4 - Acervo Digital da Unesp
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2.1 – Platão<br />
Cursista, o ponto de parti<strong>da</strong> para compreendermos o pensamento de Platão acerca <strong>da</strong>s artes<br />
é o reconhecimento <strong>da</strong> dicotomia entre a essência e a aparência, entre o sensível e o inteligível.<br />
A essência é imutável e não se encontra nas coisas: o seu lugar é o mundo inteligível. O mundo<br />
sensível é mutável e incerto. As ideias, que habitam o mundo inteligível, são a ver<strong>da</strong>deira razão<br />
<strong>da</strong> existência <strong>da</strong>s coisas. Assim, as coisas aparentes são imitações imperfeitas <strong>da</strong>s essências. As<br />
artes, como são imitações do mundo aparente, são imitações de segun<strong>da</strong> grandeza, simulacros<br />
de simulacros.<br />
Em relação à beleza que se atribui às coisas e às obras, Platão admite que este valor é derivado<br />
de uma Beleza Universal. As coisas são belas na medi<strong>da</strong> em que participam <strong>da</strong> transcendência<br />
desta beleza essencial. Como você pode notar, a noção de beleza, para Platão, assume, primeiro,<br />
uma conotação estética, a partir <strong>da</strong>s condições sensíveis e formais; depois, moral, quando se<br />
refere ao desejo <strong>da</strong> alma em buscar o Bem; por fim, espiritual ou intelectual, quando almeja o<br />
mundo seguro do inteligível, <strong>da</strong>s formas imutáveis.<br />
Aqui chamamos sua atenção para o fato de que a ideia de arte platônica está inseri<strong>da</strong> no<br />
contexto do seu sistema filosófico e está liga<strong>da</strong> diretamente ao belo, ao bom e ao ver<strong>da</strong>deiro.<br />
Ou seja, caro curista, Platão irá traçar um ideal de beleza e, consequentemente, qual tipo de<br />
arte representaria melhor esse ideal, o que estaria indissociavelmente li<strong>da</strong>do ao seu aspecto<br />
moral e político.<br />
Outra coisa para a qual chamamos sua atenção é que justamente por conta do belo, do bom<br />
e do ver<strong>da</strong>deiro serem indissociáveis, a arte que não apresentasse esta preocupação com a moral<br />
e a política, deveria, para Platão, ser bani<strong>da</strong> de qualquer ci<strong>da</strong>de em que prevalecesse a justiça,<br />
entendi<strong>da</strong> como manutenção do equilíbrio e uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />
Como você pode ver a arte para Platão deveria contribuir para que todos tivessem uma boa<br />
condição de vi<strong>da</strong>, para que ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão pudesse participar ativamente <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pública, uma<br />
vez que seu bom caráter só poderia ser atestado por realizações em prol <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de.<br />
No entanto, segundo Platão, a maioria <strong>da</strong>s obras de arte em na<strong>da</strong> contribui para o bom<br />
an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> política. Para que isso fique mais nítido, convi<strong>da</strong>mos você a acompanhar uma<br />
passagem <strong>da</strong> obra A República na qual Platão diz que “nas epopéias são narrados grandes feitos”,<br />
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TEMAS <strong>Unesp</strong>/Redefor • Módulo IV • Disciplina 07