15.05.2013 Views

Os primeiros passos do ensino do cavalo de obstáculos - Escola ...

Os primeiros passos do ensino do cavalo de obstáculos - Escola ...

Os primeiros passos do ensino do cavalo de obstáculos - Escola ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Os</strong> <strong>primeiros</strong> <strong>passos</strong> <strong>do</strong> <strong>ensino</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

Luís Negrão<br />

Estágio <strong>de</strong> Mestres <strong>de</strong> Equitação - Tese final<br />

Outubro 2007<br />

1


Agra<strong>de</strong>cimentos:<br />

Ao meu bom amigo e mestre Francisco Cancella d’ Abreu pelo que me <strong>ensino</strong>u<br />

e <strong>de</strong>ixou apren<strong>de</strong>r.<br />

À <strong>Escola</strong> Nacional <strong>de</strong> Equitação na pessoa <strong>do</strong> seu director, Sr. Coronel João<br />

Sequeira, pela honra <strong>do</strong> convite que me foi dirigi<strong>do</strong> para integrar este estágio.<br />

Aos Mestres que orientaram este estágio e aos meus colegas participantes que<br />

proporcionaram uma enriquece<strong>do</strong>ra troca <strong>de</strong> saberes num cordial ambiente.<br />

À minha família que me acompanha sempre.<br />

A to<strong>do</strong>s os meus amigos.<br />

2


ÍNDICE<br />

• Nota introdutória 4<br />

• A formação <strong>de</strong> base <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> 5<br />

• As várias fases <strong>do</strong> <strong>ensino</strong> 6<br />

1. A importância <strong>de</strong> um trabalho progressivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sbaste<br />

às primeiras competições 6<br />

2. O trabalho à guia 6<br />

3. O trabalho <strong>de</strong> saltos em liberda<strong>de</strong> 11<br />

4. O trabalho <strong>de</strong> saltos à guia 12<br />

5. O trabalho monta<strong>do</strong> 14<br />

5.1 O <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> monta<strong>do</strong> 15<br />

5.2 A atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> e o respeito pela sua natureza 17<br />

5.3 O <strong>cavalo</strong> à frente das pernas e encosta<strong>do</strong> na mão 18<br />

5.4 A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s andamentos e em especial <strong>do</strong> galope 18<br />

6. O trabalho <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> monta<strong>do</strong> 18<br />

6.1. Introdução ao salto 18<br />

6.2. O trabalho sobre cavaletes 20<br />

6.3. O trabalho <strong>de</strong> ginástica <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> 25<br />

6.4. O treino <strong>do</strong> percurso 31<br />

• Conclusão 35<br />

• Bibliografia 37<br />

3


• Nota introdutória<br />

Este trabalho não preten<strong>de</strong> abordar exaustivamente os temas técnicos <strong>do</strong><br />

<strong>ensino</strong> <strong>do</strong> jovem <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>, mas servir <strong>de</strong> orientação numa tentativa<br />

<strong>de</strong> transcrever <strong>de</strong> forma simples e clara o que no início me parecia complexo e<br />

que a experiência e os anos <strong>de</strong> pratica e <strong>de</strong>dicação a este trabalho me<br />

ensinaram a clarificar.<br />

4


• A formação <strong>de</strong> base <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

Em equitação <strong>de</strong>sportiva, on<strong>de</strong> se inclui a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saltos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>,<br />

o objectivo <strong>do</strong> <strong>ensino</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> é torná-lo completamente ao dispor <strong>do</strong> seu<br />

cavaleiro para que este possa utilizar, <strong>de</strong> forma eficiente e racional, todas as<br />

suas capacida<strong>de</strong>s físicas no seu <strong>de</strong>sempenho e <strong>de</strong>senvolvê-las até ao seu<br />

limite.<br />

Para tal existem elementos indissociáveis a <strong>de</strong>senvolver em simultâneo. São<br />

eles a obediência e a capacida<strong>de</strong> atlética que se refere ao tónus muscular, ao<br />

reforço <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> tendinoso e ao <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> respiratória.<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes elementos os meios que temos à nossa<br />

disposição são:<br />

• O trabalho <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> no plano que visam sobretu<strong>do</strong> a obediência e a<br />

flexibilização <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>;<br />

• O trabalho no exterior em terreno varia<strong>do</strong> com inclinações várias para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> tónus muscular e <strong>do</strong>s membros, <strong>do</strong> <strong>do</strong>rso e <strong>do</strong><br />

pescoço;<br />

• O trabalho <strong>de</strong> ginástica <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>;<br />

• As séries <strong>de</strong> galopes na pista <strong>de</strong> galope, no exterior em caminhos on<strong>de</strong><br />

o espaço e a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo sejam seguras para o efeito ou no<br />

campo <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este tenha dimensões suficientes para<br />

que o <strong>cavalo</strong> possa galopar exprimin<strong>do</strong> toda a sua amplitu<strong>de</strong>.<br />

Tu<strong>do</strong> isto alia<strong>do</strong> aos cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> necessários ao bem estar <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong><br />

que está sujeito a um esforço físico exigente: alimentação a<strong>de</strong>quada;<br />

vacinações; <strong>de</strong>sparasitações; ferração <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>; acomodação em box<br />

segura e confortável com dimensões em concordância com o tamanho <strong>do</strong><br />

<strong>cavalo</strong>; para além duma vigilância atenta <strong>do</strong> veterinário assistente.<br />

5


• As várias fases <strong>do</strong> <strong>ensino</strong><br />

1. A importância dum trabalho progressivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sbaste até às<br />

primeiras competições.<br />

O percurso normal <strong>de</strong> um <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> inicia-se aos três anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois da primavera <strong>de</strong>sse ano. No fim das últimas ervas, antes <strong>do</strong>s<br />

<strong>primeiros</strong> dias <strong>de</strong> calor <strong>do</strong> Verão, o poldro dá entrada nas instalações on<strong>de</strong><br />

iniciará a sua vida <strong>de</strong>sportiva.<br />

Começará pelo trabalho à guia que fará parte <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>sbaste para que no fim<br />

<strong>do</strong> Outono possa já estar familiariza<strong>do</strong> com o trabalho monta<strong>do</strong> e posa efectuar<br />

os seus <strong>primeiros</strong> saltos monta<strong>do</strong>.<br />

É preferível começar antecipadamente o trabalho <strong>do</strong> poldro dan<strong>do</strong> assim lugar<br />

a uma progressão e um trabalho racional, permitin<strong>do</strong> atacar as primeiras<br />

“poules” <strong>de</strong> treino, no princípio <strong>do</strong> ano <strong>do</strong>s 4 anos com à vonta<strong>de</strong> suficiente.<br />

Deste mo<strong>do</strong> evitar-se-ão os riscos traumáticos <strong>de</strong> utilizar prematuramente na<br />

suas primeiras saídas à pista, um <strong>cavalo</strong> mal prepara<strong>do</strong> o que po<strong>de</strong>rá<br />

comprometer toda a sua futura carreira <strong>de</strong>sportiva.<br />

É <strong>de</strong> toda a conveniência não forçar o início das primeiras competições dum<br />

<strong>cavalo</strong> que, por imaturida<strong>de</strong> física ou mental, não conseguiu uma progressão<br />

normal no seu trabalho inicial e por isso não se encontra prepara<strong>do</strong> para o<br />

fazer em segurança. Será preferível abdicar das competições oficiais<br />

<strong>de</strong>stinadas a <strong>cavalo</strong>s <strong>de</strong> 4 anos e preparar um programa <strong>de</strong> provas mais fácil,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que no ano seguinte, o <strong>cavalo</strong> esteja seguro e prepara<strong>do</strong> para<br />

abordar as provas <strong>de</strong>stinadas a <strong>cavalo</strong>s <strong>de</strong> 5 anos e, então, seguir o percurso<br />

normal <strong>de</strong> competições até aos 7 anos e por aí adiante.<br />

Passamos assim á <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> trabalho a <strong>de</strong>senvolver no poldro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

primeiro dia que <strong>de</strong>r entrada na cavalariça.<br />

2. O trabalho à guia<br />

O trabalho á guia é o primeiro contacto que o poldro tem com o ambiente <strong>de</strong><br />

trabalho que o acompanhará durante toda a sua vida. Assim há toda a<br />

vantagem em começar correctamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras sessões ten<strong>do</strong> o<br />

cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> lhe fazer memorizar uma série <strong>de</strong> procedimentos que o vão<br />

disciplinar.<br />

Fazer trabalhar o poldro sempre numa postura correcta só trará benefícios. O<br />

<strong>cavalo</strong> exercitar-se-á numa forma mais sã, pois mais facilmente se conterá a<br />

6


sua natural tendência para retomar a liberda<strong>de</strong> que o leva a sair em fortes e<br />

<strong>de</strong>senfreadas galopadas, nocivas à sua integrida<strong>de</strong> física. Aci<strong>de</strong>ntes graves<br />

po<strong>de</strong>m ser evita<strong>do</strong>s. A pessoa que o tem à guia po<strong>de</strong> mesmo ser atingi<strong>do</strong> com<br />

um coice ou algum encontrão <strong>de</strong>sproposita<strong>do</strong> fruto da sua excitação e falta <strong>de</strong><br />

disciplina.<br />

É também uma forma <strong>de</strong> manter o <strong>cavalo</strong> em trabalho sempre que exista um<br />

motivo que impeça <strong>de</strong> o fazer monta<strong>do</strong>: uma lesão <strong>do</strong> próprio <strong>cavalo</strong> (no <strong>do</strong>rso<br />

por exemplo), uma lesão <strong>do</strong> cavaleiro, falta <strong>de</strong> tempo, etc.<br />

TRABALHO Á GUIA DO POLDRO<br />

Material a usar:<br />

A escolha <strong>de</strong> um bom cabeção <strong>de</strong> guia á fundamental, assim como o seu<br />

correcto ajustamento.<br />

O cabeção <strong>de</strong>ve ser cómo<strong>do</strong> mas ao mesmo tempo ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

controlar minimamente o <strong>cavalo</strong>.<br />

Existem vários tipos <strong>de</strong> cabeção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o suave ao mais violento:<br />

• Com focinheira <strong>de</strong> couro;<br />

• Com focinheira metálica articulada;<br />

• Com focinheira metálica rígida.<br />

Devem ser escolhi<strong>do</strong>s consoante a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada <strong>cavalo</strong>, começan<strong>do</strong><br />

sempre por utilizar o mais suave e só passar para um <strong>de</strong> efeito mais forte caso<br />

exista um apoio abusivo na guia por parte <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>.<br />

7


O seu ajustamento <strong>de</strong>ve ser cuida<strong>do</strong>samente efectua<strong>do</strong> e não <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> à mercê<br />

<strong>de</strong> um trata<strong>do</strong>r menos qualifica<strong>do</strong>.<br />

A sua focinheira <strong>de</strong>ve ser colocada bem justa sobre o alto <strong>do</strong> chanfro, sem<br />

contu<strong>do</strong> tocar, para não ferir, as apófises zigomáticas.<br />

Deve ser muni<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma cisgola que <strong>de</strong>ve ser bem ajustada nas ganachas,<br />

afim <strong>de</strong> evitar que a faceira exterior toque ofensivamente no olho <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>.<br />

A guia <strong>de</strong>ve ser colocada na argola <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior <strong>do</strong> círculo para o la<strong>do</strong> em<br />

que se trabalha, evitan<strong>do</strong> que a focinheira ro<strong>de</strong> no chanfro provocan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconforto no <strong>cavalo</strong> ou até mesmo algum ferimento.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o <strong>cavalo</strong> estar familiariza<strong>do</strong> com o bridão e<br />

correctamente encosta<strong>do</strong> na guia po<strong>de</strong>mos passar a usar a guia no bridão,<br />

sen<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong> cabeção <strong>de</strong> guia dispensa<strong>do</strong>.<br />

A guia passa pela argola <strong>do</strong> bridão <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior <strong>do</strong> círculo <strong>de</strong> fora para<br />

<strong>de</strong>ntro, sobe pela face, passa pela nuca, <strong>de</strong>sce pela face exterior e vai fixar-se<br />

na argola <strong>de</strong> bridão <strong>do</strong> la<strong>do</strong> exterior <strong>do</strong> círculo.<br />

8


A guia <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> material leve e resistente. Caso seja munida <strong>de</strong> um<br />

musquetão, este <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> abertura prática e segura. O seu comprimento<br />

<strong>de</strong>ve rondar os 8 a 10 metros, pois o círculo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> trabalho à guia é <strong>de</strong> 15 a<br />

18 metros.<br />

Devemos estar muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um chicote leve e com uma ponta suficientemente<br />

comprida para alcançar o <strong>cavalo</strong> quan<strong>do</strong> necessário.<br />

Procedimentos importantes<br />

É no pica<strong>de</strong>iro ou num local <strong>de</strong>vidamente confina<strong>do</strong> para o efeito, num<br />

ambiente calmo e que <strong>de</strong>vemos iniciar este trabalho <strong>de</strong> guia, sem que<br />

ninguém, a pé ou a <strong>cavalo</strong>, o venha perturbar.<br />

Nas primeiras sessões até que o <strong>cavalo</strong> esteja bem para diante à acção <strong>do</strong><br />

chicote e da voz e encosta<strong>do</strong> correctamente na guia, <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> os círculos<br />

com um contacto suave e regular na guia, será útil e preciosa a ajuda <strong>de</strong> uma<br />

segunda pessoa no chicote, funcionan<strong>do</strong> como um prolongamento <strong>do</strong> braço da<br />

pessoa que segura a guia.<br />

Esta segunda pessoa actua dirigin<strong>do</strong>-se mais por trás da garupa <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong><br />

quan<strong>do</strong> é preciso “tocá-lo” para diante se cai sobre o la<strong>do</strong> exterior e pesa na<br />

guia ou dirigin<strong>do</strong>-se mais à espádua <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior <strong>do</strong> círculo quan<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong><br />

cai sobre o mesmo la<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong> per<strong>de</strong>r o controlo na guia .<br />

Este trabalho é o princípio <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> encurvação. Adaptan<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a cabeça à cauda à curvatura <strong>do</strong> círculo, permite que ele <strong>de</strong>screva o<br />

círculo fazen<strong>do</strong> os posteriores seguir exactamente a pista <strong>de</strong>senhada pelos<br />

anteriores, haven<strong>do</strong> uma perfeita perpendicularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo ao solo, tal<br />

como <strong>de</strong>screve Decarpentry em “Equitation Académique” no seu diagrama.<br />

A encurvação<br />

Como fazer para obter uma boa encurvação com o <strong>cavalo</strong> à guia? Na<br />

encurvação, o <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ve adaptar a sua coluna vertebral, da cabeça à cauda,<br />

à curvatura <strong>do</strong> círculo. Vejamos aqui o quadro <strong>do</strong> General Decartentry, que o<br />

po<strong>de</strong><br />

Esclarecer:<br />

9


O <strong>cavalo</strong> que anda sobre o círculo <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> sobre um cone não está encurva<strong>do</strong>.<br />

O <strong>cavalo</strong> que anda sobre o círculo como sobre um cilindro, ajustan<strong>do</strong> a coluna<br />

vertebral à curvatura <strong>do</strong> círculo da cabeça à cauda está encurva<strong>do</strong>.<br />

A forma correcta e mais segura <strong>de</strong> pegar na guia é exercer a condução com a<br />

mão <strong>do</strong> mesmo la<strong>do</strong> em que se trabalha isto é, se o <strong>cavalo</strong> trabalha para a mão<br />

direita é a mão direita que <strong>de</strong>ve conduzir e vice-versa., fazen<strong>do</strong> oitos com ela<br />

na mão enquanto a outra mão segura o exce<strong>de</strong>nte da guia e suporta o chicote.<br />

O chicote está vira<strong>do</strong> para a frente quan<strong>do</strong> está em acção durante o trabalho,<br />

ou para trás quan<strong>do</strong> o mesmo termina e é necessário trazer o <strong>cavalo</strong> ao centro<br />

<strong>do</strong> círculo. Quan<strong>do</strong> este se aproxima, <strong>de</strong>vemos fazê-lo avançar mais alguns<br />

<strong>passos</strong> para que se coloque ao nosso la<strong>do</strong> como se estivéssemos a prepará-lo<br />

para o montar <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> outro mas sempre <strong>do</strong> mesmo la<strong>do</strong> em que<br />

acaba <strong>de</strong> trabalhar, evitan<strong>do</strong> que se pare diante <strong>de</strong> nós, frente a frente.<br />

Não é na cabeça que <strong>de</strong>vemos o acariciar, mas sim no pescoço, na espádua<br />

ou melhor ainda no <strong>do</strong>rso ou nos rins, para que aprenda a ficar imóvel<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-se tocar por to<strong>do</strong> o corpo confia<strong>do</strong> na pessoa que o trabalha.<br />

Uma vez acaricia<strong>do</strong> em perfeita imobilida<strong>de</strong>, primeiro <strong>do</strong> la<strong>do</strong> em que acabou<br />

<strong>de</strong> trabalhar e <strong>do</strong> la<strong>do</strong> em que o irá fazer seguidamente.<br />

É altura <strong>de</strong> lhe dar a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sida para diante. Colocan<strong>do</strong>-nos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong>le e<br />

abrin<strong>do</strong> o braço d mesmo la<strong>do</strong> incitamo-lo levemente com a voz e com o<br />

chicote <strong>de</strong> forma a que o faça disciplinadamente reforçan<strong>do</strong> os bons mo<strong>do</strong>s e a<br />

sua educação.<br />

Pessoalmente prefiro iniciar o trabalho <strong>de</strong> guia para a mão direita<br />

contrariamente ao que é costume, ou em caso <strong>de</strong> <strong>cavalo</strong>s naturalmente<br />

encurva<strong>do</strong>s à direita, o que não é vulgar, começar para o la<strong>do</strong> contrário à sua<br />

encurvação natural e aí à esquerda. É uma forma <strong>de</strong> sobretu<strong>do</strong> no poldro,<br />

combater a sua inflexão natural e as suas primeiras brinca<strong>de</strong>iras, por vezes<br />

mais emotivas e violentas, não serão tão difíceis <strong>de</strong> suportar por quem sustém<br />

a guia, pois não existe a tendência natural <strong>de</strong>, para aquela mão, o <strong>cavalo</strong> se<br />

<strong>de</strong>ixar cair sobre o la<strong>do</strong> exterior, pesan<strong>do</strong> abusivamente na guia.<br />

À voz, com a ajuda <strong>do</strong> chicote para pôr o <strong>cavalo</strong> para diante ou reten<strong>do</strong> um<br />

pouco a guia para reduzir o andamento ou mesmo passar ao andamento<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte é o homem que dá as or<strong>de</strong>ns e comanda a sessão <strong>de</strong> trabalho.<br />

Quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> está organiza<strong>do</strong> po<strong>de</strong>mos iniciar o trabalho <strong>de</strong> galope. Trabalho<br />

esse que só nestas circunstâncias se <strong>de</strong>ve abordar visto ser frequente provocar<br />

alguma excitação nos <strong>cavalo</strong>s, motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e indisciplina.<br />

Uma falta corrente nestes momentos é o galope <strong>de</strong>suni<strong>do</strong> a evitar a to<strong>do</strong> o<br />

custo, passan<strong>do</strong> rapidamente ao trote até restabelecer a calma e só então<br />

retomar o galope.<br />

Uma vez termina<strong>do</strong> o trabalho para as duas mãos é bom retomar um pouco o<br />

trabalho para a mão em que se iniciou, para que o <strong>cavalo</strong> termine a lição<br />

tranquilamente causan<strong>do</strong> uma boa impressão, que nos vai favorecer o inicio <strong>de</strong><br />

uma sessão <strong>de</strong> trabalho mais tranquilo e disciplinada no dia seguinte.<br />

10


Seguin<strong>do</strong> estes princípios educativos, po<strong>de</strong>mos dar início a um <strong>de</strong>sbaste em<br />

segurança para o cavaleiro ao mesmo tempo que teremos um <strong>cavalo</strong> sempre<br />

disponível para efectuar correctamente um bom trabalho à guia quan<strong>do</strong><br />

necessário e ao longo da sua vida, preservan<strong>do</strong> a sua saú<strong>de</strong> física e moral<br />

Uma vez ultrapassada esta fase <strong>do</strong> <strong>ensino</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> po<strong>de</strong>remos passar a<br />

exercícios mais elabora<strong>do</strong>s tais como os <strong>primeiros</strong> saltos em liberda<strong>de</strong> e à<br />

guia.<br />

3.Trabalho <strong>de</strong> saltos em liberda<strong>de</strong><br />

Normalmente a primeira abordagem ao salto é feita em liberda<strong>de</strong>. Este trabalho<br />

<strong>de</strong>ve ter em conta alguns preceitos para evitar aci<strong>de</strong>ntes, uma vez que em<br />

liberda<strong>de</strong> o <strong>cavalo</strong> ten<strong>de</strong> a excitar-se e consequentemente entrar em clima <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e correria <strong>de</strong>senfreada. Por isso o pica<strong>de</strong>iro a utilizar não <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões ou então utilizar mesmo um corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

on<strong>de</strong> o <strong>cavalo</strong> é conduzi<strong>do</strong> à mão e larga<strong>do</strong> à entrada <strong>do</strong> mesmo barran<strong>do</strong>-lhe<br />

a saída a cerca <strong>de</strong> 20 a 30 metros a seguir ao obstáculo salta<strong>do</strong>. Também<br />

varas ou pequenos cavaletes <strong>de</strong> marcação <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>do</strong>s antes <strong>do</strong><br />

obstáculo a transpor. Uma vara no chão <strong>de</strong> entrada distanciada <strong>de</strong> uma<br />

pequena cruz entre 6 a 6,5 m, por sua vez distanciada <strong>do</strong> obstáculo <strong>de</strong> 7 a 7,5<br />

m. Estas medidas variam consoante a amplitu<strong>de</strong> da passada <strong>de</strong> galope <strong>do</strong><br />

<strong>cavalo</strong>. É também <strong>de</strong> toda a utilida<strong>de</strong> o posicionamento <strong>de</strong> uma vara <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da<br />

teia com uma das pontas apoiada na vara <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> obstáculo e a outra no<br />

chão <strong>do</strong> mesmo la<strong>do</strong>. Esta vara serve para afastar da teia e fazer com que o<br />

<strong>cavalo</strong> salte mais ao centro e contrariar a sua natural tendência <strong>de</strong> saltar<br />

encosta<strong>do</strong> à teia. Têm a função <strong>de</strong> travar um pouco a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> galope<br />

obrigan<strong>do</strong>-o a equilibrar-se e ao mesmo tempo a aproximar-se <strong>do</strong> obstáculo<br />

numa distância favorável à sua correcta transposição.<br />

11


É aconselhável um prévio aquecimento <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> antes <strong>de</strong> iniciar a sessão.<br />

Dar-lhe algum tempo para que manifeste o seu natural contentamento pelo<br />

simples facto <strong>de</strong> ser posto em liberda<strong>de</strong>. Pelo menos três pessoas munidas <strong>de</strong><br />

chicote <strong>de</strong>vem ser colocadas ao longo da linha <strong>do</strong> meio <strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro. Devem<br />

ser experientes neste tipo <strong>de</strong> trabalho e estarem perfeitamente sincroniza<strong>do</strong>s.<br />

Num <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>vemos construir um corre<strong>do</strong>r com cerca <strong>de</strong> 4<br />

metros <strong>de</strong> largura um pouco mais largo no la<strong>do</strong> da entrada, como que em<br />

forma <strong>de</strong> funil convidan<strong>do</strong> assim o <strong>cavalo</strong> a entrar no mesmo e transpor o salto<br />

sem hesitações. O obstáculo <strong>de</strong>ve monta<strong>do</strong> a meio <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> forma a se<br />

po<strong>de</strong>r subir e alargar fácil e rapidamente.<br />

Este trabalho <strong>de</strong>ve ser sempre encara<strong>do</strong> como um divertimento para o <strong>cavalo</strong><br />

que o <strong>de</strong>ve fazer com prazer e confiança. Por isso a dimensão <strong>do</strong> obstáculo<br />

<strong>de</strong>ve ser aumentada progressivamente quer em altura como em largura e<br />

nunca atingir dimensões ina<strong>de</strong>quadas à experiência <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, nem tão pouco<br />

se <strong>de</strong>ve abusar <strong>do</strong> número <strong>de</strong> saltos por sessão que pela exaustão provocada<br />

passará a ser uma tortura para o <strong>cavalo</strong>.<br />

Devemos evitar o uso <strong>de</strong> cabeções <strong>de</strong> prisão largos que irão a to<strong>do</strong> o tempo<br />

incomodar o <strong>cavalo</strong> ao bater – lhe na face e nos olhos. Será mais apropria<strong>do</strong> a<br />

ausência <strong>de</strong> qualquer cabeçada ou mais sofisticadamente o uso <strong>de</strong> uma<br />

ajustada cabeçada <strong>de</strong> bridão. É igualmente <strong>de</strong>saconselhável o uso <strong>de</strong> qualquer<br />

arreio <strong>de</strong> <strong>do</strong>rso ou cilha. É <strong>de</strong> toda a conveniência o uso <strong>de</strong> caneleiras e<br />

protectores apropria<strong>do</strong>s.<br />

O trabalho <strong>de</strong> saltos em liberda<strong>de</strong> tem como finalida<strong>de</strong> a aprendizagem da<br />

mecânica <strong>do</strong> salto por parte <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> duma forma natural que lhe permite um<br />

maior à vonta<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> inicia esse mesmo trabalho à guia ou monta<strong>do</strong>. Por<br />

outro la<strong>do</strong> permite ao cavaleiro estudar a forma como o seu <strong>cavalo</strong> salta e<br />

assim po<strong>de</strong>r corrigir qualquer dificulda<strong>de</strong> mais tar<strong>de</strong> com trabalho ginástico<br />

apropria<strong>do</strong>. É também uma forma <strong>de</strong> satisfazer a nossa curiosida<strong>de</strong> quanto à<br />

qualida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> salta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> nosso <strong>cavalo</strong> novo.<br />

Finalmente é a forma mais eficaz <strong>de</strong> o <strong>de</strong>monstrar a terceiros e por isso<br />

utilizada em leilões e outras apresentações comerciais e concursos <strong>de</strong> aptidão<br />

<strong>de</strong> <strong>cavalo</strong>s novos.<br />

4. O trabalho <strong>de</strong> saltos à guia<br />

Este trabalho exige uma gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e tempo da parte <strong>de</strong> quem o<br />

executa. É indispensável um gran<strong>de</strong> controlo sobre o <strong>cavalo</strong>, pois tem que ser<br />

feito sobre gran<strong>de</strong> calma e disciplina, caso contrário, po<strong>de</strong>rá provocar fugas,<br />

me<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>fesas e até aci<strong>de</strong>ntes que só serão nocivos à normal evolução <strong>do</strong><br />

<strong>ensino</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>. A falta <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s práticos em curto espaço <strong>de</strong> tempo é<br />

factor <strong>de</strong>terminante que explica a pouca utilização <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> treino.<br />

Uma vez o <strong>cavalo</strong> obediente e disciplina<strong>do</strong> à guia e já com alguma rotina <strong>de</strong><br />

saltos em liberda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos dar inicio ao trabalho <strong>de</strong> saltos à guia. É<br />

aconselhável fazê-lo num ambiente calmo a <strong>do</strong>is, sem perturbações que<br />

12


possam provocar distracção e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> no facto<br />

<strong>de</strong> termos <strong>de</strong> controlar o corpo <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> que está liga<strong>do</strong> a nós apenas pelo<br />

chanfro comanda<strong>do</strong> pela guia ten<strong>do</strong> como auxiliares o chicote e a voz. Daí a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enquadrar os <strong>cavalo</strong>s novos nos <strong>primeiros</strong> saltos que<br />

executamos. Essa tarefa será muito facilitada se colocarmos os <strong>primeiros</strong><br />

<strong>obstáculos</strong> ao meio da pare<strong>de</strong> curta <strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro, começan<strong>do</strong> sempre com uma<br />

simples vara no chão e subin<strong>do</strong>-a nos postes progressivamente. É fundamental<br />

o uso <strong>de</strong> uma vara com uma das extremida<strong>de</strong>s apoiada no topo <strong>do</strong> suporte <strong>do</strong><br />

obstáculo, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> interior <strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro e a outra extremida<strong>de</strong> no solo fican<strong>do</strong><br />

esta em posição quase perpendicular ao salto, um pouco aberta em forma <strong>de</strong><br />

funil. Esta vara para além <strong>de</strong> evitar uma furta <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> ao obstáculo pelo la<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro permite que a guia <strong>de</strong>slize livremente e passe para outro<br />

la<strong>do</strong> <strong>do</strong> salto sem se pren<strong>de</strong>r em qualquer elemento <strong>do</strong> obstáculo. O uso <strong>de</strong><br />

uma antepara apropriada terá o mesmo efeito.<br />

O homem coloca-se sobre a linha <strong>do</strong> meio e coloca o seu <strong>cavalo</strong> sobre um<br />

círculo. Assim que <strong>de</strong>cidir fazê-lo saltar só tem <strong>de</strong> o activar para diante ao<br />

longo da pare<strong>de</strong> comprida avançan<strong>do</strong> para ele utilizan<strong>do</strong> a voz e o chicote.<br />

Quan<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong> se aproxima <strong>do</strong> obstáculo está perfeitamente enquadra<strong>do</strong> e<br />

não terá dúvidas em fazer-se ao salto. Este procedimento é bastante mais<br />

prático e seguro <strong>do</strong> que começar por colocar o salto no la<strong>do</strong> <strong>do</strong> comprimento<br />

<strong>do</strong> pica<strong>de</strong>iro, situação essa que po<strong>de</strong>ria originar mais fugas.<br />

A utilização da colocação <strong>do</strong> obstáculo <strong>de</strong>sta última forma só <strong>de</strong>ve ter lugar<br />

mais tar<strong>de</strong> e quan<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong> fizer este exercício com mais rotina e disciplina.<br />

O obstáculo coloca<strong>do</strong> a meio da pare<strong>de</strong> comprida permite utilizar melhor o<br />

espaço <strong>de</strong> abordagem e <strong>de</strong> recepção pelo que po<strong>de</strong>remos nessa altura<br />

aumentar as dimensões <strong>do</strong> salto.<br />

Embora não seja muito utiliza<strong>do</strong> este trabalho <strong>de</strong>senvolve gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong><br />

em quem o executa e obriga a uma linguagem gestual que implica<br />

13


apren<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s posicionamentos que o <strong>cavalo</strong> enten<strong>de</strong> e aos quais<br />

reage <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>s distintos.<br />

5. O trabalho monta<strong>do</strong><br />

Logo após o <strong>de</strong>sbaste, ou seja, assim que estamos perante um <strong>cavalo</strong><br />

perfeitamente familiariza<strong>do</strong> com o homem e com toda a rotina <strong>do</strong> maneio diário<br />

da cavalariça e claramente confia<strong>do</strong> ao ser escarrancha<strong>do</strong> pelas primeiras<br />

vezes, damos inicio às primeiras sessões <strong>de</strong> condução. Nesta altura iniciamos<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento duma primeira linguagem com o <strong>cavalo</strong> através das pernas<br />

e da mão (“ajudas”).<br />

São as pernas que or<strong>de</strong>nam o movimento para diante. É a primeira<br />

manifestação da impulsão.<br />

A mão orienta o <strong>cavalo</strong> na direcção pretendida pelo cavaleiro e contem, mais<br />

ou menos, o andamento inicia<strong>do</strong> à or<strong>de</strong>m das pernas, dan<strong>do</strong> assim com a<br />

ajuda <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> cavaleiro início a um “acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> ajudas”.<br />

Este “acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> ajudas” pratica<strong>do</strong> repetidamente através <strong>de</strong> sucessivas<br />

transições é o primeiro confronto com a primeira gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>ensino</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>: o <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>do</strong> cavaleiro monta<strong>do</strong>.<br />

14


5.1. O <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> monta<strong>do</strong>.<br />

A falta <strong>de</strong> repartição da maneira igual e correcta <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, acresci<strong>do</strong><br />

agora <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> cavaleiro, sobre os seus quatro membros. Estu<strong>do</strong>s<br />

efectua<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que os anteriores <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> estão naturalmente<br />

sobrecarrega<strong>do</strong>s acentuan<strong>do</strong>-se para cerca <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> peso<br />

total <strong>do</strong> seu corpo logo que tenha que suportar o peso <strong>do</strong> cavaleiro.<br />

Convém aqui <strong>de</strong>finir o conceito <strong>de</strong> impulsão.<br />

Impulsão é o <strong>de</strong>sejo permanente <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>, em qualquer momento, se<br />

<strong>de</strong>slocar para diante.<br />

“É a primeira e última qualida<strong>de</strong> a procurar no <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> sela” - Mestre Martins<br />

Abrantes, Tese <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Mestres <strong>de</strong> Equitação, 1980/81.<br />

É com o casamento íntimo entre a acção impulsiva das pernas e a acção <strong>de</strong><br />

contenção da mão, através <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sucessivas transições e variações <strong>de</strong><br />

andamento que estabelecemos um acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> ajudas com o <strong>cavalo</strong>. Esta<br />

disponibilida<strong>de</strong> que o <strong>cavalo</strong> vai ten<strong>do</strong> para obe<strong>de</strong>cer cada vez melhor às<br />

solicitações <strong>do</strong> seu cavaleiro, vai dar início a um processo <strong>de</strong> transformação <strong>do</strong><br />

seu equilíbrio natural.<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda evoluir na melhoria <strong>do</strong> equilíbrio <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> e das suas<br />

prestações cuidan<strong>do</strong> não só o exercício e a flexibilida<strong>de</strong> longitudinais como até<br />

então, mas também visan<strong>do</strong> a sua flexibilida<strong>de</strong> lateral, e consequentemente a<br />

sua rectitu<strong>de</strong>, ou seja, a simetria <strong>de</strong> forças que se manifesta por um contacto<br />

igual, suave e confiante nas duas ré<strong>de</strong>as. A procura da flexibilida<strong>de</strong> lateral<br />

efectua-se com exercícios <strong>de</strong> encurvação e contra-encurvação, procuran<strong>do</strong><br />

assim o emprego <strong>de</strong> um e <strong>do</strong> outro posterior, através da cedência a uma ré<strong>de</strong>a<br />

e <strong>de</strong>pois à outra ré<strong>de</strong>a, e mais tar<strong>de</strong> às duas. No início to<strong>do</strong> este trabalho <strong>de</strong>ve<br />

15


ser efectua<strong>do</strong> sobre o círculo e mais tar<strong>de</strong> sobre o trabalho <strong>de</strong> duas pistas<br />

(cedência à perna, espádua a<strong>de</strong>ntro e numa fase mais avançada o la<strong>de</strong>ar e a<br />

pirueta).<br />

Extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Equitação” Müseler Berger-Levrault, 1966<br />

A representação esquemática põe em evidência o fechar progressivo <strong>do</strong>s<br />

ângulos articulares e o abaixamento progressivo das ancas.<br />

16


1.2. A atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> e o respeito pela sua natureza<br />

Existem vários conceitos que é necessário ter em conta e respeitar ao longo <strong>do</strong><br />

<strong>ensino</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>.<br />

Esses conceitos baseiam-se no facto <strong>de</strong> ter que se respeitar uma <strong>de</strong>terminada<br />

harmonia muscular. Isto é: o <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que monta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve conservar a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos e atitu<strong>de</strong>s que lhe são naturais.<br />

O seu <strong>ensino</strong> <strong>de</strong>ve ir ao encontro <strong>do</strong> melhoramento da sua locomoção ou seja<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus andamentos, concretamente e consequentemente no<br />

<strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>, da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> salto.<br />

O cavaleiro <strong>de</strong>ve pôr em questão to<strong>do</strong> o seu trabalho se ao fim <strong>de</strong> algum tempo<br />

o seu <strong>cavalo</strong> tem mais dificulda<strong>de</strong> em executar os alongamentos, as cedências<br />

à perna, se faz força na mão, se não respon<strong>de</strong> às pernas, se for tenta<strong>do</strong> a<br />

mudar <strong>de</strong> embocadura, <strong>de</strong> pôr esporas mais violentas ou um “enrênement”,<br />

sentin<strong>do</strong> que o <strong>do</strong>rso <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> se contrai cada vez mais, que os posteriores<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se empregar e a elasticida<strong>de</strong> geral <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> diminui.<br />

Extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Equitação”<br />

Müseler Berger-Levrault, 1966<br />

17


5.3. O <strong>cavalo</strong> à frente das pernas e encosta<strong>do</strong> na mão<br />

Seguin<strong>do</strong> esta linha <strong>de</strong> trabalho, vamos obter com facilida<strong>de</strong> um <strong>cavalo</strong> à frente<br />

das pernas e encosta<strong>do</strong> correctamente na mão.<br />

Em equitação <strong>de</strong>sportiva e nomeadamente em saltos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>, o trabalho<br />

geral <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> necessita que este último esteja à frente das pernas e<br />

encosta<strong>do</strong> na mão. Caso contrário o cavaleiro não po<strong>de</strong>rá exercer sobre ele um<br />

controlo suficientemente preciso para po<strong>de</strong>r explorá-lo ao máximo.<br />

A procura prematura e obcecada da colocação sobre a mão e fora <strong>de</strong>ste<br />

contexto <strong>de</strong> respeito pelo equilíbrio natural <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, coloca enormes<br />

problemas e impossibilita a progressão <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>. É aconselhável por isso, não<br />

trabalhar essa questão isoladamente, mas sim incluída no trabalho geral <strong>do</strong><br />

<strong>cavalo</strong> e, em especial, conjuntamente com o que diz respeito ao emprego <strong>do</strong><br />

pós-mão, sen<strong>do</strong> assim uma consequência <strong>de</strong>sse trabalho e não um objectivo a<br />

atingir.<br />

5.4. A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s andamentos e em especial <strong>do</strong> galope<br />

Como já foi referi<strong>do</strong> atrás é fundamental que o objectivo <strong>do</strong> trabalho seja<br />

conduzi<strong>do</strong> na melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s andamentos e, no <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>obstáculos</strong>, sobretu<strong>do</strong> no galope.<br />

É aperfeiçoan<strong>do</strong> as transições e as variações <strong>do</strong> andamento que damos<br />

qualida<strong>de</strong> ao galope, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o ritmo e dan<strong>do</strong> ao <strong>cavalo</strong> a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> alongar e reunir a passada evoluin<strong>do</strong> na prontidão <strong>de</strong> resposta e por<br />

consequência, na sua obediência.<br />

Desta forma estamos a trabalhar também a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> salto que no fun<strong>do</strong><br />

mecanicamente não é mais <strong>do</strong> que uma passada <strong>de</strong> galope <strong>de</strong> maior<br />

dimensão.<br />

6. O trabalho <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> monta<strong>do</strong><br />

6.1 Introdução ao salto<br />

É muito importante a introdução ao obstáculo feita anteriormente no trabalho <strong>de</strong><br />

saltos em liberda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos com isso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os três anos e meio/ quatro<br />

anos, dar ao <strong>cavalo</strong> a rotina suficiente que lhe permitirá adquirir por si próprio o<br />

bom equilíbrio e por consequência o ponto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> batida. Assim <strong>de</strong>senvolverá<br />

uma boa técnica <strong>de</strong> anteriores, uma boa passagem <strong>do</strong> <strong>do</strong>rso e <strong>do</strong>s posteriores.<br />

É fundamental exercitá-lo para as duas mãos. Mesmo nos <strong>cavalo</strong>s <strong>de</strong> cinco<br />

anos, o salto em liberda<strong>de</strong> permite-nos por vezes, resolver certos problemas <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> confiança, resultantes <strong>de</strong> uma má experiência ou <strong>de</strong> uma abusiva<br />

utilização por parte <strong>do</strong> seu cavaleiro.<br />

18


A importância <strong>do</strong> <strong>ensino</strong> no plano<br />

O <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ve estar capaz <strong>de</strong> realizar as transições ascen<strong>de</strong>ntes e<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes conservan<strong>do</strong> o seu bom equilíbrio. Ao longo <strong>do</strong> tempo a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> baixar a sancas <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver-se, para que possa com<br />

facilida<strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> seu cavaleiro no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> alongar ou reunir<br />

a passada, sen<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> realizar um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> número <strong>de</strong> passadas<br />

largas ou curtas entre <strong>do</strong>is pontos perfeitamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.<br />

As mudanças <strong>de</strong> direcção e as voltas são também extremamente importantes,<br />

sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às exigências <strong>do</strong>s percursos actuais. Nos dias <strong>de</strong> hoje, para<br />

estar classifica<strong>do</strong> não bastam os percursos sem faltas. É necessário ser rápi<strong>do</strong>.<br />

Isto significa que há que saber acelerar o andamento, mas ten<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reequilibrar o <strong>cavalo</strong> rapidamente antes <strong>de</strong> abordar o obstáculo seguinte ou<br />

antes <strong>de</strong> realizar uma volta apertada para ganhar centésimos <strong>de</strong> segun<strong>do</strong>. Isto<br />

exige um <strong>cavalo</strong> que obe<strong>de</strong>ça com prontidão às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> cavaleiro o que<br />

explica a importância <strong>de</strong> um trabalho sério no plano, on<strong>de</strong> os pontos vitais são<br />

a facilida<strong>de</strong> e o rigor das transições e variações <strong>de</strong> andamento, as mudanças<br />

<strong>de</strong> direcção, o caminhar logo que possível para os exercícios <strong>de</strong> galope<br />

inverti<strong>do</strong> e <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong> mão.<br />

A aquisição da técnica <strong>do</strong> salto monta<strong>do</strong><br />

O salto <strong>de</strong>compõe-se em várias fases. Logo após o momento da batida, o<br />

<strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r elevar suficientemente os seus anteriores, Em seguida,<br />

<strong>de</strong>ve estar prepara<strong>do</strong> para se propulsionar graças à força <strong>do</strong>s seus posteriores<br />

19


(fase ascen<strong>de</strong>nte). Assim subirá o garrote para passar habilmente o <strong>do</strong>rso<br />

sobre o obstáculo. Por fim, durante a fase <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, ele <strong>de</strong>ve cuidar o seu<br />

gesto <strong>de</strong> posteriores.<br />

Realizar este enca<strong>de</strong>a<strong>do</strong> <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> harmonioso exige <strong>do</strong><br />

<strong>cavalo</strong> coor<strong>de</strong>nação, flexibilida<strong>de</strong>, rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> reflexos e alguma força.<br />

A natureza <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>termina muito a sua aptidão natural para os saltos.<br />

Existem <strong>cavalo</strong>s <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um bom equilíbrio, em particular no galope. As<br />

suas passadas <strong>de</strong>vem ter cadência e amplitu<strong>de</strong> no plano, mas igualmente na<br />

abordagem e na recepção <strong>do</strong>s saltos.<br />

Um <strong>cavalo</strong> que acelera naturalmente os últimos <strong>passos</strong> na aproximação <strong>do</strong><br />

obstáculo e que faz as suas batidas sempre <strong>de</strong> forma diferente, é um <strong>cavalo</strong><br />

difícil e com problemas <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> equilíbrio, cometen<strong>do</strong> faltas com<br />

facilida<strong>de</strong>.<br />

É igualmente importante o respeito natural pelas varas. Um <strong>cavalo</strong> que não é<br />

cuida<strong>do</strong>so e “limpo” é sempre difícil <strong>de</strong> corrigir. Normalmente este <strong>de</strong>feito <strong>de</strong>vese<br />

a um equilíbrio natural <strong>de</strong>ficiente alia<strong>do</strong> a um mau gesto <strong>do</strong>s anteriores ou<br />

falta <strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> movimentos.<br />

Por fim, a força e os meios físicos são fundamentais para a transposição das<br />

combinações mais exigentes pelas suas dimensões e distâncias.<br />

Estas qualida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser inatas no nosso <strong>cavalo</strong> sen<strong>do</strong> sempre <strong>de</strong>sejável<br />

<strong>de</strong>senvolvê-las e tê-las à nossa inteira disposição.<br />

Noutros casos existe mesmo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quase fabricar uma ou outra<br />

<strong>de</strong>ssas qualida<strong>de</strong>s em <strong>cavalo</strong>s que as tenham menos <strong>de</strong>senvolvidas. Isto é<br />

possível através <strong>de</strong> exercícios próprios que nos permitem trabalhar o estilo <strong>do</strong><br />

<strong>cavalo</strong> sobre o obstáculo.<br />

Esses exercícios <strong>de</strong>vem fazer-se no início sobre cavaletes e mais tar<strong>de</strong> sobre<br />

<strong>obstáculos</strong> <strong>de</strong> alturas razoavelmente pequenas, utilizan<strong>do</strong> linha se<br />

combinações. Sobretu<strong>do</strong> numa primeira fase o objectivo não é saltar alto mas<br />

sim saltar melhor.<br />

6.2. O trabalho sobre cavaletes<br />

Fe<strong>de</strong>rico Caprilli<br />

(o italiano que <strong>ensino</strong>u Fe<strong>de</strong>rico Caprilli,<br />

O italiano que <strong>ensino</strong>u o<br />

mun<strong>do</strong> a saltar<br />

o mun<strong>do</strong> inteiro a saltar)<br />

Fe<strong>de</strong>ri<br />

20


A origem <strong>do</strong>s cavaletes.<br />

Atribui-se a <strong>de</strong>scoberta da utilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> cavaletes monta<strong>do</strong> a<br />

Caprilli. Caprilli estava plenamente convenci<strong>do</strong> <strong>de</strong> que um <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

<strong>de</strong>veria ser treina<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira lógica e sistemática. O seu terreno <strong>de</strong><br />

exercício era um pra<strong>do</strong> e o seu programa <strong>de</strong> treino consistia em saltar<br />

pequenos <strong>obstáculos</strong> a trote e a trotar sobre varas postas no chão. É curioso<br />

observar que ele colocava essas varas sobre pequeninos suportes para as<br />

estabilizar e aumentar-lhes um pouco a altura, fazen<strong>do</strong> lembrar pequenos<br />

cavaletes <strong>de</strong> serrar ma<strong>de</strong>ira (em italiano cavaletti). Caprilli já tinha em mente<br />

que era necessário pedir muitas transições aos <strong>cavalo</strong>s para adquirirem a<br />

disciplina necessária. Dava muita importância à calma e <strong>de</strong>sta forma, passan<strong>do</strong><br />

por cima <strong>do</strong>s cavaletes procurava que o <strong>cavalo</strong> “olhasse o chão” com o cuida<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> ver on<strong>de</strong> colocava as mãos e os pés. Estes exercícios eram fundamenta<strong>do</strong>s<br />

em princípios simples e lógicos e não exigiam nada <strong>de</strong> artificial. Para Caprilli<br />

era essencial estabelecer uma confiança inabalável com o <strong>cavalo</strong>. Pensava<br />

que um bom <strong>cavalo</strong> não precisava <strong>de</strong> ser “ajuda<strong>do</strong>” durante o salto, muito pelo<br />

contrário era necessário não o perturbar. Recomendava aos seus alunos que<br />

montassem com a mão <strong>de</strong>scida e que não praticassem exercícios sem estribos<br />

senão muito raramente e com mo<strong>de</strong>ração a fim <strong>de</strong> evitar to<strong>do</strong> e qualquer tipo<br />

<strong>de</strong> contracção em sela. No que diz respeito ao salto em si, Caprilli interessavase<br />

muito no <strong>de</strong>senvolvimento e na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> batida <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> e numa<br />

aproximação correcta. Acreditava que essa capacida<strong>de</strong> era em parte natural<br />

mas também adquirida por uma longa prática <strong>de</strong> saltos a trote.Com o sistema<br />

Caprilli, <strong>de</strong>u-se inicio ao <strong>ensino</strong> <strong>do</strong> treino sistemático <strong>do</strong>s saltos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>.<br />

Para apresentar o seu méto<strong>do</strong> Caprilli colocava varas no chão a cerca <strong>de</strong> um<br />

metro umas das outras e fazia o seu <strong>cavalo</strong> passá-las a passo, num e noutro<br />

senti<strong>do</strong>. Colocava <strong>de</strong>pois essas varas a um metro e vinte ou um pouco mais e<br />

fazia o <strong>cavalo</strong> trotar tranquilamente sobre elas. O número <strong>de</strong> varas aumentava<br />

progressivamente e a distância entre elas era alongada até ao metro e<br />

cinquenta. E assim se dá inicio ao recurso sistemático <strong>do</strong>s cavaletes. No início<br />

os cavaletes foram utiliza<strong>do</strong>s por Caprilli e seus alunos <strong>de</strong> uma maneira muito<br />

simplificada. A passagem a passo e a trote sobre a vara no chão, ajudava o<br />

<strong>cavalo</strong> a <strong>de</strong>scontrair-se e a cooperar com o seu cavaleiro, na medida em que<br />

estes montavam agora com a nova posição em suspensão sobre os estribos.<br />

Numa segunda fase, subiram-se ligeiramente os cavaletes, cerca <strong>de</strong> 50cm, e<br />

foram posiciona<strong>do</strong>s sobre uma linha direita, espaça<strong>do</strong>s entre eles 3,60m a<br />

4,50m. O <strong>cavalo</strong> galopava sobre esses cavaletes sem fazer uma passada entre<br />

cada um <strong>de</strong>les e aprendia a servir-se <strong>do</strong> seu pescoço e a coor<strong>de</strong>nar e exercitar<br />

os seus movimentos <strong>de</strong> batida e recepção. O cavaleiro, procuran<strong>do</strong> não<br />

interferir na boca <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, tinha <strong>de</strong> concentrar-se na sua posição adiante,<br />

equilibran<strong>do</strong>-se sobre os joelhos e suportan<strong>do</strong>-se nas suas pernas fixas e<br />

envolven<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong> ao nível <strong>do</strong>s flancos, estabilizan<strong>do</strong> assim o alto <strong>do</strong> seu<br />

corpo.<br />

Este méto<strong>do</strong> revelava-se muito eficaz. <strong>Os</strong> alunos aperfeiçoavam-se muito<br />

rapidamente e apercebiam-se <strong>de</strong> como os seus <strong>cavalo</strong>s saltavam melhor e com<br />

21


mais vivacida<strong>de</strong> e ligeireza. Sentiam-se também muito mais seguros sobre o<br />

salto.<br />

O sistema Caprilli foi a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> pela maioria das escolas <strong>de</strong> cavalaria pouco<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1900 e numerosos países construíram as suas instalações copiadas<br />

da escola <strong>de</strong> equitação italiana Pinerolo : fossos, barreiras e muros<br />

condiciona<strong>do</strong>s por varas no chão colocadas <strong>de</strong> maneira permanente sobre<br />

linhas, a boas distâncias, a uma ou duas passadas <strong>de</strong> cada obstáculo,<br />

saltáveis num galope calmo mas activo.<br />

As escolas segun<strong>do</strong> as suas especificida<strong>de</strong>s, empregam o sistema Caprilli <strong>de</strong><br />

maneiras ligeiramente distintas. A Alemanha, por exemplo, combinou-o com o<br />

seu próprio méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, o que produziu resulta<strong>do</strong>s notáveis nas suas<br />

equipas <strong>de</strong> saltos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>, antes da segunda guerra mundial.<br />

Na era mo<strong>de</strong>rna houve quem adaptasse este sistema ao seu próprio sistema<br />

<strong>de</strong> treino e produzisse obra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> equestre e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

utilização no sistema <strong>de</strong> treino actual. Destaca-se a obra <strong>de</strong> Reiner Klimke<br />

“Cavaletti” adaptada à modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, o Bertalan <strong>de</strong> Némethy “ O<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Némethy” on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>screve uma técnica mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><br />

aperfeiçoamento <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> e <strong>do</strong> seu cavaleiro. Ambas as obras<br />

se baseiam no conceito <strong>de</strong>scoberto e <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Caprilli <strong>de</strong> que<br />

trabalhan<strong>do</strong> sobre cavaletes, através <strong>do</strong> interesse que eles <strong>de</strong>spertam no<br />

<strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> olhar o solo e ao mesmo tempo o obrigam a <strong>de</strong>senvolver nos seus<br />

andamentos um tempo <strong>de</strong> suspensão a par da amplitu<strong>de</strong>, são só por si um<br />

factor <strong>de</strong> ginástica que sem <strong>de</strong>sgaste físico e moral lhe <strong>de</strong>senvolvem o seu<br />

potencial locomotor e salta<strong>do</strong>r, para além <strong>do</strong>s benefícios que trazem ao<br />

cavaleiro na sua colocação em sela.<br />

A aplicação mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>s cavaletes ao trabalho <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

Material a utilizar:<br />

Pessoalmente prefiro usar varas re<strong>do</strong>ndas e com algum peso com cerca <strong>de</strong><br />

15cm <strong>de</strong> diâmetro e 1,80m <strong>de</strong> frente. Em cada uma das extremida<strong>de</strong>s é<br />

coloca<strong>do</strong> um taco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira a fim <strong>de</strong> estabilizar as varas para que não se<br />

<strong>de</strong>sloquem com facilida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> são tocadas pelos cascos <strong>do</strong>s <strong>cavalo</strong>s, ao<br />

mesmo tempo que lhes dão um pouco mais <strong>de</strong> altura (entre 15 e 20cm),<br />

obrigan<strong>do</strong> assim o <strong>cavalo</strong> a levantar bem os seus membros ao ponto <strong>de</strong> terem<br />

mesmo <strong>de</strong> empregar bem os músculos <strong>do</strong> <strong>do</strong>rso e <strong>do</strong> pescoço. Estas varas,<br />

juntas duas a duas, formam um a frente <strong>de</strong> 3,60m, i<strong>de</strong>al para o nosso trabalho.<br />

Existem cavaletes que nas extremida<strong>de</strong>s têm uma cruzeta em X que suporta as<br />

varas. Creio que esse sistema é mais perigoso para o <strong>cavalo</strong> que em caso <strong>de</strong><br />

furta po<strong>de</strong>rá embater nelas e magoar-se. Essas cruzetas po<strong>de</strong>m também ser<br />

perigosas para o cavaleiro em caso <strong>de</strong> queda.<br />

22


Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> utilização:<br />

A distância entre cavaletes é <strong>de</strong> importância primordial. O princípio a seguir é<br />

<strong>de</strong> não interferir no equilíbrio natural <strong>de</strong> cada <strong>cavalo</strong> nem na largura da sua<br />

passada. Por isso é conveniente não trabalhar ao mesmo tempo <strong>cavalo</strong>s com<br />

passadas muito diferentes, para que não seja necessário estar sempre a<br />

modificar essas distâncias que po<strong>de</strong>m variar entre 1,30m e 1,50m, na<br />

transposição a trote. Depois <strong>de</strong> algumas passagens efectuadas nos <strong>do</strong>is<br />

senti<strong>do</strong>s é natural que seja também necessário aumentar um pouco as<br />

distâncias.<br />

Para darmos início a este trabalho é bom familiarizar o <strong>cavalo</strong> primeiro com os<br />

cavaletes espalha<strong>do</strong>s no chão e fazê-lo passar isoladamente a passo <strong>de</strong><br />

ré<strong>de</strong>as no pescoço e <strong>de</strong>pois a trote, até que ele o faça sem os saltar mas sim<br />

olhan<strong>do</strong>-os com atenção no chão, levantan<strong>do</strong> e “arregaçan<strong>do</strong>”bem os seus<br />

membros e solicitan<strong>do</strong> numerosas transições nos intervalos. Po<strong>de</strong>remos então<br />

dar início à transposição <strong>de</strong> várias séries <strong>de</strong> cavaletes em linha para passá-los<br />

a trote nas duas direcções. Quatro será o número i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> cavaletes pois se<br />

forem menos o <strong>cavalo</strong> terá tendência a saltá-los <strong>de</strong> uma só vez. Pouco a pouco<br />

o <strong>cavalo</strong> compreen<strong>de</strong>rá o que se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>le e acabará por se <strong>de</strong>scontrair.<br />

23


A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste exercício é cativar a atenção <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> e <strong>de</strong> a dirigir ao solo.<br />

O <strong>cavalo</strong> alonga o pescoço para baixo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a espádua até à cabeça, olhan<strong>do</strong><br />

com atenção e com cuida<strong>do</strong> por on<strong>de</strong> pisa para não tropeçar nos cavaletes.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, ele <strong>de</strong>verá levantar os membros mais alto <strong>do</strong> que se trotasse<br />

normalmente sobre terreno plano, ginástica que fortifica os seus tendões e os<br />

seus músculos, especialmente os <strong>do</strong>s posteriores. Por sua vez a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

“olhar o solo”, obriga o <strong>cavalo</strong> a arre<strong>do</strong>ndar o <strong>do</strong>rso, fazen<strong>do</strong> trabalhar os seus<br />

músculos, tornan<strong>do</strong>-o forte e flexível.<br />

O <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ve pisar o solo, quer com o anterior, quer com o posterior,<br />

exactamente a meia distância entre as duas varas <strong>do</strong>s cavaletes. Se a<br />

distância estiver <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> curta, o <strong>cavalo</strong> aproximar-se-á cada vez mais <strong>de</strong><br />

cada vara sucessiva. Se estiver <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> longa, ele não conseguirá alongar a<br />

sua passada o suficiente e tentará dar uma curta passada extra ou mesmo<br />

saltar. Uma ou outra situação não será favorável ao fim pretendi<strong>do</strong> com este<br />

trabalho.<br />

Se o trabalho com cavaletes for bem conduzi<strong>do</strong> haverá por parte <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> um<br />

melhor controlo da coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> seu corpo e por consequência<br />

uma melhoria consi<strong>de</strong>rável <strong>do</strong> seu equilíbrio.<br />

O <strong>cavalo</strong> aumentará a sua autoconfiança e o seu físico <strong>de</strong>senvolver-se-á<br />

tornan<strong>do</strong> os seus andamentos mais regulares, harmoniosos e flexíveis.<br />

Apren<strong>de</strong>rá a <strong>de</strong>slocar o seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> com facilida<strong>de</strong> e toda a<br />

segurança. To<strong>do</strong>s estes elementos se vão <strong>de</strong>senvolver e organizar<br />

progressivamente constituin<strong>do</strong> bases sólidas para os saltos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong>.<br />

24


6.3.O trabalho <strong>de</strong> ginástica <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong><br />

Logo que o <strong>cavalo</strong> assimile bem a técnica para transpor um salto isola<strong>do</strong> é <strong>de</strong><br />

toda a conveniência iniciar um trabalho sobre linhas e compostos. Para além<br />

<strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> ginástica que isso proporciona ao <strong>cavalo</strong> vai também, esse<br />

trabalho, melhorar muito o seu estilo e a sua técnica, pelo facto <strong>de</strong> ter que se<br />

exercitar o que se passa antes e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> salto. O <strong>cavalo</strong> para realizar<br />

correctamente um percurso <strong>de</strong>ve, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada salto, estar <strong>de</strong> novo<br />

disponível às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> seu cavaleiro para abordar o salto seguinte. Para isso<br />

ele terá <strong>de</strong> recuperar rapidamente o seu equilíbrio e a sua passada <strong>de</strong> galope<br />

na recepção <strong>de</strong> cada salto, para abordar sem dificulda<strong>de</strong> o salto seguinte<br />

evitan<strong>do</strong> assim a falta.<br />

A regulação da batida<br />

Para intervir sobre a cadência e a amplitu<strong>de</strong> da passada po<strong>de</strong>mos utilizar uma<br />

ou várias varas <strong>de</strong> regulação a cerca <strong>de</strong> 3 metros a 3,5 metros entre elas e à<br />

distância <strong>do</strong> obstáculo, assim como na recepção a igual distância. Este<br />

exercício obriga o <strong>cavalo</strong> a regular ele próprio a sua passada <strong>de</strong> galope antes e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>do</strong> salto.<br />

Trabalhar a rectitu<strong>de</strong><br />

Para trabalhar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> inicio a rectitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> antes, durante e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong><br />

salto, para além dum salto em forma <strong>de</strong> cruz que o canaliza para o meio <strong>do</strong><br />

salto po<strong>de</strong>mos usar uma vara cruzada <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s que convida o <strong>cavalo</strong><br />

que tem por hábito saltar chega<strong>do</strong> a um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s, a procurar saltar ao centro.<br />

A utilização <strong>de</strong> varas no chão perpendiculares ao salto forman<strong>do</strong> um corre<strong>do</strong>r<br />

ajudam também a canalizar o <strong>cavalo</strong> que tem tendência a <strong>de</strong>sviar-se para o<br />

la<strong>do</strong>.<br />

Melhorar a técnica em cima <strong>do</strong> salto<br />

Para <strong>de</strong>senvolver o gesto <strong>do</strong>s anteriores e incitar o <strong>cavalo</strong> a subir o garrote,<br />

po<strong>de</strong>mos utilizar duas varas em V sobre o primeiro plano <strong>de</strong> um salto ou fazer<br />

o <strong>cavalo</strong> saltar um oxer marca<strong>do</strong> cujo plano <strong>de</strong> entrada seja uma cruz.<br />

Po<strong>de</strong>mos também ajudar o <strong>cavalo</strong> a afastar-se ligeiramente <strong>do</strong> obstáculo,<br />

utilizan<strong>do</strong> varas <strong>de</strong> regulação ou <strong>de</strong> chamada, para que ele possa tomar o<br />

tempo necessário para completar o seu gesto <strong>de</strong> anteriores. Uma vez que esse<br />

gesto esteja bem assimila<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> novo aproximar o <strong>cavalo</strong> <strong>do</strong><br />

obstáculo, aproximan<strong>do</strong> a vara <strong>de</strong> regulação ao salto.<br />

Para trabalhar os reflexos e a flexibilida<strong>de</strong> geral <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, nada substitui o<br />

trabalho sobre linhas <strong>de</strong> três ou quatro <strong>obstáculos</strong>, separadas por distâncias<br />

Com passadas diferentes e por vezes integran<strong>do</strong> nessas mesmas linhas saltos<br />

a tempo (3m a 3,5m) <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> assim a força, a musculatura e o<br />

equilíbrio. Este trabalho não <strong>de</strong>ve ser dissocia<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho no plano, já<br />

menciona<strong>do</strong>.<br />

25


Alguns exemplos <strong>de</strong> exercícios sobre os <strong>obstáculos</strong><br />

Exercícios para melhorar a batida e a báscula:<br />

trote<br />

trote<br />

Exercícios para regular a batida usan<strong>do</strong> varas <strong>de</strong> marcação:<br />

26


A importância <strong>do</strong> facto <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> se receber a galopar na mão correcta <strong>de</strong>pois<br />

<strong>do</strong> obstáculo<br />

Este exercício é fundamental pois facilita a realização <strong>de</strong> um percurso fluente e<br />

rápi<strong>do</strong> e evitan<strong>do</strong> o risco da ocorrência <strong>de</strong> faltas.<br />

No caso <strong>de</strong> uma volta a realizar <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> obstáculo, é fácil <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

que um <strong>cavalo</strong> novo que não se receba a galopar na mão correcta para<br />

executar a mesma volta vai ter gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em efectua-la.<br />

Receben<strong>do</strong>-se a galopar para a mão contrária será muito mais difícil pois<br />

estará num mau equilíbrio. A sua reacção será entrar na volta em galope<br />

inverti<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>suni<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> passar a trote ou mesmo atabalhoadamente<br />

passar <strong>de</strong> mão. De qualquer forma precipitará o seu galope e per<strong>de</strong>rá o seu<br />

equilíbrio não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> abordar o salto seguinte nas melhores condições.<br />

A primeira condição a cumprir para evitar esta situação é controlar o olhar ou<br />

ter uma postura a <strong>cavalo</strong> imaginan<strong>do</strong> ter os olhos no peito. É uma imagem que<br />

nos dá obrigatoriamente uma postura <strong>de</strong> tronco que transmitida ao <strong>cavalo</strong> em<br />

cima <strong>do</strong> salto, naturalmente lhe dará a indicação da direcção a tomar após o<br />

salto.<br />

Mesmo utilizan<strong>do</strong> esta técnica, há <strong>cavalo</strong>s que têm sempre dificulda<strong>de</strong> em se<br />

receber a galopar para a mão <strong>de</strong>sejada. Existem exercícios próprios para<br />

corrigir esta dificulda<strong>de</strong>. Um <strong>de</strong> que eu gosto particularmente é o seguinte: um<br />

círculo que varia <strong>de</strong> diâmetro consoante o grau <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> em<br />

questão, uma cruz no meio <strong>de</strong> círculo e uma outra no exterior <strong>do</strong> mesmo.<br />

Começamos por instalar o <strong>cavalo</strong> a galope sobre o círculo, até que o <strong>cavalo</strong><br />

salte as duas cruzes <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> regular, sem modificar a sua passada e<br />

receben<strong>do</strong>-se sempre para a mesma mão. Po<strong>de</strong>mos ajudar o <strong>cavalo</strong> a<br />

enten<strong>de</strong>r melhor para que mão terá que se receber, abrin<strong>do</strong> (mas nunca<br />

puxan<strong>do</strong>) a ré<strong>de</strong>a interior. Proce<strong>de</strong>mos à execução <strong>de</strong>ste exercício para as<br />

duas mãos. Seguidamente po<strong>de</strong>mos aumentar a dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> exercício,<br />

<strong>do</strong>bran<strong>do</strong> ao centro <strong>do</strong> círculo para mudar <strong>de</strong> círculo e por isso passan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

mão sobre a cruz <strong>do</strong> meio. Vamos seguidamente executar um oito a galope<br />

pedin<strong>do</strong> uma mudança <strong>de</strong> direcção e por consequência a passagem <strong>de</strong> mão<br />

sobre a cruz colocada ao meio. Este exercício trabalha não só a obediência e a<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, mas também o equilíbrio pela abordagem <strong>do</strong> salto na<br />

volta e a flexibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>rso pela ginástica que ele implica.<br />

30


6.4.O treino <strong>do</strong> percurso<br />

O treino sobre pequenas sequências <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> traça<strong>do</strong>s simples e <strong>de</strong> fácil<br />

execução é uma boa prática para que o <strong>cavalo</strong> aprenda a lidar com a sua<br />

futura activida<strong>de</strong>: o concurso hípico.<br />

É necessário que aos poucos o <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ixe controlar o seu equilíbrio e o seu<br />

ritmo. Não po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar o salto isola<strong>do</strong> como um objectivo por si só. É<br />

necessário trabalhar em pequenas sequências <strong>de</strong> saltos. Melhorar o estilo e a<br />

qualida<strong>de</strong> salta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> passa por trabalhar o que se passa antes e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>do</strong> salto, ou seja, a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> galope. Só assim po<strong>de</strong>remos ter<br />

sucesso nas abordagens aos saltos, procuran<strong>do</strong> as melhores trajectórias e<br />

repetin<strong>do</strong> algumas vezes os mesmos saltos, as mesmas abordagens, as<br />

mesmas distâncias, crian<strong>do</strong> assim automatismos que nos permitem abordar<br />

saltos varia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cores e forma diferentes sem problemas <strong>de</strong> maior.<br />

O concurso – a prova final<br />

A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> este trabalho é a obtenção <strong>de</strong> boas performances em<br />

competição.<br />

Para que to<strong>do</strong> este processo tenha sucesso, apesar da aplicação <strong>de</strong> um treino<br />

correcto, há que cuidar aspectos importantes no dia <strong>do</strong> concurso: o<br />

aquecimento, o reconhecimento <strong>do</strong> percurso, a entrada em pista e a forma <strong>de</strong><br />

montar em percurso.<br />

31


O aquecimento<br />

A duração <strong>do</strong> aquecimento varia <strong>de</strong> <strong>cavalo</strong> para <strong>cavalo</strong> mas nunca se <strong>de</strong>ve<br />

prolongar ao ponto <strong>de</strong> ele não po<strong>de</strong>r dar o melhor <strong>de</strong> si mesmo. É necessário<br />

preservar a sua frescura e a sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saltar.<br />

Numa primeira fase há que ter em atenção que ele está fora <strong>do</strong> seu ambiente<br />

habitual e por isso vai ser difícil que se concentre <strong>de</strong> forma a escutar as or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>do</strong> seu cavaleiro manten<strong>do</strong> a <strong>de</strong>scontracção necessária para obter um bom<br />

<strong>de</strong>sempenho. Há <strong>cavalo</strong>s mais susceptíveis que ficam muito nervosos ao<br />

verem os outros a passarem por eles a galope e a saltar nos mais varia<strong>do</strong>s<br />

senti<strong>do</strong>s, ou se assustam com o ruí<strong>do</strong> das varas que caem. O i<strong>de</strong>al seria<br />

montar ou mesmo passar à guia estes <strong>cavalo</strong>s com algum tempo <strong>de</strong><br />

antecedência, antes <strong>do</strong> início da prova. Desta forma <strong>de</strong>scontrair-se-ão,<br />

concentrar-se-ão mais no trabalho que terão que realizar antes da sua entrada<br />

em pista. A entrada em pista far-se-á com um <strong>cavalo</strong> tranquilo, receptivo às<br />

or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> cavaleiro e sem o perigo <strong>de</strong> estar a sujeitar o <strong>cavalo</strong> a uma má<br />

experiência, fruto da sua perturbação. Deste mo<strong>do</strong> e logo que haja<br />

tranquilida<strong>de</strong> suficiente para que ele trote e galope <strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong>, alargan<strong>do</strong> e<br />

reunin<strong>do</strong> e voltan<strong>do</strong> facilmente às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> seu cavaleiro é chega<strong>do</strong> o<br />

momento <strong>de</strong> o fazer saltar <strong>do</strong>is ou três <strong>obstáculos</strong> <strong>de</strong> pequena dimensão,<br />

intercalan<strong>do</strong> entre cada salto algumas transições ou voltas mais curtas, para<br />

saltar <strong>de</strong> seguida <strong>do</strong>is ou três verticais um pouco mais altos e <strong>do</strong>is ou três<br />

oxers também <strong>de</strong> maior dimensão quer em altura como em largura. É<br />

importante não exagerar na dimensão <strong>do</strong>s saltos <strong>de</strong> aquecimento.<br />

Normalmente não ultrapassar as alturas e larguras da prova. É preferível entrar<br />

em pista com um <strong>cavalo</strong> confia<strong>do</strong> <strong>do</strong> que com um <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> atento que<br />

ao mais pequeno erro se irá parar com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> se magoar <strong>de</strong> novo nas varas,<br />

como lhe aconteceu no campo <strong>de</strong> aquecimento, facto que retém ainda na sua<br />

memória.<br />

32


O reconhecimento <strong>do</strong> percurso<br />

É <strong>de</strong> particular importância que o cavaleiro saiba <strong>de</strong> cor o traça<strong>do</strong> <strong>do</strong> percurso<br />

que terá <strong>de</strong> efectuar. Assim po<strong>de</strong>rá corrigir o seu <strong>cavalo</strong>, caso seja necessário,<br />

sempre em conformida<strong>de</strong> com o seguimento <strong>do</strong> mesmo. No caso <strong>de</strong> o<br />

cavaleiro ser menos experiente é vantajoso fazer-se acompanhar <strong>de</strong> alguém<br />

mais rotina<strong>do</strong> e que por isso se possa aperceber <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> como: o<br />

aspecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s saltos, a sua localização, a distanciação entre eles.<br />

Outros pormenores <strong>de</strong> relevo, placares <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, elementos <strong>de</strong> outros<br />

<strong>obstáculos</strong> <strong>de</strong> outros percursos <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s, às vezes por <strong>de</strong>scui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s chefes <strong>de</strong><br />

pista, em locais menos favoráveis à passagem <strong>do</strong>s nossos <strong>cavalo</strong>s são <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rar. To<strong>do</strong>s estes factores po<strong>de</strong>m influenciar a execução <strong>do</strong> percurso<br />

dum <strong>cavalo</strong> novo.<br />

A entrada em pista e a forma <strong>de</strong> montar em percurso<br />

É fundamental entrar em pista ten<strong>do</strong> o <strong>cavalo</strong> para diante, atento e<br />

<strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong>.<br />

Para os <strong>cavalo</strong>s mais confiantes, algumas transições rápidas antes <strong>de</strong><br />

cumprimentar o júri são o suficiente para confirmar a sua atenção às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong><br />

cavaleiro.<br />

Com os mais inquietos e inseguros é bom entrar em pista num galope enérgico<br />

fazen<strong>do</strong>-os reagir com firmeza à acção das pernas para diante, vencen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste<br />

mo<strong>do</strong> as suas hesitações.<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos é sempre bom que antes <strong>de</strong> iniciar a partida eles<br />

possam olhar à sua volta para que possam familiarizar-se com o ambiente da<br />

pista <strong>do</strong> concurso, fazen<strong>do</strong>-os mesmo circular pelos locais que possam<br />

provocar hesitação à sua passagem durante a realização <strong>do</strong> percurso.<br />

33


Depois <strong>de</strong> uma boa preparação no campo <strong>de</strong> aquecimento e <strong>de</strong> um<br />

reconhecimento prévio <strong>do</strong> percurso, o cavaleiro po<strong>de</strong> agora concentrar-se<br />

totalmente na forma <strong>de</strong> montar o seu <strong>cavalo</strong> na pista.<br />

É fundamental a conservação <strong>do</strong> equilíbrio e <strong>do</strong> ritmo, sempre em<br />

concordância com a velocida<strong>de</strong> imposta e a altura <strong>do</strong>s <strong>obstáculos</strong>.<br />

Na abordagem e na recepção <strong>do</strong> salto, as mudanças <strong>de</strong> posição <strong>do</strong> cavaleiro<br />

ao seguir o movimento <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> no salto, <strong>de</strong>vem ser feitas suavemente e<br />

sempre acompanhadas da pressão exercida pela perna bem <strong>de</strong>scida,<br />

asseguran<strong>do</strong> assim o movimento para diante, mas sem perturbar a boa<br />

mecânica <strong>do</strong> salto ao <strong>cavalo</strong>. Uma aproximação <strong>do</strong> assento <strong>do</strong> cavaleiro nos<br />

últimos <strong>passos</strong> reforça a impulsão das pernas sem perturbar o <strong>cavalo</strong>,<br />

permitin<strong>do</strong>-lhe a transposição <strong>do</strong> salto correctamente.<br />

A conservação <strong>do</strong> ritmo e da impulsão são essenciais à regulação da<br />

aproximação <strong>do</strong> salto.<br />

A minha experiência diz-me que é mais fácil alongar, ainda que muito<br />

progressivamente, a passada na abordagem <strong>de</strong> um salto <strong>do</strong> que não ter<br />

espaço e por isso ter que reter o <strong>cavalo</strong> com a mão. Mais experiente é o<br />

cavaleiro, mais ce<strong>do</strong> e mais longe <strong>do</strong> salto ele tomará a sua <strong>de</strong>cisão.<br />

34


• Conclusão:<br />

<strong>Os</strong> problemas mais frequentes com os <strong>cavalo</strong>s novos <strong>de</strong> <strong>obstáculos</strong> são<br />

habitualmente problemas <strong>de</strong> equilíbrio, em particular nas recepções <strong>do</strong>s saltos.<br />

O <strong>cavalo</strong> posto em dificulda<strong>de</strong> pelo obstáculo vai ter tendência a correr atrás <strong>do</strong><br />

seu peso <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> salto. Isto corrige-se com trabalho correcto no plano.<br />

Porém, por vezes, <strong>de</strong>paramo-nos com problemas <strong>de</strong> concentração por parte <strong>do</strong><br />

jovem <strong>cavalo</strong>, quer por distracção com tu<strong>do</strong> aquilo que o ro<strong>de</strong>ia, fruto <strong>do</strong> novo<br />

ambiente <strong>do</strong>s terrenos <strong>do</strong> concurso a que não está habitua<strong>do</strong>, ou muito<br />

simplesmente porque se preocupa <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> com o seu cavaleiro que lhe<br />

impõe uma atitu<strong>de</strong> muito “fabricada”, pouco natural, impedin<strong>do</strong>-o assim <strong>de</strong> se<br />

focalizar nos altos, como seria <strong>de</strong>sejável. É vulgar ver um <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong><br />

sujeito a atitu<strong>de</strong>s verda<strong>de</strong>iramente constrange<strong>do</strong>ras e que não são <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

compatíveis com uma normal e sã utilização <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>, contrárias ao respeito<br />

pela sua natureza.<br />

O homem ten<strong>de</strong> a valorizar mais aquilo que vê <strong>do</strong> que aquilo que <strong>de</strong>veria<br />

sentir. Esta verda<strong>de</strong> aplica-se ao homem cavaleiro, que estan<strong>do</strong> a <strong>cavalo</strong> o que<br />

é que vê? A cabeça e o pescoço <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong>. A obsessão <strong>de</strong> “colocar” a cabeça<br />

<strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> é um ponto comum a uma gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> cavaleiros menos<br />

experientes. O cavaleiro menos esclareci<strong>do</strong> ten<strong>de</strong> a associar rapidamente uma<br />

cabeça e um pescoço coloca<strong>do</strong>s contra o corpo à noção <strong>de</strong> <strong>cavalo</strong> “sobre a<br />

mão”, geran<strong>do</strong> assim a esperança que o <strong>do</strong>rso se arre<strong>do</strong>n<strong>de</strong> e da mesma<br />

forma que os posteriores se empreguem. O cavaleiro que se oriente nesta<br />

direcção tem uma concepção <strong>de</strong>turpada daquilo que <strong>de</strong>veria ser a verda<strong>de</strong>ira<br />

equitação. Adquire falsas sensações que mais ce<strong>do</strong> ou mais tar<strong>de</strong> serão um<br />

entrave à progressão <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> que preten<strong>de</strong> ensinar ao colocá-lo numa<br />

atitu<strong>de</strong> contra natura.<br />

É absolutamente necessário preservar a moral <strong>do</strong>s <strong>cavalo</strong>s. Um bom <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>obstáculos</strong> <strong>de</strong>ve estar bem na sua cabeça. Para isso é fundamental fazê-lo<br />

evoluir, pratican<strong>do</strong> uma equitação sã, simples e objectiva.<br />

Quanto mais ce<strong>do</strong> começamos o trabalho <strong>do</strong> <strong>cavalo</strong> novo, mais po<strong>de</strong>mos fazêlo<br />

progressivamente. Este facto é especialmente verda<strong>de</strong> com os <strong>cavalo</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>obstáculos</strong>. O jovem <strong>cavalo</strong> <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r tranquilamente to<strong>do</strong>s os seus<br />

gestos e técnicas necessários. Deve começar aos três anos com um bom<br />

<strong>de</strong>sbaste e só <strong>de</strong>pois passar ao trabalho realmente a sério aos quatro anos.<br />

Nunca queimar etapas. É vulgar assistir à utilização <strong>de</strong> <strong>cavalo</strong>s <strong>de</strong> cinco ou<br />

mesmo seis anos que, ten<strong>do</strong> já bastantes percursos no seu activo, nunca<br />

realizaram um trabalho no plano que lhes <strong>de</strong>sse uma sujeição e uma utilização<br />

mais fácil e civilizada sem resistências às or<strong>de</strong>ns <strong>do</strong> cavaleiro e nunca<br />

passaram por to<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> ginástica sobre os <strong>obstáculos</strong>, essencial ao<br />

seu normal <strong>de</strong>senvolvimento físico e mental.<br />

A prática e o <strong>ensino</strong> <strong>de</strong> uma equitação simples, objectiva, assente no respeito<br />

pela natureza, é essencial para levar a bom porto a progressão correcta no<br />

trabalho <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> que permitirá formar futuros campeões.<br />

35


O <strong>cavalo</strong> é um ser vivo <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> carácter e <strong>de</strong> sentimentos. Somente no<br />

respeito <strong>de</strong>sta sua condição e no seu <strong>de</strong>senvolvimento correcto e harmonioso o<br />

cavaleiro obterá os melhores resulta<strong>do</strong>s e as maiores satisfações.<br />

36


• BIBLIOGRAFIA<br />

• À Cheval - Chambry, Pierre (1967)<br />

• Das Reitpferd - Brandl, Albert (1977)<br />

• Dressage – Belvale, Challin (1966)<br />

• Équitation – W. Müseler (1964)<br />

• Équitation Académique, Decarpentry<br />

• La Métho<strong>de</strong> Némethy - Némethy,Bertalan <strong>de</strong> (1988)<br />

• Tese <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Mestres <strong>de</strong> Equitação - Abrantes,Cap. João Martins<br />

(1981)<br />

• Z-Magazine, magazine equestre, Studbook Zangershei<strong>de</strong> (2006)<br />

• Horse & Ri<strong>de</strong>r (2002)<br />

• L’Eperon (2000,2003,2006)<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!