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Ementa Acórdão Relatório - Tribunal de Justiça do Piauí

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PODER JUDICIÁRIO<br />

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PIAUÍ<br />

1ª. CÂMARA ESPECIALIZADA CRIMINAL<br />

Habeas Corpus Nº 07.002119-8 Teresina<br />

Impte: Defensoria Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong><br />

Paciente: Orlan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus Silva Júnior<br />

Relatora: Desª. Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento Pinheiro<br />

<strong>Ementa</strong><br />

HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PRAZO PARA<br />

CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL -<br />

PACIENTE PRESO HÁ MAIS DE 01 (UM) ANO E 04<br />

(QUATRO) MESES. - DEMORA INJUSTIFICADA,<br />

PARA A QUAL NÃO CONTRIBUIU A DEFESA.<br />

- CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO -<br />

ORDEM CONCEDIDA.<br />

<strong>Acórdão</strong><br />

Vistos, relata<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s estes autos, acordam os<br />

Desembarga<strong>do</strong>res da 1ª. Câmara Especializada Criminal <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>, em conformida<strong>de</strong> com a ata <strong>de</strong> julgamento acordam, à<br />

unanimida<strong>de</strong>, em conce<strong>de</strong>r a presente or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Habeas Corpus impetrada,<br />

<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a expedição <strong>de</strong> alvará <strong>de</strong> soltura em favor <strong>do</strong> paciente se por al não<br />

estiver preso, contrariamente ao parecer <strong>do</strong> Ministério Público Superior, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong><br />

esta <strong>de</strong>cisão ser comunicada ao Correge<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong>.<br />

<strong>Relatório</strong><br />

Viviane Pinheiro Pires e Adriano Waquim <strong>de</strong> Assunção,<br />

<strong>de</strong>vidamente qualifica<strong>do</strong>s impetraram or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> habeas corpus com pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

liminar em favor <strong>de</strong> Orlan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus Silva Júnior, igualmente qualifica<strong>do</strong>, apontan<strong>do</strong>


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como autorida<strong>de</strong> coatora o MM. Juiz <strong>de</strong> Direito da 1 a Vara Criminal da Comarca <strong>de</strong><br />

Teresina.<br />

Os impetrantes afirmam, em síntese, que o paciente encontra-se<br />

preso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 03 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006, pela suposta prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>do</strong> artigo 129, §<br />

1 o , II <strong>do</strong> Código Penal e que a instrução criminal encontra-se atrasada, visto que<br />

sequer foram ouvidas testemunhas arroladas na <strong>de</strong>núncia e que a <strong>de</strong>fesa em nada<br />

concorreu para o atraso na instrução criminal.<br />

Sustentam que já se passaram 430 (quatrocentos e trinta) dias da<br />

data da prisão cautelar <strong>do</strong> paciente, e a instrução não foi concluída, caracterizan<strong>do</strong> o<br />

constrangimento ilegal por excesso <strong>de</strong> prazo na conclusão da instrução criminal.<br />

Ao final requereram os impetrantes, a concessão <strong>de</strong> medida liminar<br />

para cessar o constrangimento ilegal, bem como a ilegalida<strong>de</strong>, e a expedição <strong>de</strong><br />

alvará <strong>de</strong> soltura <strong>do</strong> paciente para que aguar<strong>de</strong> o julgamento em liberda<strong>de</strong>.<br />

Juntou ao pedi<strong>do</strong> os <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> fls. 10/32.<br />

Requerida as informações à autorida<strong>de</strong> apontada como coatora,<br />

esta esclareceu que o paciente foi preso no dia 03 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006 pela suposta<br />

prática <strong>do</strong> crime <strong>do</strong> artigo 129, § 3º, combina<strong>do</strong> com o artigo 29, ambos <strong>do</strong> Código<br />

Penal, sen<strong>do</strong> interroga<strong>do</strong> no dia 20 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007.<br />

Noticia que a audiência <strong>de</strong> inquirição <strong>de</strong> testemunhas arroladas<br />

pelo Ministério Público marcada para o dia 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007, não foi realizada, e<br />

que a <strong>de</strong>fesa vem procrastinan<strong>do</strong> o andamento <strong>do</strong> feito, intentan<strong>do</strong> vários pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> provisória e habeas corpus.<br />

Às fls. 50/54, a <strong>do</strong>uta Procura<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> opinou pelo<br />

improvimento <strong>do</strong> presente habeas corpus.<br />

Voto<br />

Conforme relata<strong>do</strong>, trata-se <strong>de</strong> habeas corpus impetra<strong>do</strong> em favor<br />

<strong>de</strong> Orlan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus Silva Júnior, sob a alegação <strong>de</strong> que o paciente encontra-se<br />

sofren<strong>do</strong> constrangimento ilegal por parte <strong>do</strong> MM. Juiz <strong>de</strong> Direito da 1ª Vara Criminal<br />

da Comarca <strong>de</strong> Teresina.<br />

Na espécie, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se das informações prestadas pela<br />

autorida<strong>de</strong> apontada como coatora que o paciente encontra-se preso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 03<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006, ou seja, há mais <strong>de</strong> 01 (um) ano e 04 (quatro) meses, o que sem<br />

dúvidas, caracteriza o constrangimento ilegal por excesso <strong>de</strong> prazo na formação da


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culpa, não sen<strong>do</strong> aceitável a alegação <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>fesa vem procrastinan<strong>do</strong> o<br />

andamento <strong>do</strong> feito, intentan<strong>do</strong> vários pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória e habeas<br />

corpus.<br />

Não obstante as reconhecidas dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pela 1ª Vara<br />

Criminal <strong>de</strong> Teresina, tem-se que foi necessário quase um ano para que o paciente<br />

fosse interroga<strong>do</strong>, diante <strong>de</strong> tal absurda situação, os pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória<br />

requeri<strong>do</strong>s pela <strong>de</strong>fesa não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s procrastinatórios.<br />

Na verda<strong>de</strong> o réu encontra-se preso há 500 (quinhentos) dias, sem<br />

que fossem inquiridas as testemunhas arroladas pelo Órgão Ministerial, por<br />

<strong>de</strong>ficiência exclusiva <strong>do</strong> aparelho estatal.<br />

Como visto, não se trata <strong>de</strong> retardamento provoca<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>fesa,<br />

mas <strong>de</strong> inércia da autorida<strong>de</strong> coatora em dá andamento ao feito, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> que<br />

fossem ultrapassa<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os prazos <strong>de</strong> razoabilida<strong>de</strong> para a sua conclusão,<br />

situação que a teor <strong>do</strong> artigo 648, inciso II, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal, configura<br />

coação ilegal sanável via habeas corpus, conforme remansosa jurisprudência <strong>do</strong><br />

Superior <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong>, in verbis:<br />

PENAL. PROCESSUAL. EXCESSO DE PRAZO.<br />

CONSTRANGIMENTO ILEGAL. "HABEAS-CORPUS".<br />

1. Nunca e <strong>de</strong>mais enfatizar que vigora no nosso sistema<br />

legal, por força <strong>de</strong> compromisso internacional a que o Brasil<br />

esta obriga<strong>do</strong> a cumprir, o mandamento segun<strong>do</strong> o qual to<strong>do</strong><br />

acusa<strong>do</strong> tem o direito <strong>de</strong> obter, num prazo razoável,<br />

pronunciamento judicial que <strong>de</strong>fina sua situação perante a<br />

lei.<br />

2. Configura<strong>do</strong> o excesso <strong>de</strong> prazo a que não <strong>de</strong>u causa a<br />

<strong>de</strong>fesa, configura<strong>do</strong> esta o constrangimento ilegal. Foi a<br />

receita <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r para que o esta<strong>do</strong> não ficasse<br />

in<strong>de</strong>finidamente com um acusa<strong>do</strong> sob sua custodia, priva<strong>do</strong><br />

da liberda<strong>de</strong>, seu bem mais sagra<strong>do</strong>, sem o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />

legal. É a maneira da lei, <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong> a <strong>de</strong>sidia <strong>do</strong>s agentes<br />

<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, estancar a coação ilegal que vez por outra<br />

se perpetra em nome <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

3. "Habeas-corpus" conheci<strong>do</strong>; excesso <strong>de</strong> prazo<br />

reconheci<strong>do</strong>.<br />

(HC 5.284/PE, Rel. Ministro EDSON VIDIGAL, QUINTA<br />

TURMA, julga<strong>do</strong> em 04.03.1997, DJ 05.05.1997 p. 17062).<br />

Desta forma, tenho como injustificável a <strong>de</strong>mora para conclusão da<br />

instrução processual e me vejo, mais uma vez obrigada, para não pactuar com a<br />

ilegalida<strong>de</strong>, a conce<strong>de</strong>r a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> habeas corpus a um paciente acusa<strong>do</strong> da prática<br />

<strong>de</strong> vários crimes.<br />

Isto posto, tenho como injustificável a <strong>de</strong>mora para conclusão da<br />

instrução processual, razão pela qual, lamentavelmente, conce<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m


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impetrada, contrariamente ao parecer da d. Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong>,<br />

<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a expedição <strong>de</strong> alvará <strong>de</strong> soltura para o paciente, se por al não estiver<br />

preso e que esta <strong>de</strong>cisão seja comunica<strong>do</strong> ao Correge<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong>.<br />

Decisão<br />

Como consta da ata <strong>de</strong> julgamento, a <strong>de</strong>cisão foi a seguinte:<br />

Acordam os componentes da Egrégia 1ª. Câmara Especializada Criminal, <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, à unanimida<strong>de</strong>, em conce<strong>de</strong>r a presente or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Habeas<br />

Corpus impetrada, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a expedição <strong>de</strong> alvará <strong>de</strong> soltura em favor <strong>do</strong><br />

paciente se por al não estiver preso, contrariamente ao parecer <strong>do</strong> Ministério Público<br />

Superior, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> esta <strong>de</strong>cisão ser comunicada ao Correge<strong>do</strong>r Geral <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong>.<br />

Participaram <strong>do</strong> julgamento, sob a presidência <strong>do</strong> Exmo. Sr. Des.<br />

Edval<strong>do</strong> Pereira <strong>de</strong> Moura, a Exma. Sra. Desª. Eulália Maria Ribeiro Gonçalves<br />

Nascimento Pinheiro - Relatora e o Exmo. Sr. Dr. Valério Neto Chaves Pinto - (Juiz<br />

convoca<strong>do</strong>).<br />

Foi presente o Exmo. Sr. Dr. João José Barbosa - Procura<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

<strong>Justiça</strong>, em razão <strong>do</strong> impedimento da Exma. Sra. Dra. Lenir Gomes <strong>do</strong>s Santos<br />

Galvão.<br />

Sala das Sessões <strong>do</strong> Egrégio <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong><br />

em Teresina, 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2007.<br />

Relatora<br />

Des. Edval<strong>do</strong> Pereira <strong>de</strong> Moura<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

Desª. Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento Pinheiro

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