03.07.2013 Views

Modelação dos efeitos viscosos no comportamento de túneis em ...

Modelação dos efeitos viscosos no comportamento de túneis em ...

Modelação dos efeitos viscosos no comportamento de túneis em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ricardo Manuel Dias Maria<strong>no</strong><br />

Licenciado <strong>em</strong> Ciências <strong>de</strong> Engenharia Civil<br />

<strong>Mo<strong>de</strong>lação</strong> <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>túneis</strong> <strong>em</strong> maciços terrosos<br />

Dissertação elaborada <strong>no</strong> Laboratório Nacional <strong>de</strong> Engenharia Civil para obtenção do<br />

Grau <strong>de</strong> Mestre <strong>em</strong> Engenharia Civil <strong>no</strong> Ramo <strong>de</strong> Geotecnia pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências e Tec<strong>no</strong>logia da Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa <strong>no</strong> âmbito do protocolo <strong>de</strong><br />

cooperação entre a FCTUNL e o LNEC<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Professor Doutor Nu<strong>no</strong> Manuel da Costa Guerra<br />

Orientadora: Investigadora Doutora Ana Maria Carvalho Pinheiro Vieira<br />

Co-orientador: Professor Doutor João Paulo Bilé Serra<br />

Arguente: Professor Doutor Pedro Fernando e Mota Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Melo<br />

Dez<strong>em</strong>bro 2011


“Copyright” Ricardo Manuel Dias Maria<strong>no</strong>, FCT/UNL e UNL<br />

A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tec<strong>no</strong>logia e a Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa têm o direito, perpétuo e<br />

s<strong>em</strong> limites geográficos, <strong>de</strong> arquivar e publicar esta dissertação através <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares impressos<br />

reproduzi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> papel ou <strong>de</strong> forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser<br />

inventado, e <strong>de</strong> a divulgar através <strong>de</strong> repositórios científicos e <strong>de</strong> admitir a sua cópia e distribuição<br />

com objectivos educacionais ou <strong>de</strong> investigação, não comerciais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja dado crédito ao<br />

autor e editor.


AGRADECIMENTOS<br />

Começo por agra<strong>de</strong>cer ao Laboratório Nacional <strong>de</strong> Engenharia Civil, nas pessoas do seu Presi<strong>de</strong>nte,<br />

Professor Doutor Carlos Pina, e da Directora do Departamento <strong>de</strong> Geotecnia, Professora Doutora<br />

Laura Cal<strong>de</strong>ira, por to<strong>dos</strong> os meios disponibiliza<strong>dos</strong> para a realização <strong>de</strong>sta dissertação<br />

Expresso a minha profunda gratidão à Investigadora Ana Vieira pela orientação científica prestada,<br />

assim como pelos preciosos ensinamentos transmiti<strong>dos</strong>, pela permanente disponibilida<strong>de</strong>, pelo<br />

<strong>em</strong>penho e rigor <strong>de</strong>monstra<strong>dos</strong>, e inexcedível apoio e motivação durante a elaboração <strong>de</strong>sta<br />

dissertação.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao Professor João Bilé Serra pela disponibilida<strong>de</strong> na co-orientação científica prestada, pelo<br />

interesse <strong>de</strong>monstrado, <strong>em</strong>penho e disponibilida<strong>de</strong>, para além da contribuição <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> fornecer<br />

os meios necessários à realização <strong>de</strong>sta dissertação.<br />

Agra<strong>de</strong>ço também ao Investigador João Maranha pelo apoio e incentivo <strong>de</strong>monstra<strong>dos</strong> <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso da<br />

elaboração <strong>de</strong>sta dissertação.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao colega Bru<strong>no</strong> Men<strong>de</strong>s toda a ajuda disponibilizada para o melhoramento <strong>de</strong>sta<br />

dissertação.<br />

Finalmente agra<strong>de</strong>ço à minha família e amigos que manifestaram todo o seu apoio durante o período<br />

<strong>de</strong> execução <strong>de</strong>sta dissertação.


RESUMO<br />

O t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> dissertação apresentado refere-se ao estudo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>no</strong><br />

<strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> executa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> maciços terrosos, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> que concerne aos<br />

<strong>de</strong>slocamentos induzi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> maciço envolvente à escavação e à superfície do terre<strong>no</strong>. Preten<strong>de</strong>-se,<br />

como objectivo <strong>de</strong>sta dissertação, contribuir para a compreensão <strong>dos</strong> mecanismos e <strong>dos</strong> fenóme<strong>no</strong>s<br />

envolvi<strong>dos</strong> na execução duma obra geotécnica <strong>de</strong>sta natureza, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> melhorar a previsão e<br />

controlo <strong>de</strong> segurança durante e após a construção.<br />

O alívio <strong>de</strong> tensões promovido pela construção <strong>de</strong> um túnel, para além das consequências imediatas<br />

ao nível das <strong>de</strong>formações po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spoletar a ocorrência <strong>de</strong> fenóme<strong>no</strong>s diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po que geram<br />

<strong>de</strong>formações não só durante a construção da obra, mas também ao longo do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> serviço da<br />

mesma. Este tipo <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> diferido <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po é mais <strong>no</strong>tório <strong>em</strong> meios <strong>de</strong> natureza argilosa,<br />

po<strong>de</strong>ndo ter na sua base processos como a fluência.<br />

Neste sentido, para além <strong>de</strong> uma abordag<strong>em</strong> ligeira às características comportamentais <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> <strong>em</strong><br />

maciços terrosos, é feita uma <strong>de</strong>scrição fe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>lógica <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

geomateriais e uma referência às vias recorrentes na mo<strong>de</strong>lação numérica <strong>de</strong>sses mesmos<br />

fenóme<strong>no</strong>s.<br />

Para a mo<strong>de</strong>lação numérica do probl<strong>em</strong>a, recorre-se a um mo<strong>de</strong>lo elasto-viscoplástico incr<strong>em</strong>ental,<br />

baseado <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos e <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong> overstress, capaz <strong>de</strong> reproduzir o<br />

<strong>comportamento</strong> diferido <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po. As análises numéricas são efectuadas recorrendo a uma<br />

adaptação do método da convergência-confinamento, permitindo contabilizar os <strong>efeitos</strong><br />

tridimensionais envolvi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> escavação <strong>de</strong> um túnel num cálculo <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação.<br />

Palavras-chave: <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong>; método da convergência-confinamento; <strong>comportamento</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po; fluência; viscoplasticida<strong>de</strong>; overstress.<br />

i


ABSTRACT<br />

The subject of thesis refers to the numerical study of viscous effects on the behavior of tunnels in<br />

clayey soils, specifically on surrounding and superficial ground <strong>de</strong>formation. The improv<strong>em</strong>ent of<br />

k<strong>no</strong>wledge and un<strong>de</strong>rstanding of the mechanisms related to tunneling with direct impact of safety<br />

during and after construction, are the main goals to be achieved.<br />

Beyond the immediate <strong>de</strong>formations resulting from tunnel construction, the stress relief can promote<br />

the occurrence of time <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt behavior which is responsible for long term <strong>de</strong>formations. A creep<br />

process is k<strong>no</strong>wn to exist as one phe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>n concerning to this type of behavior and it is most<br />

ack<strong>no</strong>wledged in clays.<br />

In this matter, a slight approach to the behavior of tunneling in soil and a review of time <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

effects in clays is presented. Furthermore, reference is ma<strong>de</strong> to the numerical mo<strong>de</strong>ls applied to<br />

capture time <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt behavior of soils.<br />

For mo<strong>de</strong>ling the probl<strong>em</strong>, an elastic-viscoplastic constitutive mo<strong>de</strong>l based on the concepts of critical<br />

state and overstress is applied to simulate time <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt behavior. The use of an extension of the<br />

convergence-confin<strong>em</strong>ent method to perform the numerical analysis allows to consi<strong>de</strong>r in plane strain<br />

the three dimensional effects regarding to tunnel construction.<br />

Key-words: viscous effects; convergence-confin<strong>em</strong>ent method; time-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt behavior; creep;<br />

viscoplasticity; overstress.<br />

iii


ÍNDICE<br />

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1<br />

1.1 Consi<strong>de</strong>rações gerais .............................................................................................................. 1<br />

1.2 Âmbito do trabalho .................................................................................................................. 2<br />

1.3 Estruturação da dissertação .................................................................................................... 2<br />

2. COMPORTAMENTO DE TÚNEIS EM MACIÇOS TERROSOS...................................................... 5<br />

2.1 Introdução ................................................................................................................................ 5<br />

2.2 Estado <strong>de</strong> tensão <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> um túnel ................................................................................. 5<br />

2.3 Estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> um túnel ......................................................................... 7<br />

2.4 Evolução do estado <strong>de</strong> tensão ................................................................................................ 8<br />

2.5 Estrutura <strong>de</strong> suporte <strong>em</strong> <strong>túneis</strong> ............................................................................................. 11<br />

2.6 O método da convergência-confinamento ............................................................................ 12<br />

3. COMPORTAMENTO DEPENDENTE DO TEMPO EM SOLOS.................................................... 21<br />

3.1 Introdução .............................................................................................................................. 21<br />

3.2 Manifestações <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po ...................................................................... 21<br />

3.3 Observações <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> compressão unidimensional .................................................... 24<br />

3.4 Observações <strong>de</strong> ensaios triaxiais .......................................................................................... 27<br />

3.4.1 Efeitos <strong>viscosos</strong> na curva <strong>de</strong> estado limite ...................................................................... 27<br />

3.4.2 Efeitos <strong>viscosos</strong> <strong>no</strong>s domínios <strong>no</strong>rmalmente consolidado e sobreconsolidado .............. 29<br />

3.5 Consi<strong>de</strong>rações gerais sobre os <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>em</strong> argilas ................................................. 31<br />

4. MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO DIFERIDO NO TEMPO EM SOLOS ............................ 33<br />

4.1 Introdução .............................................................................................................................. 33<br />

4.2 Mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos ................................................................................................................ 34<br />

4.3 Mo<strong>de</strong>los reológicos ................................................................................................................ 35<br />

4.4 Mo<strong>de</strong>los generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po .............................................................. 37<br />

4.4.1 Teoria overstress <strong>de</strong> Perzyna .......................................................................................... 37<br />

4.4.2 Teoria das superfícies <strong>de</strong> fluxo não estacionárias .......................................................... 41<br />

4.5 Formulação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong> ............................. 43<br />

4.5.1 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para o <strong>comportamento</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po ................. 43<br />

4.5.2 Modificação da elipse do mo<strong>de</strong>lo Cam-clay modificado para a zona super-crítica ........ 49<br />

v


vi<br />

4.5.3 Extensão do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong> ................................. 50<br />

4.5.4 Determinação <strong>dos</strong> parâmetros do mo<strong>de</strong>lo ...................................................................... 52<br />

5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA DA RESPOSTA ESTRUTURAL DE UM TÚNEL ................................ 55<br />

5.1 Introdução .............................................................................................................................. 55<br />

5.2 Simulação numérica e verificação das convergências <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> provocadas pela<br />

escavação <strong>de</strong> um túnel ....................................................................................................................... 55<br />

5.3 Verificação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong> .................................... 58<br />

5.3.1 Simulação numérica para um carregamento edométrico ................................................ 58<br />

5.3.2 Simulação numérica para um carregamento triaxial ....................................................... 59<br />

5.4 Análises numéricas <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação .......................................................... 61<br />

5.4.1 Introdução ........................................................................................................................ 61<br />

5.4.2 Condições iniciais ............................................................................................................ 62<br />

5.4.3 Simulações numéricas para um túnel circular ................................................................. 67<br />

5.4.4 Simulações numéricas para um túnel não circular .......................................................... 72<br />

5.4.5 Efeitos à superfície .......................................................................................................... 79<br />

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ............................................. 83<br />

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 85<br />

ANEXO A ............................................................................................................................................... 89


ÍNDICE DE FIGURAS<br />

Figura 2.1 – Efeito <strong>de</strong> arco tridimensional nas proximida<strong>de</strong>s da frente <strong>de</strong> escavação (adaptado <strong>de</strong><br />

Eisenstein et al., 1984) ............................................................................................................................ 6<br />

Figura 2.2 – Interacção tridimensional maciço-suporte: a) distribuição das tensões e <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>slocamentos verticais ao longo <strong>de</strong> um alinhamento longitudinal situada <strong>no</strong> tecto do túnel; b)<br />

correspon<strong>de</strong>nte curva <strong>de</strong> reacção maciço-suporte (adaptado <strong>de</strong> Eisenstein et al., 1984) ..................... 6<br />

Figura 2.3 – Distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos num pla<strong>no</strong> longitudinal vertical contendo o eixo do túnel<br />

(Ranken e Ghaboussi, 1975)................................................................................................................... 7<br />

Figura 2.4 – Resposta do maciço com o avanço da frente <strong>no</strong>s esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação<br />

(Almeida e Sousa, 1998) ......................................................................................................................... 8<br />

Figura 2.5 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço s-t para três valores <strong>de</strong> K0 (tecto/soleira)<br />

(Vieira, 2006) ........................................................................................................................................... 9<br />

Figura 2.6 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço p-q/2 para três valores <strong>de</strong> K0 (tecto/soleira)<br />

(Vieira, 2006) ......................................................................................................................................... 10<br />

Figura 2.7 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço s-t para três valores <strong>de</strong> K0 (hasteal) (Vieira,<br />

2006) ...................................................................................................................................................... 10<br />

Figura 2.8 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço p-q/2 para três valores <strong>de</strong> K0 (hasteal) (Vieira,<br />

2006) ...................................................................................................................................................... 10<br />

Figura 2.9 – Mecanismos <strong>de</strong> plastificação do terre<strong>no</strong> na zona do túnel (adaptado <strong>de</strong> Wong e Kaiser,<br />

1991) ...................................................................................................................................................... 11<br />

Figura 2.10 – Princípio do método da convergência-confinamento (adaptado <strong>de</strong> AFTES, 2001) ....... 14<br />

Figura 2.11 – Equilíbrio <strong>de</strong> forças num el<strong>em</strong>ento infinitesimal <strong>de</strong> solo <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> da abertura <strong>em</strong><br />

condições axissimétricas ....................................................................................................................... 14<br />

Figura 2.12 – Lei <strong>de</strong> convergência do maciço <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> elástico e linear ............................. 16<br />

Figura 2.13 – Zona <strong>em</strong> regime plástico <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> <strong>de</strong> uma cavida<strong>de</strong> circular ................................... 17<br />

Figura 2.14 – Curva <strong>de</strong> convergência do maciço respeitando o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> Mohr-Coulomb<br />

(adaptado <strong>de</strong> AFTES, 2001) ................................................................................................................. 18<br />

Figura 2.15 – Curva <strong>de</strong> reacção do suporte (adaptado <strong>de</strong> AFTES, 2001) ........................................... 20<br />

vii


Figura 3.1 – Ensaio <strong>de</strong> fluência. a) Trajectória <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação; b) história <strong>de</strong> tensões; c)<br />

história <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et al., 2004).......................................................... 22<br />

Figura 3.2 – História <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações num ensaio triaxial <strong>de</strong> fluência. Definição <strong>de</strong> fluência primária,<br />

secundária e terciária (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et al., 2004).............................................................. 22<br />

Figura 3.3 – Definição <strong>de</strong> compressão primária, secundária e terciária (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et<br />

al., 2004) ................................................................................................................................................ 22<br />

Figura 3.4 – Ensaio <strong>de</strong> relaxação. Trajectória tensão-<strong>de</strong>formação, história <strong>de</strong> tensões e história <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formações (Augustesen et al., 2004) ................................................................................................ 24<br />

Figura 3.5 – Ensaios a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante. História <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações e relações tensão-<br />

<strong>de</strong>formação (Augustesen et al., 2004) .................................................................................................. 24<br />

Figura 3.6 – Tipos <strong>de</strong> curvas <strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po (adaptado <strong>de</strong> Leroueil et al. 1985) .......................... 25<br />

Figura 3.7 – Tipos <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> observa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> diagrama log εz – log t (adaptado <strong>de</strong> Leroueil et<br />

al. 1985) ................................................................................................................................................. 25<br />

Figura 3.8 – Efeitos da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na compressão unidimensional da argila <strong>de</strong> St-Policarpe<br />

(adaptado <strong>de</strong> Marques,1996) ................................................................................................................ 26<br />

Figura 3.9 – Ensaios edométricos especiais <strong>em</strong> argila <strong>de</strong> Batiscan (adaptado <strong>de</strong> Leroueil et al., 1985)<br />

............................................................................................................................................................... 26<br />

Figura 3.10 – Influência da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na superfície <strong>de</strong> estado limite da argila <strong>de</strong> Mascouche<br />

(Marchand, 1982 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996) ................................................................... 28<br />

Figura 3.11 – Trajectórias <strong>de</strong> tensão efectiva <strong>no</strong>rmalizadas obtidas <strong>em</strong> argilas azuis <strong>de</strong> Boston <strong>em</strong><br />

ensaios <strong>de</strong> compressão não drena<strong>dos</strong> para diferentes OCR e taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (Sheahan et al.,<br />

1996) ...................................................................................................................................................... 28<br />

Figura 3.12 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na superfície <strong>de</strong> estado<br />

limite: a) curvas tensão-<strong>de</strong>formação para diferentes taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação; b) superfícies <strong>de</strong> estado<br />

limite correspon<strong>de</strong>ntes (Augustesen et al., 2004) ................................................................................. 29<br />

Figura 3.13 – Alterações das tensões efectivas com o t<strong>em</strong>po <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> ensaios triaxiais não-<br />

drena<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fluência (Arulanandan et al., 1971 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996) ................... 30<br />

Figura 3.14 – Relação taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axial-t<strong>em</strong>po para ensaios <strong>de</strong> fluência na argila <strong>de</strong> Saint-<br />

Alban (Tavenas et al., 1978 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996) .................................................. 30<br />

Figura 4.1 – Curvas <strong>de</strong> fluência previstas pelas funções tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po para m1: a) <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po; b) <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do logaritmo do t<strong>em</strong>po ............ 35<br />

viii


Figura 4.2 – Representação <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos reológicos el<strong>em</strong>entares: a) el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> Hooke; b)<br />

el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> Newton e c) el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> St. Venant ................................................................................ 35<br />

Figura 4.3 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Maxwell ....................................................... 37<br />

Figura 4.4 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Poynting-Thomson ...................................... 37<br />

Figura 4.5 – Mo<strong>de</strong>lo viscoplástico <strong>de</strong> Bingham ..................................................................................... 37<br />

Figura 4.6 – Estado <strong>de</strong> tensão σ’ij localizado na superfície <strong>de</strong> cedência dinâmica fd. Representação da<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> overstress (adaptado <strong>de</strong> Liingaard et al., 2004) ............................................................... 39<br />

Figura 4.7 – a) Processo <strong>de</strong> fluência para um material s<strong>em</strong> endurecimento; b) Processo <strong>de</strong> fluência<br />

para um material com endurecimento ................................................................................................... 40<br />

Figura 4.8 – Linha <strong>de</strong> consolidação virg<strong>em</strong> e linhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompressão-recompressão para um ensaio<br />

<strong>de</strong> compressão isotrópico...................................................................................................................... 45<br />

Figura 4.9 – Variação volumétrica plástica correspon<strong>de</strong>nte a um incr<strong>em</strong>ento da tensão <strong>de</strong> pré-<br />

consolidação .......................................................................................................................................... 47<br />

Figura 4.10 – Função <strong>de</strong> cedência <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo Cam-clay modificado (adaptado <strong>de</strong> Itasca, 2000) ....... 48<br />

Figura 4.11 – Correcção da forma da superfície <strong>de</strong> cedência para a zona super-crítica (Maranha,<br />

1997) ...................................................................................................................................................... 50<br />

Figura 4.12 – Determinação do volume específico inicial (Vieira, 2006) .............................................. 53<br />

Figura 5.1 – Representação das condições <strong>de</strong> fronteira e do estado <strong>de</strong> tensão inicial para a<br />

<strong>de</strong>terminação numérica da curva <strong>de</strong> reacção do maciço ...................................................................... 56<br />

Figura 5.2 – Malha radial utilizada para a <strong>de</strong>terminação numérica da curva <strong>de</strong> reacção do maciço ... 56<br />

Figura 5.3 – Solução analítica vs solução numérica para o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> Mohr-Coulomb com lei<br />

<strong>de</strong> fluxo não associada .......................................................................................................................... 57<br />

Figura 5.4 – Solução analítica vs solução numérica para o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> Mohr-Coulomb com lei<br />

<strong>de</strong> fluxo associada ................................................................................................................................. 57<br />

Figura 5.5 – Solução analítica vs solução numérica para o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> Hoek-Brown ............ 57<br />

Figura 5.6 – Condições <strong>de</strong> fronteira para a simulação <strong>de</strong> um ensaio edométrico ................................ 58<br />

Figura 5.7 – Variação do volume específico <strong>em</strong> função da tensão média para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

............................................................................................................................................................... 59<br />

Figura 5.8 – Variação do volume específico <strong>em</strong> função da tensão média para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

(ensaio prolongado <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po)............................................................................................................... 59<br />

ix


Figura 5.9 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> η ........................................................................................................................................... 59<br />

Figura 5.10 – Condições <strong>de</strong> fronteira para a simulação <strong>de</strong> um ensaio triaxial ..................................... 60<br />

Figura 5.11 – Trajectórias <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> domínio p’-q para diferentes valores <strong>de</strong> η ............................. 60<br />

Figura 5.12 – Evolução da <strong>de</strong>formação axial <strong>em</strong> função da tensão distorcional para diferentes valores<br />

<strong>de</strong> η (zona super-crítica) ....................................................................................................................... 61<br />

Figura 5.13 – Evolução da <strong>de</strong>formação axial <strong>em</strong> função da tensão distorcional para diferentes valores<br />

<strong>de</strong> η (zona sub-crítica) ......................................................................................................................... 61<br />

Figura 5.14 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> η (zona super-crítica) ........................................................................................................... 61<br />

Figura 5.15 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> η (zona sub-crítica) .............................................................................................................. 61<br />

Figura 5.16 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um túnel circular com 15 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

............................................................................................................................................................... 63<br />

Figura 5.17 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um túnel circular com 30 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

............................................................................................................................................................... 63<br />

Figura 5.18 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um túnel não-circular com 15 metros <strong>de</strong><br />

recobrimento .......................................................................................................................................... 63<br />

Figura 5.19 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um túnel não-circular com 30 metros <strong>de</strong><br />

recobrimento .......................................................................................................................................... 63<br />

Figura 5.20 – Formações geológicas ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa (Lopes, 2001) ......................... 64<br />

Figura 5.21 – Zonamento <strong>em</strong> profundida<strong>de</strong> da tensão média <strong>de</strong> pré-consolidação ............................ 65<br />

Figura 5.22 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1a) ...................................................................................................................................................... 67<br />

Figura 5.23 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1a) ...................................................................................................................................................... 67<br />

Figura 5.24 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1a) ...................................................................................................................................................... 68<br />

Figura 5.25 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1a) ...................................................................................................................................................... 68<br />

x


Figura 5.26 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros e η=10 14<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 68<br />

Figura 5.27 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros e η=10 16<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 69<br />

Figura 5.28 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1a) ........................................ 69<br />

Figura 5.29 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1a) ........................................ 69<br />

Figura 5.30 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1b) ...................................................................................................................................................... 70<br />

Figura 5.31 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1b) ...................................................................................................................................................... 70<br />

Figura 5.32 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1b) ...................................................................................................................................................... 70<br />

Figura 5.33 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S1b) ...................................................................................................................................................... 70<br />

Figura 5.34 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 14<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 70<br />

Figura 5.35 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 16<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 71<br />

Figura 5.36 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1b) ........................................ 71<br />

Figura 5.37 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1b) ........................................ 71<br />

Figura 5.38 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S4a) .............................................................................................................................. 72<br />

Figura 5.39 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S4a) .............................................................................................................................. 72<br />

Figura 5.40 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S4a) ................. 72<br />

Figura 5.41 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S4a) ................. 72<br />

Figura 5.42 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2a) ...................................................................................................................................................... 73<br />

Figura 5.43 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2a) ...................................................................................................................................................... 73<br />

xi


Figura 5.44 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2a) ...................................................................................................................................................... 73<br />

Figura 5.45 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2a) ...................................................................................................................................................... 73<br />

Figura 5.46 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2a) ........................................ 73<br />

Figura 5.47 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2a) ........................................ 73<br />

Figura 5.48 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2b) ...................................................................................................................................................... 74<br />

Figura 5.49 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2b) ...................................................................................................................................................... 74<br />

Figura 5.50 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2b) ...................................................................................................................................................... 74<br />

Figura 5.51 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η<br />

(S2b) ...................................................................................................................................................... 74<br />

Figura 5.52 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel não-circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 14<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 74<br />

Figura 5.53 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel não-circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 16<br />

(Solo A) .................................................................................................................................................. 75<br />

Figura 5.54 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2b) ........................................ 75<br />

Figura 5.55 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2b) ........................................ 75<br />

Figura 5.56 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S3a) .............................................................................................................................. 76<br />

Figura 5.57 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S3a) .............................................................................................................................. 76<br />

Figura 5.58 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a) ................................................................................................................................... 76<br />

Figura 5.59 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a) ................................................................................................................................... 76<br />

Figura 5.60 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S3a) ................. 76<br />

Figura 5.61 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S3a) ................. 76<br />

xii


Figura 5.62 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> K0<br />

(S5b) ...................................................................................................................................................... 77<br />

Figura 5.63 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> K0<br />

(S5a) ...................................................................................................................................................... 77<br />

Figura 5.64 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> K0<br />

(S5b) ...................................................................................................................................................... 77<br />

Figura 5.65 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> K0<br />

(S5a) ...................................................................................................................................................... 77<br />

Figura 5.66 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três valores <strong>de</strong> K0 (S5b) ...................................... 78<br />

Figura 5.67 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três valores <strong>de</strong> K0 (S5a) ...................................... 78<br />

Figura 5.68 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo A, K0 =1,3 e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S5b) .......................................................................................................... 78<br />

Figura 5.69 – Evolução das convergências horizontais com o t<strong>em</strong>po para o solo B, K0 =1,3 e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S5a) .......................................................................................................... 78<br />

Figura 5.70 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo A, K0 =1,3 e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S5b) .......................................................................................................... 79<br />

Figura 5.71 – Evolução das convergências verticais com o t<strong>em</strong>po para o solo B, K0 =1,3 e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S5a) .......................................................................................................... 79<br />

Figura 5.72 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e η=10 14 (S2a) ................................................................................................... 79<br />

Figura 5.73 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e η=10 14 (S2a) ................................................................................................... 79<br />

Figura 5.74 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e η=10 16 (S2a) ................................................................................................... 80<br />

Figura 5.75 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e η=10 16 (S2a) ................................................................................................... 80<br />

Figura 5.76 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e η=10 14 (S2b) ................................................................................................... 80<br />

Figura 5.77 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e η=10 14 (S2b) ................................................................................................... 80<br />

xiii


Figura 5.78 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e η=10 16 (S2b) ................................................................................................... 80<br />

Figura 5.79 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e η=10 16 (S2b) ................................................................................................... 80<br />

Figura 5.80 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e v=0,75m/dia (S3a) .......................................................................................... 81<br />

Figura 5.81 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e v=0,75m/dia (S3a) .......................................................................................... 81<br />

Figura 5.82 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e v=0,75m/dia (S3b) .......................................................................................... 81<br />

Figura 5.83 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e v=0,75m/dia (S3b) .......................................................................................... 81<br />

Figura 5.84 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e v=1,5m/dia (S3b) ............................................................................................ 81<br />

Figura 5.85 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e v=1,5m/dia (S3b) ............................................................................................ 81<br />

Figura 5.86 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e K0=0,7 (S5b) ................................................................................................... 82<br />

Figura 5.87 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e K0=0,7 (S5a) ................................................................................................... 82<br />

Figura 5.88 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e K0=1,0 (S5b) ................................................................................................... 82<br />

Figura 5.89 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e K0=1,0 (S5a) ................................................................................................... 82<br />

Figura 5.90 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo A e K0=1,3 (S5b) ................................................................................................... 82<br />

Figura 5.91 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong><br />

fluência para o solo B e K0=1,3 (S5a) ................................................................................................... 82<br />

Figura A.0.1 – Princípio <strong>de</strong> dissociação <strong>dos</strong> quadriláteros <strong>em</strong> dois pares <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos triangulares<br />

(Itasca, 2000) ......................................................................................................................................... 91<br />

Figura A.0.2 – Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> cálculo explícito para um intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po ∆


Figura A.0.3 – Esqu<strong>em</strong>a das diferentes etapas ocorrentes <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> um cálculo explícito (Itasca,<br />

2000) ...................................................................................................................................................... 93<br />

xv


ÍNDICE DE QUADROS<br />

Quadro 5.1 – Parâmetros do mo<strong>de</strong>lo .................................................................................................... 64<br />

Quadro 5.2 – Matriz <strong>de</strong> análises numéricas programadas ................................................................... 67<br />

xvii


LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS<br />

C - Altura <strong>de</strong> recobrimento<br />

Cαe<br />

- Coeficiente <strong>de</strong> compressão secundária <strong>em</strong> relação a e<br />

Cαε - Coeficiente <strong>de</strong> compressão secundária <strong>em</strong> relação a ε<br />

Cijkl<br />

- Tensor da flexibilida<strong>de</strong> elástica<br />

D - Diâmetro <strong>de</strong> um túnel<br />

Dijkl<br />

- Tensor elástico<br />

e - Índice <strong>de</strong> vazios<br />

ei<br />

- Índice <strong>de</strong> vazios inicial<br />

E - Módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong><br />

- Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> (módulo <strong>de</strong> Young)<br />

f - Função <strong>de</strong> cedência<br />

fd<br />

fm<br />

fs<br />

F - Força<br />

- Superfície <strong>de</strong> cedência estática<br />

- Lei <strong>de</strong> convergência do maciço<br />

- Superfície <strong>de</strong> cedência dinâmica<br />

- Lei <strong>de</strong> convergência do suporte<br />

- Função <strong>de</strong> cedência<br />

FC - Factor <strong>de</strong> carga<br />

g - Função <strong>de</strong> potencial plástico<br />

G - Módulo <strong>de</strong> distorção<br />

k - Coeficiente <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong><br />

K - Módulo <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z volumétrico<br />

Kcr<br />

Kp<br />

K0<br />

- Coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso crítico<br />

- Coeficiente <strong>de</strong> impulso passivo<br />

- Coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso<br />

L - Parâmetro <strong>de</strong> alteração da forma da superfície <strong>de</strong> cedência na zona super-critica<br />

mv<br />

- Coeficiente <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> volumétrica<br />

M - Inclinação da linha <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos<br />

N - Número <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong><br />

Nc<br />

- Número <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>no</strong> colapso<br />

OCR - Grau <strong>de</strong> sobreconsolidação<br />

xix


p - Tensão <strong>no</strong>rmal média ou octaédrica <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tensões totais<br />

pc<br />

pcr<br />

pc0<br />

pe<br />

pi<br />

pmax<br />

p0<br />

xx<br />

- Tensão média <strong>de</strong> pré-consolidação<br />

- Tensão média <strong>no</strong> estado crítico<br />

- Tensão média <strong>de</strong> pré-consolidação inicial<br />

- Pressão exterior<br />

- Pressão interior<br />

- Tensão média máxima<br />

- Tensão média inicial<br />

- Pressão <strong>de</strong> referência<br />

p’ - Tensão <strong>no</strong>rmal média ou octaédrica <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tensões efectivas<br />

P - Comprimento não revestido<br />

q - Tensão distorcional<br />

qcr<br />

qmax<br />

q0<br />

s - (σ1+σ3)/2<br />

sij<br />

t - T<strong>em</strong>po<br />

ti<br />

- Tensão distorcional <strong>no</strong> estado crítico<br />

- Tensão distorcional máxima<br />

- Resistência <strong>de</strong> pico para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação quase nula<br />

- Parte <strong>de</strong>viatórica do tensor das tensões<br />

- (σ1-σ3)/2<br />

- T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> referência<br />

u - Deslocamento<br />

ud<br />

uf<br />

ur<br />

u0<br />

- Pressão intersticial<br />

- Deslocamento antes da colocação do suporte<br />

- Deslocamento final<br />

- Deslocamento radial<br />

- Pressão intersticial inicial<br />

*<br />

ui - Vector velocida<strong>de</strong> <strong>no</strong>dal<br />

u̇ - Velocida<strong>de</strong><br />

ü - Aceleração<br />

V - Volume<br />

Va<br />

Ve<br />

- Volume da bacia <strong>de</strong> subsidência<br />

- Volume exterior


Vi<br />

Vs<br />

- Volume interior<br />

- Volume das partículas sólidas<br />

W vp - Trabalho viscoplástico


Vi<br />

Vs<br />

- Volume interior<br />

- Volume das partículas sólidas<br />

W vp - Trabalho viscoplástico


Vi<br />

Vs<br />

- Volume interior<br />

- Volume das partículas sólidas<br />

W vp - Trabalho viscoplástico


1. INTRODUÇÃO<br />

1.1 Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas e consequente expansão das gran<strong>de</strong>s metrópoles<br />

<strong>em</strong> todo o Mundo, a pressão urbanística e a disponibilida<strong>de</strong> limitada <strong>de</strong> espaço para construção<br />

promoveram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar o espaço sub-superficial como meio para a instalação <strong>de</strong><br />

infra-estruturas <strong>de</strong> serviço público e privado.<br />

A execução <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> veio, nesse sentido, contribuir para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida ambiental e<br />

económica das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, aumentando a mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas e bens através <strong>de</strong> linhas<br />

ferroviárias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho ao mesmo t<strong>em</strong>po que reduz o impacto das cargas poluentes<br />

resultantes do tráfego viário à superfície, assim como contribuindo para a expansão e re<strong>no</strong>vação da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> águas residuais.<br />

A execução <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> <strong>em</strong> ambiente urba<strong>no</strong> encontra diversos constrangimentos <strong>de</strong>vido aos possíveis<br />

impactos negativos nas estruturas vizinhas, assim como dificulda<strong>de</strong>s ao nível da competência <strong>dos</strong><br />

terre<strong>no</strong>s e baixa profundida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que são projecta<strong>dos</strong>. Os tipos <strong>de</strong> solos <strong>no</strong>rmalmente presentes na<br />

envolvente <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong>sta natureza têm características geotécnicas e <strong>comportamento</strong>s muito<br />

particulares, tais como a fluência e expansibilida<strong>de</strong>.<br />

Tais constrangimentos promoveram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução significativa das técnicas construtivas<br />

na execução <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>, como é o caso actual das máquinas tuneladoras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro, que<br />

permit<strong>em</strong> escavar <strong>túneis</strong> numa vasta gama <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> e com elevada qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> que<br />

se refere ao controlo <strong>de</strong> movimentos do terre<strong>no</strong>. As técnicas convencionais também sofreram<br />

gran<strong>de</strong>s evoluções, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das técnicas <strong>de</strong> pré-suporte e <strong>de</strong> reforço da<br />

frente. As técnicas <strong>de</strong> tratamento e reforço <strong>de</strong> solos têm contribuído bastante para o sucesso <strong>de</strong><br />

muitos projectos <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>, como é o caso das injecções <strong>de</strong> compensação.<br />

Na instrumentação <strong>de</strong> obras subterrâneas o melhoramento <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> da<strong>dos</strong><br />

t<strong>em</strong> permitido uma utilização mais eficaz <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>. A gestão <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real <strong>dos</strong> registos da<br />

monitorização durante a construção t<strong>em</strong> contribuído para uma melhor impl<strong>em</strong>entação do método<br />

observacional <strong>em</strong> projectos <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>.<br />

A gran<strong>de</strong> evolução ao nível <strong>de</strong> projecto <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> é <strong>de</strong>vida principalmente ao incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> potência<br />

e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento computacional das últimas décadas. Os mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

permit<strong>em</strong> simular processos <strong>de</strong> construção complexos <strong>em</strong> que se po<strong>de</strong>m incluir estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

interacção com estruturas vizinhas, <strong>em</strong> duas ou três dimensões, incorporar leis constitutivas cada vez<br />

mais sofisticadas <strong>de</strong> forma a reproduzir<strong>em</strong> fielmente a resposta observada <strong>de</strong> solos naturais.<br />

Permit<strong>em</strong> também a realização <strong>de</strong> estu<strong>dos</strong> paramétricos e da sensibilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los envolvi<strong>dos</strong><br />

<strong>no</strong> projecto <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>.<br />

1


1.2 Âmbito do trabalho<br />

O estudo do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> executa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> terre<strong>no</strong>s bran<strong>dos</strong> é um t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

interesse e actualida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho estrutural <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> obras ao longo do seu período <strong>de</strong><br />

vida útil <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quadamente avaliado, dadas as consequências <strong>de</strong> uma rotura ou da sua<br />

operação <strong>em</strong> condições <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>.<br />

A operação <strong>de</strong> escavação <strong>de</strong> um túnel resulta <strong>no</strong> alívio <strong>de</strong> tensões <strong>no</strong> maciço originando,<br />

invariavelmente, <strong>de</strong>formações que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> dois tipos: as <strong>de</strong>formações imediatas e as<br />

<strong>de</strong>formações diferidas <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po. As <strong>de</strong>formações imediatas são <strong>de</strong>vidas à resposta elástica do<br />

terre<strong>no</strong> induzida pelo processo <strong>de</strong> escavação, po<strong>de</strong>ndo incluir uma parcela plástica, caso as tensões<br />

geradas sejam suficientes para atingir a cedência do material <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> do túnel. As <strong>de</strong>formações<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do t<strong>em</strong>po po<strong>de</strong>m ocorrer após o processo <strong>de</strong> escavação e prolongar<strong>em</strong>-se por longos<br />

perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po durante a fase <strong>de</strong> serviço da obra. O mecanismo <strong>de</strong> fluência po<strong>de</strong> ser um <strong>dos</strong><br />

responsáveis pelas <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> longo prazo.<br />

O estudo das magnitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> um túnel é <strong>de</strong> primordial<br />

importância, verificando-se a necessida<strong>de</strong> promover estu<strong>dos</strong> neste domínio. É nesse âmbito que se<br />

preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver este trabalho, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> estudo da influência que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

construção, e outros parâmetros que influenci<strong>em</strong> a resposta diferida <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

1.3 Estruturação da dissertação<br />

Para além do capítulo introdutório, on<strong>de</strong> se apresentaram as consi<strong>de</strong>rações iniciais relativamente ao<br />

âmbito do trabalho, os objectivos fundamentais que se preten<strong>de</strong> alcançar, assim como a sua<br />

estruturação, a presente dissertação foi organizada <strong>em</strong> mais cinco capítulos.<br />

O capítulo 2 inicia-se com uma referência às principais características do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> <strong>túneis</strong><br />

<strong>em</strong> terre<strong>no</strong>s bran<strong>dos</strong>, concretamente <strong>no</strong> que se refere à resposta do maciço face à escavação <strong>em</strong><br />

termos <strong>de</strong> estado <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação. Destaca-se neste capítulo a <strong>de</strong>scrição do método da<br />

convergência-confinamento utilizado para analisar a resposta <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação do<br />

terre<strong>no</strong> face à escavação <strong>de</strong> um túnel.<br />

No capítulo 3 <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>-se os fenóme<strong>no</strong>s envolvi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

geomateriais, os mecanismos envolvi<strong>dos</strong>. Proce<strong>de</strong>-se à avaliação <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

análises <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios laboratoriais.<br />

O capítulo 4 referencia as principais vias <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação do <strong>comportamento</strong> diferido <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po,<br />

associadas ao projecto <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>. Abordam-se os mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos, reológicos e mo<strong>de</strong>los<br />

generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po, <strong>no</strong>meadamente o mo<strong>de</strong>lo overstress introduzido por<br />

Perzyna. Também se <strong>de</strong>staca neste capítulo a formulação do mo<strong>de</strong>lo elasto-viscoplástico baseado<br />

<strong>no</strong>s conceitos <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos e <strong>de</strong> overstress impl<strong>em</strong>entado <strong>no</strong> programa <strong>de</strong> cálculo por<br />

diferenças finitas FLAC da socieda<strong>de</strong> Itasca.<br />

2


O capítulo 5 inicia-se com a verificação <strong>de</strong> um algoritmo criado para simular o alívio parcial das<br />

tensões resultantes da escavação <strong>de</strong> um túnel, através da <strong>de</strong>terminação numérica da lei <strong>de</strong><br />

convergência do maciço e respectiva comparação com a solução analítica para dois critérios <strong>de</strong><br />

rotura: Mohr-Coulomb e Hoek-Brown. De seguida, efectua-se a verificação do mo<strong>de</strong>lo numérico<br />

elasto-viscoplástico para um carregamento edométrico e para um triaxial. Proce<strong>de</strong>-se à <strong>de</strong>scrição<br />

porme<strong>no</strong>rizada da rotina criada num software <strong>de</strong> diferenças finitas (FLAC, Itasca) para efectuar os<br />

estu<strong>dos</strong> pretendi<strong>dos</strong>, seguido da compilação e análise <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> das simulações processadas<br />

que englobam o estudo da influência do coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong>, da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção e do<br />

coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso, b<strong>em</strong> como da altura <strong>de</strong> recobrimento e da forma da secção<br />

transversal nas <strong>de</strong>formações geradas na envolvente e à superfície.<br />

O capítulo 6 reserva-se para as consi<strong>de</strong>rações finais acerca do estudo efectuado e para uma<br />

abordag<strong>em</strong> geral <strong>em</strong> relação ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trabalhos futuros que po<strong>de</strong>rão ser produzi<strong>dos</strong> <strong>no</strong><br />

âmbito do aprofundar <strong>de</strong> conhecimento sobre o t<strong>em</strong>a da presente dissertação.<br />

3


2. COMPORTAMENTO DE TÚNEIS EM MACIÇOS TERROSOS<br />

2.1 Introdução<br />

Preten<strong>de</strong>-se neste capítulo <strong>de</strong>screver as principais características do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> <strong>túneis</strong><br />

quando executa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> terre<strong>no</strong>s bran<strong>dos</strong>, focando essencialmente os aspectos referentes à resposta<br />

do terre<strong>no</strong> face à escavação e respectivos factores condicionantes. É referida a importância <strong>dos</strong><br />

<strong>efeitos</strong> tridimensionais gera<strong>dos</strong> na frente <strong>de</strong> escavação e <strong>dos</strong> mecanismos <strong>de</strong> interacção entre a<br />

estrutura <strong>de</strong> suporte e o terre<strong>no</strong>. É abordado o t<strong>em</strong>a do suporte <strong>em</strong> <strong>túneis</strong>, fazendo referência a<br />

diferentes metodologias existentes para o seu estudo. Destaca-se o método da convergênciaconfinamento<br />

apresentando-se uma <strong>de</strong>scrição mais profunda do mesmo, assim como as soluções<br />

analíticas das curvas <strong>de</strong> convergência do terre<strong>no</strong> para um solo respeitando o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong><br />

Mohr-Coulomb e Hoek-Brown.<br />

2.2 Estado <strong>de</strong> tensão <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> um túnel<br />

A abertura <strong>de</strong> um túnel num maciço previamente <strong>em</strong> equilíbrio e submetido a um estado <strong>de</strong> tensão<br />

adquirido ao longo do processo geológico traduz-se, <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista mecânico, na r<strong>em</strong>oção das<br />

tensões instaladas na sua superfície. Assim, à medida que a escavação do túnel progri<strong>de</strong> e a<br />

respectiva frente avança, o campo <strong>de</strong> tensões <strong>no</strong> maciço envolvente é significativamente alterado<br />

originando um movimento da frente dirigido para o interior da cavida<strong>de</strong> criada, b<strong>em</strong> como uma<br />

convergência das pare<strong>de</strong>s, até que um <strong>no</strong>vo estado <strong>de</strong> equilíbrio seja atingido, pela mobilização<br />

parcial ou total da resistência do maciço, eventualmente compl<strong>em</strong>entada pela intervenção duma<br />

estrutura <strong>de</strong> suporte (Rocha, 1976).<br />

Relativamente ao campo <strong>de</strong> tensões, o maciço respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo a restabelecer a sua condição <strong>de</strong><br />

equilíbrio através <strong>de</strong> um fenóme<strong>no</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>minado efeito <strong>de</strong> arco, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito da seguinte<br />

forma:<br />

“Arching can be best <strong>de</strong>scribed as a transfer of forces between a yielding mass of geomaterials and<br />

adjoining stationary m<strong>em</strong>bers. A redistribution of stresses in the soil body takes place. The shearing<br />

resistance tends to keep the yielding mass in its original position resulting in a change of the pressure<br />

on both of the yielding part’s support and the adjoining part of soil” (Terzaghi, 1943).<br />

Recorrendo a análises numéricas axissimétricas e tridimensionais assim como a resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

observações <strong>de</strong> obras reais, Eisenstein et al. (1984) <strong>de</strong>monstraram que o efeito <strong>de</strong> arco manifesta-se<br />

também <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> longitudinal ao eixo do túnel, tal como ilustrado na Figura 2.1, <strong>em</strong> oposição à<br />

bidimensionalida<strong>de</strong> do fenóme<strong>no</strong> inicialmente postulada. Para além da natureza tridimensional do<br />

efeito <strong>de</strong> arco, este processo é função do estado <strong>de</strong> tensão instalado <strong>no</strong> maciço, das suas<br />

características <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> e também do processo construtivo.<br />

5


Os mesmos autores <strong>de</strong>finiram ainda o método das curvas <strong>de</strong> reacção que visa traduzir a interacção<br />

entre o maciço e o suporte relacionando a tensão vertical e o <strong>de</strong>slocamento radial num qualquer<br />

ponto da periferia do túnel, ex<strong>em</strong>plificado pela Figura 2.2 para um ponto situado <strong>no</strong> tecto.<br />

6<br />

Figura 2.1 – Efeito <strong>de</strong> arco tridimensional nas proximida<strong>de</strong>s da frente <strong>de</strong> escavação (adaptado <strong>de</strong> Eisenstein et<br />

al., 1984)<br />

Figura 2.2 – Interacção tridimensional maciço-suporte: a) distribuição das tensões e <strong>dos</strong> <strong>de</strong>slocamentos verticais<br />

ao longo <strong>de</strong> um alinhamento longitudinal situada <strong>no</strong> tecto do túnel; b) correspon<strong>de</strong>nte curva <strong>de</strong> reacção maciçosuporte<br />

(adaptado <strong>de</strong> Eisenstein et al., 1984)


2.3 Estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> um túnel<br />

A anulação das tensões resultantes da criação duma cavida<strong>de</strong> num maciço promove uma reacção do<br />

mesmo <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> voltar a ocupar o vazio criado através <strong>de</strong> movimentos da frente <strong>de</strong> escavação<br />

na direcção longitudinal e da convergência das pare<strong>de</strong>s <strong>no</strong> sentido radial.<br />

A distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos ilustrada pela Figura 2.3 foi obtida por Ranken e Ghaboussi (1975)<br />

através <strong>de</strong> uma análise axissimétrica por el<strong>em</strong>entos finitos <strong>no</strong> caso mais simples <strong>de</strong> túnel profundo<br />

executado num meio elástico e homogéneo submetido a um campo <strong>de</strong> tensões uniforme e isotrópico.<br />

A uma certa distância da frente <strong>de</strong> escavação, os <strong>de</strong>slocamentos são essencialmente longitudinais e<br />

apresentam uma tendência crescente até atingir o seu valor máximo <strong>no</strong> momento da passag<strong>em</strong> da<br />

frente, passando a <strong>de</strong>crescer com o afastamento <strong>de</strong>sta até à sua anulação a certa distância, ou<br />

mantendo um valor residual <strong>de</strong> expressão muito pouco significativa <strong>em</strong> relação aos <strong>de</strong>slocamentos<br />

radiais. Por sua vez, a componente radial <strong>dos</strong> <strong>de</strong>slocamentos apresenta uma taxa <strong>de</strong> variação<br />

crescente à medida que a distância à frente diminui, atingindo o valor máximo quando essa distância<br />

se anula. Contudo, passando para zonas atrás da frente <strong>de</strong> escavação, a mesma ten<strong>de</strong> para zero,<br />

resultando numa estabilização da componente radial <strong>dos</strong> <strong>de</strong>slocamentos.<br />

Os mesmos autores observaram o mesmo tipo <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>em</strong> análises numéricas<br />

consi<strong>de</strong>rando a introdução <strong>de</strong> um suporte e a possibilida<strong>de</strong> da ocorrência <strong>de</strong> plastificações <strong>no</strong> maciço.<br />

Segundo ilustração sugestiva <strong>de</strong> Almeida e Sousa (1998), num processo <strong>de</strong> escavação <strong>de</strong> um túnel<br />

<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se três zonas características <strong>no</strong> que diz respeito aos esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação, como ilustrado na Figura 2.4. A <strong>de</strong><strong>no</strong>minada zona <strong>de</strong> influência da frente situa-se na<br />

proximida<strong>de</strong> da frente <strong>de</strong> escavação <strong>em</strong> que o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação é <strong>de</strong> natureza tridimensional e<br />

cujo <strong>de</strong>senvolvimento na direcção longitudinal é me<strong>no</strong>r do que dois diâmetros para cada lado da<br />

mesma, sendo o mesmo <strong>de</strong>terminado essencialmente pela resistência do maciço e pelo comprimento<br />

não revestido. Adiante e atrás da zona <strong>de</strong> influência da frente situam-se respectivamente a zona não<br />

perturbada e a zona <strong>de</strong> estabilização on<strong>de</strong> o equilíbrio se manifesta <strong>em</strong> condições muito próximas<br />

dum estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação.<br />

Figura 2.3 – Distribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos num pla<strong>no</strong> longitudinal vertical contendo o eixo do túnel (Ranken e<br />

Ghaboussi, 1975)<br />

7


8<br />

Figura 2.4 – Resposta do maciço com o avanço da frente <strong>no</strong>s esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação (Almeida e<br />

2.4 Evolução do estado <strong>de</strong> tensão<br />

Sousa, 1998)<br />

A trajectória <strong>de</strong> tensões a que fica submetido um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> localizado na vizinhança <strong>de</strong> um<br />

túnel na sequência da sua construção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua localização, do estado <strong>de</strong> tensão inicial, das<br />

proprieda<strong>de</strong>s do terre<strong>no</strong>, da proximida<strong>de</strong> da superfície livre, da forma da secção transversal, além da<br />

óbvia <strong>de</strong>pendência do processo construtivo utilizado, assim como o efeito do t<strong>em</strong>po na alteração das<br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> resistência <strong>dos</strong> materiais geomecânicos e, eventualmente, <strong>dos</strong><br />

próprios meios <strong>de</strong> suporte (Almeida e Sousa, 1998; Vieira, 2006).<br />

Recorrendo a análises planas e tridimensionais, Vieira (2006) <strong>de</strong>monstrou a influência que o estado<br />

<strong>de</strong> tensão inicial do maciço t<strong>em</strong> sobre as trajectórias <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço s-t e p-q/2. Foi simulada a<br />

execução <strong>de</strong> um túnel num meio isotrópico, <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> elástico e linear e sujeito a um estado<br />

<strong>de</strong> tensão uniforme (túnel profundo), obtendo-se a evolução da tensão <strong>em</strong> pontos na zona do tecto e<br />

<strong>dos</strong> hasteais.<br />

Num ponto situado <strong>no</strong> tecto/soleira o efeito da escavação manifesta-se pela diminuição da tensão<br />

vertical e aumento da tensão horizontal, ou seja, fica sujeito a um estado <strong>de</strong> tensão que evolui<br />

segundo uma trajectória <strong>de</strong> extensão. Por sua vez, num ponto situado <strong>no</strong> hasteal o estado <strong>de</strong> tensão<br />

apresenta um <strong>comportamento</strong> recíproco, resultando numa diminuição da tensão horizontal e aumento<br />

da tensão vertical, ou seja, evolui segundo uma trajectória <strong>de</strong> compressão.<br />

No espaço <strong>de</strong> tensões s-t <strong>em</strong> análises planas (Figura 2.5 e Figura 2.7) verifica-se que para valores <strong>de</strong><br />

K0 inferiores a 1 a trajectória <strong>de</strong> tensões apresenta um <strong>de</strong>clive positivo, sendo que, para um ponto<br />

situado <strong>no</strong> tecto ou na soleira do túnel a evolução <strong>de</strong> tensões ocorre <strong>no</strong> sentido da diminuição das<br />

tensões média e <strong>de</strong> corte. Observa-se que a tensão <strong>de</strong> corte diminui até ao valor nulo (tensão radial<br />

iguala a tensão circunferencial), passando a aumentar <strong>no</strong> sentido oposto às tensões <strong>de</strong> repouso,<br />

havendo uma rotação <strong>de</strong> 90º na direcção das tensões principais. Como o aumento da tensão<br />

circunferencial não compensa a diminuição da tensão radial, verifica-se a ocorrência da diminuição da


tensão média. Por sua vez, <strong>no</strong> hasteal as tensões evolu<strong>em</strong> <strong>no</strong> sentido do aumento progressivo tanto<br />

da tensão média como da tensão <strong>de</strong> corte. Para valores <strong>de</strong> K0 superiores a 1 a trajectória <strong>de</strong> tensões<br />

apresenta um <strong>de</strong>clive negativo, traduzindo para um ponto situado <strong>no</strong> tecto uma evolução <strong>no</strong> sentido<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>créscimo da tensão <strong>de</strong> corte e aumento da tensão média. No hasteal verifica-se um <strong>de</strong>créscimo<br />

inicial da tensão <strong>de</strong> corte até ao valor nulo passando a aumentar <strong>no</strong> sentido oposto, havendo uma<br />

rotação <strong>de</strong> 90º na direcção da tensão principal máxima e diminuição da tensão média. No caso <strong>de</strong> K0<br />

ser igual a 1 não ocorre variação da tensão média e as trajectórias são iguais para to<strong>dos</strong> os pontos<br />

<strong>em</strong> redor do túnel.<br />

O resultado das análises tridimensionais <strong>no</strong>s espaços <strong>de</strong> tensões s-t e p-q/2 (Figura 2.6 e Figura 2.8)<br />

permite observar trajectórias <strong>de</strong> tensão bastante diferentes <strong>em</strong> relação à evolução da tensão média<br />

<strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. Em to<strong>dos</strong> os casos <strong>de</strong> análise verifica-se um aumento inicial da<br />

tensão média resultante da compressão <strong>de</strong>vido ao avanço da frente seguindo-se uma<br />

<strong>de</strong>scompressão acentuada provocada pela escavação da secção <strong>em</strong> questão e, finalmente, um <strong>no</strong>vo<br />

aumento da tensão média <strong>de</strong>vido à redistribuição longitudinal <strong>de</strong> tensões para trás da frente <strong>de</strong><br />

escavação. Verifica-se também que, para K0 superior a 1 <strong>no</strong> hasteal e K0 inferior a 1 <strong>no</strong> tecto, a<br />

tensão <strong>de</strong>viatórica q po<strong>de</strong> atingir valores máximos antes do alívio total das tensões resultante da<br />

escavação.<br />

Figura 2.5 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço s-t para três valores <strong>de</strong> K0 (tecto/soleira) (Vieira, 2006)<br />

9


Figura 2.6 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço p-q/2 para três valores <strong>de</strong> K0 (tecto/soleira) (Vieira, 2006)<br />

10<br />

Figura 2.7 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço s-t para três valores <strong>de</strong> K0 (hasteal) (Vieira, 2006)<br />

Figura 2.8 – Evolução do estado <strong>de</strong> tensão <strong>no</strong> espaço p-q/2 para três valores <strong>de</strong> K0 (hasteal) (Vieira, 2006)<br />

Tendo por base ensaios numéricos <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, admitindo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> cedência <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> e recorrendo também a soluções analíticas, Wong e Kaiser (1991)<br />

concluíram que a existência <strong>de</strong> três tipos <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> para <strong>túneis</strong> <strong>em</strong> terre<strong>no</strong>s grosseiros não<br />

cimenta<strong>dos</strong> é <strong>de</strong>terminada pelo estado <strong>de</strong> tensão inicial. De acordo com a Figura 2.9, po<strong>de</strong> verificar-


se que, para valores <strong>de</strong> K0 inferiores a 1 o início da cedência ocorre na zona <strong>dos</strong> hasteais (modo I),<br />

uma vez que o alívio <strong>de</strong> tensões resultante da escavação provoca um aumento continuo da diferença<br />

entre a tensão radial e circunferencial. Contrariamente, para valores <strong>de</strong> K0 superiores a 1, o aumento<br />

da tensão média nas zonas do tecto e da soleira promove a ocorrência <strong>de</strong> cedência nessas zonas<br />

(modo III). Para K0 igual a 1 a zona <strong>de</strong> cedência ocorre <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> toda a periferia (modo II). A<br />

Figura 2.9 também exibe os mo<strong>dos</strong> <strong>de</strong> propagação das zonas <strong>de</strong> cedência até a superfície <strong>em</strong> função<br />

do alívio <strong>de</strong> tensões e foi <strong>de</strong>finido o coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso crítico (Kcr). Se K0 for inferior a<br />

Kcr, verifica-se que a plastificação da zona <strong>dos</strong> hasteais se propaga até à superfície, mesmo antes da<br />

zona do tecto entrar <strong>em</strong> cedência, enquanto para valores superiores a zona <strong>de</strong> plastificação envolve<br />

toda a periferia do túnel.<br />

Figura 2.9 – Mecanismos <strong>de</strong> plastificação do terre<strong>no</strong> na zona do túnel (adaptado <strong>de</strong> Wong e Kaiser, 1991)<br />

2.5 Estrutura <strong>de</strong> suporte <strong>em</strong> <strong>túneis</strong><br />

O dimensionamento do suporte <strong>em</strong> <strong>túneis</strong> foi, durante muitos a<strong>no</strong>s, consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>masiado complexo<br />

para ser estudado dum ponto <strong>de</strong> vista analítico <strong>em</strong> engenharia, sendo o suporte calculado com<br />

recurso a méto<strong>dos</strong> <strong>em</strong>píricos que se consi<strong>de</strong>raram satisfatórios, baseando-se apenas na s<strong>em</strong>elhança<br />

das condições geológicas <strong>de</strong> casos passa<strong>dos</strong>.<br />

As principais dificulda<strong>de</strong>s que se pren<strong>de</strong>m com o dimensionamento do suporte <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se<br />

maioritariamente ao ina<strong>de</strong>quado conhecimento do <strong>comportamento</strong> do solo aquando da construção <strong>de</strong><br />

um túnel por méto<strong>dos</strong> sequenciais, insuficiente informação sobre o estado <strong>de</strong> tensão inicial do terre<strong>no</strong><br />

e a tridimensionalida<strong>de</strong> do fenóme<strong>no</strong> <strong>de</strong> interacção solo-estrutura. Outro aspecto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

relevância pren<strong>de</strong>-se com os <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po dita<strong>dos</strong> pelas proprieda<strong>de</strong>s reológicas do<br />

solo, como a fluência.<br />

11


Actualmente exist<strong>em</strong> três tipos <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> recorrentes <strong>em</strong> projecto <strong>de</strong> <strong>túneis</strong>: as abordagens<br />

<strong>em</strong>pírica, racional e observacional.<br />

A abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong>pírica é caracterizada por um conjunto <strong>de</strong> recomendações <strong>de</strong> projecto e méto<strong>dos</strong><br />

construtivos que resultaram da experiência e que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da caracterização geomecânica do<br />

maciço. São estabelecidas classes <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> geomecânico <strong>em</strong> função <strong>de</strong> um número<br />

limitado <strong>de</strong> parâmetros geotécnicos e, correspon<strong>de</strong>ndo a cada classe, são feitas diferentes<br />

recomendações <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> obra e características do suporte (Bieniawski, 1983; Barton<br />

et al., 1974; AFTES, 1974; 1993).<br />

A abordag<strong>em</strong> racional recorre a soluções analíticas e a simulações numéricas para avaliar os esta<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação <strong>no</strong> meio resultantes da execução do túnel assim como a <strong>de</strong>terminação <strong>dos</strong><br />

esforços na estrutura <strong>de</strong> suporte. O objectivo da abordag<strong>em</strong> racional é a <strong>de</strong>finição das condições <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> do túnel e projectar as estruturas que eventualmente serão necessárias para garantir a<br />

mesma estabilida<strong>de</strong> (Oreste, 2009). Inclu<strong>em</strong>-se neste tipo abordag<strong>em</strong>, os méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pressões <strong>de</strong><br />

terras que <strong>de</strong>terminam a extensão e a forma das superfícies <strong>de</strong> equilíbrio limite admitindo que<br />

ocorr<strong>em</strong> convergências <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> suficiente para que se instale um mecanismo <strong>de</strong> colapso. O<br />

suporte é calculado <strong>de</strong> forma a mobilizar as reacções necessárias para manter o equilíbrio, não<br />

contabilizando a capacida<strong>de</strong> resistente do maciço (AFTES, 2001). Estes méto<strong>dos</strong> têm vindo a ser<br />

progressivamente substituí<strong>dos</strong> por outros que não me<strong>no</strong>sprezam a capacida<strong>de</strong> resistente do maciço<br />

e a sua interacção com o suporte, tal como o método da convergência-confinamento ou o método das<br />

reacções hiperestáticas.<br />

Quando se recorre ao método observacional, têm <strong>de</strong> ser satisfeitos, antes do início da construção,<br />

quatro requisitos: 1) <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser estabeleci<strong>dos</strong> os limites do <strong>comportamento</strong> aceitável; 2) <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong>terminada a gama <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong>s possíveis e <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar-se que existe uma<br />

probabilida<strong>de</strong> aceitável <strong>de</strong> que o <strong>comportamento</strong> real se situe <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> limites admissíveis; 3) <strong>de</strong>ve<br />

ser elaborado um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> observação com o objectivo <strong>de</strong> verificar se o <strong>comportamento</strong> real se situa<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> limites estabeleci<strong>dos</strong>; 4) <strong>de</strong>ve estar previsto um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> actuação a ser adoptado <strong>no</strong> caso<br />

<strong>de</strong> a observação revelar <strong>comportamento</strong> fora <strong>dos</strong> limites aceitáveis (EC7 – NP EN1997:2010).<br />

Durante a construção, os resulta<strong>dos</strong> do pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> observação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser avalia<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> prazos<br />

apropria<strong>dos</strong> e, <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, adaptar o projecto <strong>de</strong> acordo com o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> actuação<br />

previamente estabelecido.<br />

Actualmente estas três abordagens não são consi<strong>de</strong>radas como alternativas entre si, mas como<br />

sendo compl<strong>em</strong>entares. Cada abordag<strong>em</strong> permite adicionar informação útil para o projecto <strong>de</strong> um<br />

túnel.<br />

2.6 O método da convergência-confinamento<br />

Como referido anteriormente, durante a escavação <strong>de</strong> um túnel, o solo junto da frente <strong>de</strong> escavação<br />

exibe uma resposta tridimensional. O método da convergência-confinamento (Figura 2.10) utilizado<br />

12


por Panet e Guellec (1979) permite, numa análise <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, consi<strong>de</strong>rar os<br />

<strong>efeitos</strong> tridimensionais das convergências nas proximida<strong>de</strong>s da frente e também a interacção soloestrutura,<br />

supondo que a convergência está relacionada com a diminuição <strong>de</strong> uma pressão <strong>de</strong><br />

suporte fictícia,


lei <strong>de</strong> convergência do maciço, b<strong>em</strong> como para <strong>túneis</strong> superficiais com geometrias não circulares e<br />

esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão não uniformes.<br />

14<br />

Figura 2.10 – Princípio do método da convergência-confinamento (adaptado <strong>de</strong> AFTES, 2001)<br />

A curva <strong>de</strong> convergência do terre<strong>no</strong><br />

O método da convergência confinamento baseia-se <strong>em</strong> importantes hipóteses simplificativas: 1) túnel<br />

profundo <strong>de</strong> geometria circular; 2) campo <strong>de</strong> tensões uniforme; 3) maciço homogéneo e isotrópico; 4)<br />

probl<strong>em</strong>a bidimensional <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação; 5) probl<strong>em</strong>a axissimétrico.<br />

Admitindo as hipóteses referidas, é possível obter-se soluções analíticas para a lei <strong>de</strong> convergência<br />

do maciço, <strong>de</strong> acordo com as relações tensão-<strong>de</strong>formação do solo.<br />

Desta forma e num el<strong>em</strong>ento infinitesimal <strong>de</strong> solo ilustrado pela Figura 2.11, as equações (2.5) a (2.7)<br />

representam as cinco leis governativas do <strong>comportamento</strong> elástico do maciço envolvente a um túnel<br />

sendo, respectivamente: as duas leis <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação da teoria da elasticida<strong>de</strong> (estado pla<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong> tensão); a equação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças <strong>em</strong> simetria axial; e as duas equações <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

<strong>em</strong> simetria axial.<br />

Figura 2.11 – Equilíbrio <strong>de</strong> forças num el<strong>em</strong>ento infinitesimal <strong>de</strong> solo <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> da abertura <strong>em</strong> condições<br />

axissimétricas



16<br />

1 +


Figura 2.13 – Zona <strong>em</strong> regime plástico <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> <strong>de</strong> uma cavida<strong>de</strong> circular<br />

Para o critério <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> Mohr-Coulomb a tensão radial é obtida pela equação seguinte:


18


18


20<br />

Figura 2.15 – Curva <strong>de</strong> reacção do suporte (adaptado <strong>de</strong> AFTES, 2001)<br />

Determinação da convergência inicial ud<br />

Define-se como convergência inicial os <strong>de</strong>slocamentos ocorri<strong>dos</strong> até ao início do processo <strong>de</strong><br />

interacção entre o maciço e o suporte. Desta forma,


3. COMPORTAMENTO DEPENDENTE DO TEMPO EM SOLOS<br />

3.1 Introdução<br />

O efeito do t<strong>em</strong>po <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> carregamento é uma característica <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>em</strong> materiais<br />

geomecânicos. Geralmente associa<strong>dos</strong> a solos argilosos, trabalhos recentes evi<strong>de</strong>nciam também,<br />

magnitu<strong>de</strong>s importantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos are<strong>no</strong>sos (Liingaard et al., 2004). Em<br />

termos <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos distingu<strong>em</strong>-se dois tipos: o primeiro <strong>de</strong>vido<br />

à interacção <strong>de</strong> água livre <strong>no</strong> esqueleto sólido, <strong>de</strong>signado por fenóme<strong>no</strong> <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong> solos <strong>de</strong><br />

baixa permeabilida<strong>de</strong>, e o segundo <strong>de</strong>vido às características <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente viscosas do solo. Os<br />

fenóme<strong>no</strong>s envolvi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> viscoso <strong>de</strong> solos são conheci<strong>dos</strong> como fluência, relaxação,<br />

sensibilida<strong>de</strong> à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação e compressão secundária (Adachi et al., 1996). Este capítulo<br />

preten<strong>de</strong> focar-se na <strong>de</strong>scrição e explanação <strong>dos</strong> fenóme<strong>no</strong>s que integram o <strong>comportamento</strong> viscoso<br />

<strong>de</strong> solos <strong>de</strong> forma mais exaustiva, recorrendo à análise <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> laboratório<br />

especialmente baseada <strong>no</strong>s conceitos <strong>de</strong> cedência e <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos. O fenóme<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

consolidação <strong>de</strong> solos <strong>de</strong> baixa permeabilida<strong>de</strong> não será objecto <strong>de</strong> estudo neste trabalho.<br />

As solicitações envolvidas <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um túnel po<strong>de</strong>m induzir <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong><br />

t<strong>em</strong>po com reflexos ao nível da segurança estrutural da obra, po<strong>de</strong>ndo manifestar-se na estabilida<strong>de</strong><br />

da frente <strong>de</strong> escavação, <strong>no</strong>s esforços aplica<strong>dos</strong> sobre os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> suporte e nas <strong>de</strong>formações do<br />

maciço envolvente, com possíveis reflexos nefastos sobre a superfície do terre<strong>no</strong> e sobre estruturas<br />

vizinhas.<br />

No caso <strong>dos</strong> <strong>túneis</strong> estes mecanismos distingu<strong>em</strong>-se, essencialmente, posteriormente à passag<strong>em</strong><br />

da frente <strong>de</strong> escavação, ou seja, <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação.<br />

3.2 Manifestações <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po<br />

Para i<strong>de</strong>ntificar a resposta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos, exist<strong>em</strong> três tipos <strong>de</strong> ensaios que são<br />

recorrentes: ensaios <strong>de</strong> fluência, ensaios <strong>de</strong> relaxação <strong>de</strong> tensões e ensaios a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

constante (constant rate of strain, CRS).<br />

Fluência<br />

Um ensaio <strong>de</strong> fluência (trajectória A-B) encontra-se ilustrado na Figura 3.1. Inicialmente uma amostra<br />

<strong>de</strong> solo é submetida a um estado <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação representado pelo ponto A e, a partir <strong>de</strong>sse<br />

momento, é iniciado um processo <strong>de</strong> fluência mantendo o estado <strong>de</strong> tensão constante ao longo do<br />

t<strong>em</strong>po. À medida que o t<strong>em</strong>po avança, o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação evolui gradualmente para o ponto B,<br />

exibindo o material <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> fluência.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> um ensaio <strong>de</strong> fluência efectuado num aparelho triaxial po<strong>de</strong>m ser representa<strong>dos</strong><br />

num diagrama <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po, como ilustrado na Figura 3.2. O processo po<strong>de</strong> ser<br />

dividido <strong>em</strong> três fases: 1) fluência primária ou transitória; 2) fluência secundária ou estacionária; e 3)<br />

21


fluência terciária ou aceleração <strong>de</strong> fluência. As três fases <strong>de</strong> fluência caracterizam-se<br />

respectivamente por apresentar<strong>em</strong> taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>crescente, constante e crescente. Importa<br />

referir que a fluência terciária conduz eventualmente à rotura do solo, <strong>de</strong><strong>no</strong>minada rotura por fluência.<br />

As fases supra referidas só são válidas para ensaios <strong>de</strong> fluência executa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> aparelhos triaxiais.<br />

22<br />

Figura 3.1 – Ensaio <strong>de</strong> fluência. a) Trajectória <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação; b) história <strong>de</strong> tensões; c) história <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formações (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et al., 2004)<br />

Figura 3.2 – História <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações num ensaio triaxial <strong>de</strong> fluência. Definição <strong>de</strong> fluência primária, secundária e<br />

terciária (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et al., 2004)<br />

Em ensaios edométricos, <strong>de</strong>fine-se compressão primária, secundária e terciária pelas diferentes<br />

relações entre a <strong>de</strong>formação e o logaritmo do t<strong>em</strong>po que cada fase apresenta, como ilustrado na<br />

Figura 3.3. Assim, a fase <strong>de</strong> compressão primária correspon<strong>de</strong> à situação <strong>em</strong> que ocorr<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>formações <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong> dissipação <strong>dos</strong> excessos <strong>de</strong> pressões neutras. A compressão<br />

secundária é a fase <strong>em</strong> que ocorr<strong>em</strong> <strong>de</strong>formações do esqueleto sólido, ou seja, correspon<strong>de</strong> a um<br />

processo <strong>de</strong> fluência pura e apresenta uma relação linear entre a <strong>de</strong>formação e o logaritmo do t<strong>em</strong>po.<br />

Por sua vez, a fase <strong>de</strong> compressão terciária é <strong>de</strong>terminada por uma relação não linear entre a<br />

<strong>de</strong>formação e o logaritmo do t<strong>em</strong>po.<br />

Figura 3.3 – Definição <strong>de</strong> compressão primária, secundária e terciária (adaptado <strong>de</strong> Augustesen et al., 2004)


Por comparação directa das Figuras 3.2 e 3.3 verifica-se a existência <strong>de</strong> diferenças substanciais entre<br />

fluência e compressão nas suas fases primária, secundária e terciária. Observando a figura anterior<br />

não se po<strong>de</strong> concluir nada sobre a evolução da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po, uma vez<br />

que a trajectória da <strong>de</strong>formação apresenta-se como função do logaritmo do t<strong>em</strong>po. De forma simples,<br />

recorrendo a regras el<strong>em</strong>entares <strong>de</strong> diferenciação, <strong>de</strong>n Haan (1994) obteve a seguinte relação entre<br />

a segunda <strong>de</strong>rivada da <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> or<strong>de</strong>m ao t<strong>em</strong>po e as <strong>de</strong>rivadas da <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> or<strong>de</strong>m ao<br />

logaritmo do t<strong>em</strong>po:


Figura 3.4 – Ensaio <strong>de</strong> relaxação. Trajectória tensão-<strong>de</strong>formação, história <strong>de</strong> tensões e história <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações<br />

Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante<br />

24<br />

(Augustesen et al., 2004)<br />

Um ensaio CRS (Constant Rate of Strain) é caracterizado por se submeter um provete <strong>de</strong> solo a uma<br />

taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante <strong>de</strong> forma a obter-se a resposta <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação. Na<br />

Figura 3.5 estão ilustra<strong>dos</strong> três ensaios CRS com taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constantes mas<br />

sucessivamente maiores, e po<strong>de</strong> observar-se que com o aumento da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação o solo<br />

respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma cada vez mais rígida.<br />

Figura 3.5 – Ensaios a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante. História <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações e relações tensão-<strong>de</strong>formação<br />

(Augustesen et al., 2004)<br />

3.3 Observações <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> compressão unidimensional<br />

O fenóme<strong>no</strong> <strong>de</strong> fluência drenada <strong>em</strong> solos argilosos foi extensivamente estudado através <strong>de</strong> ensaios<br />

edométricos, on<strong>de</strong> é <strong>de</strong><strong>no</strong>minado por compressão secundária. Como referido anteriormente, a fase<br />

<strong>de</strong> compressão secundária é caracterizada por uma relação linear entre a <strong>de</strong>formação vertical,


on<strong>de</strong>


A execução <strong>de</strong> ensaios edométricos controla<strong>dos</strong> por <strong>de</strong>formação e efectua<strong>dos</strong> a diferentes taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação (CRS) permit<strong>em</strong> observar a influência que a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação t<strong>em</strong> sobre a pressão <strong>de</strong><br />

pré-consolidação exibida e sobre o <strong>comportamento</strong> tensão-<strong>de</strong>formação. Verifica-se na generalida<strong>de</strong><br />

que quanto mais elevada é a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação aplicada, mais elevada será a tensão efectiva<br />

mobilizada correspon<strong>de</strong>nte. Marques (1996) obteve esse mesmo <strong>comportamento</strong> ao ensaiar uma<br />

argila natural a várias taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, como ilustrado pela Figura 3.8.<br />

Figura 3.8 – Efeitos da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na compressão unidimensional da argila <strong>de</strong> St-Policarpe (adaptado<br />

<strong>de</strong> Marques,1996)<br />

Através da análise <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> vários ensaios edométricos sobre diferentes argilas naturais,<br />

Leroueil et al. (1985) observaram que o <strong>comportamento</strong> das mesmas se rege <strong>de</strong> acordo com uma<br />

única relação entre a tensão efectiva vertical, a <strong>de</strong>formação e a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (


3.4 Observações <strong>de</strong> ensaios triaxiais<br />

3.4.1 Efeitos <strong>viscosos</strong> na curva <strong>de</strong> estado limite<br />

Sällfors (1975) e Tavenas e Leroueil (1977) mostraram que o efeito do t<strong>em</strong>po e da taxa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação na tensão <strong>de</strong> pré-consolidação do solo po<strong>de</strong>m ser generaliza<strong>dos</strong> a toda a superfície <strong>de</strong><br />

estado limite do solo. Lo e Morin (1972), mostraram um efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na envolvente<br />

<strong>de</strong> rotura do solo sobreconsolidado, ou seja, na parte superior da curva <strong>de</strong> estado limite, <strong>em</strong> ensaios<br />

triaxiais nas argilas <strong>de</strong> St-Vallier.<br />

O efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na envolvente <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> pico da argila sobreconsolidada <strong>de</strong><br />

Mascouche (argila rija plástica) foi estudado por Marchand (1982) com base <strong>em</strong> ensaios triaxiais e<br />

edométricos. Na Figura 3.10 são mostradas as resistências <strong>de</strong> pico para diferentes taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação obtidas <strong>em</strong> ensaios não drena<strong>dos</strong> consolida<strong>dos</strong> isotropicamente (CIU) e<br />

anisotropicamente (CAU) e <strong>em</strong> ensaios drena<strong>dos</strong> consolida<strong>dos</strong> isotropicamente (CID). Os ensaios<br />

unidimensionais a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante são também mostra<strong>dos</strong> na mesma figura. Verificase<br />

um efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na tensão <strong>de</strong> pré-consolidação, similar àquele da envolvente <strong>de</strong><br />

rotura. Assim, o efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação po<strong>de</strong> ser observado <strong>em</strong> toda a curva <strong>de</strong> estado limite.<br />

Sheahan et al. (1996) chegaram a conclusões diferentes das referidas anteriormente. Apresentaram<br />

resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios triaxiais não drena<strong>dos</strong> consolida<strong>dos</strong> anisotropicamente nas argilas azuis <strong>de</strong><br />

Boston (baixa plasticida<strong>de</strong>), para diferentes graus <strong>de</strong> sobreconsolidação e diferentes taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nas duas séries <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> compressão são muito similares e<br />

mostram-se na Figura 3.11. Verificaram que o efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação é claro para solos<br />

<strong>no</strong>rmalmente consolida<strong>dos</strong> e ligeiramente sobreconsolida<strong>dos</strong>, mas é me<strong>no</strong>s evi<strong>de</strong>nte para valores<br />

superiores <strong>de</strong> OCR. Verificaram também que todas as resistências <strong>de</strong> pico foram alcançadas na<br />

mesma envolvente <strong>de</strong> resistência. Esta envolvente <strong>de</strong> resistência, caracterizada por um ângulo <strong>de</strong><br />

atrito <strong>de</strong> 32º e uma coesão nula, foi também obtida para gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formações <strong>no</strong> material<br />

<strong>no</strong>rmalmente consolidado, isto po<strong>de</strong> indicar que o <strong>comportamento</strong> da argila azul <strong>de</strong> Boston na rotura<br />

é essencialmente friccional e assim, não significativamente afectado pela taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. Em<br />

termos <strong>de</strong> resistência não drenada, a alteração por ciclo logarítmico, tipicamente <strong>de</strong> 8% para ambos<br />

os materiais quando <strong>no</strong>rmalmente consolida<strong>dos</strong>, diminui com o aumento <strong>de</strong> OCR até se tornar<strong>em</strong><br />

quase insignificantes para valores <strong>de</strong> OCR superiores e taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação reduzidas (Leroueil e<br />

Marques, 1996).<br />

27


28<br />

Figura 3.10 – Influência da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na superfície <strong>de</strong> estado limite da argila <strong>de</strong> Mascouche<br />

(Marchand, 1982 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996)<br />

Figura 3.11 – Trajectórias <strong>de</strong> tensão efectiva <strong>no</strong>rmalizadas obtidas <strong>em</strong> argilas azuis <strong>de</strong> Boston <strong>em</strong> ensaios <strong>de</strong><br />

compressão não drena<strong>dos</strong> para diferentes OCR e taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (Sheahan et al., 1996)<br />

A Figura 3.12 representa curvas tensão-<strong>de</strong>formação obtidas <strong>em</strong> ensaios triaxiais hipotéticos a várias<br />

taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. Para uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação aproximadamente nula a resistência <strong>de</strong> pico é<br />

<strong>de</strong><strong>no</strong>tada <strong>de</strong>


Figura 3.12 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do efeito da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na superfície <strong>de</strong> estado limite: a)<br />

curvas tensão-<strong>de</strong>formação para diferentes taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação; b) superfícies <strong>de</strong> estado limite correspon<strong>de</strong>ntes<br />

(Augustesen et al., 2004)<br />

Também Sheahan (1995) indicou a existência <strong>de</strong> um limite inferior <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão que po<strong>de</strong><br />

ser alcançado <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> fluência, <strong>de</strong>signando-o por superfície <strong>de</strong> cedência estática<br />

ou superfície <strong>de</strong> cedência não viscosa. Este assunto será retomado na secção referente aos mo<strong>de</strong>los<br />

constitutivos.<br />

3.4.2 Efeitos <strong>viscosos</strong> <strong>no</strong>s domínios <strong>no</strong>rmalmente consolidado e sobreconsolidado<br />

A influência da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> argilas <strong>no</strong>rmalmente consolidadas quando<br />

sujeitas a ensaios <strong>de</strong> corte foi amplamente estudada por diversos investigadores que observaram um<br />

acréscimo nas pressões intersticiais geradas antes da rotura, assim como uma diminuição da<br />

resistência ao corte <strong>de</strong> pico, com a diminuição da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. O ângulo <strong>de</strong> atrito associado à<br />

resistência ao corte <strong>de</strong> pico ou mantém-se constante ou apresenta um ligeiro <strong>de</strong>créscimo, enquanto o<br />

ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong> estado crítico parece ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (Leroueil e<br />

Marques, 1996).<br />

Sheahan et al. (1996) verificaram que a fluência não drenada sob <strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svio ou sob condições isotrópicas é acompanhada por uma variação da pressão <strong>no</strong>s poros e<br />

consequent<strong>em</strong>ente da tensão efectiva. Arulanandan et al. (1971) levaram a cabo ensaios <strong>de</strong> fluência<br />

não drena<strong>dos</strong> a diferentes níveis <strong>de</strong> tensão nas argilas <strong>de</strong> São Francisco (Bay Mud), cujo estado <strong>de</strong><br />

tensão efectiva para diferentes instantes se encontra representado na Figura 3.13. Po<strong>de</strong>-se verificar<br />

que a curva <strong>de</strong> estado limite mantém essencialmente a mesma forma, mas move-se<br />

progressivamente ao longo do t<strong>em</strong>po para me<strong>no</strong>res valores <strong>de</strong> tensão média. Verifica-se que ocorreu<br />

um processo s<strong>em</strong>elhante ao verificado num ensaio <strong>de</strong> relaxação <strong>em</strong> condições unidimensionais.<br />

Assim, a componente plástica da <strong>de</strong>formação volumétrica t<strong>em</strong> tendência a aumentar com o t<strong>em</strong>po<br />

<strong>de</strong>vido à fluência, como consequência da <strong>de</strong>formação volumétrica total nula, a componente elástica e<br />

a tensão efectiva média ten<strong>de</strong>m a diminuir, provocando um efeito <strong>de</strong> relaxação.<br />

29


30<br />

Figura 3.13 – Alterações das tensões efectivas com o t<strong>em</strong>po <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> ensaios triaxiais não-drena<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

fluência (Arulanandan et al., 1971 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996)<br />

Ensaios <strong>de</strong> fluência obti<strong>dos</strong> por Tavenas et al. (1978) na argila sobreconsolidada <strong>de</strong> St-Alban são<br />

mostra<strong>dos</strong> na Figura 3.14 para diferentes trajectórias <strong>de</strong> tensão efectiva <strong>no</strong> interior da curva <strong>de</strong><br />

estado limite. Os resulta<strong>dos</strong> mostram o <strong>de</strong>créscimo linear do logaritmo da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação com o<br />

logaritmo do t<strong>em</strong>po. Para trajectórias <strong>de</strong> tensão acima da envolvente <strong>de</strong> resistência (zona supercrítica),<br />

a relação linear <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser válida após algum t<strong>em</strong>po. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação alcança um<br />

valor mínimo e então aumenta para alcançar a rotura (ver ensaios D,F e G).<br />

Figura 3.14 – Relação taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axial-t<strong>em</strong>po para ensaios <strong>de</strong> fluência na argila <strong>de</strong> Saint-Alban<br />

(Tavenas et al., 1978 adaptado <strong>de</strong> Leroueil e Marques, 1996)


A análise <strong>de</strong>stes ensaios permitiu distinguir a resposta do solo <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

volumétrica, <strong>em</strong> ensaios drena<strong>dos</strong>, ou <strong>de</strong> pressão intersticial, <strong>em</strong> ensaios não drena<strong>dos</strong>, <strong>em</strong> função<br />

do grau <strong>de</strong> sobreconsolidação OCR. Solos com valores <strong>de</strong> OCR relativamente baixos têm tendência<br />

a comprimir ou a gerar excessos <strong>de</strong> pressões neutras positivos com o t<strong>em</strong>po, enquanto amostras <strong>de</strong><br />

argila tendo um elevado OCR mostram a tendência oposta.<br />

3.5 Consi<strong>de</strong>rações gerais sobre os <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>em</strong> argilas<br />

Leroueil e Marques (1996) concluíram que os fenóme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> natureza viscosa ocorr<strong>em</strong> principalmente<br />

na componente plástica da <strong>de</strong>formação, o que permite explicar a alteração das tensões efectivas<br />

observadas <strong>em</strong> ensaios triaxiais não drena<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fluência. Os <strong>efeitos</strong> da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na linha<br />

<strong>de</strong> estado crítico e na resistência ao corte <strong>de</strong> pico são muito pouco expressivos ou mesmo nulos. Os<br />

<strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> na superfície <strong>de</strong> cedência, na resistência ao corte não drenada e na tensão <strong>de</strong> préconsolidação<br />

<strong>de</strong> argilas são importantes, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10% por ciclo logarítmico da taxa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação.<br />

Por sua vez, com base numa revisão <strong>de</strong> ensaios Augustesen et al. (2004) indicaram que o<br />

<strong>comportamento</strong> isotach é a<strong>de</strong>quado para <strong>de</strong>screver os <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>em</strong> argilas na maioria das<br />

situações. Exceptuando o domínio das muito pequenas <strong>de</strong>formações, os fenóme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> fluência,<br />

relaxação <strong>de</strong> tensões e <strong>efeitos</strong> da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação parec<strong>em</strong> ser governa<strong>dos</strong> por uma única<br />

relação tensão-<strong>de</strong>formação-taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação.<br />

31


4. MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO DIFERIDO NO TEMPO EM SOLOS<br />

4.1 Introdução<br />

A mo<strong>de</strong>lação do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos t<strong>em</strong> sido conseguida através <strong>de</strong><br />

várias propostas <strong>de</strong> leis constitutivas e que se po<strong>de</strong>m dividir <strong>no</strong>s seguintes tipos: 1) mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>em</strong>píricos; 2) mo<strong>de</strong>los reológicos; 3) mo<strong>de</strong>los generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po. Os mo<strong>de</strong>los<br />

elasto-viscoplásticos inclu<strong>em</strong>-se na categoria <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po<br />

que por sua vez também se po<strong>de</strong>m subdividir <strong>em</strong>: 1) mo<strong>de</strong>los basea<strong>dos</strong> <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong> overstress; 2)<br />

mo<strong>de</strong>los basea<strong>dos</strong> <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> fluxo não estacionárias (<strong>no</strong>n stationary flow surface,<br />

NSFS); 3) outros.<br />

Os mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos reproduz<strong>em</strong> os <strong>efeitos</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos através <strong>de</strong> relações<br />

constitutivas baseadas <strong>em</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> fluência, <strong>de</strong> relaxação e <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

constante. Um <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los mais conheci<strong>dos</strong> foi proposto por Singh e Mitchell (1968).<br />

Os mo<strong>de</strong>los reológicos são geralmente utiliza<strong>dos</strong> como forma <strong>de</strong> interpretar conceptualmente os<br />

<strong>efeitos</strong> diferi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> solos. As soluções <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los são igualmente do tipo solução<br />

fechada ou do tipo diferencial e <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> o <strong>comportamento</strong> <strong>em</strong> condições uniaxiais.<br />

Os mo<strong>de</strong>los constitutivos generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po são <strong>em</strong> princípio mo<strong>de</strong>los<br />

tridimensionais, cuja formulação é, geralmente, <strong>de</strong> forma incr<strong>em</strong>ental po<strong>de</strong>ndo ser impl<strong>em</strong>entada<br />

numericamente por el<strong>em</strong>entos finitos ou diferenças finitas. Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>ste tipo não estão limita<strong>dos</strong><br />

pelas condições <strong>de</strong> fronteira sobre as quais foram calibra<strong>dos</strong> <strong>no</strong> domínio espaço-t<strong>em</strong>po, permitindo<br />

simular todas as trajectórias <strong>de</strong> tensão possíveis.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los elasto-viscoplásticos baseia-se ou <strong>no</strong>s mo<strong>de</strong>los overstress ou <strong>no</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> fluxo não estacionária, sendo apresentada seguidamente uma <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los.<br />

Importa referir que tanto os mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos como os reológicos e os mo<strong>de</strong>los generaliza<strong>dos</strong><br />

tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po respeitam o princípio da correspondência. Cada mo<strong>de</strong>lo apresenta uma<br />

única relação constitutiva que, por via da alteração das condições <strong>de</strong> fronteira, permite reproduzir os<br />

diferentes fenóme<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do t<strong>em</strong>po (Liingaard et al., 2004).<br />

O mo<strong>de</strong>lo constitutivo que se utilizará nas análises numéricas consiste numa extensão do mo<strong>de</strong>lo<br />

Cam-clay modificado para a viscoplasticida<strong>de</strong>. De acordo com este mo<strong>de</strong>lo o terre<strong>no</strong> apresenta um<br />

<strong>comportamento</strong> elástico e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po para esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão situa<strong>dos</strong> <strong>no</strong> interior da<br />

superfície <strong>de</strong> cedência, enquanto <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão que ultrapass<strong>em</strong> a mesma, revela-se<br />

o <strong>comportamento</strong> viscoplástico <strong>em</strong> que as <strong>de</strong>formações são <strong>de</strong> carácter irreversível. Propõe-se<br />

também o recurso a uma correcção da superfície <strong>de</strong> cedência para a zona super-crítica <strong>de</strong> forma a<br />

colmatar a sobrestimação da resistência do solo para esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão situa<strong>dos</strong> nessa zona.<br />

33


4.2 Mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos<br />

As relações constitutivas <strong>de</strong> natureza <strong>em</strong>pírica obtêm-se principalmente através da compilação <strong>de</strong><br />

resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios laboratoriais e posterior elaboração <strong>de</strong> soluções fechadas ou equações<br />

diferenciais. Como consequência, a sua aplicabilida<strong>de</strong> é limitada a <strong>de</strong>terminadas condições <strong>de</strong><br />

fronteira e carregamento para além <strong>de</strong>, por vezes, apresentar<strong>em</strong> inconsistências teóricas. A utilida<strong>de</strong><br />

das relações constitutivas <strong>em</strong>píricas pren<strong>de</strong>-se com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflectir<strong>em</strong> o <strong>comportamento</strong><br />

real <strong>dos</strong> solos e também com o facto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser utilizadas como base para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los constitutivos mais sofistica<strong>dos</strong> (Liingaard et al., 2004).<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Singh-Mitchell<br />

Recorrendo à análise <strong>de</strong> ensaios triaxiais <strong>de</strong> fluência drena<strong>dos</strong> e não drena<strong>dos</strong> <strong>em</strong> várias argilas,<br />

Singh e Mitchell (1968) propuseram uma equação fe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>lógica <strong>de</strong> três parâmetros que permite<br />

<strong>de</strong>screver a relação taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po para solos argilosos submeti<strong>dos</strong> a uma tensão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svio q constante. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>screve o <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> fluência <strong>de</strong>ntro do intervalo <strong>de</strong> tensão<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>svio entre 10 e 90% da resistência <strong>de</strong> pico e, neste domínio, observaram uma relação bilogarítmica<br />

entre a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axial e o t<strong>em</strong>po, que toma a seguinte forma:<br />

34


Figura 4.1 – Curvas <strong>de</strong> fluência previstas pelas funções tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po para m1: a)<br />

<strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po; b) <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> função do logaritmo do t<strong>em</strong>po<br />

4.3 Mo<strong>de</strong>los reológicos<br />

Os mo<strong>de</strong>los reológicos foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> primeiramente para <strong>de</strong>screver o <strong>comportamento</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> metais, aço e flui<strong>dos</strong>, mas são também aplica<strong>dos</strong> a geomateriais. A<br />

representação diferencial <strong>de</strong> um material traduz-se na combinação <strong>de</strong> três tipos <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

básicos: 1) as molas elásticas (el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> Hooke); 2) os amortecedores <strong>viscosos</strong> (el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

Newton) e 3) os el<strong>em</strong>entos plásticos (el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> St. Venant) (Figura 4.2). A combinação<br />

apropriada <strong>de</strong>stes el<strong>em</strong>entos permite <strong>de</strong>screver várias características comportamentais <strong>de</strong> maciços,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>de</strong>formações imediatas elásticas até a <strong>de</strong>formações associadas a fenóme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> fluência e<br />

<strong>de</strong> relaxação.<br />

Figura 4.2 – Representação <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos reológicos el<strong>em</strong>entares: a) el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> Hooke; b) el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

Newton e c) el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> St. Venant<br />

El<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> Hooke<br />

Este el<strong>em</strong>ento apresenta a seguinte relação tensão-<strong>de</strong>formação:<br />

35


36


Figura 4.3 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Maxwell<br />

Figura 4.4 – Representação esqu<strong>em</strong>ática do mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Poynting-Thomson<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Bingham consiste num el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> Hooke ligado <strong>em</strong> série com um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

Newton e <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> St. Venant liga<strong>dos</strong> <strong>em</strong> paralelo (Figura 4.5), o que permite obter uma<br />

resposta elástica para uma gama <strong>de</strong> tensões inferior à tensão <strong>de</strong> cedência e, para tensões<br />

superiores, passa a exibir fluxo viscoplástico. O conceito base <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo é s<strong>em</strong>elhante ao mo<strong>de</strong>lo<br />

overstress que irá ser <strong>de</strong>scrito na secção seguinte.<br />

As <strong>de</strong>formações <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Bingham obtêm-se pelas seguintes equações constitutivas:<br />


O pressuposto <strong>de</strong> base sobre o qual assenta a teoria overstress <strong>de</strong> Perzyna é a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que<br />

os <strong>efeitos</strong> <strong>de</strong> natureza viscosa são negligenciáveis <strong>em</strong> regime elástico, ou seja, as <strong>de</strong>formações<br />

viscosas ou irreversíveis não ocorr<strong>em</strong> para um estado <strong>de</strong> tensão situado <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong><br />

cedência estática


0 ,


No caso <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar uma superfície <strong>de</strong> cedência estática com endurecimento, o fluxo<br />

viscoplástico ocorre mas a uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>crescente, visto que a acumulação das<br />

<strong>de</strong>formações viscoplásticas e do trabalho viscoplástico promov<strong>em</strong> o <strong>de</strong>slocamento da superfície <strong>de</strong><br />

cedência estática <strong>no</strong> sentido <strong>em</strong> que a função <strong>de</strong> overstress,


Esta aproximação ocorre a uma taxa <strong>de</strong>crescente (diminuição da função <strong>de</strong> overstress), sendo que<br />

<strong>no</strong> limite <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po infinito <strong>de</strong> relaxação as duas superfícies <strong>de</strong> cedência sobrepõ<strong>em</strong>-se.<br />

Consi<strong>de</strong>rando, por hipótese, um processo <strong>de</strong> relaxação iniciado <strong>no</strong> interior da superfície <strong>de</strong> cedência<br />

estática, a teoria overstress <strong>de</strong> Perzyna não permite a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações viscoplásticas<br />

(função <strong>de</strong> overstress


A condição <strong>de</strong> cedência não estacionária <strong>de</strong>fine, <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> tensões, uma superfície e só são<br />

admissíveis esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão que se encontr<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro ou <strong>no</strong> limite <strong>de</strong>ssa mesma superfície. No<br />

caso da função <strong>de</strong> cedência


Λ 2 = −


44


44


46


Figura 4.9 – Variação volumétrica plástica correspon<strong>de</strong>nte a um incr<strong>em</strong>ento da tensão <strong>de</strong> pré-consolidação<br />

Funções <strong>de</strong> cedência<br />

O mo<strong>de</strong>lo Cam-clay modificado <strong>de</strong>fine a superfície <strong>de</strong> cedência como um elipsói<strong>de</strong> <strong>de</strong> revolução <strong>no</strong><br />

espaço <strong>de</strong> tensões principais, resultando da sua intersecção com um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>viatórico (p=constante)<br />

uma elipse. Para o mo<strong>de</strong>lo isotrópico <strong>de</strong>scrito <strong>no</strong> presente documento, a elipse é centrada <strong>no</strong> eixo


48<br />

Figura 4.10 – Função <strong>de</strong> cedência <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo Cam-clay modificado (adaptado <strong>de</strong> Itasca, 2000)<br />

Consi<strong>de</strong>rando a equação <strong>em</strong> termos diferenciais, por intermédio da sua linearização obtém-se:


48<br />

Figura 4.10 – Função <strong>de</strong> cedência <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo Cam-clay modificado (adaptado <strong>de</strong> Itasca, 2000)<br />

Consi<strong>de</strong>rando a equação <strong>em</strong> termos diferenciais, por intermédio da sua linearização obtém-se:


Uma mudança <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas permite mais facilmente introduzir estas alterações nas relações<br />

constitutivas. A superfície <strong>de</strong> cedência <strong>de</strong>fine-se agora como:<br />

50


<strong>de</strong>composta aditivamente numa parcela elástica e numa parcela inelástica <strong>de</strong>signada <strong>de</strong><br />

viscoplástica. É assim possível tomar <strong>em</strong> conta a <strong>de</strong>pendência da resistência não drenada <strong>de</strong> solos<br />

fi<strong>no</strong>s <strong>em</strong> relação à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. T<strong>em</strong>-se que:


52


trajectórias não isotrópicas,


54


5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA DA RESPOSTA ESTRUTURAL DE UM TÚNEL<br />

5.1 Introdução<br />

Neste capítulo é aplicado o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scrito anteriormente para estudar a influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

construção <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> um túnel. Nas análises recorre-se ao software <strong>de</strong> diferenças finitas<br />

FLAC (Itasca, 2000).<br />

Inicialmente é efectuada uma simulação numérica da escavação <strong>de</strong> um túnel, sendo apresentadas as<br />

curvas <strong>de</strong> convergência do maciço e compara<strong>dos</strong> os resulta<strong>dos</strong> das análises numéricas com<br />

soluções analíticas disponíveis na bibliografia.<br />

Para verificação da extensão do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong> são efectua<strong>dos</strong><br />

dois tipos <strong>de</strong> carregamentos num solo argiloso sobreconsolidado, um para um carregamento<br />

edométrico e outro para um carregamento triaxial.<br />

Em seguida é efectuada uma serie <strong>de</strong> análises numéricas <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para<br />

estudo do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> dois <strong>túneis</strong> superficiais. Nestas análises foram consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> dois tipos<br />

<strong>de</strong> terre<strong>no</strong> argiloso, cuja caracterização teve por base parâmetros encontra<strong>dos</strong> na bibliografia <strong>de</strong> duas<br />

formações argilosas ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa: as Argilas <strong>dos</strong> Prazeres e as Argilas <strong>de</strong><br />

Xabregas. Proce<strong>de</strong>-se à variação <strong>de</strong> uma serie <strong>de</strong> parâmetros nas mo<strong>de</strong>lações efectuadas e<br />

analisada a sua influência na resposta <strong>dos</strong> <strong>túneis</strong>. As análises englobam três fases distintas: a<br />

primeira fase <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 50% das tensões resultantes da escavação antes da colocação do suporte,<br />

uma segunda fase <strong>de</strong> alívio <strong>dos</strong> restantes 50% após colocação do suporte e uma terceira fase <strong>de</strong><br />

fluência correspon<strong>de</strong>nte a 60 dias.<br />

5.2 Simulação numérica e verificação das convergências <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> provocadas<br />

pela escavação <strong>de</strong> um túnel<br />

Impl<strong>em</strong>entou-se um algoritmo cuja função preten<strong>de</strong> simular o alívio progressivo das tensões<br />

resultante da escavação <strong>de</strong> um túnel, po<strong>de</strong>ndo obter-se uma relação tensão-<strong>de</strong>slocamento num<br />

ponto situado na fronteira da abertura (curva <strong>de</strong> convergência do maciço). Para testar o programa<br />

foram mo<strong>de</strong>la<strong>dos</strong> dois ex<strong>em</strong>plos referentes à escavação <strong>de</strong> um túnel circular num meio s<strong>em</strong>i-infinito<br />

elastoplástico, consi<strong>de</strong>rando um estado <strong>de</strong> tensão uniforme e dois mo<strong>de</strong>los constitutivos: Mohr-<br />

Coulomb e Hoek-Brown. O probl<strong>em</strong>a apresenta condições <strong>de</strong> simetria horizontal e vertical e adoptase<br />

para o raio do túnel um valor consi<strong>de</strong>rado muito inferior <strong>em</strong> relação ao valor do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

longitudinal, como ilustrado na Figura 5.1, permitindo assim recorrer à análise <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação.<br />

55


56<br />

Figura 5.1 – Representação das condições <strong>de</strong> fronteira e do estado <strong>de</strong> tensão inicial para a <strong>de</strong>terminação<br />

numérica da curva <strong>de</strong> reacção do maciço<br />

A impl<strong>em</strong>entação do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> FLAC passa por consi<strong>de</strong>rar uma malha que representa a criação<br />

<strong>de</strong> uma abertura <strong>de</strong> raio unitário, <strong>em</strong> condições axissimétricas, e cujas fronteiras superior e lateral se<br />

encontram localizadas a uma distância ao centro do túnel 10 vezes superior ao seu raio, resultando<br />

<strong>em</strong> 900 el<strong>em</strong>entos rectangulares dispostos radialmente e com dimensões variáveis que permit<strong>em</strong><br />

uma melhor discretização na zona mais relevante (Figura 5.2).<br />

Inicialmente, o algoritmo executa a aplicação do estado <strong>de</strong> tensão inicial do maciço que inclui também<br />

a aplicação das tensões equivalentes <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> da abertura. De seguida, o processo <strong>de</strong> relaxação<br />

das tensões aplicadas <strong>no</strong> contor<strong>no</strong> é iniciado, sendo controlado pelo número <strong>de</strong> incr<strong>em</strong>entos<br />

<strong>de</strong>sejado para que se dê o total alívio das tensões. A monitorização <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> pontos situa<strong>dos</strong> na<br />

fronteira do túnel permite obter a relação tensão-<strong>de</strong>slocamento, ou seja, curva <strong>de</strong> reacção do maciço<br />

nesse ponto.<br />

Figura 5.2 – Malha radial utilizada para a <strong>de</strong>terminação numérica da curva <strong>de</strong> reacção do maciço


Para o mo<strong>de</strong>lo constitutivo elastoplástico <strong>de</strong> Mohr-Coulomb adopta-se para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>


5.3 Verificação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong><br />

5.3.1 Simulação numérica para um carregamento edométrico<br />

Como primeira verificação para o mo<strong>de</strong>lo numérico viscoplástico, proce<strong>de</strong>u-se à mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um<br />

ensaio edométrico executado a uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação constante. Um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> dimensões<br />

unitárias com a sua base fixa e <strong>de</strong>formações horizontais restritas é solicitado por um carregamento do<br />

tipo edométrico a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação contante e igual a


ν<br />

1,65<br />

1,62<br />

1,59<br />

1,56<br />

1,53<br />

1,50<br />

100 1000 10000 100000<br />

p' (kPa)<br />

Figura 5.7 – Variação do volume específico <strong>em</strong> função<br />

da tensão média para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

ε v vp (%)<br />

0,042<br />

0,035<br />

0,028<br />

0,021<br />

0,014<br />

0,007<br />

0,000<br />

η = 1e12<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

η = 1e17<br />

η = 1e18<br />

η = 1e20<br />

Figura 5.8 – Variação do volume específico <strong>em</strong> função<br />

da tensão média para diferentes valores <strong>de</strong> η (ensaio<br />

prolongado <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po)<br />

Figura 5.9 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

Observa-se que para valores da viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


solicitado t<strong>em</strong> dimensões unitárias e apresenta uma condição <strong>de</strong> axissimetria, sendo que os<br />

parâmetros utiliza<strong>dos</strong> foram iguais aos atribuí<strong>dos</strong> nas simulações <strong>de</strong> carregamento edométrico.<br />

60<br />

Figura 5.10 – Condições <strong>de</strong> fronteira para a simulação <strong>de</strong> um ensaio triaxial<br />

Foram consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> dois casos para o estado <strong>de</strong> consolidação isotrópica, sendo que <strong>no</strong> primeiro<br />

partiu-se <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> tensão na zona super-crítica (


q (kPa)<br />

Figura 5.12 – Evolução da <strong>de</strong>formação axial <strong>em</strong> função<br />

ε v vp (%)<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25<br />

da tensão distorcional para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

0,008<br />

0,006<br />

0,004<br />

0,002<br />

0,000<br />

(zona super-crítica)<br />

Figura 5.14 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica<br />

viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> η (zona super-crítica)<br />

Figura 5.13 – Evolução da <strong>de</strong>formação axial <strong>em</strong> função<br />

da tensão distorcional para diferentes valores <strong>de</strong> η<br />

(zona sub-crítica)<br />

Figura 5.15 – Evolução da <strong>de</strong>formação volumétrica<br />

viscoplástica <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> η (zona sub-crítica)<br />

Os resulta<strong>dos</strong> mostram que para valores <strong>de</strong> η reduzi<strong>dos</strong> a trajectória <strong>de</strong> tensões se aproxima da<br />

elastoplástica correspon<strong>de</strong>nte ao mo<strong>de</strong>lo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po e aumentando este coeficiente a<br />

resistência do material aumenta, ten<strong>de</strong>ndo para o <strong>comportamento</strong> elástico. Para o carregamento na<br />

zona super-crítica há amolecimento do material, geração <strong>de</strong> pressões intersticiais negativas e<br />

aumento <strong>de</strong> p’ , <strong>de</strong>senvolvendo-se <strong>de</strong>formações viscoplásticas positivas tanto maiores quanto mais<br />

reduzido for η. Para o carregamento a partir da zona sub-crítica há endurecimento e o<br />

<strong>comportamento</strong>, quando se atinge a superfície <strong>de</strong> cedência é recíproco do anterior.<br />

5.4 Análises numéricas <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

5.4.1 Introdução<br />

η = 1e12<br />

η = 1e13<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

ε a (%)<br />

η = 1e12<br />

η = 1e13<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e17<br />

0 20000 40000 60000<br />

t (s)<br />

0<br />

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25<br />

Para o estudo do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> um túnel foram realizadas uma série <strong>de</strong> análises numéricas que<br />

se mostram <strong>em</strong> seguida. Foi estudada a resposta <strong>de</strong> um túnel <strong>em</strong> dois tipos <strong>de</strong> solos, o Solo A e o<br />

Solo B, cuja caracterização se baseou, respectivamente, <strong>em</strong> ensaios disponíveis na bibliografia para<br />

as Argilas <strong>dos</strong> Prazeres e as Argilas <strong>de</strong> Xabregas (Marques, 1998; Moitinho <strong>de</strong> Almeida, 1991; LNEC,<br />

1997). Nas análises efectuadas procurou-se mostrar a influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

q (kPa)<br />

ε v vp (%)<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0,000<br />

-0,001<br />

-0,002<br />

-0,003<br />

-0,004<br />

-0,005<br />

η = 1e12<br />

η = 1e13<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

ε a (%)<br />

η = 1e12<br />

η = 1e13<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e17<br />

0 20000 40000 60000<br />

t (s)<br />

61


directamente através do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> relaxação das forças resultantes da escavação. Mostrou-se<br />

também a influência do parâmetro <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> que caracteriza o <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

t<strong>em</strong>po. Uma vez que não se dispôs <strong>de</strong> ensaios que permitiss<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminar este parâmetro, fez-se<br />

variar η numa gama <strong>de</strong> valores <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> <strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> na Formação <strong>de</strong> Benfica (Vieira, 2006).<br />

Nas análises numéricas realizadas, além <strong>de</strong> se mostrar a influência <strong>dos</strong> parâmetros referi<strong>dos</strong>,<br />

estudou-se a influência da altura <strong>de</strong> recobrimento, a forma da secção transversal do túnel, do<br />

coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso e do parâmetro que controla a superfície <strong>de</strong> cedência na zona<br />

super-crítica.<br />

A análise da resposta do maciço na envolvente ao túnel adoptando o mo<strong>de</strong>lo constitutivo elastoviscoplástico<br />

para o terre<strong>no</strong>, admite, tal como já foi referido, que para as trajectórias <strong>de</strong> tensão<br />

localizadas <strong>no</strong> interior da superfície <strong>de</strong> cedência o <strong>comportamento</strong> do meio segue a lei elástica não<br />

linear do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos, surgindo <strong>de</strong>formações viscoplásticas somente quando <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminado ponto é alcançada a superfície <strong>de</strong> cedência, sendo introduzido o efeito do t<strong>em</strong>po através<br />

da função Φ(


Figura 5.16 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um<br />

túnel circular com 15 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

Figura 5.18 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um<br />

túnel não-circular com 15 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

Condições geológicas/geotécnicas<br />

Figura 5.17 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um<br />

túnel circular com 30 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

Figura 5.19 – Malha utilizada para a mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> um<br />

túnel não-circular com 30 metros <strong>de</strong> recobrimento<br />

Como referido a caracterização <strong>dos</strong> dois tipos <strong>de</strong> solo estuda<strong>dos</strong> foi baseada <strong>em</strong> duas formações<br />

argilosas do Miocénico ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa: as Argilas <strong>dos</strong> Prazeres e as Argilas <strong>de</strong><br />

Xabregas. Na Figura 5.20 mostra-se as formações ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, i<strong>de</strong>ntificando-se<br />

as duas formações referidas como MI e MVia, respectivamente.<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> necessários para a calibração do mo<strong>de</strong>lo foram obti<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

ensaios edométricos disponíveis na bibliografia (Marques, 1998; Moitinho <strong>de</strong> Almeida, 1991). O Solo<br />

63


64<br />

Figura 5.20 – Formações geológicas ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa (Lopes, 2001)<br />

A, baseado nas Argilas <strong>dos</strong> Prazeres, é um solo do Miocénico inferior consi<strong>de</strong>rado um solo rijo com<br />

grau <strong>de</strong> sobreconsolidação superior a 5. Por sua vez, o Solo B, baseado nas Argilas <strong>de</strong> Xabregas, é<br />

um solo do Miocénico superior com aproximadamente meta<strong>de</strong> do valor tensão vertical <strong>de</strong> préconsolidação<br />

consi<strong>de</strong>rado para o Solo A. Os parâmetros <strong>de</strong> base para os dois solos foram os<br />

seguintes: para o solo A e B o peso volúmico saturado é <strong>de</strong>


Estado <strong>de</strong> tensão inicial<br />

De acordo com Marques (1998), para as Argilas <strong>dos</strong> Prazeres, o coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso,


Fases <strong>de</strong> cálculo e <strong>de</strong>finição da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

A sequência <strong>de</strong> construção do túnel foi simulada através do método da convergência-confinamento. A<br />

malha criada incorpora a abertura correspon<strong>de</strong>nte à secção do túnel, sendo que na fronteira do<br />

mesmo é aplicado o estado <strong>de</strong> tensão equivalente do maciço <strong>em</strong> repouso. De forma a simular a<br />

escavação, as tensões aplicadas na fronteira do túnel são reduzidas até ao nível equivalente ao grau<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfinamento <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> 50%. A fase seguinte incorpora a colocação da estrutura <strong>de</strong> suporte<br />

e subsequente alívio do restante nível <strong>de</strong> tensões resultantes do processo <strong>de</strong> escavação.<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção é consi<strong>de</strong>rada através do conceito <strong>de</strong> influência da frente <strong>de</strong> escavação<br />

anteriormente referido <strong>em</strong> 2.3. Assim, consi<strong>de</strong>rando a zona <strong>de</strong> influência da frente com comprimento<br />

igual a duas vezes o diâmetro do túnel, e consi<strong>de</strong>rando, por ex<strong>em</strong>plo, uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

<strong>de</strong> 1,5 m/dia, serão necessários 13,3 dias para se proce<strong>de</strong>r ao alívio total das tensões. O estudo da<br />

influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção tomará valores consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> correntes para <strong>túneis</strong><br />

construí<strong>dos</strong> pelo método NATM (New Austrian Tunneling Method): 0,75 m/dia, 1,5 m/dia e 3 m/dia.<br />

O mo<strong>de</strong>lo escolhido para a estrutura <strong>de</strong> suporte a ser aplicada pelo programa é específico para a<br />

reprodução do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> suportes provisórios <strong>de</strong> betão projectado, adoptando as seguintes<br />

características:


Quadro 5.2 – Matriz <strong>de</strong> análises numéricas programadas<br />

Série v (m/dia) K0 Geometria Recobrimento 1 (m) Solo η (kPa 2 s)<br />

S1 1,5 0,7 Circular 15, 30 A, B 10 14 , 10 15 , 10 16<br />

S2 1,5 0,7 Não circular 15, 30 A, B 10 14 , 10 15 , 10 16<br />

S3 0,75, 1,5, 3,0 0,7 Não circular 15, 30 A,B 10 14 , 10 15<br />

S4 0,75, 1,5, 3,0 0,7 Circular 15, 30 A, B 10 16<br />

S5 0,75, 1,5, 3,0 0,7, 1,0, 1,3 Não circular 15, 30 A, B 10 15<br />

1 Para distinção <strong>dos</strong> ensaios efectua<strong>dos</strong> com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros e 30 metros serão adiciona<strong>dos</strong> ao<br />

número da serie os índices a e b, respectivamente.<br />

5.4.3 Simulações numéricas para um túnel circular<br />

Influência do coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong><br />

Nas Figuras 5.22 e 5.23 mostra-se a evolução das convergências horizontais ao longo do t<strong>em</strong>po para<br />

os três coeficientes <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> e para os dois terre<strong>no</strong>s estuda<strong>dos</strong>. Nas Figuras 5.24 e 5.25<br />

mostra-se a mesma representação para as convergências verticais.<br />

As zonas plastificadas <strong>em</strong> redor do túnel (on<strong>de</strong> há <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> acordo<br />

com o mo<strong>de</strong>lo utilizado) mostram-se nas Figuras 5.26 e 5.27, para dois coeficientes <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong>.<br />

O sombreado azul representa zonas que já estiveram <strong>em</strong> <strong>comportamento</strong> viscoplástico mas que se<br />

encontram <strong>em</strong> <strong>comportamento</strong> elástico e a ver<strong>de</strong> são zonas que permanec<strong>em</strong> <strong>em</strong> regime<br />

viscoplástico.<br />

conv. (mm)<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

0,0<br />

-0,5<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

Figura 5.22 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

conv. (mm)<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

0,0<br />

-0,5<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

Figura 5.23 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

67


conv. (mm)<br />

68<br />

0,E+00<br />

5,0<br />

2,E+06 4,E+06<br />

t (s)<br />

6,E+06<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

-1,0<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

Figura 5.24 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

Figura 5.25 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

Figura 5.26 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros e η=10 14 (Solo A)<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

5,0<br />

2,E+06 4,E+06<br />

t (s)<br />

6,E+06<br />

4,0<br />

3,0<br />

2,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

-1,0<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16


Figura 5.27 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros e η=10 16 (Solo A)<br />

No que se refere às convergências horizontais verifica-se que há <strong>de</strong>pendência do t<strong>em</strong>po na fase <strong>de</strong><br />

construção e, para o caso <strong>dos</strong> valores <strong>de</strong> η superiores, há inicialmente me<strong>no</strong>s convergências mas<br />

continuam a <strong>de</strong>senvolver-se ao longo da fase <strong>de</strong> fluência. Este efeito é mais expressivo <strong>no</strong> solo B<br />

porque apresenta uma tensão <strong>de</strong> pré-consolidação inferior. No tecto, praticamente não dão<br />

manifestações do efeito do t<strong>em</strong>po porque não ocorr<strong>em</strong> plastificações nessa zona.<br />

A representação das zonas <strong>de</strong> plastificação mostra a zona <strong>dos</strong> hasteais com plastificações não muito<br />

expressivas. Para η=10 14 kPa 2 s o terre<strong>no</strong> já voltou ao regime elástico e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po por<br />

oposição ao que acontece para η=10 16 kPa 2 s.<br />

Nas Figuras 5.28 e 5.29 mostra-se, para os casos referi<strong>dos</strong>, a bacia <strong>de</strong> subsidências à superfície.<br />

Consta-se que para o caso do solo A, <strong>de</strong>vido à mais elevada tensão <strong>de</strong> pré-consolidação, o efeito da<br />

viscosida<strong>de</strong> é pouco significativo.<br />

assentamento (mm)<br />

0,0<br />

-5,0<br />

-10,0<br />

-15,0<br />

-20,0<br />

-25,0<br />

-30,0<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

Figura 5.28 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

assentamento (mm)<br />

0,0<br />

-5,0<br />

-10,0<br />

-15,0<br />

-20,0<br />

-25,0<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

Figura 5.29 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S1a)<br />

69


Para o caso do túnel circular com 30 metros <strong>de</strong> recobrimento, mostra-se nas Figuras 5.30 a 5.37, as<br />

mesmas representações que as anteriores.<br />

conv. (mm)<br />

Figura 5.30 – Evolução das convergências horizontais<br />

conv. (mm)<br />

70<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

-0,2<br />

-0,4<br />

-0,6<br />

-0,8<br />

-1,0<br />

-1,2<br />

-1,4<br />

-1,6<br />

-1,8<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

0,0<br />

-0,5<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

Figura 5.32 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

Figura 5.31 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

Figura 5.33 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

Figura 5.34 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 14 (Solo A)<br />

conv. (mm)<br />

conv. (mm)<br />

-0,5<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

-3,0<br />

-3,5<br />

-4,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

-0,5<br />

-1,0<br />

-1,5<br />

-2,0<br />

-2,5<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

1,0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16


assentamento (mm)<br />

Figura 5.35 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 16 (Solo A)<br />

0,0<br />

-2,0<br />

-4,0<br />

-6,0<br />

-8,0<br />

-10,0<br />

-12,0<br />

-14,0<br />

-16,0<br />

-18,0<br />

-20,0<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Figura 5.36 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

Figura 5.37 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S1b)<br />

Em termos gerais, as conclusões são as mesmas que as anteriores, ou seja, o aumento da<br />

viscosida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> o efeito <strong>de</strong> “atrasar” as <strong>de</strong>formações, sendo estas inferiores na fase da construção e<br />

prolongando-se na fase <strong>de</strong> fluência. Este efeito é, <strong>no</strong> entanto, mais expressivo, o que se <strong>de</strong>ve ao<br />

aumento da zona plastificada <strong>em</strong> redor do túnel. Neste caso já há influência do t<strong>em</strong>po nas<br />

convergências verticais. As diferenças nas subsidências são também mais evi<strong>de</strong>ntes.<br />

Influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

η =1e14<br />

η =1e15<br />

η =1e16<br />

Para o caso <strong>de</strong> túnel circular com 15 metros <strong>de</strong> recobrimento fez-se variar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

fixando o parâmetro <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> η=10 16 kPa 2 s. Nas Figuras 5.38 e 5.39 mostra-se a evolução das<br />

convergências horizontais para os dois terre<strong>no</strong>s e nas Figuras 5.40 e 5.41 as subsidências à<br />

superfície. Foram também efectuadas análises para o recobrimento <strong>de</strong> 30 metros, tendo sido obti<strong>dos</strong><br />

resulta<strong>dos</strong> s<strong>em</strong>elhantes.<br />

assentamento (mm)<br />

0,0<br />

-5,0<br />

-10,0<br />

-15,0<br />

-20,0<br />

-25,0<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

71


conv. (mm)<br />

Figura 5.38 – Evolução das convergências horizontais<br />

assentamento (mm)<br />

72<br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,2<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

0,0<br />

-0,2<br />

-0,4<br />

-0,6<br />

-0,8<br />

-1,0<br />

-1,2<br />

-1,4<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

0,0<br />

-5,0<br />

-10,0<br />

-15,0<br />

-20,0<br />

-25,0<br />

construção (S4a)<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Figura 5.40 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S4a)<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d<br />

Figura 5.39 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S4a)<br />

Figura 5.41 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S4a)<br />

Verifica-se que o efeito da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção é pouco significativo e só é sentido na fase <strong>de</strong><br />

libertações <strong>de</strong> tensões consequência directa da diferente taxa a que se dá a libertação <strong>de</strong> tensões.<br />

5.4.4 Simulações numéricas para um túnel não circular<br />

Influência do coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong><br />

t (s)<br />

0,E+00<br />

0,2<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

0,0<br />

v=0.75m/d<br />

-0,2<br />

v=1.5m/d<br />

-0,4<br />

-0,6<br />

-0,8<br />

-1,0<br />

-1,2<br />

-1,4<br />

-1,6<br />

-1,8<br />

v=3.0m/d<br />

Foram efectuadas análises para o caso <strong>de</strong> túnel com secção não circular fazendo variar o coeficiente<br />

<strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> para os dois recobrimentos. Os resulta<strong>dos</strong> para o recobrimento <strong>de</strong> 15 metros para os<br />

dois tipos <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> mostram-se nas Figuras 5.42 e 5.43 (convergências horizontais), nas Figuras<br />

5.44 e 5.45 (convergências verticais) e nas Figuras 5.46 e 5.47 as curvas <strong>de</strong> subsidência.<br />

Nas Figuras 5.48 a 5.55 mostram-se as mesmas representações para o recobrimento mais elevado e<br />

ainda as zonas <strong>em</strong> regime viscoplástico <strong>em</strong> redor da abertura.<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

0,0<br />

-2,0<br />

-4,0<br />

-6,0<br />

-8,0<br />

-10,0<br />

-12,0<br />

-14,0<br />

-16,0<br />

-18,0<br />

-20,0<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d


conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

η=1e14<br />

η=1e15<br />

-5<br />

η=1e16<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

Figura 5.42 – Evolução das convergências horizontais<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

2<br />

0<br />

η =1e14<br />

η =1e15<br />

-2<br />

η =1e16<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

Figura 5.44 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

dist. (m)<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Figura 5.46 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

10<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

η=1e14<br />

η=1e15<br />

-10<br />

η=1e16<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

-70<br />

Figura 5.43 – Evolução das convergências horizontais<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

t (s)<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06 8,E+06<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

-45<br />

Figura 5.45 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

Figura 5.47 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S2a)<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

73


conv. (mm)<br />

Figura 5.48 – Evolução das convergências horizontais<br />

conv. (mm)<br />

74<br />

0,E+00<br />

0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

-20<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

-100<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

-10<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

-20<br />

η = 1e16<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

-70<br />

Figura 5.50 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

0,E+00<br />

0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

η=1e14<br />

-50<br />

η=1e15<br />

η=1e16<br />

Figura 5.49 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

Figura 5.51 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

Figura 5.52 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel não-circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 14 (Solo A)<br />

conv. (mm)<br />

conv. (mm)<br />

-100<br />

-150<br />

-200<br />

-250<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

-80<br />

-100<br />

-120<br />

-140<br />

-160<br />

-180


assentamento (mm)<br />

Figura 5.53 – Zonas <strong>de</strong> plastificação para túnel não-circular com recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e η=10 16 (Solo A)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Figura 5.54 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

Figura 5.55 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

valores <strong>de</strong> η (S2b)<br />

Tal como seria <strong>de</strong> esperar as convergências são muito superiores às obtidas <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> túnel com<br />

secção circular. Em to<strong>dos</strong> os casos as <strong>de</strong>formações continuam a processar-se após a libertação total<br />

do estado <strong>de</strong> tensão. Os coeficientes <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> mais reduzi<strong>dos</strong> resultam <strong>em</strong> <strong>de</strong>formações muito<br />

superiores (maior parcela viscoplástica), porque as zonas <strong>em</strong> cedência são nestes casos muito<br />

extensas como se po<strong>de</strong> verificar. As diferenças <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> entre os dois tipos <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> são mais<br />

pronunciadas, assim como as diferenças <strong>de</strong>vidas aos dois recobrimentos. A gran<strong>de</strong>za <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>slocamentos <strong>em</strong> alguns casos seria intolerável pelo que se teria <strong>de</strong> recorrer a outro tipo <strong>de</strong> suporte<br />

ou pré-suporte para que se alcançass<strong>em</strong> níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações aceitáveis. A influência da<br />

viscosida<strong>de</strong> é também muito pronunciada. De <strong>no</strong>tar também o efeito na curva <strong>de</strong> subsidências,<br />

<strong>de</strong>signadamente <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> assentamento máximo.<br />

Influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16<br />

A influência da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção mostra-se nas Figuras 5.56 e 5.57 para as convergências<br />

horizontais, nas Figuras 5.58 e 5.59 para as convergências verticais e nas Figuras 5.60 e 5.61 para<br />

os <strong>de</strong>slocamentos verticais à superfície. Mostram-se apenas os resulta<strong>dos</strong> referentes ao caso <strong>de</strong><br />

75<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

-100<br />

-120<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

η = 1e14<br />

η = 1e15<br />

η = 1e16


ecobrimento <strong>de</strong> 15 metros, dado que os referentes a 30 metros <strong>de</strong> recobrimento são qualitativamente<br />

s<strong>em</strong>elhantes.<br />

conv. (mm)<br />

Figura 5.56 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a)<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

Figura 5.58 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a)<br />

Figura 5.60 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S3a)<br />

76<br />

0,E+00<br />

5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

-5<br />

v=3.0m/d<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

0,E+00<br />

2<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d<br />

0,E+00<br />

10<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

-10<br />

v=3.0m/d<br />

Figura 5.57 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a)<br />

Figura 5.59 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

construção (S3a)<br />

Figura 5.61 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção (S3a)<br />

Consta-se que, ao contrário do que suce<strong>de</strong>u para o caso <strong>de</strong> túnel circular, há uma influência da<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção para as <strong>de</strong>formações <strong>em</strong> redor do túnel. Este efeito não é, porém, muito<br />

conv. (mm)<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

-70<br />

0,E+00<br />

5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

v=0.75m/d<br />

-5<br />

v=1.5m/d<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

-45<br />

-50<br />

v=3.0m/d<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d


significativo para o caso do coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> fixado. À superfície este efeito não se<br />

manifesta.<br />

Influência do coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso<br />

Fixado o coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>em</strong> η=10 15 kPa 2 s para o caso <strong>de</strong> túnel <strong>em</strong> solo A com<br />

recobrimento <strong>de</strong> 30 metros e túnel <strong>em</strong> solo B com recobrimento <strong>de</strong> 15 metros, analisou-se a<br />

influência do coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso na resposta do túnel não circular. Nas Figuras 5.62 a<br />

5.65 mostra-se a evolução das convergências horizontais e verticais para os dois tipos <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> e<br />

nas Figuras 5.66 e 5.67 o efeito à superfície.<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

20<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

K0=0.7<br />

K0=1.0<br />

K0=1.3<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

Figura 5.62 – Evolução das convergências horizontais<br />

conv. (mm)<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> K0 (S5b)<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

-45<br />

K0=0.7<br />

K0=1.0<br />

K0=1.3<br />

Figura 5.64 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A e três valores <strong>de</strong> K0 (S5b)<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

K0=0.7<br />

-5<br />

-10<br />

K0=1.0<br />

K0=1.3<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

Figura 5.63 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> K0 (S5a)<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

5<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

K0=0.7<br />

K0=1.0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

K0=1.3<br />

Figura 5.65 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B e três valores <strong>de</strong> K0 (S5a)<br />

77


assentamento (mm)<br />

Figura 5.66 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo A e três<br />

78<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

K0=0.7<br />

-35<br />

-40<br />

K0=1.0<br />

K0=1.3<br />

valores <strong>de</strong> K0 (S5b)<br />

Figura 5.67 – Perfil <strong>de</strong> subsidência para o solo B e três<br />

valores <strong>de</strong> K0 (S5a)<br />

A influência do coeficiente <strong>de</strong> impulso <strong>em</strong> repouso é evi<strong>de</strong>nte nas <strong>de</strong>formações ao longo do t<strong>em</strong>po, o<br />

que se <strong>de</strong>ve à ocorrência <strong>de</strong> diferentes zonas <strong>em</strong> cedência, <strong>em</strong> princípio mais <strong>de</strong>senvolvidas <strong>no</strong> tecto<br />

e na soleira, daí o maior efeito nas convergências verticais.<br />

O efeito da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção manifesta-se <strong>no</strong>s dois tipos <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> nas convergências<br />

horizontais e verticais como se mostra nas Figuras 5.68 a 5.71.<br />

conv. (mm)<br />

0,E+00<br />

0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

-5<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

-10<br />

v=3.0m/d<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

Figura 5.68 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A, K0 =1,3 e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S5b)<br />

assentamento (mm)<br />

conv. (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

dist. (mm)<br />

0 20 40 60 80 100<br />

K0=0.7<br />

K0=1.0<br />

K0=1.3<br />

0,E+00<br />

0<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

-5<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

-10<br />

v=3.0m/d<br />

Figura 5.69 – Evolução das convergências horizontais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B, K0 =1,3 e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S5a)


conv. (mm)<br />

0,E+00 2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

0<br />

-1<br />

v=0.75m/d<br />

v=1.5m/d<br />

-2<br />

-3<br />

-4<br />

-5<br />

-6<br />

-7<br />

-8<br />

-9<br />

v=3.0m/d<br />

Figura 5.70 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo A, K0 =1,3 e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S5b)<br />

5.4.5 Efeitos à superfície<br />

Figura 5.71 – Evolução das convergências verticais<br />

com o t<strong>em</strong>po para o solo B, K0 =1,3 e três velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> construção (S5a)<br />

No caso <strong>de</strong> túnel com secção não circular observou-se <strong>em</strong> to<strong>dos</strong> os casos analisa<strong>dos</strong> um efeito<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po, ou seja, as <strong>de</strong>formações continuaram a processar-se após a relaxação da<br />

totalida<strong>de</strong> das tensões <strong>de</strong>vidas à escavação. Este facto <strong>de</strong>veu-se à ocorrência <strong>de</strong> zonas <strong>em</strong> cedência<br />

<strong>em</strong> redor do túnel e consequente <strong>comportamento</strong> viscoplástico. No <strong>de</strong>curso do período <strong>de</strong> fluência as<br />

<strong>de</strong>formações continuaram a processar-se e provocaram também uma alteração ao longo do t<strong>em</strong>po<br />

<strong>dos</strong> assentamentos à superfície, mostrando-se <strong>em</strong> seguida para alguns casos (Figuras 5.72 a 5.91)<br />

os resulta<strong>dos</strong> das curvas <strong>de</strong> subsidência após a relaxação total das tensões e <strong>no</strong> fim do período <strong>de</strong><br />

fluência. Esta diferença é tanto mais expressiva quanto maiores são as zonas <strong>em</strong> cedência e resulta<br />

ao longo do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> assentamentos máximos mais eleva<strong>dos</strong> sobre o eixo do túnel e <strong>em</strong> curvas <strong>de</strong><br />

subsidência mais estreitas.<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

Figura 5.72 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo A e η=10 14 (S2a)<br />

conv. (mm)<br />

assentamento (mm)<br />

0,E+00<br />

3<br />

2,E+06 4,E+06 6,E+06<br />

t (s)<br />

8,E+06<br />

v=0.75m/d<br />

2<br />

1<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

v=1.5m/d<br />

v=3.0m/d<br />

dist. (m)<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

Figura 5.73 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo B e η=10 14 (S2a)<br />

79


assentamento (mm)<br />

Figura 5.74 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

80<br />

solo A e η=10 16 (S2a)<br />

Figura 5.76 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

0<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

dist. (m)<br />

0 20 40 60 80 100<br />

solo A e η=10 14 (S2b)<br />

Figura 5.78 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo A e η=10 16 (S2b)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Figura 5.75 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

-100<br />

-120<br />

solo B e η=10 16 (S2a)<br />

Figura 5.77 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

solo B e η=10 14 (S2b)<br />

Figura 5.79 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo B e η=10 16 (S2b)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência


assentamento (mm)<br />

Figura 5.80 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

solo A e v=0,75m/dia (S3a)<br />

Figura 5.82 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

solo A e v=0,75m/dia (S3b)<br />

Figura 5.84 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo A e v=1,5m/dia (S3b)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Figura 5.81 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

solo B e v=0,75m/dia (S3a)<br />

Figura 5.83 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

solo B e v=0,75m/dia (S3b)<br />

Figura 5.85 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo B e v=1,5m/dia (S3b)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

dist. (m)<br />

0 50 100 150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

81


assentamento (mm)<br />

Figura 5.86 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

82<br />

solo A e K0=0,7 (S5b)<br />

Figura 5.88 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

solo A e K0=1,0 (S5b)<br />

Figura 5.90 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo A e K0=1,3 (S5b)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 50 100<br />

dist. (m)<br />

150<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

-35<br />

-40<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Figura 5.87 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

solo B e K0=0,7 (S5a)<br />

Figura 5.89 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

assentamento (mm)<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

-18<br />

solo B e K0=1,0 (S5a)<br />

Figura 5.91 – Evolução do perfil <strong>de</strong> subsidências. Fase<br />

<strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> 100% das tensões e fase <strong>de</strong> fluência para o<br />

solo B e K0=1,3 (S5a)<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

dist. (m)<br />

0 20 40 60 80 100<br />

Relax 100%<br />

Fluência<br />

0 20 40 60 80<br />

dist. (m)<br />

100<br />

Relax 100%<br />

Fluência


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS<br />

Neste trabalho foi abordada a influência <strong>dos</strong> <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> um túnel<br />

executado <strong>em</strong> solos <strong>de</strong> matriz argilosa, <strong>no</strong>meadamente nas <strong>de</strong>formações do maciço ocorrentes <strong>no</strong><br />

contor<strong>no</strong> da abertura e à superfície. Foram inicialmente apresentadas algumas das principais<br />

características do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> um túnel <strong>em</strong> maciços terrosos. Foram <strong>de</strong>scritas <strong>em</strong> termos<br />

gerais a evolução do estado <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, b<strong>em</strong> como uma abordag<strong>em</strong> ao método da<br />

convergência-confinamento cujos princípios foram adapta<strong>dos</strong> e aplica<strong>dos</strong> numericamente <strong>no</strong> caso <strong>em</strong><br />

estudo na presente dissertação.<br />

Em seguida foram referidas algumas características inerentes à resposta diferida <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> solos,<br />

manifestada por fenóme<strong>no</strong>s como a fluência, a relaxação e a <strong>de</strong>pendência da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

numa perspectiva <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos e baseada <strong>em</strong> ensaios <strong>de</strong> laboratório, sendo referidas <strong>em</strong><br />

termos gerais, que os <strong>efeitos</strong> do t<strong>em</strong>po <strong>no</strong>s solos <strong>de</strong> matriz argilosa ocorr<strong>em</strong> principalmente na<br />

componente plástica da <strong>de</strong>formação e que, na maioria das situações, são governa<strong>dos</strong> por uma única<br />

relação tensão-<strong>de</strong>formação-taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (<strong>comportamento</strong> isotach).<br />

A mo<strong>de</strong>lação do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> solos argilosos especialmente dirigida para<br />

o caso <strong>dos</strong> <strong>túneis</strong> foi abordada nas suas três variantes, <strong>no</strong>meadamente, os mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong>píricos, os<br />

mo<strong>de</strong>los reológicos e os mo<strong>de</strong>los generaliza<strong>dos</strong> tensão-<strong>de</strong>formação-t<strong>em</strong>po, com especial <strong>de</strong>staque<br />

para o mo<strong>de</strong>lo generalizado baseado na teoria overstress <strong>de</strong> Perzyna. Foi <strong>de</strong>scrita a formulação <strong>de</strong><br />

uma extensão do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> críticos para a viscoplasticida<strong>de</strong> baseada <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong><br />

overstess. De acordo com este conceito os <strong>efeitos</strong> <strong>viscosos</strong> manifestam-se após o estado <strong>de</strong> tensão<br />

<strong>no</strong> solo ultrapassar a superfície <strong>de</strong> cedência, passando então a exibir uma resposta diferida <strong>no</strong><br />

t<strong>em</strong>po.<br />

O mo<strong>de</strong>lo referido foi utilizado para reproduzir ensaios edométricos e triaxiais que permitiram<br />

observar a influência do coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> na reprodução <strong>dos</strong> limites <strong>de</strong> <strong>comportamento</strong><br />

elástico e elastoplástico, como também nas gamas <strong>em</strong> que é possível reproduzir uma resposta<br />

diferida <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

Foram realizadas uma série <strong>de</strong> estu<strong>dos</strong> <strong>em</strong> estado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> <strong>túneis</strong> com duas secções<br />

distintas e dois recobrimentos. Os parâmetros utiliza<strong>dos</strong> para a mo<strong>de</strong>lação foram basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> dois<br />

solos argilosos sobreconsolida<strong>dos</strong> ocorrentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa. Trata-se <strong>de</strong> dois solos do<br />

Miocénico com ida<strong>de</strong>s distintas. Os parâmetros <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> foram encontra<strong>dos</strong> na<br />

bibliografia, e os parâmetros <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> fizeram-se variar enquadra<strong>dos</strong> por valores obti<strong>dos</strong> <strong>no</strong>utra<br />

formação geológica. As análises efectuadas mostraram a gran<strong>de</strong> influência da forma da secção e da<br />

altura <strong>de</strong> recobrimento na resposta do terre<strong>no</strong>, sendo que para a secção não-circular as zonas <strong>em</strong><br />

cedência ating<strong>em</strong> uma extensão muito elevada quando comparadas com a resultante para a secção<br />

circular, gerando <strong>efeitos</strong> significativos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> convergências e <strong>de</strong>slocamentos à superfície. A<br />

tensão <strong>de</strong> pré-consolidação revelou-se também como um factor <strong>de</strong>terminante <strong>no</strong> <strong>comportamento</strong><br />

diferido <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po por governar a dimensão da superfície <strong>de</strong> cedência e, por conseguinte, o espaço <strong>de</strong><br />

83


tensões admissíveis para a resposta elástica (não linear) do maciço. O coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong><br />

revela uma gran<strong>de</strong> influência na amplitu<strong>de</strong> das <strong>de</strong>formações viscoplásticas, acentuando as diferenças<br />

<strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> quer pela alteração do tipo <strong>de</strong> solo quer pela alteração do recobrimento. O<br />

efeito da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>no</strong>s casos estuda<strong>dos</strong> revelou-se como me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>terminante que<br />

os anteriores na amplitu<strong>de</strong> das <strong>de</strong>formações resultantes e <strong>no</strong> tipo <strong>de</strong> resposta do maciço, <strong>no</strong> entanto<br />

é também um factor que influência quer a resposta elástica quer a resposta diferida <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

Como perspectivas <strong>de</strong> trabalhos futuros será <strong>de</strong> todo o interesse consi<strong>de</strong>rar os seguintes aspectos:<br />

84<br />

• Efectuar ensaios laboratoriais com vista à <strong>de</strong>terminação <strong>dos</strong> parâmetros <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> para<br />

as formações escolhidas;<br />

• Continuar a exploração das potencialida<strong>de</strong>s do mo<strong>de</strong>lo impl<strong>em</strong>entado, <strong>de</strong> forma a melhorar o<br />

conhecimento sobre a influência relativa <strong>dos</strong> diversos parâmetros, visando eventuais<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aperfeiçoamento <strong>dos</strong> mesmos;<br />

• Estudar a influência da execução <strong>de</strong> análises hidromecânicas acopladas;<br />

• Analisar a influência <strong>no</strong>s esforços actuantes <strong>no</strong> suporte;<br />

• Analisar a influência da consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> um suporte permeável;<br />

• Extensão <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los para solos não satura<strong>dos</strong> (importante para <strong>túneis</strong> superficiais).


BIBLIOGRAFIA<br />

Adachi, T., Oka, F. e Mimura, M., 1996. Mo<strong>de</strong>ling Aspects Associated with Time Depen<strong>de</strong>nt Behavior<br />

of Soils. In T. Sheahan e V. Kaliakin, eds. Measuring and Mo<strong>de</strong>ling Time Depen<strong>de</strong>nt Soil Behavior.<br />

New York: ASCE. pp.61-95.<br />

AFTES, 1974. Récomendations por le choix d'un type <strong>de</strong> soutèn<strong>em</strong>ent en galerie. Les massifs<br />

rocheaux utiles à l'étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la stabilité <strong>de</strong>s ouvrage souterrains. Tunnels et Ouvrages Souterrains,<br />

nº1, pp.31-39.<br />

AFTES, 1993. Texte <strong>de</strong> réflexions sur les métho<strong>de</strong>s usuelles <strong>de</strong> calcul du revêt<strong>em</strong>ent <strong>de</strong>s souterrains.<br />

Tunnels et Ouvrages Souterrains, nº special, pp 139-164.<br />

AFTES, 2001. Recommendations on The Convergence-Confin<strong>em</strong>ent Method.<br />

Almeida e Sousa, J., 1998. Túneis <strong>em</strong> Maciços Terrosos. Comportamento e <strong>Mo<strong>de</strong>lação</strong> Numérica.<br />

Coimbra: Tese <strong>de</strong> Doutoramento apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tec<strong>no</strong>logia da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Coimbra.<br />

Arulanandan, K., Shen, C.K. e Young, R.B., 1971. Undrained creep behavior of a coastal organic silty<br />

clay. Geotecnique, 21, nº4, pp.359-75.<br />

Augustesen, A., Liingaard, M. e La<strong>de</strong>, P.V., 2004. Evaluation of Time-Depen<strong>de</strong>nt Behavior of Soils.<br />

International Journal of Geomechanics, 3, pp.137-56.<br />

Barton, N., Lien, R. e Lun<strong>de</strong>, J., 1974. Engineering classification of rock masses for the <strong>de</strong>sign of<br />

tunnel support. In Rock Mechanics and Rock Engineering. Springer-Verlag. pp.189-236.<br />

Bieniawski, Z.T., 1983. Rock Mechanics Desing in Mining and Tunneling. Balk<strong>em</strong>a, Roterdam.<br />

Billaux, D. e Cundall, P., 1993. Simulations <strong>de</strong>s géomatériaux par la métho<strong>de</strong> <strong>de</strong>s éléments<br />

Lagrangiens. Revue Française <strong>de</strong> Géotechnique, 63, pp.9-21.<br />

<strong>de</strong>n Haan, E.J., 1994. Summary of session 1: One-dimensional behavior. In Proceeding of the<br />

International Workshop on Advances in Un<strong>de</strong>rstanding and Mo<strong>de</strong>lling the Mechanical Behavior of<br />

Peat. Balk<strong>em</strong>a, Rotterdam, 1994. eds. E.J. <strong>de</strong>n Haan, R. Termaat and T. B. Edil.<br />

di Prisco, C. e Imposimato, S., 1996. Time <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt mechanical behavior of loose sands.<br />

Mechanics of Cohesive-Frictional Materials. Milan: Milan University of Tech<strong>no</strong>logy.<br />

Eisenstein, Z., Heinz, H. e Negro, A., 1984. On three-dimensional response to tunnelling. In<br />

Proceedings Geotech'84. Atlanta, Georgia, 1984. ASCE.<br />

Fodil, A., Aloulou, W. e Hicher, P.Y., 1997. Viscoplastic behavior of soft clay. Géotechnique, 47, nº3,<br />

pp.581-91.<br />

85


Hohen<strong>em</strong>ser, K. e Prager, W., 1932. Über die ansätze <strong>de</strong>r mechanik isotroper kontinua. Z. Angew.<br />

Math. Mech., 12, pp.216-26.<br />

Instituto Português da Qualida<strong>de</strong>, 2010. NP EN1997:2010 - Eurocódigo 7: Projecto Geotécnico; Parte<br />

1: Regras Gerais.<br />

Itasca, 2000. FLAC - Fast Lagrangean Analysis of Continua, Version 5.0. User's Manual. Minneapolis,<br />

Minnesota: Itasca Consulting Group.<br />

Katona, M.G., 1984. Evaluation on viscoplastic cap mo<strong>de</strong>l. Journal of Geotechnical Engineering, 110,<br />

nº8, pp.1106-25.<br />

Leroueil, S., Kabbaj, M., Tavenas, F. e Bouchard, R., 1985. Stress-strain-strain rate relation for the<br />

compressibility of natural sensitive clays. Géotechnique, 35 nº4, pp.159-80.<br />

Leroueil, S. e Marques, M.E., 1996. Importance of Strain Rate and T<strong>em</strong>perature Effects in<br />

Geothecnical Engineering. In T.C. Sheahan e V.N. Kaliakin, eds. Measuring and Mo<strong>de</strong>ling Time<br />

Depen<strong>de</strong>nt Soil Behavior. New York: ASCE. pp.1-60.<br />

Liingaard, M., Augustesen, A. e La<strong>de</strong>, P.V., 2004. Characterization of Mo<strong>de</strong>ls for Time-Depen<strong>de</strong>nt<br />

Behavior of Soils. International Journal of Geomechanics, 3, pp.137-56.<br />

LNEC, 1997. Averiguação das causas do aci<strong>de</strong>nte ocorrido na estação Olivais-Sul do Metropolita<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong> Lisboa. Relatório Confi<strong>de</strong>ncial nº132/97. Lisboa.<br />

Lo, K.Y. e Morin, J.P., 1972. Strength anisotropy and time effects of two sensitive clays. Canadian<br />

Geotechnial Journal, 9, nº3, pp.261-77.<br />

Lopes, I.M.F., 2001. Avaliação das condições geológicas e geotécnicas para a caracterização do<br />

risco sísmico. Aplicação à colina do castelo <strong>de</strong> São Jorge. Lisboa: Dissertação apresentada à<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Malvern, L.E., 1951. The propagation of longitudinal waves of plastic <strong>de</strong>fromation in a bar of metal<br />

exhibiting a strain rate effect. Journal of Applied Mechanics, nº18, pp.203-08.<br />

Maranha, J.R., 1997. Analysis of Embankment Dams: Computational Aspects. Swansea: Ph.D.<br />

Thesis, University of Wales.<br />

Marchand, G., 1982. Quelques Considérations sur le Comport<strong>em</strong>ent Avant Rupture <strong>de</strong>s Pentes<br />

Argileuses Naturelles. Ste-Foy, Canada: M.Sc. Thesis, University Laval.<br />

Marques, M.E., 1996. Influência da Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deformação e da T<strong>em</strong>peratura <strong>no</strong> A<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong><br />

Argilas Naturais. Fe<strong>de</strong>ral University of Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil: M.Sc. Thesis. Research performed at<br />

University Laval, Ste-Foy, Canada in cooperation with COPPE.<br />

86


Marques, F.E.R., 1998. Análise do <strong>comportamento</strong> <strong>de</strong> um túnel aberto nas formações miocénicas <strong>de</strong><br />

Lisboa. Coimbra: Dissertação apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tec<strong>no</strong>logia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Coimbra.<br />

Moitinho <strong>de</strong> Almeida, I.M., 1991. Características Geotécnicas <strong>dos</strong> Solos <strong>de</strong> Lisboa. Lisboa:<br />

Dissertação apresentada à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Naghdi, P.M. e Murch, S.A., 1963. On the mechanical behavior of viscoelastic/plastic solids. Journal<br />

of Applied Meteorol., 30, pp.321-28.<br />

Nguyen Minh, D., 1986. Modèles rhèologiques pour l'analyse du comport<strong>em</strong>ent différé <strong>de</strong>s galeries<br />

profon<strong>de</strong>s. In Proceedings of the International Congress on Large Un<strong>de</strong>rground Openings, Vol. 2.<br />

Italy, 1986.<br />

Olszak, W. e Perzyna, P., 1966. On elastic-viscoplastic soils, rheology and soil mechanics. In<br />

International Union of Theoretical and Applied Mechanics Symposium, Gre<strong>no</strong>ble. Springer, Berlin,<br />

1966.<br />

Olszak, W. e Perzyna, P., 1970. Stationary and <strong>no</strong>nstationary viscoplasticity. New York: McGraw-Hill.<br />

Oreste, P., 2009. The Convergence-Confin<strong>em</strong>ent Method: Roles and Limits in Mo<strong>de</strong>rn Geomechanical<br />

Tunnel Design. American Journal of Applied Sciences, 6, nº4, pp.757-71.<br />

Panet, M., 1995. Le calcul <strong>de</strong>s tunnels par la métho<strong>de</strong> convergence-confin<strong>em</strong>ent. Paris: Presses <strong>de</strong><br />

l'Ecole Nationale <strong>de</strong>s Ponts et Chaussées.<br />

Panet, M. e Guellec, P., 1979. Contribution à l'étu<strong>de</strong> du soutèn<strong>em</strong>ent d'un tunnel à l'arrière du front <strong>de</strong><br />

taille. In 3rd International Congress on Rock Mechanics. Denver, 1979.<br />

Perzyna, P., 1963. The constitutive equations for workhar<strong>de</strong>ning and rate sensitive plastic materials.<br />

Proc. of Vibrational Probl<strong>em</strong>s, 4, nº3, pp.281-90.<br />

Prager, W., 1949. Recent <strong>de</strong>velopments in the math<strong>em</strong>atical theory of plasticity. Journal of Applied<br />

Physics, 20, nº3, pp.235-41.<br />

Ranken, R.E. e Ghaboussi, J., 1975. UILU-ENG75-2016 Tunnel <strong>de</strong>sign consi<strong>de</strong>rations: analysis of<br />

stresses and <strong>de</strong>formations around advancing tunnels. Springfield: NTIS - National Technical<br />

Information Service, U.S. Department of Commerce.<br />

Rocha, M., 1976. Estruturas Subterrâneas. Túneis, cavernas, poços. Lisboa: Laboratório Nacional <strong>de</strong><br />

Engenharia Civil.<br />

Sälfors, G., 1975. Preconsolidation Pressure of Soft High Plastic Clays. Gothenburg: Ph.D. Thesis,<br />

Chalmers University of Tech<strong>no</strong>logy.<br />

87


Schofield, A.N. e Wroth, C.P., 1968. Critical State Soil Mechanics. London: Mc-Graw Hill Book<br />

Company.<br />

Sheahan, T.C., 1995. Interpretation of undrained creep tests in terms of effective stresses. Canadian<br />

Geotechnical Journal, 32, pp.373-79.<br />

Sheahan, T.C., Ladd, C.C. e Germaine, J.T., 1996. Rate-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt undrained shear behavior of<br />

saturated clay. Journal of Geotechnical Engineering, ASCE, 1222, nº2, pp.99-108.<br />

Singh, A. e Mitchell, J., 1968. General stress-strain-time functions for soils. Journal of the Soil<br />

Mechanics and Foundations Division, 94 nº1, pp.21-46.<br />

Tavenas, F. e Leroueil, S., 1977. Effects of stress and time on yielding of clays. In Proceedings of the<br />

9th International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering. Tokyo, 1977.<br />

Tavenas, F., Leroueil, S., La Rochelle, P. e Roy, M., 1978. Creep behavior of an undisturbed lightly<br />

overconsolidated clay. Canadian Geotechnical Journal, 15, nº3, pp.402-23.<br />

Terzaghi, K., 1943. Theoretical Soil Mechanics. New York: John Wiley & Sons.<br />

Vieira, A., 2006. Estudo do Comportamento Diferido <strong>no</strong> T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Túneis <strong>em</strong> Argilas<br />

Sobreconsolidadas. Coimbra: Tese <strong>de</strong> Doutoramento apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e<br />

Tec<strong>no</strong>logia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />

Wilkins, M.L., 1964. Fundamental methods in hydrodynamics. Methods in Computational Physics.<br />

New York: Aca<strong>de</strong>mic Press.<br />

Wong, C.K. e Kaiser, P.K., 1991. Performance assessment of tunnels in cohesionless soils. Journal of<br />

Geotechnical Engineering, 117 nº12, pp.1880-901.<br />

Wood, D.M., 1990. Soil Behavior ans Critical State Soil Mechanics. New York: Cambridge University<br />

Press.<br />

88


ANEXO A<br />

O método das diferenças finitas<br />

89


O método das diferenças finitas<br />

Os mo<strong>de</strong>los foram impl<strong>em</strong>enta<strong>dos</strong> <strong>no</strong> programa FLAC (Fast Lagragian Analysis of Continua), da<br />

socieda<strong>de</strong> Itasca, na sua versão bidimensional. O programa integra um modo <strong>de</strong> resolução explícita<br />

das equações da mecânica aplicada. Foi <strong>de</strong>senvolvido para análise <strong>dos</strong> probl<strong>em</strong>as não lineares da<br />

mecânica aplicada à geotecnia.<br />

O método das diferenças finitas é um <strong>dos</strong> méto<strong>dos</strong> mais antigos <strong>de</strong> resolução numérica <strong>de</strong> um<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> equações diferenciais. A solução numérica é única, para <strong>de</strong>terminadas condições iniciais<br />

e <strong>de</strong> fronteira. A maioria <strong>dos</strong> méto<strong>dos</strong> que utilizam as diferenças finitas adopta uma discretização do<br />

meio <strong>em</strong> malhas exclusivamente rectangulares. A aproximação adoptada pela Itasca baseia-se <strong>no</strong><br />

método <strong>de</strong> Wilkins (1964), que permite formular as equações <strong>de</strong> diferenças finitas, qualquer que seja<br />

a forma do el<strong>em</strong>ento. Po<strong>de</strong>-se aplicar a qualquer geometria da fronteira e fazer variar as proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento para o outro. Deste ponto <strong>de</strong> vista, o método é tão versátil quanto o método <strong>dos</strong><br />

el<strong>em</strong>entos finitos.<br />

No método das diferenças finitas uma série <strong>de</strong> equações governativas é directamente substituída por<br />

expressões algébricas escritas <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tensões ou <strong>de</strong>formações <strong>em</strong> pontos discretos do<br />

espaço, as variações <strong>de</strong>finidas <strong>no</strong>s pontos <strong>de</strong> discretização não necessitam <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> forma,<br />

como <strong>no</strong> caso <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos finitos. A malha é constituída por quadriláteros sendo cada um dividido<br />

<strong>em</strong> dois pares <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos triangulares (a,b) e (c,d), como se mostra na Figura A.0.1.<br />

O programa <strong>em</strong>prega el<strong>em</strong>entos lagrangea<strong>no</strong>s, don<strong>de</strong> a geometria é actualizada a cada passo. Esta<br />

proprieda<strong>de</strong> permite tratar os probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos, s<strong>em</strong> algoritmo supl<strong>em</strong>entar.<br />

O programa distingue-se essencialmente pelo seu esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> resolução explícita, que permite não<br />

combinar as matrizes el<strong>em</strong>entares, possibilitando assim um ganho substancial <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong><br />

m<strong>em</strong>ória. Com efeito, apenas são armazenadas as variáveis <strong>no</strong> fim <strong>de</strong> cada intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, e não<br />

a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z como para o caso <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos finitos.<br />

Figura A.0.1 – Princípio <strong>de</strong> dissociação <strong>dos</strong> quadriláteros <strong>em</strong> dois pares <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos triangulares (Itasca, 2000)<br />

Princípio <strong>de</strong> resolução numérica pelo método explícito<br />

Na sua orig<strong>em</strong> o método <strong>de</strong> resolução explícita inspira-se <strong>no</strong> princípio da propagação e dissipação <strong>de</strong><br />

energia cinética <strong>no</strong> interior <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong>formável <strong>em</strong> movimento. O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> resolução explícita<br />

integra este fenóme<strong>no</strong> físico consi<strong>de</strong>rando as equações da dinâmica do movimento.<br />

91


O <strong>de</strong>sequilíbrio induzido por uma modificação do estado <strong>de</strong> tensão numa zona localizada, vai<br />

propagar-se <strong>no</strong> conjunto do sist<strong>em</strong>a. Neste contexto, o objectivo do método explícito com el<strong>em</strong>entos<br />

lagrangea<strong>no</strong>s é o da resolução <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a estático (elastoplástico) ou quase-estático<br />

(viscoplástico) por intermédio das equações da dinâmica. A Figura A.0.2 indica a função <strong>de</strong>stas<br />

equações na sequência <strong>de</strong> cálculo percorrida num intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po ∆


t<strong>em</strong>po for suficient<strong>em</strong>ente peque<strong>no</strong> <strong>de</strong> modo a que o <strong>de</strong>sequilíbrio gerado num el<strong>em</strong>ento não se<br />

possa propagar para os vizinhos durante esse mesmo intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

Se o processo <strong>de</strong> resolução explícita não for incondicionalmente estável, é necessário <strong>de</strong>finir um<br />

certo intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po crítico, que não <strong>de</strong>ve ser ultrapassado. Billaux e Cundall (1993) adoptaram<br />

este procedimento baseando-se na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a velocida<strong>de</strong> da on<strong>de</strong> <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong>ve permanecer<br />

s<strong>em</strong>pre superior àquela da onda física, o que permite fixar as variáveis durante a duração <strong>de</strong> um ciclo<br />

<strong>de</strong> cálculo.<br />

O sist<strong>em</strong>a torna-se, assim, instável durante as primeiras fases <strong>de</strong> cálculo, mas os caminhos <strong>de</strong><br />

tensão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação são <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> a cada passo. Assim, para constituir um algoritmo<br />

operacional, os movimentos do sólido <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser amorteci<strong>dos</strong> <strong>de</strong> maneira a que se alcance o mais<br />

rapidamente possível um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio residual negligenciável perante o estado <strong>de</strong> tensão<br />

inicial.<br />

Figura A.0.3 – Esqu<strong>em</strong>a das diferentes etapas ocorrentes <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> um cálculo explícito (Itasca, 2000)<br />

O critério <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, que permite controlar o estado <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> todo o sist<strong>em</strong>a, é baseado<br />

na força máxima <strong>de</strong>sequilibrada. O utilizador do programa <strong>de</strong>fine a força abaixo da qual o<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio residual é suposto satisfatório. No entanto, este critério conduz inevitavelmente a um<br />

número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> cálculo importante, o que torna o método explícito pouco eficaz para probl<strong>em</strong>as<br />

lineares e para peque<strong>no</strong>s <strong>de</strong>slocamentos.<br />

93

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!