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Cultura Moderna e Contemporanea 4.pdf - RUN UNL ...

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o DICCIONARIO DE AGRICULTURA<br />

Em corolário, acrescenta o seguinte juízo sobre o caso português:<br />

«A ordem das sementeiras nos anos sucessivos de modo, que<br />

a terra nunca fique de pousio; esta prática é oposta ao detestável<br />

uso dos descansos das terras, tão comum em Portugal»^^.<br />

Nesta linha, torna-se visível que o optimismo emprestado à temática<br />

da agricultura não possa ser dissociado do ambiente intelectual<br />

oitocentista, nem da formação filosófica do próprio anotador. Assim,<br />

temas como a condenação da «queimada» ilustram exemplarmente o<br />

empenho colocado na divulgação e na propaganda 5 o por forma a gerar,<br />

inclusive, uma antinomia entre a divulgação da «nova agricultura»<br />

e O «sistema regulamentário» 51:<br />

«Em Portugal há ainda o costume das queimadas em diferentes<br />

distritos, não só com o fim de estrumarem as terras, mas<br />

de produzirem pastos... Este infeliz costume é filho de prejuízos,<br />

da ignorância de melhores princípios, e da mal calculada economia<br />

de gastar alguma coisa menos na roteação; ao depois se obtém<br />

muito melhor recolhimento, e vão-se piorando sucessivamente as<br />

terras: se os nossos lavradores entrarem a conhecer as plantas<br />

próprias para fazer prados artificiais nos diversos climas, e terrenos,<br />

e se souberem lavrar as minas de marne abundantes, e<br />

49 Idem, vol. III, pp. 181-83 (sublinhado nosso). Soares Franco acaba por<br />

especificar e convir que «nas províncias muito meridionais (por exemplo o Alentejo)<br />

seja muito dificultoso não ficarem as terras em descanso por causa das longas e<br />

excessivas secas da Primavera, e principalmente do Verão... Apesar disto é ainda<br />

muito possível aproveitar o ano de descanso: para isto devemos lavrar..., as terras<br />

assim preparadas darão pastos de Inverno... Talvez nestes climas se dêem bem os<br />

tornepos, e as cenouras, etc.» {idem, vol. IV, p. 199).<br />

50 MARIUS ROUSTAN apresenta o século XVIII da forma seguinte: «Le XVIIP<br />

siècle est, si Ton veut, un siècle de propagande, un siècle d'action plutôt que de<br />

speculation» {ob. cit., p. 376). Neste sentido, anotem-se estas palavras de Soares<br />

Franco: «Muitos lavradores não serão do nosso parecer, mas leiam com atenção<br />

os artigos, e talvez mudem de opinião» (cfr. F. S. FRANCO, ob. cit., vol. IV, p. 256).<br />

51 Este tema inscreve-se, adentro da reflexão da época, na evolução da «ordre<br />

artificiei de Ia réglementation» para a ordem econômica natural (cfr. ALPHONSE<br />

ScHATZ, Uindividualisme économique et social. Ses origines, son évolution, ses formes<br />

contemporaines. Paris, 1907, pp. 31-32).<br />

F.S.F.-4<br />

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