*CT = Classe Toxicológica<br />

Fonte: Kuhn, 2005.<br />

Eficácia<br />

XX<br />

Dose (i.a)<br />

(g/100L)<br />

65<br />

Intervalo entre<br />

aplicações (dias)<br />

5 a 7<br />

Perído <strong>de</strong><br />

carência<br />

Utilizará <strong>um</strong>a calda <strong>de</strong> 400 L/ha <strong>de</strong>sse produto para fazer<br />

aplicação na área. A pulverização será realizada no início da<br />

brotação até o início da maturação (Andrei, 1999).<br />

4.15. Pragas<br />

Como as mudas adquiridas são certificadas, não terá<br />

problemas com filoxera e pérola-da-terra. Deve-se ter cuidado<br />

com as formigas, cochonilhas e ácaros que po<strong>de</strong>rão prejudicar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da vi<strong>de</strong>ira.<br />

Se na área houver incidência <strong>de</strong> pragas será realizado o<br />

controle químico com Paration metil, óleo-emulsionável e Abamectin<br />

(tabela 14).<br />

Tabela 14 - Inseticidas registrados no Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o<br />

controle das principais pragas da vi<strong>de</strong>ira.<br />

1<br />

CT<br />

*<br />

IV


Bento Gonçalves, RS, 2000.<br />

Praga<br />

Inseticidas<br />

Ingrediente Produto<br />

ativo comercial<br />

Paration<br />

Dosagem<br />

(mL/100L)<br />

Carên<br />

cia<br />

(dias)<br />

Classe toxicológica<br />

Cochonilha-parda<br />

(Parthenolecani<strong>um</strong><br />

metil +<br />

Óleo emul-<br />

Folisuper<br />

100 15<br />

I<br />

persicae) e Cochosionávelnilha-algodão(I- Óleo emulsicerya<br />

schrottkyi) onável Triona 500 a 1000 SR IV<br />

Cochonilhas da<br />

parte aérea<br />

Ácaro rajado (Tetranychus<br />

urticae)<br />

SR: sem restrições<br />

Fonte: Farjado (2003)<br />

Paration<br />

metil<br />

Abamectin<br />

Folisuper<br />

Vertimec<br />

18 CE<br />

100 15<br />

80 a 100<br />

28<br />

63<br />

Utilizará <strong>um</strong>a calda <strong>de</strong> 200L/ha do produto para cochonilha-parda<br />

e para cochonilhas-da-parte-aérea; 1500 L/ha <strong>de</strong><br />

calda <strong>de</strong> óleo emulsionável e o vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> calda a ser aplicado<br />

para ácaro-rajado será <strong>de</strong> 1000 L/ha (Andrei, 1999).<br />

Para o controle das formigas saúvas serão utilizadas 10<br />

gramas/m² do fipronil e para as formigas quenquém 5<br />

g/formigueiro do mesmo produto (Embrapa/CNPTIA, 2005).<br />

Não <strong>de</strong>ve colocar o produto <strong>de</strong>ntro dos olheiros ativos. A aplicação<br />

será realizada nos períodos em que as formigas estão em<br />

plena ativida<strong>de</strong> ou ao entar<strong>de</strong>cer, já que o carregamento po<strong>de</strong>rá<br />

ser feito durante toda noite e sem interrupção (Andrei, 1999).<br />

4.16. Colheita<br />

A colheita <strong>de</strong> cada talhão será feita em 20 dias para processá-la<br />

diariamente, evitando o armazenamento por <strong>um</strong> tempo<br />

prolongado.<br />

I<br />

III


64<br />

Para <strong>de</strong>terminar o ponto <strong>de</strong> colheita se utilizará <strong>um</strong>a<br />

amostra representativa da área a ser colhida. Para essa amostra,<br />

serão coletadas duas bagas <strong>de</strong> lado opostos na parte superior,<br />

mediana e inferior do cacho, logo após serão espremidas em <strong>um</strong><br />

refratômetro portátil para medir o °Brix da fruta, que <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong> 18° a 20° Brix em média.<br />

Os cachos serão colhidos utilizando-se tesoura apropriada,<br />

com lâminas curtas e pontas arredondadas. O corte <strong>de</strong>verá<br />

ser realizado rente aos ramos <strong>de</strong> produção na porção lignificada<br />

(Choudhury, 2001).<br />

Serão colhidos por dia 1.500 kg <strong>de</strong> uva a partir do quinto<br />

ciclo, quando a produção se estabiliza. Consi<strong>de</strong>rando <strong>um</strong>a<br />

perda <strong>de</strong> 10 % durante colheita e transporte, estima-se o processamento<br />

<strong>de</strong> 1.350 kg <strong>de</strong> uva por dia.<br />

A uva será acondicionada em caixas <strong>de</strong> plástico com<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 kg, furadas na parte inferior, que po<strong>de</strong>m ser<br />

empilhadas sem danificar a uva, facilitando o transporte (Kuhn,<br />

2003).<br />

4.17. Transporte<br />

O transporte das uvas até a agroindústria será feito diariamente<br />

durante toda a colheita em <strong>um</strong>a carreta agrícola própria,<br />

on<strong>de</strong> as caixas plásticas serão acondicionadas.<br />

4.18. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Processamento<br />

A construção terá <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> 342 m² (figura 16), foi<br />

dimensionada para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> 300 kg<br />

<strong>de</strong> uva/hora. Constará <strong>de</strong> <strong>um</strong> escritório para as negociações e<br />

controle da agroindústria; laboratório para testes <strong>de</strong> cor, aci<strong>de</strong>z,<br />

etc; vestiário para os funcionários se trocarem; <strong>um</strong>a recepção<br />

on<strong>de</strong> as uvas sofrerão <strong>um</strong>a pré-lavagem; câmara fria com temperatura<br />

<strong>de</strong> 0°C a 2°C e <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> relativa em torno <strong>de</strong> 90% a


65<br />

95% (Choudhury, 2001) para armazenar as frutas colhidas no<br />

final da tar<strong>de</strong> até a manhã do dia seguinte tendo a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenar a colheita <strong>de</strong> até 6 dias; área <strong>de</strong> processamento,<br />

on<strong>de</strong> as uvas serão transformadas em suco, nessa área terá <strong>um</strong><br />

lavatório, papel toalha e lixeira, para higienização das mãos dos<br />

funcionários e <strong>um</strong>a sala <strong>de</strong> estocagem com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento<br />

para 3.500 caixas, aproximadamente.<br />

O piso terá inclinação <strong>de</strong> 1 % no sentido dos drenos coletores<br />

e será revestido <strong>de</strong> cerâmica industrial antiácida porque<br />

os ácidos orgânicos e açúcares da uva tem ação corrosiva (Rizzon<br />

et al., 2003).<br />

As pare<strong>de</strong>s serão revestidas <strong>de</strong> azulejo até a altura <strong>de</strong> 2<br />

m para permitir a higienização.<br />

As portas e janelas serão protegidas com telas <strong>de</strong> malha<br />

<strong>de</strong> 1 mm; as esquadrias serão <strong>de</strong> al<strong>um</strong>ínio. A il<strong>um</strong>inação artificial<br />

da área <strong>de</strong> manipulação será <strong>de</strong> 250 lux/ m² e terão proteção<br />

contra quebras. As instalações elétricas serão externas revestidas<br />

por tubulações isolantes para não danificar a construção<br />

no caso <strong>de</strong> prevenções e reparos, segundo ABIA apud Carvalho<br />

e Anvisa (2005).<br />

Os vestiários e banheiros serão in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da área <strong>de</strong><br />

processamento.<br />

A agroindústria fica próxima às fontes <strong>de</strong> abastecimento<br />

<strong>de</strong> água potável, esgoto e energia elétrica, permitindo <strong>um</strong> bom<br />

funcionamento.


66<br />

Figura 16. Planta Baixa da Agroindústria<br />

Legenda:<br />

1)Esteira lavadora/tombadora caixas; 2) Cal<strong>de</strong>ira geradora <strong>de</strong><br />

vapor; 3) Desengaça<strong>de</strong>ira; 4)Boiler-aquecedor <strong>de</strong> água vapor;<br />

5) Tanque pulmão; 6) Aquecedor/retardador/resfriador; 7) Tanque<br />

<strong>de</strong> tratamento enzimático; 8) Torre <strong>de</strong> resfriamento; 9) Esgotador;<br />

10) Prensa contínua; 11) Tanque Pulmão; 12) Filtro a<br />

vácuo; 13) Tanque pulmão; 14) Gás inerte; 15) Tanques <strong>de</strong> estocagem<br />

e 16) Pasteurização/engarrafamento.


4.19. Instruções e Supervisões<br />

67<br />

Quando a agroindústria estiver pronta será chamada a<br />

vigilância sanitária do DF para liberação do alvará <strong>de</strong> funcionamento.<br />

Devem ser realizadas avaliações periódicas <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong><br />

do treinamento e dos programas instrucionais e <strong>de</strong> capacitação,<br />

assim como as supervisões rotineiras e as avaliações que<br />

assegurem que os procedimentos estão sendo conduzidos com<br />

eficiências (CNI/SENAI/SEBRAE, 2000).<br />

Gerentes e supervisores <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>vem<br />

ter o conhecimento necessário nos princípios <strong>de</strong> boas práticas<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alimentos para serem capazes <strong>de</strong> avaliar e<br />

intervir nos possíveis riscos (CNI/SENAI/SEBRAE, 2000).<br />

4.20. Higiene na Produção<br />

As etapas <strong>de</strong> limpeza e sanificação consistem na remoção<br />

<strong>de</strong> resíduos (limpeza grosseira, retirada mecânica dos resíduos<br />

em contato com a superficie); pré-lavagem (remoção dos<br />

resíduos através da água); lavagem (utilização <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>tergentes,<br />

com ou sem auxílio <strong>de</strong> abrasivos); enxágüe (retirada<br />

dos resíduos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergente da superficie através da água); sanificação<br />

(aplicação da solução sanificante para redução <strong>de</strong> microrganismos<br />

ainda presentes na superfície) e enxágüe (remoção<br />

dos resíduos da sanificante, quando necessário), segundo<br />

CNI/SENAI/SEBRAE (2000).<br />

Para a sanificação, será utilizado o cloro porque é efetivo<br />

contra gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> bactérias e por ser relativamente<br />

barato comparado com o iodo. Apenas nas borrachas será utilizado<br />

o iodo por não ser recomendado o cloro para a sanificação<br />

do mesmo.<br />

Será realizada a limpeza com água e <strong>de</strong>tergente neutro<br />

bio<strong>de</strong>gradável e sanificação dos equipamentos antes e logo a-


68<br />

pós o uso. As pare<strong>de</strong>s e pisos também receberão, diariamente,<br />

limpeza com água e sabão.<br />

A concentração do sanitizante é igual para a maioria dos<br />

equipamentos e áreas (200 g/l), o iodo é utilizado em menor<br />

proporção quando comparado ao cloro (tabela 15).<br />

Tabela 15- Recomendações <strong>de</strong> principais sanitizante para equipamentos,<br />

áreas específicas e manipuladores<br />

Equipamentos/áreas/manipuladores Sanitizante Concentração<br />

(mg/l)<br />

Tubulações (CIP) CRL 100<br />

Superfícies porosas CRL 200<br />

Equipamentos <strong>de</strong> aço inoxidável CRL 200<br />

Borrachas IRL 25<br />

Azulejos CRL 200<br />

Pare<strong>de</strong>s CRL 200<br />

Prateleiras CRL 200<br />

Recipientes plásticos CRL 200<br />

IRL – Iodo Residual Livre<br />

CRL – Cloro Residual Livre<br />

Fonte: Andra<strong>de</strong> e Macêdo (1994)<br />

4.21. Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong><br />

A matéria-prima (uva) passa por <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> etapas<br />

até virar o suco <strong>de</strong> uva integral. Essas etapas estão indicadas na<br />

figura 13.<br />

4.21.1. Recepção<br />

A recepção apresenta <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> 22 m² e <strong>um</strong>a plataforma<br />

<strong>de</strong> 1 m <strong>de</strong> altura, correspon<strong>de</strong>nte a altura da carroceria do


69<br />

caminhão ou do trator transportador da matéria-prima, <strong>de</strong> modo<br />

a favorecer o trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga da uva.<br />

Na recepção as uvas sofrerão <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> prélavagem,<br />

ainda nas caixas, em <strong>um</strong> tanque com água para a retirada<br />

<strong>de</strong> terra, sujeiras, etc. Logo após serão guardadas na câmara<br />

fria até o dia seguinte para o início do processamento.<br />

4.21.2. Lavagem<br />

A lavagem da matéria-prima será feita com água, água<br />

clorada (100 ppm) e água corrente novamente. Em <strong>um</strong>a mesa<br />

próxima a esteira, as uvas serão selecionadas, retirando-se as<br />

bagas e cachos doentes, rachados ou com outro aspecto higiênico-sanitários<br />

insatisfatórios. Imediatamente após a retirada da<br />

uva, as caixas são higienizadas, lavadas com água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong><br />

sob pressão, segundo Rizzon et al. (2004).<br />

4.21.3. Desengaçamento/ Esmagamento<br />

O <strong>de</strong>sengaçamentp será feito em <strong>um</strong>a <strong>de</strong>sengaça<strong>de</strong>iraesmaga<strong>de</strong>ira,<br />

com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> liberar o mosto pela ruptura<br />

da película da baga.<br />

Em seguida, o material irá para <strong>um</strong> tanque pulmão.<br />

Os resíduos serão <strong>de</strong>stinados à adubação orgânica, porém<br />

não será <strong>de</strong>talhado neste trabalho.<br />

4.21.4. Enzimagem<br />

A enzimagem será feita com enzimas pectolíticas, em<br />

dois tanques <strong>de</strong> tratamento enzimático em aço inox.<br />

4.21.5. Prensagem


70<br />

inox.<br />

Sofrerá <strong>um</strong> prensagem em <strong>um</strong>a prensa contínua em aço<br />

4.21.6. Filtragem<br />

Para retirar o excesso <strong>de</strong> resíduos da baga da uva, será<br />

realizada <strong>um</strong>a filtragem em <strong>um</strong> filtro a vácuo em aço inox com<br />

sistema auto-limpante, <strong>de</strong>pois irá outro tanque pulmão e posteriormente<br />

para três tanques <strong>de</strong> estocagem.<br />

4.21.7. Pasteurização<br />

A pasteurização é <strong>um</strong> dos últimos processos, consite no<br />

aquecimento do suco visando eliminar as leveduras e inativar a<br />

maior parte dos microrganismos.<br />

4.21.8. Envase<br />

O engarrafamento será feito por <strong>um</strong>a envasadora para<br />

suco em aço inox e as garrafas serão fechadas por <strong>um</strong>a rosqueadora<br />

<strong>de</strong> tampas. A rotulagem será realizada manualmente com<br />

rótulos a<strong>de</strong>sivos.<br />

4.22. Estratégia <strong>de</strong> Marketing<br />

Como estratégia <strong>de</strong> marketing serão distribuídos panfletos<br />

com informações do suco; será construída <strong>um</strong>a página na<br />

Internet contendo informações do produto e atendimento ao<br />

cons<strong>um</strong>idor para possíveis sugestões; participações em eventos<br />

nacionais e locais fazendo exposição do produto; <strong>de</strong>gustação<br />

em supermercados, mercados e mercearias; fol<strong>de</strong>r explicativo<br />

em cada garrafa; rótulos feitos artesanalmente com papel reciclado;<br />

testes <strong>de</strong> experimentação para o <strong>de</strong>senvolvimento do


produto com base na preferência do cons<strong>um</strong>idor.<br />

4.23. Comercialização<br />

71<br />

Meta<strong>de</strong> do suco será comercializada em garrafas <strong>de</strong> 1<br />

litro e a outra meta<strong>de</strong> em garrafas <strong>de</strong> 2 litros, correspon<strong>de</strong>ndo a<br />

<strong>um</strong>a produção <strong>de</strong> 6.750 garrafas <strong>de</strong> 1 litro e 3.375 garrafas <strong>de</strong> 2<br />

litros por mês. Um quinto da produção mensal será armazenada<br />

e vendida no próximo mês para que nos meses improdutivos<br />

por causa das chuvas, o comércio não fique sem o produto.<br />

O suco será distribuído em supermercados, mercados e<br />

mercearias do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, através <strong>de</strong> <strong>um</strong> pré-contrato <strong>de</strong><br />

compra e venda.<br />

4.24. Coeficientes Técnicos<br />

Para a instalação do pomar recomendam-se os seguintes<br />

coeficientes técnicos (tabela 16 e 17). As tabelas referem-se às<br />

quantida<strong>de</strong>s necessárias <strong>de</strong> ins<strong>um</strong>os e serviços para a implantação<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> pomar <strong>de</strong> <strong>um</strong> hectare <strong>de</strong> uva utilizando o sistema <strong>de</strong><br />

condução do tipo espal<strong>de</strong>ira e espaçamento <strong>de</strong> 2 x 2,5<br />

Tabela 16. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ins<strong>um</strong>os/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIF QTDE<br />

Ano 1 Ano 2 Ano 3 a 10<br />

A – Ins<strong>um</strong>os<br />

1 – Sementes/mudas<br />

Mudas <strong>de</strong> uva Isabel Precoce e BRS Cora Unid. 2.200 - -<br />

Mudas <strong>de</strong> quebra-vento<br />

2 – Fertilizantes/corretivos<br />

unid. 5.600 - -<br />

Calcário dolomítico ton 4,87 - -<br />

Fosfato Natural ton 0,57 - -<br />

Superfosfato Simples ton 2,00 1,89 2,22<br />

Cloreto <strong>de</strong> Potássio ton 0,54 0,62 1,03


72<br />

Uréia ton 1,05 0,68 1,0<br />

Bórax kg 18,18 - -<br />

Sulfato <strong>de</strong> zinco kg 40 - -<br />

Formulação 00-15-10 ton 1,06 - -<br />

Esterco bovino<br />

3 – Defensivos<br />

ton 80 - -<br />

Paration Metil L 0,4 0,4 0,4<br />

Abamectin L 3,00 3,00 3,00<br />

Folpet kg 3,78 3,78 3,78<br />

Óleo emulsionável<br />

4 – Outros<br />

L 15,00 15,00 15,00<br />

Trator 60 cv unid 1 - -<br />

Roça<strong>de</strong>ira unid 1 - -<br />

Pulverizador unid 1 - -<br />

Perfurador 18" unid 1 - -<br />

Carreta unid 1 - -<br />

Tesoura <strong>de</strong> poda unid 10 - -<br />

Postes externos (250 x 10 x 10cm) unid 80 - -<br />

Rabichos (120 x 10 x 10 cm) unid 80 - -<br />

Postes internos (220 x 8 x 8 cm) unid 640 - -<br />

Arame 14 x 16 m 16.000 - -<br />

Caixa 20 kg unid 450 - -<br />

Tutores unid 2000 - -<br />

Conj. Irrigação unid 1,00 - -<br />

Tabela 17 – Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços/ha<br />

DESCRIÇÃO ESPECIF QTDE<br />

B – Serviços<br />

Ano 1 Ano 2 Ano 3 a 10<br />

1 – Preparo do solo/plantio<br />

Plantio do quebra-vento DH 17,5 - -<br />

Roçagem HM 0,93 - -<br />

Distribuição <strong>de</strong> calcario HM 2,11 - -<br />

Aração HM 1,71 - -<br />

Gradagem HM 0,93 - -<br />

Abertura <strong>de</strong> sulcos HM 1,33 - -


Abertura das covas HM 68,00 - -<br />

Abertura <strong>de</strong> cova para posteação DH 6,23 - -<br />

Colocação dos postes e rabichos DH 10,89 - -<br />

Colocação <strong>de</strong> arame DH 5,99 - -<br />

Transporte Interno <strong>de</strong> adubo HM 0,93 0,93 0,93<br />

Misturar adubos DH 0,21 0,21 0,21<br />

Distribuição <strong>de</strong> adubo DH 1,01 1,01 1,01<br />

Distribuição <strong>de</strong> mudas HM 2,85 - -<br />

Distribuição <strong>de</strong> mudas DH 0,36 - -<br />

Plantio<br />

2 – Tratos culturais<br />

DH 10,42 - -<br />

Tutoramento DH 41,67 - -<br />

Poda <strong>de</strong> formação DH 8,33 - -<br />

Poda <strong>de</strong> frutificação DH 14,58 14,58 14,58<br />

Desbrota DH 25 25 25<br />

Desnetamento DH 25 25 25<br />

Desfolha DH 2,08 2,08 2,08<br />

Roçagem HM 0,93 0,93 0,93<br />

Capina DH 0,86 0,86 0,86<br />

Pulverização<br />

3 – Colheita<br />

HM 0,32 0,32 0,32<br />

Colheita DH - 1,89 3,15<br />

4.25. Equipamentos e Materiais Necessários Para a Agroindústria<br />

<strong>de</strong> Suco <strong>de</strong> <strong>Uva</strong> Integral<br />

73<br />

A tabela 18 correspon<strong>de</strong> aos materiais necessários para<br />

<strong>um</strong>a agroindústria <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento<br />

<strong>de</strong> 300 kg/hora.<br />

Tabela 18 – Equipamentos da Agroindústria<br />

Quantida<strong>de</strong><br />

Equipamentos Especif. Ano 0 Ano 1 Ano 2 a<br />

10<br />

Esteira lavadora/ tombadora caixas Unid 1 - -<br />

Cal<strong>de</strong>ira geradora <strong>de</strong> vapor Unid 1 - -


74<br />

Esmaga<strong>de</strong>ira Unid 1 - -<br />

Aquecedor água vapor Unid 1 - -<br />

Tanque pulmão Unid 3 - -<br />

Aquecedor/retardador/resfriador Unid 1 - -<br />

Tanques <strong>de</strong> tratamento enzimático Unid 1 - -<br />

Torre <strong>de</strong> resfriamento Unid 1 - -<br />

Esgotador Unid 1 - -<br />

Prensa contínua Unid 1 - -<br />

Filtro a vácuo Unid 1 - -<br />

Gás inerte Unid 1 - -<br />

Tanques <strong>de</strong> estocagem Unid 3 - -<br />

Pasteurização/ Engarrafamento Unid 1 - -<br />

Caixas <strong>de</strong> papelão (12 garrafas <strong>de</strong> 1 litro) Unid - 2.532 4219<br />

Caixas <strong>de</strong> papelão (6 garrafas <strong>de</strong> 2 litros) Unid - 2.532 4.219<br />

Garrafas <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> 1 litro Unid - 30.375 50.625<br />

Garrafas <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> 2 litros Unid - 15,187 25.312<br />

Rótulos Unid - 45.562 75.937<br />

Tampas Unid - 45.562 75.937<br />

Computador Unid 1 - -<br />

Mesa Unid 2 - -<br />

Arquivo Unid 1 - -<br />

Armário Unid 1 - -<br />

Bebedouro Unid 2 - -<br />

Frigobar Unid 1 - -<br />

Vidrarias diversas do Laboratório Unid 100 - -<br />

5. DISCUSSÃO<br />

As máquinas que serão adquiridas não estão sendo utilizadas<br />

por <strong>um</strong> tempo integral, sugere-se que pelo menos dobre a<br />

área plantada do pomar, para que as esses equipamentos não<br />

fiquem ociosos, ou então, iniciar a produção <strong>de</strong> suco artesanalmente<br />

para viabilizar o projeto.<br />

A compra da matéria-prima <strong>de</strong> outros produtores da região<br />

do DF não seria viável porque a área plantada e a produção<br />

<strong>de</strong> uva do DF são baixas. Logo, acredita-se que não teria<br />

uvas Isabel Precoce e BRS Cora para completar as horas ociosas<br />

das máquinas da agroindústria.<br />

6. CONCLUSÃO<br />

Po<strong>de</strong>-se afirmar que a produção <strong>de</strong> uva, a elaboração do<br />

suco e a comercialização no Distrito Fe<strong>de</strong>ral possuem viabili-


75<br />

da<strong>de</strong> técnica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sigam as técnicas <strong>de</strong> implantação do<br />

pomar e as normas <strong>de</strong> boas práticas <strong>de</strong> fabricação para o processamento,<br />

analisadas neste estudo.<br />

Existe <strong>de</strong>manda para o suco <strong>de</strong> uva integral nas principais<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supermercados no DF.<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AGRIANUAL – ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA AGRI-<br />

CULTURA BRASILEIRA. São Paulo: FNP, 2005. 520 p.<br />

ANDREI, E. Compêndio <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas. 6ª edição.<br />

Revisão atualizada, 1999.<br />

ANDRADE, N.J. e MACÊDO, J.A.B. Higienização na indústria<br />

<strong>de</strong> alimentos. UFV – Viçosa, MG. Julho, 1994. 172 p.<br />

ANVISA, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANI-<br />

TÁRIA - Portaria nº 326 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997. Disponível<br />

em: . Acesso em: 09 ago. 2005<br />

BERNADINO, J. Emater. Brasília-DF, 2005.<br />

BERNARDO, S. Manual <strong>de</strong> irrigação. 6ª ed. Viçosa: UFV,<br />

Impr.Univ. 1995. 656 p.<br />

BOA SAÚDE. Disponível em:<br />

Acesso em: 01 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

2005.<br />

CAMARGO, U.A. Isabel Precoce: Alternativa para a Vitivinicultura<br />

Brasileira. Comunicado técnico 54. Bento Gonçalves,<br />

RS. 2004.


76<br />

CAMARGO, U.A. e MAIA, J.D.G. BRS Cora: Nova cultivar<br />

<strong>de</strong> uva para suco, adaptada a climas tropicais. Comunicado<br />

Técnico 53. Bento Gonçalves, RS, 2004.<br />

CARVALHO, G.M. Viabilida<strong>de</strong> Técnica do Processamento<br />

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