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O Estado moderno, em sua lógica de dominação, traz consigo ...

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Diante <strong>de</strong>sta mudança <strong>em</strong> que a vida é exaltada, a morte se restringirá ao<br />

privado, tornando o momento da vida que escapa a qualquer <strong>dominação</strong>, se<br />

escon<strong>de</strong>. Porém um paradoxo se faz observar: ao mesmo momento <strong>em</strong> que<br />

privilegia a vida, se causa a morte. E o que possibilita a morte é o racismo. Este é<br />

o meio pelo qual se introduz um corte entre o que <strong>de</strong>ve viver e o que <strong>de</strong>ve morrer.<br />

O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fragmentar, <strong>de</strong>ste campo do biológico, que raça é boa ou ruim, quais<br />

são inferiores e superiores, é a primeira função do racismo. A segunda possibilita<br />

uma relação positiva, ou seja, permiti o asssassínio para conseqüent<strong>em</strong>ente viver.<br />

Para viver é preciso matar, esta é a <strong>lógica</strong> da relação guerreira, que o racismo faz<br />

funcionar. O racismo possibilita instaurar uma relação do tipo bio<strong>lógica</strong>, qual seja:<br />

“quanto mais espécies inferiores ten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a <strong>de</strong>saparecer, quanto mais indivíduos<br />

anormais for<strong>em</strong> eliminados, menos <strong>de</strong>generados haverá <strong>em</strong> relação à espécie,<br />

mais eu – não enquanto indivíduo mais enquanto espécie –viverei, mais forte<br />

serei, mais vigoroso serei, mais po<strong>de</strong>rei proliferar” (FOUCAULT, 2005, p. 305).<br />

Esta relação bio<strong>lógica</strong> vi<strong>sua</strong>lizará uma vida mais sadia e mais pura. V<strong>em</strong>os que o<br />

inimigo não é aquele no sentido político, mas os perigos estão internos ou<br />

externos, <strong>em</strong> relação à população e para a população. Porém, este tirar a vida não<br />

diz respeito somente à morte direta, mas também tudo o que po<strong>de</strong> ser morte<br />

indireta, como: expor à morte, aumentar para alguns o risco <strong>de</strong> morte, sujeitando a<br />

fome, rejeitando, expulsando, etc. O imperativo <strong>de</strong> morte só é aceito pelo sist<strong>em</strong>a<br />

do biopo<strong>de</strong>r se estiver relacionado à eliminação do perigo biológico e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, ao fortalecimento da espécie.<br />

Pod<strong>em</strong>os observar que ambos po<strong>de</strong>res – disciplinar e regulador - tratam <strong>de</strong><br />

maximizar e extrair forças, porém, discorr<strong>em</strong> por caminhos diferentes. Ambos são<br />

tecnologias do corpo, sendo que o primeiro foca-se no corpo produzindo efeitos<br />

individualizantes, talha o corpo para torná-los dóceis e úteis e com isso aumentar<br />

<strong>sua</strong>s forças. Já o segundo centra-se na vida, não no corpo <strong>em</strong> si, preocupa-se <strong>em</strong><br />

controlar os eventos fortuitos que pod<strong>em</strong> ocorrer numa massa viva, tecnologia que<br />

visa o equilíbrio global. É <strong>de</strong>vido à complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e centralização<br />

<strong>de</strong> processos biológicos ou biossociológicos que este po<strong>de</strong>r surgiu tardiamente<br />

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