16.05.2013 Views

Pagina 253-298.qxd - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

Pagina 253-298.qxd - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

Pagina 253-298.qxd - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MARIA FERNANDA GUIMARÃES/ANTÓNIO JÚLIO ANDRADE<br />

Vaz Pinto, da casa dos senhores <strong>de</strong> Murça, irmão <strong>de</strong> frei Diogo <strong>de</strong><br />

Murça, reitor e gran<strong>de</strong> reformador da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />

E quando este físico e sua mulher D. Francisca <strong>de</strong> Valência<br />

foram presos pela inquisição, toda a família dos Távoras se apresentou<br />

a testemunhar em sua <strong>de</strong>fesa, embora sem gran<strong>de</strong>s resultados 2 .<br />

Relações fortes existiam também entre a família dos Távoras e o<br />

argentário cristão-noovo António Rodrigues Mogadouro e seus<br />

filhos cujos processos os autores estudaram 3 .<br />

Acerca da judiaria <strong>de</strong> Mogadouro po<strong>de</strong>mos dizer que se situava<br />

nas proximida<strong>de</strong>s do Castelo, incluindo o sítio da Pracinha, junto<br />

à Ca<strong>de</strong>ia e à Rua Nova, pois aí se situavam as casas <strong>de</strong> vários cristãos-<br />

-novos, entre os quais os que agora se apresentam.<br />

Da diáspora mogadourense terão sido os Carvajal os mais célebres<br />

<strong>de</strong> todos, com <strong>de</strong>staque para o Conquistador do Novo México,<br />

D. Luís Carvajal.<br />

Uma estátua sua ornamenta a praça mais importante da cida<strong>de</strong><br />

Mexicana <strong>de</strong> Monterrey e em sua memória compuseram os Americanos<br />

uma ópera que se tornou famosa. O seu sobrinho e homónimo,<br />

mais conhecido, no entanto, por El Lumbroso, ficou como um<br />

dos mais queridos mártires do judaísmo 4 .<br />

E se os Mogadouro foram os gran<strong>de</strong>s financiadores da guerra<br />

da Restauração da In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Portugal e do rei D. João IV,<br />

vários cristãos-novos <strong>de</strong> Mogadouro se contam em Espanha entre<br />

os chamados banqueiros do rei Filipe e entre «los hombres <strong>de</strong><br />

negócios» 5 .<br />

O trabalho que agora se apresenta respeita à família <strong>de</strong> Fran-<br />

2 Mais pormenores po<strong>de</strong> o leitor encontrar em texto dos autores publicado no jornal<br />

Terra Quente <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2000.<br />

3 A Tormenta dos Mogadouro na Inquisição <strong>de</strong> Lisboa, é o título do trabalho que aguarda<br />

publicação.<br />

4 Ver jornal Terra Quente <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Setembro a 1 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1999.<br />

5 I<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2001 e 15 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2002. Os Lopes Pimentel <strong>de</strong><br />

Mogadouro, que administravam o monopólio da exploração do sal da Galiza, são consi<strong>de</strong>rados<br />

por Markus Schreiber como «Kronbankiers» em Marranen in Madrid 1600-<br />

254<br />

PERCURSOS DE GASPAR LOPES PEREIRA E FRANCISCO LOPES PEREIRA, DOIS CRISTÃOS-NOVOS...<br />

cisco Lopes Pereira, um mogadourense que conheceu as masmorras<br />

das inquisições portuguesa e espanhola, e <strong>de</strong> seu filho Gaspar<br />

Lopes Pereira que foi relaxado em carne pela inquisição <strong>de</strong> Lisboa,<br />

e ainda um ramo da mesma família que emigrou para a Áustria e<br />

para a Inglaterra.<br />

2. O processo <strong>de</strong> Gaspar Lopes Pereira<br />

2.1. Dados processuais<br />

10 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1673. Gaspar Lopes Pereira chega finalmente<br />

a Roma. Leva cartas <strong>de</strong> Lisboa, enviadas por António Rodrigues<br />

Marques em nome dos cristãos-novos portugueses, muitos dos<br />

quais, os mais ricos, se encontram presos nos cárceres do Santo<br />

Ofício. São dirigidas ao padre Francisco <strong>de</strong> Azevedo, jesuíta, que na<br />

cida<strong>de</strong> santa está chefiando uma <strong>de</strong>legação que preten<strong>de</strong> alcançar<br />

do Papa um perdão geral para os que estão presos e uma reforma<br />

geral dos estatutos da inquisição 6 .<br />

Outras vezes Gaspar fizera o mesmo trajecto e nunca levou<br />

mais que 20 dias. Agora foram mais do dobro, 43, exactamente! Explica<br />

que ao atravessar Espanha o sol era abrasador e ficou doente<br />

com as «calmas» que apanhou.<br />

Quem não aceita a explicação é o padre Azevedo que o enche<br />

<strong>de</strong> insultos e o acusa <strong>de</strong> se ter vendido aos inquisidores e atraiçoado<br />

os seus amigos, familiares e toda a «gente da nação». É que, entretanto,<br />

tinha expirado o prazo que a Santa Sé havia concedido aos<br />

-1670, p. 79. Os cristãos-novos <strong>de</strong> Mogadouro, que no reinado dos Filipes assistiam em<br />

Castela, e estudados por Markus Schreiber, são consi<strong>de</strong>rados importantes «hombres <strong>de</strong><br />

negócios». Entre os quais <strong>de</strong>stacamos António Álvares, tio <strong>de</strong> António Rodrigues Mogadouro.<br />

Ver obra citada pp. 127 e 135.<br />

6 Este assunto foi tratado pelos autores em A Tormenta dos Mogadouro na Inquisição <strong>de</strong><br />

Lisboa. No ANTT, Armário Jesuítico, Maço 4, n.º 19, encontra-se uma carta enviada ao<br />

Pe. Azevedo.<br />

255

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!