Experiência com oficinas sobre Segurança Alimentar (SAN) e o ...
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<strong>Experiência</strong> <strong>com</strong> <strong>oficinas</strong> <strong>sobre</strong><br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> (<strong>SAN</strong>) e o<br />
Direito Humano à Alimentação<br />
Adequada (DHAA) na Pastoral<br />
da Criança – Arquidiocese de<br />
Juiz de Fora<br />
Autora: Dagmar Bettina Koyro, aluna da Rede<strong>SAN</strong> – FGP-<strong>SAN</strong>-2011
HISTÓRICO:<br />
A Pastoral da Criança na Arquidiocese<br />
de Juiz de Fora, vem desde 1993<br />
discutindo e <strong>com</strong>batendo a desnutrição<br />
infantil devido a falta de acesso à<br />
alimentos adequados e também a falta<br />
de informações das famílias de baixa<br />
renda na região, causando miséria e<br />
fome às mesmas
Desenvolveu inicialmente ações <strong>com</strong>o<br />
“alimentação enriquecida” e a<br />
distribuição de farinhas enriquecidas<br />
(multimistura) nas familias<br />
a<strong>com</strong>panhadas. Desde 1999 discute a<br />
questão da falta de acesso ao alimento<br />
e partiu para um aprofundamento no<br />
conhecimento <strong>sobre</strong> o DHAA e <strong>SAN</strong><br />
<strong>com</strong>o DIREITO
Em 1999 iniciaram várias capacitações e<br />
formações <strong>sobre</strong> o tema da <strong>SAN</strong> e do<br />
DHAA para os membros da<br />
Pastoral da Criança em Minas Gerais.<br />
Em 2006 aconteceram cursos em parceria<br />
<strong>com</strong> a Rede Educação Cidadã (RECID) e a<br />
Rede de Informação e Ação pelo Direito a<br />
se <strong>Alimentar</strong> (FIAN-Brasil) <strong>sobre</strong> o DHAA,<br />
assim <strong>com</strong>o capacitações <strong>sobre</strong><br />
Alimentação e Nutrição pela Pastoral da<br />
Criança (PC) de Minas Gerais <strong>com</strong><br />
material elaborado pela PC de MG
Partindo do conhecimento adquirido<br />
nestas capacitações, em 2006, já<br />
trabalhava <strong>com</strong>o enfermeira na<br />
Pastoral da Criança, dei início a uma<br />
série de <strong>oficinas</strong> na Arquidiocese de<br />
Juiz de Fora <strong>com</strong> o título:<br />
“De olho na <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> na<br />
<strong>com</strong>unidade”
Objetivos: Capacitar mães assistidas<br />
pela Pastoral da Criança, lideranças<br />
<strong>com</strong>unitárias e cantineiras de escolas<br />
públicas em <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> e<br />
Nutricional para resgate de hábitos<br />
alimentares saudáveis, conscientização<br />
<strong>sobre</strong> a importância da produção<br />
agroecológica local e a valorização da<br />
cultura alimentar regional, <strong>com</strong>o<br />
também para aprender preparar pratos<br />
saudáveis <strong>com</strong> higiene e escolher um<br />
cardápio, aproveitando alimentos<br />
regionais
Cronograma: Entre agosto de 2006 e junho<br />
de 2009 foram realizadas 20 <strong>oficinas</strong> em 14<br />
municípios da Arquidiocese <strong>com</strong> a duração<br />
de 32 horas cada - parte teórica,<br />
alternando <strong>com</strong> partes práticas. Foram<br />
capacitadas aproximadamente 500<br />
pessoas.<br />
O financiamento se deu <strong>com</strong> recursos do MDS para<br />
capacitação de cozinheiras de CCs no município de<br />
Santos Dumont –MG. Depois da realização de seis<br />
<strong>oficinas</strong> em Santos Dumont e tendo sobrado recurso,<br />
conseguimos ainda atender outras <strong>com</strong>unidades da<br />
Arquidiocese de Juiz de Fora.
Conteúdos trabalhados:<br />
- Acolhida, integração e apresentação dos<br />
participantes<br />
- Apresentação dos conceitos básicos de<br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong><br />
- Mobilização Social<br />
- Direito Humano à Alimentação Adequada<br />
- Legislação básica<br />
- Soberania <strong>Alimentar</strong><br />
- “Proseando <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong>”
Oficina de conhecimentos :<br />
- nutrientes e sua função<br />
- classificação dos alimentos<br />
- a pirâmide alimentar<br />
- carências nutricionais<br />
- aproveitamento de partes desperdiçadas<br />
- refinamento dos alimentos
Roda de conversa:<br />
- viagem no tempo – alimentação ontem e hoje<br />
- tabela do “Kollath”<br />
- hortas caseiras e <strong>com</strong>unitárias<br />
- o que influencia nossos hábitos alimentares?<br />
Construindo Saberes:<br />
- Economia Solidária<br />
- Agroecologia
Desenvolvendo a oficina:<br />
Acolhida, integração e apresentação<br />
dos participantes <strong>com</strong> a dinâmica das<br />
características do “alimento<br />
preferido” - cada participante tenta<br />
descrever a característica do seu<br />
“alimento preferido” - o grupo tem<br />
que adivinhar qual é o alimento que o<br />
apresentador está descrevendo
Apresentação dos conceitos básicos<br />
de segurança alimentar: quantidade,<br />
qualidade, regularidade e dignidade<br />
- dinâmica da “Caixinha de Surpresa”<br />
que contem tirinhas <strong>com</strong> frases<br />
simples <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong>, SA, DHAA – leitura<br />
das frases e curta discussão no grupo<br />
(anexo 1)
RODA DE CONVERSA:<br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> e a<br />
necessidade da participação<br />
nos movimentos sociais e<br />
conselhos de políticas públicas<br />
O Direito Humano a Alimentação<br />
Adequada e a LO<strong>SAN</strong><br />
Soberania <strong>Alimentar</strong>
PROSEANDO SOBRE<br />
SEGURANÇA ALIMENTAR:<br />
Dona Prosa – um texto que pode ser<br />
lido <strong>com</strong>o apresentação teatral<br />
(anexo 2)
OFICINA DE CONHECIMENTOS<br />
Função dos alimentos, nutrientes e a<br />
pirâmide alimentar:<br />
- montagem de “celeiros”<br />
para ilustração da classificação dos<br />
alimentos<br />
- montagem da pirâmide alimentar<br />
<strong>com</strong> imas de geladeira<br />
em chapa de ferro
Montagem de celeiros <strong>sobre</strong> a<br />
classificação dos alimentos<br />
Oficina Município<br />
Santos Dumont – MG<br />
Setembro 2006
Montagem da pirâmide alimentar<br />
Oficina Município Juiz de Fora – MG, bairro<br />
Santa Luzia, <strong>com</strong> agentes de saúde<br />
Outubro 2006
Oficina outubro 2006<br />
UBS Santa Luzia - JF<br />
Confecção de cartazes <strong>sobre</strong><br />
nutrientes
Doenças nutricionais – carências<br />
alimentares por falta da variedade<br />
Aproveitamento de partes<br />
desperdiçadas e resgate do uso de<br />
alimentos regionais –<br />
a qualidade é dada pela variedade<br />
Refinamento – benefício ou perda?
Amostra de cereais integrais,<br />
“beneficiados” e fibras<br />
Oficina outubro 2006<br />
UBS Santa Luzia - JF
RODA DE CONVERSA<br />
Viagem no tempo:<br />
Alimentação hoje e no passado<br />
cultura alimentar e imposições culturais<br />
O alimento que vem mais próximo da terra é<br />
melhor para nossa saúde - reflexão <strong>sobre</strong> a<br />
“tabela do Kollath”<br />
Hortas caseiras e hortas <strong>com</strong>unitárias –<br />
agricultura urbana e periurbana<br />
Reflexões <strong>sobre</strong> nosso consumo (anexo 3)
Tabela do Kollath,<br />
cientista alemão
Alimentos colhidos nos quintais urbanos<br />
Oficina outubro 2006<br />
UBS Santa Luzia - JF
CHUVA DE IDÉIAS<br />
Influência da propaganda nos hábitos alimentares<br />
modernos e suas conseqüência para a saúde das<br />
pessoas, principalmente das crianças<br />
O que mais influencia nossos hábitos<br />
alimentares?<br />
Levantamento de sugestões – “O que nós<br />
podemos fazer para termos <strong>SAN</strong> na <strong>com</strong>unidade”<br />
(anexo 4)
REFLEXÕES SOBRE ECONOMIA SOLIDÁRIA<br />
A natureza é cooperação: Soma, inclui (Leonardo Boff)<br />
Valores trabalhados: Ajuda mútua –<br />
Responsabilidade – Democracia – Igualdade -<br />
Equidade e Solidariedade - Honestidade –<br />
Transparência - Responsabilidade social<br />
O que é Economia Solidária?<br />
Construindo saberes
A Economia Solidária é inspirada por valores<br />
culturais que colocam o ser humano <strong>com</strong>o<br />
sujeito e finalidade da atividade econômica, é<br />
ambientalmente sustentável, socialmente justa,<br />
em vez da acumulação privada do capital.<br />
É baseada na igualdade de gênero, na segurança<br />
alimentar, no cuidado <strong>com</strong> o meio ambiente, na<br />
responsabilidade <strong>com</strong> as gerações, presente e<br />
futuras, construindo uma nova forma de<br />
inclusão social.
Privilegia a autogestão, a cooperação, o<br />
desenvolvimento <strong>com</strong>unitário, a satisfação das<br />
necessidades humanas.<br />
As políticas públicas de Economia Solidária<br />
reconhecem a existência de novos sujeitos<br />
sociais, novos direitos de cidadania e novas<br />
formas de produção, reprodução e distribuição<br />
social.
AGROECOLOGIA<br />
Conceitos básicos<br />
- Adaptada aos biomas, respeitando os ciclos da<br />
natureza<br />
- Utiliza da biodiversidade de forma sustentável<br />
- Autonomia em relação aos mercados: o modo de<br />
produção é definido na propriedade<br />
- Produção diversificada<br />
- Baixo nível de subsídio governamental
-Comprometida <strong>com</strong> a produção de alimentos<br />
- Gera muitos empregos<br />
- Usa pequenas propriedades de terra e tem alto<br />
rendimento por área cultivada<br />
- Comprometida <strong>com</strong> políticas públicas de grande<br />
alcance social: PAA, PNAE<br />
- Troca de conhecimento entre agricultores(as) e<br />
técnicos(as): independência de agricultores(as)<br />
em relação ao conhecimento técnico
PREPARO PARA O MOMENTO DA PRÁTICA<br />
Manipulação e higiene dos alimentos<br />
Como escolher um cardápio nutritivo <strong>com</strong><br />
pratos saborosos, utilizando alimentos<br />
regionais<br />
Enriquecimento de pães, bolos e biscoitos<br />
<strong>com</strong> fibras de trigo e arroz e farinhas<br />
integrais para ter uma alimentação mais<br />
saudável
Saboreando <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong><br />
Oficina Santos Dumont – MG<br />
Novembro 2006
Oficina de pães, bolos e biscoitos<br />
Oficina Linhares – JF<br />
Abril 2008<br />
integrais e regionais
Oficina de pães, bolos e biscoitos<br />
integrais e regionais<br />
parceria prefeitura Santos Dumont-MG, EMATER e<br />
Pastoral da Criança<br />
Oficina São João da Serra - MG<br />
Maio 2007
Resgatando e valorizando hábitos<br />
Oficina São João da Serra - MG<br />
Maio 2007<br />
culturais
Metodologia utilizada:<br />
- Metodologia da educação popular (Paulo Freire)<br />
- Dinâmicas de grupo<br />
- Cochicho<br />
- Dramatização<br />
- Rodas de conversa<br />
- Chuva de idéias<br />
- Caixinha de surpresa <strong>com</strong> frases <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong> e o DHAA<br />
- Trabalho em grupo para montagem da pirâmide alimentar,<br />
confecção de cartazes e montagem de celeiros<br />
- Leitura interativa de textos e levantamento das principais idéias<br />
- Levantamento de sugestões, encaminhamentos
Considerações finais:<br />
As <strong>oficinas</strong> <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong> na <strong>com</strong>unidade foram um sucesso<br />
naquela época que deram base à várias articulações posteriores na<br />
região <strong>sobre</strong> a questão do direito à alimentação. Ajudou para formar e<br />
informar muitas pessoas, lideranças de suas <strong>com</strong>unidades para que<br />
hoje possam continuar defendendo seu direito à alimentação. Deste<br />
esforço resultou por exemplo, a criação do COMSEA em Juiz de Fora<br />
e a luta pela implantação de políticas públicas de <strong>SAN</strong> no município e<br />
iniciativas de hortas <strong>com</strong>unitárias nos municípios rurais entre outros<br />
avanços na área da agricultura familiar e mobilização social.<br />
Reconheço que na elaboração da dinâmica da oficina me<br />
faltou conhecimento <strong>sobre</strong> o Sistema de <strong>SAN</strong>, elaboração do plano de<br />
<strong>SAN</strong> e os programas do governo, <strong>com</strong>o EPAN, PAA, AUP, EAN e as<br />
Feiras. Com certeza hoje, após ter freqüentado dois cursos pela<br />
Rede<strong>SAN</strong>, acrescentaria a discussão <strong>sobre</strong> políticas públicas de <strong>SAN</strong><br />
e o SI<strong>SAN</strong>.<br />
Um fator que dificultou a continuidade e o aperfeiçoamento<br />
destas <strong>oficinas</strong>, foi a falta de recursos. Acabou o recurso em 2009 e<br />
pela falta de mobilização da própria Pastoral da Criança, e de apoio<br />
da igreja local, não deu-se continuidade à este trabalho tão<br />
necessário.
Bibliografia:<br />
- ALCÂNTARA, Adilana de Oliveira Rocha. Higiene, armazenamento e<br />
conservação dos alimentos. Cartilha Educativa, Belo Horizonte 1998<br />
- COSTA, Cristiane; MALUF, Renato. Diretrizes para uma política de<br />
segurança alimentar e nutricional. São Paulo, Pólis, 2001<br />
- DAHER, Elaina; JARDIM, Reynaldo. Direito Humano à Alimentação.<br />
ABRANDH, Brasília, 2005<br />
- KOLLATH, Werner. Die Ordnung unserer Nahrung. 17. Auflage,<br />
Haug Verlag, Frankfurt 2005<br />
- VILELA, Conceição Aparecida; COSTA, Carmem Lúcia. Construindo<br />
caminhos dentro da <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> e Nutricional Sustentável.<br />
Cartilha Pastoral da Criança. Belo Horizonte , 2005<br />
- WEITZMAN, Rodica; GUERRA, Gabriela. Educação Popular em<br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> e Nutricional: uma metodologia de formação<br />
<strong>com</strong> enfoque de gênero. Belo Horizonte: Rede de intercâmbio de<br />
Tecnologias Alternativas, 2008<br />
- Equipe de Educação Cidadã e Mobilização Social. Um Brasil<br />
diferente está em nossas mãos. Cartilha RECID, Brasília, 2005
Anexos:<br />
1. Caixinha de Surpresa- frases <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong><br />
2. Proseando <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong> – Dona Prosa<br />
3. Reflexões <strong>sobre</strong> <strong>com</strong>portamento de consumo<br />
4. Sugestões trazidos pelos grupos – “o que podemos<br />
fazer para termos <strong>SAN</strong> na <strong>com</strong>unidade?”
1. CAIXINHA DE SURPRESA – FRASES SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR<br />
•Todas as pessoas têm direito humano à informação e à educação<br />
para aprender a plantar, criar, colher, produzir, preparar e<br />
<strong>com</strong>partilhar<br />
•Toda pessoa tem o direito humano a um alimento seguro, nutritivo e<br />
saudável<br />
•Dar de <strong>com</strong>er a uma pessoa não garante, necessariamente, o seu<br />
direito humano à alimentação, pois não assegura a dignidade humana<br />
•Crianças, pessoas doentes ou <strong>com</strong> deficiência, pessoas que vivem<br />
em asilos ou hospitais e outras que não possuem autonomia para<br />
produzir ou <strong>com</strong>prar seu próprio alimento têm o direito humano a<br />
alimentar-se <strong>com</strong> dignidade<br />
•Além de qualidade, todos nós temos o direito humano a uma<br />
alimentação em quantidade suficiente e <strong>com</strong> regularidade assegurada<br />
• O direito a alimentação saudável é um direito do cidadão, e a<br />
segurança alimentar e nutricional para todos é um dever da sociedade<br />
e do Estado
•Quantidade, regularidade, qualidade e dignidade = segurança<br />
alimentar e nutricional<br />
•Ao consumirmos alimentos da nossa região preservamos e<br />
valorizamos os hábitos e a cultura local<br />
•Produção orgânica preserva o ser humano e a natureza<br />
•Cabe ao Estado assegurar a todos os brasileiros o direito humano<br />
ao alimento seguro: sem agrotóxicos, pesticidas, vírus e bactérias<br />
•Devemos evitar o desperdício, aproveitando o máximo que os<br />
alimentos nos oferecem<br />
•As crianças precisam ser estimuladas a experimentar novos<br />
sabores para criar hábitos alimentares saudáveis<br />
•Todo cuidado é pouco na hora de manusear os alimentos, seja na<br />
colheita, na embalagem, no transporte, no estoque, no preparo e na<br />
hora de <strong>com</strong>er<br />
•Os alimentos nutritivos não são os mais caros; <strong>com</strong> criatividade é<br />
possível aproveitar o que a natureza oferece.<br />
•Leite materno é a nossa primeira garantia de segurança alimentar e<br />
nutricional
2. Proseando <strong>sobre</strong> <strong>SAN</strong> – Dona Prosa<br />
Dona Prosa – Oi, Carlos! Tudo bem?<br />
Carlos – Bem...<br />
Dona Prosa – Você ouviu o Seu Chico falando na Rádio Hoje?<br />
Carlos – Não... O que ele falou?<br />
Dona Prosa – Ele falou de <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong>. Isso me fez<br />
perceber muitas coisas. A alimentação é um direito de todos.<br />
Desde quando nascemos, sempre precisamos de uma<br />
alimentação saudável e nutritiva. Pois sem alimento nós não<br />
podemos viver. E viver é o primeiro dos direitos. Por isso, os<br />
governos também têm que garantir a <strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> de<br />
seu povo, e o povo tem de lutar para ter esse direito garantido.<br />
Carlos – Isso é verdade verdadeira! E nós aqui? Temos uma<br />
alimentação saudável e nutritiva?<br />
Dona Prosa – Claro! Isso é uma outra coisa que eu percebi.<br />
Nós aqui sabemos e fazemos muito disso de <strong>Segurança</strong><br />
<strong>Alimentar</strong>.
Para ter uma alimentação saudável é preciso saber de onde<br />
vem o alimento e <strong>com</strong>o foi produzido. E aqui fomos nós que<br />
produzimos. Também é preciso saber se quem plantou usou<br />
agrotóxico ou não. E nós não usamos agrotóxicos.<br />
Carlos – Isso é verdade... Mas tem muita gente que vive<br />
<strong>com</strong>prando as coisas no supermercado só porque as coisas lá<br />
são mais bonitas...<br />
Dona Prosa – E isso é muito sério. Não basta apenas ver que o<br />
tomate e o alface estão bonitos, pois se usaram agrotóxicos<br />
neles, eles deixam de ser saudáveis para se tornar um mal à<br />
nossa saúde. E a gente sempre soube disso... Além disso, não<br />
devemos perder nosso hábito cultural. É importante <strong>com</strong>ermos<br />
aquilo que é da nossa tradição, que a gente já sabe que faz<br />
bem e é do nosso costume.
Carlos – O arroz e o feijão, por exemplo?<br />
Dona Prosa – Isso mesmo. Mas tem muita gente trocando eles<br />
por outros alimentos, <strong>com</strong>o sanduíche e enlatados, que muitas<br />
vezes não sabemos nem de onde vêm e muito menos <strong>com</strong>o são<br />
feitos. Mas olha só, Carlos: só arroz e feijão não basta, temos<br />
também que <strong>com</strong>er verduras, legumes, carnes...<br />
Carlos – Carne já fica mais difícil, nem todo mundo tem. Só se<br />
for de caça.<br />
Dona Prosa – É... Mas sair caçando por aí, sem pensar na<br />
preservação também é perigoso. Já imaginou se a gente mata<br />
todos os animais de caça? Vai chegar um dia que não vamos ter<br />
mais nem um bicho por aí. E nossos filhos e netos, <strong>com</strong>o ficam?<br />
<strong>Segurança</strong> <strong>Alimentar</strong> também é se preocupar <strong>com</strong> o dia de<br />
amanhã.
Pensar que amanhã outras pessoas vão precisar <strong>com</strong>er e os<br />
filhos e netos delas também. Assim a gente garante o futuro.<br />
Carlos - E também podemos criar outros animais.<br />
Dona Prosa – Galinha, porco, cabra, peixe... a criação que a<br />
gente sabe <strong>com</strong>o cuidar. Dessa forma fica mais fácil garantir o<br />
pão nosso de cada dia.<br />
Carlos – Mas só o pão não basta, né Dona Prosa?<br />
Dona Prosa – Pão nosso de cada dia é maneira de falar, Carlos!<br />
O pão é o arroz, o feijão, as verduras, as frutas, os legumes, a<br />
carne...<br />
Carlos – É... vivendo e aprendendo... né, Dona Prosa? Mas<br />
agora tenho que ir que essa conversa <strong>sobre</strong> <strong>Segurança</strong><br />
<strong>Alimentar</strong> me deu uma fome...<br />
Dona Prosa – Ah... é?! Então vamos continuar a conversa na<br />
cozinha, tomando um café e <strong>com</strong>endo um delicioso bolo de<br />
milho! E eu ainda posso te dar a receita!
3. REFLEXÕES SOBRE COMPORTAMENTO DE CONSUMO<br />
•Quais são os alimentos que entram em casa?<br />
•De onde vêm os alimentos?<br />
•Quem <strong>com</strong>pra os alimentos? Por quê?<br />
•O que vocês <strong>com</strong>pram por dia, por semana e por mês?<br />
•Onde vocês <strong>com</strong>pram cada tipo de alimento?<br />
•Nos quintais, quem é responsável pelo plantio? Por quê?<br />
•Como as plantas são cultivadas no quintal? Usam adubo químico,<br />
<strong>com</strong>posto orgânico etc.?<br />
•Quais são as plantas cultivadas no quintal e de que maneira elas<br />
são usadas na alimentação?<br />
•Destes alimentos que entram na casa, quais são considerados<br />
indispensáveis (alimentos básicos)? Há perdas de alimentos?<br />
•Há algum alimento que estraga? Por quê?<br />
•Em qual semana do mês vocês tem mais dificuldade financeira?<br />
Onde fazem os primeiros cortes?<br />
•Quando falta alimento, o que vocês fazem? Quais são as<br />
conseqüências diretas?<br />
•Quais destes alimentos que entram na casa prejudicam sua<br />
saúde?<br />
(Livro: Ed. Popular em <strong>SAN</strong> – uma metodologia de formação <strong>com</strong> enfoque de gênero)
4. SUGESTÕES – O QUE PODEMOS FAZER PARA<br />
TERMOS SEGURANÇA ALIMENTAR NA COMUNIDADE:<br />
• Produzir os nossos próprios alimentos nos quintais, por<br />
meio do que chamamos de agricultura urbana<br />
• Juntar-se em grupos para plantar nos quintais, lotes<br />
vazios e espaços públicos<br />
• Incentivar os(as) pequenos agricultores(as) da zona<br />
rural na produção de alimentos saudáveis sem<br />
agrotóxicos<br />
• Apoiar as cooperativas de produção do meio rural para<br />
venda dos seus produtos nas <strong>com</strong>unidades urbanas<br />
• Procurar diversificar a produção de alimentos para que<br />
possamos garantir a <strong>SAN</strong> das <strong>com</strong>unidades<br />
• Realizar feiras locais <strong>com</strong> produtos da roça e dos<br />
quintais urbanos
• Vender, nos armazéns das <strong>com</strong>unidades, alimentos<br />
produzidos nos quintais e espaços públicos e realizar<br />
um trabalho de conscientização <strong>com</strong> os(as)<br />
moradores(as) <strong>sobre</strong> o valor nutritivo destes alimentos<br />
• Fazer adubo orgânico<br />
• Balancear os alimentos<br />
• Aprender a manipular os alimentos <strong>com</strong> higiene<br />
• Prestar atenção aos rótulos<br />
• Pedir informações mais claras <strong>sobre</strong> o que vem nos<br />
alimentos industrializados<br />
• Conscientizar as pessoas <strong>sobre</strong> a importância de<br />
reaproveitar os alimentos e mostrar os valores<br />
nutritivos que eles têm<br />
• Conservar os alimentos
•Diminuir o consumo dos enlatados<br />
• Comprar de uma forma coletiva para diminuir os<br />
preços<br />
• Não queimar o lixo<br />
• Separar o lixo para reaproveitar mais<br />
• Dar exemplo<br />
• Ter a quantidade suficiente de alimentos <strong>com</strong><br />
regularidade<br />
• Ter acesso aos alimentos<br />
• Aumentar e diversificar a nossa produção<br />
• Ter alimentos de qualidade<br />
• Deixar de depender dos alimentos industrializados<br />
vendidos pelas transnacionais<br />
• Preservar o meio ambiente<br />
• Plantar alimentos agroecológicos<br />
• Respeitar nossa cultura, hábitos alimentares e<br />
tradições<br />
• Fortalecer a organização das <strong>com</strong>unidades
“Ser cidadão é ter consciência de seus<br />
direitos e deveres e, mais que isso, é participar<br />
de todas as questões da sociedade.Tudo o que<br />
acontece no mundo, seja no meu país, na minha<br />
cidade, ou no meu bairro, acontece <strong>com</strong>igo.<br />
Então eu preciso participar das decisões que<br />
interferem na minha vida. Um cidadão <strong>com</strong> um<br />
sentimento ético forte e consciência da<br />
cidadania não deixa passar nada, não abre mão<br />
desse poder de participação”.<br />
(BETINHO)