Brasília 50 anos de Ceará também destacará ... - Casa do Ceará
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Julho/10<br />
10<br />
Leituras II<br />
Terra sobre vento<br />
ou<br />
Avião coberto <strong>de</strong> arbustos<br />
ou<br />
Metáfora para Hexagrama 46<br />
Luiz Martins da Silva (*)<br />
Para Rômulo Andra<strong>de</strong>, poeta <strong>do</strong> ver<strong>de</strong>.<br />
Do que um dia no céu esteve a flutuar,<br />
Pois que era o voo – sonho humano –<br />
Do mais pesa<strong>do</strong> agora é<br />
Outra vez minério e mineral<br />
Fuselagem em <strong>de</strong>-<br />
Composição.<br />
Não há tédio<br />
Não há revolta<br />
Nesta situação<br />
Ao contrário, aceita-a<br />
Como se fosse re-pouso<br />
Aconchego, nicho,<br />
Entre ervas daninhas<br />
Comichonas a agarrá-lo como presa e com pressa<br />
Apego querência e carência<br />
Exploração<br />
São elas agora que se atrepam<br />
Se empinam periscopicamente para o alto<br />
Com fototropismo e ambição.<br />
Arregimentam apoio<br />
Expan<strong>de</strong>m tentáculos<br />
Asseguram <strong>do</strong>mínios, espinhos<br />
Gavinhas, esporões.<br />
Por pouco não ganha<br />
Asas e voa, sobrevoa,<br />
Voltan<strong>do</strong> outra vez<br />
Ao ar, gaviões e passarinhos,<br />
Aviação.<br />
Só flores,<br />
É o que conseguem <strong>de</strong> mais alto<br />
Atingir na sua vegetal condição<br />
Ungidas no que um dia foi<br />
No ar para os olhos tanta avi<strong>de</strong>z<br />
Emoção.<br />
E das flores, frutos, cachos<br />
Que atraem saltimbancos<br />
Saltitantes ala<strong>do</strong>s viajantes<br />
Que ali pousam<br />
Não por prego, pane, <strong>de</strong>suso,<br />
Mas para ninhos e prole<br />
Temporã.<br />
A to<strong>do</strong> momento, no ar,<br />
Em algazarra, os pequeninos<br />
E, com eles, leve transporte<br />
De polens, sementes, fértil-ida<strong>de</strong><br />
Expansão <strong>do</strong> ver<strong>de</strong> e da verda<strong>de</strong> que é<br />
Esta rasteira e alternativa vocação<br />
De brotar.<br />
(*) Luis Martins da Silva (Nova Russas), jornalista,<br />
poeta, prof, da UnB.<br />
Ciência e Tecnologia<br />
O Carro elétrico.<br />
Que veículo é esse?<br />
Rudi Henri Van Els (*)<br />
No mês passa<strong>do</strong> o Governo<br />
Fe<strong>de</strong>ral estava preparan<strong>do</strong> a divulgação<br />
<strong>de</strong> um pacote <strong>de</strong> incentivos<br />
aos veículos elétricos. A expectativa<br />
era que o pacote incluísse incentivos<br />
fiscais, redução <strong>de</strong> impostos e outras<br />
vantagens para o setor. A suspensão<br />
<strong>do</strong> anúncio na última hora pelo<br />
presi<strong>de</strong>nte da República mostra a<br />
importância <strong>do</strong> tema, afinal, o pró-<br />
prio presi<strong>de</strong>nte se interessou pelo<br />
assunto e chamou para si a responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Na semana passada o Brasil pô<strong>de</strong> conhecer o que a indústria<br />
automotiva tem <strong>de</strong> mais novo em termos <strong>de</strong> redução<br />
<strong>de</strong> emissões veiculares, combustíveis alternativos e veículos<br />
elétricos num evento internacional, o Challenge Bibendum<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, que tinha como lema: To<strong>do</strong>s juntos por<br />
uma mobilida<strong>de</strong> ro<strong>do</strong>viária sustentável. O evento era composto<br />
por uma mostra <strong>de</strong> veículos elétricos, híbri<strong>do</strong>s e com<br />
baixas emissões <strong>de</strong> gases, realização <strong>de</strong> rali <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />
e testes técnicos, além <strong>de</strong> sessões plenárias e mesas re<strong>do</strong>ndas<br />
para discutir mobilida<strong>de</strong> sustentável.<br />
Entretanto, quan<strong>do</strong> se fala <strong>de</strong> veículo elétrico, fica a seguinte<br />
pergunta no ar. Afinal, <strong>de</strong> qual tipo <strong>de</strong> veículo elétrico<br />
estamos falan<strong>do</strong>? As análises e reportagens misturam conceitos<br />
e falam <strong>de</strong> veículos, carros, automóveis, transporte<br />
individual e coletivo, crian<strong>do</strong> ainda mais confusão.<br />
Há diversas tipologias e classificações, porém vamos nos<br />
centrar neste artigo nos veículos elétricos urb<strong>anos</strong>. Po<strong>de</strong>se<br />
classificar veículos elétricos urb<strong>anos</strong> em veículos para<br />
transporte coletivo ou veículos para transporte individual.<br />
O conheci<strong>do</strong> trólebus, agora com opção híbrida, é um<br />
exemplo <strong>de</strong> veículo elétrico urbano para transporte coletivo<br />
com tecnologia consolidada que conta com fabricantes<br />
nacionais.<br />
Quanto ao transporte individual por meio <strong>de</strong> carros <strong>de</strong><br />
passeio, os especialistas em transporte que <strong>de</strong>batem o assunto<br />
são unânimes em afirmar que todas as tendências apontam<br />
para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver carros elétricos<br />
urb<strong>anos</strong> pequenos e leves, alimenta<strong>do</strong>s com baterias para<br />
aten<strong>de</strong>r à gran<strong>de</strong> maioria da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
nas cida<strong>de</strong>s que precisam <strong>de</strong> uma autonomia <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />
60km e velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> <strong>50</strong> km/h. As tendências mostram<br />
que este vai ser o merca<strong>do</strong> futuro. Nesse senti<strong>do</strong>, já<br />
existem alguns pequenos fabricantes na Índia e na Europa<br />
apostan<strong>do</strong> nesse nicho.<br />
Entretanto, para<strong>do</strong>xalmente, os <strong>de</strong>signers e especialistas<br />
liga<strong>do</strong>s à indústria automotiva tradicional possuem outra<br />
concepção <strong>de</strong> carro elétrico. Ficam insistin<strong>do</strong> em dizer que<br />
os carros elétricos tem que obe<strong>de</strong>cer à mesma lógica <strong>do</strong>s<br />
carros a combustão interna e, <strong>de</strong>ssa forma, <strong>de</strong>vem ter as<br />
mesmas características <strong>do</strong>s atuais carros <strong>de</strong> passeio. Sintomático<br />
é que o concurso <strong>de</strong> melhor <strong>de</strong>sign no evento foi<br />
ganho por um “carrão” esportivo elétrico, capaz <strong>de</strong> ir <strong>de</strong> 0 a<br />
100km/h em 4,8 segun<strong>do</strong>s e chegar a uma velocida<strong>de</strong> máxima<br />
<strong>de</strong> 200 km/h e andar 248 km sem recarregar as baterias.<br />
Porém, há quem acredita que o veículo elétrico é muito<br />
mais que um simples substituto <strong>de</strong> um veículo com motor<br />
<strong>de</strong> combustão interna e que ele po<strong>de</strong>ria mudar alguns paradigmas<br />
<strong>de</strong> transporte nos gran<strong>de</strong>s centros urb<strong>anos</strong>.<br />
1) Paradigma da logística <strong>do</strong> seu abastecimento. O carro<br />
com motor <strong>de</strong> combustão interna precisa <strong>de</strong> uma logística<br />
sofisticada <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> um produto inflamável na<br />
zona urbana. Não se po<strong>de</strong> esquecer que o carro elétrico po<strong>de</strong><br />
ser abasteci<strong>do</strong> em qualquer estabelecimento atendi<strong>do</strong> pela<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia elétrica. Cada banca <strong>de</strong> revista, em tese,<br />
po<strong>de</strong>ria ven<strong>de</strong>r uma carga da mesma forma como hoje são<br />
vendidas cargas <strong>de</strong> créditos para telefone celular.<br />
2) Paradigma da infra-estrutura <strong>de</strong> estradas e estaciona-<br />
veja o site <strong>do</strong> projeto <strong>Brasília</strong> <strong>50</strong> <strong>anos</strong> <strong>do</strong> <strong>Ceará</strong>: www.brasilia<strong>50</strong><strong>anos</strong><strong>de</strong>ceara.com.br<br />
mentos. Os carros elétricos serão<br />
menores e mais leves e, <strong>de</strong>ssa<br />
forma, po<strong>de</strong>-se vislumbrar que o<br />
espaço atualmente ocupa<strong>do</strong> por um<br />
carro possa ser ocupa<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is.<br />
Ou seja, é possível aumentar significativamente<br />
o aproveitamento da<br />
atual infraestrutura.<br />
3) Paradigma <strong>de</strong> integração<br />
e interligação entre transporte<br />
individual e coletivo. A mudança<br />
paradigmática permitirá pensar em<br />
diversas opções <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento usan<strong>do</strong> meios coletivos<br />
e individuais ou compartilha<strong>do</strong>s, fazen<strong>do</strong> a integração <strong>de</strong><br />
um sistema <strong>de</strong> transporte coletivo com veículos elétricos e<br />
interligação com carros elétricos <strong>de</strong> uso compartilha<strong>do</strong> nos<br />
gran<strong>de</strong>s centros urb<strong>anos</strong>.<br />
4) Paradigma da segurança e conforto. O carro elétrico<br />
<strong>do</strong> futuro será menor, mais leve e mais silencioso. As atuais<br />
concepções <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong>s atuais “carrões” privilegiam<br />
quem está <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> carro. Quem está fora que se cui<strong>de</strong>.<br />
Não tem nada mais perigoso que um carro <strong>de</strong> 2 toneladas<br />
andan<strong>do</strong> a 100km/h em área urbana com motorista inexperiente,<br />
<strong>de</strong>satento falan<strong>do</strong> ao celular e/ou alcooliza<strong>do</strong>. Falta<br />
segurança para quem anda a pé, <strong>de</strong> bicicleta ou motocicleta.<br />
A História nos mostra o que não <strong>de</strong>ve ser feito. Há <strong>50</strong><br />
<strong>anos</strong>, o presi<strong>de</strong>nte Juscelino Kubitschek <strong>de</strong>sfilou em um<br />
Romi-Isetta, primeiro carro nacional fabrica<strong>do</strong> no Brasil,<br />
li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a Caravana <strong>de</strong> Integração que chegou a <strong>Brasília</strong>.<br />
O carro, capaz <strong>de</strong> atingir 85km/h, tinha lugar para <strong>do</strong>is passageiros,<br />
pesava 3<strong>50</strong>kg, media 2,2 metros <strong>de</strong> comprimento<br />
e tinha apenas uma porta. Apesar <strong>de</strong>ste feito, o governo, por<br />
meio <strong>do</strong> Grupo Executivo da Indústria Automobilística, não<br />
classificou o Romi-Isetta como carro pelo fato <strong>de</strong> o veículo<br />
só ter uma porta.<br />
Não po<strong>de</strong>mos terminar este artigo sem lembrar que o<br />
Itaipu, primeiro carro elétrico produzi<strong>do</strong> no Brasil pela<br />
Gurgel Motores em 1974, já tinha as características que<br />
hoje são <strong>de</strong>sejadas para a nova geração <strong>de</strong> carros elétricos.<br />
A História <strong>também</strong> mostra que não se po<strong>de</strong> dar incentivos<br />
fiscais iguais para os <strong>de</strong>siguais. A extensão <strong>do</strong>s incentivos<br />
que foram da<strong>do</strong>s à fabrica Gurgel para produzir o primeiro<br />
carro popular nacional às monta<strong>do</strong>ras multinacionais <strong>de</strong><br />
carros 1.0 pelo governo Collor, foi uma <strong>do</strong>s fatores que<br />
contribuiu para a falência <strong>de</strong>ste fabricante nacional.<br />
Deve-se aproveitar o momento atual para mudar o<br />
paradigma <strong>de</strong> transporte coletivo e individual <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
centros urb<strong>anos</strong>. As indústrias automotivas não tradicionais<br />
na Índia, China e Europa já têm soluções apropriadas e<br />
estão prontas para entrar no Brasil e montar aqui o novo<br />
veículo elétrico. Abre-se uma oportunida<strong>de</strong> para novos empreendimentos<br />
dispostos a inovar no transporte individual<br />
e coletivo, pois, pelo visto, as monta<strong>do</strong>ras multinacionais<br />
no Brasil ainda não <strong>de</strong>spertaram para essa nova realida<strong>de</strong><br />
e correm o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o trólebus da história.<br />
(*) Rudi Henri Van Els , prof. Da UnB<br />
NE: O Engenheiro Elifas Gurgel, Fortaleza, Presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>do</strong> Clube <strong>do</strong> Carro Elétrico, participou <strong>do</strong> 10º Challenge<br />
Bibendum Rio 2010, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, com o seu Gol<br />
converti<strong>do</strong> para elétrico que participou <strong>do</strong> rali e recebeu<br />
os prêmios <strong>de</strong> melhor aceleração, menor ruí<strong>do</strong> e melhor<br />
dirigibilida<strong>de</strong>.<br />
O professor Rudi, autor <strong>do</strong> artigo, foi ao 10º Challenge<br />
Bibendum Rio 2010 a convite <strong>do</strong> Clube <strong>do</strong> Carro Elétrico.<br />
Mais informações po<strong>de</strong>m ser vistos no site www.clube<strong>do</strong>carroeletrico.com.br<br />
. Quanto à reunião no BNDES, fui<br />
informa<strong>do</strong> que não po<strong>de</strong>ria divulgar o evento em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ser ainda uma reunião preliminar para que o BNDES pu<strong>de</strong>sse<br />
tomar conhecimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>talhes das tecnologias acerca<br />
<strong>do</strong>s veículos elétricos e po<strong>de</strong>r propor políticas para o setor.<br />
<strong>Ceará</strong> em <strong>Brasília</strong>