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girista.com<br />

Ano I - Ed. 3 - Março/2013<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Waldyr<br />

Barbosa de<br />

Oliveira<br />

Junior


É uma revista temática em busca de<br />

um resgate histórico de uma raça que ao<br />

descer em terras brasileiras, oriunda da Índia,<br />

se sentiu em casa.<br />

Exalando magia e mistério transformou<br />

em girista todo aquele que com ela<br />

poetou.<br />

É um projeto desafiador pela sua veiculação<br />

digital. Mas foi essa a maneira encontrada<br />

para deixar registrada a história e<br />

ações dos que a preserva.<br />

É um resgate daqueles que foram além<br />

da simples criação, transformando-a em<br />

estado de espírito.<br />

O editor<br />

Expediente<br />

Jornalista Responsável<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

MTb GO 01438 JP<br />

Editor<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

l.carriao@bol.com.br<br />

Revisora<br />

Carmem Marize Lima<br />

Diagramador<br />

Thales Moraes<br />

virtuadigital@gmail.com<br />

Goiânia – Goiás<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

girista.com<br />

Ano I - Ed. 3 - Março/2013<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Waldyr<br />

Barbosa de<br />

Oliveira<br />

Junior<br />

2 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Não são poucos os anos que a Lei que estabelece<br />

e mantém a harmonia do Universo tem me privilegiado<br />

nessa arte de escrever, e agora, com uma experiência<br />

por mim já exercida, a de editor, porém, com uma<br />

diferença: sem a intervenção de patrocinadores sobre<br />

a linha editorial do que se escreve como vergonhosamente<br />

ocorreu com as escolas de samba do último carnaval<br />

no Rio de Janeiro, ou de censura ao pensamento<br />

como ocorreu em veículos anteriores.<br />

Poderia estar editando uma revista sobre história,<br />

literatura, música, política, filosofia, educação,<br />

religião, esoterismo ou resenhas de livros como chegamos<br />

a fazer em alguns blogs, com um sucesso de visitação<br />

gratificante, mas aqui estamos para falar de Gir.<br />

Falar de magia, do que gosta, propondo um resgate<br />

histórico e com um olhar crítico sobre a mesma. Resgate<br />

histórico numa parceria editorial com historiadores<br />

que testemunharam e viveram a história da raça.<br />

Dito isto, uma justificativa. Como a revista está<br />

enquadrada em um eixo temático, a raça gir e seus<br />

criadores, normal seria uma entrevista referenciada,<br />

porém, num ato não muito comum, diria até surrealista,<br />

a revista faz uma entrevista “in memoriam” com<br />

o escritor e poeta Francês Victor–Marie Hugo sobre o<br />

gênero humano: masculino e feminino, cuja resposta<br />

é dada através do poema O homem e a Mulher, onde<br />

na visão do poeta completam-se, embora reconheça a<br />

supremacia divinização da mulher.<br />

Embora, referenciando-a ao dia Internacional da<br />

Mulher, não se trata de simples comemoração à data,<br />

ou homenagem às mulheres, em especial, às “mulheres<br />

do gir”, carinhosamente assim chamadas. Também,<br />

uma proposta de discussão mais ampliada sobre o que<br />

queremos da raça dentro de uma ótica de responsabilidade<br />

e respeito à mesma.<br />

Com cumprimentos a revisora Carmem Marize<br />

Lima e a articulista Patrícia Sibin, esta revista estende<br />

esse gesto a todas as mulheres deste planeta, em especial,<br />

àquelas que no gir, têm apresentado-se como<br />

lideranças classistas, criadoras, selecionadoras, simpatizantes,<br />

pesquisadoras, escritoras, articulistas, etc.<br />

Boa leitura!<br />

Editorial<br />

3


4<br />

Nesta edição<br />

5<br />

7<br />

10<br />

14<br />

17<br />

18<br />

20<br />

28<br />

30<br />

32<br />

Entrevista<br />

Ao ressuscitar nesta entrevista o escritor e poeta francês Victor-Marie Hugo sobre sua<br />

visão a respeito do gênero humano, referenciando-o ao dia Internacional da Mulher,<br />

8 de março, não se trata de simples comemoração à data, mas uma proposta de discussão<br />

sobre o papel da mulher no criatório gir nacional.<br />

Matéria de capa<br />

Waldyr Barbosa de Oliveira Junior por Waldyr Barbosa de Oliveira Junior<br />

Hélio Ronaldo Lemos – de A a Z<br />

P de Puhspano<br />

“... Juntamente com Roberto Azevedo, contornamos o caminhão e lamentamos com<br />

lágrimas nos olhos a escolha de Celso para cobrir as filhas e netas de Krishna. Pushpano<br />

frustrou toda nossa expectativa. Era de um fenótipo nada agradável. Um animal grosseiro<br />

e de mãe grosseira”.<br />

Cartas de Curvelo-MG<br />

“Quanto a Puspano, cuja “produção” não se tem uma opinião convergente, uns falam<br />

“isso” outros “aquilo” foi posto à disposição do Dr. Evaristo, Fazenda do Cortume/<br />

Curvelo, por Celso Garcia com o propósito suponho, de testá-lo com uma vacada uniforme<br />

e de alto valor genético”.<br />

Confissões Sexagenárias<br />

“... eu disse a ele que em minha opinião o seu melhor touro era o Sagrado ZS. Baixou<br />

a cabeça por alguns instantes e disse: _ professor, o Secretário vem para o doutor<br />

Bezerra para coletar, e com ele, o Sagrado para o senhor. É um presente meu. Esse era<br />

o jeito Zeid de ser”.<br />

Paty Sibin<br />

A proibição da prova exclusivamente testemunhal em contratos de compra e venda<br />

de gado.<br />

Livro: Vida e morte de um touro, por Aristóteles Góes,<br />

1951, 6 p.<br />

“... O seu berro era puríssimo, igual aos melhores gires de Kathiawar: baixo, profundo<br />

e cavernoso. Curto, gutural e vibrado”.<br />

Pedro Wilson<br />

Sustentabilidade: ... . “Aliança entre a humanidade e a natureza, toda natureza<br />

de Deus...”.<br />

Tiãozinho Cunha<br />

“... Tiãozinho Cunha mostrava a Aderbal um livro do Gondin da Fonseca, sob o título<br />

Camões e Miraguarda, editora Fulgor, 1962, que traz na apresentação uma informação<br />

interessante: “Uma das maiores riquezas atuais do Brasil é a pecuária”. Possuímos<br />

talvez uns cinquenta ou sessenta milhões de bois. Qual o capim que cria esses bois em<br />

grande parte das zonas de pastagens? O colonião. E como chegou aqui o colonião”?<br />

Retratos no Gir<br />

Homenagem ao saudoso girista Jairo de Andrade.


Victor-Marie Hugo<br />

Autor de “Os miseráveis”<br />

e “O Corcunda de<br />

Notre Dame”, entre outros.<br />

Filho de Joseph Hugo e de<br />

Sophie Trébuchet. Nasceu<br />

em Besançon, mas passou<br />

a infância em Paris.<br />

Em 1819 fundou, com os<br />

seus irmãos, uma revista,<br />

o “Conservateur Littéraire”<br />

(Conservador Literário) e<br />

no mesmo ano ganhou o<br />

concurso da Académie des<br />

Jeux Floraux, instituição<br />

literária francesa fundada<br />

no século 14. Aos 20 anos<br />

publicou uma reunião de<br />

poemas, “Odes e Poesias<br />

Diversas”, mas foi o prefácio<br />

de sua peça teatral<br />

“Cromwell” que o projetou<br />

como líder do movimento<br />

romântico na França. Casou-se<br />

com Adèle Foucher<br />

e durante a vida teve diversas<br />

amantes, sendo a mais<br />

famosa Juliette Drouet,<br />

atriz sem talento, a quem<br />

ele escreveu numerosos poemas. O período<br />

1829-1843 foi o mais produtivo da<br />

carreira do escritor. Seu grande romance<br />

histórico, “Notre Dame de Paris” - mundialmente<br />

conhecido como “O Corcunda<br />

de Notre Dame” - (1831), conduziu-o<br />

à nomeação de membro da Academia<br />

Francesa, em 1841. Criado no espírito da<br />

monarquia, o escritor acabou tornandose<br />

favorável a uma democracia liberal e<br />

humanitária. Eleito deputado da Segunda<br />

República, em 1848, apoiou a candidatura<br />

do príncipe Luís Napoleão, mas se exilou<br />

após o golpe de Estado que este deu em<br />

dezembro de 1851, tornando-se imperador.<br />

Hugo condenou-o vigorosamente por<br />

razões morais em “Histoire d’un Crime”.<br />

Durante o Segundo Império, em oposição<br />

a Napoleão 3º, viveu exilado em Jersey,<br />

Guernsey e Bruxelas. Foi um dos poucos<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Entrevista<br />

a recusar a anistia decidida algum tempo<br />

depois. A morte da sua filha, Leopoldina,<br />

afogada por acidente no Sena, junto com o<br />

marido, fez com que o escritor deixasse-se<br />

levar por experiências espíritas relatadas<br />

numa obra “Les Tables Tournantes de Jersey”<br />

(As Mesas Moventes de Jersey). A partir<br />

de 1849, Victor Hugo dedicou sua obra<br />

à política, à religião e à filosofia humana<br />

e social. Reformista, desejava mudar a sociedade,<br />

mas não mudar de sociedade. Em<br />

1870 Hugo retornou a França e reatou sua<br />

carreira política. Foi eleito primeiro para<br />

a Assembleia Nacional, e mais tarde para<br />

o Senado. Não aderiu à Comuna de Paris,<br />

mas defendeu a anistia aos seus integrantes.<br />

De acordo com seu último desejo, foi<br />

enterrado em um caixão humilde no Panthéon,<br />

após ter ficado vários dias exposto<br />

sob o Arco do Triunfo.<br />

5


Girista.com – Feminismo é um movimento<br />

social, filosófico e político buscando<br />

objetivar direitos equânimes e uma vivência<br />

humana libertária de padrões opressores<br />

baseados em normas e gênero, nascido na<br />

transição do século XIX ao século XX, WikpédiA,<br />

2013. O livro A mística feminina,<br />

1963, de Betty Freidan, critica a ideia de que<br />

as mulheres poderiam encontrar satisfação<br />

apenas através da criação de filhos e das atividades<br />

do lar. Em 8 de março de 1857, operárias<br />

de uma fábrica de tecidos, situada na<br />

cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram<br />

uma grande greve. Ocuparam a fábrica<br />

e começaram a reivindicar melhores condições<br />

de trabalho, tais como, redução na<br />

carga diária de trabalho para dez horas (as<br />

fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário),<br />

equiparação de salários com os homens<br />

(as mulheres chegavam a receber até um terço<br />

do salário de um homem, para executar o<br />

mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno<br />

dentro do ambiente de trabalho. A manifestação<br />

foi reprimida com total violência. As<br />

mulheres foram trancadas dentro da fábrica,<br />

que foi incendiada. Aproximadamente<br />

130 tecelãs morreram carbonizadas, num<br />

ato totalmente desumano. No ano de 1910,<br />

durante uma conferência na Dinamarca, ficou<br />

decidido que o dia 8 de março passaria<br />

a ser referenciado como o “Dia Internacional<br />

da Mulher”, em homenagem as mulheres<br />

mortas na fábrica nova-iorquina. Em 1975,<br />

através de um decreto, a data foi oficializada<br />

pela ONU. Passados 100 anos de seu início,<br />

o movimento encontra-se reivindicando<br />

o reconhecimento dos direitos econômicos,<br />

sociais, culturais e ambientais das mulheres;<br />

necessidade do reconhecimento do direito<br />

universal à educação, saúde, previdenciária;<br />

defesa dos direitos sexuais e reprodutivos;<br />

reconhecimento do direito das mulheres sobre<br />

a gestação, com acesso a qualidade de<br />

concepção e/ou contracepção; descriminalização<br />

do aborto como um direito de cidadania<br />

e questão de saúde pública; e, em especial,<br />

a violência contra a mulher. Na raça<br />

Gir um avanço extraordinário! Cada dia mais<br />

mulheres estão a participar. Sejam como líderes<br />

classistas, criadoras, escritoras, pesquisadoras,<br />

etc. E nesse embate de gênero,<br />

com a palavra Victor Hugo (1802 – 1885): O<br />

que é o homem e o que é a mulher?<br />

Victor Hugo - O homem e a Mulher! Digo-vos:<br />

O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher<br />

é o mais sublime dos ideais.<br />

Deus fez para o homem um trono. Para a mulher,<br />

um altar.<br />

O trono exalta. O altar santifica.<br />

O homem é o cérebro; a mulher o coração.<br />

O cérebro fabrica a luz; o coração produz amor.<br />

A luz fecunda. O Amor ressuscita.<br />

O homem é forte pela razão. A mulher é invencível<br />

pelas lágrimas.<br />

A razão convence. As lágrimas comovem.<br />

O homem é capaz de todos os heroísmos. A<br />

mulher de todos os martírios.<br />

O heroísmo enobrece. O martírio sublima.<br />

O homem tem supremacia. A mulher, a preferência.<br />

A supremacia significa a força. A preferência representa<br />

o direito.<br />

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.<br />

O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.<br />

Contempla-se o infinito. Admira-se o inefável.<br />

A aspiração do homem é a suprema glória. A<br />

aspiração da mulher é a virtude extrema.<br />

A glória faz tudo grande. A virtude faz tudo divino.<br />

O homem é um código. A mulher um evangelho.<br />

O código corrige. O evangelho aperfeiçoa.<br />

O homem pensa. A mulher sonha.<br />

Pensar é ter no crânio uma larva. Sonhar é ter<br />

na fronte uma auréola.<br />

O homem é um oceano. A mulher um lago.<br />

O oceano tem a pérola que adorna. O lago a<br />

poesia que deslumbra.<br />

O homem é a águia que voa. A mulher o rouxinol<br />

que canta.<br />

Voar é dominar o espaço. Cantar é alegrar a<br />

alma.<br />

O homem é o tempo. A mulher é o sacrário.<br />

Ante o tempo nos descobrimos. Ante o sacrário<br />

nos ajoelhamos.<br />

Enfim, o homem está colocado onde termina a<br />

terra. E a mulher onde começa o céu.<br />

6 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Capa<br />

Waldyr Barbosa de Oliveira<br />

Por Waldyr Barbosa de Oliveira<br />

Minha trajetória no gir remonta a primeira<br />

metade da década de 60, na Fazenda Bocaina -<br />

Guará SP, e assim se passa:<br />

A Fazenda Bocaina foi adquirida por meu<br />

tataravô, por volta do ano 1850. Mineiro, oriundo<br />

da cidade de Ouro Preto MG, entrou no estado<br />

de São Paulo pelo lado do Sul de Minas, tendo<br />

se radicado inicialmente em Delfinópolis MG<br />

que fica nas redondezas de Passos. Seu nome<br />

Major Joaquim Dias de Oliveira, era casado com<br />

Armanda Malvina Borges de Campos. Inicialmente<br />

adentrou o Estado de São Paulo por Franca<br />

vindo adquirir terras onde hoje é a Bocaina<br />

(nome que o próprio deu as terras), teve cinco<br />

filhos, entre eles meu bisavô Capitão Antônio<br />

Dias de Oliveira (ambos os títulos da guarda na-<br />

7


cional) que veio a casar-se com Bernardina Barbosa<br />

Sandoval (aqui meu nome mais forte BAR-<br />

BOSA) que residia em Ituverava SP. Em Ituverava<br />

SP, meu avô Marcílio Dias de Oliveira tinha um<br />

primo em primeiro grau que se chamava José de<br />

Freitas Barbosa, por ser um homem alto e corpulento<br />

tinha a alcunha de Jucão Barbosa, e já<br />

nos anos 40 dedicava-se a pecuária zebuína (Gir<br />

e Indubrasil). Assim meu avô abastecia-se de fêmeas<br />

e machos da raça Gir do criatório de seu<br />

primo Jucão, o qual chegou nos anos 60 a expor<br />

na afamada exposição agropecuária de Franca,<br />

inclusive tendo um touro de destaque nacional<br />

Ipiranga filho de Czar do Nicolau Maluf, o qual<br />

sempre que encontro Hélio Lemos ele se refere<br />

ao touro. Assim, no início da década de 60,<br />

quando de meu nascimento, o gado da Bocaina<br />

já possuía uma base sólida no gir, por animais<br />

oriundos de Ipiranga que por sua vez vai a Czar.<br />

No ano 1966, com apenas cinco anos, foi a<br />

minha primeira EXPOZEBU. Acompanhava meu<br />

Pai à Capital do Zebu, quando encontramos um<br />

primo de meu pai, Hilário de Freitas Barbosa,<br />

que estava expondo Indubrasil em Uberaba. Havia<br />

feito o Grande Campeão Nacional Indubrasil<br />

de Uberaba em 1963, um touro cinza chamado<br />

Pagé. Meu pai como entregava leite a COONAI,<br />

uma cooperativa antiga com raízes em Franca<br />

e Ribeirão Preto, gostava de Gir. Assim fomos<br />

apresentados ao Sr. Josias Ferreira Sobrinho<br />

pelo primo, e naquela exposição fomos até a<br />

Chácara Maracanã onde adquirimos Gandhi<br />

da Maracanã que veio apadrinhar as vacas da<br />

Bocaina. Meu encanto de criança com o touro<br />

Gandhi era incrível. Manso, chitado, meu pai colocava-me<br />

em seu dorso, onde eu sonhava. Ali<br />

com a compra de Gandhi da Maracanã nasceu<br />

um girista, deslumbrado com a mansidão da<br />

raça que tanto amamos.<br />

Os anos 70 foram difíceis na Bocaina, e ao<br />

mesmo tempo veio uma transformação econômica<br />

no final da década. A propriedade de 280<br />

alqueires foi dividida, restando ao meu pai apenas<br />

41 alqueires. Onde era pasto de gir, transformou-se<br />

em área de soja, o gado que era em<br />

comum com meus tios, repartido. Como havia<br />

necessidade de fazer “renda” na propriedade, a<br />

parte que coube ao meu pai no gado foi alienada,<br />

restando poucas vacas Gir e algumas Indubrasil,<br />

as quais nos anos<br />

80 ele me presenteou.<br />

Em 1981 adquiri umas<br />

fêmeas registradas do<br />

criador Ayrthon Alves<br />

Ferreira, filhas de Ganges<br />

e Lembrado, touros que<br />

eram genéticas de Malsim<br />

que por sua vez era Cajubi<br />

e Mineirinho, dava início aos<br />

meus próprios passos, até que<br />

em 1988 fiquei sócio da ABCZ.<br />

Confesso que me encantei com a<br />

pecuária zebuína, com o mundo que<br />

gira ao redor de Uberaba e do Parque<br />

Fernando Costa, mesmo que ilusório e efêmero,<br />

mas magia pura. Dando seguimento no<br />

ano 1997, fiz minha primeira exposição, em<br />

Cássia-MG, terra de Roberto Azevedo, tendo<br />

recebido alguns prêmios, e fiz um campeonato<br />

bezerra. Em Cássia, naquele ano adquiri<br />

de Roberto Azevedo duas fêmeas, uma por<br />

nome Urca RGD 2473 e outra Pantera. Ainda no<br />

ano seguinte adquiri duas fêmeas de seu primo<br />

Flávio Azevedo Borges, que eram crias<br />

de Aderbal e Leda Góes, uma<br />

delas Raquete da Favela<br />

RGD X 2696<br />

que era Monge<br />

(Colosso X Esti-<br />

8 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


Da esq/dir: Waldyr Barbosa, Leda e Aderbal Góes<br />

mada) e Lauda da Favela (Lord Junior x Câmara<br />

que vai a GORI II).<br />

Em 1999, adquiri algumas fêmeas Gir Mocho<br />

e um Touro de Manoel Carlos Barbosa, o<br />

qual estava desfazendo-se do gado GIR para dedicar-se<br />

exclusivamente ao nelore. No mesmo<br />

ano iniciei a inseminação artificial, e digo que foi<br />

um ano importante porque passei a fazer parte<br />

do Sindicato Rural de Ituverava, onde pude ser<br />

um dos organizadores da Exposição local.<br />

Em 2.000, vou a ASSOGIR/UBERABA onde<br />

conheço Leda Goés e Luiz Humberto Carrião e<br />

torno-me sócio da entidade, onde mais tarde<br />

ocupei cargos na diretoria. Em 2.003 fiz minha<br />

primeira EXPOZEBU como expositor levei Gir<br />

e Gir Mocho. Nesse primeiro ano, enfrentando<br />

Carlos Mário de Morais, Alesson Pereira e outros<br />

criadores. Fiz meu primeiro Campeonato Na-<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

cional com a novilha Dama. Em 2005 consegui<br />

mais um Campeonato Nacional, agora na raça<br />

Gir com a novilha Fidalga.<br />

Ano passado, 2012, fui novamente expositor<br />

na EXPOZEBU e digo que o encantamento<br />

é como o da primeira vez. Ver tremular aquela<br />

bandeira no Parque Fernando Costa é algo contagiante.<br />

Digo que fiz vários amigos na pecuária<br />

nacional, como já disse é efêmero, mas de pura<br />

magia. Além de Uberaba participei de exposições<br />

em Araxá, São José do Rio Preto, Franca,<br />

Ituverava e outras cidades menores.<br />

O Gir é uma magia! Espero ter saúde e continuar<br />

a participar dessa pecuária maravilhosa<br />

que é a zebuína.<br />

Waldyr Barbosa de Oliveira<br />

é funcionário do TJSP e criador de Gir<br />

9


História<br />

Hélio Ronaldo Lemos de A a Z<br />

P de Pushpano<br />

Por Hélio Ronaldo Lemos<br />

A importação de 1920 trouxe da Índia para<br />

o Brasil 804 cabeças zebuínas. No ano seguinte,<br />

1921, devido à peste bovina, o governo brasileiro<br />

proibiu as importações. A partir daí, somente<br />

através de Licença Especial até a liberação pelo<br />

governo Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1961,<br />

voltando a ser proibitivas durante o governo militar<br />

de 1964.<br />

Em 1930 a outorga dessa Licença Especial<br />

coube a Manoel de Oliveira Prata (Nequinha Prata)<br />

e Ravísio Lemos, com os quais vieram, dentre<br />

outros, o touro Gandi vendido ao criador baiano<br />

Otávio Ariani Machado, que com Cabana II produziu<br />

Bey, vendido ao Cel. Rodolfo Machado Borges,<br />

Uberaba – MG, por 50 contos, uma fortuna à<br />

época, e, com Serena, produziu White, cedido ao<br />

doutor Evaristo Soares de Paula, Curvelo – MG,<br />

dando origem à linhagem EVA. Uma observação:<br />

quando em julgamento em Vitória da Conquista<br />

-BA, o doutor Jaime Machado, filho de Otávio Machado,<br />

mostrou-me no Hotel em que estávamos<br />

hospedados, uma foto do White, escrito no verso<br />

a punho pelo seu pai, identificando White como<br />

filho de Bey com Serena. Doutor Jaime Machado,<br />

engenheiro, muito amigo meu, fazia aniversário<br />

em 24 de dezembro, um dia antes do meu.<br />

Em 1934, através do Decreto nº 24.548, de<br />

Pushpano importado<br />

3 de julho, o Chefe do Governo Provisório da<br />

República dos Estados Unidos do Brasil, Getúlio<br />

Vargas, aprovou o regulamento do Serviço de<br />

Defesa Sanitária Animal com o objetivo de executar<br />

medidas de profilaxia, preservando o país<br />

de invasão de zoonoses exóticas e combater as<br />

moléstias infectocontagiosas e parasitárias existentes<br />

no território brasileiro. Também, como<br />

defesa dos rebanhos nacionais, ficou terminantemente<br />

proibida à entrada de animais em território<br />

pátrio,e, de produtos ou despojos de animais,<br />

forragens ou qualquer outro material presumível<br />

veiculador de agentes etiológicos de doenças<br />

contagiosas.<br />

Em 1957, Joaquim Martins Borges, mais conhecido<br />

como Quinca Borges, com propriedade<br />

na cidade goiana de Anicuns, mesmo com a vigência<br />

desse decreto, enviou à Índia um despachante<br />

uberabense, Paulo Roberto Rodrigues da<br />

Cunha, com a determinação de comprar animais<br />

da raça Gir, inclusive o touro Krishna, uma recomendação<br />

de Pedro Cruvinel Borges que havia<br />

estado em território indiano. Negócio que, em relação<br />

ao Krishna não foi concretizado pelo representante<br />

de Quinca Borges. Porém, 72 cabeças<br />

fêmeas, entre bezerras, novilhas e vacas foram<br />

adquiridas, além de vários touros e garrotes. Proi-<br />

10 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


ido de desembarcar o gado em território brasileiro,<br />

ameaçado de rifle sanitário, seguiu para<br />

a Bolívia e depois, através do “jeitinho brasileiro”<br />

entrou no Brasil.<br />

Em 1960, Celso Garcia Cid tendo indeferido<br />

seu pedido de importação de gado indiano através<br />

da chamada Licença Especial pelo Ministério<br />

da Agricultura, mandou para a Índia seu gerente,<br />

Ildefonso, para procurar, identificar e comprar os<br />

animais zebuínos puros. O ocorrido com Quinca<br />

Borges repetiu-se. Foi<br />

necessário Celso fazer<br />

a doação dos animais<br />

ao governo do Paraná,<br />

interferências políticas<br />

para que os mesmos<br />

fossem finalmente desembarcados<br />

no Porto<br />

de Paranaguá e levados<br />

para a Fazenda Cachoeira,<br />

ao norte do<br />

Estado do Paraná.<br />

Em 1961, através<br />

do Decreto nº 50.194,<br />

de 28 de janeiro foi<br />

autorizada as importações<br />

de reprodutores<br />

zebuínos, bubalinos<br />

e outros animais<br />

domésticos e silvestres,<br />

procedentes<br />

de países, domínios,<br />

possessões, protetorados<br />

ou regiões<br />

dos continentes<br />

asiático e africano,<br />

condicionados à<br />

prévia manifestação<br />

do Ministério<br />

da Agricultura,<br />

através do Departamento<br />

Nacional<br />

da Produção Animal,<br />

desde que, a solicitação partisse de<br />

órgãos dos governos, estaduais ou federais, e da<br />

Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM).<br />

Também, nesse mesmo dia foi publicado<br />

o Decreto nº 50.193 criando um quarentenário<br />

destinado a disciplinar e assistir as exportações<br />

e importações de animais que fossem objeto de<br />

transações entre o Brasil e demais países que delas<br />

participassem.<br />

A presença de Celso na Índia levou-o a uma<br />

amizade estreita com o Marajá de Bhavnagar,<br />

proprietário do Krishna comprado por Celso, e<br />

ainda, um dos que mantinha um rebanho fechado<br />

contra a inserção de cruzamentos com animais<br />

de rua, ou mesmo de outras raças que não<br />

fosse a Gir.<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Relação do gado Gir/importação de 1960/62<br />

Em retribuição a gentileza por parte do Marajá<br />

de Bhavnagar com Celso na Índia, este fez<br />

um convite para que o mesmo viesse conhecer o<br />

Brasil. O livro “O tempo de ‘seo’ Celso”, Domingos<br />

Pellegrini, 1990, narra que quando o Marajá de<br />

Bhavnagar (filho) chegou à Fazenda Cachoeira e<br />

viu o gado belo, gordo e bem tratado, debruçou<br />

a cabeça em um mourão e chorou copiosamente.<br />

Nesta mesma oportunidade, Celso fez várias<br />

homenagens a ele, na Fazenda Cachoeira e no<br />

Parque de Exposições da cidade de Londrina,<br />

no Paraná.<br />

A partir de<br />

então, essa amizadeconsolidouse<br />

de tal forma,<br />

que o mesmo livro<br />

narra uma passagem<br />

interessante.<br />

“Agora Celso tem<br />

mais um forte motivo<br />

para conseguir a<br />

importação. Enviou<br />

seu filho Fernando<br />

à Índia em 64, e<br />

em 65 recebeu uma<br />

carta de Virbadrasingh,<br />

filho do Marajá<br />

de Bhavnagar:<br />

‘Meu caro senhor<br />

Cid: Escrevo esta<br />

carta para que saiba<br />

que, na última vez<br />

que estive com meu<br />

pai, pouco antes dele<br />

expirar, seu desejo foi<br />

de presentear-lhe todas<br />

as vacas. Em tais<br />

circunstâncias, permita-me<br />

pedir-lhe que<br />

gentilmente nos visite<br />

o mais breve, conforme<br />

sua conveniência. Tudo<br />

isso seria um presente<br />

de meu estimado pai ao senhor”.<br />

Quando da chegada do Krishna, Celso colocou<br />

-o para apadrinhar suas melhores vacas, inclusive<br />

aquelas oriundas da importação. Com Sakina II produziu<br />

Krishna Sakina POI DC, que ficou conhecido<br />

como Krishninha do Celso, o 6666, seu número de<br />

registro. Este com sua mãe produziu Sakina II, produzindo<br />

dois machos: ambos nominados de Krishna<br />

Sakina Sakina, com a diferenciação determinada<br />

pelo número do registro. Um deles, o mais velho,<br />

deveria ter sido mais bem aproveitado. Comentei<br />

no livro Gir: a raça mais utilizada no Brasil, Rinaldo<br />

dos Santos, 1994, que o trabalho de Celso Garcia<br />

Cid deveria ter seguido essa linha, ao invés de tentar<br />

utilizar o touro Pushpano. Explico!<br />

11


Quando da chegada do touro Pushpano,<br />

juntamente com sua mãe Pushpa, e as vacas<br />

Krishnaia, a filha da Pushpa com Roopano do<br />

Jasse e uma filha do krishna em vaca da India,<br />

havíamos pernoitado na cidade de Sertanópolis-PR,<br />

na espera do caminhão que deveria<br />

chegar pela manhã, e que só o fez às 14 h. Em<br />

minha companhia estava o Tio Nilo Lemos (Ribeirão<br />

Preto-SP), Mário Silveira (Anápolis-GO),<br />

doutor Benjamim Ferreira Guimarães (Taquaritinga-SP),<br />

Roberto Batista de Azevedo (Cássia<br />

-MG), este meu compadre.<br />

A foto do Pushpano saindo do caminhão,<br />

divulgada na página 242 do Livro Gir: a raça<br />

mais utilizada no Brasil, Rinaldo dos Santos,<br />

1994, foi tirada por mim. Nela visualiza-se Celso<br />

Garcia Cid à direita do touro segurando o<br />

cabresto e Tio Nilo do outro lado. Juntamente<br />

com Roberto Azevedo, contornamos o caminhão<br />

e lamentamos com lágrimas nos olhos a<br />

escolha de Celso para cobrir as filhas e netas<br />

de Krishna. Pushpano frustrou toda nossa expectativa.<br />

Era de um fenótipo nada agradável.<br />

Um animal grosseiro e de mãe grosseira. Em<br />

relação ao Krishna importado, seus filhos e netos,<br />

Pushpano pecava na caracterização racial.<br />

Para quem trouxe o melhor touro do mundo,<br />

Pushpano deixava a desejar. Em meio a tantas<br />

dificuldades, Celso foi à Índia e trouxe na primeira<br />

importação um verdadeiro diamante, e<br />

depois, com todas as facilidades pela liberação<br />

das importações no governo Juscelino, acrescido<br />

da amizade gozada junto ao Marajá de<br />

Bhavnagar, de quem passou a ser hóspede na<br />

Índia, trouxe um cascalho.<br />

Toda importação gera euforia, talvez, a<br />

maioria dos criadores não pensava como eu e<br />

meus companheiros de viagem de quilômetros<br />

para esperar a chegada dos animais da segunda<br />

importação. Muitos achavam que Pushpano<br />

daria certo nas filhas e netas do Krishna importado.<br />

Acreditavam nisso! Outros, pelo instinto<br />

da bajulação diziam que Celso havia acertado<br />

na escolha.<br />

A realidade é que Pushpano retrocedeu<br />

todo trabalho levado a efeito através da linhagem<br />

Krishna. Sou da opinião, e já manifestei<br />

isso publicamente, de que os touros filhos de<br />

Krishna Sakina 6666 coma sua própria mãe, os<br />

“Krishnas Sakinas Sakinas” deveriam dar seguimento<br />

ao trabalho, e não, um touro muito<br />

aquém. Talvez, na tentativa de abrir a consanguinidade<br />

“Krishna” Celso foi à Índia em busca<br />

desse touro, e, infelizmente, errou. O único filho<br />

de renome de Pushpano é o Bahadursinghji<br />

– DC, com a vaca Krishna Sakina Virbay III DC,<br />

12 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


uma vaca excepcional de tipo, carcaça, leite e<br />

grande-campeã em quase todas as pistas em<br />

que participou. Em idade adulta seu peso médio<br />

era de 700 quilos.<br />

Uma curiosidade é que nessa 2ª importação<br />

Celso adquiriu todas as fêmeas filhas do<br />

Krishna que encontrou na Índia, quase todas<br />

oriundas do “gado do povo”. O posicionamento<br />

dos chifres do Krishna saindo na linha dos<br />

olhos para baixo e para trás não era o tipo recomendado<br />

para tração, que sob a influência dos<br />

ingleses, optavam por chifres tipo torquês que<br />

melhor seguravam e amparavam a ganga. Com<br />

isso, emprestado a uma sociedade campesina,<br />

Krishna passou a enxertar o “gado do povo”.<br />

Dessa 2ª importação destacaram-se duas vacas<br />

filhas do Krishna, inclusive muito próximas as<br />

que vieram na 1ª importação fenotipicamente,<br />

Krishna Sakina Dhamal e Krishnaia.<br />

Com o modismo do importado, objetivando<br />

mercado, mesmo contra a sua íntima vontade,<br />

doutor Evaristo, com o seu tino comercial,<br />

aceitou Pushpano na Fazenda do Cortume, Curvelo-MG,<br />

onde trabalhou em todo o gado EVA,<br />

indistintamente. Com uma vaca EVA chamada<br />

Harpa, descendente da Baianinha, Pushpano<br />

produziu um filho lindo! Chita de vermelho,<br />

Pushpano importado<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

muito bem caracterizado e conformado. Com<br />

isso, muitos achavam que Pushpano daria certo.<br />

Só que, seus filhos não reproduziam a expectativa.<br />

Quanto às filhas de Pushpano nascidas<br />

na Fazenda do Cortume, José Lúcio Rezende<br />

propôs uma troca entre vacas EVA adquiridas<br />

junto ao doutor Evaristo, a livre escolha deste,<br />

pela cabeceira das “Pushpanos”, que face ao vigor<br />

híbrido eram muito boas de leite e tipo. Foram<br />

trocas dez vacas tiradas na cabeceira. Nesse<br />

negócio doutor Evaristo recuperou 10 vacas<br />

puríssimas dentro do trabalho de EVA, tiradas<br />

em mais de 200 vacas anteriormente adquiridas<br />

por José Lúcio.<br />

A falta de consistência genética, a descendência<br />

de Pushpano diluiu-se ao longo dos anos<br />

em vários plantéis brasileiros. Às vezes me vejo<br />

perguntando a mim mesmo se essa visão sobre<br />

o touro Pushpano não é pelo que representou e<br />

representa o Krishna no rebanho brasileiro Gir,<br />

mas nunca consegui convencer-me disso.<br />

Hélio Ronaldo Lemos, jurado das raças<br />

zebuínas, criador de Gir e Nelore,<br />

Com a colaboração de<br />

Luiz Humberto Carrião.<br />

13


Cartas de Curvelo-MG<br />

Prezado Hélio Lemos:<br />

Há mais de cinquenta anos nos conhecemos<br />

e desde então, em permanente convivência, “trocando<br />

ideias”, sabemos de “coisas” que a maioria<br />

de nossos companheiros giristas desconhece.<br />

Nesse passo, tenho ouvido versões sobre rebanhos,<br />

fatos, situações e pessoas, dentre as quais<br />

me reporto apenas a duas delas reservando para<br />

outra oportunidade “estender o papo”.<br />

É sabido que a estória do nosso Gyr é cheia de<br />

versões e por sabermos que a versão do fato supera,<br />

em muito, a verdade que o fato revela, considerei<br />

oportuno deixar registrado dois fatos “nomeando”<br />

você, eventualmente, minha testemunha.<br />

O primeiro, diz respeito sobre a permanência de<br />

Puspano em Curvelo, na Fazenda do Cortume. O<br />

outro se trata de uma questão hoje muito polemizada:<br />

o gir leiteiro.<br />

Referentemente a Puspano até hoje não<br />

pude entender porque Celso Garcia, ao importar<br />

Krishna, importou também na mesma época, dentre<br />

alguns outros espécimes, o touro Puspano.<br />

Para que não fiquem dúvidas sobre a importação<br />

(1962) promovida por Celso Garcia, considero<br />

essencial fazer uma ligeira interrupção para um<br />

breve destaque a Krishna. A contribuição deste<br />

touro é indiscutível; valendo o seguinte registro.<br />

Sendo um reprodutor de uma seleção consanguínea<br />

(terreiro de Marajá) e tendo “trabalhado”<br />

num rebanho também consanguíneo, digase<br />

Gaiolão, provocou um fenômeno da heterose<br />

legando aos currais paulistas animais funcionais<br />

bem superiores aos então existentes. Fato também<br />

recorrente em rebanhos oriundos da genética<br />

Ghandy. O que quero dizer é que a participação<br />

de krishna foi positiva, todavia, não fora Ghandy<br />

e Gaiolão...<br />

É o meu ponto de vista, ele, Krishna, se pontificou<br />

através da parceria genética com Gaiolão de<br />

onde foi gerado o touro Alecrim. Já lhe falei numa<br />

ocasião, lá nas Caraíbas, a admiração e respeito<br />

que sempre tive, seja por Gaiolão ou por Redino,<br />

através dos quais, não há como negar, a linhagem<br />

de Krishna melhor se conformou.<br />

Quanto a Puspano, cuja “produção” não se<br />

tem uma opinião convergente, uns falam “isso”<br />

outros “aquilo” foi posto à disposição do Dr. Evaristo,<br />

Fazenda do Cortume/Curvelo, por Celso Garcia<br />

com o propósito, suponho, de testá-lo com uma<br />

vacada uniforme e de alto valor genético.<br />

O Dr. Evaristo atendeu ao pedido de Celso<br />

Garcia e apartou na ocasião sessenta (60) reses<br />

na “cabeceira” de seu rebanho e acasalou-as com<br />

Puspano que lá permaneceu durante aquela safra,<br />

retornando ao Paraná no final daquele ano, ou<br />

seja, 1965.<br />

14 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


De toda a produção, no meu ponto de vista,<br />

destaco dois descendentes de Puspano no rebanho<br />

EVA, por considerá-los racialmente bons: uma<br />

fêmea filha de Uranga que integrou a apartação<br />

do Dr. José Lúcio e um macho filho de Harpa de<br />

nome Cajuí; esse o Dr. Evaristo presenteou a um<br />

filho.<br />

Também, foram vendidas, ao Dr. José Lucio<br />

Resende, cerca de dez fêmeas, apartadas de toda<br />

a produção de Puspano. Registra-se, por se tratar<br />

de um acasalamento que envolvia animais de<br />

origens genéticas diversas (White x Puspano), o<br />

fenômeno da heterose não foi correspondente à<br />

intensidade admitida, ou mesmo suposta.<br />

Racialmente a sua descendência mostrouse<br />

de “fraca” qualidade: os cupins (giba) das crias<br />

“sumiram”; os chifres grossos e arredondados; os<br />

aprumos posteriores não eram bons; perfil destoou,<br />

inclusive, com o chanfro curto (Kankrej); e,<br />

com um temperamento “enérgico”.<br />

No rebanho EVA não ficou uma única rês<br />

descendente de Puspano. Todas foram descartadas.<br />

Se, ao invés de Puspano, tivesse sido o Redino...<br />

No que diz respeito aos comentários que tenho<br />

dirigido ao gir leiteiro, criticando a gestão da<br />

A.B.C.Z., no tocante à política adotada com relação<br />

a esse segmento da pecuária leiteira, são criticas,<br />

a meu sentir, válidas, respeitosas e desprovidas de<br />

radicalismos.<br />

Na verdade, o que tenho procurado demonstrar<br />

é a existência de um fato que por si só, além<br />

de gerar, concorrer e encorpar incertezas, dúvidas<br />

e indefinições, também as dissemina: as quais,<br />

munidas de forte potencial publicitário, provocam<br />

consequências desastrosas: seja em relação aos<br />

conceitos raciais; seja em relação à produtividade<br />

dos rebanhos.<br />

Por esta forma, atraindo dúvidas, desorienta<br />

o processo seletivo a ser adotado pelo criador/selecionador<br />

e ainda, relativamente à produtividade<br />

dos rebanhos, contraria um espaço há muito conquistado<br />

pelo produtor rural quando sua intuição<br />

guiou seu empirismo e garantiu-lhe “explorar a<br />

aptidão leiteira das raças europeias, sem propriamente<br />

criá-las”.<br />

Razão pela qual, prejuízos mais intensos e de<br />

maiores proporções poderão ser levados a efeito,<br />

porquanto não seria nenhum absurdo admitir,<br />

com o passar do tempo, a permanecer como se<br />

encontra a situação, ocorra uma indesejável supremacia<br />

(qual dos dois gires sobreviveria?) o que<br />

se desbordaria em prejudicial hegemonia: ou então,<br />

se assim não for, o engessamento da raça.<br />

O gir leiteiro passou a ostentar tal rótulo, não<br />

por ter sido submetido a um procedimento ad-<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

15


ministrativo específico ou mesmo via de testes<br />

confiáveis, ou melhor, incontestáveis, mas<br />

clandestinamente por ter sido gerado de duas<br />

fontes: uma primeira, omissiva e oriunda de<br />

uma parcela do segmento de criadores coadjuvada<br />

com a leniência da ABCZ; uma segunda:<br />

proveniente de um expediente comercial, aliás,<br />

compreensível, imposto pela perseverança<br />

e determinação de alguns criadores, impulsionados<br />

pelo intensivo “marketing” posto à sua<br />

disposição a entronar o gir leiteiro numa área<br />

de penumbra que se localiza entre uma “realidade<br />

plantada” e o imaginário, uma corruptela,<br />

diria, da evocação leiteira da Raça Gir propriamente<br />

dita.<br />

Paradoxalmente, quero crer, se projeta<br />

um ponto de convergência nesta divergência:<br />

se por um lado existe a determinação e perseverança<br />

de alguns criadores no sentido de se<br />

submeterem às regras do Regulamento Racial<br />

e claro, sem perder de vista a produtividade<br />

do rebanho, não é menos verdade que, por<br />

via oblíqua, a gestão do órgão oficial (ABCZ),<br />

quanto ao gir leiteiro está mais voltada e empenhada<br />

na sua melhoria funcional.<br />

Todavia, quem corre o risco é a ABCZ. Temos<br />

exemplo disto. Para formação do Indubrasil<br />

e “com a corrida para o gado gir, consequente<br />

de sua extraordinária valorização” – é o que<br />

nos relata o professor Alberto Santiago – as<br />

raças nelore e guzerá estiveram ameaçadas de<br />

desaparecimento, não se consumando o fato,<br />

é o que deixar entrever o autor, em virtude da<br />

dedicação de Pedro Marquês Nunes pela raça<br />

nelore, e João de Abreu Jr., pela raça guzerá.<br />

Um abraço, o Amigo Certo,<br />

José Alfredo de Alencar Barreto<br />

( Fazenda Caraíbas/Curvelo/MG. Marca do<br />

Gado: EVA WHITE. Janeiro de 2.013)<br />

16 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


O jeito Zeid de ser<br />

Por Luiz Humberto Carrião<br />

A segunda exposição que participei foi na<br />

cidade de Rio Verde, sudoeste goiano, a convite<br />

de Alberto Ferreira Motta e Wagney Azevedo<br />

Leão. Uma das mais qualificadas em Gir no Brasil.<br />

Ali comparecia criadores de sucesso como<br />

Zeid Sab, Edmardo Naves Pereira, Leda e Aderbal<br />

Góes, Luiz Antônio Figueiredo, Fábio André,<br />

dentre outros.<br />

Naquela época encontrava com um gado<br />

novo provindo de umas matrizes com a marca<br />

BIG (Bigatão) originárias da marca Favela, de<br />

Aderbal Góes, ainda na cidade de Barretos – SP,<br />

que haviam sido enxertadas por dois touros ZS,<br />

Tereré (Napy ZS x Quicanga) e Tabó (Napy SZ x<br />

Saquina).<br />

Entrando no pavilhão, à esquerda ficou o<br />

gado do Zeid com um touro enorme, chamado<br />

Viratro ZS, seguido da Olhada e suas filhas que<br />

enchiam os olhos de todos nós e em seguida a<br />

marca LHC, seguida da marca ADAO.<br />

A expectativa era muito grande com a chegada<br />

do Zeid. Todos nós tínhamos por ele uma<br />

enorme admiração. Era um companheiro diferenciado.<br />

Lembro-me que uma vez discutia-se numa<br />

reunião da ASSOGIR a questão financeira. As<br />

associações promotoras das raças sempre, pela<br />

sua própria estrutura de entidade sem fins lucrativos,<br />

estão de pires na mão. Foi então que o Zeid<br />

ofereceu dez novilhas mestiças (gir x holandês)<br />

para levantar fundos para a associação, no que<br />

foi seguido pelo Carlos Mário de Moraes, de BH,<br />

à época numa parceria com o Jairo de Andrade,<br />

no gado Gir Mocho, com o qual, aliás, levantou<br />

o troféu José Zacarias Junqueira, por ter conseguido<br />

por três anos consecutivos fazer o maior<br />

número de pontos na EXPOZEBU. Aderbal Góes<br />

perguntou qual era o preço e fez o cheque. Assim<br />

funcionava a coisa com a “velha guarda”.<br />

Zeid chegou muito festejado pelos companheiros<br />

e na primeira escapada daquele assédio<br />

entrou pelo corredor a observar o gado. Olhava<br />

de um lado, olhava de outro e ao final veio a<br />

pergunta: e aí Zeid, o que achou do gado? Meteu<br />

a mão no bolso da camisa, tirou um maço<br />

de cigarros Charme, acendeu e olhando para o<br />

lado esquerdo do pavilhão disse: _ Tem dois gados<br />

muito bons neste pavilhão. O meu e o do<br />

professor.<br />

Claro! Fiquei muito lisonjeado com aquela<br />

observação feita pelo Zeid, mas só que, excetuando<br />

as cinco novilhas e um garrote com a<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Confissões sexagenárias<br />

marca ENE, o restante era todo oriundo de seus<br />

touros. Mas, enfim, não deixava de ser uma declaração<br />

de muita importância para um principiante.<br />

Um dia, o Alberto Motta ligou-me dizendo<br />

que o Zeid havia comentado com ele que gostaria<br />

de ter um animal com sua marca em meu<br />

plantel. Foi então, que adquiri um dos animais<br />

mais extraordinários que conheci: Sagradinha<br />

ZS, filha de Sagrado e mãe de Gioconda LHC que<br />

tem no balde, honrado a mãe, o avô e a marca<br />

ZS na produção de Leite.<br />

Posteriormente, na mesma cidade de Rio<br />

Verde, durante um jantar, perguntou-me qual<br />

era o seu melhor touro. Já sabia o que ele queria<br />

ouvir. Porém, a resposta que lhe satisfaria não<br />

era o que eu concordava. Disse que não gostaria<br />

de emitir esse juízo de posição. Que todos os<br />

seus touros eram extraordinários. Mas, de imediato<br />

vem a “cornetagem” dos companheiros<br />

para que você desça do muro. Foi aí, descendo<br />

do muro, que eu disse a ele que em minha opinião<br />

o seu melhor touro era o Sagrado ZS. Baixou<br />

a cabeça por alguns instantes e disse: _ professor,<br />

o Secretário vem para o doutor Bezerra<br />

para coletar, e com ele, o Sagrado para o senhor.<br />

É um presente meu. Esse era o jeito Zeid de ser.<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

Jornalista Profissional e editor da Girista.com<br />

17


Direito<br />

A proibição da prova<br />

exclusivamente<br />

testemunhal em contratos<br />

de comprae venda de gado<br />

Por Patricia Sibin<br />

Escrever para agropecuaristas é uma tarefa<br />

árdua, especialmente pelo fato de não ter a disposição<br />

um ramo específico da Ciência do Direito<br />

que permita delimitar os acontecimentos tais<br />

como eles são- in loco- no campo, nas fazendas.<br />

A lei básica do Direito Agrário (Estatuto da Terra<br />

- Lei Federal nº 4.504) remonta quase 50 anos de<br />

existência, não sendo capaz de suprir as necessidades<br />

do Homem do campo.<br />

Atualmente, a mania nacional é o Direito<br />

do Agronegócio, mas por anos estamos falando,<br />

escrevendo e arriscando implantar a ideia<br />

da necessidade de atribuir-se um novo ramo da<br />

Ciência do Direito, qual seja, Direito Agropecuário,<br />

pelo qual entendemos ser o mais adequado<br />

para definir e, a partir daí, tutelar as especificidades<br />

nas atividades agropecuárias.<br />

A nosso ver, Direito Agropecuário, é o que<br />

melhor define esse ramo, pois a partir daí absorve-se<br />

o agronegócio, não o agronegócio o<br />

engloba. Definir, reconhecer as problemáticas<br />

do homem do campo é trazer-lhe uma nova<br />

perspectiva jurídica, um novo modelo de atuação<br />

do advogado.<br />

O tema desta edição é apresentado tomando<br />

em conta que a cada novo assunto que<br />

propomos discorrer ponderamos a importância<br />

de angariar as provas do fato ocorrido em<br />

cada caso concreto.<br />

A razão de elucidar, ainda que sucintamente,<br />

sobre a questão da prova nos contratos<br />

de compra e venda de cabeças de gado cujo<br />

valor ultrapasse o limite legal, dar-se-á na medida<br />

em que o cotidiano negocial e o costume<br />

de determinada região permitiu uma concreta<br />

“exceção” à regra.<br />

Dispõe o artigo 401 do Código de Processo<br />

Civil que:<br />

“A prova exclusivamente testemunhal só<br />

se admite nos contratos cujo valor não exceda<br />

o décuplo do maior salário mínimo vigente no<br />

país, ao tempo em que foram celebrados.”<br />

Desta mesma forma determina a legislação<br />

civil no seu o artigo 227:<br />

“Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente<br />

testemunhal só se admite nos negócios<br />

jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo<br />

do maior salário mínimo vigente no País ao<br />

tempo em que foram celebrados.”<br />

Pois bem, a letra nua, crua e fria da lei, proíbe<br />

a utilização da prova exclusivamente testemunhal<br />

em negócios jurídicos que ultrapassem<br />

o valor equivalente hoje a R$ 6.780,00 (seis mil,<br />

setecentos e oitenta reais).<br />

Como base exemplificativa, na hipótese de<br />

uma compra e venda de 2 (duas) cabeças de<br />

gado GIR a um valor médio de R$ 3.500,00 (três<br />

mil e quinhentos reais) cada uma, pago o valor e<br />

não entregue as reses ou, entregues e não pago,<br />

ou ainda, pago, porém entregues defeituosas/<br />

doentes, pela legislação apontada acima, não é<br />

permitido fazer a prova, exclusivamente, testemunhal<br />

da existência desse contrato, podendo<br />

consubstanciar-se de um conjunto probatório,<br />

desde que não seja unicamente testemunhal.<br />

Entretanto, a interpretação de um caso<br />

ocorrido há anos na cidade de Barretos, Estado<br />

de São Paulo, fez com que o Tribunal de Justiça<br />

deste estado, prolatasse julgamento inédito<br />

até então, vejamos:<br />

“Contrato de alto valor. Admissão de prova<br />

meramente testemunhal. Segundo os usos e<br />

costumes dominantes no mercado de Barretos,<br />

os negócios de gado, por mais avultados que<br />

sejam, celebram-se dentro da maior confiança,<br />

verbalmente, sem que entre os contratantes<br />

haja troca de qualquer documento. Exigi-lo agora<br />

seria, além de introduzir nos meios locais um<br />

fator de dissociação, condenar de antemão, ao<br />

malogro, todos os processos judiciais que acaso<br />

se viessem a intentar e relativos à compra de<br />

gado (Revista dos Tribunais - RT 132/660).”<br />

Digna de aplausos, a decisão do TJSP de<br />

fato ocorrido nas terras internacionais do Rodeio-<br />

Barretos fez a jurisprudência da época,<br />

aliás, até os dias de hoje esta decisão é consolidada<br />

em todos os Tribunais brasileiros.<br />

Com muita propriedade, diga-se de pas-<br />

18 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


sagem, os Desembargadores daquele Tribunal<br />

tiveram sensibilidade ímpar ao analisar o caso<br />

apresentado em grau de Recurso, o Juiz singular<br />

da época não agiu da mesma forma, visto ter<br />

decidido pela improcedência dos pedidos do<br />

Autor da ação judicial.<br />

In casu, embora a corrente doutrinária<br />

dominante analisando a mesma jurisprudência<br />

entenda estar se decidindo contra a Lei,<br />

pelo que dispõe o já citado artigo 401 do Código<br />

de Processo Civil, o fato é que ditas normas<br />

devem ser afastadas porque o rigor legal<br />

que nelas contém é incompatível com a Constituição<br />

Federal de 1.988, além disso, o uso<br />

e costumes negocial do Homem do campo,<br />

especialmente na cidade de Barretos, como<br />

também na capital do Zebu- Uberaba, os costumes<br />

locais hão de prevalecer em detrimento<br />

da letra fria da Lei.<br />

No entanto, faz prudente frisarmos, ainda<br />

que a jurisprudência brasileira declina-se pela<br />

aceitação da prova exclusivamente testemunhal<br />

de negócios que ultrapassem o décuplo<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

do maior salário mínimo vigente no país face<br />

aos costumes da atividade agropecuária, conforme,<br />

ainda, o local do acontecimento, não<br />

significa dizer que o agropecuarista deva agir<br />

sem as cautelas necessárias a fim de evitar<br />

transtornos e aborrecimentos.<br />

Ditas ressalvas são bem vindas, especialmente<br />

na assessoria preventiva, retirando-se<br />

a ideia enraizada de que o Advogado serve<br />

para resolução de problemas previamente implantados.<br />

Por fim, o caso ocorrido há muitos anos na<br />

cidade de Barretos, Estado de São Paulo, exprime<br />

a máxima criada pelo respeitado e competente<br />

Juiz Gaúcho, Dr. Moacir Danilo Rodrigues,<br />

de que: “A lei é injusta. Claro que é. Mas<br />

a Justiça não é cega? Sim, mas o Juiz não é. “<br />

(cfr. Sentença de um Juiz gaúcho, publicada no<br />

Suplemento Jurídico: DER/SP nº 108 de 1982,<br />

extraída do site: atualidadesdodireito.com.br).<br />

*Patricia Sibin,<br />

advogada focada no Agronegócio.<br />

19


Leitura<br />

Vida e morte de um touro,<br />

por Aristóteles Góes, 1951, 6 p<br />

“O livro é muito mais que o limite mínimo<br />

de 48 páginas para ser tributado.”<br />

Royalties a Stella Dauer, 2011.<br />

Por Luiz Humberto Carrião<br />

A Escola dos Annales substituiu o tempo<br />

breve e cronológico do registro dos fatos<br />

históricos pela visão de processo que implica<br />

longa duração objetivando a inteligir o que se<br />

chama de Civilização e Mentalidades. Todavia,<br />

me sinto no desejo de voltar aos conceitos de<br />

antanho que dividia o caminhar do homem no<br />

tempo e no espaço em Pré-História e História.<br />

O período anterior à invenção da escrita ficou<br />

convencionado como pré-história e o do aparecimento<br />

da escrita aos dias atuais, História.<br />

Faço isso para uma maior facilidade didática no<br />

assunto aqui abordado, o Livro.<br />

Na História Antiga – do aparecimento da<br />

escrita ao ano de 476 da nossa era marcado<br />

pela queda do Império Romano do Ocidente<br />

– apareceu na Mesopotâmia o registro de<br />

tabuletas de argila. Ainda neste período, no<br />

Egito, o registro sendo feito através de papiros<br />

extraídos de vegetal. Este foi substituído pelo<br />

pergaminho confeccionado a partir de peles<br />

de animais nas civilizações clássicas. Na Grécia<br />

Antiga, o “volumen”, registro em forma de rolo,<br />

foi substituído pelo “Códex”, mais tarde aperfeiçoado<br />

pelos romanos “Códice” com o apare-<br />

Aderbal Góes com o touro Nagpur, filho de Gaiolão do Norte<br />

cimento da costura na fixação das páginas.<br />

Na Idade Média – do ano de 476 a queda de<br />

Constantinopla aos Turcos Otomanos, em 1453<br />

– período em que predominou fortemente a<br />

Igreja Católica no Mundo Ocidental, os livros<br />

eram exclusivos aos mosteiros. Uma característica<br />

marcante nesse período foi o surgimento<br />

dos monges copistas. Com eles o aparecimento<br />

das margens e páginas em branco na estética<br />

dos mesmos. Também se dá notícia de índices,<br />

sumários e resumos. Aos poucos o pergaminho<br />

foi sendo substituído pelo papel utilizandose<br />

da gravação do conteúdo de cada página<br />

numa placa de madeira, como uma escultura,<br />

que, depois de molhada na tinta era pressionada<br />

sobre o papel em branco. Uma espécie de<br />

carimbo. Em 1405, surgiu na China através de<br />

Pi Sheng a prensa de tipo móvel.<br />

Na Idade Moderna – do ano de 1453 ao<br />

surgimento da Revolução Francesa, em 1789<br />

– mais precisamente em 1455, Johannes Gutenberg,<br />

na Alemanha, inventou a prensa com<br />

tipos móveis reutilizáveis inaugurando-a com a<br />

impressão da Bíblia. Com o italiano Aldus Manitius<br />

o que hoje é chamado de desing gráfico<br />

ou editorial.<br />

Na Idade Contemporânea – do ano de<br />

1789 aos dias atuais – um avanço extraordinário<br />

com o aparecimento de publicações digitais,<br />

o E-book.<br />

Para André Maurois, “A leitura de um bom<br />

livro é um diálogo incessante: o livro fala e a<br />

alma responde”.<br />

O livro de Aristóteles Góes registrando<br />

sua relação com o touro Gaiolão do Norte é<br />

um desses livros que “fala e a alma responde”.<br />

Chamá-lo de opúsculo é reduzir sua grandeza.<br />

Seis páginas compõem a obra que se colocada<br />

à apreciação da alma, esta responderá em centenas<br />

de outras páginas.<br />

Pelo seu projeto gráfico, 1951, e numa homenagem<br />

ao autor, com a autorização de sua nora,<br />

Leda Ferreira Góes, a revista publica-o no original.<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

Jornalista Profissional<br />

e editor da Girista.com<br />

20 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

27


Sustentabilidade<br />

Sustentabilidade /Desenvolvimento<br />

Por Pedro Wilson Guimarães<br />

O que é sustentabilidade? É uma forma de<br />

crescer a economia com mais e melhor produção<br />

para a população do país e do planeta. Produzir<br />

com mais tecnologia, insumos, habilidades, oportunidades,<br />

quantidades e qualidades para que o<br />

objeto produzido seja consumido pela população<br />

humana, animal. E mesmo vegetal mantendo a preservação<br />

das espécies naturais, habitats, nascentes,<br />

covais, berçários, floras, faunas, clima. E condições<br />

de sobrevivência e evolução da vida ampla, geral<br />

e irrestrita na terra/água. Sustentabilidade significa<br />

que uma plantação, criação, melhoramentos<br />

estão fundados nas teorias e práticas tradicionais,<br />

modernas, científicas, tecnológicas, culturais locais,<br />

regionais, nacionais e mundiais respeitando a natureza.<br />

E a sua biodiversidade, potencialidade, com<br />

usos, modos que permitem alargar o presente e o<br />

futuro de um bioma, ecossistema terrestre. Sustentabilidade<br />

é ter consciência e jeito de ver, avaliar e<br />

“Nós prosperamos e sobrevivemos no planeta<br />

terra como uma única família humana. E uma<br />

das nossas principais responsabilidades é deixar<br />

para as gerações sucessoras um futuro sustentável.”<br />

Koffi. A. Annan<br />

agir na natureza para que ela exista hoje e amanhã<br />

no terceiro milênio. Sustentável é tudo aquilo que<br />

pode sustentar/segurar pela base, por baixo, pela<br />

raiz, suportar, manter, firmar, alimentar, prover deviveres,<br />

defender com argumentos, conservar, suster,<br />

equilibrar, aguentar, nutrir e amparar. Sustentabilidade<br />

é colocar em prática os direitos humanos<br />

e dos animais e vegetais universais nos variados<br />

aspectos biodiversidades, materiais, culturais e espirituais.<br />

Direitos econômicos, sociais, políticos, culturais<br />

e ambientais para que as riquezas, bens, matérias<br />

e suas apropriações públicas, comunitárias,<br />

cooperativas, comunais, familiares, privadas sejam<br />

reconhecidas. Reconhecidas como bens de toda<br />

humanidade do planeta azul. Toda natureza toda<br />

seja ela qual for. E suas histórias, posses, domínios,<br />

usos, manejos, empreendimentos e ganhos e perdas<br />

devem ser olhadas continuadamente face as<br />

precisões, necessidades, interesses e aspirações da<br />

própria natureza. E da humanidade planetária e no<br />

28 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


futuro quem sabe sideral? Sustentabilidade deve<br />

ser uma prática humana de amizade, amor, relação,<br />

vivencia com boa convivência com a natureza, para<br />

o desenvolvimento crescente numa espiral ascendente<br />

criativa e evolutiva até Deus. A terra e água<br />

deste planeta já sofreram muitos impactos, tremendos<br />

tsunamis vindos do mundo sideral e do centro<br />

do planeta. Muitos colocaram a terra/água em perigo<br />

e destruíram muitas áreas e animais aquáticos<br />

e terrestres segundo públicos e provados estudos<br />

de nossas arqueologias. Temos tido muitos estudos<br />

científicos e filmes sobre os dinossauros, eras do<br />

gelo, dilúvios. E maremotos, terremotos, placas tectônicas.<br />

E mesmo recentes tsunamis que atingiram<br />

a Indonésia e Fukushima no Japão. No século XVIII<br />

um atingiu Lisboa e arredores, numa época que o<br />

Brasil era colônia de Portugal. E Portugal obrigou<br />

nosso país mandar muito ouro, prata e diamante e<br />

madeira para restaurar a querida capital lusitana.<br />

Não será por isso que Tiradentes e outros revolucionários<br />

lutaram contra o domínio opressor que depois<br />

foi invadido por forças napoleônicas. E assim<br />

obrigou Maria I, a louca e seu filho João VI e sua mulher<br />

a espanhola Carlota e grande corte, fugir para<br />

o Brasil, com seu filho Pedro I.E ele que em 1822,<br />

declarou nossa independência? Ai é outra história.<br />

Queremos dizer em tempos de outrora os perigos<br />

vinham dos céus estelares. Agora o perigo pode vir<br />

de cima das nossas cabeças/céus, mas pode também<br />

vir não do centro da terra, mas da ação da<br />

própria humanidade. Na virada dos séculos XX para<br />

XXI o homem cientista, político/poder, econômico<br />

proprietário/concentrador de bens teve a imensa e<br />

irresponsável possibilidade de destruir nossa terra<br />

com as bombas, nucleares e químicas? E mais as<br />

poluições, agrotóxicos, consumismos, experimentos,<br />

lixos, degradações aquáticas e terrestres, terrorismos<br />

de grupos e de estados. E muitas fomes,<br />

misérias, êxodos. E as intolerâncias religiosas e políticas,<br />

podem hoje ajudar a destruir a terra. Não<br />

precisa nem do calendário maia. Hoje podemos<br />

destruir a terra. E tem os perigos com monoculturas<br />

rurais e aglomerações urbanas metropolitanas<br />

sociopáticas na expressão do professor Luiz Pereira<br />

da USP, sob o tema sociologia e desenvolvimento.<br />

Assim e assado a sustentabilidade em grande parte<br />

está nas mãos de todos nós homens e mulheres.<br />

Uns que fingem nada ver ou responsabilizar por<br />

esta situação preocupante de nossa nave terrestre<br />

denunciada na conferência Rio +20. Outros como<br />

o Brasil da Eco/Rio 92 e desta agora tem lutado para<br />

que haja responsabilidades compartilhadas entre<br />

todas as nações. E a própria ONU (um poder que<br />

pouco pode fazer), está depois da Rio +20 elaborando<br />

os objetivos do desenvolvimento sustentável.<br />

Entretanto nós podemos ir adiante e contribuir<br />

com políticas públicas municipais, regionais latinas,<br />

africanas. E mesmo com ajudas europeias, americanas<br />

e asiáticas gestar novas, boas políticas públicas,<br />

girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

comunitárias<br />

mesmo privadas<br />

(tem muitos movimentos<br />

sociais<br />

e empresariais<br />

que tem responsabilidades<br />

de<br />

ações concretas,<br />

contínuas pela<br />

sustentabilidade),<br />

para a terra<br />

crescer, incluir e<br />

proteger hoje.<br />

E amanhã não<br />

termos desertificações,tsunamis<br />

que coloquem<br />

nosso lugar em<br />

perigo na galáxia<br />

via láctea. Precisamos<br />

ter mais atenção, consciência, sensibilidade,<br />

criatividade e ação nos nossos empreendimentos<br />

urbanos e rurais, públicos e privados. Toda a viabilidade<br />

de negócios de terra /água passa pela sua sustentabilidade.<br />

Passa por boas ações, boas práticas<br />

rurais e urbanas que devem ser replicantes, terem<br />

efeitos demonstrativos e multiplicadores face pesquisas,<br />

estudos e extensões. E planos, planejamentos,<br />

indicadores, programas realizadores do desenvolvimento<br />

econômico e social harmônico com<br />

nossos ecossistemas. E os biomas interligados por<br />

geologias, hidrologias, sociologias, agronomias,<br />

geografias, engenharias, biologias, arquiteturas do<br />

saber e poder democrático e ou arbitrário? Pensar,<br />

avaliar, comparar maneiras de intervenção humana<br />

e técnica na natureza. Ver as que levam o desenvolvimento<br />

material, cultural e espiritual para a humanidade<br />

e para sempre. E aquelas intervenções que<br />

levam para a realidade que estamos vivendo hoje.<br />

Levem a humanidade para as guerras, mortes, envenenamentos<br />

do planeta, misérias, migrações. E<br />

para violências financeiras, bancárias, armações de<br />

estados e de grupos urbanos, detentores dos domínios<br />

e controles da própria violência pública e<br />

privada (vide SP, Rio, Goiânia, Oriente, Ásia e África).<br />

Nossa resposta é pela sustentabilidade. Novo nome<br />

da paz e da justiça e prá o desenvolvimento econômico<br />

e social sustentável. Aliança entre a humanidade<br />

e a natureza, toda natureza de Deus. Crescer,<br />

incluir e proteger sempre, a árvore da vida digna de<br />

viver, conviver.<br />

Pedro Wilson Guimarães. Secretário Municipal<br />

da Agência Municipal do Meio Ambiente<br />

(AMMA) de Goiânia-GO. Deputado Federal de<br />

1993-2011 PT/GO. Professor da UFG e da PUC-GOI-<br />

ÁS Militante dos Movimentos de Direitos Humanos,<br />

Fé e Política, Educação, Cerrados e Participação Social.<br />

e-mail:pedrowilsonguimaraes@yahoo.com.br<br />

29


Histórias e estórias de Tiãozinho Cunha<br />

Essa vaca dá Leite?<br />

Por Luiz Humberto Carrião<br />

Éramos três sentados defronte o pavilhão que abrigava o gado Gir na Exposição<br />

da cidade de Uberaba – MG. Luiz Humberto Carrião, professor de História e girista;<br />

Aderbal Góes, engenheiro Civil e pecuarista, e Tiãozinho Cunha, ex-empresário no<br />

ramo de transporte coletivo interestadual, que vendeu tudo, transformou em barras<br />

de ouro legalizadas junto ao Banco Central e entrou como ele mesmo dizia, em “lua de<br />

mel permanente” com Tia Fiúca após 60 anos de vida conjugal.<br />

Tiãozinho nunca teve um imóvel, sempre viveu de aluguel. Diz que o dinheiro que<br />

iria imobilizar na compra de um apartamento ou casa, bem aplicado na produção ou<br />

mesmo na ciranda financeira, pagaria o aluguel e as taxas básicas com o que chamamos<br />

de residência. Conta de luz, IPTU, telefone, etc.. Ou então um bom quarto de hotel,<br />

aliás, segundo ele, a melhor residência para a 3ª, 4ª, 5ª e sucessivas idades.<br />

Tiãozinho Cunha mostrava a Aderbal um livro do Gondin da Fonseca, sob o título<br />

Camões e Miraguarda, editora Fulgor, 1962, que traz na apresentação uma informação<br />

interessante: “Uma das maiores riquezas atuais do Brasil é a pecuária. Possuímos talvez<br />

uns cinquenta ou sessenta milhões de bois. Qual o capim que cria esses bois em grande<br />

parte das zonas de pastagens? O colonião. E como chegou aqui o colonião? Cid de<br />

Castro Prado explica num de seus livros: pretas escravas transportaram sementes nos<br />

cabelo. Transportaram sem saber. Lavando aqui as cabeças desprenderam-nas. Nasceu<br />

o capim e logo o colonizador o aproveitou em largas plantações, para a invernada de<br />

rezes. Sem o colonião, impossível a grande pecuária no Brasil”. Aderbal franziu o cenho<br />

como que concordando com o livro e acrescentou: _ Sempre tenho dito que comida<br />

de vaca é capim, e de bezerro é leite.<br />

Mal acabara de pronunciar a frase, um cidadão aproximou-se de ambos e perguntou:<br />

_esse gado Zebu é do senhor? Ao que Aderbal respondeu afirmativamente que<br />

sim. Daí estabeleceu-se o seguinte diálogo:<br />

_Meu avô e meu pai criaram esse gado, retrucou o ilustre visitante.<br />

_E você, cria? Perguntou Aderbal.<br />

_Não. Mas estou com vontade de iniciar um pequeno rebanho numa nesga de<br />

terras que herdei de meu pai.<br />

_Muito bem. Expressou em sinal de concordância Aderbal.<br />

Olhando para uma vaca da marca Favela chamada Tribuna, voltou ao diálogo:<br />

_Essa vaca dá leite?<br />

Aderbal já desconfortável naquela conversa respondeu: _pergunte a ela?<br />

Coincidência ou não, neste exato momento a Tribuna fez Muuuuuu! Tiãozinho<br />

não se fez de rogado: _Olha aí Aderbal, ela tirou a palavra de minha boca.<br />

O cidadão saiu de fininho e com ar de desconfiado.<br />

Enquanto Aderbal resmungava, Tiãozinho dava suas singulares gargalhadas.<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

Jornalista profissional e editor da revista Girista.com<br />

Tiãozinho Cunha é um personagem ficto,<br />

qualquer semelhança é mera coincidência.<br />

30 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

Emy Whinehouse<br />

“Lindo é o que a natureza faz de belo”<br />

Asseverou em um de seus sermões<br />

O padre Antônio Vieira.<br />

Pena que essa mesma natureza que faz<br />

Dá, nega e tira.<br />

Dia internacional da mulher<br />

31


Retratos no GIR<br />

32 girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê


gir LHC<br />

Luiz Humberto Carrião<br />

Espanto AMJ MOT 36 (Krishna II POI DC x Douçura da Mata)<br />

(62) 9917 3341<br />

Goiânia - Goiás


girista.com<br />

A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê<br />

A revista<br />

digital do gir

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