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Inforbanca Nº 86 - IFB

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Marketing Bancário<br />

em questão enquanto outros gostariam de pensar que “os<br />

clientes ignoram os rumores sobre problemas financeiros<br />

do BCP”. Pessoalmente, tive conhecimento de alguns que<br />

reagiram de forma insciente. A ignorância poderá afigurar-<br />

-se um termo algo desmesurado se tivermos em conta<br />

que nós, humanos, e contrariamente ao senso comum,<br />

somos na realidade extremamente irracionais – teria você<br />

apostado em ignorar “conselhos” de outros amigos “racionais<br />

e inteligentes”? Especialmente numa altura em que<br />

estudos patenteiam que a confiança na palavra de colegas,<br />

amigos e familiares se sobrepõe a todas as outras?<br />

Malcolm Gldawell, no seu livro The Tipping Point – How<br />

Little Things Can Make a Big Difference, descreve o poder<br />

dos influenciadores, conectores e mavens. O facto surpreendente<br />

reside na lei dos poucos, evocando a escassez de<br />

agentes necessários que propagarão, ou não, algo de forma<br />

eficiente numa escala não quantificável, todavia mais<br />

preocupante porque imprevisível. Estes agentes, denominados<br />

hubs (pontos centrais) da rede, não necessitam nem<br />

procuram a utilização dos mass media (media tradicional).<br />

Juntando-se estes últimos à charada, a essência da notícia<br />

deixa de ser a mensagem, mas sim a sua consequência.<br />

Em Setembro de 2007, clientes do banco Northern<br />

Rock dirigiram-se em massa às suas sucursais, levantando<br />

tudo das suas contas bancárias até ao último cêntimo. O<br />

que nos leva a pensar que o mesmo seria impensável em<br />

Portugal? Provavelmente, a negação, o receio de ter de<br />

enfrentar a realidade cruel de que para os bancos já não<br />

resta outra alternativa que não prepararem-se para esse<br />

dia e de que social media é de facto a única oportunidade<br />

que detêm para se certificarem de que tal não sucederá<br />

num futuro próximo.<br />

Os hoaxers (responsáveis pela confusão instaurada) poderão<br />

não ter alcançado o seu derradeiro objectivo, mas<br />

acabaram por conquistar o mais difícil – assegurarem-se<br />

de que a mensagem se difundiu em proporções alarmantes,<br />

bem sob o radar, até que já fosse demasiado tarde<br />

para inverter o processo. Um futuro ataque será certamente<br />

mais eficaz, mediante a construção obtida pela sua<br />

experiência mais recente. Qual vírus que se metamorfoseia<br />

consoante a utilização de antídotos, os hoaxers inteirar-se-ão<br />

de que, de facto, a lacuna residiu no conteúdo<br />

das mensagens – o ingrediente que faltou para atingir o<br />

ponto de viragem – the tipping point.<br />

De modo algo perverso, estes hoaxers tornar-se-ão,<br />

eventualmente, numa espécie de profetas da nova era –<br />

através das suas afirmações, caso se atinja o ponto de viragem<br />

e o pânico se instaure massivamente, conduzindo a<br />

um levantamento de fundos colectivo. Será que acabarão<br />

por causar ou prever o fim da instituição financeira? Se<br />

acredita que a fragilidade advém da incapacidade da indústria<br />

em compreender e gerir os desafios do poder da<br />

Internet, bem como as ferramentas que surgem cada vez<br />

mais para simplificar e aumentar a partilha de conteúdo<br />

(não confundir com factos), então a vitima deverá, igualmente,<br />

partilhar uma quota-parte da culpa.<br />

Em Abril de 2010, o Facebook lançou uma colecção<br />

de social plug-ins que permitem a qualquer utilizador colocar<br />

comentários do Facebook bem como o botão Like<br />

em qualquer página da web fora do Facebook. Em apenas<br />

três semanas após o lançamento destas ferramentas, mais<br />

de 100 000 páginas já as utilizavam para facilitar a partilha<br />

de conteúdo.<br />

Tornou-se indubitavelmente o maior e mais importante<br />

passo conferir o dom da ubiquidade com a própria existência<br />

de redes sociais, através da criação de ferramentas<br />

quer de cariz social, quer com o intuito de serem colocadas<br />

onde o utilizador se encontra, eliminando a necessidade<br />

de deslocação até ao destino para divulgar a mensagem.<br />

Estes social plug-ins do Facebook tornarão o impulso<br />

de agir mais fácil e mais natural, inquestionavelmente, mais<br />

que qualquer outro desenvolvimento desde da invenção do<br />

Facebook, que excede agora os 500 milhões de membros.<br />

Paralelamente, o Twitter cinge o pensamento, baliza a<br />

opinião ou “facto” a 140 caracteres, forçando o utilizador a<br />

abreviar toda e qualquer frase com uma mera exclamação,<br />

prefigurando-se o resultado, quase sempre, numa partilha<br />

imediata, emotiva, egocêntrica, frequentemente desprovida<br />

de sentido – a partilha pela mera razão de partilhar.<br />

A veracidade e a consequência são relegadas para segundo<br />

plano no calor do momento, afigurando-se este<br />

como apenas outro exemplo da nossa irracionalidade,<br />

sendo que muitos de nós fazem-no diariamente: seja no<br />

reenvio de anedotas disparatadas para uma listagem de<br />

contactos, independentemente de abrangerem e-mails de<br />

empresa, seja no reenvio de e-mails de aviso que jogam<br />

com a nossa consciência; a decisão árdua de enviar ou não<br />

um aviso gratuito aos amigos colegas e/ou família torna-se<br />

demasiado imperativa para ser ignorada.<br />

Não é legítimo solicitar confiança sem a conquistar. Na<br />

verdade, poucos revelam interesse em propagar rumores,<br />

mais que não seja pelo simples facto de que os jornais na-<br />

26 inforBANCA <strong>86</strong><br />

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Out > Dez | 2010

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