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qual o significado das medidas epidemiológicas taxa de ... - Eurotrials

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10<br />

DEZEMBRO<br />

QUAL O SIGNIFICADO DAS MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS TAXA DE PREVALÊNCIA, TAXA<br />

DE INCIDÊNCIA CUMULATIVA E TAXA DE INCIDÊNCIA EM UNIDADES PESSOA/TEMPO?<br />

Muita da investigação na área da saú<strong>de</strong> utiliza frequentemente as expressões prevalência e incidência, sendo comum associar a<br />

expressão “caso prevalente” com “caso existente” num dado momento e associar a expressão “caso inci<strong>de</strong>nte” com “novo caso”<br />

num intervalo temporal.<br />

A <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> prevalência representa a proporção <strong>de</strong> pessoas com<br />

<strong>de</strong>terminado resultado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> num dado momento<br />

temporal. Deste modo, a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> prevalência representa a<br />

proporção <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>terminada doença ou sintoma,<br />

ou que apresentam uma <strong>de</strong>terminada característica individual<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Por exemplo, po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r-se saber a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong><br />

prevalência <strong>de</strong> hipertensão arterial em Portugal, ou a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong><br />

prevalência <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> infantil, ou até mesmo a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong><br />

prevalência <strong>de</strong> doentes submetidos a <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong><br />

intervenção cirúrgica. Em <strong>qual</strong>quer uma <strong>de</strong>stas situações, a<br />

prevalência é <strong>de</strong>terminada pela proporção <strong>de</strong> casos<br />

prevalentes (sejam eles hipertensos, obesos ou doentes<br />

submetidos a intervenção cirúrgica) relativamente à<br />

população <strong>de</strong> interesse da <strong>qual</strong> extraímos os casos<br />

prevalentes.<br />

Na situação da <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> prevalência da hipertensão em<br />

Portugal, o <strong>de</strong>nominador <strong>de</strong>verá ser dado pelo conjunto <strong>de</strong><br />

indivíduos representativos da população portuguesa na <strong>qual</strong><br />

se <strong>de</strong>terminam os casos hipertensos. Relativamente à<br />

obesida<strong>de</strong> infantil, o <strong>de</strong>nominador <strong>de</strong>verá ser representado<br />

pelas crianças <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo etário, nas quais se<br />

encontram os casos <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> infantil. Relativamente à<br />

intervenção cirúrgica, po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r-se saber a prevalência<br />

dos doentes submetidos a intervenção <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma dada<br />

população <strong>de</strong> doentes, ou até mesmo, saber <strong>qual</strong> a<br />

prevalência <strong>de</strong> doentes submetidos a intervenção num dado<br />

grupo etário <strong>de</strong> interesse. Nesta última situação, o<br />

<strong>de</strong>nominador seria dado por todos os indivíduos no grupo<br />

etário <strong>de</strong> interesse na <strong>qual</strong> se i<strong>de</strong>ntificam os casos prevalentes.<br />

É importante notar a diferença entre estudo <strong>de</strong> prevalência e<br />

estudo dos prevalentes. Na primeira situação é necessário<br />

recolher informação <strong>de</strong> indivíduos “prevalentes” e indivíduos<br />

FILIPA BERNARDO<br />

“não prevalentes” <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>terminar a proporção <strong>de</strong><br />

“prevalentes”, ou até mesmo, comparar “prevalentes” versus<br />

“não prevalentes” face a diversas variáveis. Na segunda<br />

situação, ser “caso prevalente” é critério <strong>de</strong> inclusão no estudo,<br />

ou seja, o estudo não teria o objectivo <strong>de</strong> saber <strong>qual</strong> a<br />

proporção <strong>de</strong> prevalentes, uma vez que, todos os indivíduos<br />

incluídos no estudo já o seriam, apresentando assim um<br />

interesse primário mais <strong>de</strong>scritivo dos casos prevalentes.<br />

Note-se ainda que, a <strong>de</strong>terminação da <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> prevalência está<br />

naturalmente associada ao estudo transversal na observação,<br />

sendo o estudo <strong>de</strong> prevalência mais a<strong>de</strong>quado a condições <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> com certa permanência temporal, como acontece, por<br />

exemplo, nas doenças crónicas.<br />

A incidência diz respeito ao número <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado resultado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> num espaço <strong>de</strong> tempo<br />

<strong>de</strong>finido. Por exemplo, <strong>qual</strong> a incidência <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong><br />

doença num período <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> 5 anos, ou <strong>qual</strong> a incidência<br />

da gripe num dado ano, ou ainda, <strong>qual</strong> a incidência anual <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> viação numa população <strong>de</strong> condutores<br />

recém-encartados seguidos durante 3 anos.<br />

A <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência proporcional, tomando muitas vezes a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência cumulativa (ao fim <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado tempo), representa tal como a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> prevalência,<br />

uma proporção, sendo dada pela proporção <strong>de</strong> novos casos<br />

durante um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo, relativamente a<br />

uma população em risco no início do período <strong>de</strong> seguimento -<br />

coorte. Ou seja, uma população <strong>de</strong> indivíduos em risco –<br />

coorte - é seguida durante um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>terminar-se a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência cumulativa nesse<br />

período <strong>de</strong> tempo.


Por exemplo, a partir da população <strong>de</strong> condutores<br />

recém-encartados será efectuado um seguimento <strong>de</strong> modo a<br />

obter-se a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência cumulativa ao fim <strong>de</strong> 3 anos,<br />

através da razão entre os novos aci<strong>de</strong>ntes em 3 anos e a<br />

população <strong>de</strong> condutores recém-encartados.<br />

Note-se que, a <strong>de</strong>terminação da incidência está associada ao<br />

estudo longitudinal na observação do tipo estudo coorte.<br />

Deste modo, preten<strong>de</strong>-se estudar os novos casos <strong>de</strong> doença<br />

num ou mais coortes <strong>de</strong> indivíduos saudáveis, ou os novos<br />

casos <strong>de</strong> acontecimentos adversos num coorte clínico que se<br />

encontra a fazer uma dada medicação, ou até mesmo, a<br />

incidência dos novos casos <strong>de</strong> sucesso terapêutico num<br />

coorte clínico sujeito a tratamento.<br />

Em certas situações <strong>de</strong> investigação é <strong>de</strong> alguma prática<br />

corrente dividir o número <strong>de</strong> novos casos pelo tempo em risco<br />

da população <strong>de</strong> seguimento. Ou seja, e tomando o exemplo<br />

dos aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> viação, em vez <strong>de</strong> se dividir os novos casos<br />

<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes pela população em risco, divi<strong>de</strong>m-se os novos<br />

casos pelo tempo total em risco dos que tiveram aci<strong>de</strong>nte e<br />

dos que não tiveram no período <strong>de</strong> seguimento.<br />

Por exemplo, e assumindo a <strong>de</strong>finição da <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência<br />

cumulativa, se em 5 indivíduos seguidos durante 3 anos se<br />

observaram 2 aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> viação, então a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência<br />

cumulativa ao fim dos 3 anos seria 2/5 = 0,40 em 3 anos.<br />

Podia-se especular <strong>de</strong> seguida que em média por ano se<br />

obteria 0,40/3 anos = 13 em 100 pessoas/ano. No entanto,<br />

tendo disponível o tempo em risco para cada indivíduo seria<br />

mais correcto a <strong>de</strong>terminação da <strong>taxa</strong> anual <strong>de</strong> incidência<br />

através da <strong>de</strong>finição que utiliza unida<strong>de</strong>s pessoas/ano, ou<br />

seja, a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência em unida<strong>de</strong>s pessoas/tempo.<br />

Assim, se fosse consi<strong>de</strong>rado que um dos aci<strong>de</strong>ntes aconteceu<br />

ao fim <strong>de</strong> 1 ano e o outro aci<strong>de</strong>nte aconteceu ao fim <strong>de</strong> 2 anos,<br />

então a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência anual <strong>de</strong>terminada em unida<strong>de</strong>s<br />

pessoas/ano (ao invés <strong>de</strong> cumulativa) seria dada pelo quociente<br />

2 casos/(1 ano + 2 anos + 3 anos + 3 anos + 3 anos) pessoas/ano =<br />

= 2/12 pessoas/ano = 0,17 pessoas/ano.<br />

Este último resultado indicaria que a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência seria, em<br />

média, aproximadamente 17 novos casos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes por cada<br />

100 pessoas/ano. Note-se que, no <strong>de</strong>nominador o tempo em<br />

risco é dado pela soma <strong>de</strong> todos os tempos, tanto dos “casos”<br />

como dos “não casos” que constituem o coorte em risco. O<br />

tempo total 12 pessoas/ano é <strong>de</strong>nominado pelo tempo total em<br />

risco, uma vez que é a soma do tempo observado sem se registar<br />

incidência. Para efeitos práticos assume-se que o tempo em risco<br />

<strong>de</strong> cada indivíduo é o tempo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do seguimento até ao<br />

registo da incidência ou até ao fecho do seguimento do<br />

indivíduo não inci<strong>de</strong>nte.<br />

Note-se que, se nos 5 indivíduos fossem observados os 2<br />

aci<strong>de</strong>ntes ao fim do 3º ano então a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência em<br />

unida<strong>de</strong>s pessoas/ano seria dada por 2/(3+3+3+3+3) = 0,13<br />

pessoas/ano, ou seja, exactamente o resultado da <strong>taxa</strong> <strong>de</strong><br />

incidência cumulativa em 3 anos a dividir pelos 3 anos <strong>de</strong> modo<br />

a obter-se a média anual.<br />

A <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência que utiliza a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

pessoas/tempo po<strong>de</strong> ser dada em pessoas/ano, pessoa/dia,<br />

pessoa/semana, pessoa/mês. Uma aplicação prática <strong>de</strong>ste<br />

resultado é observar num coorte clínico, que se encontra a fazer<br />

uma <strong>de</strong>terminada medicação, <strong>qual</strong> a <strong>taxa</strong> <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong><br />

acontecimentos adversos em unida<strong>de</strong>s pessoa/dia, pessoa/mês,<br />

pessoa/ano.<br />

O QUE É UM INTERVALO DE CONFIANÇA A 95% E QUAL A SUA<br />

IMPORTÂNCIA NUMA INVESTIGAÇÃO EM SAÚDE?

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