mapeamento geologico da borda leste do batólito de santa quitéria ...

MAPEAMENTO GEOLOGICO DA BORDA LESTE DO BATÓLITO DE SANTA
QUITÉRIA, REGIÃO DE UMIRIM-CE
Alexandre de Souza (UNICAMP), Alexandre.Souza@ige.unicamp.br, Bruno Rondi de Moraes,
Ticiano José Saraiva dos Santos
O estudo resulta do mapeamento geológico em escala 1:50.000 de área com 325Km 2 a
E-SE da Serra de Uruburetama,, região do município de Umirim – CE. Individualizam-se quatro
unidades litológicas de noroeste para sudeste. Suíte Granítica Uruburetama: assembléia de rochas
com núcleos anatéticos preservados de composição granodiorítica a tonalítica, em contato
gradacional com gnaisses e migmatitos; Unidade Caxitoré: hornblenda biotita gnaisses
ortoderivados; Unidade Caieiras: biotita gnaisses paraderivados, calciossilicáticas, mármores,
barras de quartizito e milonitos; Unidade Rio Curu: biotita gnaisses paraderivados, com porções
migmatizadas. Tais unidades foram separadas com base em critérios estruturais, visto que os
metassedimentos apresentam grande semelhança mineralógica, e metamórfica, dificultando sua
individualização.
A tectônica atuante nessas rochas é brasiliana, apresentando três eventos
deformacionais (D1, D2, D3) e dois eventos metamórficos associados, M1 e M2.
O evento D1 é caracterizado por compressão de noroeste para sudeste, com foliação S1
de direção N-S/NE-SW mergulhando para W/NW, crenulação e dobras isoclinais (F1) de eixo N-
S e vergencia para leste além da lineação de estiramento (L1) down dip nos flancos.
O evento D2 consiste de transporte tectônico para Sul, marcado por transcorrências e
rampas laterais no plano de S1, lineação de estiramento (L2) horizontal/obliqua, geração de

milonitos com estruturas S-C e sigmoides assimétricos indicando movimentos sinistrais.
Eixos das dobras (F1) mergulham alternadamente para norte e para sul.
O evento deformacional D3 é caracterizado por movimento extensional para norte com o
relaxamento da compressão, registrado pelas feições cisalhantes de cinemática dextral.
O evento M1, progressivo, está relacionado às fases de deformação transpressiva D1 e
D2, com metamorfismo da fácies anfibolito registrado na Suíte Granítica Uruburetama pela
migmatização e a associação quartzo+plagioclásio+microclina+-augita+-turmalina, além da
deformação plástica dos feldspatos Nas seqüências paraderivadas é caracterizado pela
associação quartzo+plagioclásio+microclina+muscovita+biotita, com migmatização de algumas
porções devido à saturação em água e quartzo, com menor ponto de fusão das rochas.
O evento regressivo M2, está relacionado à fase de deformação transtensiva D3, com
retrometamorfismo para a fácies Xisto Verde verificada pela associação
quartzo+plagioclásio+microclina+-clorita e saussuritização dos plagioclásios na Suíte Granítica
Uruburetama. Ocorre também cristalização de biotita a partir da hornblenda nas metaplutônicas
da Unidade Caxitoré e cristalização de muscovitas a partir de feldspatos nas seqüências
metassedimentares
Fica então definido o empilhamento geométrico-estrutural da área com as rochas de
maior grau pertencentes ao batólito cavalgando as rochas de menor grau das seqüências
metassedimentares adjacentes, configurando assim um perfil inverso de metamorfismo ao estilo
barroviano.
De acordo com as variações químicas e litológicas do batólito, idades U-Pb em zircão que
variam de 665 a 591 Ma, assinaturas isotópicas de Nd que revelam interação de crosta juvenil
com crosta retrabalhada e idades modelo (TDM) de 900 Ma obtidas para os metassedimentos

adjacentes ao batólito, podemos sugerir a adequação da área ao ambiente geotectônico de arco
magmático insular que vem sendo proposto na literatura.
Financiamento: FAEP (Fundo de Apoio ao Ensino e Pesquisa da UNICAMP)