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Por Antônio Lopes de Sá
Inveja e Sucesso
Existe em algumas pessoas uma vocação maligna para destruir conceitos.
Mesmo sem conhecer a razão dos fatos ou intencionalmente os distorcendo, os
invejosos são tenazes perseguidores dos seres de sucesso.
Em geral, são muitos dos impotentes para realizar os que se contentam com o
destruir as conquistas de terceiros.
Falar mal de coisas, idéias e pessoas é um hábito para certos indivíduos.
Tramar maliciosamente, caluniar, difamar, criticar destrutivamente, é uma
característica de doentes mentais.
O importante, todavia, é não se deixar perturbar por tais práticas diabólicas.
Se nos desequilibramos, em razão dos ataques injustos, oferecemos uma vitória
aos viciosos caluniadores.
Se mantivermos a serenidade interna, derrotaremos as pretensões dos
invejosos e detratores.
O importante é acreditar em nossas virtudes, no que realizamos de bom, não
permitindo que os conceitos deturpados nos impeçam de perseguir objetivos.
impotentes.
Quanto mais fazemos e mais inveja tendemos a despertar nos ignorantes e
Assim ocorreu com inúmeros personagens famosos, valendo a pena recordar
um singelo exemplo deixado em nossa História do Brasil.
Reconhecendo o talento de Antônio Carlos Gomes o Imperador Pedro II passou
a ser protetor desse gênio da música.
Como a Itália era a terra da maior quantidade de óperas e estas os espetáculos
preferidos por todas as classes sociais, o soberano financiou longa estadia do genial
artista naquele País.
Um sem número de trabalhos produziu Antônio Carlos, como as famosas
óperas: Guarani, Fosca, O Escravo, Noite no Castelo.
A paixão do compositor pela Itália, a fama que lá adquiriu como aluno
prestigiado do grande Giuseppe Verdi, foram fatores suficientes para que a inveja dos

medíocres movesse sérias campanhas difamatórias e de outros gêneros, contra o
brasileiro notável.
Como os abutres vivem de matéria putrefata, também os caluniadores se
alimentam de excrementos mentais.
Difundiram de maneira vil que o compositor esbanjava o dinheiro público
passeando na Itália; outros diziam que ele trocara a cidadania brasileira pela italiana;
ainda outros diziam que ele copiava a música de Verdi.
Talvez tenha sido esta a razão porque, contrariado, muito dos seus escritos
musicais não os tenha concluído.
As infâmias, todavia, se perderam na noite dos tempos e os nomes dos
detratores sequer são referidos.
Ficou a genial e eterna obra desse personagem marcante da arte brasileira.
A abertura de programas oficiais do Governo, no rádio, na famosa “Hora do
Brasil” passou a ser o Guarani, de Carlos Gomes, como uma identidade nacional.
Executam-se, até hoje, as suas modinhas.
Na eterna luta entre o mal e o bem, sem dúvida, tem razão Milton, em seu
“Paraíso Perdido” – vence sempre o bem.
Como a vitória se valoriza pela luta, parece ser divina essa contenda, pois,
quanto maior é o embate e mais digna se torna a conquista.