INFO 10 - Instituto Português de Oncologia de Coimbra - Francisco ...
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EDITORIAL<br />
Em Dezembro <strong>de</strong> 2003 saía o número zero da revista <strong>INFO</strong> assumida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo no editorial subscrito<br />
pelo Conselho <strong>de</strong> Administração, como meio essencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong><br />
comunicação orientada para os objectivos institucionais e para o envolvimento dos profissionais.<br />
Esta é a décima edição da <strong>INFO</strong>! Um número <strong>de</strong>nunciador <strong>de</strong> percurso ainda jovem mas sugestivo<br />
para que <strong>de</strong>le se faça um misto <strong>de</strong> regozijo e reflexão.<br />
Ao longo das várias edições, a <strong>INFO</strong> tem procurado manter-se fiel à orientação editorial que lhe foi<br />
<strong>de</strong>finida, isto é, espaço aberto à colaboração <strong>de</strong> todos na partilha <strong>de</strong> conhecimentos e informação<br />
em sintonia com a missão e os valores que norteiam a instituição.<br />
À semelhança do que aconteceu com o número zero, também agora a <strong>INFO</strong> publica, na íntegra e em<br />
separata, o regulamento interno da instituição e o organograma representativo da sua matriz organizacional.<br />
De Socieda<strong>de</strong> Anónima <strong>de</strong> Capitais exclusivamente Públicos a Entida<strong>de</strong> Pública Empresarial, e<br />
pesem embora as particularida<strong>de</strong>s jurídicas que lhe marcam um estatuto distinto, permanece a mesma<br />
<strong>de</strong>terminação na busca da prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> excelência na área da oncologia.<br />
Essa <strong>de</strong>terminação consubstancia-se num conjunto <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s que os profissionais, das mais diversas<br />
áreas, levam a cabo no seu quotidiano <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> que a <strong>INFO</strong> tem procurado dar notícia.<br />
Por aqui têm passado artigos que dão conta da evolução dos principais projectos do IPOCFG, <strong>de</strong><br />
técnicas clínicas relevantes para o tratamento e/ou para a investigação, <strong>de</strong> importantes trabalhos<br />
científicos e prémios atribuídos aos respectivos autores, <strong>de</strong> procedimentos recomendáveis como boas<br />
práticas, dos resultados <strong>de</strong> avaliações internas e/ou externas à “performance” da instituição, entre<br />
outros assuntos <strong>de</strong> interesse. Numa abordagem mais informal, como é a entrevista, procura-se <strong>de</strong>stacar<br />
uma actualida<strong>de</strong> relevante para o mérito do(s) profissional(ais) e consequentemente da própria<br />
instituição. Aqui, como na secção lúdica da revista, há também espaço para conhecer o outro lado,<br />
menos visível, do(s) interlocutor(es): opiniões, preferências, gostos pessoais.<br />
Também o doente participa nesta partilha <strong>de</strong> informação, em espaço que periodicamente reservamos<br />
para a divulgação dos seus comentários e opiniões, cuja análise, <strong>de</strong> que se ocupa o Gabinete do<br />
Utente, constitui sempre um excelente barómetro da imagem institucional.<br />
A abertura da secção lúdica é marcada com a presença habitual da rubrica “ARTE – o perfume da<br />
vida” da autoria do nosso colaborador Dr. Matos <strong>Coimbra</strong>, entusiasta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira hora, a quem<br />
queremos expressar um vivo Bem-Haja!<br />
Congratulamo-nos, enfim, com a crescente procura <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong> artigos, afinal razão <strong>de</strong> ser da<br />
<strong>INFO</strong>. Ela existe porque, quer no papel <strong>de</strong> leitor quer no papel <strong>de</strong> colaborador, há matéria-prima que<br />
lhe dá vida o que, sem dúvida, encoraja a prosseguir o caminho traçado.<br />
Ana Vaz<br />
Ficha Técnica<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> <strong>Francisco</strong> Gentil, E.P.E.<br />
Direcção Editorial: Conselho <strong>de</strong> Administração do <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> <strong>Francisco</strong> Gentil, E.P.E.<br />
Direcção Executiva: Ana Vaz e Maria João Dallot, Ano <strong>de</strong> Fundação: 2003, Tiragem: 1500 exemplares, Periodicida<strong>de</strong>: 3/ano, Distribuição gratuita,<br />
Design Editorial: João Alves Design | Liliana Jesus para WTA. Comunicação, Ilustração e Fotografia: João A. Moreira Alves, Impressão: Litografia <strong>Coimbra</strong> S.A.
Processos <strong>de</strong> Integração entre países<br />
e a “livre circulação” <strong>de</strong> doentes<br />
Carlos Santos, Administrador Executivo<br />
As recentes <strong>de</strong>clarações do Comissário<br />
Europeu sobre a livre circulação <strong>de</strong><br />
doentes no espaço da União Europeia<br />
abriram uma discussão que, no<br />
essencial se situa na confluência <strong>de</strong><br />
dois interesses aparentemente contraditórios:<br />
o da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação<br />
<strong>de</strong> pessoas, mercadorias e capitais e o<br />
da sustentabilida<strong>de</strong> financeira dos sistemas<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Pela actualida<strong>de</strong> do tema na agenda<br />
mediática das questões da política <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> sugerem-se algumas reflexões<br />
que mais não preten<strong>de</strong>m do que enquadrar<br />
esta matéria.<br />
O motor dos processos <strong>de</strong> integração<br />
são, tradicionalmente, as questões económicas<br />
e geopolíticas. Os mecanismos<br />
<strong>de</strong> harmonização social vêm normalmente<br />
a reboque daquelas.<br />
O grau <strong>de</strong> integração entre os países<br />
apresenta 5 estádios principais:<br />
1 - ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO – Eliminação<br />
<strong>de</strong> quotas e barreiras alfan<strong>de</strong>gárias.<br />
2 - UNIÃO ALFANDEGÁRIA – Adopção<br />
<strong>de</strong> tarifas e quotas comuns para as relações<br />
comerciais externas.<br />
3 - MERCADO COMUM – Eliminação<br />
<strong>de</strong> restrições <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> mercadorias,<br />
capitais e pessoas.<br />
4 - UNIÃO MONETÁRIA – adopção <strong>de</strong><br />
uma moeda única.<br />
5 - CONFEDERAÇÃO – O mais profundo<br />
estádio <strong>de</strong> integração.<br />
As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e territoriais<br />
constituem verda<strong>de</strong>iras barreiras não<br />
tarifárias à integração. Daí a importância<br />
dos Fundos Estruturais.<br />
Os países da U.E. têm tradição na garantia<br />
<strong>de</strong> protecção social. São amplos<br />
sistemas <strong>de</strong> bem-estar distintos quanto<br />
ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização mas com<br />
uma matriz comum <strong>de</strong> carácter público,<br />
<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social e <strong>de</strong> cobertura<br />
universal.<br />
Até ao momento, o reconhecimento<br />
das heterogeneida<strong>de</strong>s internas dos<br />
sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a garantia <strong>de</strong> protecção<br />
da saú<strong>de</strong> tem permanecido responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cada estado membro.<br />
No entanto, entre 1958 e 1998 cerca<br />
<strong>de</strong> 233 regulamentos da U.E. afectaram<br />
os Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
A livre circulação <strong>de</strong> pessoas (mercadorias<br />
e capitais) tem repercussões óbvias<br />
nos Sistemas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, seja quanto à<br />
garantia <strong>de</strong> direitos sociais, seja quanto<br />
à oferta <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A segurança e saú<strong>de</strong> dos trabalhadores e<br />
as condições <strong>de</strong> trabalho são harmonizadas<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da U.E. <strong>de</strong> forma a permitir<br />
a livre circulação <strong>de</strong> trabalhadores.<br />
Existe há muito regulamentação sobre<br />
a livre circulação <strong>de</strong> mercadorias na<br />
saú<strong>de</strong>, em aspectos como distribuição<br />
<strong>de</strong> medicamentos, vigilância sanitária,<br />
criação da EMEA (European Medicines<br />
Agency – Agência Europeia <strong>de</strong> Medicamentos).<br />
A livre circulação <strong>de</strong> capitais tem impacto<br />
nos investimentos hospitalares<br />
e po<strong>de</strong> vir a dificultar a regulação e o<br />
planeamento da oferta hospitalar.<br />
A Regulamentação do acesso à<br />
Saú<strong>de</strong> em outro Estado-Membro<br />
O acesso a Serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em outro<br />
Estado-Membro foi regulamentado ainda<br />
nos anos 70 (Direitos <strong>de</strong> Segurança<br />
Social para Trabalhadores migrantes):<br />
Regulamento CEE Nº 1408/71, posteriormente<br />
a garantia <strong>de</strong> acesso para<br />
estadias temporárias, como o Mo<strong>de</strong>lo<br />
E 111 e, mais tar<strong>de</strong>, a autorização <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>slocação para tratamento.<br />
Existem vários formulários, mas o E<br />
112 autoriza viagem para tratamento<br />
pre<strong>de</strong>finido por motivos <strong>de</strong> falta ou<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestação do serviço no<br />
país <strong>de</strong> origem, como por exemplo por<br />
lista <strong>de</strong> espera.<br />
Com estes regulamentos existentes o<br />
impacto numérico e financeiro da circulação<br />
<strong>de</strong> doentes tem sido diminuto.<br />
Dados <strong>de</strong> 1998 <strong>de</strong>monstram que o<br />
fluxo <strong>de</strong> pacientes correspon<strong>de</strong>u ape-<br />
nas a 0,1% dos gastos públicos em<br />
saú<strong>de</strong> na U.E. (2 Euros per capita).<br />
Em 2004 entrou em circulação o<br />
cartão europeu <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong> doença<br />
que substituirá gradualmente os formulários<br />
“E” excepto o E 112.<br />
As <strong>de</strong>cisões do Tribunal <strong>de</strong> Justiça Europeu<br />
nos casos Kohll e Decken (1998)<br />
e Smits/Reerbooms e Vanbraekel (2001)<br />
confirmam que as pessoas têm liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> procurar serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
em outro Estado-Membro sob certas<br />
condições:<br />
– O atendimento <strong>de</strong>ve ser nas mesmas<br />
condições que ao cidadão resi<strong>de</strong>nte.<br />
– É garantido o direito ao reembolso<br />
sem autorização prévia e com fundamento<br />
na livre circulação.<br />
Mas mesmo estas <strong>de</strong>cisões reconhecem<br />
que a situação <strong>de</strong>sejada não é garantia<br />
<strong>de</strong> escolha máxima pelo cidadão,<br />
como “consumidor” <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, pois isso comprometeria o planeamento<br />
e a organização dos serviços<br />
e acções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nacionais.<br />
Fala-se com insistência na necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir um pacote europeu virtual<br />
<strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A garantia do acesso aos serviços e<br />
produtos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no interior do mercado<br />
europeu foi utilizada para romper<br />
barreiras <strong>de</strong> circulação. Na modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> integração assumida, a queda <strong>de</strong><br />
barreiras à circulação <strong>de</strong> pessoas,<br />
produtos, serviços e capitais significou,<br />
na saú<strong>de</strong>, a livre movimentação <strong>de</strong><br />
profissionais, doentes, trabalhadores,<br />
fármacos, tecnologias e serviços.<br />
Tem havido intensos <strong>de</strong>bates sobre<br />
a matéria, relançados recentemente<br />
pelo Comissário Europeu, tal como<br />
referimos acima, mas a posição dominante<br />
tem sido a <strong>de</strong> que fundamentar<br />
<strong>de</strong>cisões sobre o acesso à saú<strong>de</strong> no imperativo<br />
do mercado preconiza a lógica<br />
individual do consumo em <strong>de</strong>trimento<br />
da lógica colectiva <strong>de</strong> protecção social<br />
a ser garantida pelo Estado.<br />
A discussão está agora a iniciar-se.<br />
Uma janela <strong>de</strong> avaliação por abrir<br />
Carlos Paiva, Administrador Hospitalar*,<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Gabinete do Utente<br />
Quando me <strong>de</strong>cido por <strong>de</strong>terminada loja para comprar<br />
<strong>de</strong>terminado produto, quando me <strong>de</strong>cido por comprar <strong>de</strong>terminado<br />
bem em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outro estou a apreciar a<br />
qualida<strong>de</strong> da loja, a qualida<strong>de</strong> do atendimento, a qualida<strong>de</strong><br />
do produto face ao preço <strong>de</strong> venda. Enten<strong>de</strong>ndo quase<br />
nada <strong>de</strong> automóveis, mas, se precisar <strong>de</strong> adquirir um, sou eu<br />
quem, finalmente, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>. Sem perceber coisa alguma <strong>de</strong><br />
papas para bebés, e, me dispuser a comprar esse produto<br />
para as minhas netas, sou eu quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> nos momentos<br />
cruciais <strong>de</strong> retirar o pacote da prateleira do supermercado e<br />
<strong>de</strong> o apresentar na caixa registadora para pagamento. Em<br />
todos estes exemplos posso socorrer-me do auxílio das informações<br />
disponibilizadas pelos fornecedores, através <strong>de</strong><br />
anúncios ou <strong>de</strong> outros documentos informativos ou da colaboração<br />
<strong>de</strong> amigos ou familiares, bons conselheiros.<br />
Mas no momento da <strong>de</strong>cisão sou implacável, opto por uma<br />
loja, por um produto, em <strong>de</strong>trimento absoluto das outras possibilida<strong>de</strong>s.<br />
De nada vale aos produtores queixarem-se <strong>de</strong> que<br />
eu nada percebo do assunto ou <strong>de</strong> que estou mal informado,<br />
e aos donos das outras lojas <strong>de</strong> que nada percebo da organização<br />
dos serviços comerciais ou <strong>de</strong> assistência após a venda,<br />
etc.. É ao cliente/utente, ainda que sujeito a influências que<br />
não domina, que é disponibilizado o po<strong>de</strong>r absoluto <strong>de</strong> julgar.<br />
Ocorrem-me estas consi<strong>de</strong>rações a propósito da apresentação<br />
sucinta dos dados relacionados com as exposições dos<br />
utentes do IPOCFG, E.P.E., ao Gabinete do Utente em 2005<br />
e 2006. É que, efectivamente, aos utentes dos serviços <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> portugueses está vedado optar, com facilida<strong>de</strong>, por<br />
este ou por aquele serviço, em função da sua apreciação da<br />
qualida<strong>de</strong> dos cuidados que recebe ou prevê receber (em<br />
relação ao preço, nem se discute pois ou praticamente não<br />
existe ou encontra-se tabelado por imposição tutelar). Nestas<br />
condições, é <strong>de</strong> atribuir a maior relevância às exposições<br />
dos utentes dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que “se atrevem” a expor<br />
o que sentem acerca dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> prestados, quer<br />
se trate <strong>de</strong> elogios, sugestões ou reclamações e qualquer<br />
que seja o assunto versado (organização dos serviços, qualida<strong>de</strong><br />
e oportunida<strong>de</strong> dos cuidados prestados, etc.).<br />
De nada vale aos gestores dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou aos<br />
prestadores <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> assinalar que os doentes<br />
nada sabem <strong>de</strong> organização dos serviços ou que ignoram<br />
tudo ou quase tudo sobre medicina e sobre os cuidados<br />
que a sua situação clínica merece. Se fosse dada aos utentes<br />
dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a mesma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> optar tal<br />
como está disponível em geral na aquisição <strong>de</strong> outros bens<br />
e serviços, seriam sempre eles os “julgadores finais” e os<br />
serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> menos qualificados sujeitos às consequências<br />
resultantes da perda <strong>de</strong> utentes…<br />
É neste contexto que vale a pena apreciar os dados relativos<br />
às exposições <strong>de</strong> utentes recebidas pelo Gabinete do Utente<br />
do IPOCFG, E.P.E., em 2005 e 2006, constantes dos quadros<br />
que seguem.<br />
Po<strong>de</strong> constatar-se que o número global <strong>de</strong> exposições, bem<br />
como o número <strong>de</strong> reclamações, sugestões e elogios variam<br />
sem qualquer significado.<br />
Importante é assinalar que entre as reclamações relacionadas<br />
com a prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o número <strong>de</strong><br />
reclamações incidindo sobre o “tempo <strong>de</strong> espera no dia da<br />
consulta, exame ou tratamento” se revela como o motivo <strong>de</strong><br />
reclamação <strong>de</strong> maior incidência (66,7 % em 2005 e 61,8%<br />
em 2006). Parece bem clara a mensagem a recolher das reclamações<br />
apresentadas por utentes do IPOCFG, E.P.E.:<br />
O tempo <strong>de</strong> espera no dia da consulta, exame ou tratamento<br />
constitui uma ocorrência que pesa muito na sensibilida<strong>de</strong><br />
dos utentes, constituindo um factor <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração<br />
importante na sua avaliação dos cuidados prestados.<br />
Esta constatação implica, certamente, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apreciar<br />
os procedimentos <strong>de</strong> agendamento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição da or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> chamada dos doentes, a fim <strong>de</strong> verificar o que po<strong>de</strong><br />
(<strong>de</strong>ve) ser modificado, em face da sensibilida<strong>de</strong> constatada.<br />
Exposições 2005/2006<br />
1-70<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
68<br />
Reclamação 2005<br />
Elogio 2006<br />
62<br />
Tipologia das Reclamações 2006<br />
40<br />
20<br />
0<br />
34<br />
12 6 14<br />
Prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
Actos Administrativos/Gestão<br />
Relacionais/Comportamentais<br />
Infraestruturas/Amenida<strong>de</strong>s<br />
Tipologia das Reclamações 2005<br />
40<br />
20<br />
0<br />
39<br />
12 8 12<br />
Prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
Actos Administrativos/Gestão<br />
Relacionais/Comportamentais<br />
Infraestruturas/Amenida<strong>de</strong>s<br />
*com a participação das colaboradoras do Gabinete do Utente do IPOCFG, E.P.E. (Ana Cruz e Ângela Vinha) na elaboração dos quadros.<br />
27 26<br />
Reclamação 2006<br />
Sugestão 2005<br />
14<br />
16<br />
Elogio 2005<br />
Sugestão 2006<br />
Prestação <strong>de</strong> Cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Tipologia (2006)<br />
25<br />
20<br />
15<br />
<strong>10</strong><br />
5<br />
0<br />
6<br />
7<br />
Cuidados <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quados<br />
Doente sem cuidados<br />
21<br />
Tempo <strong>de</strong> espera para cuidados<br />
Prestação <strong>de</strong> Cuidados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
Tipologia (2005)<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
<strong>10</strong><br />
5<br />
0<br />
4<br />
9<br />
Cuidados <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quados<br />
Doente sem cuidados<br />
26<br />
Tempo <strong>de</strong> espera para cuidados
O Serviço Social na Doença Oncológica:<br />
Perspectiva interdisciplinar<br />
Serviço Social do IPOCFG, E.P.E.<br />
No dia <strong>10</strong> <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2006 <strong>de</strong>correram, no auditório<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> <strong>Francisco</strong><br />
Gentil, E.P.E. (IPOCFG, E.P.E.), as Jornadas subordinadas ao<br />
tema: “O Serviço Social na Doença Oncológica – Perspectiva<br />
Interdisciplinar”.<br />
A organização esteve a cargo do Serviço Social e contou<br />
com o apoio <strong>de</strong> toda a Instituição bem como do Núcleo Regional<br />
do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC<br />
– LPCC) e ainda dos Laboratórios Janssen-Cilag Farmacêutica,<br />
Lda, Ferrer Azevedos e Águas das Caldas <strong>de</strong> Penacova.<br />
Estiveram presentes 140 pessoas, com diferentes formações<br />
académicas.<br />
A escolha do tema resultou da sua pertinência e actualida<strong>de</strong>.<br />
Pertinência essa justificada por uma necessida<strong>de</strong> acrescida <strong>de</strong><br />
uma abordagem ao doente enquanto ser bio-psico-social.<br />
As Jornadas tiveram como objectivo principal a partilha <strong>de</strong> experiências<br />
relativamente ao apoio social prestado ao doente<br />
oncológico, em diferentes contextos institucionais, bem como<br />
a perspectiva do cuidador seja este informal (familiar/amigo/<br />
vizinho, etc.) ou formal (profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>).<br />
Os vários temas abordados, numa perspectiva pluridisciplinar,<br />
fundamentam o <strong>de</strong>safio a novas práticas <strong>de</strong> actuação<br />
por parte dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tendo em conta a dignida<strong>de</strong><br />
intrínseca do doente enquanto ser humano.<br />
Os trabalhos incluíram quatro mesas redondas, sobre os<br />
temas “<strong>Oncologia</strong> e Interdisciplinarida<strong>de</strong>” mo<strong>de</strong>rada pelo<br />
Dr. Manuel António Silva, Presi<strong>de</strong>nte do Conselho <strong>de</strong> Admi-<br />
nistração (C.A.) do IPOCFG, E.P.E., “Apoio Social ao Doente<br />
Oncológico – partilha <strong>de</strong> experiências” mo<strong>de</strong>rada pelo Dr.<br />
Carlos Santos, Administrador Executivo do IPOCFG, E.P.E.,<br />
“Continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados – trabalho em re<strong>de</strong>” mo<strong>de</strong>rada<br />
pela Dr. a Margarida Pires, Assistente Social do IPOCFG,<br />
E.P.E., “Olhar <strong>de</strong> quem cuida” mo<strong>de</strong>rada pela Dr.ª Maria<br />
<strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Gonçalves, Assistente Social do NRC-LPCC e uma<br />
conferência subordinada ao tema “Repensar a Intervenção<br />
do Serviço Social em <strong>Oncologia</strong>” presidida pela Dr.ª Teresa<br />
Antunes da Silva 1 , Assistente Social do IPOCFG, E.P.E..<br />
A sessão <strong>de</strong> abertura foi presidida pelo Dr. Manuel António<br />
Silva, e contou com as seguintes participações: Dr. Fernando<br />
Jesus Regateiro, Presi<strong>de</strong>nte da Administração Regional <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> do Centro, Eng.º Pedro <strong>Coimbra</strong>, representante do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> e Segurança Social <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
Dr. Joaquim Correia dos Santos, Presi<strong>de</strong>nte do NRC-LPCC e<br />
a Dr.ª Maria Manuela Estevens Ferreira Simões, Directora do<br />
Serviço Social do IPOCFG, E.P.E..<br />
As Jornadas contaram com a participação <strong>de</strong> diversos especialistas<br />
<strong>de</strong> reconhecido mérito, nomeadamente, Dr. Óscar<br />
Vilão, Director do Serviço <strong>de</strong> Medicina Interna e Cuidados<br />
Paliativos do IPOCFG, E.P.E., Dr.ª Esperança Silva, Directora<br />
do Serviço Social do <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> do<br />
Porto <strong>Francisco</strong> Gentil, E.P.E. (IPOPFG, E.P.E.), Dr. Eduardo<br />
Carqueja, responsável da Consulta <strong>de</strong> Psicologia Oncológica<br />
da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> Médica do Hospital <strong>de</strong> S. João,<br />
Enf.ª Ana Maria Pereira, do IPOCFG, E.P.E., Dr. a Manuela<br />
Paiva do <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> Lisboa <strong>Francisco</strong><br />
Gentil (IPOLFG, E.P.E.), Dr.ª Conceição Toscano, Directora<br />
do Serviço Social do Hospital Distrital da Figueira<br />
1 Aposentada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006.<br />
da Foz, Dr.ª Cristina Varandas, Coor<strong>de</strong>nadora do Serviço<br />
Social do Hospital Geral do Centro Hospitalar <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
(HG – CHC), Dr.ª Natércia Freire e Dr.ª Graça Almeida, Assistentes<br />
Sociais dos Hospitais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
Dr.ª Teresa Sousa, Assistente Social do IPOCFG, E.P.E., Dr.ª<br />
Sónia Guadalupe, Docente do <strong>Instituto</strong> Superior Miguel<br />
Torga, Dr.ª Marta Fael, Assistente Social da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Cuidados Continuados do Núcleo <strong>de</strong> Vale <strong>de</strong> Cambra, Dr.ª<br />
Cristina Santos, Assistente Social do Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Santa Comba Dão, Dr.ª Eva Seguro, Directora Técnica da<br />
Aca<strong>de</strong>mia Cultural e Social <strong>de</strong> Maceira, Enf.º Rodrigo Nunes<br />
do IPOCFG, E.P.E. , Sr. Armando Silva, Coor<strong>de</strong>nador do Voluntariado<br />
do NRC – LPCC, Eng.ª Susana Maia, familiar <strong>de</strong><br />
doente oncológico.<br />
Para a organização <strong>de</strong>ste evento foi muito gratificante a<br />
presença <strong>de</strong> todos a quem publicamente se agra<strong>de</strong>ce.<br />
Consi<strong>de</strong>ramos que foram alcançados os objectivos inicialmente<br />
propostos e que este encontro se revelou como uma<br />
“mais-valia” para todos os presentes.<br />
Sem pretensão <strong>de</strong> ver encerrado, nestas Jornadas, o <strong>de</strong>bate<br />
<strong>de</strong> questões tão prepon<strong>de</strong>rantes em <strong>Oncologia</strong>, no trabalho<br />
em equipa e no próprio <strong>de</strong>sempenho do papel do Serviço<br />
Social, levantamos algumas questões para reflexões futuras,<br />
nomeadamente no que concerne à interdisciplinarida<strong>de</strong>,<br />
trabalho em equipa e re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> suporte.<br />
No que respeita à interdisciplinarida<strong>de</strong> e trabalho <strong>de</strong> equipa<br />
propriamente dito é consensual, por parte dos diferentes<br />
profissionais, <strong>de</strong> que o trabalho hoje em dia <strong>de</strong>senvolvido,<br />
tem uma qualida<strong>de</strong> e uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta superior<br />
ao trabalho que foi realizado em décadas anteriores. Contudo<br />
e porque o ser humano é em si um ser em constante<br />
evolução, as áreas e ciências que com ele trabalham, têm<br />
que encerrar em si mesmas uma constante mudança no<br />
sentido <strong>de</strong> se adaptarem às novas e mais exigentes necessida<strong>de</strong>s<br />
do doente.<br />
Numa intervenção holística torna-se urgente a partilha <strong>de</strong><br />
diferentes saberes e perspectivas <strong>de</strong> forma a que as necessida<strong>de</strong>s<br />
do doente, diversas e em constante mutação, sejam<br />
correspondidas.<br />
Isto só é viável quando numa equipa cada elemento, apesar <strong>de</strong><br />
trabalhar para um todo, respeita a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada profissional<br />
e os seus próprios limites <strong>de</strong> actuação, tendo a comunicação<br />
como um dos principais instrumentos <strong>de</strong> trabalho.<br />
De salientar ainda, a importância da partilha entre as instituições<br />
<strong>de</strong> suporte ao doente oncológico e sua família. A<br />
qualida<strong>de</strong> e o acompanhamento do doente, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
unicamente da estrutura em que está inserido em <strong>de</strong>terminado<br />
momento, mas <strong>de</strong> toda uma re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> suporte<br />
que se articula entre si, oferecendo respostas consensuais e<br />
a<strong>de</strong>quadas que valorizem o próprio nível <strong>de</strong> suporte percebido<br />
pelo doente.<br />
Pela sua actualida<strong>de</strong>, pela necessida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate<br />
<strong>de</strong>stas questões e pela promoção do crescimento das equipas<br />
e, obviamente, pelos resultados que se <strong>de</strong>sejam obter<br />
através <strong>de</strong> um acompanhamento cada vez mais cuidado e com<br />
maior qualida<strong>de</strong> ao doente oncológico e sua família, a realiza-
ção <strong>de</strong> novos encontros é um assunto em agenda. Só da partilha, discussão, análise e reflexão po<strong>de</strong>m<br />
surgir novas práticas profissionais que permitam ir <strong>de</strong> encontro ao que é hoje a Saú<strong>de</strong> e no que consiste a<br />
prática e a promoção da mesma.<br />
Das intervenções apresentadas gostaríamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a conferência da Mestre Guadalupe, Docente<br />
do <strong>Instituto</strong> Superior Miguel Torga – “(Re)pensar a intervenção do Serviço Social em <strong>Oncologia</strong>” que<br />
efectuou uma resenha histórica do Serviço Social na Saú<strong>de</strong> e na <strong>Oncologia</strong>, o papel actual do Serviço<br />
Social nesta área e os novos <strong>de</strong>safios dos quais gostaríamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar alguns pontos:<br />
1. 2.<br />
3. 4.<br />
5. 6.<br />
7.<br />
1. A intervenção do Serviço Social ainda entendida como<br />
compensatória<br />
2. A Importância da continuida<strong>de</strong> dos cuidados<br />
3. A importância da sinalização social<br />
4. O trabalho interdisciplinar<br />
5. O impacto da doença oncológica<br />
6. A inovação no Serviço Social<br />
7. A intervenção do Serviço Social como emancipador<br />
Radiologia e Biópsia Mamária<br />
Idílio Gomes, Director do Serviço <strong>de</strong> Imagiologia<br />
InTRODUçãO<br />
Nas últimas décadas o cancro da mama tem sido uma preocupação<br />
crescente da raça humana e em particular da medicina,<br />
<strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong> ser o cancro mais frequente da<br />
mulher (<strong>10</strong> em cada <strong>10</strong>0 mulheres vão ter um cancro da<br />
mama ao longo da sua vida). A sua incidência tem crescido<br />
nos últimos anos.<br />
A prevenção <strong>de</strong>sta doença é <strong>de</strong> abordagem muito difícil, embora<br />
possamos actuar discretamente em algumas variáveis, tais<br />
como estimular os chamados “hábitos <strong>de</strong> vida saudáveis”.<br />
A nós, profissionais da saú<strong>de</strong>, cabe-nos o papel <strong>de</strong> alertar e<br />
implementar o diagnóstico precoce da doença, numa tentativa<br />
<strong>de</strong> melhorar os ratios <strong>de</strong> cura da doença e/ou aumentar<br />
as taxas <strong>de</strong> sobrevida. A história dos últimos vinte anos<br />
<strong>de</strong>monstrou, fruto das campanhas <strong>de</strong> rastreio efectuadas<br />
nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos (on<strong>de</strong> nos incluímos), que<br />
embora tenha duplicado o número <strong>de</strong> cancros <strong>de</strong> mama,<br />
a sua mortalida<strong>de</strong> diminuiu. É uma certeza que <strong>de</strong> todos<br />
os factores que contribuíram para esta melhoria da taxa <strong>de</strong><br />
mortalida<strong>de</strong>, o mais substantivo foi o diagnóstico precoce.<br />
DIAgnóSTIcO IMAgIOLógIcO<br />
Para o diagnóstico precoce do cancro da mama concorrem<br />
essencialmente duas técnicas imagiológicas complementares<br />
– mamografia e ecografia mamária. É numa fase infra-clínica<br />
que convém fazer o diagnóstico. Há que banir o conceito <strong>de</strong><br />
que não sinto ou não palpo nada, então não necessito <strong>de</strong><br />
pesquisar. É justamente nessa altura que <strong>de</strong>vemos actuar.<br />
Existem vários protocolos <strong>de</strong> diagnóstico precoce do cancro<br />
da mama. Todos eles têm argumentos válidos e todos<br />
eles têm justificações económicas que os apoiam ou reprovam.<br />
No entanto há que ter algum bom senso. A partir<br />
dos quarenta anos há que pesquisar com periodicida<strong>de</strong>s<br />
nunca superior a dois anos e se possível, com periodicida<strong>de</strong><br />
anual. Quem tiver antece<strong>de</strong>ntes familiares <strong>de</strong>verá iniciar a<br />
sua pesquisa <strong>de</strong>z anos antes em relação à ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecimento<br />
no familiar.<br />
DIAgnóSTIcO AnáTOMO-PATOLógIcO<br />
Após conhecimento <strong>de</strong> uma lesão mamária e no caso <strong>de</strong>la<br />
traduzir algum grau <strong>de</strong> suspeição para malignida<strong>de</strong>, é imperioso<br />
submeter essa lesão a investigação anátomo-patológica.<br />
Existem várias técnicas para explorar uma lesão mamária e<br />
tentar obter um diagnóstico, e que consiste em retirar bocados<br />
<strong>de</strong> lesão ou células da mesma e enviar para análise<br />
anátomo-patológica.<br />
A boa prática médica exige que a colheita seja representativa<br />
da lesão, não permitindo falsos resultados, pouco mutilante<br />
para o paciente, com baixos custos e que o tempo<br />
para o diagnóstico seja muito breve.<br />
As diversas técnicas existentes são as seguintes:<br />
Biópsia a céu aberto – O cirurgião faz uma abordagem<br />
percutânea até atingir a lesão e <strong>de</strong>pois retira um bocado <strong>de</strong><br />
lesão para análise anátomo-patológica. Abordagem que po<strong>de</strong><br />
ser feita para lesões palpáveis ou lesões infra-clínicas (não<br />
palpáveis), mediante marcação prévia com arpão ou carbono.<br />
Actualmente esta prática está em <strong>de</strong>suso e nos centros <strong>de</strong><br />
referência é praticada, em casos seleccionados. É uma prática<br />
onerosa e mutilante, pouco aceitável nas lesões on<strong>de</strong> se<br />
conclui pela benignida<strong>de</strong> (que <strong>de</strong>verá constituir cerca <strong>de</strong><br />
50% dos resultados). Na nossa instituição é usada apenas<br />
em situações seleccionadas <strong>de</strong> lesões com características<br />
muito especiais ou em casos que outros tipos <strong>de</strong> biópsia,<br />
menos mutilantes, não conseguiram esclarecer o diagnóstico.<br />
A cicatriz <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> biópsia provoca distorção das<br />
margens da lesão po<strong>de</strong>ndo dificultar ou impossibilitar uma<br />
remoção da lesão (tumorectomia), com margens <strong>de</strong> segurança,<br />
caso seja essa a opção terapêutica.<br />
citologia – Consiste em usar uma agulha fina, introduzi-la<br />
na lesão e aspirar material para ser analisado. É uma técnica<br />
rápida e económica. Técnica muito usada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muitos<br />
anos e com excelentes resultados em alguns países, nomeadamente<br />
em Portugal. Exige Citologistas <strong>de</strong> excelência (temos<br />
o privilégio <strong>de</strong> privar com eles).<br />
É uma técnica com algumas limitações <strong>de</strong>vido à impossibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> afirmar o carácter invasivo <strong>de</strong> uma lesão maligna,<br />
não fornecer todos os marcadores hormonais e, para as<br />
Mamografo digital com estereotaxia.
Continuamos esperançados em melhorar a nossa prática e servir o melhor possível os<br />
nossos utentes e continuar a merecer a sua confiança.<br />
lesões infra-clínicas, apresenta uma taxa elevada <strong>de</strong> punções<br />
não contributivas. Algumas equipas não aceitam os seus<br />
resultados para tratamento, <strong>de</strong>signadamente o uso <strong>de</strong><br />
quimioterapia ou mastectomia. Penso que é uma técnica<br />
que <strong>de</strong>ve ser usada em algumas situações, <strong>de</strong>signadamente,<br />
lesões com componente líquido predominante ou situações<br />
palpáveis com critérios clínicos e imagiológicos sugestivos<br />
<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> (BI-RADS 5).<br />
Nota: BI-RADS 5 – lesões com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong><br />
superior a 95%.<br />
Biópsia com pistola automática (microbiópsia) – Usa<br />
agulhas com calibres mais grossos (14, 16 e 18 gauge),<br />
acopladas a uma pistola com sistema <strong>de</strong> disparo para recolha<br />
<strong>de</strong> material. Nós usamos habitualmente agulhas <strong>de</strong> 14<br />
gauge, para obter maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecido (excepcionalmente<br />
usamos o 16 gauge – em situações on<strong>de</strong> a dureza do<br />
tecido exige uma agulha mais fina para facilitar ou permitir<br />
a penetração da agulha na lesão).<br />
Técnica usada pela nossa instituição há muitos anos para<br />
lesões palpáveis e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os finais dos anos noventa para<br />
lesões infra-clínicas. Des<strong>de</strong> 2003 e com a colaboração e estímulo<br />
constante da Dr.ª Manuela Lacerda (distinta Anátomo-<br />
-patologista da nossa Instituição) generalizámos o uso <strong>de</strong>sta<br />
técnica às lesões infra-clínicas com tradução ecográfica,<br />
com resultados excelentes, sem resultados falsos positivos<br />
para malignida<strong>de</strong>.<br />
Em 2006 efectuámos este procedimento em mais <strong>de</strong> quatrocentos<br />
pacientes.<br />
Pensamos que esta técnica não <strong>de</strong>ve ser usada nas abordagens<br />
<strong>de</strong> lesões com outras técnicas imagiológicas (mamografia,<br />
ressonância magnética ou TAC) e, consequentemente,<br />
em lesões sem tradução ecográfica.<br />
Biópsia por vácuo (macrobiópsia) – Usa agulhas mais<br />
grossas (8, <strong>10</strong>, 11 e 12 gauge). As agulhas estão associadas<br />
a uma pistola com sistema <strong>de</strong> aspiração, para recolher diversos<br />
fragmentos da lesão.<br />
No nosso serviço usamos agulhas <strong>de</strong> <strong>10</strong> gauge. Des<strong>de</strong> os<br />
finais <strong>de</strong> 2006 generalizámos esta abordagem às lesões sem<br />
tradução ecográfica e que eram candidatas a biopsia cirúrgica<br />
marcada com arpão. Uma vez mais, contámos com a<br />
distinta colaboração e <strong>de</strong>dicação da Dr.ª Manuela Lacerda.<br />
Decisiva no êxito dos nossos resultados.<br />
A.B.B.I. – É um misto <strong>de</strong> macrobiópsia com a biopsia a céu<br />
aberto. Usa cânulas <strong>de</strong> 0,5 a 2,0 cm <strong>de</strong> calibre. Faz uma<br />
biopsia percutânea, excisando a lesão. É uma técnica mais<br />
onerosa que as outras macrobiópsias, mais mutilante e não<br />
está validada como técnica terapêutica em lesões malignas.<br />
A nossa Instituição tem uma larga experiência (nove anos) e<br />
casuística nesta técnica, com óptimos resultados. Julgamos<br />
que é uma técnica a consi<strong>de</strong>rar em situações seleccionadas.<br />
É nossa convicção que, no estado actual da arte, a quase<br />
totalida<strong>de</strong> das lesões mamárias com suspeita <strong>de</strong> serem pré-<br />
-malignas ou malignas, po<strong>de</strong>m ter uma abordagem em ambulatório,<br />
com baixo custo para o erário público e para o<br />
paciente, com uma mutilação <strong>de</strong>sprezível para o paciente e<br />
com um tempo <strong>de</strong> diagnóstico muito curto por parte do anátomo-patologista<br />
(um menor nº <strong>de</strong> lâminas para avaliação).<br />
Tipos <strong>de</strong> lesão:<br />
De uma forma geral, as lesões mamárias po<strong>de</strong>m dividir-se<br />
em dois gran<strong>de</strong>s grupos:<br />
Lesões palpáveis – on<strong>de</strong> a punção aspirativa ou a biópsia<br />
com pistola po<strong>de</strong> ser feita orientada pela palpação.<br />
Na nossa experiência temos verificado que nestas lesões é<br />
<strong>de</strong>sejável, sempre que possível, orientá-las por ecografia,<br />
orientando a zona <strong>de</strong> colheita, permitindo ter a certeza da<br />
colocação da agulha e evitando zonas <strong>de</strong> necrose, anulando<br />
o n.º <strong>de</strong> actos não contributivos, (n.º não <strong>de</strong>sprezível e pouco<br />
aceitável em lesões palpáveis).<br />
Lesões não palpáveis – on<strong>de</strong> a punção ou a biópsia com<br />
pistola tem <strong>de</strong> obrigatoriamente ser orientada por uma das<br />
técnicas radiológicas que a diagnosticou.<br />
Em todas as lesões que tenham tradução ecográfica, a orientação<br />
para punção ou biópsia <strong>de</strong>verá ser orientada por esta<br />
técnica. É uma técnica barata, disponível, acessível, rápida<br />
e eficaz.<br />
A nossa prática:<br />
Em Novembro <strong>de</strong> 2006 criámos um grupo multidisciplinar<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão diagnóstica <strong>de</strong> patologia mamária, composto por<br />
anátomo-patologistas, cirurgiões, ginecologistas e radiologistas.<br />
Para este grupo são orientados todos os casos <strong>de</strong><br />
lesões mamárias infra-clínicas e um n.º crescente <strong>de</strong> lesões<br />
palpáveis para selecção da melhor técnica <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> material<br />
da lesão e posteriormente o mesmo grupo efectua a<br />
correlação histo-radiológica para validação dos resultados e<br />
envio a reunião <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão terapêutica.<br />
Todas as lesões classificadas em BI-RADS 4 (probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> maior que 2% e menor que 95%) e 5 e<br />
uma pequena parcela <strong>de</strong> BI-RADS 3 (probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong><br />
menor que 2%) são orientadas para investigação<br />
anátomo-patológica.<br />
Cerca <strong>de</strong> 2/3 das lesões têm expressão ecográfica e são orientadas<br />
para microbiópsia ecoguiada. Como já foi dito é uma<br />
técnica efectuada em ambulatório e após o procedimento a<br />
doente po<strong>de</strong> retomar a sua vida normal. É um procedimento<br />
efectuado com anestesia local. A hemorragia e a infecção<br />
são complicações muito raras. As cicatrizes cutâneas são<br />
inexistentes ou pouco perceptíveis. É <strong>de</strong>sejável recomendar<br />
aplicação <strong>de</strong> gelo local nos dias seguintes à intervenção.<br />
1/3 é referenciado para macrobiópsia (1/3 para A.B.B.I.).<br />
Qualquer uma das técnicas é feita em ambulatório, com anestesia<br />
local e após o procedimento a doente po<strong>de</strong> retomar a<br />
sua vida normal. A hemorragia não é rara, mas facilmente<br />
controlável. A infecção é uma complicação rara. No A.B.B.I.<br />
a cicatriz nem sempre é <strong>de</strong>sprezível. Nestes procedimentos,<br />
mais invasivos que a microbiópsia é <strong>de</strong>sejável efectuar uma<br />
cobertura antibiótica, analgésica e anti-inflamatória.<br />
Os A.B.B.I., efectuámos numa mesa prono, <strong>de</strong>dicada, aumentando<br />
imenso os custos <strong>de</strong>ste procedimento, por custos<br />
<strong>de</strong> equipamento e <strong>de</strong> espaço. As restantes macrobiópsias<br />
efectuamos no mamógrafo digital do serviço, equipado<br />
com estereotaxia digital e com uma marquesa <strong>de</strong>dicada<br />
para intervenção mamária que permite efectuar todos estes<br />
procedimentos em <strong>de</strong>cúbito.<br />
A propósito gostaria <strong>de</strong> alertar para muita bibliografia e<br />
publicida<strong>de</strong> que enaltecem e valorizam as mesas <strong>de</strong>dicadas<br />
prono para a intervenção mamária. Na nossa experiência<br />
adquirimos uma opinião divergente.<br />
1. A posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito ventral é muito <strong>de</strong>sconfortável<br />
para a paciente e uma limitação para a execução em muitos<br />
pacientes idosos.<br />
2. Habitualmente a qualida<strong>de</strong> digital da imagem <strong>de</strong>stes<br />
equipamentos é inferior à qualida<strong>de</strong> dos mamógrafos digitais<br />
usados para diagnóstico.<br />
3. Na mesa prono, como a posição da mama não reproduz a<br />
posição radiografada aquando do exame diagnóstico, existem<br />
diversas áreas da mama inacessíveis, <strong>de</strong>signadamente<br />
lesões posteriores. As mamas pequenas também são <strong>de</strong><br />
abordagem muito difícil.<br />
4. No mamógrafo digital nunca tivemos nenhuma lesão que<br />
visualizássemos no exame diagnóstico e que <strong>de</strong>pois não<br />
fosse possível biopsá-la, pela simples razão que reproduz<br />
as mesmas condições <strong>de</strong> adaptação da mama à aquisição<br />
<strong>de</strong> imagem.<br />
Um n.º insignificante é referenciado para biopsia cirúrgica, em<br />
situações muito seleccionadas e um pequeno n.º <strong>de</strong> lesões,<br />
<strong>de</strong>vido à sua composição é orientada para estudo citológico,<br />
isoladamente ou em associação com estudo histológico.<br />
Em situações <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nopatias suspeitas é <strong>de</strong>sejável efectuar<br />
estudo citológico do gânglio.<br />
As nossas previsões para 2007 são <strong>de</strong> um crescimento significativo<br />
relativamente a 2006. Deveremos efectuar cerca <strong>de</strong> 250<br />
macrobiópsias e cerca <strong>de</strong> 500 microbiópsias. Os nossos resultados<br />
<strong>de</strong>verão manter os critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> actuais, on<strong>de</strong> esperamos<br />
ter uma média <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> lesões não benignas.<br />
Continuamos esperançados em melhorar a nossa prática<br />
e servir o melhor possível os nossos utentes e continuar a<br />
merecer a sua confiança. Acresce a isto a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> optimizar<br />
os nossos recursos humanos e financeiros e contribuir<br />
<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para o combate ao <strong>de</strong>sperdício na saú<strong>de</strong>.<br />
Aproveitamos esta oportunida<strong>de</strong> para sensibilizar o po<strong>de</strong>r<br />
político para estimularem os números hospitalares <strong>de</strong> cirurgia<br />
ambulatória em <strong>de</strong>trimento da cirurgia em internamento.<br />
A actual filosofia <strong>de</strong> financiamento hospitalar não valoriza<br />
com substância a cirurgia ambulatória e a radiologia <strong>de</strong><br />
intervenção, esquecendo os custos elevados, directos e indirectos<br />
dos procedimentos efectuados em internamento.<br />
O nosso sucesso <strong>de</strong>ve-se a diversos contributos, dos quais<br />
<strong>de</strong>staco:<br />
– O apoio incansável e substantivo do Conselho <strong>de</strong> Administração<br />
e das sucessivas Direcções Clínicas aos nossos projectos e<br />
rumos, que permitiram dotar o Serviço <strong>de</strong> Imagiologia com<br />
excelentes equipamentos e óptimos profissionais;<br />
– O estímulo constante e <strong>de</strong>dicação da directora do Departamento<br />
<strong>de</strong> Anatomia Patológica;<br />
– A excelência do trabalho dos Serviços <strong>de</strong> Citopatologia e<br />
Histopatologia;<br />
– A colaboração, respeito e <strong>de</strong>dicação dos Serviços <strong>de</strong> Cirurgia,<br />
Ginecologia e seus directores;<br />
– A escola <strong>de</strong>ixada pelo meu ex-director, o Dr. Dário Bettencourt<br />
Cruz.<br />
Para terminar gostaria <strong>de</strong> afirmar publicamente que me<br />
sinto honrado por trabalhar nesta Instituição, que tanto dignifica<br />
o nosso País, e <strong>de</strong> dirigir um Serviço recheado <strong>de</strong><br />
excelentes profissionais.<br />
Macrobiópsia mamária.
Projecto “Bem-Estar”<br />
Massagem e Relaxamento para Alívio da Dor Oncológica<br />
Carla Oliveira, Enfermeira Licenciada, Serviço <strong>de</strong> Cirurgia<br />
Carla Rato, Enfermeira Graduada Licenciada, Serviço <strong>de</strong> Cuidados Paliativos<br />
Cristina França, Enfermeira Graduada, Serviço <strong>de</strong> Gastrenterologia<br />
Graça Folhas, Enfermeira Graduada, Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intermédios<br />
RESUMO<br />
O Doente Oncológico pela sua especificida<strong>de</strong>, exige uma<br />
intervenção no cuidar do alívio da Dor, por parte dos EN-<br />
FERMEIROS, competente e fundamentada, no olhar sobre a<br />
pessoa e os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, orientado por princípios éticos<br />
universais e motivada pelos valores específicos do exercício<br />
da profissão. Neste sentido, um grupo <strong>de</strong> Enfermeiros<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> <strong>Francisco</strong><br />
Gentil – Entida<strong>de</strong> Pública Empresarial (IPOCFG-E.P.E.), elaboraram<br />
e implementaram um projecto inserido na Unida<strong>de</strong><br />
da Dor, com vista à redução e alívio da Dor recorrendo a<br />
técnicas não farmacológicas.<br />
Apesar <strong>de</strong> recente, é possível constatar as suas vantagens e o<br />
seu contributo para a prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> excelência.<br />
PALAvRAS-cHAvE<br />
Dor Oncológica; Unida<strong>de</strong> da Dor; Massagem; Relaxamento;<br />
Enfermeiro.<br />
InTRODUçãO<br />
A dor é dos sintomas mais comuns e penosos da doença, tornando-se<br />
por isso, num fenómeno complexo, cuja vivência<br />
afecta a vida humana no mundo inteiro, é pois, um conceito<br />
abstracto que <strong>de</strong>safia uma <strong>de</strong>finição rigorosa e mensurável.<br />
No Plano Nacional <strong>de</strong> Luta Contra a Dor, consi<strong>de</strong>ra-se a<br />
dor como “um fenómeno complexo, constantemente especulativo<br />
nas suas vertentes biofisiológicas, bioquímicas,<br />
psicossociais, comportamentais e morais, que importa ser<br />
entendida” (2001:5).<br />
A dor em oncologia além do seu carácter <strong>de</strong> cronicida<strong>de</strong>,<br />
tem subjacente uma patologia neoplásica que, só por si,<br />
suscita prognósticos capazes <strong>de</strong> influenciar, <strong>de</strong>cisivamente,<br />
a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos doentes.<br />
Assim sendo, cuidar o doente com dor, assume-se como<br />
uma intervenção abrangente, ao englobar as componentes<br />
sensorial e emocional da pessoa entre outras.<br />
Segundo os enunciados <strong>de</strong>scritivos da Or<strong>de</strong>m dos Enfermeiros<br />
pessoa é “um ser social e agente intencional <strong>de</strong> comportamentos<br />
baseados nos valores, nas crenças e nos <strong>de</strong>sejos<br />
da natureza individual, o que torna cada pessoa num ser<br />
único, com dignida<strong>de</strong> própria e direito a auto<strong>de</strong>terminar-<br />
-se.” (2003: 144).<br />
Consi<strong>de</strong>rando as várias dimensões da Pessoa, impõe-se<br />
necessariamente, um conceito <strong>de</strong> cuidados holísticos, <strong>de</strong><br />
modo a satisfazer a complexida<strong>de</strong> das necessida<strong>de</strong>s que<br />
estes doentes evi<strong>de</strong>nciam.<br />
A preocupação social em torno da problemática da dor reflecte-se<br />
no conteúdo do <strong>de</strong>spacho ministerial n.º <strong>10</strong> 324/99<br />
– 2.ª Série, publicada no Diário da República n.º 122, <strong>de</strong> 26<br />
<strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1999, referindo que “A abordagem e gestão<br />
da Dor é uma priorida<strong>de</strong> consignada na estratégia nacional<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, uma vez que não <strong>de</strong>ve continuar a ser encarada<br />
como uma fatalida<strong>de</strong>, quando existem importantes meios<br />
que a permitem controlar eficazmente”. Também a Circular<br />
Normativa n.º 9/DGCG refere que “O controlo eficaz da<br />
dor é um <strong>de</strong>ver dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, um direito dos<br />
doentes que <strong>de</strong>la pa<strong>de</strong>cem e um passo fundamental para<br />
a efectiva humanização das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>” (2003: 1),<br />
assim como o Plano Nacional <strong>de</strong> Luta Contra a Dor, editado<br />
em 2001, pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>.<br />
Para respon<strong>de</strong>r às intervenções autónomas <strong>de</strong> enfermagem<br />
previstas no referido plano, este documento ressalva as<br />
técnicas não farmacológicas, salientando que “(…) o enfermeiro,<br />
tendo em conta o tempo <strong>de</strong> presença junto dos<br />
doentes e famílias, bem como a relação terapêutica próxima<br />
na perspectiva da relação <strong>de</strong> ajuda, é, por excelência, uma<br />
pedra basilar na implementação, execução e avaliação <strong>de</strong><br />
uma estratégia multidisciplinar <strong>de</strong> controlo da dor” (Plano<br />
Nacional <strong>de</strong> Luta Contra a Dor, 2001:49).<br />
O PROjEcTO “BEM-ESTAR”<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> proporcionar aos doentes oncológicos,<br />
que frequentam a Unida<strong>de</strong> da Dor do IPOcFg – E.P.E.,<br />
alívio da dor, diminuição da ansieda<strong>de</strong> e optimização da<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, entrou em funcionamento nesta mesma<br />
Unida<strong>de</strong>, a 15 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2005, o projecto “Bem-Estar”,<br />
<strong>de</strong>senvolvido por Enfermeiros, assente em intervenções<br />
não farmacológicas, proporcionando sessões <strong>de</strong> massagem,<br />
relaxamento guiado por voz e musicoterapia.<br />
Inicialmente teve a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> “Projecto dos enfermeiros<br />
do serviço <strong>de</strong> cirurgia sobre técnicas <strong>de</strong> massagem e relaxamento<br />
a <strong>de</strong>senvolver na unida<strong>de</strong> da dor”, dado que os<br />
enfermeiros envolvidos neste projecto pertenciam ao serviço<br />
anteriormente referido. Actualmente o grupo foi alargado,<br />
sendo constituído por sete enfermeiros:<br />
Ana Lúcia Morais (Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Internamento)<br />
Carla Oliveira (Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Internamento)<br />
Carla Rato (Serviço <strong>de</strong> Cuidados Paliativos)<br />
Cristina França (Serviço <strong>de</strong> Gastrenterologia)<br />
Graça Folhas (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intermédios)<br />
Raquel Nogueira (Serviço <strong>de</strong> Cuidados Paliativos)<br />
Sérgio Santiago (Serviço <strong>de</strong> Cirurgia Internamento)<br />
O interesse por esta área surgiu no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> um curso<br />
leccionado na Escola Superior <strong>de</strong> Enfermagem <strong>de</strong> Bissaya<br />
Barreto, hoje integrada na Escola Superior <strong>de</strong> Enfermagem<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, frequentado por estes Enfermeiros, ministrado<br />
pela Professora Doutora Fátima Dias, intitulado “Técnicas<br />
<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> stress, gestão <strong>de</strong> emoções, controlo da dor e<br />
aumento da produtivida<strong>de</strong>” e na tentativa <strong>de</strong> dar resposta<br />
às necessida<strong>de</strong>s sentidas na Unida<strong>de</strong> da Dor, <strong>de</strong> forma a<br />
cumprir o Plano Nacional <strong>de</strong> Luta contra a Dor.<br />
A formação nesta temática tem continuado a <strong>de</strong>spertar<br />
interesse nos elementos do grupo, verificando-se investimento<br />
e aprofundamento <strong>de</strong> conhecimentos nestas áreas,<br />
e noutras áreas complementares da massagem terapêutica.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste projecto só tem sido possível<br />
<strong>de</strong>vido ao interesse, à disponibilida<strong>de</strong> e cooperação tanto<br />
por parte da equipa multidisciplinar da unida<strong>de</strong> da dor<br />
como da gran<strong>de</strong> abertura e sensibilida<strong>de</strong> nesta área do Conselho<br />
<strong>de</strong> Administração <strong>de</strong>sta instituição e dos Enfermeiros<br />
chefes dos respectivos serviços a que pertencem os enfermeiros<br />
<strong>de</strong>ste grupo.<br />
DESEnvOLvIMEnTO DO PROjEcTO<br />
No cuidar, as diferentes formas <strong>de</strong> comunicação utilizadas<br />
pelos Enfermeiros, sustentam o fundamento da relação<br />
enfermeiro-doente e permitem consi<strong>de</strong>rar a mesma como<br />
uma competência profissional, que exige treino e perícia.<br />
Mais do que uma ferramenta terapêutica, a comunicação é<br />
uma atitu<strong>de</strong> profissional promotora <strong>de</strong> autonomia, confiança,<br />
alegria e felicida<strong>de</strong> (Costa, 2004).<br />
Partindo <strong>de</strong>sta premissa <strong>de</strong>lineamos para este projecto os<br />
seguintes objectivos específicos:<br />
Aumentar o nível <strong>de</strong> tolerância à dor, capacitando o<br />
doente para a adopção <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> controlo da<br />
mesma e da ansieda<strong>de</strong>;<br />
Diminuir a intensida<strong>de</strong> da dor tendo em vista a redução<br />
do recurso aos analgésicos;<br />
Romper o ciclo Dor – Mal-Estar – Dor;<br />
Melhorar a qualida<strong>de</strong> do sono e repouso;<br />
Reforçar a auto-estima e a autonomia.<br />
As sessões <strong>de</strong> massagem e relaxamento funcionam às<br />
terças-feiras das 8h00 às 16h30, na Unida<strong>de</strong> da Dor numa<br />
sala <strong>de</strong>stinada e equipada para o efeito, sendo estas asseguradas<br />
por um dos sete enfermeiros provenientes <strong>de</strong> diferentes<br />
serviços, mediante um plano <strong>de</strong> distribuição mensal.<br />
Os doentes são propostos às sessões pelos elementos da<br />
Unida<strong>de</strong> da Dor, consi<strong>de</strong>rando o tipo <strong>de</strong> dor, a situação<br />
clínica, a vonta<strong>de</strong> própria do doente e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte.<br />
São atendidos em cada sessão seis doentes, permitin-<br />
do assim uma frequência semanal e/ou quinzenal mediante<br />
a gravida<strong>de</strong> da situação do doente.<br />
Segundo protocolo <strong>de</strong> actuação o Enfermeiro:<br />
1. Acolhe o doente – nas sessões <strong>de</strong> primeira vez o enfermeiro<br />
apresenta-se, dá a conhecer o objectivo <strong>de</strong>stas técnicas<br />
terapêuticas e avalia a expectativa do doente relativamente<br />
às mesmas. Durante o acolhimento procura-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
logo estabelecer uma relação empática e <strong>de</strong> confiança com<br />
o doente;<br />
2. Elabora uma colheita <strong>de</strong> dados – a mais completa possível<br />
com base em toda a informação disponível;<br />
3. Avalia e caracteriza a dor – quanto ao tipo, intensida<strong>de</strong>,<br />
frequência, localização, factores que agravam ou aliviam a dor;<br />
4. garante a privacida<strong>de</strong> e conforto do doente – como<br />
factores prepon<strong>de</strong>rantes para o sucesso da terapia, realçando<br />
o cuidado com a intensida<strong>de</strong> da luz, a temperatura<br />
ambiente a<strong>de</strong>quada e a música relaxante <strong>de</strong> acordo com a<br />
preferência do doente;<br />
5. A<strong>de</strong>qua a técnica a utilizar à situação clínica <strong>de</strong> cada<br />
doente – a escolha do tipo <strong>de</strong> massagem para o alívio da<br />
dor nestes doentes subenten<strong>de</strong> a avaliação física, psicológica<br />
e clínica, comprovando a inexistência <strong>de</strong> contra indicações;<br />
6. Avalia e valoriza o “Feedback” do doente – no final da<br />
sessão realiza-se a avaliação com o doente relativamente ao<br />
benefício imediato das técnicas aplicadas através da utilização<br />
<strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> avaliação (EVA e Escala Qualitativa);<br />
7. Regista as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Enfermagem – são registadas as<br />
técnicas efectuadas, o feedback do doente e planeia-se a próxima<br />
sessão, tendo em conta a técnica que mais o beneficiou.<br />
Relativamente às técnicas aplicadas, os objectivos terapêuticos<br />
e os efeitos biológicos <strong>de</strong>correm das características dos<br />
diferentes componentes da massagem tais como: duração,<br />
ritmo, direcção e pressão.<br />
As técnicas mais aplicadas são:<br />
– Deslizamento superficial (Effleurage)<br />
– Amassamento (Pétrissage)<br />
– Drenagem linfática;<br />
– Reflexologia;<br />
– Relaxamento guiado por voz<br />
De um modo geral, as sessões iniciam e terminam com<br />
<strong>de</strong>slizamento superficial, evitando <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar estímulos<br />
nociceptivos, têm a durabilida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> sessenta minutos,<br />
o ritmo é predominantemente lento com movimentos<br />
<strong>de</strong> direcção centrípeta e pressão ligeira.
Reflexão Sobre o Trabalho Realizado<br />
O projecto”Bem-estar” acolheu, até ao momento, nas suas<br />
207 sessões, quarenta doentes, 82,5 % do sexo feminino e<br />
17,5 % do sexo masculino (gráfico 1) cuja média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s<br />
é <strong>de</strong> 54 anos (quadro 1).<br />
Gráfico 1 Quadro 1<br />
Masculino, 17,5%<br />
Feminino, 82,5%<br />
N.º <strong>de</strong> sessões<br />
N.º <strong>de</strong> doentes<br />
Mulheres<br />
Homens<br />
Média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
207<br />
A análise das manifestações expressas pelos doentes, permitiu<br />
concluir que as sessões atingiram, na generalida<strong>de</strong>, um<br />
elevado nível <strong>de</strong> satisfação, sendo possível discernir efeitos<br />
imediatos e mediatos a nível físico e emocional.<br />
No que concerne aos efeitos imediatos recolheram-se os<br />
seguintes testemunhos:<br />
Benefícios físicos:<br />
“Senti menos peso nas pernas.”<br />
“Senti alívio das dores no final da sessão.”<br />
Benefícios emocionais:<br />
“O peso do peito <strong>de</strong>sapareceu.”<br />
“Apresento muito menos dor e uma calma que já não tinha<br />
há alguns dias.”<br />
No que concerne aos efeitos mediatos recolheram-se os<br />
seguintes testemunhos:<br />
Benefícios físicos:<br />
“Já consigo andar melhor e subir escadas.”<br />
”Realizei activida<strong>de</strong>s, durante as férias, que anteriormente<br />
não podia, por dor na perna.”<br />
Benefícios emocionais:<br />
“Des<strong>de</strong> que ando nas massagens, durmo melhor.”<br />
“A medicação alivia a dor, mas não relaxa e isto é o complemento<br />
que falta à medicação.”<br />
“Sinto muito mais energia e alegria no dia-a-dia.”<br />
PERSPEcTIvA FUTURA<br />
A introdução das terapias não-farmacológicas na prática da<br />
enfermagem leva à melhoria dos cuidados, mas também a<br />
uma maior satisfação dos enfermeiros nessa mesma prática.<br />
Se preten<strong>de</strong>mos uma efectiva incorporação <strong>de</strong>stas práticas<br />
no cuidar, é necessário:<br />
– Treino efectivo das mesmas, para que sejam aplicadas<br />
com eficiência.<br />
– Investigação nesta área, para aumentar a credibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>stas terapias e para justificar a sua utilização nos cuidados<br />
<strong>de</strong> Enfermagem.<br />
Assim, propomo-nos manter actualizados os nossos conhecimentos<br />
através da formação para pu<strong>de</strong>rmos aperfeiçoar a<br />
utilização <strong>de</strong>stas técnicas. Propomo-nos igualmente a colher<br />
e a tratar <strong>de</strong> forma sistematizada os dados fornecidos pelos<br />
40<br />
33<br />
7<br />
54<br />
doentes, <strong>de</strong> modo a que sirvam <strong>de</strong> base para estudos comparativos,<br />
promover formação no âmbito <strong>de</strong>sta temática na<br />
instituição e ainda <strong>de</strong>senvolver trabalhos <strong>de</strong> investigação.<br />
Preten<strong>de</strong>mos ainda alargar o horário <strong>de</strong> atendimento para<br />
dois dias semanais.<br />
cOncLUSãO<br />
A dor tem uma história, um contexto e uma interpretação<br />
pessoal, pelo que o seu tratamento constitui um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<br />
para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
A boa prática <strong>de</strong> enfermagem, pressupõe que o exercício<br />
profissional assente em princípios humanistas, requerendo<br />
sensibilida<strong>de</strong> por parte dos enfermeiros, para lidar com as<br />
diferenças, tendo presente que bons cuidados significam<br />
coisas diferentes em diferentes pessoas (Or<strong>de</strong>m dos Enfermeiros,<br />
2003).<br />
Ainda <strong>de</strong> acordo com Whight (2005), o objectivo ético e<br />
obrigatório dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá ser: reduzir,<br />
diminuir, aliviar ou mesmo curar o sofrimento emocional/<br />
físico e/ou espiritual da pessoa.<br />
A acessibilida<strong>de</strong> ao tratamento da dor oncológica é um direito<br />
do doente com cancro e um imperativo <strong>de</strong> natureza<br />
ética, reconhecido pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, impedindo<br />
que a fatalida<strong>de</strong> da doença continue a ser acompanhada<br />
pela expectativa <strong>de</strong> um sofrimento doloroso inevitável,<br />
a que o enfermeiro em oncologia não é indiferente.<br />
As terapias não-farmacológicas no alívio da dor, integradas<br />
no cuidar do doente oncológico, têm constituído preocupação<br />
crescente nos enfermeiros do IPOcFg – E.P.E.. Temos<br />
consciência do longo caminho a percorrer, quer a nível<br />
da formação, quer a nível da mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, face a<br />
estas novas abordagens <strong>de</strong> tratamento, pois segundo Sousa<br />
(1998, p. 30) citando Hipócrates, “Nada <strong>de</strong>ve ser omitido<br />
na arte quando interessa a todo o mundo, quando po<strong>de</strong><br />
beneficiar a humanida<strong>de</strong> que sofre e quando não põe em<br />
risco a vida ou o conforto das pessoas.”.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
ALMEIDA, Hugo Leite; ALMEIDA, Armanda – Dor. Será o nosso cérebro<br />
masoquista? Ser saú<strong>de</strong>. N.º 2. Ano 2006. p. 62 - 78;<br />
COSTA, Larry – Massagem Mente e corpo. Rotinas <strong>de</strong> Massagens<br />
Terapêuticas para Aliviar e Relaxar. Civilização Editores, Lda., 2006;<br />
COSTA, Maria Arminda – Relação Enfermeiro-Doente. In NEVES, Maria<br />
do Céu Patrão; PACHECO, Susana – Para uma Ética <strong>de</strong> Enfermagem.<br />
<strong>Coimbra</strong>: Lusodidacta, 2004;<br />
Direcção Geral da Saú<strong>de</strong> – Plano nacional <strong>de</strong> Luta contra a Dor. Lisboa:<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2001;<br />
Or<strong>de</strong>m dos enfermeiros – código Deontológico do Enfermeiro – Anotações<br />
e comentários. Edição: Or<strong>de</strong>m dos Enfermeiros, 2003;<br />
PINHEIRO, João Páscoa – Medicina <strong>de</strong> Reabilitação em Traumatologia<br />
do Desporto. Lisboa: Editorial Caminho, 1998;<br />
Portugal. Ministério da saú<strong>de</strong>; Direcção Geral da Saú<strong>de</strong>. circular normativa<br />
n.º 9/Dgcg – A Dor como 5.º sinal vital. Registo sistemático<br />
da intensida<strong>de</strong> da Dor, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2003;<br />
SOUSA, Maria Margarida Oliveira e – Terapias complementares: Sua<br />
Utilização pelos Enfermeiros. Pensar enfermagem. Volume 3, N.º 3,<br />
1999, p. 26-31;<br />
THELAN, Lynne A. – Enfermagem em cuidados Intensivos, Diagnóstico<br />
e Intervenção. 2ª Edição. Lusodidacta, 1996.<br />
comissão <strong>de</strong> Ética<br />
Relatório <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s 2005/2006<br />
como tem sido habitual e no âmbito das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto-Lei n.º<br />
97/95, <strong>de</strong> <strong>10</strong> <strong>de</strong> Maio, uma parte consi<strong>de</strong>rável da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida pela comissão <strong>de</strong> Ética foi a<br />
emissão <strong>de</strong> pareceres sobre trabalhos/protocolos <strong>de</strong> investigação científica e a qualificação dos investigadores<br />
participantes, por forma a proteger e a garantir a dignida<strong>de</strong> e a integrida<strong>de</strong> humana.<br />
Neste contexto, durante o ano <strong>de</strong> 2005, foram efectuadas<br />
onze reuniões, tendo sido emitidos pareceres sobre 48 trabalhos<br />
assim discriminados:<br />
– Ensaios Clínicos, num total <strong>de</strong> <strong>10</strong> (21%);<br />
– Trabalhos <strong>de</strong> Investigação, num total <strong>de</strong> 18 (38%);<br />
– Outros pareceres (ex.: emendas), num total <strong>de</strong> 20 (41%).<br />
38%<br />
21%<br />
Durante o ano <strong>de</strong> 2006, e perante o início <strong>de</strong> funções da<br />
Comissão <strong>de</strong> Ética para a Investigação Clínica (CEIC), criada<br />
pelo Decreto-Lei n.º 46/2004, <strong>de</strong> 19/08, a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />
Comissão <strong>de</strong> Ética foi substancialmente reduzida no que<br />
respeita à apreciação <strong>de</strong> ensaios clínicos.<br />
Desta forma, foram efectuadas seis reuniões nas quais foram<br />
dados pareceres sobre 23 trabalhos (<strong>10</strong>0%) assim distribuídos:<br />
– Ensaios Clínicos, num total <strong>de</strong> 1 (4%);<br />
– Trabalhos <strong>de</strong> Investigação, num total <strong>de</strong> 18 (79%);<br />
– Outros pareceres (ex.: emendas), num total <strong>de</strong> 4 (17%).<br />
17%<br />
41%<br />
79%<br />
4%<br />
Ensaios Clínicos<br />
Trabalhos <strong>de</strong> Investigação<br />
Outros pareceres<br />
Ensaios Clínicos<br />
Trabalhos <strong>de</strong> Investigação<br />
Outros pareceres<br />
No <strong>de</strong>curso da sua actuação, a Comissão <strong>de</strong> Ética apresentou<br />
ao Conselho <strong>de</strong> Administração algumas propostas no<br />
intuito <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sempenho efectivo das suas funções, sendo<br />
<strong>de</strong> salientar:<br />
1) Evi<strong>de</strong>nciada ao longo <strong>de</strong>stes anos a repetição <strong>de</strong> trabalhos<br />
sobre os mesmos temas, e no sentido <strong>de</strong> proteger os<br />
doentes já <strong>de</strong> si fragilizados, sugeriu-se ao Conselho <strong>de</strong><br />
Administração que fosse efectuada uma selecção prévia <strong>de</strong><br />
trabalhos apresentados a esta Instituição;<br />
2) Uma vez que as alterações da lei retiraram as funções <strong>de</strong><br />
análise preliminar dos Ensaios Clínicos a realizar nesta Instituição,<br />
propôs-se ao Conselho <strong>de</strong> Administração que <strong>de</strong>sse<br />
conhecimento à Comissão <strong>de</strong> Ética <strong>de</strong> todos os Ensaios a<br />
<strong>de</strong>correr, permitindo <strong>de</strong>ste modo um melhor acompanhamento<br />
da sua evolução.<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> dar cumprimento ao referido no ponto<br />
2), foi <strong>de</strong>cidido que, aleatoriamente, fossem escolhidos trabalhos/ensaios<br />
clínicos a <strong>de</strong>correr ou já efectuados nesta<br />
Instituição, para serem apresentados pelo respectivo Investigador<br />
em reuniões <strong>de</strong>sta Comissão.<br />
Neste sentido, foi feita uma alteração no ponto 7) do formulário<br />
intitulado “Projecto <strong>de</strong> Investigação/Estudo”, em<br />
que se informa o autor do projecto <strong>de</strong>ssa eventualida<strong>de</strong>.<br />
Esta prática foi iniciada no passado dia 20/12/2006 com a<br />
apresentação efectuada pela Dr. a Margarida Pires, do Serviço<br />
Social, versando o tema “Prognóstico Social das Famílias com<br />
Doentes Oncológicos em Fase Terminal/Paliativa”.<br />
Esta Comissão, na procura contínua da melhoria da qualida<strong>de</strong><br />
e na aquisição e transmissão <strong>de</strong> conhecimentos, teve<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar nos “Encontros CEIC-CES” que<br />
<strong>de</strong>correram em <strong>Coimbra</strong>, no dia 20/<strong>10</strong>/2006, no Auditório<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Economia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Enten<strong>de</strong> esta Comissão que o âmbito das suas funções <strong>de</strong>verá<br />
ser mais abrangente, po<strong>de</strong>ndo eventualmente dar o<br />
seu contributo para a resolução <strong>de</strong> eventuais problemas éticos<br />
que surjam no dia-a-dia.<br />
Desta forma, queremos sensibilizar todos os profissionais, utentes<br />
e familiares para a criação <strong>de</strong> um espaço comum, on<strong>de</strong>, em conjunto,<br />
pu<strong>de</strong>ssem ser <strong>de</strong>batidas algumas <strong>de</strong>ssas questões.<br />
<strong>Coimbra</strong>, 1 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2007<br />
Pel’ A Comissão <strong>de</strong> Ética<br />
O Presi<strong>de</strong>nte<br />
Dr. Jorge Martins
Redução <strong>de</strong> Erros <strong>de</strong> Medicação<br />
Graça Rigueiro, Farmacêutica e Interlocutora do Risco Clínico dos Serviços Farmacêuticos<br />
Rui Sousa Silva, Médico e Gestor do Risco Clínico<br />
A prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, particularmente em ambiente<br />
hospitalar, está sujeita ao risco e ao erro da mesma<br />
forma que várias outras activida<strong>de</strong>s, como, por exemplo, a<br />
indústria aeronáutica. Se assim é, porque é que nesta última<br />
já há diversos anos existe um apertado controlo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
no sentido <strong>de</strong> evitar o erro e, na primeira, esse processo<br />
ainda continua a dar os seus primeiros passos?<br />
A resposta não po<strong>de</strong> ser encontrada no facto <strong>de</strong> que, sempre<br />
que acontece um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> aviação, centenas <strong>de</strong> pessoas<br />
po<strong>de</strong>rem vir a ser afectadas. Se escolhermos essa explicação,<br />
o que dizer sobre as centenas <strong>de</strong> doentes que colocam as suas<br />
vidas nas mãos dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> diariamente?<br />
Nos Estados Unidos da América, já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, altura da<br />
publicação do relatório “To err is human: Building a safer<br />
health system” 1 (Errar é humano: Construíndo um sistema<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais seguro) pelo Institute of Medicine, que se <strong>de</strong>u<br />
uma inversão da atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> não se pensar no erro médico.<br />
Ao ponto <strong>de</strong> surgirem múltiplas iniciativas respeitantes à segurança<br />
baseadas no pressuposto <strong>de</strong> que é inaceitável que<br />
os doentes sejam lesados pelo mesmo sistema que existe<br />
para os conduzir à cura e ao bem-estar.<br />
A Gestão do Risco Clínico tem como principal objectivo<br />
acautelar a segurança do doente. Assim, <strong>de</strong> uma maneira<br />
lógica, as áreas em que o nível <strong>de</strong> risco da ocorrência <strong>de</strong><br />
um evento adverso, quer pela sua maior probabilida<strong>de</strong>, quer<br />
pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apresentar com elevada gravida<strong>de</strong>,<br />
são as que maior atenção suscitam à partida. Como tal, uma<br />
das temáticas que elegemos para vigilância mais estreita é a<br />
do sistema <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> medicamentos. Este sistema<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido, segundo a JCHCO 2 , como o conjunto <strong>de</strong><br />
processos interrelacionados cujo objectivo comum é a utilização<br />
dos medicamentos <strong>de</strong> forma segura, eficaz, apropriada<br />
e eficiente. Integrados neste sistema estão: a selecção e<br />
Tabela 1. Sistema <strong>de</strong> Utilização do Medicamento num Hospital<br />
PROcESSO<br />
Prescrição<br />
Transcrição/Validação<br />
Preparação/Distribuição<br />
Preparação/Administração<br />
Tratamento/Monitorização<br />
PROFISSIOnAIS<br />
Médicos<br />
Médicos/Enfermeiros/Farmacêuticos<br />
Farmacêuticos/Técnicos<br />
Enfermeiros<br />
Enfermeiros/Médicos<br />
gestão; a prescrição; a validação/ transcrição; a preparação<br />
e a dispensa; a administração e a monitorização da terapêutica.<br />
Por sua vez, cada um <strong>de</strong>stes passos é a resultante <strong>de</strong><br />
uma associação <strong>de</strong> diversas variáveis. A prescrição constitui<br />
um procedimento fulcral, não só por <strong>de</strong>finição, mas também<br />
porque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> múltiplas variáveis, entre as quais<br />
a a<strong>de</strong>quada i<strong>de</strong>ntificação do doente, a correcta avaliação<br />
diagnóstica, a selecção da terapêutica apropriada, entre<br />
muitas outras.<br />
Em todos os passos anteriormente referidos, existem, por<br />
um lado, indivíduos intervenientes e, por outro, um sistema<br />
mais ou menos complexo. Quanto aos primeiros, são quem<br />
move o sistema e, simultaneamente, os responsáveis pela<br />
sua segurança. Por outro lado, o próprio sistema <strong>de</strong>ve incluir<br />
mecanismos <strong>de</strong> segurança que funcionem como barreiras à<br />
ocorrência <strong>de</strong> eventos adversos. Todas as etapas são igualmente<br />
importantes dado que o erro po<strong>de</strong> ter origem em<br />
qualquer fase do processo.<br />
O erro <strong>de</strong> medicação po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir-se, <strong>de</strong> acordo com o<br />
National Coordinating Council for Medication Error Reporting<br />
and Prevention 3 , como um evento passível <strong>de</strong> prevenção,<br />
que po<strong>de</strong> causar ou levar ao uso ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> um medicamento<br />
ou dano a um doente, enquanto esse medicamento<br />
estiver sob o controlo <strong>de</strong> um profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou do<br />
doente/consumidor. Tal evento po<strong>de</strong> estar relacionado com<br />
as práticas dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e com os próprios medicamentos.<br />
Também os procedimentos e os sistemas po<strong>de</strong>m<br />
estar em questão, nomeadamente: prescrição, comunicação,<br />
rotulagem do produto, embalagem, nomenclatura, manuseamento,<br />
dispensa, distribuição, administração, educação,<br />
monitorização e uso.<br />
Nos dados norte-americanos (FDA) publicados, 60% <strong>de</strong>stes<br />
erros são provenientes da transcrição da prescrição, 30%<br />
erros <strong>de</strong> administração e <strong>10</strong>% erros <strong>de</strong> dispensa. Cerca <strong>de</strong><br />
EXEMPLOS DE POTEncIAIS cAUSAS DE ERRO<br />
Lapso, uso <strong>de</strong> abreviaturas, i<strong>de</strong>ntificação incompleta,<br />
falta <strong>de</strong> informação sobre história clínica<br />
do doente.<br />
Escrita ilegível, semelhança ortográfica, interpretação<br />
incorrecta.<br />
Aparência semelhante a outros medicamentos<br />
(cor, forma ou tamanho), aparência que induza<br />
a erro, falta <strong>de</strong> conhecimentos sobre o medicamento.<br />
Falta <strong>de</strong> conhecimentos sobre o medicamento,<br />
preparação incorrecta, erro no dispositivo <strong>de</strong> doseamento<br />
(ex. seringa).<br />
Confusão no nome do doente, erro no cálculo da<br />
dose ou velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administração, stress ou<br />
sobrecarga <strong>de</strong> trabalho.<br />
2% dos internamentos são resultado <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> medicação,<br />
sendo que 770.000 doentes sofrem danos ou morrem<br />
em cada ano e mesmo o custo económico associado é<br />
assustadoramente alto.<br />
Se algo <strong>de</strong> errado ocorrer nesta “linha <strong>de</strong> produção” e nenhum<br />
mecanismo <strong>de</strong> protecção for activado, o evento adverso<br />
transformar-se-á em erro que po<strong>de</strong>rá chegar junto do<br />
doente e causar-lhe danos, ou mesmo, no limite, a morte.<br />
No que respeita às consequências do erro, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar<br />
várias categorias, consoante este chegue a ocorrer<br />
ou não, produza ou não dano ao doente e ainda <strong>de</strong> acordo<br />
com as suas repercussões (ver Tabela 2).<br />
Tabela 2. Consequências do Erro<br />
ERRO POTEncIAL<br />
Categoria A Circunstâncias ou inci<strong>de</strong>ntes com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> causar<br />
erro<br />
ERRO SEM DAnO<br />
Categoria B Produz-se erro, mas não atinge o doente<br />
Categoria C Erro atinge o doente, mas não causa dano<br />
Categoria D Erro atinge o doente e não causou dano, mas é necessária<br />
monitorização e/ou intervenção<br />
ERRO cOM DAnO<br />
No entanto, até os <strong>de</strong>signados “quase erros” <strong>de</strong>vem ser<br />
consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> importância primordial, porque permitem<br />
sinalizar <strong>de</strong>terminado elo fragilizado da ca<strong>de</strong>ia. Isto vai permitir<br />
que se corrijam mecanismos com eficácia, antes que<br />
algo <strong>de</strong> <strong>de</strong>letério suceda ao doente.<br />
Tal como já referido, a Gestão do Risco Clínico elegeu como<br />
prioritária a problemática do erro <strong>de</strong> medicação. Nesse<br />
sentido, em articulação com os Serviços Farmacêuticos do<br />
IPOCFG, EPE, analisou os dados obtidos com o registo <strong>de</strong> intervenções<br />
farmacêuticas, efectuado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2003.<br />
Este registo foi instituído em resposta às exigências colocadas<br />
pelo processo <strong>de</strong> acreditação do Health Quality Service,<br />
que impõem a implementação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> gestão<br />
do erro <strong>de</strong> medicação.<br />
O método <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> informação consistiu em coligir as<br />
diversas notificações elaboradas pelos Serviços Farmacêuticos<br />
aquando da <strong>de</strong>tecção dum inci<strong>de</strong>nte crítico (i.e. impondo actuação)<br />
envolvendo medicamentos. A partir dos registos elaborados<br />
foi construída uma base <strong>de</strong> dados on<strong>de</strong> toda a informação<br />
foi sistematizada <strong>de</strong> acordo com a literatura disponível 4, 5 . Assim,<br />
quantificou-se o número <strong>de</strong> ocorrências <strong>de</strong> acordo com: a cate-<br />
goria da gravida<strong>de</strong> dos erros <strong>de</strong> medicação; Processo da ca<strong>de</strong>ia<br />
terapêutica on<strong>de</strong> se originou o erro; Tipos <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> medicação<br />
<strong>de</strong>tectados; Causas dos erros <strong>de</strong> medicação registados.<br />
A classificação do erro foi feita <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong><br />
consequências geradas, ver tabela 2.<br />
No total, à data da presente divulgação, constavam 114<br />
registos <strong>de</strong> intervenção. Os resultados encontrados foram o<br />
que em seguida se mostram graficamente.<br />
Quanto à categoria <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, apresentam-se em seguida<br />
os resultados obtidos (gráfico 1):<br />
No que respeita ao processo on<strong>de</strong> se originou o erro,<br />
encontraram-se os resultados que se mostram no gráfico 2:<br />
Quanto à análise do tipo <strong>de</strong> erros encontrados, os dados<br />
revelam o seguinte (gráfico 3):<br />
<br />
Categoria E<br />
Categoria F<br />
Categoria G<br />
Categoria H<br />
ERRO MORTAL<br />
Categoria I<br />
DEScOnHEcIDO<br />
Erro causa dano temporal e necessita <strong>de</strong> intervenção<br />
Erro causa dano temporal e é necessária, ou prolonga,<br />
a hospitalização<br />
Erro contribui ou causa dano permanente<br />
Erro compromete a vida do doente e é necessária intervenção<br />
para manter a vida<br />
Erro contribui ou causa a morte do doente<br />
Gráfico 1.<br />
Gráfico 2.<br />
9%<br />
13%<br />
70%<br />
Gráfico 3.<br />
9%<br />
26%<br />
6% 1%<br />
<strong>10</strong>%<br />
0 - Tratamento/Monitorização<br />
7 - Preparação/Administração<br />
22 - Preparação/Dispensa<br />
16 - Transcrição/Validação<br />
0 20 40 60 80<br />
6%<br />
39%<br />
2%<br />
3%<br />
1% 4%<br />
1%<br />
Categoria A, <strong>10</strong>%<br />
Categoria B, 70%<br />
Categoria C, 13%<br />
Categoria D, 6%<br />
Categoria E, 1%<br />
68 - Prescrição<br />
Doente trocado, 6%<br />
Dose incorrecta, 39%<br />
Duração do tratamento incorrecta, 2%<br />
Frequência <strong>de</strong> aministração<br />
errada, 3%<br />
Erro <strong>de</strong> preparação/manipulação<br />
/acondicionamento, 4%<br />
Forma farmacêutica errada, 1%<br />
Medicamento <strong>de</strong>teriorado, 1%<br />
Medicamento errado, 26%<br />
Omissão <strong>de</strong> dose/medicamento, 9%<br />
Outros, 9%
E, finalmente, da análise efectuada aos dados obtidos, a<br />
possível causa do erro encontrou envolvimento humano<br />
na sua gran<strong>de</strong> maioria, como o <strong>de</strong>monstra o gráfico 4:<br />
Gráfico 4.<br />
<strong>10</strong> - Problemas na etiquetagem/embalagem/informação<br />
13 - Problemas <strong>de</strong> interpretação da prescrição<br />
0 20 40 60 80<br />
80 - Factores humanos<br />
8 - Confusão no nome do medicamento<br />
3 - Confusão no nome do doente<br />
Quando se observa os gráficos, <strong>de</strong>staca-se no gráfico 2 o<br />
processo on<strong>de</strong> se originou o erro, a prescrição. Como já<br />
referimos anteriormente, este é um processo crucial no sistema<br />
<strong>de</strong> utilização dos medicamentos, pela complexida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> variáveis e porque o trabalho dos restantes profissionais<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é feito a partir <strong>de</strong>le.<br />
O resultado tem esta expressão já que este trabalho foi<br />
<strong>de</strong>senvolvido nos Serviços Farmacêuticos on<strong>de</strong> se transcreve<br />
e valida todas as prescrições médicas, ou seja, gran<strong>de</strong> parte<br />
do trabalho <strong>de</strong>senvolvido neste <strong>de</strong>partamento é <strong>de</strong>dicado<br />
a este passo da ca<strong>de</strong>ia. Se a farmácia ce<strong>de</strong> a medicação<br />
prescrita é <strong>de</strong> esperar que seja principalmente nessa fase<br />
que <strong>de</strong>tecta os inci<strong>de</strong>ntes. Assim, é errado consi<strong>de</strong>rar que,<br />
se o processo on<strong>de</strong> se originou o erro é a prescrição então<br />
estamos perante um erro <strong>de</strong> prescrição! Os erros po<strong>de</strong>m<br />
ocorrer, por exemplo, porque há uma prescrição que gera<br />
dúvida aquando da sua transcrição e não se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam<br />
os mecanismos <strong>de</strong> esclarecimento junto do médico responsável.<br />
Na verda<strong>de</strong> os erros <strong>de</strong> prescrição são erros iniciados<br />
na prescrição.<br />
Quanto ao tipo <strong>de</strong> erros contabilizado, este número tão elevado<br />
para a categoria B está condicionado ao método utilizado<br />
para a recolha dos dados. Quando se faz a transcrição<br />
e a validação das prescrições po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>tectar-se situações<br />
que conduziriam a um erro <strong>de</strong> medicação <strong>de</strong> consequências<br />
mais graves mas, em resultado <strong>de</strong> intervenção, são minimizadas<br />
antes da medicação ser cedida.<br />
Po<strong>de</strong>mos então concluir que os dados obtidos e ora apresentados<br />
não po<strong>de</strong>m ser generalizáveis a toda a instituição,<br />
porque <strong>de</strong>monstram apenas aquilo que se <strong>de</strong>tecta ao nível<br />
<strong>de</strong> uma das estações do sistema <strong>de</strong> utilização dos medicamentos<br />
(os Serviços Farmacêuticos). Dessa forma, tudo o<br />
que se passa antes, nomeadamente a nível da prescrição nas<br />
enfermarias e da respectiva transcrição, não foi avaliado. De<br />
igual forma, também muito do que se passa após a dispensa<br />
pela farmácia também não é evi<strong>de</strong>nte nos dados apresentados,<br />
já que escapa aos métodos utilizados. De facto, só através<br />
da participação generalizada <strong>de</strong>stes eventos, tal como<br />
preconizado pelo novo sistema <strong>de</strong> “Participação <strong>de</strong> Ocorrências<br />
Adversas”, se po<strong>de</strong>rá vir a ter uma visão a<strong>de</strong>quada<br />
porque global e, por isso, o menos enviesada possível.<br />
Muitos dos erros <strong>de</strong>tectados a nível da prescrição são fruto<br />
<strong>de</strong> uma propagação do erro ao longo do processo <strong>de</strong> uti-<br />
lização do medicamento, i.e., surge um erro <strong>de</strong> prescrição<br />
que apenas chega a ser <strong>de</strong>tectado a nível da farmácia, não<br />
havendo intercepção prévia em qualquer das outras fases<br />
(po<strong>de</strong> a própria farmácia não fazer essa intercepção) – falhas<br />
<strong>de</strong> comunicação, ex: prescrições ilegíveis, uso <strong>de</strong> siglas não<br />
consensuais, preenchimento incompleto dos formulários.<br />
Com este trabalho preten<strong>de</strong>-se chamar a atenção para a<br />
problemática dos erros <strong>de</strong> medicação. Eles existem. Cabe a<br />
todos os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minorar<br />
o risco dos erros <strong>de</strong> medicação.<br />
Muito po<strong>de</strong> ser feito neste capítulo e é nisso que se preten<strong>de</strong><br />
investir e solicitar a colaboração <strong>de</strong> todos. Ao alcance <strong>de</strong> um<br />
clique está a “Participação <strong>de</strong> Ocorrências Adversas” na intranet<br />
(http://192.168.3.7/intranet/in<strong>de</strong>x.php?option=com_<br />
docman&task=cat_view&gid=21&Itemid=51), para além do<br />
suporte em papel (Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço nº3/2007 <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong><br />
Janeiro).<br />
Neste âmbito, é também intenção da Gestão do Risco Clínico<br />
a elaboração e divulgação <strong>de</strong> listas <strong>de</strong> “medicamentos<br />
homófonos” (Tabela 3) e <strong>de</strong> “medicamentos <strong>de</strong> risco”,<br />
potenciais fontes <strong>de</strong> erro no dia-a-dia, alertando assim os<br />
profissionais para o risco que implicam. Estas listas serão<br />
objecto <strong>de</strong> frequente actualização <strong>de</strong> acordo com a informação<br />
que formos recolhendo, através das participações <strong>de</strong><br />
ocorrências adversas.<br />
Tabela 3. Lista <strong>de</strong> Medicamentos Homófonos,<br />
<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> potencial confusão<br />
MEDIcAMEnTO 1<br />
nome genérico<br />
Ácido fólico<br />
Ác. urso<strong>de</strong>soxicólico<br />
Arimi<strong>de</strong>x<br />
Bromelaína<br />
Cefazolina<br />
Cisplatina<br />
Fenobarbital<br />
Melfalan<br />
Nilutamida<br />
Paclitaxel<br />
Vinblastina<br />
Sulpiri<strong>de</strong><br />
BIBLIOGRAFIA<br />
nome comercial<br />
MEDIcAMEnTO 2<br />
nome genérico nome comercial<br />
Folicil<br />
Ácido folínico<br />
Ursofalk Messalazina Salofalk<br />
Anastrazole Femara<br />
Bromexina<br />
Cefradina<br />
Carboplatina<br />
Letrozole<br />
Luminal Lamotrigina Lamictal<br />
Alkeran Clorambucil<br />
Bicalutamida<br />
Leukeran<br />
Taxol<br />
Docetaxel<br />
Vincristina<br />
Amilsulpiri<strong>de</strong><br />
Taxotere<br />
1 - “To err is human: Building a safer health system”. Committee on<br />
Healthcare in America, Institute of Medicine, Washington D.C., National<br />
Aca-<strong>de</strong>my Press, 1999.<br />
2 - “Medication Use: A Systems Approach to Reducing Errors”. Oakbrook<br />
Terrace, IL Joint Commission on Healthcare Organizations, pgs.<br />
5-17, 1998.<br />
3 - “National Coordinating Council for Medication Error Reporting and<br />
Prevention”. NCCMERP- Taxonomy of Medication Errors, 1998.<br />
4 - “Errores <strong>de</strong> medicación: estandarización <strong>de</strong> la terminologia y clasificación”.<br />
Farmacia Hospitalaria, Vol. 27, nº3, pgs.137-149, 2003.<br />
5 - U.S. Pharmacopeia. National Council focuses on coordinating error<br />
reduction efforts. Quality review, pg. 57, 1997.<br />
ARTE<br />
“o perfume da vida”<br />
suplemento <strong>de</strong>stacável para coleccionar<br />
(...) vamos retomar o discurso em direcção<br />
à Grécia; mas não sem antes se fazer notar que<br />
<strong>de</strong>ixámos <strong>de</strong> lado uma civilização <strong>de</strong> alta importância<br />
para a arte em geral (...)<br />
VIII
ARTE<br />
“o perfume da vida”, VIII<br />
Matos <strong>Coimbra</strong>, Cirurgião Pediatra<br />
Conforme prometido, vamos retomar o discurso<br />
em direcção à Grécia; mas não sem antes se fazer notar<br />
que <strong>de</strong>ixámos <strong>de</strong> lado uma civilização <strong>de</strong> alta importância<br />
para a arte em geral, bem como influente da<br />
arte na própria Grécia. É minha a responsabilida<strong>de</strong> da<br />
escolha, <strong>de</strong>ntre os imensos temas ligados à arte, quais<br />
vão ser abordados e quais vão passar-nos ao lado. Decidi<br />
não abordar o tema do “Egipto”, e tenho alguma<br />
dificulda<strong>de</strong>, em explicar a mim próprio a razão <strong>de</strong>sta<br />
escolha, ou melhor, <strong>de</strong>sta não escolha.<br />
Só encontro duas “razões”. A primeira é que me<br />
estou a dar conta <strong>de</strong> que esta obra ameaça ser muito<br />
mais longa do que eu imaginava ao princípio, antes <strong>de</strong><br />
começar; estamos todos <strong>de</strong> acordo em que, a este ritmo<br />
viremos a abordar a época <strong>de</strong> passagem do séc. XIX<br />
para o XX lá para meados <strong>de</strong>ste nosso séc. XXI…<br />
Acresce que ando cá a magicar em visitas <strong>de</strong> estudo,<br />
como a efectuada às Caldas da Rainha; outro empecilho<br />
para o avanço da matéria.<br />
Mas esta razão só por si não justificaria a exclusão<br />
do “Egipto antigo”da nossa abordagem. Tenho <strong>de</strong> encarar<br />
uma outra razão, embora me custe fazê-lo; é uma<br />
espécie <strong>de</strong> confissão <strong>de</strong> uma culpa: a verda<strong>de</strong> é que eu<br />
próprio nunca <strong>de</strong>diquei a este tema a atenção, o es-<br />
tudo, que ele realmente merece por direito próprio, e<br />
mais uma vez estou em dificulda<strong>de</strong> ao tentar explicar<br />
uma sucessão <strong>de</strong> acontecimentos em que uns, os anteriores,<br />
influenciariam outros, os seguintes, sem ter<br />
mencionado os primeiros.<br />
É que a evolução do Homem é uma progressão<br />
contínua (às vezes interrompida ou mo<strong>de</strong>lada por<br />
fenómenos da natureza) em que a operação <strong>de</strong> adição<br />
nos leva à compreensão da multiplicação, se me permitem<br />
o exemplo. Ou uma escada em que um <strong>de</strong>grau<br />
leva ao seguinte; se na escada faltar aqui ou acolá um<br />
<strong>de</strong>grau, a ascensão será dificultada. Para tentar redimir-me,<br />
assim que tiver ocasião vou estudar o Egipto<br />
como <strong>de</strong>ve ser, redijo um pequeno resumo à medida<br />
habitual <strong>de</strong>sta série, e então tentar convencer os responsáveis<br />
pela Info a publicar aquelas poucas páginas<br />
como se fosse um aditamento, isto é, sem prejudicar a<br />
sucessão natural do escrito.<br />
Lembrar-se-ão que em números anteriores aludimos<br />
ao clima que fazia nessas épocas recuadas no sul<br />
da Europa, no Norte <strong>de</strong> Africa, no Próximo Oriente;<br />
escavações naquilo que hoje é o <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Sahara tem<br />
trazido à superfície moinhos <strong>de</strong> duas mós, manuais,<br />
Fig. 1: “ Mediterrâneo, o Mare Nostrum” Fig. 2: Mar Egeu<br />
ARTE<br />
‘‘o perfume da vida’’, VIII
ARTE<br />
‘‘o perfume da vida’’, VIII<br />
<strong>de</strong> cereal em grão: mais não é preciso para se pensar<br />
que aquele DESERTO já fôra searas ver<strong>de</strong>jantes; nas<br />
épocas áureas do Império Romano, o Norte <strong>de</strong> África<br />
era o gran<strong>de</strong> fornecedor <strong>de</strong> trigo para em Roma se coser<br />
o Pão. O aquecimento global do paralelo do mediterrâneo<br />
vai formar o <strong>de</strong>serto no norte <strong>de</strong> África e vai tornar<br />
mais facilmente habitável o sul da Europa, criando<br />
cenários que o Homem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo preten<strong>de</strong>u usufruir.<br />
Compreen<strong>de</strong>-se assim as migrações das populações<br />
humanas e <strong>de</strong> animais; claro que as pessoas levam consigo<br />
os seus conhecimentos para os locais <strong>de</strong> nova residência,<br />
continuando a evolução por si próprios e por interacção<br />
com outros vindos <strong>de</strong> outras regiões (Fig. 1).<br />
E é o Mediterrâneo que actua como gran<strong>de</strong> placa<br />
giratória pondo em contacto uns e outros; gran<strong>de</strong> mar<br />
interior, <strong>de</strong> navegabilida<strong>de</strong> relativamente fácil, era o<br />
traço <strong>de</strong> união entre todas as terras que banhava.<br />
Desta visão <strong>de</strong> conjunto do Mediterrâneo interessa-nos<br />
particularmente a zona <strong>de</strong>nominada mar Egeu<br />
on<strong>de</strong> se situa (Fig. 2):<br />
a) Círculo azul – a ilha <strong>de</strong> Creta tendo a norte as<br />
ilhas Cicla<strong>de</strong>s.<br />
b) Círculo encarnado – a Grécia mais continental<br />
que inclui Atenas.<br />
c) Círculo ver<strong>de</strong> – Costa oriental do mar Egeu on<strong>de</strong><br />
se terá situado a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tróia.<br />
De tudo isto me irei ocupar no próximo número,<br />
mas gostava <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já um apontamento: daí<br />
Fig. 3: O fresco do Toureiro, Ilha <strong>de</strong> Creta 1500 a.C.<br />
vêem histórias verídicas e também muitas lendas, muitos<br />
mitos que inspiraram poetas e outros escritores;<br />
estou-me a lembrar <strong>de</strong> Ulisses e das suas aventurosas<br />
viagens marítimas, como da famosa guerra <strong>de</strong> Tróia<br />
com o protagonismo da bela Helena; lembram-se do<br />
famoso cavalo <strong>de</strong> Tróia? Este mar Egeu foi palco <strong>de</strong>stes<br />
acontecimentos na época que tratamos (Fig. 3).<br />
Como nota <strong>de</strong> rodapé gostaria <strong>de</strong> dizer uma palavra<br />
sobre abreviatura <strong>de</strong> datas, guiando-me, quando possível,<br />
pelo dicionário da Porto Editora, 8ª Edição.<br />
a = ano<br />
C= cerca <strong>de</strong><br />
sec.= Século<br />
a.C.= antes <strong>de</strong> Cristo<br />
A.D. = ano do Senhor (em latim anno Domini)<br />
Milénio = ka (mil anos), à semelhança <strong>de</strong> km –<br />
quilómetro ou kg – quilograma<br />
As siglas que causam algumas dúvidas são a.C. e<br />
A.D.. Ambas tomam como referência a figura <strong>de</strong> Jesus<br />
Cristo e com alguma lógica <strong>de</strong>veria usar-se a.C. e d.C.<br />
ou seja antes <strong>de</strong> Jesus Cristo e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Jesus Cristo;<br />
assim não acontece, e dá alguma confusão, porque o<br />
uso consagrou outra realida<strong>de</strong>.<br />
Quanto à sigla ka: não é muito usada mas é muito<br />
cómoda para as datações mais correntes.<br />
Literatura<br />
Pintura<br />
Escultura FotografiaJardinagem<br />
Bricolage<br />
Desporto<br />
Coleccionismo...<br />
jUDO<br />
Pedro Simões, Administrador Hospitalar*<br />
Judo, ou traduzindo para português, Via da Suavida<strong>de</strong>, é<br />
encarado <strong>de</strong> diversas formas pelas diferentes pessoas que o<br />
praticam. Po<strong>de</strong> ser, entre outras coisas, uma arte, um <strong>de</strong>sporto<br />
divertido, um “programa <strong>de</strong> fitness”, uma activida<strong>de</strong><br />
recreacional ou social, uma disciplina, um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
pessoal ou um estilo <strong>de</strong> vida. Este <strong>de</strong>sporto, em relativamente<br />
poucos anos, “conquistou” todo o globo e é actualmente<br />
praticado em quase todos os países do mundo por<br />
milhões <strong>de</strong> pessoas (cerca <strong>de</strong> 12.000 em Portugal).<br />
O Judo <strong>de</strong>riva do sistema <strong>de</strong> luta existente no<br />
Japão feudal. Em 1882, Jigoro Kano, mestre<br />
fundador do Judo, cria a primeira escola <strong>de</strong> Judo<br />
do mundo, que baptizou <strong>de</strong> Kodokan. Kano refinou<br />
a antiga arte marcial do Jujutsu, estudou<br />
as suas diversas formas e integrou e adaptou o<br />
que consi<strong>de</strong>rou serem as suas melhores técnicas,<br />
criando assim o <strong>de</strong>sporto actual que é o Judo.<br />
Em termos básicos, o Judo é um método <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa pessoal, assente na harmonia física<br />
e mental do praticante, que consiste no<br />
aproveitamento da força e movimentos do<br />
oponente para o vencer. Privilegia, <strong>de</strong>sta<br />
forma, a técnica sobre a força ou, se se preferir, em termos<br />
filosóficos, da cultura humana e da inteligência sobre a violência,<br />
sendo por isso, mais do que um <strong>de</strong>sporto, uma ética<br />
e uma estética. É <strong>de</strong> facto um método universal <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta<br />
do indivíduo que extravasa o <strong>de</strong>sporto e se projecta<br />
para outros campos da vida, e constitui um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
prático e eficaz, para além do peso, altura, força, ida<strong>de</strong> ou<br />
sexo do praticante, já que é perfeitamente adaptável às suas<br />
aptidões e possibilida<strong>de</strong>s.<br />
Os princípios do Judo po<strong>de</strong>m ser con<strong>de</strong>nsados em dois conceitos,<br />
que se po<strong>de</strong>m aplicar neste <strong>de</strong>sporto, mas também<br />
a qualquer área da nossa vida: “Máxima Eficiência com Mínimo<br />
Esforço” e “Prosperida<strong>de</strong> e Benefícios Mútuos”. O fim<br />
último do Judo é o máximo <strong>de</strong>senvolvimento pessoal, sempre<br />
tentando atingir a perfeição, para que assim se consiga<br />
uma contribuição válida para o mundo.<br />
código Moral do judo<br />
Amiza<strong>de</strong><br />
Auto-controlo<br />
Cortesia<br />
Coragem<br />
Honra<br />
Modéstia<br />
Sincerida<strong>de</strong><br />
O Judo, sendo um “estilo <strong>de</strong> vida”, incorpora um certo cerimonial.<br />
É praticado num espaço próprio (Dojo), em cima <strong>de</strong><br />
um tapete (Tatami), e os seus praticantes utilizam um Kimono<br />
(Judogi) e um cinturão (Obi) que através da cor indica a<br />
sua graduação, ou seja, o que confere ao judoca o seu nível<br />
<strong>de</strong> conhecimento, habilida<strong>de</strong> e li<strong>de</strong>rança. Nenhuma activida<strong>de</strong><br />
no Tatami começa sem que se proceda a uma saudação<br />
(Rei) ao mestre ou aos outros praticantes presentes.<br />
Esta saudação po<strong>de</strong> ser realizada na posição <strong>de</strong> pé (Ritsurei)<br />
ou <strong>de</strong> joelhos (Zarei) e consiste numa vénia.<br />
Em termos gerais, o Judo po<strong>de</strong> caracterizar-se por luta em pé<br />
(Nage-Wasa), on<strong>de</strong> o objectivo é projectar o oponente para<br />
que este caia com as costas no tapete, e<br />
luta no chão (Ne-Wasa), on<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong> o<br />
controle do adversário através da utilização<br />
<strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> imobilização, chaves (luxações<br />
às articulações) e estrangulamentos.<br />
Em termos <strong>de</strong>sportivos, o Judo é um <strong>de</strong>sporto<br />
olímpico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964, e é constituído por<br />
um rígido conjunto <strong>de</strong> regras que regem a<br />
competição e que garantem a segurança dos<br />
praticantes. Em competição, os atletas são divididos<br />
por sexo e por categorias <strong>de</strong> peso.<br />
O Judo é uma activida<strong>de</strong> física completa,<br />
perfeitamente adaptada a qualquer sexo,<br />
ida<strong>de</strong> ou capacida<strong>de</strong> motora. É um <strong>de</strong>sporto barato, que se<br />
po<strong>de</strong> praticar todo o ano. O Judo <strong>de</strong>senvolve a auto-disciplina,<br />
o respeito pelo próprio e pelos outros, abre caminho<br />
para a auto-confiança, concentração e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança.<br />
Em termos físicos, <strong>de</strong>senvolve a coor<strong>de</strong>nação motora,<br />
força, flexibilida<strong>de</strong>, equilíbrio, e capacida<strong>de</strong> reactiva.<br />
Assim, em sentido lato, Judo é um método <strong>de</strong> treino para<br />
o corpo e mente que se reflecte na forma como vivemos a<br />
nossa vida em toda a sua amplitu<strong>de</strong>.<br />
* Praticante <strong>de</strong> Judo na Associação Académica <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980,<br />
Cinto Negro 1.º Dan<br />
Judo em <strong>Coimbra</strong>:<br />
Secção <strong>de</strong> Judo da Associação Académica <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
Sala <strong>de</strong> Judo no Pavilhão II do Estádio Universitário <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
Atendimento todos os dias das 18H00 às 20H00
IPOcFg<br />
em notícia<br />
I Encontro Lusogalaico<br />
<strong>de</strong> Enfermagem comunitária<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />
saudáveis exige o envolvimento dos indivíduos,<br />
das famílias e da socieda<strong>de</strong>,<br />
através <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que<br />
apoiem melhores cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> planeamento, <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong><br />
promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção da<br />
doença, apoiada na participação intersectorial<br />
e multidisciplinar.<br />
Assumindo esta estratégia <strong>de</strong> intervenção<br />
como <strong>de</strong>terminante para a construção<br />
<strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> vida saudáveis <strong>de</strong> forma a<br />
promover uma cidadania responsável,<br />
os enfermeiros Ana Cristina Ferreira,<br />
António Pedro Men<strong>de</strong>s, Isabel Fernan<strong>de</strong>s<br />
e Regina Ferreira, que se encontram a<br />
frequentar a Pós-Licenciatura <strong>de</strong> Especialização<br />
em Enfermagem Comunitária,<br />
estiveram presentes no I Encontro Luso-<br />
galaico <strong>de</strong> Enfermagem Comunitária<br />
que <strong>de</strong>correu na cida<strong>de</strong> da Maia nos<br />
dias 20 e 30 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2006.<br />
Este Encontro teve como principais<br />
objectivos a partilha <strong>de</strong> experiências, o<br />
conhecimento dos diversos contextos<br />
<strong>de</strong> trabalho na saú<strong>de</strong> comunitária e a<br />
divulgação <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> intervenção<br />
comunitária encarados enquanto contributos<br />
para a melhoria dos cuidados<br />
<strong>de</strong> enfermagem à comunida<strong>de</strong>.<br />
Sendo um evento internacional, esta<br />
participação foi encarada como mais<br />
uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representação<br />
e divulgação do IPOCFG, E.P.E. e o<br />
seu envolvimento com a comunida<strong>de</strong>,<br />
tendo sido esta, a única instituição<br />
portuguesa fora da região norte com<br />
representação no mesmo.<br />
Assim, participaram com a apresentação<br />
<strong>de</strong> três trabalhos, uma comunicação<br />
livre subordinada ao tema “Lombalgias<br />
como alvo <strong>de</strong> intervenção da saú<strong>de</strong><br />
ocupacional”, um poster e comunicação<br />
livre intitulados “A Escola, a Saú<strong>de</strong> e o<br />
Cancro da Pele” – um projecto <strong>de</strong> intervenção<br />
comunitária, tendo esta sido<br />
distinguida com o 3º Prémio para a categoria<br />
<strong>de</strong> comunicação livres.<br />
Congratulados com esta experiência,<br />
os autores preten<strong>de</strong>m dar continuida<strong>de</strong><br />
à sua participação neste tipo <strong>de</strong><br />
eventos e integrar parcerias <strong>de</strong> intervenção<br />
comunitária.<br />
Ana Ferreira, Unida<strong>de</strong> da Dor<br />
António Men<strong>de</strong>s, Serviço <strong>de</strong> CCPU Internamentos<br />
Isabel Fernan<strong>de</strong>s, Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intermédios<br />
Regina Ferreira, Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuidados Intermédios<br />
Tiró-Alvo:<br />
I<strong>de</strong>ntificação e validação <strong>de</strong> novos<br />
marcadores moleculares/alvos<br />
terapêuticos para o cancro<br />
da tirói<strong>de</strong> (LRP1B e TAcSTD2)<br />
Uma equipa multidisciplinar do IPO<br />
<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, li<strong>de</strong>rada pelo Laboratório<br />
<strong>de</strong> Patologia Molecular, foi premiada<br />
com a primeira edição da bolsa <strong>de</strong> investigação<br />
Professor E. Limbert para<br />
Patologia da Tirói<strong>de</strong>, atribuída pela<br />
Socieda<strong>de</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Endocrinologia,<br />
Diabetes e Metabolismo (SPEDM)<br />
e a Genzyme. O projecto, intitulado<br />
“Tiró-alvo: I<strong>de</strong>ntificação e validação <strong>de</strong><br />
novos marcadores moleculares/alvos<br />
terapêuticos para o cancro da tirói<strong>de</strong><br />
(LRP1B e TACSTD2)”, tem por objectivo<br />
i<strong>de</strong>ntificar e validar novos marcadores<br />
moleculares e alvos terapêuticos<br />
para o carcinoma diferenciado da<br />
tirói<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem folicular e financiará<br />
parte do trabalho <strong>de</strong> doutoramento<br />
do Dr. Hugo Prazeres do Laboratório<br />
<strong>de</strong> Patologia Molecular, cuja orientação<br />
está a cargo da Doutora Teresa<br />
Martins (Laboratório <strong>de</strong> Patologia Molecular<br />
do IPO <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>) e da Prof.<br />
Doutora Paula Soares (<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Patologia<br />
e Imunologia Molecular da Universida<strong>de</strong><br />
do Porto – IPATIMUP). Para<br />
além <strong>de</strong>stes, a equipa envolvida conta<br />
com a experiência <strong>de</strong> vários profissionais<br />
altamente qualificados do IPO <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong>, nomeadamente os endocrinologistas<br />
Drs. Fernando Rodrigues,<br />
Plamen Nai<strong>de</strong>nov e Beatriz Campos, os<br />
cirurgiões Drs. João Ganho e João Hen-<br />
riques Pereira e os anatomo-patologistas<br />
Drs. Paulo Figueiredo e Daniela Gomes.<br />
Esta bolsa vem premiar o trabalho <strong>de</strong><br />
investigação que tem vindo a ser <strong>de</strong>senvolvido<br />
no Laboratório <strong>de</strong> Patologia Molecular<br />
do IPO <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> nos últimos<br />
anos. No mesmo contexto, é <strong>de</strong> referir a<br />
aprovação da candidatura ao Programa<br />
Saú<strong>de</strong> XXI feita pelo IPO <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
tendo em vista o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
mesmo laboratório e que permitirá dotá-<br />
-lo <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> ponta.<br />
O Laboratório <strong>de</strong> Patologia Molecular<br />
está organizado em 2 sectores: o <strong>de</strong><br />
diagnóstico molecular e o <strong>de</strong> investigação<br />
aplicada. O sector <strong>de</strong> Diagnóstico<br />
Molecular tem como objectivo apoiar<br />
os serviços clínicos na informação da<br />
patologia molecular. As informações<br />
obtidas pela Biologia Molecular po<strong>de</strong>m,<br />
em muitos casos, contribuir para<br />
a adopção <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> terapêutica<br />
mais específica e “personalizada”, possibilitando<br />
a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> doença residual<br />
mínima assintomática e a exclusão<br />
<strong>de</strong> doentes <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> vigilância,<br />
poupando tempo <strong>de</strong> consultas e todos<br />
os custos inerentes a esses programas.<br />
Estão já a ser feitas análises a: carcinoma<br />
medular da tirói<strong>de</strong> familiar e<br />
sindroma <strong>de</strong> neoplasias endócrinas<br />
múltiplas do tipo 2 (MEN2), feocromocitomas<br />
hereditários, paragangliomas<br />
hereditários, cancro da mama e/<br />
ou ovário hereditário, síndroma <strong>de</strong> von<br />
Hippel Lindau, polipose a<strong>de</strong>nomatosa<br />
familiar, síndroma <strong>de</strong> Lynch, linfomas,<br />
tumores do estroma gastrointestinal,<br />
carcinoma do colo uterino e neurofibromatose.<br />
Prevê-se que, no <strong>de</strong>correr<br />
do 2.º trimestre <strong>de</strong> 2007, o sector <strong>de</strong><br />
Citogenética do Laboratório <strong>de</strong> Patologia<br />
Molecular inicie a sua activida<strong>de</strong>.<br />
O sector <strong>de</strong> investigação aplicada tem<br />
por objectivo a realização <strong>de</strong> projectos<br />
<strong>de</strong> investigação na área da Oncobiologia<br />
e Imunologia e po<strong>de</strong>rá constituir<br />
uma incubadora para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> novas metodologias<br />
<strong>de</strong> diagnóstico e avaliação<br />
<strong>de</strong> doença neoplásica, bem como <strong>de</strong><br />
previsão <strong>de</strong> recidivas e <strong>de</strong> resposta a<br />
diferentes terapias. O Laboratório <strong>de</strong><br />
Patologia Molecular tem já a <strong>de</strong>correr<br />
vários projectos <strong>de</strong> investigação financiados<br />
pela Fundação para a Ciência<br />
e a Tecnologia. As principais linhas <strong>de</strong><br />
investigação do laboratório incluem o estudo<br />
<strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> neoplasias, como<br />
é o caso do cancro da tirói<strong>de</strong>, da mama,<br />
do colo do útero associado a infecções<br />
pelo papilomavirus humano (HPV) e da<br />
próstata, e <strong>de</strong> alguns aspectos da função<br />
imunológica, nomeadamente doenças <strong>de</strong><br />
autoimunida<strong>de</strong> e regulação imunológica.<br />
Do trabalho <strong>de</strong> investigação realizado resultou<br />
já a publicação <strong>de</strong> artigos científicos<br />
em revistas internacionais e uma<br />
patente referente a um kit <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<br />
<strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cancro<br />
da próstata, em colaboração com o<br />
Centro <strong>de</strong> Neurociências e Biologia Celular<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Teresa Martins, Investigadora Auxiliar e Directora<br />
do Laboratório <strong>de</strong> Patologia Molecular<br />
Serviço <strong>de</strong> Imunohemoterapia:<br />
certificação <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> IPAc<br />
O Serviço <strong>de</strong> Imunohemoterapia do<br />
IPOCFG, E.P.E. <strong>de</strong>tém <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong> 2007 certificação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
IPAC, atribuída após auditoria<br />
conduzida pela Bureau Veritas Certification,<br />
que <strong>de</strong>clarou a conformida<strong>de</strong><br />
do sistema <strong>de</strong> Gestão do Serviço com<br />
os requisitos das normas NP EN ISO<br />
9001 : 2000.
Dar voz ao Doente<br />
Publicamos aqui algumas cartas entregues, pelos doentes ou familiares, ao Gabinete do Utente do IPOCFG, E.P.E.<br />
“….quero manifestar a V. Exas., o meu agra<strong>de</strong>cimento sincero<br />
pelos mais <strong>de</strong> trinta anos em que trataram com tanto<br />
carinho a minha querida Mãe, nos vossos serviços. Ainda me<br />
lembro do primeiro dia em que fui com ela e era assistida<br />
nos pavilhões pré-fabricados que existiam. Felizmente hoje<br />
tudo mudou e as condições são diferentes.<br />
A todos quantos servem a instituição…, quero <strong>de</strong>ixar o meu<br />
sincero “BEM-HAJAM”<br />
Este elogio é referente ao Serviço <strong>de</strong> Cirurgia.<br />
“ …<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> várias consultas, só tenho a dizer que fui sempre<br />
bem atendida, foi-me feita uma intervenção mamária<br />
…fui recebida com todo o carinho e compreensão… fui<br />
sempre muito bem acompanhada. Des<strong>de</strong> já os meus sinceros<br />
agra<strong>de</strong>cimentos. PS: Obrigado por terem voluntárias<br />
tão atenciosas com todos os pacientes, como tive oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ver”.<br />
Este elogio é referente ao Serviço <strong>de</strong> Ginecologia.<br />
“É <strong>de</strong> forma gratificante que faço o elogio seguinte: Era <strong>de</strong> esperar<br />
que todos os hospitais, instituições públicas, Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e<br />
outros tirassem o exemplo do IPO <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.<br />
Pois aqui no IPO, não se encontra uma cara feia, um mau feitio,<br />
nem uma resposta mal dada, às vezes até penso que as pessoas que<br />
aqui trabalham foram escolhidas a <strong>de</strong>do.<br />
É com muito prazer que eu digo, já ando aqui no IPO há 3 anos e<br />
nunca me senti mal tratada por ninguém e sempre que tenho precisado,<br />
tenho recebido uma palavra amiga.”<br />
Este elogio é referente aos Serviços <strong>de</strong> Cirurgia e <strong>Oncologia</strong> Médica.<br />
“Eu, filho <strong>de</strong>…, em meu nome pessoal e <strong>de</strong> meus irmãos,<br />
venho, por este meio, agra<strong>de</strong>cer à Dr.ª Teresa todo o<br />
empenho, <strong>de</strong>dicação e profissionalismo com que cuidou<br />
da nossa mãe. Agra<strong>de</strong>cemos igualmente a preocupação<br />
<strong>de</strong>monstrada em todos os momentos em que a contactámos,<br />
quer pessoalmente, quer por telefone e, em muito,<br />
agra<strong>de</strong>cemos o telefonema que nos fez, para se inteirar<br />
do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da sua paciente.”<br />
Este elogio é dirigido à Dr.ª Teresa Carvalho (Serviço <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> Médica).<br />
“ Não sei o que me <strong>de</strong>u para estar a escrever pois nunca<br />
tenho palavras. Apenas tenho a dizer que apesar da situação<br />
e <strong>de</strong> isto ser um hospital estou muito satisfeita com<br />
tudo. Aqui tratam-se as pessoas com humanismo, carinho,<br />
amor, ternura… nem há palavras para <strong>de</strong>screver.<br />
Não tenho nada a dizer <strong>de</strong> ninguém nesta unida<strong>de</strong>, apenas<br />
um MUITO OBRIGADO”<br />
Este elogio é referente ao internamento <strong>de</strong> Ginecologia.<br />
“… após vários contactos neste estabelecimento<br />
clínico cumpre-me felicitar todos porque:<br />
1. São todos muito atenciosos;<br />
2. Procuram todos também colocar-se na “pele”<br />
do doente;<br />
3. Não encontrei nenhum momento que me levasse<br />
a mudar <strong>de</strong> opinião;<br />
4. Observei que todos: médicos, enfermeiros,<br />
administrativos eram dignos <strong>de</strong> louvor;<br />
5. O pessoal que fazia as limpezas esse era também<br />
digno <strong>de</strong> distinção.<br />
Parabéns a todos e não percam essa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fazer e tratar bem o semelhante.”<br />
Este elogio é referente aos Serviços <strong>de</strong> Urologia e <strong>Oncologia</strong><br />
Médica.<br />
“Des<strong>de</strong> 1998 que frequento este magnífico estabelecimento<br />
hospitalar; on<strong>de</strong> trabalham magníficos profissionais <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> a classe médica à enfermagem, sem esquecer<br />
todo o pessoal auxiliar, até às equipas <strong>de</strong> manutenção da<br />
limpeza. As instalações naturalmente têm carências mas<br />
no que diz respeito ao <strong>de</strong>sempenho nos cuidados médicos,<br />
são excelentes. A simpatia, a beleza das enfermeiras, o<br />
carinho c/ que tratam os doentes, para além dos cuidados<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e higiene c/ que nos tratam, aquando da nossa<br />
partida fica sempre uma sauda<strong>de</strong>.”<br />
Este elogio é referente ao Serviço <strong>de</strong> Cirurgia <strong>de</strong> Cabeça e Pescoço.<br />
“Queria afirmar que nem tudo na saú<strong>de</strong> está mal, os valores humanos<br />
e as relações humanas que encontrei hoje no serviço <strong>de</strong><br />
Cirurgia/consulta <strong>de</strong>vem ser preservados e incentivados. Muito<br />
obrigado pela consi<strong>de</strong>ração que têm pelos utentes (doentes).”<br />
Este elogio é referente ao Serviço <strong>de</strong> Cirurgia.<br />
PRÉMIO “PROFESSOR LUÍS AnTónIO MARTInS RAPOSO”<br />
Para o ano <strong>de</strong> 2007, o Prémio “Professor Luís António Martins Raposo” <strong>de</strong>stina-se a trabalhos <strong>de</strong> <strong>Oncologia</strong> <strong>de</strong> índole <strong>de</strong><br />
enfermagem.<br />
O respectivo regulamento po<strong>de</strong>rá ser consultado na Circular Informativa <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2007.<br />
BOLSA D. MARIA DO LIvRAMEnTO DE ABREU FORjAZ<br />
NÚCLEO REGIONAL DOS AÇORES<br />
LIGA PORTUGUESA CONTRA O CANCRO<br />
Regulamento<br />
1. A Bolsa <strong>de</strong>stina-se a incentivar a realização <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> investigação científica na área da oncologia.<br />
2. A Bolsa, no valor <strong>de</strong> €1500, <strong>de</strong> vigência anual, servirá para apoiar nas <strong>de</strong>spesas relacionadas com a participação em<br />
cursos <strong>de</strong> especialização, pós-graduações, mestrados ou doutoramentos.<br />
3. Po<strong>de</strong>rão candidatar-se licenciados até aos 35 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que cumpram uma das seguintes condições:<br />
a) tenham nascido no arquipélago dos Açores,<br />
b) <strong>de</strong>scendam <strong>de</strong> pais (pai ou mãe) açorianos,<br />
c) residam no arquipélago há mais <strong>de</strong> cinco anos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da sua nacionalida<strong>de</strong>.<br />
4. As candidaturas <strong>de</strong>vem ser enviadas até ao dia 31 <strong>de</strong> Março e dirigidas à Presi<strong>de</strong>nte do Núcleo Regional dos Açores da<br />
Liga Portuguesa Contra o Cancro, sito à Rua da Rosa, n.º 26 – 9700-171 ANGRA DO HEROÍSMO, em correio registado<br />
com aviso <strong>de</strong> recepção. Do requerimento da candidatura <strong>de</strong>vem constar a i<strong>de</strong>ntificação do candidato, residência, código<br />
postal, n.º <strong>de</strong> telefone e en<strong>de</strong>reço electrónico. Em anexo <strong>de</strong>vem constar o curriculum vitae, comprovativos das habilitações<br />
literárias e da formação e experiência profissionais e plano <strong>de</strong> trabalho a que se <strong>de</strong>stina a Bolsa.<br />
5. O júri do concurso é composto por um membro da Direcção do Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra<br />
o Cancro, que presidirá, por um membro da família do Dr. Cândido Pamplona Forjaz, responsável pela verba <strong>de</strong>stinada a<br />
esta Bolsa, e por um médico ligado à área da oncologia.<br />
6. O júri levará em consi<strong>de</strong>ração na apreciação das propostas, não só a sua qualida<strong>de</strong> específica, como a sua oportunida<strong>de</strong><br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento das políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Região Autónoma dos Açores. O júri <strong>de</strong>liberará no prazo máximo <strong>de</strong> um<br />
mês a seguir à data limite <strong>de</strong> aceitação das candidaturas. As <strong>de</strong>cisões do júri são soberanas e não estão sujeitas a recurso<br />
por parte dos candidatos excluídos.<br />
7. O candidato seleccionado obriga-se a apresentar ao Núcleo um relatório das activida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>senvolveu, bem como<br />
comprovativos ou certificados dos cursos ou estudos em que participou, comprometendo-se também a entregar ao Núcleo<br />
qualquer trabalho posterior que tenha ligação com a atribuição <strong>de</strong>sta Bolsa. A não aplicação da Bolsa ao fim <strong>de</strong>stinado<br />
implicará a <strong>de</strong>volução da totalida<strong>de</strong> da verba por parte do candidato.<br />
Angra do Heroísmo, 13 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2007<br />
A Presi<strong>de</strong>nte<br />
Zita Lima
Agenda congressos,<br />
seminrios,<br />
congresso nacional <strong>de</strong> Emergência – Aveiro 2007, 31<br />
<strong>de</strong> Março<br />
Centro Cultural e <strong>de</strong> Congressos <strong>de</strong> Aveiro<br />
I congresso <strong>de</strong> Análises clínicas e Saú<strong>de</strong> pública do InSA,<br />
19-21 Abril<br />
Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett – Porto<br />
congresso Internacional <strong>de</strong> Investigação científica em<br />
Enfermagem, 17-19 Maio<br />
Centro Cultural e <strong>de</strong> Congressos <strong>de</strong> Angra do Heroísmo,<br />
Terceira – Açores<br />
congresso: Feridas – da Investigação à prática, 24-25<br />
<strong>de</strong> Maio<br />
Centro <strong>de</strong> reuniões da Fil (Parque das Nações)<br />
Séminaire <strong>de</strong> Techniques chirurgicales<br />
Formation à la Détection du ganglion Sentinelle Dans<br />
le cancer du Sein, 7 e 8 <strong>de</strong> junho<br />
Institut Gustave Roussy – Villejuif<br />
I jornadas Técnicas <strong>de</strong> Imagiologia, 7-9 junho<br />
Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio<br />
vI congresso <strong>Português</strong> <strong>de</strong> Psico-<strong>Oncologia</strong>, 13-16 junho<br />
Hotel D. Luis – <strong>Coimbra</strong><br />
III Mediterranean Aca<strong>de</strong>my of Forensic Sciences congress<br />
/ v Latin-American congress of Medical Law / III<br />
Iberian congress of Legal Medicine, 21-23 junho<br />
Fundação Engenheiro António <strong>de</strong> Almeida – Porto<br />
c&A<br />
cultura e Arte<br />
Música<br />
TAGV Gran<strong>de</strong>s Concertos:<br />
Ursula Rucker<br />
28 Março, 21h30<br />
Robert Fripp & the League of Crafty<br />
Guitarrists<br />
20 Abril, 21h30<br />
Bilhetes: 30 euros<br />
TAGV, <strong>Coimbra</strong><br />
Passeios<br />
Passear na Literatura com Miguel Torga<br />
Visitas guiadas – Roteiro torguiano<br />
Acesso gratuito (<strong>10</strong>h00 às 12h30)<br />
14 Abril, 19 Maio, 16 Junho.<br />
<strong>Coimbra</strong><br />
Cinema<br />
Ciclo <strong>de</strong> Cinema<br />
“Spielberg e a Ficção Científica’<br />
24 Março, Inteligência Artificial<br />
31 Março, Relatório Minoritário<br />
Casa Municipal da Cultura <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
Feiras<br />
Feira do Livro<br />
19 Abril a 6 Maio<br />
Domingo a Quinta: das 15h00 às 23h00<br />
Sextas, Sábados e véspera <strong>de</strong> feriados:<br />
das 15h00 às 24h00<br />
Praça da República, <strong>Coimbra</strong><br />
Feira das Velharias<br />
conversas,<br />
encontros,<br />
formao,<br />
<strong>de</strong>bates,<br />
cursos...<br />
9º Fórum nacional <strong>de</strong> Medicina do Trabalho/vIII congresso<br />
Ibero-Americano <strong>de</strong> Medicina do Trabalho, 8-<strong>10</strong><br />
novembro<br />
Culturgest – Lisboa<br />
Encontro Enfermagem cirúrgica 2007, 26 e 27 <strong>de</strong> Abril<br />
Auditório da Imaculada Conceição Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Boavista<br />
Fórum 07: O cidadão e a Enfermagem, <strong>10</strong> e 11 <strong>de</strong> Maio<br />
Teatro Académico <strong>de</strong> Gil Vicente / <strong>Instituto</strong> <strong>Português</strong> da<br />
Juventu<strong>de</strong> – <strong>Coimbra</strong><br />
“Health Education and Health Promotion: Theory and<br />
Practice (c<strong>10</strong>4) 16-20 <strong>de</strong> Abril – Spring courses<br />
University Maastricht – The Netherlands<br />
6.º curso Pós graduado do Laser Médico e 8.º curso <strong>de</strong><br />
Segurança Laser, 4 e 5 <strong>de</strong> Maio<br />
Auditório da Or<strong>de</strong>m dos médicos – Secção Regional do Sul<br />
4º Sábado <strong>de</strong> cada mês:<br />
Março – dia 24<br />
Abril – dia 28<br />
Maio – dia 26<br />
Junho – dia 23<br />
Julho – dia 28<br />
Agosto – dia 25<br />
das 9h00 às 19h00<br />
Praça do Comércio, <strong>Coimbra</strong><br />
Teatro<br />
Tchékhov e a Arte Menor, textos <strong>de</strong><br />
Anton Tchékhov<br />
Março e Abril (informações pelo telefone<br />
239 718 238)<br />
Oficina Municipal do Teatro, <strong>Coimbra</strong>
Sugestões <strong>de</strong> leitura<br />
da Biblioteca do IPOCFG, E.P.E.<br />
Revista Portuguesa <strong>de</strong> Otorrinolaringologia<br />
e cirurgia cérvico-Facial<br />
Vol. 44, n.º 3 [Setembro 2006]<br />
vox Sanguinis<br />
Vol. 91, n.º 4 [Novembro 2006]<br />
nursing<br />
N.º 218 [Fevereiro 2007]<br />
jornal <strong>Português</strong> <strong>de</strong> gastrenterologia<br />
Vol. 13, n.º 6 [Novembro/Dezembro 2006]<br />
The journal of Urology<br />
Vol. 177, n.º 1 [Janeiro 2007]<br />
Semana Médica<br />
N.º 426 [08 a 14 Fevereiro 2007]<br />
Revista Portuguesa <strong>de</strong> Pneumologia<br />
Vol. XII, n.º 6 [Novembro/Dezembro 2006]<br />
Radiologic clinics<br />
Vol. 45, n.º 1 [Janeiro 2007]<br />
Boletim do Hospital <strong>de</strong> S. Marcos – Braga<br />
N.º 2 [2006]