Dezembro - Câmara Municipal de Setúbal

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34leitores Como participar Os interessados devem enviar-nos textos sobre a cidade, frases ou poemas, ou sobre uma actividade que se passe num café, numa rua, num bairro. Publicaremos também fotografias e desenhos. Surpreenda-nos! Os materiais, com indicação do nome do autor e de telefone, devem ser remetidos para guiaeventos@mun-setubal.pt ou para a morada Guia de Eventos, Rua Tenente Valadim, n.º 5, 2900-652 Setúbal. Reservamo-nos o direito de escolher os trabalhos a publicar e de seleccionar partes dos textos. FOTO do mês de Maria Teresa Branco POeMA do mês de Maria Fátima Silva “Manhã, manhãzinha” Que mulher está por trás Dessa aparência certinha Numa fronteira com a banalidade... Corriqueira... Sempre gemendo pelos cantos! Frustrada talvez... Por nunca ter encontrado a felicidade. Vejo-a Sóbria, apagada, pairando dentro de casa Dizendo, todos os dias Com arreigada convicção – Aqui não mora nada Num certo dia... Inusitadamente... Deparo-me com ela. Num lugar habitual de tanta gente... Sentada num banco a jogar. Estava sozinha Baton vermelho nos lábios que reluziam E prometiam um segredo. No rosto uma expressão Agora sem medo, sábia, viva e iluminada Jogava para ganhar... Ou tudo ou nada... Era outra, Gostei de a ver... Despida de convenções, proibições… Ah nesta mulher Algures está outra escondida... Mas, sei que a verdadeira é esta que joga para ganhar Mas, sem medo de perder! Que lhe importa... É a emoção do risco, da transgressão que a faz viver... Tantas vezes digo como uma oração. Todos temos um segredo, uma tentação.
O tempero do Império Entre os séculos XVI e XVIII, Portugal foi um império com voz de comando no destino do mundo e, nesse protagonismo, Setúba teve uma palavra a dizer, formulada por Cloreto de Sódio, Cloreto de Magnésio, Cloreto de Potássio, Sulfato de Magnésio e Brometo de Potássio. Essa palavra foi o sal. Massivamente usado para a conservação de alimentos, mais até do que para tempero, o sal serviu, durante séculos, como moeda de troca, facto que terá originado, inclusivamente, o termo “salário”. Mais cristalino, limpo e, frequentemente, considerado mais puro, o sal setubalense e de Alcácer foi internacionalmente famoso na época dos Descobrimentos, destacando-se de outros grandes centros de produção portugueses, como Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa e Algarve. O segredo da qualidade sadina residia na flora do estuário. O fundo das salinas – ou marinhas – de Setúbal tinham a particularidade de produzir um tapete vegetal (também conhecido por feltro ou tecido), consistente e compacto, com dois a dez milímetros de espessura, constituído por uma alga, única nos estuários do Sado e do Tejo, que limpa as impurezas em suspensão na água. Na época Renascentista, barcos ingleses, franceses, espanhóis e, principalmente, holandeses aportaram em Setúbal, muitas vezes com os porões vazios, para saírem carregados com o sal produzido ao longo de cerca de 20 quilómetros das margens do rio. 35memória O tráfego marítimo-fluvial gerado pela salicultura setubalense resultou, ainda, na adaptação de embarcações específicas para o transporte do sal. No Sado, começaram então a navegar Iates de Setúbal, Galeões do Sal e Laitaus, barcos destinados ao comércio do “ouro branco” e cujas silhuetas, com inspirações em embarcações holandesas, pintaram durante séculos o cenário do estuário. O fluxo comercial do sal teve tal dimensão que, na restauração da independência, muitas das armas apontadas aos castelhanos foram importadas e pagas com sal aos holandeses. Os 60 anos de dinastia filipina, a industrialização, a invenção das conservas em azeite e, mais tarde, da conservação a frio foram alguns dos factores que contribuíram para o declínio da salicultura em Setúbal e um pouco por todo o País. A produção é, hoje, praticamente residual, mas a história do império português fica marcada para a posterioridade com o tempero deixado pela riqueza do rio e pelo suor dos setubalenses que com tanto sal condimentaram o mundo.
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