A identidade do fumador de cachimbo num ambiente legal ... - Sapo
A identidade do fumador de cachimbo num ambiente legal ... - Sapo
A identidade do fumador de cachimbo num ambiente legal ... - Sapo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
particular” 25 . Por isso, a <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong> é continuamente sujeita a re<strong>de</strong>finições tanto <strong>do</strong> próprio<br />
indivíduo como resultan<strong>do</strong> <strong>de</strong> interacções com outros indivíduos e da interpretação <strong>de</strong><br />
acontecimentos externos. Sen<strong>do</strong> a <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong> fundamentada em valores, a sua interpretação não é<br />
imutável ou sequer estável e, como tal, é necessário assegurar aos membros <strong>de</strong> um grupo que “os<br />
valores centrais são os mesmos mas as representações e traduções em acção assumem formas<br />
diferentes ao longo <strong>do</strong> tempo” (Gioia et al. 2004: 352) 26 . Na sua teoria <strong>de</strong> sensemaking 27 , ou<br />
construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, Weick (1995: 4) refere que este conceito se refere literalmente a fazer<br />
senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> algo, e a <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong> é a primeira pedra na construção <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>. Por<br />
isso, é fundamental estabelecer e manter uma <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong> que seja a base <strong>de</strong> sustentação das<br />
várias etapas necessárias para que haja sensemaking. É nesse edifício <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, construí<strong>do</strong> e<br />
remo<strong>de</strong>la<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo, que vamos entrar e tentar perceber <strong>de</strong> que forma e com que<br />
intensida<strong>de</strong> a nova or<strong>de</strong>m global abalou as <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong>s <strong>do</strong>s seus ocupantes, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que “é<br />
a gran<strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z da <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong> que ajuda as organizações a adaptar-se às mudanças” (Gioia et<br />
al.2004: 372) 28 . É neste contexto <strong>de</strong> mudança e adaptabilida<strong>de</strong> que foram feitas as entrevistas ao<br />
grupo <strong>de</strong> fuma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>cachimbo</strong>.<br />
7.2. Instala<strong>do</strong>s confortavelmente os convida<strong>do</strong>s, perguntámos a cada um <strong>de</strong>les o que era ser<br />
fuma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>cachimbo</strong>. Po<strong>de</strong>mos agrupar as várias respostas, aleatoriamente, como segue:<br />
1. Ter o prazer <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r usufruir da calma e da pausa necessárias para fumar, pensar,<br />
meditar.<br />
2. Criar um <strong>ambiente</strong> <strong>de</strong> reflexão intelectual, <strong>de</strong> concentração, <strong>de</strong> isolamento com o seu<br />
pensamento.<br />
3. É uma procura <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, é construir uma <strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong></strong>, individualizan<strong>do</strong>-a através <strong>do</strong><br />
<strong>cachimbo</strong>.<br />
4. Ser fuma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>cachimbo</strong> não está relaciona<strong>do</strong> com o po<strong>de</strong>r e o dinheiro, mas remete<br />
para uma i<strong>de</strong>ntificação estatutária ligada à cultura, ao pensamento reflexivo; é querer<br />
pertencer a um grupo que se admira.<br />
25 “La i<strong>de</strong>ntidad enfrenta un <strong>do</strong>ble dilema: <strong>de</strong>be servir a una propuesta <strong>de</strong> emancipación individual tanto como a un<br />
plan <strong>de</strong> membresía colectiva que sobrepasa cualquier idiosincrasia particular”.<br />
Entrevista a Zygmunt BAUMAN por Glenda Vieites, tradução <strong>de</strong> Mariana Elizeche, publicada em Janeiro <strong>de</strong> 2006<br />
em: http://www.elinterpreta<strong>do</strong>r.net/22EntrevistaZygmuntBauman.html<br />
26 “… central values stay the same, but the representations and translations into action take different forms over<br />
time”. GIOIA, Dennis A. et al. – Organizational I<strong>de</strong>ntity, Image and Adaptative Instability (p. 352). In<br />
Organizational I<strong>de</strong>ntity: a rea<strong>de</strong>r. Mary Jo Hatch and Majken Schultz (Eds). Oxford University Press, 2004<br />
27 “Sensemaking” – termo cria<strong>do</strong> por WEICK para <strong>de</strong>finir a construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a sua teoria.<br />
28 “… it is the very fluidity of i<strong>de</strong>ntity that helps organizations adapt to changes” - GIOIA, Dennis A. et al. –<br />
Organizational I<strong>de</strong>ntity, Image and Adaptative Instability (p. 372). In Organizational I<strong>de</strong>ntity: a rea<strong>de</strong>r. Mary Jo<br />
Hatch and Majken Schultz (Eds). Oxford University Press, 2004<br />
12