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ESTUDO DE CASO - TCC Fit UGF

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<strong>ESTUDO</strong> <strong>DE</strong> <strong>CASO</strong><br />

FISIOTERAPIA PARA CORREÇÃO POSTURAL EM ADOLESCENTE COM<br />

ESCOLIOSE DORSO-LOMBAR SOB A ÓTICA DAS CA<strong>DE</strong>IAS MUSCULARES.<br />

Francisco Luis Alves Teixeira da Silva<br />

Rua Alberto Leite nº 67, Méier - Rio de janeiro cep: 20730060<br />

Tels.: 3275-6632 / 9692-0208<br />

E-mail: franjato@oi.com.br<br />

Anna Paola P. B. G. Montes - Supervisora de Estágio da Clínica Escola de Fisioterapia da<br />

Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro RJ<br />

Roberto Carlos Carmo - Orientador do Trabalho de Conclusão de Curso.<br />

RESUMO.<br />

O objetivo desse estudo foi comprovar como a Fisioterapia usando a estabilização e<br />

o equilíbrio das cadeias musculares pode interferir na tendência à deformidade a qual os<br />

adolescentes, principalmente do sexo feminino, estão sujeitos, devido ao crescimento ósseo<br />

acelerado chamado “estirão”, um crescimento desordenado entre ossos e as estruturas<br />

moles associadas. O estudo de caso apresenta uma paciente adolescente que iniciou seu<br />

tratamento Fisioterapêutico há dois anos. Seu exame físico foi constituído de análise<br />

postural global, exame estático e dinâmico das cadeias hipoprogramadas e<br />

hiperprogramadas. Seu tratamento foi desprogramação das cadeias musculares<br />

hiperprogramadas e reprogramação das hipoprogramadas, pelo método da reeducação<br />

postural das cadeias musculares. O tratamento dependeu de uma boa avaliação e da correta<br />

utilização das técnicas disponíveis para a obtenção da máxima eficácia. Obteve-se um<br />

excelente resultado na recuperação de sua postura e na execução de suas AVD`S, conforme<br />

atestaram seus exames posturais e de raios x.<br />

PALAVRAS-CHAVE.<br />

Estrutural, músculo-esquelética, desprogramação,hiperlordose.<br />

Rio de Janeiro<br />

2008.1


INTRODUÇÃO.<br />

A escoliose é uma disfunção da coluna vertebral na qual podem ocorrer desvios<br />

tridimensionais em três planos do corpo (frontal, sagital e transversal), cujo principal<br />

componente é o desvio lateral anormal no plano frontal, podendo caracterizá-la como<br />

estrutural, diferente da atitude escoliótica, em que os sintomas desaparecem quando o<br />

paciente está em decúbito (1). É considerada uma patologia multifatorial, podendo ter várias<br />

origens: situações compensatórias, neuromusculares, por posturas idiopáticas ou antálgicas,<br />

congênitas (falha na formação dos ossos e segmentação), poliomielite, paralisia cerebral,<br />

traumas/fraturas, cirurgias, queimaduras, fenômenos irritativos, tumores medulares, hérnia<br />

de disco, distrofia muscular e outros (2) . O termo idiopática é usado pela medicina para<br />

designar qualquer doença que tem causa desconhecida, que não apresenta nenhuma<br />

anormalidade óssea ou neuromuscular.<br />

A escoliose pode apresentar uma ou mais curvaturas. Apresentam convexidades<br />

para a esquerda ou para a direita “C”, abrangendo uma ou mais regiões da coluna. Podem<br />

apresentar curvas compensatórias formando um "S" ou um "S invertido". Podem resultar<br />

em alterações anatômicas como: rotações vertebrais, saliências nas costelas, encurtamento<br />

vertebral e gibosidades (3) . Foram definidas por Cobb como sendo Primárias (maiores,<br />

iniciais) ou secundárias (menores, de compensação). A curva primária é a que determina as<br />

alterações da estrutura óssea, ligamentar, nervosa e muscular no segmento da coluna onde<br />

ela se localiza (2) . A curva primária tende a se tornar estruturada quando não compensada no<br />

início, tornando oblíquas as linhas horizontais do olho e da pelve, obrigando a pessoa a<br />

adotar uma posição antifisiológica para compensar. As secundárias, como são curvas<br />

menores e apenas de compensação são mais flexíveis e fáceis de serem corrigidas. No<br />

entanto, não podemos nos esquecer que, quanto maior for a curva primária, maior será a<br />

secundária (4) .<br />

Podemos encontrar a escoliose na região cervical, torácica, toracolombar, lombar ou<br />

abranger toda a extensão da coluna (5) . Uma grande complicação da escoliose está<br />

relacionada à fase de crescimento rápido, o chamado “estirão”, ocorrendo nos meninos em<br />

torno dos 13/15 anos e nas meninas dos 11/13 anos, geralmente 18 meses antes de eles<br />

entrarem na puberdade. Dentro desse período o risco de aumentar a escoliose ou o começo<br />

2


de um processo escoliótico é extremamente grande, devido ao fato de haver um<br />

crescimento ósseo mais acelerado em relação ao crescimento muscular (6) . É nessa fase que<br />

adolescentes referem muita dor nas costas e nos membros, principalmente inferiores, as<br />

quais denominam-se “dores de crescimento” (3) .<br />

A freqüência de ocorrências da escoliose varia, dependendo da população estudada,<br />

do método de identificação ou do grau da curvatura, mas estudos têm sugerido que a<br />

incidência da escoliose na população em geral aproxima-se de 2 a 4%, representando cerca<br />

de 30% das incidências dos desvios posturais (1) .<br />

A estrutura músculo-esquelética é a carcaça do nosso corpo. Ela determina sua<br />

forma, influencia as funções, e condiciona os movimentos. Sua deformação é dispendiosa<br />

em energia e perturba obrigatoriamente a sensibilidade (5) .<br />

Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficácia do tratamento de correção postural<br />

em um caso de escoliose e hiperlordose em uma adolescente, levando-se em conta a ação<br />

das cadeias musculares antagonistas e sinergistas e acompanhar seus progressos desde a<br />

primeira avaliação.<br />

MATERIAIS E MÉTODO.<br />

Identificação: Paciente: TBG. Idade: 16 anos. Sexo: feminino. Profissão: estudante.<br />

Diagnóstico Médico: Escoliose tóraco-lombar à direita.<br />

Anamnese: HDA: Responsável relatou ter identificado assimetrias em ombros e membros<br />

inferiores (MMII) em 2005. Foi levada ao Hospital que diagnosticou escoliose e<br />

recomendou natação e reeducação postural. Só realizou natação por não ter aonde fazer<br />

reeducação postural. Retornou ao médico em 2006 onde foi feito um pedido de Raios-X<br />

(RX) em incidências ântero-posterior (doravante denominado ap) e perfil, que confirmou<br />

escoliose tóraco-lombar à direita e hiperlordose. Na história patológica pregressa (HPP), a<br />

paciente relatou sentir dores nos membros inferiores (MMII) durante a infância, tendo<br />

tomado analgésico com remissão dos sintomas. Teve bronquite com várias crises. Sentia<br />

dificuldade e cansaço para respirar durante atividades físicas. História familial (H.FAM) e<br />

história social (HS). Mãe relata artrose em ambos joelhos e pai hipercifose torácica.<br />

Paciente não etilista e não tabagista. Realiza dança (frevo) sem intercorrências. Anda com<br />

mochila pesada por causa de material escolar, e sobe cinco lances de escada para chegar na<br />

sala de aula.<br />

3


Procurou a clínica-escola da Universidade Gama Filho para realizar uma avaliação<br />

postural, onde foi confirmado o diagnóstico de escoliose através de exames posturais<br />

estáticos e dinâmicos. Foi importante saber da paciente sobre sua digestão, casos de<br />

problemas gástricos e se ele já sofreu alguma cirurgia, pois as cadeias musculares e os<br />

tecidos tendem a se fechar sobre as cicatrizes para protegê-la, (relação contendor e<br />

conteúdo).<br />

Método: Para exames foram utilizadas técnicas de RPG Australiano e para tratamento, o<br />

método de cadeias musculares de philippe Souchard.<br />

Exame físico: Levou em consideração a observação analítica e a comparação dos<br />

segmentos do corpo, um lado com o outro. O primeiro exame físico foi realizado em<br />

18/08/2006. Os exames foram estáticos e dinâmicos.<br />

Exames estáticos: Face anterior: Observou-se o posicionamento da cabeça, se estava<br />

rodada ou inclinada e para qual lado. Ombros: Altura e simetria. Triângulo de Talhe (o<br />

ângulo que se forma no espaço entre os braços e a lateral do corpo quando há algum desvio<br />

ou rotação na coluna). Pregas mamárias: Assimetrias. Tórax: Tipo e assimetrias.<br />

Abdômen: Protuso ou retruso. Cicatriz umbilical: Se está deslocada ou alterada. Espinha<br />

ilíaca ântero superior (EIAS): Assimetrias e diferença de altura. Sínfise pubiana. Coxa:<br />

Varismo ou valgismo, com fechamento ou abertura. Joelhos: Varismo ou valgismo. Perna:<br />

Varismo ou valgismo. Maléolos: Assimetria. Pés: Arco plantar, varismo ou valgismo,<br />

pronação ou supinação. Face posterior: Observou-se o posicionamento e a simetria de<br />

cabeça. Ombros: Altura, assimetrias. Escápula: Altura, assimetrias. Deve-se marcar os<br />

bordos superior, médio e inferior mediais da escápula e medir a distância entre eles e o<br />

processo espinhoso das vértebras da coluna torácica, anotar e comparar os dois lados.<br />

Escoliose: Tipo, classificação. Gibosidade (altura das paravertebrais de um lado em relação<br />

ao outro com o paciente em flexão de tronco e o Fisioterapeuta observa no sentido crânio-<br />

caudal ou vice-versa). Espinha ilíaca póstero superior (EIPS). Deve ser encontrada<br />

palpando-se o paciente ao nível da cintura, bi-lateralmente com os polegares e marcamos<br />

seu local com um lápis dermatográfico para observação e comparação posterior. Marcou-se<br />

também a espinha ilíaca póstero inferior (EIPI) que deve ser achada a partir da marcação da<br />

EIPS, três dedos abaixo desta, lateralmente. Prega glútea. Prega poplítea: Assimetrias.<br />

Vista perfil: Posicionamento de cabeça, hipercifose, ptose abdominal e ombros, (se está<br />

4


protuso ou retruso), escápulas, hiperlordose, quadril: Compara-se então a altura da EIAS e<br />

a EIPI para se definir se o quadril está em anteroversão (EIAS mais baixa que EIPI) ou<br />

retroversão (EIAS mais alta que EIPI). Joelhos: Geno flexo ou geno recurvatum, pernas,<br />

pés: Cavo ou plano. Depois do exame físico foi feito o teste dos apoios onde o paciente foi<br />

colocado em decúbito dorsal (doravante denominado dd) na maca e perguntou-se se os<br />

seguintes segmentos tocavam ou não a maca, e se um lado era igual ao outro: cabeça,<br />

pescoço, ombros, escápula, tronco, quadril, nádegas, coxas, joelhos, tornozelos, maléolos,<br />

pés. Tudo foi anotado e comparado, e serviu para confirmar as cadeias que estavam em<br />

hiperprogramação e que foram identificadas em outros testes.<br />

Exames dinâmicos: Teste de flexão de pé (TFP), onde o paciente fez uma flexão para<br />

avaliar se havia hiperprogramação das cadeias musculares de extensão, que se evidencia<br />

quando alguma parte da coluna não flexiona no teste, mantendo-se retificada. Se ele não<br />

alcançar 90º entre os membros inferiores e o tronco, indica comprometimento da cadeia<br />

posterior estática. Teste de extensão de pé (TEP), onde o paciente fez uma extensão de<br />

tronco para avaliar as cadeias musculares de flexão. Teste de flexão lateral (TFL), que<br />

avaliou as cadeias musculares laterais e cruzadas, e a flexibilidade de coluna vertebral.<br />

Teste de extensão deitado (TED) com o paciente deitado em dd, que avaliou cadeia flexora<br />

ântero-superior. Pernas estendidas, Fisioterapeuta de frente para a paciente na altura de sua<br />

cabeça, na ponta da maca, solicitou-se que ela elevasse os braços até atrás da cabeça e<br />

observou-se se eles tocavam a maca, se não, força-se um pouco para evidenciar elevação do<br />

tórax e aumento da lordose. Teste de flexão deitado (TFD). Com o paciente em dd, o<br />

Fisioterapeuta homolateral ao paciente, fez uma elevação passiva dos membros inferiores<br />

(MMII). Observou-se comprometimento de cadeia póstero-inferior, ísquios tibiais e<br />

quadrado lombar, à medida que o quadril se elevou da maca quando as pernas ainda<br />

estavam à menos de 40º. O teste do diafragma: Paciente em dd, Fisioterapeuta na ponta da<br />

maca, acima da cabeça da paciente, e os dois polegares colocados bilateralmente à altura do<br />

diafragma, pouco abaixo das costelas, e as mãos apoiadas nas laterais do corpo da paciente.<br />

Pediu-se que ela respirasse normalmente e avaliou-se o movimento do diafragma, se este<br />

tinha tendência a subir ou descer. Se subisse, a tendência era hipertonia, e se descesse,<br />

hipotonia. Foi feito na oportunidade, solicitação para mobilidade pélvica em todas as<br />

5


posturas, deitada em dd, sentada na ponta de uma cadeira com os pés apoiados no chão e de<br />

pé, para avaliar seu grau de controle muscular.<br />

Materiais para avaliação: <strong>Fit</strong>a métrica, lápis dermatográfico, placas de borracha gymnic<br />

educ-o-disks com diâmetro de 20 cm e 1,5 mm de espessura (para igualar as cristas ilíacas).<br />

Materiais para tratamento: Para tratamento foram utilizados maca, travesseiro, toalhas<br />

diversas, triângulo de espuma, cadeira, bola suíça gymnic de 65 cm, bastão de madeira com<br />

1 metro e espelho para o corpo inteiro.<br />

Programa de tratamento: O programa de tratamento foi dividido em duas fases,<br />

primeiramente em desprogramação das cadeias musculares hiperprogramadas e<br />

posteriormente na reprogramação das cadeias hipoprogramadas.<br />

1ª fase - O tratamento desenvolvido consistiu, primeiramente, na desprogramação<br />

das cadeias musculares ântero-superior, entre o pescoço e o final das costelas e póstero-<br />

inferior, entre a cintura e a prega glútea, com o uso dos traços de desprogramação, que<br />

foram feitos com o bordo lateral do polegar em lugares específicos, feitos com força<br />

moderada para forte, para alcançar a musculatura profunda e proporcionar uma ação mais<br />

local, de acordo com a reflexologia. O paciente ficou deitado em uma maca com espaço<br />

livre em todos os lados, em dd, com a cabeça apoiada em um travesseiro fino ou uma toalha<br />

dobrada, com as pernas em flexão apoiadas em um triângulo de espuma, a coluna bem<br />

apoiada à maca e o fisioterapeuta homolateral à paciente. Iniciou-se então uma massagem<br />

com os polegares no diafragma do paciente, pressionando preferencialmente quando ela<br />

expirava. A massagem começava na altura do apêndice xifóide com o dedo em suave<br />

rotação, acompanhando a parte inferior das costelas até a lateral do corpo, repetindo-se<br />

duas vezes cada lado, depois foi feito o poupée rolée, que é o descolamento da pele no<br />

mesmo local e sentido da massagem, em seguida, massagem de mão-em-luva, onde com a<br />

ponta dos dedos afastados entre si, puxa-se a pele de todo abdômen em direção a púbis por<br />

três a cinco vezes. Depois se iniciou os traços de desprogramação da cadeia ântero-<br />

superior, um traço de cada vez, feitos com o bordo lateral do dedo polegar repetido duas<br />

vezes, bi-lateralmente nos locais e sentidos apropriados. O primeiro foi do apêndice xifóide<br />

seguindo o esterno até o acrômio, fazendo um leve arco. O segundo seguiu a prega<br />

mamária de proximal para distal. O terceiro foi do acrômio até o esterno, mais ou menos na<br />

altura da 2ª costela. Colocou-se o paciente em decúbito lateral (doravante denominado dl), e<br />

6


iniciou-se a desprogramação de cadeia póstero-inferior, fazendo uma massagem no<br />

ligamento arqueado, situado pouco abaixo das costelas, bilateralmente, a nível de L5, C1,<br />

com os polegares em suave rotação. Descolamento da pele, feito pinçando a pele com os<br />

dedos suavemente. A desprogramação foi feita utilizando-se os traços também. O primeiro<br />

foi em cima da articulação sacro-ilíaca, onde se traça um losango, com mais ou menos 10<br />

cm, de cima para baixo e é o único que os dois lados foram feitos simultaneamente, todos<br />

os outros foram feitos um traço de cada vez com o bordo lateral do dedo polegar, repetido<br />

duas vezes, bi-lateralmente. O segundo traço foi da parte superior do sacro até a cabeça do<br />

fêmur, fazendo um leve arco para baixo. O terceiro foi da região média do sacro até o colo<br />

do fêmur, fazendo um leve arco para cima. O terceiro acima da prega glútea, do cóccix até<br />

abaixo do colo do fêmur, fazendo também um arco mais acentuado para cima. O quarto<br />

traço foi do início das vértebras lombares até o sacro, em linha reta, aproximadamente um<br />

centímetro ao lado do processo espinhoso. E o quinto segue paralelo ao quarto, mas com<br />

três a cinco centímetros de distância do processo espinhoso. Voltou-se agora o paciente<br />

para dd para a conscientização diafragmática, colocou-se o paciente em uma posição de<br />

relaxamento e alongamento, com as pernas apoiadas em um triangulo e na cabeça em um<br />

travesseiro não muito alto, a coluna bem apoiada na maca e os braços estendidos ao lado do<br />

corpo. Pedimos à paciente para inspirar profundamente pelo nariz e soltar o ar pela boca<br />

contraindo o abdômen para desprogramar o diafragma, dando o comando de “murchar” a<br />

barriga ao soltar o ar. Foi feita uma série de quinze respirações e repetiu-se a série duas<br />

vezes, com um período de relaxamento entre elas. Pompage sacral, onde a paciente elevou<br />

os quadris da maca fazendo uma meia ponte e o Fisioterapeuta, homolateral à paciente,<br />

colocou sua mão por baixo desta na região do sacro com a palma virada para cima, os<br />

dedos abertos e o cotovelo apoiado na maca e pediu para ela abaixar. A paciente apoiou o<br />

sacro na mão do Fisioterapeuta e em seguida estendeu as pernas. O Fisioterapeuta puxou<br />

suavemente a mão no sentido dos pés na expiração e afrouxou levemente, mas não<br />

totalmente na inspiração. Foi feito por um minuto. Pompage cervical, com a paciente<br />

deitada em dd e as pernas apoiadas em um triângulo de espuma, o Fisioterapeuta, sentado<br />

na cadeira de frente para o alto da cabeça da paciente, segura a cabeça com as duas mãos e<br />

puxa-a levemente em sua direção fazendo pressão na parte posterior do pescoço por um<br />

minuto. Em seguida, foi solicitado que ela fizesse Williams I, que consiste de flexionar<br />

7


quadril e joelho de uma perna, segurar com as mãos enquanto a outra está estendida<br />

associando com a respiração. Puxar a perna à expiração e relaxar à inspiração. Foram feitas<br />

três séries de quinze repetições. Isso promove alongamento e retificação da coluna lombar<br />

diminuindo a hiperlordose. Em seguida foi feito Williams II, que é basicamente igual ao I,<br />

só que se segura as duas pernas ao mesmo tempo. Foi feito por um minuto. Alongamento<br />

de glúteos em dd, com os tornozelos apoiados em bola suíça, com os joelhos e os quadris<br />

fazendo 90º por um minuto. Pompage dos ísquios, onde se segurou o pé pela região plantar<br />

com uma mão e com a outra se estabilizou a perna, puxando passivamente o pé fazendo<br />

dorsiflexão e relaxando para flexão plantar, com as pernas da paciente totalmente<br />

estendidas, por um minuto.<br />

2ª fase - Controle isolado da respiração, colocando-se a mão em uma área do abdômen e<br />

pedindo-se uma inspiração focada naquela área. Foi feito em região central, costo-<br />

diafragmática e transverso do abdômen, uma série de dez repetições em cada uma. Rã<br />

deitada, onde a paciente em dd uniu as plantas dos pés e dobrou os joelhos com as pernas<br />

em abdução (posição de borboleta), tendo mantido a posição forçando a abertura das<br />

cadeias musculares adutoras e rotadoras mediais do quadril por dois minutos. A paciente<br />

saiu dessa posição mantendo o padrão de abertura até a total extensão das pernas para<br />

treinar sua propiocepção. Rã sentada na maca, com três bolachas de borracha sob sua<br />

nádega esquerda para igualar a altura de seu quadril, encostada em dois triângulos<br />

contrapostos, fazendo um encosto de 90º, a paciente fez flexão dos joelhos unindo as<br />

plantas dos pés e fez massagem na coxa no sentido do quadril para o joelho e de medial<br />

para lateral para trabalhar sua cadeia de fechamento, um minuto cada perna. Fez<br />

alongamento no lado da convexidade nessa posição, com o Fisioterapeuta do lado da<br />

convexidade, seu braço passando para o outro lado, uma mão apoiada no quadril e o outro<br />

braço passando para o outro lado e apoiando abaixo do braço. Pediu-se uma inspiração e na<br />

expiração afastou-se as mãos alongando todo o lado côncavo. Manteve-se uma tensão nas<br />

inspirações, porém sem fazer muita força. Ao final, saiu dessa posição devagar, mantendo a<br />

postura de abertura. Movimentação pélvica: Fez retroversão forçada e anteroversão leve do<br />

quadril para trabalhar a musculatura do abdômen e alongar as paravertebrais sem aumentar<br />

a hiperlordose: Deitada com a paciente em dd, pernas flexionadas e pés apoiados na maca,<br />

por ser mais fácil e treinar a musculatura para as outras posturas; Sentada na cadeira;<br />

8


Sentada na bola suíça, com o mesmo propósito da cadeira, porém trabalha em conjunto as<br />

cadeias estabilizadoras profundas do corpo, três séries de dez repetições. Movimentação<br />

pélvica de pé, a mais difícil e que requer maior controle muscular, duas séries de dez<br />

repetições. Exercícios de equilíbrio (pêndulo) à frente do espelho, com a paciente de pé,<br />

fazendo uma leve retroversão de quadril, pés levemente afastados e a paciente corrigindo<br />

sua postura com o reflexo. Fez inclinação para frente e para trás, de um lado para o outro e<br />

rodando com o corpo o mais rígido possível para treinar os músculos responsáveis pela sua<br />

postura e dar ao corpo propiocepção de movimento. Fez uma vez cada exercício por um<br />

minuto.<br />

RESULTADOS.<br />

De acordo com os exames de RX e pela observação da postura nos exames físicos<br />

de reavaliação, foi observado que ao longo do tratamento a escoliose diminuiu<br />

sensivelmente (figura 1). Houve também diminuição da hiperlordose (figura 2), melhora<br />

geral na postura e na simetria foi observada em exames posturais, com diminuição de<br />

retropulsão de ombros, diminuição de projeção anterior de esterno, diminuição de genu<br />

recurvatum e melhora de controle motor generalizado, principalmente de quadris e<br />

abdômen. Ausência de dor e melhora na qualidade de seus movimentos em suas avd`s<br />

foram relatadas pela paciente.<br />

Figura 1.<br />

2006 2007 2008<br />

9


Figura 2.<br />

DISCUSSÃO.<br />

2006 2008<br />

O propósito desse estudo foi comprovar como a terapia usando o equilíbrio das<br />

cadeias musculares pode influenciar na tendência natural de deformidade a qual os<br />

adolescentes, principalmente do sexo feminino estão sujeitos, devido ao crescimento ósseo<br />

acelerado chamado “estirão”, um crescimento desordenado entre os ossos e as estruturas<br />

moles associadas (4) .<br />

As escolioses podem ser classificadas como: infantis (até três anos), juvenis (de três<br />

anos à puberdade), do adolescente (após a puberdade), e do adulto (8) . De acordo com<br />

BIENFAIT & SANTOS (9) , três tipos de tecido participam na evolução da escoliose: ósseo,<br />

conjuntivo e muscular. Estes três tecidos de base estão ligados intimamente e são<br />

inseparáveis na locomoção. O crescimento os modifica, talvez mais que em outros tecidos<br />

humanos. Como os demais tecidos, independentemente de seu desenvolvimento em força e<br />

resistência, devem crescer em comprimento ao longo dos anos.<br />

É na fisiologia deste crescimento, que é diferente para cada um dos três tipos de<br />

tecidos, que se situa a evolução da escoliose, sendo os tecidos conjuntivo e muscular<br />

dependentes do alongamento ósseo. Na fase de crescimento, portanto, é que a instalação de<br />

10


alguma disfunção por desequilíbrio fica mais evidente. De acordo com TEIXEIRA (10) e<br />

PUERTAS (11) , a escoliose é uma patologia da infância e adolescência e durante esta fase do<br />

desenvolvimento, está em estágio de adaptação às novas exigências físicas e psicológicas.<br />

De acordo com seu grau de mobilidade, BIENFAIT (12) apresenta a seguinte classificação<br />

das escolioses:<br />

- Pré-escoliose: no exame clinico se constatam indícios de uma escoliose, porém ao RX em<br />

posição ortostática não é confirmado.<br />

- Escoliose de primeiro grau: ao RX em posição ortostática aparece uma leve flexão lateral<br />

sem rotação ou com uma leve rotação vertebral. Ao RX em decúbito a curva desaparece.<br />

- Escoliose de segundo grau: ao RX em posição ortostática aparece uma escoliose. Ao RX<br />

em decúbito ela se acentua. Ao RX sob tração ela desaparece.<br />

- Escoliose de terceiro grau: não desaparece mesmo em um RX sob tração.<br />

A paciente vem realizando tratamento em reeducação postural nos últimos três<br />

anos, logo depois do seu período de “estirão”, com evolução comparável a outras técnicas<br />

fisioterapêuticas, utilizando apenas a correção da postura associada à exercícios e o<br />

equilíbrio das cadeias musculares. Neste estudo, não se associou os achados condizentes à<br />

escoliose com a obesidade, apesar desta ter grande influência em diversos males posturais.<br />

É necessário critério quando se opta em um programa de Fisioterapia para a<br />

coluna. Deve-se evitar o treinamento puro dos músculos abdominais por oferecer riscos,<br />

como muita tensão sobre o disco intervertebral. Como resultado de estudos recentes, há<br />

uma tendência a incluir principalmente o músculo transverso abdominal e o multífido na<br />

reabilitação (13,14,15,16) .<br />

CONCLUSÃO.<br />

Com uma boa e criteriosa avaliação inicial, a utilização de Fisioterapia de correção<br />

postural, desprogramação e programação das cadeias musculares podem apresentar<br />

resultados excelentes, como comprovam seu exame postural e as imagens de RX,<br />

principalmente levando-se em conta que a paciente está saindo se seu momento mais crítico<br />

de crescimento, onde apenas a manutenção de sua escoliose como se apresentava, já seria<br />

considerado satisfatório.<br />

11


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />

1- Bassani E; Candotti C.T; Pasini M; Melo M; La Torre M. Avaliação da ativação<br />

neuromuscular em indivíduos com escoliose através da eletromiografia de superfície.<br />

Revista Brasileira de fisioterapia Fev 2008, vol.12, no.1, p.13-19. ISSN 1413-3555.<br />

2- Perea Daniela; Diogo Adriana; Nogueira Patrícia. Fatores etiológicos das escolioses<br />

idiopáticas e atitudes escolióticas. Disponível em:<br />

http://www.wgate.com.br/conteúdo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/escolioseidio<br />

patica. Acesso em: 25/03/2008.<br />

3- Bruno Elizandra - A reeducação postural global (RPG) no tratamento da escoliose.<br />

Disponível em: http://jauinfo.com.br /artigo/ver.asp?id=117 - Acesso em 26/03/2008.<br />

4- Souchard P; Ollier M. - As escolioses seu tratamento ortopédico e fisioterapêutico. São<br />

Paulo: E realizações, 2001.<br />

5- Souchard P - O papel biomecânico dos músculos espinhais – sua implicação na<br />

escoliose - Fisioterapia Brasil 2001 nov/dez, 2(6): 369-78.<br />

6- Miramand Y - Princípios e técnicas da reeducação tridimensional da escoliose<br />

idiopática debutante. Rev coluna Fisioterápica 2001, 1(1): 2-9.<br />

7- Bienfait M. - Escoliose Lombar – Aspectos Biomecânicos. In: Congresso Brasileiro da<br />

Fisioterapia da escoliose, II, 2004 Porto Alegre. Anais – Escoliose Idiopática: a<br />

tridimensionalidade. São Paulo: Núcleo de Estudos e Pesquisas da Escoliose e<br />

Biomecânica, 2004.<br />

8- Santos A - Diagnóstico diferencial. In: Congresso Brasileiro da Fisioterapia da<br />

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