Novos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais: o ... - Crefito5
Novos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais: o ... - Crefito5
Novos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais: o ... - Crefito5
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Pensando sobre ética em Fisioterapia<br />
e em Terapia Ocupacional<br />
Cada vez mais, os <strong>Fisioterapeutas</strong> e os<br />
<strong>Terapeutas</strong> <strong>Ocupacionais</strong> estão preocupados<br />
com as suas responsabilidades<br />
em relação aos doentes, os valores inerentes<br />
aos objetivos destas profissões,<br />
as decisões apropriadas acerca dos cuidados<br />
com os pacientes, a ética do relacionamento<br />
entre os profissionais e as<br />
responsabilidades sociais de suas profissões.<br />
Diariamente, eles se deparam com<br />
situações que envolvem questões éticas,<br />
que muitas vezes acabam sendo confundidas<br />
com questões morais. Confira<br />
uma entrevista sobre este tema com Ana<br />
Fátima Vieiro Badaró, autora da tese de<br />
Doutorado “Ética e bioética na práxis da<br />
fisioterapia: desvelando comportamentos”,<br />
publicada em 2008 e professora<br />
da disciplina de Bioética da Universidade<br />
Federal de Santa Maria (UFSM).<br />
CREFITO5/RS - A discussão em torno<br />
da bioética na fisioterapia é recente.<br />
Como a senhora começou a se interessar<br />
sobre estas questões?<br />
Dra. Ana Badaró - A ética é uma construção<br />
filosófica, antiga e que vem permeando<br />
os cursos da saúde e todas as demais<br />
profissões no sentido de condutas morais<br />
para um bom atendimento, para um res-<br />
peito às questões<br />
de inter-relacionamentoprofissional,<br />
inter-paciente<br />
e condutas as mais<br />
adequadas possíveis<br />
em benefício<br />
às pessoas. Nos<br />
anos 1950, a grande<br />
evolução da<br />
ciência no século<br />
passado começou<br />
a fazer com que<br />
se pensasse melhor<br />
sobre a forma<br />
como as pesquisas<br />
estavam sendo<br />
conduzidas nesta<br />
área, e com que limites eram realizadas.<br />
Os americanos passaram por uma época<br />
de grande questionamento, a partir da<br />
II Guerra Mundial e dos horrores que o<br />
mundo sabia que aconteciam nos campos<br />
de concentração, sobre este assunto.<br />
Nos Estados Unidos também se verificaram<br />
abusos em pesquisa – tudo em nome<br />
da ciência. Tudo isso culminou em 1970,<br />
com o caso ocorrido em Tuskegee, Alabama,<br />
quando houve um estudo com patrocínio<br />
do governo americano que deixou<br />
400 negros com sífilis sem tratamento<br />
durante 40 anos. O Becker, um grande<br />
pesquisador americano, fez uma investigação<br />
sobre como funcionava o termo<br />
de consentimento dos Artigos Científicos<br />
publicados nas revistas de saúde renomadas<br />
do país e verificou que os indivíduos<br />
mais vulneráveis, como as crianças, idosos,<br />
deficientes mentais, pacientes internados,<br />
sofriam com pesquisas abusivas. O<br />
pesquisador, então, denunciou isto. Esta<br />
demanda de denúncias que ocorreu na<br />
década de 70 propiciou que se começasse<br />
a questionar esta ética. Paralelamente<br />
à isto, surgia a proposta da ética da bioéti-<br />
ca, do Kotler e de Heglers, para permear<br />
os conhecimentos da filosofia em prol da<br />
vida. Houve um boom do interesse por<br />
esses temas. Hoje, temos a Bioética segmentada,<br />
que veio para auxiliar o trabalho<br />
dos profissionais da área da saúde – tanto<br />
em pesquisa, como em assistência. Eu comecei<br />
a trabalhar com Bioética dentro de<br />
Comitês de Pesquisa da universidade em<br />
1996, quando notei que, na Fisioterapia,<br />
não havia essa preocupação com a Bioética.<br />
O que temos é o Código de Ética,<br />
disciplinas de condutas éticas, mas não a<br />
reflexão, que é o que a Bioética promove.<br />
Isso me estimulou a trabalhar com isso.<br />
Quando eu terminei a minha tese sobre<br />
Bioética na práxis da fisioterapia, em<br />
2008, eu só havia encontrado dois artigos<br />
no Brasil que falassem sobre este tema.<br />
Na Fisioterapia, investimos muito no nosso<br />
conhecimento e aprimoramento técnico,<br />
científico, e deixamos a ética de lado.<br />
O tema “Bioética” tem uma relação<br />
tênue com autonomia, certo?<br />
Sim. A Bioética Principialista trabalha com<br />
a questão da autonomia, da beneficência,<br />
“O CREFITO está fazendo seu papel (falando sobre o Ato Médico),<br />
e os fisioterapeutas precisam fazer o deles: melhorar a qualidade<br />
do seu atendimento. Alguns profissionais apenas colocam<br />
os pacientes nos aparelhos, sem dar atenção nem avaliar<br />
corretamente. Isso está longe de ser um bom atendimento!”<br />
Entrevista<br />
7<br />
Fotos: Flávia Lima Moreira