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FUSÃO NUCLEAR O que é a Energia Nuclear? Cisão Nuclear ...

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1<br />

O <strong>que</strong> <strong>é</strong> a <strong>Energia</strong> <strong>Nuclear</strong>?<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong><br />

Dá-se o nome gen<strong>é</strong>rico de energia nuclear a toda a energia associada às<br />

modificações da constituição do núcleo de um átomo. Esta energia pode ser<br />

libertada durante um processo de desintegração radioactiva ou libertada ou<br />

absorvida em consequência de uma reacção nuclear.<br />

A energia libertada ( E) está relacionada com a redução da massa dos reagentes<br />

( m ) atrav<strong>é</strong>s do Princípio da Equivalência Massa-<strong>Energia</strong> de Einstein, segundo o<br />

qual:<br />

E = mc 2<br />

em <strong>que</strong> c representa a velocidade da luz no vácuo.<br />

A energia nuclear tem, fundamentalmente, três vantagens principais:<br />

- a operação normal de um reactor nuclear não conduz à libertação de gases<br />

poluentes para a atmosfera;<br />

- existem jazidas de combustíveis <strong>que</strong> permitem a operação das centrais nucleares<br />

durante muitos anos;<br />

- <strong>é</strong> uma energia de baixo custo.<br />

Para chegar à conclusão de quais as formas de produção da energia nuclear deve<br />

realizar-se a análise da variação da energia de ligação por núcleo com o número de<br />

massa. Esta análise permite inferir <strong>que</strong> a energia nuclear pode ser produzida<br />

atrav<strong>é</strong>s <strong>que</strong>r da cisão de núcleos pesados (fissão), <strong>que</strong>r da fusão de núcleos leves.<br />

<strong>Cisão</strong> <strong>Nuclear</strong> - caracterização<br />

A descoberta da cisão nuclear foi anunciada por L. Meitner no início do ano de<br />

1939.<br />

A cisão (fissão) nuclear <strong>é</strong> o processo de geração de energia atrav<strong>é</strong>s da<br />

desintegração de um átomo de um elemento pesado.<br />

O processo de cisão (ou fissão) nuclear <strong>é</strong> o utilizado actualmente nas centrais<br />

nucleares. Quando um átomo pesado (como por exemplo o urânio ou o plutónio) se<br />

divide em dois átomos mais leves, a soma das massas destes últimos átomos<br />

obtidos, juntamente com a dos neutrões libertados, <strong>é</strong> menor <strong>que</strong> a massa do átomo<br />

original, logo, verifica-se a fórmula de Albert Einstein E= mc 2 , ou seja, liberta-se<br />

energia.<br />

Para desintegrar um átomo, emprega-se um neutrão<br />

(uma vez <strong>que</strong> <strong>é</strong> electricamente neutro e não se desvia<br />

da sua trajectória) <strong>que</strong> se lança contra o átomo <strong>que</strong><br />

se pretende dividir, por exemplo, urânio. Ao chocar<br />

com o neutrão, o átomo de urânio-235 converte-se<br />

em urânio-236 durante um brevíssimo espaço de<br />

tempo, pois possui então mais um neutrão. Este<br />

"breve" átomo <strong>é</strong> muito instável, dividindo-se em dois átomos diferentes e mais<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


ligeiros <strong>que</strong> o urânio-236 (por exemplo: crípton e bário; ou x<strong>é</strong>non e estrôncio),<br />

libertando dois ou três neutrões e tamb<strong>é</strong>m energia. Estes três neutrões voltam a<br />

colidir com outros três átomos de urânio-235, libertando no total nove neutrões,<br />

energia e outros dois átomos mais ligeiros e assim sucessivamente, gerando desta<br />

forma uma reacção em cadeia.<br />

2<br />

Fusão <strong>Nuclear</strong> - caracterização<br />

Fusão nuclear <strong>é</strong> a união de núcleos pe<strong>que</strong>nos formando núcleos maiores, durante a<br />

formação dos quais se liberta uma quantidade muito grande de energia.<br />

A fusão nuclear <strong>é</strong> o processo energ<strong>é</strong>tico <strong>que</strong> alimenta as estrelas (como o Sol) e<br />

<strong>que</strong> consiste na fusão dos núcleos de dois átomos leves, por exemplo o deut<strong>é</strong>rio e o<br />

trítio, dois isótopos do hidrog<strong>é</strong>nio.<br />

Ou seja, as reacções de fusão ocorrem quando os núcleos dos átomos têm<br />

velocidade suficiente para ultrapassar as forças repulsivas entre as cargas el<strong>é</strong>ctricas<br />

<strong>que</strong> os constituem.<br />

O deut<strong>é</strong>rio pode ser extraído da água (em m<strong>é</strong>dia, existem 30 g por metro cúbico).<br />

O trítio, um isótopo radioactivo, existe em quantidades muito reduzidas no nossos<br />

planeta, mas pode ser obtido a partir do lítio, um metal leve <strong>que</strong> abunda na crosta<br />

terrestre.<br />

Para <strong>que</strong> ocorra fusão nuclear <strong>é</strong> necessária uma temperatura muito elevada, pelo<br />

menos na ordem de 100 milhões de graus Celsius.<br />

Esta temperatura <strong>é</strong> uma das condições indispensáveis à ocorrência de fusão; as<br />

outras são a densidade da mat<strong>é</strong>ria em <strong>que</strong>stão e um tempo de confinamento (de<br />

alguns segundos na fusão por confinamento magn<strong>é</strong>tico e de nanossegundos na<br />

fusão por confinamento inercial).<br />

Na base da investigação em Fusão <strong>Nuclear</strong> está o conhecimento adquirido atrav<strong>é</strong>s<br />

de uma das áreas de investigação da Física designada Física de Plasmas. O<br />

desenvolvimento da Física de Plasmas começou na d<strong>é</strong>cada de 20 do s<strong>é</strong>culo XX, num<br />

esforço para compreender a fonte de energia das estrelas.<br />

Os investigadores nesta área descobriram <strong>que</strong> quando um gás <strong>é</strong> fortemente<br />

a<strong>que</strong>cido os seus electrões ficam completamente separados dos núcleos atómicos<br />

(formando iões).<br />

Este gás ionizado, bom condutor de electricidade, <strong>é</strong> designado por “plasma”. Este<br />

plasma, <strong>é</strong> um quarto estado físico da mat<strong>é</strong>ria, pelo <strong>que</strong> podemos afirmar <strong>que</strong><br />

temos quatro estados físicos: sólido, líquido, gasos e plasma. O estado de plasma<br />

existe em mais de 99% do universo conhecido.<br />

O Sol <strong>é</strong> uma imensa bola de hidrog<strong>é</strong>nio onde a temperatura <strong>é</strong> suficientemente<br />

elevada para <strong>que</strong> ocorra a fusão de átomos de hidrog<strong>é</strong>nio, formando átomos mais<br />

pesados e libertando a energia <strong>que</strong> chega at<strong>é</strong> nós na forma de luz e calor. Uma das<br />

reacções <strong>que</strong> acontecem no Sol <strong>é</strong> a fusão de um átomo de deut<strong>é</strong>rio com um átomo<br />

de trítio, formando um átomo de h<strong>é</strong>lio e libertando grande quantidade de energia.<br />

Constituição e funcionamento de um reactor nuclear<br />

Um reactor nuclear <strong>é</strong> qual<strong>que</strong>r tipo de aparelho usado para manter e controlar uma<br />

reacção nuclear cujo objectivo seja a produção de energia.<br />

Existem reactores de cisão nuclear, os mais comuns,<br />

estando neste momento em curso a criação do primeiro<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


eactor de fusão nuclear.<br />

A designação de “pilha atómica”, como tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> conhecido, resultou do facto de o<br />

primeiro reactor de cisão nuclear, construído em Chicago por uma equipa dirigida<br />

por Enrico Fermi, ser constituído por um empilhamento de blocos de grafite e de<br />

lingotes cilíndricos de dióxido de urânio e de urânio metálico com cerca de 7,5 m de<br />

largura e 5,8 m de altura.<br />

Este reactor começou a operar em 2 de Dezembro de 1942.<br />

Os primeiros resultados obtidos em reactores de cisão nuclear foram apresentados<br />

em Genebra, em 1955, durante a primeira conferência “Átomos para a Paz”.<br />

Em qual<strong>que</strong>r tipo de reactor nuclear <strong>é</strong> possível distinguir:<br />

- o combustível;<br />

- o moderador;<br />

- o líquido de refrigeração;<br />

- a blindagem.<br />

O combustível <strong>é</strong> o material <strong>que</strong> possui os núcleos cindíveis e <strong>que</strong> <strong>é</strong> colocado no<br />

núcleo do reactor sob a forma de barras. São, normalmente, usados urânio natural<br />

(constituído por cerca de 70% de urânio-235) e ligas de urânio enri<strong>que</strong>cido<br />

(plutónio-239 e urânio-233).<br />

O moderador (grafite, água natural, água pesada ou berílio) <strong>é</strong> utilizado para reduzir<br />

a velocidade dos neutrões produzidos nas reacções de modo a aumentar a<br />

probabilidade destes neutrões originarem mais cisões nas suas interacções com o<br />

combustível.<br />

O líquido de refrigeração ou fluido refrigerador evita o a<strong>que</strong>cimento excessivo do<br />

núcleo atrav<strong>é</strong>s da remoção do calor produzido nas reacções. Os fluidos<br />

refrigeradores mais vulgares podem ser gasosos (ar, dióxido de carbono ou h<strong>é</strong>lio)<br />

ou líquidos (água natural, água pesada ou sódio líquido).<br />

A blindagem <strong>é</strong> um dispositivo de protecção biológica <strong>que</strong> envolve o núcleo do<br />

reactor, separando-o da zona de trabalho, e cuja função principal consiste na<br />

redução da intensidade das radiações emitidas pelos produtos das reacções de<br />

cisão at<strong>é</strong> valores admissíveis para a vida humana. Os materiais mais usados na<br />

blindagem dos reactores nucleares são o chumbo e diversos tipos de betão.<br />

3<br />

Exemplos de vários reactores de cisão nuclear<br />

É habitual considerar <strong>que</strong> existem três tipos de reactores de cisão nuclear:<br />

- reactores de conversão;<br />

- reactores de investigação;<br />

- centrais termonucleares.<br />

Os reactores de conversão transformam, com neutrões t<strong>é</strong>rmicos e eficiência<br />

elevada, material <strong>que</strong> não <strong>é</strong> cindível em material cindível. As conversões mais<br />

fre<strong>que</strong>ntes são urânio-238 para plutónio-239 e tório-232 para urânio-232.<br />

Os reactores de investigação funcionam a baixa energia (1 a 10 MW), com um<br />

fluxo elevado de neutrões <strong>que</strong> <strong>é</strong> directamente canalizado em feixes para instalações<br />

experimentais onde decorrem estudos de Física do Estado Sólido, produção de<br />

radioisótopos para Medicina <strong>Nuclear</strong> ou desenvolvimento de aplicações industriais.<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


As centrais termonucleares aproveitam a energia cin<strong>é</strong>tica dos fragmentos<br />

originados pelas reacções de cisão para a<strong>que</strong>cer um fluido circulante. O vapor<br />

resultante vai accionar turbinas <strong>que</strong> transformam a energia mecânica em energia<br />

el<strong>é</strong>ctrica.<br />

Exemplos de reactores de cisão nuclear:<br />

LWR - Light Water Reactors (Reactores de Água Leve)<br />

Utilizam como Refrigerador e Moderador a água e como Combustível urânio<br />

enri<strong>que</strong>cido. Os mais utilizados são os BWR (Boiling Water Reactor ou Reactores de<br />

Água em Ebulição) e os PWR (Pressure Water Reactor ou Reactores de Água a<br />

Pressão), estes últimos considerados actualmente como o ex-líbris. (345 em<br />

funcionamento em 2001.)<br />

CANDU - Canada Deuterium Uranium (Canadá Deut<strong>é</strong>rio Urânio)<br />

Utilizam como Moderador água pesada (composta por dois átomos de deut<strong>é</strong>rio e<br />

um de oxig<strong>é</strong>nio) e como Refrigerador água comum. Como Combustível utilizam<br />

urânio natural. (34 em funcionamento em 2001.)<br />

FBR - Fast Breeder Reactors (Reactores Rápidos Realimentados)<br />

Utilizam neutrões rápidos em lugar dos t<strong>é</strong>rmicos para a consecução da fissão. Como<br />

Combustível utilizam plutónio e como Refrigerador sódio líquido. Este reactor não<br />

necessita de Moderador. (4 em funcionamento em 2001.)<br />

HTGR - High Temperature Gas-cooled Reactor (Reactor de Alta Temperatura<br />

Refrigerado por Gás)<br />

Usa uma mistura de tório e urânio como Combustível. Como Refrigerador utiliza<br />

h<strong>é</strong>lio e como Moderador grafite. (34 em funcionamento em 2001.)<br />

RBMK - Reactor Bolshoy Moshchnosty Kanalny (Reactor de Canais de Alta Potência)<br />

A sua principal função <strong>é</strong> a produção de plutónio, e como subproduto gera<br />

electricidade. Utiliza grafite como Moderador, água como Refrigerador e urânio<br />

enri<strong>que</strong>cido como Combustível. Pode recarregar em marcha. Tem um coeficiente de<br />

reactividade positivo. (14 em funcionamento em 2001.)<br />

ADS - Accelerator Driven System (Sistema Assistido por Acelerador)<br />

Utiliza uma massa subcrítica de tório, na qual se produz a fissão apenas pela<br />

introdução, mediante aceleradores de partículas, de neutrões no reactor.<br />

Encontram-se em fase de experimentação, e uma das suas funções fundamentais<br />

será a eliminação dos resíduos nucleares produzidos nos outros reactores de fissão.<br />

4<br />

Um Reactor <strong>Nuclear</strong> Português<br />

Em funções desde 1961, o Reactor Português de Investigação (RPI) <strong>é</strong> uma infraestrutura<br />

única na Península Ib<strong>é</strong>rica utilizada por investigadores do ITN (Instituto<br />

Tecnológico e <strong>Nuclear</strong>) e de outras instituições, nacionais e estrangeiras. Entre<br />

1998 e 2002, os utilizadores externos ao ITN foram responsáveis por 10% a 20%<br />

do tempo de irradiação total.<br />

A versatilidade do RPI revela-se na grande variedade de actividades <strong>que</strong> aí<br />

decorrem, nomeadamente nas áreas de Física <strong>Nuclear</strong>, Física de Neutrões,<br />

Engenharia <strong>Nuclear</strong>, Física da Mat<strong>é</strong>ria Condensada, Rádio-Química, Agronomia,<br />

efeitos biológicos das radiações, efeito das radiações nos materiais, investigação<br />

com isótopos de vida m<strong>é</strong>dia curta, educação e treino.<br />

No sector do RPI existem 3 grupos de investigação:<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


• Operação e Exploração do Reactor, Dosimetria e Cálculos Neutrónicos<br />

A operação segura do reactor e outros serviços relacionados (dosimetria, protecção<br />

radiológica e cálculos neutrónicos) são os objectivos principais deste grupo. As<br />

actividades dos membros do grupo são complementadas pela sua participação<br />

activa na instalação e operação de novos equipamentos e experiências (feixe de<br />

neutrões rápidos e epit<strong>é</strong>rmicos, canalização iónica, etc.).<br />

• Dispersão Atmosf<strong>é</strong>rica Elementar<br />

O grupo de Dispersão Atmosf<strong>é</strong>rica Elementar <strong>é</strong> o principal utilizador do RPI, tendo<br />

usado 41% do tempo de irradiação em 2002. Este grupo trabalha em colaboração<br />

com o Sector da Física, complementado o trabalho de AAN (Análise por Activação<br />

com Neutrões) com PIXE ("Particle Induced X-ray Emission") no acelerador van de<br />

Graaff. Este grupo tem um número significativo de estudantes e vários contratos de<br />

prestação de serviços.<br />

• Laboratório de Dinâmica Aplicada<br />

O Laboratório de Dinâmica Aplicada dedica-se à investigação em Engenharia<br />

<strong>Nuclear</strong>, em particular ao estudo do comportamento vibratório e acústico de<br />

componentes mecânicos. Apesar de pe<strong>que</strong>no, este grupo mant<strong>é</strong>m colaborações<br />

activas com Universidades e Laboratórios de Investigação em Portugal e no<br />

estrangeiro.<br />

5<br />

O Projecto de Fusão <strong>Nuclear</strong><br />

Os Estados Unidos aliaram-se à União Europeia, Canadá, Japão, República da China<br />

e Federação da Rússia para proceder às negociações tendentes à celebração de um<br />

acordo para a construção, operação e desmontagem do maior dispositivo<br />

experimental de plasmas de fusão nuclear, por confinamento magn<strong>é</strong>tico, at<strong>é</strong> hoje<br />

construído na Terra: o tokamak ITER.<br />

O ITER, palavra <strong>que</strong> em latim significa “o caminho”, tem por objectivo principal a<br />

demonstração científica e t<strong>é</strong>cnica da viabilidade da fusão nuclear como uma fonte<br />

de energia segura, limpa e praticamente inesgotável para o nosso planeta. A<br />

construção e a operação do ITER durarão, respectivamente, 10 e 20 anos, estando<br />

previsto <strong>que</strong> o custo de cada uma destas fases seja da ordem de 4000 milhões de<br />

Euros.<br />

O <strong>que</strong> <strong>é</strong> o Tokamak?<br />

É uma máquina no interior da qual se realiza a fusão nuclear com confinamento<br />

magn<strong>é</strong>tico. Sigla russa <strong>que</strong> deriva da expressão “câmara toroidal magn<strong>é</strong>tica”, um<br />

“tokamak” <strong>é</strong> uma máquina <strong>que</strong> tem a forma de uma câmara de ar ou de um donut<br />

oco. Em torno da câmara, no exterior, estão colocados ímans gigantescos <strong>que</strong><br />

criam o campo magn<strong>é</strong>tico <strong>que</strong> vai confinar o plasma. No interior da câmara, <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

revestida a berílio, colocam-se detectores <strong>que</strong> permitem controlar o <strong>que</strong> se passa<br />

durante as experiências.<br />

O <strong>que</strong> <strong>é</strong> o Confinamento?<br />

Para conseguir a fusão de dois átomos <strong>é</strong> necessário fazê-los chocar um contra o<br />

outro com uma energia suficientemente alta para <strong>que</strong> os seus núcleos possam<br />

suplantar a natural oposição das suas cargas el<strong>é</strong>ctricas idênticas e se possam<br />

fundir. Esta energia <strong>é</strong> fornecida aos átomos sob a forma de calor - várias centenas<br />

de milhões de graus - mas para evitar <strong>que</strong> eles “fujam” uns dos outros e colidam de<br />

facto <strong>é</strong> necessário confiná-los num pe<strong>que</strong>no volume. Existem basicamente duas<br />

formas de obter este confinamento:<br />

- o “confinamento inercial” <strong>que</strong> consiste na utilização de vários raios laser <strong>que</strong>,<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


vindos de diversas direcções, se concentram sobre um pe<strong>que</strong>no volume de gás e o<br />

fazem “implodir”;<br />

- outro m<strong>é</strong>todo, <strong>que</strong> <strong>é</strong> o utilizado nos “tokamak”, consiste na utilização de um<br />

campo magn<strong>é</strong>tico <strong>que</strong> “aperta” o pe<strong>que</strong>no volume de gás.<br />

6<br />

Vantagens da Fusão <strong>Nuclear</strong><br />

A Fusão tem as mesmas vantagens da energia nuclear e algumas mais-valias<br />

adicionais:<br />

- baixo custo;<br />

- não libertação para a atmosfera de gases <strong>que</strong> causem efeito de estufa;<br />

- não apresenta os inconvenientes das actuais centrais nucleares de fissão como a<br />

insegurança da operação e a longa vida dos lixos radioactivos;<br />

- a quantidade de energia libertada na reacção de fusão <strong>é</strong> bem maior <strong>que</strong> a<br />

libertada na fissão nuclear;<br />

- pode aproveitar-se a energia da fusão nuclear em fábricas pois o hidrog<strong>é</strong>nio<br />

re<strong>que</strong>rido pode ser obtido a partir da água do mar a baixo custo;<br />

- o rendimento energ<strong>é</strong>tico da fusão <strong>é</strong> alto;<br />

- o lixo resultante <strong>é</strong> bem menos perigoso <strong>que</strong> o lixo da fissão, contendo apenas um<br />

nuclídeo radioactivo, o trítio.<br />

Um pouco de história<br />

A Organização ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) foi<br />

fundada em 1985 por Mikhail Gorbachev, Ronald Reagan e outros lideres mundiais.<br />

O projecto do ITER foi realizado pela União Europeia, Estados Unidos (at<strong>é</strong> 1999),<br />

Japão e União Sovi<strong>é</strong>tica (posteriormente, a Federação da Rússia). Custou cerca de<br />

1500 milhões de euros e ficou completo em 2001.<br />

Em Novembro de 2001, iniciaram-se as negociações, tendentes à implementação<br />

do Projecto, atrav<strong>é</strong>s da assinatura de um acordo pelos Parceiros no qual seria<br />

estipulado onde decorreria a construção do ITER, como <strong>é</strong> <strong>que</strong> os custos e as<br />

responsabilidades seriam partilhados e como <strong>é</strong> <strong>que</strong> o Projecto seria dirigido.<br />

As negociações começaram por envolver a União Europeia, o Japão, a Rússia e o<br />

Canadá.<br />

Posteriormente, tamb<strong>é</strong>m a República Popular da China solicitou a adesão às<br />

negociações. Com a integração dos EUA, o ITER passou a ser o primeiro Projecto<br />

Internacional de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (I&D) <strong>que</strong><br />

envolve todos os Países do G8.<br />

Existiam, inicialmente, quatro ofertas de locais para a construção do ITER:<br />

Clarington (no Canadá), Rokkasho-mura (no Japão), Cadarache (em França) e<br />

Vandellos (em Espanha).<br />

Os participantes no Programa de Fusão da União Europeia, realizado no âmbito da<br />

“European Atomic Energy Community” (EURATOM), desejavam obviamente <strong>que</strong> o<br />

ITER fosse construído na União Europeia, de forma a poderem manter a liderança<br />

mundial das actividades de I&D nesta área científica e a usufruírem de um retorno<br />

máximo do investimento feito atrav<strong>é</strong>s de contratos com indústrias e Unidades de<br />

Investigação europeias.<br />

E conseguiram... em Junho de 2005, foi decidido, em Moscovo, ser Cadarache, no<br />

sul de França, o local ideal para a construção do primeiro reactor experimental de<br />

fusão nuclear.<br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>


7<br />

A participação portuguesa<br />

Portugal participa no Programa de Fusão da União Europeia desde 1990 atrav<strong>é</strong>s do<br />

Contrato de Associação entre a EURATOM e o Instituto Superior T<strong>é</strong>cnico (IST) e da<br />

participação do IST no “European Fusion Development Agreement” (EFDA).<br />

A contribuição portuguesa para o ITER tem compreendido:<br />

- a participação do Prof. Carlos Varandas na Delegação da União Europeia às<br />

Negociações, na sua qualidade de Presidente da Comissão de Gestão do EFDA;<br />

- o projecto de diagnósticos de reflectometria de microondas; e<br />

- a inclusão de um Investigador do IST na equipa central do ITER, onde <strong>é</strong><br />

responsável pela integração de diagnósticos. Durante as fases de construção e<br />

operação estão previstas participações no Projecto de Unidades de Investigação e<br />

Empresas Portuguesas, as quais poderão ser muito significativas uma vez <strong>que</strong> o<br />

ITER será construído na União Europeia.<br />

Bibliografia<br />

Centro de Fusão <strong>Nuclear</strong> - Consultório perguntas "O <strong>que</strong> <strong>é</strong> a energia nuclear?"<br />

Centro de Fusão <strong>Nuclear</strong> - Projecto ITER<br />

Centro de Fusão <strong>Nuclear</strong> - Expo Fusão<br />

Instituto Tecnológico e <strong>Nuclear</strong><br />

<strong>FUSÃO</strong> <strong>NUCLEAR</strong>

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