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Quinta Estrofe: A Alegria e a Abundância da Nova Era (66.10-11)<br />
66.10<br />
Regozijai-vos juntamente com Jerusalém, e alegrai-vos por ela. No hebraico<br />
há três vocábulos com o sentido de regozijar-se que a maioria das traduções modernas<br />
não reproduz. A tradução inglesa NCV quase consegue esse feito, traduzindo<br />
essas três palavras por "regozijar-se", "estar feliz" e "sentir-se feliz". Nossa versão<br />
portuguesa traduz os termos por "regozijai-vos", "alegrai-vos" e "exultai". A alegria é a<br />
nota-chave da restauração na era do Reino de Deus. Ver no Dicionário o artigo<br />
chamado Alegria. As lamentações do presente serão descontinuadas. O profeta <strong>Isaías</strong><br />
estava exultante quando previu o que aconteceria na Nova Era. Cf. Isa. 57.18; 60.20 e<br />
61.2,3. "Explosões de regozijo caracterizam os poemas dos capítulos 40-66 do livro<br />
de <strong>Isaías</strong>... A situação atual era deprimente, mas Deus estava prestes a trazer a lume<br />
um novo povo. A alegria do profeta era contagiante, e seus ouvintes devem ter<br />
ganhado com isso nova confiança e novo entusiasmo" (Henry Sloane Coffin, in loa,<br />
com algumas adaptações). A alusão pretendida é a de uma nova mãe que convidou<br />
amigos e vizinhos a regozijar-se com ela pelo nascimento de um filho saudável.<br />
66.11<br />
Oh, que alegria! a língua mortal não pode contar,<br />
Visto que a eternidade apenas começou.<br />
Reunirem-se um com o outro,<br />
Para habitarem com o Salvador.<br />
A terra onde o sol não se põe.<br />
(W. C. Martin)<br />
Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações. O simbolismo<br />
torna-se agora muito ousado. Os amigos da mãe (que provavelmente<br />
representam as nações que compartilharão do Reino) são agora convidados a<br />
sugar os seios dela, juntamente com os filhos de Sião, ou seja, Israel. E isso, por<br />
sua vez, significa que Sião é a mãe de todas as nações. (Cf. Isa. 49.17-21; 54.1-6).<br />
Sião será extremamente próspera, material e espiritualmente, e haverá "leite" suficiente<br />
para todos os povos. Os seios da mulher serão, ao mesmo tempo, consoladores<br />
e fontes de prazer. A glória dessa mulher será abundante, e os que se alimentarem<br />
dela compartilharão dessa glória. Os infantes não falam e, assim, não podem dizernos,<br />
mas é justo imaginar que eles se deleitam no seio e no leite materno. Parte do<br />
simbolismo deste versículo está alicerçado sobre essa suposição lógica.<br />
Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o<br />
genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado<br />
crescimento para salvação.<br />
Sexta Estrofe: Prosperidade e Consolação (66.12-14)<br />
66.12<br />
(I Pedro 2.2)<br />
Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como<br />
um rio. Esta sexta estrofe prove outros símbolos que descrevem a prosperidade<br />
de Jerusalém durante a era do Reino. Yahweh promete aqui que fará fluir por<br />
Jerusalém um rio de bênçãos. Quanto à prosperidade comparada a um rio, ver<br />
Isa. 48.18. As riquezas das nações fluirão para Jerusalém como uma poderosa<br />
torrente que inundará suas margens e não poderá ser contida. Cf. Isa. 48.18;<br />
55.12; 60.5,11 e 61.6. A primeira dessas promessas é a paz (shalom), que<br />
também pode dar a idéia de prosperidade. A segunda promessa é a glória ou<br />
riqueza (no hebraico, kabhodh), que inundará Jerusalém como um rio.<br />
Ademais, o autor sagrado retomou à metáfora da alimentação à criança, conforme<br />
visto no versículo anterior. As mulheres têm protrusões convenientes (os quadris)<br />
em seu corpo, que podem ajudá-las a carregar os infantes, uma prática comum nos<br />
países do Oriente Próximo. Esses infantes eram pequenos e ainda mamavam quando<br />
isso acontecia. As crianças pequenas também eram postas sentadas sobre os<br />
joelhos de suas mães, quando elas estavam descansando. A criança estava sempre<br />
na companhia da mãe; sempre bem cuidada; sempre bem alimentada; e, por isso,<br />
não nos devemos admirar que fosse uma criança feliz! Alguns estudiosos vêem aqui<br />
Sião como a mãe que dava de mamar a seus filhinhos, em consonância com o vs. 11,<br />
mas outros intérpretes fazem das nações gentílicas a mãe de Sião, de modo que esta<br />
linha concorde com a primeira parte do presente versículo. Esse é o sentido de Isa.<br />
60.16. Então, no vs. 13, o próprio Yahweh é que aparece como mãe.<br />
66.13<br />
Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei. Neste<br />
versículo, Yahweh é a mãe consoladora. As consolações de Israel formam um<br />
ISAÍAS<br />
dos principais temas proféticos sobre o Reino de Deus. Ver Isa. 40.1. Ver no<br />
Dicionário o artigo chamado Consolação. Temos um amor matemal-paternal que<br />
é suficiente para a tarefa. As antigas tribulações estarão terminadas. E serão<br />
esquecidas (ver Isa. 65.16).<br />
66.14<br />
Nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas.<br />
Cf. este versículo com Isa. 49.15.<br />
(Malaquias 4.2)<br />
Vós o vereis e o vosso coração se regozijará. Quando chegarem as consolações<br />
de Sião, então o coração de seus habitante se regozijará. Ver o tríplice regozijo<br />
do vs. 10: regozijai-vos; alegrai-vos; exultai (conforme diz nossa versão portuguesa).<br />
Os ossos deles florescerão como a erva. Os ossos representam o ser inteiro, pois é<br />
do arcabouço dos ossos que o corpo inteiro depende. Ver no Dicionário e em Sal.<br />
102.3 o verbete intitulado Osso(s). A causa eficaz disso será a mão do Senhor, que<br />
pode ser extremamente destruidora, mas, neste caso, curará e consolará. Ver no<br />
Dicionário e em Sal. 81.14 o verbete chamado Mão. Ver sobre mão direita em Sal.<br />
20.6; e sobre braço em Sal. 77.15; 89.10 e 98.1. O profeta <strong>Isaías</strong> misturou à<br />
vontade seu material e as metáfora psíquicas, o que, afinal de contas, é uma das<br />
características da poesia dos hebreus. O estado feliz de Sião insuflará nova vida<br />
e vigor em seus muitos cidadãos (cf. Sal. 32.3; 42.10; 102.3; Jó 21.24; Pro.<br />
15.30). "Coração e ossos representam, respectivamente, a vida interior e a vida<br />
exterior" (Ellicott, in loa). "Vossos ossos, que antes foram ressecados pelo fogo da<br />
ira de Deus (ver Lam. 1.13), reviverão (Pro. 3.8; 15.30; Eze. 37.1)" (Fausset, in loa).<br />
Sétima Estrofe: O Juiz que Vem (66.15-16)<br />
66.15<br />
Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um<br />
torveiinho. Cf. os vss. 2-5. As facções em luta da sociedade judaica são<br />
novamente apresentadas. Enquanto um dos lados será consolado e se tornará<br />
próspero, o outro lado cairá, sujeito à ira de Deus; e podemos presumir<br />
que essa será uma purificação necessária antes da inauguração da era do<br />
milênio. Yahweh é aqui retratado como o Cocheiro divino, montado sobre um<br />
torveiinho e chegando como se fosse um fogo consumidor. O fogo é o símbolo<br />
de julgamento e purificação e, na teologia judaica posterior, era referido<br />
como existente no sheol, atormentando as almas que ali estivessem. Mas<br />
não há aqui nenhum desses pensamentos. A purificação mencionada processar-se-á<br />
sobre a terra. No livro de I Enoque, foram acesas, pela primeira vez,<br />
as chamas do inferno, e no Novo Testamento, em alguns poucos lugares,<br />
essa chamas permanecem acesas.<br />
A presente estrofe representa a resposta para a oração fervorosa de Isa.<br />
64.1-3. Quanto a outras teofanias de fogo, ver Isa. 10.17,18; 29.6; 30.27,28; 64.1-<br />
3; Sal. 50.3,4; 97.1-15. A cena do monte Sinai é a principal inspiradora do símbolo<br />
aqui usado. Quanto a outras passagens que retratam Yahweh a cavalgar as<br />
nuvens, ver Sal. 18.10; 68.33; 104.3; Deu. 33.26. Quanto ao fato de que Deus<br />
cavalga sobre ventos tempestuosos, ver Isa. 27.1; 31.8; 34.5; Deu. 32.41,42; Jer.<br />
46.10; Eze. 21.3-5. Descrições similares têm sido encontradas para descrever<br />
divindades ugaríticas.<br />
66.16<br />
Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com<br />
toda a carne. Ao símbolo do fogo, é adicionado agora outro símbolo extremamente<br />
comum, a espada divina. Cf. Isa. 27.1; 42.13; 52.10; 59.17; Êxo. 15.3. Aqui Yahweh<br />
aparece como o Senhor dos Exércitos, Guerreiro Destruidor. Nessa qualidade,<br />
Yahweh executa um juízo necessário e justo. Ver Isa. 27.1; 31.8; 34.5; Deu. 32.41,42;<br />
Jer. 46.10; Eze. 21.3-5; 38.21.0 julgamento divino será universal porque a rebeldia<br />
e a apostasia são universais. Ver Isa. 40.5; 60.12; 63.6. Uma grande purificação<br />
ocorrerá antes da inauguração da época áurea. Cf. Apo. 19.17-21.<br />
Sumário Escatológico (66.17-24)<br />
66.17<br />
Os que se santificam e se purificam para entrarem nos jardins... serão<br />
consumidos. Isso pode ser a declaração de conclusão de um redator que assim<br />
prove apta conclusão para os capítulos 56-66. Novamente encontramos aqui os<br />
jardins idolatras mencionados. Ver Isa. 1.29 e 65.3. Os idolatras passam por<br />
várias cerimônias de purificação e então dirigem-se em procissão aos lugares de<br />
seus cultos falsos. Os pagãos sacrificam o porco e então se banqueteiam com a<br />
carne do animal, da mesma maneira que os judeus faziam com a carne de touros