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Implicações fisiológicas da paralisia unilateral de prega vocal e ...

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2<br />

Editorial<br />

Após o gran<strong>de</strong> sucesso do primeiro número<br />

<strong>da</strong> revista Vox brasilis, confecciona<strong>da</strong><br />

na gestão <strong>da</strong> ABLV, apresentamos sua segun<strong>da</strong><br />

edição. Trata-se do N° 9 – Junho 2004.<br />

Nela, o leitor encontrará os resultados <strong>da</strong>s<br />

primeiras realizações <strong>da</strong> atual diretoria e os<br />

preparativos para as próximas, que culminará<br />

no 37° Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Otorrinolaringologia.<br />

O evento promete fechar o ano com<br />

muita ciência, praia, sol e sossego, sendo que<br />

os otorrinolaringologistas <strong>de</strong> todo o país não<br />

vêem a hora <strong>de</strong> chegar novembro para se<br />

dirigirem a Fortaleza, em viagem <strong>de</strong> congresso.<br />

A programação apresenta<strong>da</strong> nas páginas<br />

seguintes ain<strong>da</strong> está em fase final <strong>de</strong> elaboração<br />

e promete um alto nível científico, com<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que irão promover o <strong>de</strong>bate, o raciocínio<br />

clínico e a fertilização <strong>de</strong> idéias.<br />

Dando continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à nova linha editorial<br />

<strong>da</strong> Vox, com seu enfoque científico, apresentamos<br />

mais dois artigos <strong>de</strong> revisão. Dr. Marcelo<br />

Mauri escreve sobre as “<strong>Implicações</strong> Fisiológicas<br />

<strong>da</strong> Paralisia Unilateral <strong>de</strong> Prega Vocal e<br />

seus Diferentes Métodos Cirúrgicos Terapêuticos”,<br />

fazendo uma completa revisão sobre<br />

o assunto, apresenta<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma clara e<br />

seguindo um enca<strong>de</strong>ado raciocínio fisiopatológico.<br />

Dra. Cristina Kohmann Von Glehn abor<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong> maneira objetiva e fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>, a<br />

“Conduta no Carcinoma Espinocelular Inicial<br />

<strong>de</strong> Laringe: Controvérsias no Tratamento”. Agra<strong>de</strong>cemos<br />

suas valiosas colaborações que<br />

abrilhantam nossa revista e auxiliam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong> otorrinolaringologia nacional.<br />

Apresentamos também os resultados finais<br />

<strong>da</strong>s comemorações do 2° Dia Mundial <strong>da</strong><br />

Programe-se<br />

3° Consenso Nacional <strong>de</strong> Voz Profissional<br />

A ABLV, juntamente com a SBORL, promove<br />

o 3° Consenso Nacional <strong>de</strong> Voz Profissional.<br />

Uma realização do Conselho Regional<br />

<strong>de</strong> Medicina do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(CREMERJ), através <strong>da</strong>s Câmaras Técnicas<br />

<strong>de</strong> Otorrinolaringologia, Perícias Médicas e Medicina<br />

do Trabalho, o evento promete atrair<br />

inúmeros médicos otorrinolaringologistas, peritos<br />

e médicos do trabalho. Com o slogan<br />

“Voz e Trabalho: uma questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

direito do trabalhador”, o Consenso será realizado<br />

durante o Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Otorrinolaringologia do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(SORL – RJ), nos dias 13 e 14 <strong>de</strong> agosto<br />

<strong>de</strong> 2004, no Centro <strong>de</strong> Convenções do<br />

Hotel Glória – no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

O objetivo do evento é <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aos <strong>de</strong>bates iniciados em anos anteriores<br />

e aprovar os relatórios dos grupos <strong>de</strong><br />

Voz, com os principais acontecimentos em<br />

todo o território nacional, o gran<strong>de</strong> retorno <strong>da</strong><br />

mídia, com inserções sobre a campanha em<br />

veículos <strong>de</strong> porte como o Jornal Nacional, <strong>da</strong><br />

Re<strong>de</strong> Globo, TV Ban<strong>de</strong>irantes e Revista Caras,<br />

entre outros. Graças à participação dos<br />

colegas, o assunto “Voz” foi amplamente discutido<br />

e levado ao conhecimento <strong>da</strong> população,<br />

numa campanha <strong>de</strong> conscientização<br />

muito bem sucedi<strong>da</strong>. Lembramos que todos<br />

os colaboradores envolvidos na Campanha<br />

<strong>de</strong>vem enviar à SBORL seus <strong>da</strong>dos, juntamente<br />

com os nomes dos <strong>de</strong>mais participantes<br />

<strong>de</strong> seus serviços e um relatório <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, para a confecção<br />

dos certificados <strong>de</strong> participação. As reuniões<br />

para o 3° Dia Mundial <strong>da</strong> Voz 2005 já começaram,<br />

com muito entusiasmo e certos <strong>de</strong><br />

contarmos novamente com a imprescindível<br />

colaboração <strong>de</strong> todos os colegas, como garantia<br />

<strong>de</strong> sucesso para a campanha.<br />

Ain<strong>da</strong> neste número, apresentamos os<br />

eventos dos quais participaram nossos laringologistas,<br />

com <strong>de</strong>staque para os Cursos Itinerantes<br />

realizados em Manaus e Goiânia,<br />

além do XXXV Conventus ORL Latina 2004, <strong>da</strong><br />

Societas Oto-Rhino-Laryngologica Latina, em<br />

Estoril. Destacamos os próximos eventos <strong>da</strong><br />

ABLV: cursos itinerantes <strong>de</strong> Fortaleza (25-26/<br />

06), São José do Rio Preto (16-17/07) e Porto<br />

Alegre (<strong>da</strong>ta a ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>), além do Consenso<br />

<strong>de</strong> Voz Profissional que promete ser um<br />

momento singular <strong>de</strong> discussão, envolvendo<br />

questões sociais, econômicas, trabalhistas e<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do profissional <strong>da</strong> voz.<br />

Os Os Editores<br />

Editores<br />

trabalho que discutem as vertentes médico-legais<br />

<strong>da</strong> Voz Profissional, que serão<br />

encaminhados ao Po<strong>de</strong>r Executivo<br />

(Ministério do Trabalho e <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>) e<br />

Po<strong>de</strong>r Legislativo (dos diversos níveis)<br />

e amplamente divulgado aos médicos e<br />

aos <strong>de</strong>mais interessados pelas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

organizadoras e promotoras.<br />

O consenso conta ain<strong>da</strong> com a promoção<br />

<strong>de</strong> outras importantes associações<br />

médicas: Associação Nacional <strong>de</strong> Medicina<br />

do Trabalho (ANAMT), Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Otorrinolaringologia do Estado do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro (SORL-RJ), Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Médica do<br />

Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (SOMERJ), Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Medicina do Trabalho<br />

(ABMT) e Instituto Brasileiro dos Médicos<br />

Peritos Judiciais (IBRAMEP). As inscrições<br />

são gratuitas e já estão abertas na SBORL.<br />

ABLV<br />

Aca<strong>de</strong>mia Brasileira<br />

<strong>de</strong> Laringologia e Voz<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Presi<strong>de</strong>nte:<br />

Domingos Hiroshi Tsuji<br />

São Paulo – SP<br />

Vice Presi<strong>de</strong>nte:<br />

Geraldo Druck Sant’anna<br />

Porto Alegre - RS<br />

Secretário<br />

Paulo Perazzo<br />

Salvador - BA<br />

Secretário Adjunto<br />

Rui Imamura<br />

São Paulo - SP<br />

Tesoureiro<br />

Jéferson Sampaio D’avila<br />

Aracaju – SE<br />

Tesoureiro Adjunto<br />

José Eduardo Pedroso<br />

São Paulo – SP<br />

REPRESENTANTES REGIONAIS<br />

Regional I – Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia,<br />

Roraima e Tocantins<br />

Eduardo A. Kauffman (Manaus)<br />

Regional II – Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, e<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

José Wilson Meireles (Fortaleza)<br />

Regional III – Pernambuco, Alagoas,<br />

Sergipe e Bahia<br />

Fabio Coelho A. Siqueira (Recife)<br />

Regional IV – Espírito Santo e Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Guido Herbert F. Heisler (Rio <strong>de</strong> Janeiro)<br />

Regional V – Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato Grosso<br />

do Sul e Minas Gerais<br />

Edson Luiz Costa Monteiro (Goiânia)<br />

Regional VI – Paraná, Santa Catarina<br />

e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Marcos Antônio Nemetz (Sta. Catarina)<br />

Regional VII – São Paulo (interior)<br />

Mario Luiz A. <strong>da</strong> S. Freitas (Sorocaba)<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Osíris <strong>de</strong> Oliveira Camponês do Brasil<br />

São Paulo - SP<br />

Gabriel Kuhl - Porto Alegre - RS<br />

Antônio Maciel <strong>da</strong> Silva - Andradina - SP<br />

Carlos Takahiro Chone - Campinas - SP<br />

Fre<strong>de</strong>rico José Jucá Pimentel - Recife - PE<br />

Vox Brasilis<br />

Ano 10 Nº 9 Junho <strong>de</strong> 2004<br />

Realização<br />

Sintonia Comunicação<br />

Coor<strong>de</strong>nação Editorial<br />

Patrícia Paula Santoro<br />

Jornalista Responsável<br />

Edson Parente - MTB 28.628<br />

Projeto Gráfico<br />

Alisson Alonso Nunes<br />

Diretoria <strong>de</strong> Publicações<br />

voxbrasilis@ablv.com.br<br />

Vox Brasilis é o boletim informativo <strong>da</strong><br />

Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Laringologia e Voz.<br />

Fale conosco<br />

Av. Indianópolis, 740 Moema<br />

04062-001 São Paulo SP<br />

Telefax: (11) 5052-2370 / 5052-9515<br />

E-mail: voxbrasilis@ablv.com.br


PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO<br />

SIGMA PHARMA<br />

3


4<br />

Seminário<br />

<strong>Implicações</strong> <strong>fisiológicas</strong> <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong><br />

<strong>unilateral</strong> <strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> e seus diferentes<br />

métodos cirúrgicos terapêuticos Dr. Marcelo Mauri<br />

Núcleo <strong>de</strong> Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia <strong>de</strong> Caxias do Sul, RS<br />

Mestre e Doutor pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Ex-Felllow em Laringologia do Massachusetts Eye and Ear Infirmary, Harvard Medical School, Boston, USA<br />

1. Introdução<br />

Des<strong>de</strong> a origem <strong>da</strong> Laringologia,<br />

no século XIX, até o início do século<br />

XX, os recursos clínicos e acadêmicos<br />

estavam direcionados para o tratamento<br />

<strong>da</strong> doença causadora <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, pois acreditava-se<br />

que a <strong>paralisia</strong> fosse apenas um<br />

sinal <strong>de</strong> uma patologia tratável (1).<br />

Nessa época, o único tratamento para<br />

este déficit neural era aplicação <strong>de</strong><br />

corrente elétrica diretamente na<br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> através <strong>da</strong><br />

laringoscopia indireta por espelho<br />

com eletrodos especialmente <strong>de</strong>stinados<br />

para este fim (2). Historicamente,<br />

a aplicação <strong>de</strong> corrente galvânica<br />

por meio <strong>de</strong> laringoscopia direta foi<br />

o primeiro tratamento laríngeo local<br />

<strong>de</strong>scrito por Jacksons em seu livro The<br />

Larynx and Its Diseases (3). Em 1977,<br />

Zealer and Dedo (4) utilizaram estes<br />

conceitos ao <strong>de</strong>senvolver as técnicas<br />

atuais <strong>de</strong> eletro-estimulação <strong>da</strong> musculatura<br />

laríngea paralisa<strong>da</strong>.<br />

Durante o século passado, muitos<br />

procedimentos foram <strong>de</strong>senvolvidos<br />

para reabilitar a <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

paralisa<strong>da</strong>, os quais levam a uma<br />

melhora <strong>da</strong> competência aerodinâmica<br />

e valvular <strong>da</strong> glote. Basicamente,<br />

estes procedimentos alteram um<br />

ou mais <strong>da</strong>s seguintes proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>: posição, tamanho,<br />

contornos, comprimento e<br />

viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Brunings (5) introduziu a técnica<br />

<strong>de</strong> injeção para o tratamento <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> em 1911, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

instrumentos especiais<br />

para infiltração <strong>de</strong> parafina. Entretanto,<br />

apenas após os estudos <strong>de</strong> Arnold<br />

(6) nas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 50 e 60, tornouse<br />

um procedimento utilizado para<br />

medializar a <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Dentre os materiais injetados na pre-<br />

ga <strong>vocal</strong>, po<strong>de</strong>mos citar o teflon, gordura,<br />

gelfoam (7). No entanto, o uso<br />

<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> tratamento não é<br />

freqüentemente utilizado por apresentar<br />

complicações, no caso do<br />

teflon; e resultados temporários <strong>de</strong>vido<br />

à reabsorção <strong>da</strong> substância injeta<strong>da</strong><br />

(gelfoam e gordura). A reinervação<br />

neural, através <strong>da</strong> anastomose<br />

entre o nervo frênico ou hipoglosso<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte com o nervo<br />

laríngeo inferior, introduzi<strong>da</strong> inicialmente<br />

por Ballance em 1924 (8) e<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> recentemente por<br />

Tucker (9) e Crumley (10), apesar<br />

<strong>de</strong> não ser amplamente utiliza<strong>da</strong> na<br />

atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, representa um promissor<br />

campo <strong>de</strong> investigação.<br />

A utilização <strong>de</strong> técnicas cirúrgicas<br />

<strong>de</strong> medialização <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>,<br />

através do arcabouço laríngeo,<br />

para tratamento <strong>de</strong> <strong>paralisia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> foi <strong>de</strong>scrita inicialmente<br />

por Payer, em 1915 (11). Neste<br />

procedimento, um retalho <strong>de</strong> cartilagem<br />

<strong>da</strong> própria lâmina tireói<strong>de</strong>a<br />

é <strong>de</strong>slocado para medializar a <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>. Embora esta<br />

técnica tenha sido utiliza<strong>da</strong> e modifica<strong>da</strong><br />

por vários autores (12,13),<br />

apenas após a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70,<br />

quando Isshiki estabeleceu uma<br />

classificação sistemática e organiza<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> cirurgia do arcabouço laríngeo,<br />

obteve importância clinica<br />

(14). Estes estudos foram responsáveis<br />

pela implementação <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> cirurgia como primeira escolha<br />

no tratamento <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong><br />

<strong>unilateral</strong> <strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, substituindo<br />

as técnicas <strong>de</strong> injeção.<br />

Durante os últimos anos, a tireoplastia<br />

tipo I ou laringoplastia medializadora<br />

(LM) associa<strong>da</strong> ou não<br />

ao re-posicionamento <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong><br />

tornou-se o procedimento domi-<br />

nante no tratamento <strong>da</strong> disfonia<br />

paralítica. Isso é confirmado pelo<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> publicações realiza<strong>da</strong>s<br />

sobre este assunto recentemente<br />

(14-18).<br />

2. Apresentação <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> e explicações sobre<br />

as alterações <strong>fisiológicas</strong><br />

A laringoscopia indireta com uso<br />

<strong>de</strong> espelho foi introduzi<strong>da</strong> por Garcia<br />

(19). Este autor <strong>de</strong>monstrou as primeiras<br />

explicações sobre a relação entre<br />

a competência aerodinâmica <strong>da</strong><br />

glote e os resultados acústicos <strong>da</strong> voz.<br />

Em 1859, Turck (20) foi o primeiro a<br />

<strong>de</strong>screver e observar a <strong>paralisia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>; posteriormente, <strong>de</strong>monstrou<br />

em seu Altas <strong>de</strong> laringoscopia<br />

as alterações visuais <strong>de</strong>sta patologia<br />

(21). Elsberg relatou as alterações aerodinâmicas<br />

causa<strong>da</strong>s pela <strong>paralisia</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> como “vazamento<br />

fonatório <strong>de</strong> ar” (22).<br />

Gerhardt (23) <strong>de</strong>screveu as primeiras<br />

explicações sobre as variações<br />

<strong>da</strong> posição em que a <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser observa<strong>da</strong>,<br />

baseando-se no sítio <strong>de</strong> lesão,<br />

introduzindo posteriormente o termo<br />

“posição ca<strong>da</strong>vérica”. Schech<br />

(24) iniciou as primeiras teorias<br />

sobre a inervação dos músculos<br />

<strong>da</strong> laringe. Como o conceito <strong>de</strong><br />

synkinesis (25) não era conhecido<br />

naquela época, os primeiros livrostexto<br />

sobre Laringologia (5) apresentavam<br />

explicações complexas<br />

para as posições <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>ravam que a posição<br />

observa<strong>da</strong> era conseqüência <strong>da</strong><br />

combinação <strong>de</strong> diferentes músculos<br />

intrínsecos <strong>da</strong> laringe que po<strong>de</strong>riam<br />

estar paralisados. Na mesma<br />

época, Rosenbach (26) e Semon<br />

(27) postularam que as fibras


abdutoras do nervo laríngeo recorrente<br />

eram mais sensíveis ao trauma<br />

do que as fibras adutoras, e que<br />

esta diferença <strong>de</strong> suscetibili<strong>da</strong><strong>de</strong> resultava<br />

em diferentes posições <strong>da</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Ao contrário, Jelenffy (28) acreditava<br />

que a posição <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

paralisa<strong>da</strong> era resultado <strong>da</strong> contração<br />

dos músculos <strong>da</strong> laringe, <strong>de</strong>corrente<br />

do estímulo irritativo <strong>de</strong> origem<br />

central ou periferica. Krause (29),<br />

após realizar o primeiro estudo sobre<br />

neurolaringologia em animais, corroborou<br />

as teorias <strong>de</strong> Jelenffy. Estas<br />

teorias do século XIX, hoje são explica<strong>da</strong>s<br />

pela synkinesis.<br />

Posteriormente, Jelenffy (30) realizou<br />

um estudo para analisar a função<br />

agonista-antagonista dos músculos<br />

intrínsecos <strong>da</strong> laringe e sua influência<br />

sobre a articulação cricoaritenói<strong>de</strong>a.<br />

Este estudo também <strong>de</strong>monstrou<br />

o <strong>de</strong>slocamento anteromedial<br />

<strong>da</strong> cartilagem cornicula<strong>da</strong>,<br />

freqüentemente observado em casos<br />

<strong>de</strong> <strong>paralisia</strong>, tão bem como o <strong>de</strong>slocamento<br />

inferolateral do processo<br />

<strong>vocal</strong> <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>. Solis-Cohen (31)<br />

e Casselberry (32) confirmaram o<br />

estudo <strong>de</strong> Jelenffy sobre a posição<br />

<strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> em casos <strong>de</strong> <strong>paralisia</strong>.<br />

Além disso, Solis-Cohen <strong>de</strong>screveu as<br />

“contrações espamódicas” e Casselberry<br />

as “contrações <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>”,<br />

as quais foram eluci<strong>da</strong><strong>da</strong>s por<br />

Crumley como sendo movimentos<br />

observados em casos que apresentam<br />

uma synkinesis irregular (10,30).<br />

Existem várias contradições entre<br />

as teorias postula<strong>da</strong>s por diferentes<br />

pesquisadores: Rosenbach (26) e Semon<br />

(27) versus Jelenffy (28,30) e<br />

Krause (29). Na mesma época, Wagner<br />

e Grossman (33,34) postularam<br />

outra teoria para explicar a variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

na posição <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Estes autores acreditavam que<br />

a posição <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> era <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> contrátil do músculo<br />

cricotireói<strong>de</strong>o. Grossman realizou<br />

neurotomias sistemáticas dos nervos<br />

laríngeo inferior e superior em animais<br />

para <strong>de</strong>senvolver sua teoria. Na meta<strong>de</strong><br />

do século XX, King e Gregg (35) e<br />

Clerf (36) relataram que a posição <strong>da</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> algumas variáveis: 1. Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> contrátil<br />

do músculo cricotireói<strong>de</strong>o; 2.<br />

Atrofia e fibrose dos músculos intrínsecos<br />

<strong>da</strong> laringe; 3. Variável anatomia<br />

do nervo laríngeo inferior, a qual po<strong>de</strong><br />

levar a ramos extra-laríngeos. Na época,<br />

esta variável tornou-se a principal<br />

explicação para a variação na posição<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Atualmente, acredita-se que a posição<br />

<strong>de</strong> repouso <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong><br />

seja secundária a três fatores:<br />

1. Inervação residual (10,37,38);<br />

2. Reinervação irregular e synkinesis<br />

(10,25,38,41); 3. Atrofia (41,42) e<br />

fibrose do músculo <strong>de</strong>senervado<br />

(43,44). Estes fatores <strong>de</strong>terminam a<br />

posição final, contorno, comprimento,<br />

volume e viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> aerodinâmica<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

3. Princípios fisiológicos <strong>da</strong> medialização<br />

e conseqüente oscilação<br />

do epitélio <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

O tratamento i<strong>de</strong>al <strong>da</strong> incompetência<br />

glótica aerodinâmica e, conseqüentemente,<br />

<strong>paralisia</strong> <strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

<strong>unilateral</strong>, <strong>de</strong>ve simular uma <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

durante a fonação nos seguintes parâmetros:<br />

1. Posição <strong>da</strong> região músculo-membranosa<br />

no plano axial; 2.<br />

Posição <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> no plano axial;<br />

3. Altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>; 4. Comprimento<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>; 5. Contorno<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> nas regiões músculomembranosa<br />

e <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>; 6. Volume<br />

e viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

(aumento versus medialização).<br />

Além disso, o procedimento cirúrgico<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> fácil realização, associado<br />

com poucas complicações,<br />

reversível e sem comprometimento<br />

<strong>da</strong> via aérea (45).<br />

3.1 Posição <strong>da</strong> região músculomembranosa<br />

no plano axial<br />

Uma importante premissa <strong>da</strong> produção<br />

sonora glótica é a posição<br />

eficiente <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> músculomembranosa<br />

para proporcionar e<br />

facilitar a oscilação dos tecidos. Uma<br />

efetiva medialização <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

paralisa<strong>da</strong>, sem alteração <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

vibratórias do epitélio e lâmina<br />

própria, é um requisito fun<strong>da</strong>mental<br />

para qualquer procedimento<br />

cirúrgico usado para tratar a disfonia<br />

paralítica.<br />

Observações trans-operatórias<br />

revelam que o re-posicionamento <strong>da</strong><br />

aritenói<strong>de</strong> em sua posição fonatória<br />

não melhora a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong> completamente,<br />

sem a realização <strong>da</strong> LM<br />

(46-48). Este fato acontece <strong>de</strong>vido<br />

à flaci<strong>de</strong>z dos tecidos <strong>da</strong> glote paralisa<strong>da</strong><br />

e leva a uma incompetência<br />

valvular. A glote paralisa<strong>da</strong> apresenta<br />

uma diminuição <strong>da</strong>s forças elásticas<br />

<strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong>vido à atrofia<br />

e fibrose. Na estroboscopia, isso po<strong>de</strong><br />

ser visualizado através <strong>de</strong> uma exacerba<strong>da</strong><br />

excursão <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> e uma longa fase aberta<br />

durante os ciclos vibratórios. Juntas,<br />

estas alterações resultam em uma oscilação<br />

aerodinamicamente ineficiente<br />

<strong>da</strong> região músculo-membranosa<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>. Assim, com a<br />

realização <strong>da</strong> LM ocorre um aumento<br />

<strong>da</strong> fase fecha<strong>da</strong> do ciclo vibratório.<br />

Esta observação po<strong>de</strong> ser verifica<strong>da</strong><br />

após a melhora parcial <strong>da</strong> voz, em<br />

pacientes submetidos inicialmente a<br />

aritenopexia adutora, (AA) apesar<br />

<strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> e a <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> estarem<br />

em uma posição fonatória; e<br />

posterior melhora <strong>da</strong> voz com a<br />

medialização <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> músculo-membranosa<br />

(46-48).<br />

Além disso, Zeitels e colaboradores<br />

(17) <strong>de</strong>monstraram as vantagens<br />

em realizar AA anterior a realização<br />

<strong>da</strong> LM. A principal justificativa baseiase<br />

no fato <strong>de</strong> que a AA, além <strong>de</strong><br />

medializar a região <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>, também<br />

altera a posição <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

músculo-membranosa. Assim, possibilita<br />

a colocação <strong>de</strong> um implante menor<br />

e do tamanho i<strong>de</strong>al para atingir<br />

um fechamento glótico normal, pois,<br />

este implante po<strong>de</strong> ser mol<strong>da</strong>do conforme<br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> para obter-se<br />

fonação normal.<br />

3.2 Posição <strong>da</strong> Aritenói<strong>de</strong><br />

no Plano Axial<br />

Muitos autores têm <strong>de</strong>scrito que<br />

a posição <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> sobre a cricói<strong>de</strong><br />

e o tônus <strong>da</strong> musculatura do<br />

espaço paraglótico são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> inervação residual, synkinesis e<br />

fibrose e atrofia <strong>da</strong> musculatura <strong>de</strong>sinerva<strong>da</strong><br />

(37-40). Isso po<strong>de</strong> explicar<br />

a variação na posição <strong>de</strong> repouso<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, alterações<br />

acústicas e aerodinâmicas.<br />

As alterações acentua<strong>da</strong>s <strong>da</strong> voz<br />

são espera<strong>da</strong>s em pacientes que<br />

apresentam uma visualização <strong>da</strong> glote<br />

posterior dificulta<strong>da</strong> pela posição <strong>da</strong><br />

5


6<br />

cartilagem cornicula<strong>da</strong> – <strong>de</strong>slocamento<br />

medial e anterior – e pelo encurtamento<br />

e flaci<strong>de</strong>z <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

músculo-membranosa (38,40). Nesta<br />

situação, a aritenói<strong>de</strong> está posiciona<strong>da</strong><br />

ínfero-lateralmente na superfície<br />

articulatória <strong>da</strong> cartilagem cricói<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>sloca<strong>da</strong> em direção à via aérea.<br />

A cartilagem cornicula<strong>da</strong> está <strong>de</strong>sloca<strong>da</strong><br />

anteriormente, medialmente e<br />

inferiormente, enquanto o processo<br />

<strong>vocal</strong> <strong>da</strong> cartilagem aritenói<strong>de</strong> está <strong>de</strong>slocado<br />

anteriormente, lateralmente e<br />

inferiormente. A <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> com estas<br />

alterações apresenta mínima<br />

inervação residual ou mesmo synkinesis.<br />

Análise dos músculos intrínsecos<br />

<strong>da</strong> laringe revela significante<br />

atrofia, principalmente do músculo<br />

tireoaritenói<strong>de</strong>o (22,23). A ineficiência<br />

aerodinâmica <strong>da</strong> glote é secundária<br />

ao mau fechamento glótico, <strong>de</strong>vido<br />

a lateralização <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>,<br />

discrepância <strong>da</strong> altura entre as <strong>prega</strong>s<br />

vocais e flaci<strong>de</strong>z dos tecidos. O<br />

último fator exacerba a oscilação vibratória<br />

pela fraca força elástica <strong>de</strong><br />

fechamento dos tecidos, durante os<br />

ciclos vibratórios em uma glote que<br />

requer uma pressao subglótica alta<br />

para manter a oscilação <strong>de</strong>vido a uma<br />

incompetência valvular.<br />

3.3 Altura <strong>da</strong> Prega Vocal<br />

Em pacientes que não apresentam<br />

uma reinervação aberrante <strong>da</strong><br />

musculatura intrínseca <strong>da</strong> laringe, a<br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, tipicamente,<br />

encontra-se alguns milímetros mais<br />

baixa do que o normal durante a<br />

respiração em repouso (38,43,44).<br />

Durante a fonação, o músculo cricoaritenói<strong>de</strong>o<br />

lateral <strong>de</strong>sloca ínfero-lateralmente<br />

o processo muscular <strong>da</strong><br />

aritenói<strong>de</strong>, causando uma rotação<br />

superomedial do processo <strong>vocal</strong>.<br />

Woodson e colaboradores (49) verificaram<br />

que a adução <strong>de</strong> aritenói<strong>de</strong><br />

posiciona o processo <strong>vocal</strong> em uma<br />

posição inapropria<strong>da</strong>mente baixa em<br />

relação ao movimento normal <strong>de</strong>sta<br />

cartilagem. Zeitels e colaboradores<br />

(17) <strong>de</strong>monstraram que AA posiciona<br />

em media a aritenói<strong>de</strong> 1,2 mm<br />

mais alta, se compara<strong>da</strong> com a adução<br />

<strong>de</strong> aritenói<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrita por Isshiki.<br />

A AA obtém uma altura i<strong>de</strong>al no processo<br />

<strong>vocal</strong> para fonação, <strong>de</strong>vido ao<br />

avanço atingido do corpo <strong>da</strong> cartila-<br />

gem em direção superomedial ao longo<br />

<strong>da</strong> superficie articulatória <strong>da</strong> cricói<strong>de</strong><br />

(simulando os músculos interaritenói<strong>de</strong>os).<br />

Além disso, a sutura especialmente<br />

<strong>de</strong>senha<strong>da</strong> para este<br />

procedimento simula o <strong>de</strong>slocamento<br />

em direção a via aérea e rotação<br />

interna <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> (simulando os<br />

músculos interaritenói<strong>de</strong>os e cricoaritenói<strong>de</strong>o<br />

lateral) e proporciona uma<br />

estabilização posterior (simulando o<br />

músculo cricoaritenói<strong>de</strong>o posterior).<br />

Assim, este procedimento posiciona<br />

mecanicamente a aritenói<strong>de</strong> em uma<br />

posição favorável à fonação.<br />

Avaliações pré e pós-operatórias<br />

<strong>da</strong> altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> durante a<br />

fonação têm seu valor questionado<br />

(17). As alterações pré-operatórias <strong>de</strong><br />

vibração e flaci<strong>de</strong>z dos tecidos são<br />

fatores que dificultam a acurácia <strong>de</strong><br />

medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>. Por<br />

esta razão, procedimentos que não<br />

alteram a altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> durante<br />

a respiração (repouso) e alteram<br />

a viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e melhoram<br />

a competência glótica po<strong>de</strong>m alterar<br />

a altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> durante a<br />

fonação (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> técnica <strong>de</strong><br />

avaliação e pressão subglótica). Tanto<br />

técnicas <strong>de</strong> injeção como a LM não<br />

alteram a altura <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, mas<br />

po<strong>de</strong>m produzir uma falsa alteração<br />

<strong>da</strong> altura durante a fonação, pelo simples<br />

fato <strong>de</strong> melhorar as características<br />

vibratórias <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>. Além<br />

disso, técnicas que alteram os tecidos<br />

paraglóticos po<strong>de</strong>m modificar<br />

a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong>, quando há uma<br />

significante discrepância entre a altura<br />

<strong>da</strong>s <strong>prega</strong>s vocais, pelo fato, <strong>de</strong><br />

aumentar a superficie <strong>da</strong> margem<br />

glotica <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> e conseqüente<br />

aumento <strong>da</strong> superfície utiliza<strong>da</strong> para<br />

o fechamento glótico (17).<br />

3.4 Comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

A LM e as técnicas <strong>de</strong> injeção não<br />

aumentam o comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong>, o qual está tipicamente diminuído<br />

em casos <strong>de</strong> <strong>paralisia</strong>. A adução<br />

<strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> em alguns casos aumenta<br />

o comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

pela rotação exagera<strong>da</strong> do processo<br />

<strong>vocal</strong>. Entretanto, alguns pacientes<br />

po<strong>de</strong>m ter a aritenói<strong>de</strong> <strong>de</strong>sloca<strong>da</strong><br />

anteriormente pela tensão<br />

exerci<strong>da</strong> pela sutura anterior e, conseqüente,<br />

encurtamento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> vo-<br />

cal. Esta alteração po<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> ser exacerba<strong>da</strong><br />

se a articulação cricoaritenói<strong>de</strong>a<br />

for aberta e o ligamento posterior<br />

for parcialmente seccionado<br />

(49,50). Em contraparti<strong>da</strong>, a AA <strong>de</strong>sloca<br />

a aritenói<strong>de</strong> posteriormente e a<br />

mantém nesta posição presa a cricói<strong>de</strong><br />

por meio <strong>de</strong> uma sutura. Zeitels e<br />

colaboradores (17) <strong>de</strong>monstraram<br />

aumento médio <strong>de</strong> 2 mm <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> com a AA, enquanto a adução<br />

<strong>de</strong> aritenói<strong>de</strong> não apresentou alterações<br />

significativas no comprimento<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> (17).<br />

Observações clínicas revelaram<br />

que, após a <strong>de</strong>sarticulação cricotireói<strong>de</strong>a,<br />

o corno inferior <strong>da</strong> cartilagem<br />

tireói<strong>de</strong>a <strong>de</strong>sloca-se posteriormente<br />

em relação a cricói<strong>de</strong>. Com isso,<br />

ocorre uma diminuição do comprimento<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> e redução <strong>da</strong><br />

tensão do músculo tireoaritenói<strong>de</strong>o.<br />

Acredita-se que essa diminuição do<br />

comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> leve o<br />

paciente a adquirir uma postura<br />

a<strong>da</strong>ptativa hiperfuncional, para diminuir<br />

a comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

normal e conseguir um alinhamento<br />

dos processos vocais <strong>de</strong> ambas <strong>prega</strong>s<br />

vocais – pré-requisito para uma<br />

vibração satisfatória durante a fonação.<br />

Essa diminuição do comprimento<br />

<strong>de</strong> ambas as <strong>prega</strong>s vocais e<br />

viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>prega</strong> paralisa<strong>da</strong><br />

resultam em limitações na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> variação máxima <strong>da</strong> freqüência<br />

fonatória. A subluxação CT foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong><br />

para melhorar estas alterações<br />

mecânicas, as quais são, em<br />

parte, <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> <strong>de</strong>sarticulação<br />

cricotireói<strong>de</strong>a (18).<br />

3.5 Contorno <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> nas<br />

regiões músculo-membranosa<br />

e <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong><br />

Após a <strong>paralisia</strong>, o contorno <strong>da</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> nas regiões músculomembranosa<br />

e <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

estar alterado. Quando realizado corretamente,<br />

qualquer procedimento<br />

<strong>de</strong> medialização é suficiente para alterar<br />

o contorno <strong>da</strong> região músculo-membranosa.<br />

No entanto, nenhuma<br />

<strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> medialização é<br />

capaz <strong>de</strong> alterar eficazmente a região<br />

<strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>. Porém, tanto a<br />

adução <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> como a AA,<br />

além <strong>de</strong> alterar a região <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>,<br />

diminuem ou eliminam o


contorno concavo <strong>da</strong> região músculo-membranosa.<br />

A adução <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong><br />

realiza uma hiper-rotação do<br />

processo <strong>vocal</strong> <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>, criando<br />

uma configuração laríngea anormal<br />

entre as aritenói<strong>de</strong>s durante a<br />

fonação (46,50). Em contraparti<strong>da</strong>,<br />

a AA não apresenta este problema<br />

pela medialização do corpo <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong><br />

juntamente com o processo<br />

<strong>vocal</strong>, mantendo uma configuração<br />

normal durante a fonação (17).<br />

3.5.1 Volume e viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> (aumento<br />

versus medialização)<br />

Alguns dos procedimentos que<br />

visam medializar a <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>,<br />

atingem este objetivo através<br />

do aumento dos tecidos <strong>de</strong>ntro<br />

do espaço paraglótico. Todos<br />

os procedimentos <strong>de</strong> injeção implantam<br />

uma substância medialmente<br />

ao pericôndrio interno <strong>da</strong><br />

cartilagem tireói<strong>de</strong>a e, conseqüentemente,<br />

<strong>de</strong>ntro dos tecidos do espaço<br />

paraglótico. Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, nos<br />

procedimentos que utilizam implantes<br />

sólidos, caso seja realiza<strong>da</strong><br />

uma incisão do pericôndrio interno,<br />

ocorre essencialmente um aumento<br />

dos tecidos do espaço paraglótico,<br />

ao invés <strong>de</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

medialização <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>,<br />

em contradição à <strong>de</strong>scrição<br />

original <strong>de</strong> Isshiki (14).<br />

Na literatura, há uma <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>lineando a diferença<br />

existente nos resultados acústicos e<br />

aerodinâmicos, entre o aumento dos<br />

tecidos paraglóticos e a medialização<br />

propriamente dita. Aparentemente,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> magnitu<strong>de</strong> do aumento<br />

dos tecidos paraglóticos, po<strong>de</strong>mos<br />

alterar a consistência dos tecidos<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, produzindo alterações<br />

do ciclo vibratório. Indícios<br />

<strong>da</strong>s conseqüências dos procedimentos<br />

que aumentam os tecidos paraglóticos<br />

sobre o ciclo vibratório, po<strong>de</strong>m<br />

ser obtidos analisando-se os resultados<br />

<strong>da</strong> injeção <strong>de</strong> Teflon na <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong>. O granuloma <strong>de</strong>corrente<br />

<strong>da</strong> implantação <strong>de</strong> Teflon po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado uma resposta excessiva<br />

a este problema. Netterville (comunicação<br />

pessoal, 1997), verificou<br />

que pacientes que são submetidos<br />

à excisão <strong>de</strong> granulomas <strong>de</strong> Teflon<br />

do espaço paraglótico apresentam<br />

uma melhora significativa nas caracteristicas<br />

vibratórias <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos supor que a colocação<br />

<strong>de</strong> um implante perto <strong>da</strong> margem<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> po<strong>de</strong> interferir<br />

na mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> do epitélio e elastici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos tecidos <strong>de</strong>sta <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

Portanto, o implante <strong>de</strong>ve ser colocado<br />

lateralmente ao pericôndrio<br />

interno <strong>da</strong> cartilagem tireói<strong>de</strong>a e<br />

tecidos do espaço paraglótico. Isso<br />

<strong>de</strong>ve resultar em uma <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

com caracteristicas vibratórias mais<br />

normais, do que quando o implante<br />

é colocado entre a musculatura<br />

paraglótica. A AA, ao colocar a aritenói<strong>de</strong><br />

em uma posição i<strong>de</strong>al para<br />

a fonação, possibilita a colocação <strong>de</strong><br />

um implante menor do que seria<br />

necessário, caso apenas o procedimento<br />

<strong>de</strong> medialização fosse realizado,<br />

sendo esta uma <strong>da</strong>s justificativas<br />

para sua realização anterior a<br />

medialização (17). Alguns pacientes<br />

apresentam uma assimetria <strong>de</strong> fase<br />

ao exame estroboscópico, o qual<br />

provavelmente <strong>de</strong>ve-se à diferença<br />

<strong>de</strong> massa e viscoelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> entre<br />

as <strong>prega</strong>s vocais.<br />

3.5.2O implante utilizado<br />

para medialização<br />

As características físicas do implante<br />

utilizado po<strong>de</strong>m, teoricamente, alterar<br />

o ciclo vibratório <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

medializa<strong>da</strong>. Assim, a escolha do tipo<br />

<strong>de</strong> implante a ser utilizado <strong>de</strong>ve ser<br />

realiza<strong>da</strong> buscando um implante com<br />

consistência semelhante aos tecidos<br />

paraglóticos, além <strong>de</strong> apresentar uma<br />

excelente biocompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, para evitar<br />

reações locais ou extrusão do implante;<br />

um implante que não seja incorporado<br />

pelos tecidos adjacentes,<br />

para facilitar cirurgias revisionais; e em<br />

nosso meio um implante <strong>de</strong> baixo<br />

custo e fácil aquisição. Além <strong>de</strong>stes<br />

fatores, <strong>de</strong>vemos levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

a experiência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> cirurgião<br />

com <strong>de</strong>terminado implante.<br />

Dentre os mais utilizados po<strong>de</strong>mos<br />

citar:<br />

a) Implante <strong>de</strong> silicone (Silastic):<br />

este implante é amplamente utilizado,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua <strong>de</strong>scrição por<br />

Koufman (51), apresenta uma excelente<br />

biocompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e o cirurgião<br />

po<strong>de</strong> escolher entre diferentes con-<br />

sistências <strong>de</strong> silicone. Este implante<br />

é mol<strong>da</strong>do pelo próprio cirurgião<br />

até ser obtido um tamanho e forma<br />

i<strong>de</strong>ais para uma boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

Estudos anátomo-patológicos <strong>de</strong>monstram<br />

pouca reação local, formando-se<br />

uma cápsula fibrosa fina ao<br />

redor do implante com resposta inflamatória<br />

mínima e leve reação <strong>de</strong><br />

corpo estranho, com poucas células<br />

gigantes (52).<br />

b) Implante <strong>de</strong> Montgomery: este<br />

também é um implante <strong>de</strong> silicone.<br />

Entretanto, é um implante manufaturado<br />

em diferentes tamanhos, assim<br />

o cirurgião escolhe o tamanho a<strong>de</strong>quado<br />

para obter a melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong> para o paciente (53).<br />

c) Implante <strong>de</strong> Hidroxi-apatita:<br />

<strong>de</strong>scrito por Cummings e colaboradores<br />

(54), é o implante com maior<br />

reação tecidual adjacente, conforme<br />

Flint e colaboradores (55). Seis meses<br />

após a colocação do implante,<br />

observa-se osteogênese na região <strong>da</strong><br />

janela <strong>da</strong> cartilagem tireói<strong>de</strong>a, com<br />

pontes <strong>de</strong> osso lamelar entre o implante<br />

e a cartilagem. Este fato diminui<br />

a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> extrusão do<br />

implante, mas dificulta as cirurgias<br />

revisionais pela incorporação aos tecidos<br />

adjacentes.<br />

d) Implante <strong>de</strong> Titanium: é um<br />

implante ajustável conforme a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do paciente. Composto por três<br />

partes: uma placa fixa<strong>da</strong> na cartilagem<br />

tireói<strong>de</strong>a, um bloco <strong>de</strong> titanium que<br />

inclui a parte ajustável, e um microparafuso<br />

fixado entre a placa e o bloco<br />

<strong>de</strong> titanium, o qual move o bloco<br />

<strong>de</strong> titanium e medializa a <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

(56). Como este implante é fixado na<br />

cartilagem tireói<strong>de</strong>a, não há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> extrusão do implante.<br />

e) Implante <strong>de</strong> Gore-Tex® (politetrafluoroetileno<br />

expandido): a<br />

utilização <strong>de</strong>ste implante foi <strong>de</strong>scrita<br />

por Giovanni e colaboradores<br />

(57), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vários outros autores<br />

estão utilizando este implante<br />

(15,18,58,59). Sua biocompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

está comprova<strong>da</strong> pelo seu<br />

longo uso em próteses vasculares,<br />

e os estudos anátomo-patológicos<br />

<strong>de</strong>monstram uma leve resposta inflamatória<br />

local, com reação <strong>de</strong> corpo<br />

estranho e formação <strong>de</strong> uma<br />

fina cama<strong>da</strong> fibrosa ao redor do implante<br />

(58). As vantagens <strong>de</strong>ste<br />

7


8<br />

implante <strong>de</strong>vem-se as características<br />

físicas, por ser um implante maleável,<br />

a<strong>da</strong>pta-se a pequenos <strong>de</strong>feitos<br />

estruturais <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>,<br />

melhorando o fechamento glótico<br />

e, conseqüentemente, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong>. Não há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realização<br />

<strong>de</strong> uma janela com localização<br />

exata na cartilagem tireói<strong>de</strong>a,<br />

facilitando este procedimento para<br />

cirurgiões pouco experientes. Além<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos realizar os ajustes do<br />

implante in situ no paciente, obtendo<br />

uma sintonia fina <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong> (59).<br />

4. Subluxação <strong>da</strong> Articulação<br />

Cricotireói<strong>de</strong>a<br />

A avaliação clínica <strong>de</strong> pacientes<br />

submetidos a procedimentos do<br />

arcabouço laríngeo mostra que eles<br />

apresentam uma melhora significativa<br />

quando comparados com <strong>da</strong>dos<br />

pré-operatórios, mas revelaram que<br />

poucos pacientes apresentam uma<br />

fonação, normal (17). Estes pacientes<br />

apresentam limitações na variação<br />

máxima <strong>da</strong> freqüência <strong>de</strong> fonação<br />

levando-os a uma fonação monótona<br />

pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> variar seu pitch.<br />

Esta limitação, provavelmente, <strong>de</strong>ve-se<br />

ao déficit na tensão viscoelástica<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><br />

<strong>paralisia</strong> (18). Assim, foi <strong>de</strong>scrito a<br />

subluxação CT, com o intuito <strong>de</strong> aumentar<br />

a tensão viscoelástica <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> e, com isso, permitir aerodinamicamente<br />

uma eficiente oscilação<br />

vibratória, proporcionando ao paciente<br />

maior variação <strong>da</strong> freqüência<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> voz e conseqüente<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong> (38).<br />

Este procedimento é realizado<br />

com uma sutura com fio prolene 2.0<br />

e realiza<strong>da</strong> entre o corno inferior <strong>da</strong><br />

cartilagem tireói<strong>de</strong>a no lado ipsilateral<br />

<strong>da</strong> <strong>paralisia</strong> e a parte anterior <strong>da</strong> cartilagem<br />

cricói<strong>de</strong> no plano submucoso<br />

(Figura (Figura 1) 1). 1) 1) Com a realização <strong>de</strong> tensão<br />

nesta sutura, ocorre um aumento<br />

<strong>da</strong> distância entre a articulação<br />

cricotireói<strong>de</strong>a e a comissura anterior<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>. Esta manobra leva a<br />

um aumento do comprimento e tensão<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, simulando<br />

a contração do músculo<br />

cricotireói<strong>de</strong>o (Figura (Figura 2) 2). 2) A tensão<br />

<strong>de</strong>sta sutura é ajusta<strong>da</strong>, enquanto o<br />

paciente realiza manobras fonatórias,<br />

até que o paciente obtenha uma freqüência<br />

fun<strong>da</strong>mental aceitável e uma<br />

fonação em falsete (18).<br />

5.1 Avaliação <strong>da</strong> Subluxação<br />

<strong>da</strong> Articulação Cricotireói<strong>de</strong>a<br />

Em <strong>prega</strong>s vocais normais, a tensão<br />

viscoelástica simétrica entre as<br />

mesmas, resulta em uma fonte glótica<br />

sonora perfeita, fazendo com que a<br />

freqüência ressonante seja semelhante<br />

à vibração <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

Embora a reconstrução estática (reposicionamento<br />

<strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong> e laringoplastia<br />

medializadora) coloque a<br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> em sua posição fonatória<br />

e restabeleça a competência aerodinâmica,<br />

há uma importante diferença<br />

nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s viscoelásticas<br />

entre as <strong>prega</strong>s vocais.<br />

Nos pacientes com paralisa <strong>de</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, sem correção cirúrgica,<br />

ocorre intuitivamente um ajuste <strong>da</strong><br />

assimetria <strong>da</strong> tensão viscoelástica,<br />

através <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> hiperfunção<br />

muscular. Entretanto, estas<br />

configurações glóticas limitam a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

fonatória. Eventualmente,<br />

po<strong>de</strong>mos observar durante cirurgias<br />

do arcabouço laríngeo, uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong> ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> com o posicionamento<br />

mediano corrigido <strong>da</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>. Esta quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong>, não é reflexo <strong>de</strong> incompetência<br />

aerodinâmica, mas é resultado<br />

<strong>de</strong> uma diferença na tensão<br />

viscoelástica entre as <strong>prega</strong>s vocais<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> própria <strong>paralisia</strong> ou<br />

<strong>da</strong> <strong>de</strong>sarticulação cricotireói<strong>de</strong>a.<br />

Muitas vezes, este fato leva alguns<br />

cirurgiões a tentativas frustrantes<br />

<strong>de</strong> alterar o tamanho e a forma do<br />

implante.<br />

A subluxação CT (18) aumenta<br />

o comprimento <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> por<br />

aumentar a distância entre a faceta<br />

cricói<strong>de</strong> e a inserção <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

na lâmina tireói<strong>de</strong>a, simulando a contração<br />

do músculo cricotireói<strong>de</strong>o. Isto<br />

produz uma contra-tensão no músculo<br />

tireoaritenói<strong>de</strong>o e aumento do<br />

comprimento <strong>da</strong> porção músculomembranosa<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>, aumentando<br />

a tensão <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>.<br />

Este aumento <strong>da</strong> tensão <strong>da</strong><br />

<strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> faz com que<br />

suas características viscoelásticas se<br />

assemelhem à <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> móvel,<br />

permitindo uma melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

1<br />

A A subluxação subluxação CT CT é é realiza<strong>da</strong> realiza<strong>da</strong> através através <strong>de</strong> <strong>de</strong> uma uma sutura sutura com com Prolene<br />

Prolene<br />

2-0 2-0 entre entre o o corno corno corno inferior inferior <strong>da</strong> <strong>da</strong> lâmina lâmina lâmina tireói<strong>de</strong>a tireói<strong>de</strong>a tireói<strong>de</strong>a e e a a cricói<strong>de</strong><br />

cricói<strong>de</strong><br />

anteriormente. anteriormente. Esta Esta sutura sutura é é passa<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> através através <strong>da</strong> <strong>da</strong> cricói<strong>de</strong> cricói<strong>de</strong> na<br />

na<br />

submucosa.<br />

submucosa.<br />

2<br />

A A sutura sutura é é é tenciona<strong>da</strong>, tenciona<strong>da</strong>, aumentando aumentando a a distância distância distância entre entre entre a a faceta<br />

faceta<br />

articular articular <strong>da</strong> <strong>da</strong> cricói<strong>de</strong> cricói<strong>de</strong> e e o o local local <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong> fixação fixação do do ligamento ligamento <strong>da</strong><br />

<strong>da</strong><br />

comissura comissura anterior. anterior.<br />

anterior.<br />

<strong>da</strong> vibração <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> (18).<br />

Diferentemente dos procedimentos<br />

<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>vocal</strong> <strong>de</strong> sexo, a <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> mantém o aumento<br />

<strong>da</strong> tensão atingi<strong>da</strong> com o procedimento<br />

cirúrgico, <strong>de</strong>vido à flaci<strong>de</strong>z e<br />

<strong>de</strong>senervação (7).<br />

Embora uma simetria viscoelástica<br />

perfeita dificilmente seja atingi<strong>da</strong> em<br />

uma <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, a melhora<br />

na simetria é atingi<strong>da</strong> através<br />

<strong>da</strong> subluxação CT (18). Não obstante,<br />

o comportamento hiperfuncional<br />

é reduzido, permitindo uma<br />

flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong> maior. Isto é <strong>de</strong>monstrado<br />

através dos resultados<br />

do estudo realizado por Mauri (7)<br />

on<strong>de</strong> 73,2% dos pacientes atingiram<br />

dois oitavos ou mais na variação<br />

máxima <strong>da</strong> freqüência fun<strong>da</strong>mental


<strong>de</strong> fonação, comparativamente a<br />

apenas 33,3% dos pacientes não<br />

submetidos a subluxação cricotireói<strong>de</strong>a<br />

(P=0,01). Neste estudo, a<br />

adição <strong>da</strong> subluxação cricotireói<strong>de</strong>a<br />

aos procedimentos do arcabouço<br />

laríngeo (aritenopexia adutora e<br />

laringoplastia medializadora) apresentou<br />

um resultado acústico superior,<br />

se comparados a estes procedimentos<br />

realizados isola<strong>da</strong>mente.<br />

Em contraparti<strong>da</strong>, apesar <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong> ser tenciona<strong>da</strong><br />

cirurgicamente, a maioria dos pacientes<br />

consegue atingir freqüências<br />

baixas após a subluxação CT, evitando<br />

um aumento na freqüência<br />

fun<strong>da</strong>mental dos pacientes. Em<br />

contraparti<strong>da</strong>, foi observa<strong>da</strong> uma diminuição<br />

<strong>da</strong> freqüência fun<strong>da</strong>mental<br />

média após os procedimentos<br />

cirúrgicos, semelhante em ambos<br />

os grupos. Este paradoxo po<strong>de</strong> ser<br />

explicado pela redução <strong>da</strong> hiperfunção<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> normal <strong>de</strong>corrente<br />

<strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> configuração<br />

glótica. Além disso, o procedimento<br />

po<strong>de</strong> ser ajustado individualmente<br />

às características do paciente,<br />

conforme a tensão exerci<strong>da</strong><br />

na sutura realiza<strong>da</strong>.<br />

A subluxação CT foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong><br />

para corrigir as <strong>de</strong>ficiências físicas-mecânicas<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>da</strong> flaci<strong>de</strong>z <strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong><br />

paralisa<strong>da</strong> e <strong>de</strong>sarticulação <strong>da</strong> CT durante<br />

procedimentos do arcabouço<br />

laríngeo. Deve-se <strong>de</strong>stacar que este é<br />

o primeiro procedimento <strong>de</strong>senvolvido<br />

primariamente com o propósito<br />

<strong>de</strong> aumentar a tensão e o comprimento<br />

<strong>da</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong> paralisa<strong>da</strong>, ao<br />

invés <strong>de</strong> apenas re-posicionar a <strong>prega</strong><br />

<strong>vocal</strong>. Além <strong>da</strong> subluxação CT ser<br />

facilmente executável, é um procedimento<br />

ajustável às particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> paciente, e os resultados objetivos<br />

<strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> função <strong>vocal</strong><br />

<strong>de</strong>monstram que a maioria dos pacientes<br />

atingem a variação máxima <strong>da</strong><br />

freqüência fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> fonação<br />

sem prejudicar as <strong>de</strong>mais características<br />

fonatórias (7). A adição <strong>da</strong> subluxação<br />

CT na lista <strong>de</strong> procedimentos<br />

disponíveis ao fonocirurgião proporciona<br />

o tratamento <strong>de</strong> todos os<br />

parâmetros necessários para a reconstrução<br />

estática <strong>da</strong> <strong>paralisia</strong> <strong>unilateral</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>.<br />

5. Referências Bibliográficas<br />

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to glottal incompetence: indications and observations. Ann<br />

Otol Rhinol Laryngol 2003;112:180-4.<br />

9


10<br />

Congresso<br />

37° Congresso Brasileiro <strong>de</strong> ORL<br />

– Fortaleza, Ceará<br />

Programação Científica <strong>da</strong><br />

Laringologia e Voz<br />

A bela capital cearense preparase<br />

para sediar o 37° Congresso Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Otorrinolaringologia, <strong>de</strong> 16<br />

a 20 <strong>de</strong> novembro próximo, promovido<br />

pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong><br />

Otorrinolaringologia, com a participação<br />

<strong>da</strong>s supras: Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s Brasileiras<br />

<strong>de</strong> Otologia, Rinologia e Cirurgia<br />

Plástica <strong>da</strong> Face e Aca<strong>de</strong>mia Brasileira<br />

<strong>de</strong> Laringologia e Voz (ABLV).<br />

Fortaleza é a quinta maior capital<br />

brasileira. Além <strong>de</strong> atrativos geo-<br />

gráficos, conta com o calor e a hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um povo habituado a<br />

receber turistas em to<strong>da</strong>s as épocas<br />

do ano, com um clima quente,<br />

praticamente constante. É garantia<br />

do binômio: atualização científica e<br />

muita diversão.<br />

Com o slogan “Conhecimento<br />

para você, lazer para sua família”, o<br />

evento promete atrair otorrinolaringologistas<br />

que irão buscar atualizações<br />

na especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>, rever amigos,<br />

fazer contatos, saber <strong>da</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

em medicações e equipamentos nos<br />

stands dos expositores, aproveitar<br />

os eventos sociais, além <strong>de</strong> curtir alguns<br />

dias <strong>de</strong> muito sol, praia, beleza<br />

natural e sossego.<br />

“Queremos mostrar nossas belezas<br />

naturais e nossa tão conheci<strong>da</strong><br />

hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> e junto a isto brin-<br />

<strong>da</strong>r com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s científicas que<br />

aju<strong>da</strong>rão no crescimento profissional<br />

e em novas tecnologias <strong>da</strong> Otorrinolaringologia”;<br />

entusiasma-se<br />

Dr. Crisanto Gomes do Santos, presi<strong>de</strong>nte<br />

do Congresso.<br />

Como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser,<br />

a programação científica <strong>da</strong> Laringologia<br />

e Voz promete ser repleta <strong>de</strong><br />

assuntos <strong>de</strong> interesse para o otorrinolaringologista<br />

geral, bem como para<br />

os que se <strong>de</strong>dicam especificamente<br />

ao estudo <strong>da</strong> laringe. A ABLV encaminhou<br />

à coor<strong>de</strong>nação científica do<br />

congresso a gra<strong>de</strong> com todo o con-<br />

teúdo do módulo <strong>de</strong> Laringologia e<br />

Voz. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do congresso serão<br />

dividi<strong>da</strong>s em mesas redon<strong>da</strong>s,<br />

painéis e cursos. Tudo intercalado<br />

com as atrações <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Para consagrar a programação<br />

científica <strong>da</strong> Laringologia e Voz, a<br />

ABLV contará com a participação <strong>de</strong><br />

inúmeros convi<strong>da</strong>dos nacionais <strong>de</strong><br />

renome, além <strong>de</strong> três convi<strong>da</strong>dos<br />

internacionais: Dr. Pedro Hounie,<br />

professor <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />

<strong>de</strong> Montevidéu - Uruguai,<br />

Dr. Masao Kume, <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do México<br />

- México e Dr. Nicolas Maragos,<br />

<strong>da</strong> Mayo Clinic <strong>de</strong> Rochester,<br />

Minnesota - Estados Unidos.<br />

Dr. Pedro Hounie abor<strong>da</strong>rá temas<br />

como: laringectomia supracricói<strong>de</strong>a,<br />

estenose laringotraqueal, cirurgia<br />

parcial <strong>da</strong> laringe, e tratamen-<br />

to cirúrgico <strong>de</strong> lesões glóticas extensas.<br />

Ao Dr. Massao Kume foi solicitado<br />

discorrer sobre microcirurgia<br />

<strong>de</strong> laringe e fonocirurgia. Já ao Dr.<br />

Maragos coube elaborar os últimos<br />

conceitos e novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sobre a cirurgia<br />

<strong>de</strong> medialização <strong>da</strong>s <strong>prega</strong>s<br />

vocais, tratamento clínico e cirúrgico<br />

<strong>da</strong> disfonia espasmódica, cirurgia<br />

<strong>de</strong> adução <strong>de</strong> aritenói<strong>de</strong>s e a<br />

articulação cricoaritenói<strong>de</strong>a. Também<br />

haverá a participação do Dr. João<br />

Olias, <strong>de</strong> Portugal, que falará sobre<br />

a anastomose circunferencial para<br />

estenoses traqueais.<br />

“Não “Não “Não que que sejamos sejamos todos todos todos fortes fortes<br />

fortes<br />

Talvez alvez os os fracos fracos fracos não não tenham tenham sobrevivido<br />

sobrevivido<br />

O O O clima clima é é quente<br />

quente<br />

Nosso Nosso abraço abraço é é forte forte<br />

forte<br />

O O chão chão é é duro<br />

duro<br />

Nosso Nosso riso riso é é fácil<br />

fácil<br />

E E o o mar mar contém contém to<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as as cores<br />

cores<br />

A A hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> aqui aqui é é é uma uma lei<br />

lei<br />

Venha Venha Venha <strong>da</strong>r <strong>da</strong>r um um beijo beijo no no no coração coração do do Ceará!”<br />

Ceará!”<br />

(Perboyre Sampaio)<br />

Serão enfocados aspectos sobre<br />

“Voz profissional – conduta em casos<br />

difíceis”, mesa redon<strong>da</strong> que contará<br />

com a participação internacional<br />

do Dr. Masao Kume como palestrante.<br />

A mesa “Desafios Diagnósticos<br />

e Terapêuticos em Laringologia”<br />

terá a presença do Dr. Maragos. As<br />

mesas “Lesões Benignas <strong>da</strong>s Pregas<br />

Vocais” e “Lesões Pré-Malignas e Tumores<br />

Iniciais <strong>da</strong> Laringe: Diagnóstico<br />

Diferencial e Abor<strong>da</strong>gem” são<br />

outras propostas que prometem<br />

atrair as atenções dos congressistas,<br />

e serão respectivamente mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

pelos Dr. Domingos Tsuji e<br />

Dr. Paulo Pontes.<br />

O painel “Repercussões Laringofaríngeas<br />

do RGE” e to<strong>da</strong> sua gama<br />

<strong>de</strong> controvérsias serão discutidos,<br />

com ênfase para fisiopatologia, sin-


O O cenário cenário cenário <strong>da</strong>s <strong>da</strong>s praias praias cearenses cearenses é é é a a a garantia garantia do do binômio binômio atualização<br />

atualização<br />

científica científica e e diversão diversão durante durante o o Congresso Congresso <strong>de</strong> <strong>de</strong> ORL.<br />

ORL.<br />

tomas, sinais, exames diagnósticos<br />

complementares e tratamento. Aspectos<br />

referentes à disfagia, área <strong>de</strong><br />

atuação recente do otorrinolaringologista,<br />

que vem ganhando progressivo<br />

espaço nos eventos científicos,<br />

seram discutidos no painel “Abor<strong>da</strong>gem<br />

Diagnóstica e Terapêutica<br />

dos Distúrbios <strong>de</strong> Deglutição”.<br />

Outros painéis propostos foram:<br />

“Uso Ocupacional <strong>da</strong> Voz<br />

Fala<strong>da</strong>” e “Alterações dos Movimentos<br />

<strong>da</strong>s Pregas Vocais”.<br />

A ABLV encaminhou à coor<strong>de</strong>nação<br />

do Congresso<br />

uma lista <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong><br />

aproxima<strong>da</strong>mente 50 cursos,<br />

com duração <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 45<br />

minutos ca<strong>da</strong>. Temas como<br />

halitose, avaliação funcional <strong>da</strong><br />

laringe do cantor, lesões laríngeas<br />

em doenças reumáticas,<br />

glândulas salivares: o que o<br />

otorrinolaringologista precisa<br />

saber, disfonia na criança, dicas<br />

para compra <strong>de</strong> instrumental<br />

diagnóstico em laringologia,<br />

entre outros, foram<br />

sugeridos. Contudo, vale lembrar<br />

que to<strong>da</strong> esta programação<br />

ain<strong>da</strong> está em estudo e<br />

elaboração e, <strong>de</strong>sta forma, sujeita<br />

à modificações.<br />

Além disto, a organização do 37.º<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Otorrinolaringologia<br />

já está aceitando inscrições<br />

para os trabalhos <strong>de</strong> tema livre.<br />

Os estudos <strong>de</strong>vem estar formatados<br />

<strong>de</strong> acordo com os critérios<br />

<strong>de</strong> aceitação editorial e científica<br />

<strong>da</strong> Revista Brasileira <strong>de</strong> Otorri-<br />

nolaringologia. Os trabalhos<br />

enviados <strong>de</strong>verão<br />

conter título, resumo<br />

em português e inglês,<br />

objetivo, material, método,<br />

resultados finais,<br />

discussão, conclusão<br />

e referências bibliográficas.<br />

Os trabalhos<br />

<strong>de</strong>verão ser enviados<br />

através do site <strong>da</strong><br />

Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Otorrinolaringologia<br />

(www.rborl.org.br) até<br />

1.º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

2004. A ABLV consi<strong>de</strong>ra<br />

a sessão <strong>de</strong> temas<br />

livres um dos pontos<br />

altos do congresso,<br />

on<strong>de</strong> serão apresentados<br />

novos estudos<br />

que colaboram<br />

para enriquecer discussões,<br />

inspirar idéias,<br />

elaborar pensamentos<br />

e, quem sabe,<br />

aprimorar conceitos pré-existentes<br />

e criar novos.<br />

“O Ceará oferece a você muitas<br />

alternativas <strong>de</strong> lazer e entretenimento.<br />

Desta forma, queremos que você<br />

una estudo e lazer, fazendo <strong>de</strong>sta<br />

fórmula um símbolo <strong>de</strong> sucesso”, finaliza<br />

o presi<strong>de</strong>nte.<br />

Um Um Um dos dos mais mais mais belos belos cartões cartões postais postais do do Brasil, Brasil, a a praia praia <strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagonhia Lagonhia é é um um dos dos refú- refúrefú- gios gios prediletos prediletos dos dos turistas turistas que que <strong>de</strong>sembarcam <strong>de</strong>sembarcam no no Ceará. Ceará.<br />

Ceará.<br />

11


12<br />

PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO


Artigo<br />

Conduta no câncer inicial <strong>de</strong> laringe:<br />

Controvérsias no tratamento<br />

Cristina Cristina Kohmann Kohmann Von on Glehn, Glehn,<br />

Glehn,<br />

Mestre Mestre em em Cirurgia Cirurgia <strong>de</strong> <strong>de</strong> Cabeça Cabeça e e e Pescoço Pescoço<br />

Pescoço<br />

Setor Setor <strong>de</strong> <strong>de</strong> Laringologia Laringologia e e Voz Voz Voz do do Departamento Departamento Departamento <strong>de</strong> <strong>de</strong> Otorrinolaringologia Otorrinolaringologia e e Cirurgia Cirurgia Cirurgia <strong>de</strong> <strong>de</strong> Cabeça Cabeça e e Pescoço Pescoço <strong>da</strong> <strong>da</strong> UNIFESP UNIFESP – – EPM EPM<br />

EPM<br />

Há mais <strong>de</strong> dois séculos, laringologistas<br />

procuram a resposta para<br />

dilemas no tratamento <strong>de</strong> câncer,<br />

principalmente o carcinoma espinocelular,<br />

<strong>de</strong> laringe: Qual forma <strong>de</strong> tratamento<br />

fornece o melhor controle<br />

locorregional? Qual o melhor meio<br />

<strong>de</strong> preservar a fonação e <strong>de</strong>glutição?<br />

Em tumores iniciais, as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

terapêuticas possuem índices <strong>de</strong> controle<br />

semelhantes, abrindo espaço<br />

para discussões a respeito <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e reabilitação. Expomos<br />

aqui ca<strong>da</strong> opção terapêutica, suas<br />

vantagens, contra-indicações e comparações<br />

entre si, para auxiliar o médico<br />

em sua conduta.<br />

SUPRAGLOTE<br />

1) 1) Radioterapia Radioterapia - tem tido resultados<br />

satisfatórios em lesões iniciais<br />

sem infiltração profun<strong>da</strong>, com<br />

sobrevi<strong>da</strong> em 5 anos, em torno <strong>de</strong><br />

75-80%, semelhante à <strong>de</strong> cirurgia<br />

endoscópica, (25, 36) . No entanto, separando<br />

os estadios, a sobrevi<strong>da</strong><br />

cai <strong>de</strong> 80% nas lesões em T1 (excluindo<br />

resgate) para 59% nas<br />

T2 (38) . Outro elemento que compele<br />

a optar por tratamento cirúrgico<br />

é a presença <strong>de</strong> linfonodos<br />

comprometidos, pela piora do<br />

prognóstico.<br />

2) 2) Laringectomia Laringectomia supraglótica<br />

supraglótica<br />

endoscópica endoscópica - - Po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> para<br />

tumores T1 e T2 pequenos sem<br />

acometimento do espaço préepiglótico.<br />

Contra-indica<strong>da</strong> se o tumor<br />

envolver o pecíolo <strong>da</strong> epiglote<br />

ou bor<strong>da</strong> livre <strong>da</strong> <strong>prega</strong> vestibular,<br />

ou mais <strong>de</strong> 2 mm além <strong>da</strong> <strong>prega</strong><br />

ariepiglótica. A sobrevi<strong>da</strong> em 5 anos<br />

é <strong>de</strong> 85% para estadio I, 62,6%<br />

para T2, com taxa <strong>de</strong> controle local<br />

em torno <strong>de</strong> 84% para T1/T2 (25) . A<br />

abor<strong>da</strong>gem do pescoço não <strong>de</strong>ve<br />

ser altera<strong>da</strong> <strong>de</strong>vido à escolha <strong>de</strong><br />

uma ressecção endoscópica do tumor<br />

primário, po<strong>de</strong>ndo ser efetuado<br />

sincronicamente ou após duas<br />

semanas. Quanto maior a extensão<br />

<strong>da</strong> ressecção, mais aspiração no<br />

pós-operatório, que mesmo assim,<br />

apresenta menos complicações do<br />

que a cirurgia aberta. No entanto, é<br />

importante lembrar que até 40%<br />

dos T2 são reestadiados no intraoperatório<br />

como sendo T3 (3) , situação<br />

on<strong>de</strong> a maioria dos serviços não<br />

recomen<strong>da</strong> tratamento endoscópico<br />

ou então o associa a radioterapia<br />

pós-operatória.<br />

3) 3) Laringectomia Laringectomia horizontal<br />

horizontal<br />

supraglótica supraglótica – – Sua taxa <strong>de</strong> cura em<br />

5 anos para lesões T2 gira em torno<br />

<strong>de</strong> 87% (38) . No entanto, uma alta taxa<br />

<strong>de</strong> morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> e difícil reabilitação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>glutição dificultam sua aceitação<br />

pelo paciente.<br />

GLOTE<br />

1) 1) Radioterapia Radioterapia –Apresenta<br />

uma taxa <strong>de</strong> cura para tumores iniciais<br />

entre 89 a 91% (8,31) , sendo <strong>de</strong><br />

93 a 100% para Tis, com 93% <strong>de</strong><br />

preservação <strong>de</strong> voz (10,21,22) . Para lesões<br />

T1, o controle <strong>da</strong> doença situa-se<br />

entre 82 e 94%, sem consi<strong>de</strong>rar<br />

resgate cirúrgico (9,14,17,42) , com<br />

resgate <strong>de</strong> 92 a 96% (9,36) ; subdividindo,<br />

o controle é <strong>de</strong> 92,2 % nos<br />

T1a (11) , entre 55 e 75% nos<br />

T2 (14,28) ; <strong>de</strong> 70 a 90% em lesões<br />

T2a (28,38) ; e entre 50 a 65% nas<br />

T2b (28) . A sobrevi<strong>da</strong> específica em<br />

5 anos para tumores Tis-T2 é <strong>de</strong><br />

78 a 94% (8,11,39) , nos T1 variando<br />

entre 83 e 97% (8,9) , e até 100% (11) .<br />

Defensores <strong>da</strong> radioterapia alegam<br />

que é o tratamento i<strong>de</strong>al para carcinoma<br />

in situ, citando que a taxa<br />

<strong>de</strong> evolução para neoplasia invasiva<br />

é <strong>de</strong> 12,5% (28) , a maioria <strong>de</strong> tais<br />

pacientes irá, eventualmente, preci-<br />

sar <strong>de</strong>ste tratamento, e que o uso<br />

<strong>da</strong> irradiação precocemente implica<br />

em melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong>, se consi<strong>de</strong>rarmos<br />

que repeti<strong>da</strong>s <strong>de</strong>corticações<br />

comprometem a voz. Recomen<strong>da</strong>m<br />

esta terapia nos carcinomas<br />

metacrônicos ou recidivantes,<br />

ou pacientes com risco <strong>de</strong> abandonar<br />

o acompanhamento pós-operatório,<br />

e preconizam este tratamento<br />

inicialmente, por exibir taxa <strong>de</strong><br />

cura semelhante a <strong>da</strong> cirurgia (10) .<br />

Um caso a parte é contra-indicação<br />

relativa <strong>de</strong> um carcinoma<br />

verrucoso, por haver risco <strong>de</strong> uma<br />

indiferenciação do tumor. Isto não<br />

é absoluto: há autores que relatam<br />

remissão completa com radioterapia,<br />

e que este risco po<strong>de</strong> ser<br />

tomado.<br />

2) 2) Cirurgia Cirurgia endoscópica endoscópica –<br />

–<br />

subdividi<strong>da</strong> em: Tipo I (<strong>de</strong>corticação);<br />

Tipo II (cor<strong>de</strong>ctomia); Tipo<br />

III (inclui a comissura anterior até<br />

a cartilagem tireói<strong>de</strong>a, a mucosa <strong>da</strong><br />

região subglótica até a membrana<br />

cricotireoi<strong>de</strong>a); Tipo IV (inclui to<strong>da</strong>s<br />

as estruturas endolaríngeas<br />

até cartilagens tireói<strong>de</strong> e cricói<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong>ndo incluir uma aritenói<strong>de</strong> (30) ).<br />

A maioria dos estudos utiliza o<br />

laser, não obstante <strong>de</strong>vemos lembrar<br />

que o bisturi <strong>de</strong> alta freqüência<br />

é mais vantajoso, pois po<strong>de</strong><br />

“fazer curvas” – o laser precisa estar<br />

perfeitamente alinhado- e permite<br />

palpação do tecido.<br />

A sobrevi<strong>da</strong> em 5 anos para T1/<br />

T2 é <strong>de</strong> 71 a 100% (18,27,29,31,32) , 100%<br />

para Tis, 96% para T1 (32) . A taxa <strong>de</strong><br />

sobrevi<strong>da</strong> para T1a varia entre 94,5<br />

a 100% (19,32) , 86,3 a 96,5% para<br />

T1b (6,23) , e 82,9% a 83% para T2 (6,37) ,<br />

com controle local <strong>de</strong> até 96% para<br />

estes tumores precoces (18) , sendo <strong>de</strong><br />

95% para Tis (27) , 90,5% para T1a (32) ,<br />

86 a 87% para T1 (27,37) , 80,9 a 89%<br />

13


14<br />

para T2, sem diferença entre T2a e<br />

T2b (27,28) . Sabe-se que os locais mais<br />

comuns <strong>de</strong> recidiva são: comissura<br />

anterior, <strong>prega</strong>s <strong>vocal</strong>, subglote, cartilagem<br />

aritenói<strong>de</strong>, supraglote. Por este<br />

motivo, uma gran<strong>de</strong> crítica ao tratamento<br />

endoscópico concerne o comprometimento<br />

<strong>da</strong> comissura anterior,<br />

consi<strong>de</strong>rado pela maioria como<br />

fator <strong>de</strong> mau prognóstico (20) , com<br />

11,2% <strong>de</strong> T1 e 15,4% dos T2 nesta<br />

situação, apresentando recorrência<br />

ou segundo tumor primário em 5<br />

anos (6) . Contradizendo isto, Pearson (26)<br />

mostra taxas <strong>de</strong> cura <strong>de</strong> 100% para<br />

T1 e T2a com envolvimento <strong>de</strong> comissura<br />

anterior. O grupo <strong>de</strong> Shapshay<br />

<strong>de</strong>senvolveu uma técnica combina<strong>da</strong><br />

com cirurgia aberta, removendo<br />

uma janela na cartilagem tireói<strong>de</strong> para<br />

reduzir a recidiva nestes casos (30) .<br />

3) 3) Laringofissura aringofissura com com cor<strong>de</strong>ccor<strong>de</strong>c-<br />

tomia tomia – – – Os estudos citam esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como reserva<strong>da</strong> para falência<br />

<strong>de</strong> radioterapia, quando não há<br />

cirurgia endoscópica disponível, ou<br />

houver dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em expor a laringe<br />

<strong>de</strong>vido à anatomia do paciente. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente <strong>da</strong><br />

boa reconstrução <strong>da</strong> cor<strong>da</strong> <strong>vocal</strong> (geralmente<br />

com a <strong>prega</strong> vestibular).<br />

4) 4) Laringectomia aringectomia parcial parcial vertiverticalcal<br />

(frontal, (frontal, frontolateral, frontolateral, hemilarinhemilarin-<br />

gectomia gectomia) gectomia a maioria dos cirurgiões<br />

opta por estes procedimentos nas<br />

seguintes situações: quando há invasão<br />

<strong>de</strong> comissura anterior, ou quando<br />

há envolvimento <strong>da</strong> aritenói<strong>de</strong>, por<br />

diminuirem a resposta à radioterapia.<br />

Mesmo o carcinoma in situ, quando<br />

comprometer a comissura anterior,<br />

<strong>de</strong>ve ser tratado agressivamente. Embora<br />

alguns estudos <strong>de</strong>monstram sucesso<br />

<strong>de</strong> radioterapia semelhante ao<br />

<strong>da</strong> cirurgia nesta situação, a maioria<br />

indica remoção <strong>de</strong> segmento <strong>da</strong> cartilagem<br />

tireói<strong>de</strong>a.<br />

Deve-se lembrar que invasão <strong>de</strong><br />

vestíbulo laríngeo ou <strong>de</strong> base <strong>da</strong><br />

epiglote representa risco <strong>de</strong> extensão<br />

para o espaço paraglótico ou préepiglótico,<br />

e a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a comissura<br />

posterior carrega risco <strong>de</strong> envolvimento<br />

<strong>da</strong> musculatura interaritenoí<strong>de</strong>a,<br />

uma contra-indicação <strong>da</strong><br />

laringectomia parcial vertical. A cirurgia<br />

aberta apresenta a melhor taxa<br />

<strong>de</strong> controle <strong>da</strong> doença (7) , sendo o<br />

controle local <strong>de</strong> carcinomas glóticos<br />

<strong>de</strong> 100% para Tis, 95% para T1, e<br />

78% para os T2 (1) , posicionando os<br />

resultados para estes tumores <strong>de</strong> T1<br />

a T2 entre 74 e 80% (38) , a taxa <strong>de</strong><br />

cura para T2 glótico é maior do que<br />

nas endoscópicas (15) , sendo que a<br />

taxa <strong>de</strong> recidiva gira em torno <strong>de</strong><br />

14,3% para lesões <strong>de</strong> T1 a T2 (34) , e a<br />

taxa <strong>de</strong> sobrevi<strong>da</strong> para 5 anos, ao<br />

redor <strong>de</strong> 84% (39) .<br />

5) 5) 5) laringectomia laringectomia horizontal<br />

horizontal<br />

supracricoí<strong>de</strong>a supracricoí<strong>de</strong>a – Sua principal indicação<br />

é quando há comprometimento<br />

<strong>de</strong> ambas aritenói<strong>de</strong>s. Eckel (6) sugere<br />

esta cirurgia quando houver envolvimento<br />

<strong>da</strong> comissura anterior, pois a<br />

taxa <strong>de</strong> recidiva é maior nestes casos,<br />

caso sejam tratados endoscopicamente<br />

(15) . Além disso, carcinomas<br />

glóticos T2 tratados inicialmente <strong>de</strong>sta<br />

maneira exibem os melhores índices<br />

<strong>de</strong> cura <strong>de</strong>ntre to<strong>da</strong>s as terapias (14) .<br />

SUBGLOTE<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> técnica, a<br />

sobrevi<strong>da</strong> dos pacientes portando tumores<br />

<strong>da</strong> subglote é ruim, mesmo<br />

em lesões iniciais, <strong>de</strong>vido ao envolvimento<br />

precoce <strong>de</strong> linfonodos paratraqueais.<br />

A indicação cirúrgica po<strong>de</strong><br />

eventualmente ser <strong>de</strong> laringectomia<br />

parcial subglótica, laringectomia subtotal,<br />

ou laringectomia total, com radioterapia<br />

pós-operatória. A taxa <strong>de</strong><br />

sobrevi<strong>da</strong> na laringectomia total é <strong>de</strong><br />

66,7%, e <strong>de</strong> 75% na laringectomia<br />

parcial subglótica.<br />

Comparações Comparações entre entre cirurgia<br />

cirurgia<br />

aberta, aberta, aberta, endoscópica endoscópica endoscópica e e e radioterapia<br />

radioterapia<br />

radioterapia<br />

A maioria dos estudos compara<br />

estas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s para tumores glóticos,<br />

há poucos estudos comparando<br />

os supraglóticos, e nenhum para<br />

subglote. De modo geral, nos carcinomas<br />

glóticos, as laringectomias parciais<br />

li<strong>de</strong>ram as taxas <strong>de</strong> controle local,<br />

a radioterapia é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como<br />

o melhor resultado em preservar a<br />

voz (19) , e a cirurgia endoscópica tem<br />

sido associa<strong>da</strong> a redução <strong>de</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> internação, morbi<strong>da</strong><strong>de</strong>, custos, taxas<br />

<strong>de</strong> controle local razoável e excelentes<br />

opções para reintervenção em<br />

caso <strong>de</strong> recidiva.<br />

Quanto à radioterapia, vários fa-<br />

tores influenciam seus resultados:<br />

embora as taxas <strong>de</strong> complicações mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

e severas sejam inferiores a<br />

2% (21) , o uso <strong>de</strong> radioprotetores afeta<br />

a<strong>de</strong>rência ao tratamento, e diferenças<br />

na técnica como o uso <strong>de</strong> raios<br />

<strong>de</strong> 4 MV ou cobalto, mostrando<br />

taxas <strong>de</strong> cura melhores do que com<br />

o emprego <strong>de</strong> raios <strong>de</strong> 6 MV ou mais;<br />

quanto ao fracionamento, acreditase<br />

que tumores para tecidos <strong>de</strong> resposta<br />

precoce, como carcinoma bem<br />

diferenciado <strong>da</strong> laringe, o i<strong>de</strong>al seria<br />

o hiperfracionamento, porém, os resultados<br />

<strong>de</strong> radioterapia para tumores<br />

precoces são tão bons que seria<br />

preciso amostras bem maiores, para<br />

respon<strong>de</strong>r qual seria a melhor opção<br />

em fracionamento. Ain<strong>da</strong> mais,<br />

<strong>de</strong>vemos ter em mente que, no Brasil,<br />

nem sempre é viável o hiperfracionamento,<br />

por questões técnicas do<br />

equipamento ou socioeconômicas<br />

do paciente. Como consolo, diversos<br />

estudos comparando ortovoltagem<br />

com acelerador linear, e equipamentos<br />

mais simples comparados<br />

com tecnologia <strong>de</strong> ponta, não <strong>de</strong>monstraram<br />

melhoras no prognóstico,<br />

apenas em prevenir complicações<br />

inerentes à radioterapia.<br />

Consi<strong>de</strong>rando tumores iniciais<br />

<strong>da</strong> laringe como um todo, a sobrevi<strong>da</strong><br />

específica em cinco anos<br />

para pacientes tratados com radioterapia<br />

foi <strong>de</strong> 87%, equiparável<br />

aos submetidos à cirurgia, com<br />

77%, sendo que os principais fatores<br />

<strong>de</strong> prognóstico para resposta<br />

à radioterapia são localização<br />

glótica e estadio T1, com sobrevi<strong>da</strong><br />

em cinco anos <strong>de</strong>: 90% e 91%, respectivamente.<br />

O sítio supraglótico<br />

e estadio T2 possuem prognósticos<br />

piores: 79% e 69%, respectivamente<br />

(13) . Além disto, infelizmente,<br />

há falhas no tratamento, as quais<br />

não po<strong>de</strong>m ser previstas. No futuro,<br />

a partir do material <strong>de</strong> biópsia,<br />

será possível mapear marcadores<br />

<strong>de</strong> biologia molecular que irão <strong>de</strong>finir<br />

a radiorresistência ou sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do câncer em um <strong>de</strong>terminado<br />

paciente. No momento, o<br />

médico não <strong>de</strong>ve aguar<strong>da</strong>r até o<br />

término <strong>da</strong> terapia para avaliar se<br />

houve resposta ou não. O paciente<br />

<strong>de</strong>ve ser reexaminado após receber<br />

cerca <strong>de</strong> 2500cGy e, se hão


houve regressão, o tratamento <strong>de</strong>ve<br />

ser <strong>de</strong>scontinuado e outra abor<strong>da</strong>gem<br />

discuti<strong>da</strong>. Sabemos que a<br />

recidiva após radioterapia não constitui<br />

contra-indicação <strong>de</strong> cirurgia<br />

conservadora (28) , mas a taxa <strong>de</strong> cura<br />

cai substancialmente nestes casos<br />

(41) . Mostramos antes que alguns<br />

fatores do tumor (invasão <strong>de</strong><br />

comissura anterior, alteração <strong>de</strong><br />

mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>prega</strong> <strong>vocal</strong>) afetam o<br />

prognóstico. De interesse, quando,<br />

ao invés <strong>de</strong> comparar o estadiamento,<br />

os pacientes são agrupados<br />

sob indicação cirúrgica - pacientes<br />

com lesões cuja indicação<br />

cirúrgica seria hemi ou laringectomia<br />

total, os resultados equiparam-se<br />

aos <strong>de</strong> cirurgia.<br />

A maioria dos estudos cita que<br />

a radioterapia produz melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>vocal</strong> em tumores glóticos<br />

quando compara<strong>da</strong> à cirurgia (22) ,<br />

porém, com o ganho <strong>de</strong> experiência,<br />

diversos autores, recentemente,<br />

vêm relatando o contrário, principalmente<br />

em tumores T1a ressecados<br />

endoscopicamente (40) .<br />

Consi<strong>de</strong>rando a cirurgia endoscópica,<br />

não há dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> que a utilização<br />

do laser ou bisturi <strong>de</strong> alta<br />

freqüência é benéfica em reduzir<br />

tempo cirúrgico, morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> e complicações,<br />

inclusive aumentando taxas<br />

<strong>de</strong> cura. Praticamente todos os<br />

estudos consi<strong>de</strong>ram resultados apenas<br />

<strong>de</strong> tratamento endoscópico<br />

com laser, nunca a frio. Na questão<br />

envolvendo custo e tempo gasto, a<br />

cirurgia endoscópica é muito mais<br />

vantajosa do que a radioterapia (35) .<br />

Em estudo analisando cirurgia endoscópica<br />

versus radioterapia, para<br />

tumores iniciais <strong>de</strong> glote, Cragle<br />

mostra que as taxas <strong>de</strong> cura são<br />

equivalentes; a satisfação com a<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong> é semelhante; e o<br />

custo do tratamento endoscópico<br />

é menor do que o <strong>da</strong> radioterapia<br />

(2) . Outros mostram que a taxa<br />

<strong>de</strong> cura endoscópica é igual a <strong>da</strong><br />

radioterapia para T1 e melhor para<br />

T2 (4,6) . A associação <strong>da</strong> cirurgia<br />

endoscópica com radioterapia tem<br />

como vantagem, em relação a cirurgia<br />

aberta, uma menor taxa <strong>de</strong> complicações<br />

e tempo <strong>de</strong> internação (3) .<br />

Comparando a cirurgia endoscópica<br />

e a aberta, um fator impor-<br />

tante na <strong>de</strong>cisão é que a endoscópica<br />

dispensa a traqueostomia,<br />

embora dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnica, <strong>de</strong> exposição<br />

ou indisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material<br />

especifico igualmente exercem<br />

influencia na sua escolha. Em serviços<br />

que não utilizam a técnica <strong>da</strong><br />

janela anterior <strong>de</strong> Shapshay, em pacientes<br />

com comprometimento <strong>de</strong><br />

comissura anterior a preferência é<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> para cirurgia convencional (15) .<br />

A maioria dos pacientes conserva a<br />

função fonatória e retorna a uma<br />

dieta normal <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns dias,<br />

em tempo menor do que após cirurgia<br />

convencional, com período <strong>de</strong><br />

internação menor, e por interferir<br />

menos em tecidos sadios, sua<br />

morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> também ten<strong>de</strong> a ser consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

reduzi<strong>da</strong>. É importante<br />

sublinhar que alguns estudos chegam<br />

a consi<strong>de</strong>rar a taxa <strong>de</strong> cura para<br />

T1 como melhor ou igual a <strong>da</strong><br />

laringectomia parcial vertical (15) .<br />

A taxa <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> órgãos<br />

após recidiva <strong>da</strong> endoscópica é <strong>de</strong><br />

45,7% nos pacientes apresentando<br />

recidiva. A taxa <strong>de</strong> recidiva para T1<br />

gira em torno <strong>de</strong> 11,2%, e chega a<br />

26% quando não se utiliza o laser,<br />

sendo que, em 10 anos sobe para<br />

35%, e é <strong>de</strong> 14% para lesões T2<br />

(diferença não estatisticamente significante<br />

em relação a T1) (19) . No entanto,<br />

diante <strong>de</strong> uma recidiva, há mais<br />

opções <strong>de</strong> tratamento após a cirurgia<br />

endoscópica do que quando o<br />

tratamento inicial foi cirurgia aberta ou<br />

radioterapia (4,6) .<br />

Devemos lembrar que um levantamento<br />

<strong>de</strong> metanálise feito<br />

pelo instituto Cochrane não pô<strong>de</strong><br />

parear os trabalhos <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>,<br />

e a comparação consi<strong>de</strong>rando<br />

sobrevi<strong>da</strong>, taxa <strong>de</strong> cura e<br />

recidiva entre cirurgia e radioterapia<br />

não foi conclusiva (5) . A revisão<br />

<strong>de</strong> literatura indica que o controle<br />

local, preservação laríngea, e taxas<br />

<strong>de</strong> sobrevi<strong>da</strong> são semelhantes<br />

apos ressecção transoral, laringectomia<br />

parcial aberta, e radioterapia.<br />

A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>vocal</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> extensão<br />

<strong>da</strong> ressecção para pacientes<br />

submetidos à cirurgia, e que os<br />

resultados <strong>de</strong> pacientes submetidos<br />

à cirurgia endoscópica são<br />

comparáveis aos <strong>de</strong> pacientes<br />

recebendo radioterapia, mas la-<br />

ringectomias parciais apresentam<br />

resultados discretamente piores (22,31) ,<br />

exceto quando a comissura anterior<br />

estiver envolvi<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> são melhores.<br />

A maioria dos autores reserva<br />

a cirurgia aberta para pacientes<br />

que comportam lesões<br />

ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para ressecção endoscópica<br />

ou radioterapia, contraindicações<br />

para estas terapias, ou<br />

ain<strong>da</strong> tumores recidivados (21) .<br />

Como normalmente estas cirurgias<br />

são indica<strong>da</strong>s para tumores maiores,<br />

fica difícil parear seus resultados<br />

funcionais aos <strong>de</strong> outras mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

terapêuticas.<br />

A maior parte dos estudos mostra<br />

uma tendência a haver maior taxa<br />

<strong>de</strong> recorrência após radioterapia primária<br />

(<strong>de</strong> até 27%) em relação à cirurgia<br />

(12%), e que a voz é mais<br />

bem preserva<strong>da</strong> com cirurgia (83%)<br />

do que com radioterapia (72%) (33) .<br />

Todos os especialistas, li<strong>da</strong>ndo<br />

com o tratamento <strong>de</strong> carcinoma glótico,<br />

<strong>de</strong>veriam ser capazes <strong>de</strong> colocar<br />

a disposição <strong>de</strong> seus pacientes qualquer<br />

uma <strong>de</strong>stas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s e li<strong>da</strong>r<br />

especificamente com ca<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e preferência individual <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> paciente (7) , e acompanhar, subseqüentemente,<br />

para <strong>de</strong>tectar recidivas<br />

ou novos tumores, além <strong>de</strong> saber<br />

que a taxa <strong>de</strong> segundo tumor<br />

primário atinge 19% a 30% em 10<br />

anos (8,12,31) para glote e 25 % em<br />

supraglote (12) .<br />

Progressos mais significativos<br />

referentes a prognóstico e terapias<br />

conservadoras só po<strong>de</strong>rão ser feitos<br />

com o aprofun<strong>da</strong>mento em biologia<br />

molecular do tumor (24) : no<br />

futuro, po<strong>de</strong>remos prever, <strong>de</strong> acordo<br />

com o estudo do tecido removido<br />

em biópsia, se o tumor será<br />

radiossensível, se seu grau <strong>de</strong> invasão<br />

linfática e metastatização<br />

são pequenos, permitindo restringir<br />

o tratamento a uma área menor,<br />

etc. Finalmente, como os, resultados<br />

são equiparáveis no estadios<br />

iniciais <strong>de</strong> tumores glóticos,<br />

um esforço maior <strong>de</strong>ve ser em<strong>prega</strong>do<br />

em selecionar cui<strong>da</strong>dosamente<br />

o paciente para <strong>de</strong>stiná-lo às <strong>de</strong>ferentes<br />

estratégias, com o objetivo<br />

principal <strong>de</strong> curar o paciente, e<br />

na medi<strong>da</strong> do possível, preservar<br />

forma e função laríngea (16) .<br />

15


16<br />

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Dia Mundial <strong>da</strong> Voz<br />

2° Dia Mundial <strong>da</strong> Voz<br />

A Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Laringologia<br />

e Voz (ABLV), com o apoio <strong>da</strong><br />

SBORL, promoveu no dia 16 <strong>de</strong> abril,<br />

a 6° Campanha Nacional <strong>da</strong> Voz e o<br />

2° Dia Mundial <strong>da</strong> Voz. Com o slogan<br />

“Ouça a Voz <strong>da</strong> Experiência. Cui<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua Voz”, mais <strong>de</strong> 3000 profissionais,<br />

entre médicos otorrinolaringologistas,<br />

fonoaudiólogos e outros, se envolveram<br />

com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> campanha.<br />

O ator Lima Duarte, um dos mais respeitados<br />

na sua profissão, foi o nome<br />

escolhido para divulgar a campanha<br />

por todo o Brasil. O mecanismo <strong>de</strong><br />

divulgação adotado foi a mídia, através<br />

<strong>da</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong> ABLV e<br />

<strong>da</strong> distribuição <strong>de</strong> panfletos e cartazes.<br />

A campanha ganhou espaço em<br />

todo o território nacional. Foram realiza<strong>da</strong>s<br />

palestras, mesas redon<strong>da</strong>s,<br />

fóruns <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates, distribuição <strong>de</strong> panfletos<br />

e orientação à população, nos<br />

principais centros hospitalares e outros<br />

pontos estratégicos, como praças, terminais<br />

<strong>de</strong> ônibus e shoppings. Em<br />

muitos locais, houve apresentações <strong>de</strong><br />

corais, grupos <strong>de</strong> teatros, concertos e<br />

shows. Algumas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s organizaram<br />

atendimento à população. O evento<br />

lembrou a população que a voz é uma<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental para a comunicação<br />

inter-pessoal, alertando para as<br />

doenças que a atingem e como preveni-las.<br />

O povo brasileiro se assustou<br />

ao saber que nosso país é o segundo<br />

em número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong><br />

laringe, ficando atrás somente <strong>da</strong> Espanha.<br />

Uma vice-colocação como esta<br />

não traz nenhum orgulho à nação, pelo<br />

contrário, mostra-nos que ain<strong>da</strong> há<br />

muito trabalho pela frente.<br />

O objetivo maior do evento foi atingir<br />

as mídias jornalísticas, eletrônica, rádio<br />

e TV, uma vez que configurou uma campanha<br />

<strong>de</strong> conscientização, estrutura<strong>da</strong><br />

para durar um único dia, sem a realização<br />

<strong>de</strong> atendimentos. O resultado superou<br />

as expectativas <strong>de</strong> todos, com inserções<br />

em inúmeros veículos, com <strong>de</strong>staque<br />

para o Jornal Nacional <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Globo,<br />

TV Ban<strong>de</strong>irantes e Revistas Caras.<br />

Para a divulgação no rádio, foi produzi<strong>da</strong><br />

uma vinheta pelo locutor Ferreira<br />

Martins. Possuidor <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s vozes<br />

mais requisita<strong>da</strong>s para comerciais <strong>de</strong><br />

rádio e tv, Sr. Martins ce<strong>de</strong>u graciosamente<br />

seu gran<strong>de</strong> dom para esta gravação.<br />

A vinheta foi disponibiliza<strong>da</strong> na<br />

internet e veicula<strong>da</strong> em inúmeras rádios,<br />

principalmente na CBN por vários<br />

momentos ao longo do dia 16 <strong>de</strong> abril.<br />

A campanha contabilizou recor<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> retorno <strong>da</strong> imprensa, com 74 inserções<br />

na mídia eletrônica (sites e e-news),<br />

87 inserções na mídia impressa (jornais<br />

e revistas), 46 entrevistas em emissoras<br />

<strong>de</strong> rádio e 16 reportagens em emissoras<br />

<strong>de</strong> TV. Vale notar que esta é uma<br />

estimativa através dos contatos realizados<br />

pela assessoria <strong>de</strong> imprensa, mas<br />

espera-se que exista um número 25%<br />

maior, através <strong>de</strong> contatos diretos dos<br />

representantes regionais com os veículos<br />

locais. Difícil foi alguém não ter ouvido<br />

falar no Dia Mundial <strong>da</strong> Voz.<br />

Gran<strong>de</strong>s comemorações ocorreram<br />

na capital fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> foram montados<br />

estan<strong>de</strong>s para esclarecimento à<br />

população num importante shopping<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em Cuiabá, houve um gran<strong>de</strong><br />

show no principal parque <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Em Porto Alegre, Novo Hamburgo e<br />

Gravataí foram organiza<strong>da</strong>s palestras<br />

abertas ao público. Nas gran<strong>de</strong>s capitais<br />

João Pessoa, Fortaleza, Maceió e<br />

Natal, foram organizados eventos em<br />

shoppings <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, pontos <strong>de</strong> ônibus<br />

e outros pontos estratégicos, além<br />

<strong>de</strong> palestras em escolas públicas e priva<strong>da</strong>s,<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s comemorativas e educativas.<br />

Em Florianópolis, foram distribuí<strong>da</strong>s<br />

cinco mil maçãs à população, iniciativa<br />

<strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s maiores empresas <strong>de</strong><br />

call center local. Em Belém, além <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> orientação junto a<br />

400 professores <strong>da</strong> re<strong>de</strong> pública municipal,<br />

a coor<strong>de</strong>nação local contratou<br />

estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> teatro para fazer per-<br />

formances nos hospitais <strong>da</strong> capital paraense.<br />

Em Vitória e Vila Velha – ES, Juiz<br />

<strong>de</strong> Fora – MG e Salvador – BA foram<br />

realizados mutirões <strong>de</strong> atendimento,<br />

com realização <strong>de</strong> triagens vocais e<br />

laringoscopias. Na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo,<br />

houve realização <strong>de</strong> palestras nos principais<br />

centros hospitalares <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

nos 14 Centros Educacionais Unificados,<br />

os CEUs <strong>da</strong> Prefeitura, espalhados por<br />

to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Houve uma gran<strong>de</strong> cerimônia<br />

<strong>de</strong> encerramento <strong>da</strong> campanha<br />

na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Universitária - USP, com apresentação<br />

do Coralusp. Muitos municípios<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo participaram<br />

<strong>da</strong> campanha com palestras e<br />

panfletagem. Em Campinas, Botucatu,<br />

Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte e Ribeirão Preto<br />

houve atendimento à população.<br />

“Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer o valioso<br />

apoio e empenho <strong>de</strong> todos.<br />

Acreditamos que sem este, certamente<br />

não teríamos conseguido o êxito<br />

esperado”, comenta Dr. Domingos<br />

Tsuji, presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> ABLV.<br />

Além <strong>da</strong>s ações realiza<strong>da</strong>s nos quatro<br />

cantos do Brasil, houve menção à<br />

campanha em países como EUA, Espanha,<br />

Portugal, Bélgica, Suíça, Itália, Argentina,<br />

Chile, Venezuela e Panamá,<br />

entre outros. Todos a<strong>de</strong>riram à causa<br />

brasileira e fizeram suas ações <strong>de</strong> alerta<br />

à população no Dia Mundial <strong>da</strong> Voz.<br />

A campanha <strong>de</strong> 2005 promete<br />

gran<strong>de</strong> repercussão, com atendimento<br />

à população em todo o país e coleta<br />

<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos para estudos <strong>de</strong> prevalência<br />

<strong>da</strong>s principais afecções laríngeas em<br />

nosso meio. A ABLV já iniciou os trabalhos<br />

e avaliação <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> captação<br />

<strong>de</strong> recursos, para fazer do 3° Dia Mundial<br />

<strong>da</strong> Voz um evento <strong>de</strong> peso para a<br />

Otorrinolaringologia brasileira.<br />

17


18<br />

Aconteceu<br />

Goiânia recebe curso itinerante <strong>da</strong> Laringologia e Voz<br />

Nos dias 28 e 29 <strong>de</strong> maio, Goiânia<br />

recebeu o curso itinerante <strong>de</strong><br />

Laringologia e Voz estruturado pela<br />

Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Laringologia e<br />

Voz (ABLV). Os professores convi<strong>da</strong>dos<br />

para ministrar o curso foram o<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> ABLV, Domingos Tsuji,<br />

e a editora <strong>da</strong> Revista Vox Brasilis, Patrícia<br />

Santoro.<br />

A organização do curso foi realiza<strong>da</strong><br />

pelo otorrinolaringologista Edson<br />

Luiz Costa Monteiro, representante<br />

goiano <strong>da</strong> ABLV, e contou com<br />

o apoio <strong>de</strong> João Batista Ferreira e<br />

João Ribeiro <strong>de</strong> Moura. Participaram<br />

do evento 55 profissionais <strong>da</strong> ORL<br />

<strong>de</strong> Goiás.<br />

O objetivo do curso foi oferecer<br />

aprimoramento e educação continua<strong>da</strong><br />

em Laringologia e Voz, além <strong>de</strong><br />

informações atualiza<strong>da</strong>s para os pro-<br />

Membros <strong>da</strong> ABLV participaram,<br />

com seus próprios recursos, e representaram<br />

a Laringologia brasileira no<br />

XXXV Conventus ORL Latina 2004, <strong>da</strong><br />

Societas Oto-Rhino-Laryngologica<br />

Latina. O congresso aconteceu em<br />

Estoril, estância turística <strong>de</strong> Portugal,<br />

<strong>de</strong> 22 a 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004. Estiveram<br />

presentes Paulo Pontes (ex-presi<strong>de</strong>nte),<br />

Domingos Tsuji (atual presi<strong>de</strong>nte),<br />

Paulo Perazzo (secretário),<br />

Rui Imamura (secretário adjunto) e<br />

fissionais <strong>da</strong> região Centro-Oeste.<br />

De acordo com Edson Monteiro,<br />

o curso foi importante porque<br />

“esse tipo <strong>de</strong> intercâmbio aju<strong>da</strong> no<br />

acesso às novas informações”. “A<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aulas foi muito boa.<br />

E a economia que fazemos, po<strong>de</strong>ndo<br />

realizar o curso aqui sem<br />

ter <strong>de</strong> ir a São Paulo, também é<br />

muito compensatória”.<br />

Os principais temas abor<strong>da</strong>dos<br />

foram: anatomia e fisiologia <strong>da</strong> laringe,<br />

métodos <strong>de</strong> avaliação<br />

diagnóstica, doenças benignas <strong>da</strong><br />

laringe, papilomatose laríngea, <strong>paralisia</strong>s<br />

laríngeas, medicamento em<br />

laringologia e voz, disfonias funcionais<br />

e fonocirurgia, entre outros.<br />

Houve ain<strong>da</strong> uma sessão <strong>de</strong> discussão<br />

<strong>de</strong> casos trazidos pelos participantes<br />

do curso.<br />

Curso Itinerante <strong>de</strong> Manaus<br />

Nos dias 26 e 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

2004, Manaus recebeu o Curso<br />

Itinerante <strong>da</strong> Laringologia e Voz. Uma<br />

iniciativa <strong>da</strong> ABLV, juntamente com a<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Amazonense <strong>de</strong> Otorrinolaringologia,<br />

o evento reuniu 15<br />

especialistas locais. O responsável<br />

pela organização foi o otorrinolaringologista<br />

João Luiz Cabral Figueire-<br />

Otorrinolaringologista Otorrinolaringologista <strong>de</strong> <strong>de</strong> Manaus<br />

Manaus<br />

prestigiam prestigiam curso curso itinerante<br />

itinerante<br />

ABLV em Portugal<br />

Antônio Maciel <strong>da</strong> Silva (conselho fiscal).<br />

O congresso contou com uma<br />

programação intensa sobre Otorrinolaringologia<br />

geral. Em relação à<br />

Laringologia e Voz, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> ênfase<br />

para a Fonomicrocirurgia, além <strong>da</strong>s<br />

últimas novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s referentes a diagnóstico<br />

e intervenção em papilomatose<br />

laríngea, refluxo gastroesofágico<br />

e laringotraqueal, entre outros<br />

temas, e discussão <strong>de</strong> pontos polêmicos<br />

e protocolos <strong>de</strong> atuação na área.<br />

Participantes Participantes do do Curso Curso Itinerante Itinerante <strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia Goiânia – – GO GO<br />

GO<br />

Da Da esquer<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para para a a direita: direita: João João Ribeiro Ribeiro Ribeiro <strong>de</strong> <strong>de</strong> Moura, Moura,<br />

Moura,<br />

João João Batista Batista Ferreira, Ferreira, Ferreira, Patrícia Patrícia Patrícia Santoro, Santoro, Domingos<br />

Domingos<br />

Tsuji suji e e Edson Edson Monteiro<br />

Monteiro<br />

do. O curso foi ministrado pelos<br />

membros <strong>da</strong> diretoria <strong>da</strong> ABLV, Domingos<br />

Tsuji (presi<strong>de</strong>nte) e Paulo<br />

Perazzo (secretário), e dividido em<br />

parte teórica e prática, com realização<br />

<strong>de</strong> cirurgias ao vivo, com transmissão<br />

simultânea. “Para a gente que<br />

mora longe fica difícil viajar para fazer<br />

estes cursos. Agra<strong>de</strong>cemos muito<br />

à iniciativa <strong>da</strong> ABLV e queremos<br />

mais!”, comenta João Luiz.<br />

Da Da esquer<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para para a a direita: direita: Paulo Paulo Pontes, Pontes,<br />

Pontes,<br />

Paulo Paulo Perazzo, Perazzo, Antônio Antônio Maciel, Maciel,<br />

Maciel,<br />

Domingos omingos T TTsuji<br />

T suji e e Rui Rui Imamura.<br />

Imamura.


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19


20<br />

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