30.05.2013 Views

CAPÍTULO III Sequência ou sucessão numérica - Dia de Matemática

CAPÍTULO III Sequência ou sucessão numérica - Dia de Matemática

CAPÍTULO III Sequência ou sucessão numérica - Dia de Matemática

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1. Definição<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 49<br />

<strong>CAPÍTULO</strong> <strong>III</strong><br />

<strong>Sequência</strong> <strong>ou</strong> <strong>sucessão</strong> <strong>numérica</strong><br />

Uma sequência po<strong>de</strong> ser pensada como uma lista <strong>de</strong> números escritos em uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida:<br />

a1, a2, a3, a4, ..., an, ...<br />

O número a1 é chamado primeiro termo, a2 é o segundo termo e, em geral, an é o n-ésimo<br />

termo. Po<strong>de</strong>mos lidar exclusivamente com sequências infinitas e, assim, cada an terá um sucessor an + 1.<br />

Note que, para cada inteiro positivo n, existe um número correspon<strong>de</strong>nte an e, <strong>de</strong>ssa forma, uma<br />

sequência po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como uma função cujo domínio é o conjunto dos inteiros positivos. Mas<br />

geralmente escrevemos an em vez da notação <strong>de</strong> função f(n) para o valor da função no número n.<br />

NOTAÇÃO: A sequência {a1, a2, a3, ...} é também <strong>de</strong>notada por:<br />

{an} <strong>ou</strong> { a }<br />

∞<br />

n n = 1<br />

Vejamos alguns exemplos:<br />

Exemplo 1: Algumas sequências po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas dando uma fórmula para o n-ésimo termo. Nos<br />

exemplos a seguir, damos três <strong>de</strong>scrições da sequência: uma usando a notação anterior, <strong>ou</strong>tra<br />

empregando a fórmula da <strong>de</strong>finição e uma terceira escrevendo os termos da sequência. Note que<br />

n não precisa começar em 1.<br />

a)<br />

b)<br />

⎧ n ⎫<br />

⎨ ⎬<br />

⎩n + 1⎭<br />

∞<br />

n = 1<br />

n<br />

⎧( −1)<br />

(n + 1) ⎫<br />

⎨ n ⎬<br />

⎩ 3 ⎭<br />

∞<br />

n = 1<br />

n<br />

a n =<br />

n + 1<br />

n<br />

( 1) (n + 1)<br />

n n<br />

a =<br />

−<br />

3<br />

⎧1 2 3 4 n ⎫<br />

⎨ , , , , ..., , ... ⎬<br />

⎩2 3 4 5 n + 1 ⎭<br />

n<br />

⎧ 2 3 4 5 ( −1)<br />

(n + 1) ⎫<br />

⎨− , , − , , ..., , ...<br />

n ⎬<br />

⎩ 3 9 27 81 3 ⎭<br />

c) { n 3} n = 3<br />

∞<br />

− a n = n − 3, n ≥ 3<br />

{ 0, 1, 2, 3, ..., n − 3, ... }<br />

d)<br />

⎧ nπ ⎫<br />

⎨cos ⎬<br />

⎩ 6 ⎭<br />

∞<br />

n = 0<br />

nπ<br />

a n = cos , n ≥ 0<br />

6<br />

⎧⎪ 3 1 nπ ⎫⎪<br />

⎨1, , , 0, ..., cos , ... ⎬<br />

⎪⎩ 2 2 6 ⎪⎭


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 50<br />

Exemplo 2: Ache uma fórmula para o termo geral an da sequência<br />

assumindo que o padrão dos primeiros termos continue.<br />

Resolução:<br />

Nos é dado que: a1 = 3<br />

5 a2 =<br />

4<br />

− a3 =<br />

25<br />

5<br />

125 a4 =<br />

⎧3 4 5 6 7 ⎫<br />

⎨ , − , , − , , ... ⎬<br />

⎩5 25 125 625 3 125 ⎭<br />

6<br />

− a5 =<br />

625<br />

7<br />

3 125<br />

Observe que os numeradores <strong>de</strong>ssas frações começam com 3 e são incrementados por 1 à medida<br />

que avançamos para o próximo termo. O segundo termo tem numerador 4; o terceiro, numerador 5;<br />

generalizando, o n-ésimo termo terá numerador n + 2. Os <strong>de</strong>nominadores são potências <strong>de</strong> 5, logo an<br />

tem <strong>de</strong>nominador 5 n . Os sinais dos termos alternam entre positivo e negativo, assim precisamos<br />

multiplicar por uma potência <strong>de</strong> –1.<br />

No exemplo 1(b) o fator (–1) n significa que começamos com um termo negativo. Neste exemplo,<br />

queremos começar com um termo positivo e assim usamos (–1) n – 1 <strong>ou</strong> (–1) n + 1 . Portanto,<br />

a = ( − 1)<br />

n + 2<br />

5<br />

n−1 n n<br />

Exemplo 3: Vejamos algumas sequências que não tem uma equação <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição simples.<br />

a) A sequência {pn}, on<strong>de</strong> pn é a população do mundo no dia 1º <strong>de</strong> janeiro do ano n.<br />

b) Se fizermos an ser o dígito da n-ésima cada <strong>de</strong>cimal do e, então {na} é uma sequência bem<br />

<strong>de</strong>finida cujos primeiros termos são {7, 1, 8, 2, 8, 1, 8, 2, 8, 4, 5, ...}<br />

c) A sequência <strong>de</strong> Fibonacci {fn} é <strong>de</strong>finida recursivamente pelas condições: f1 = 1, f2 = 1,<br />

fn = fn – 1 + fn – 2, com n ≥ 3. Cada termo é a soma dos dois termos prece<strong>de</strong>ntes. Os primeiros termos<br />

são: {1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ...}<br />

Essa sequência surgiu quando o matemático italiano conhecido como Fibonacci resolveu, no<br />

século X<strong>III</strong>, um problema envolvendo a reprodução <strong>de</strong> coelhos.<br />

Quando a sequência não possuir lei <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong>nota-se por sequência “randômica”<br />

(aleatório).


2. Limite <strong>de</strong> uma sequência<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 51<br />

O limite <strong>de</strong> uma sequência é um dos conceitos mais antigos <strong>de</strong> análise matemática. A mesma dá<br />

uma <strong>de</strong>finição rigorosa à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma sequência que converge até um ponto chamado limite. De forma<br />

intuitiva, supondo que se tem uma sequência <strong>de</strong> pontos (por exemplo, um conjunto infinito <strong>de</strong> pontos<br />

numerados utilizando os números naturais) em algum tipo <strong>de</strong> objeto matemático (por exemplo,<br />

os números reais <strong>ou</strong> um espaço vetorial) que admite o conceito <strong>de</strong> vizinhança (no sentido <strong>de</strong> “todos os<br />

pontos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma certa distância <strong>de</strong> um dado ponto fixo”). Um ponto L é o limite da sequência se<br />

para toda a vizinhança que se <strong>de</strong>fina, todos os pontos da sequência (com a possível exceção <strong>de</strong> um<br />

número finito <strong>de</strong> pontos) estão próximos a L. Isto po<strong>de</strong> ser interpretado como se h<strong>ou</strong>vesse um conjunto<br />

<strong>de</strong> esferas <strong>de</strong> tamanhos <strong>de</strong>crescentes até zero, todas centradas em L, e para qualquer <strong>de</strong>stas esferas, só<br />

existiria um número finito <strong>de</strong> números fora <strong>de</strong>la.<br />

n<br />

A sequência a n = po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senhada plotando-se seus termos em uma reta, como na<br />

n + 1<br />

figura 1, <strong>ou</strong> plotando-se seu gráfico, como na figura 2. Note que, como uma sequência é uma função<br />

cujo domínio é o conjunto dos inteiros positivos, seu gráfico consiste em pontos isolados com<br />

coor<strong>de</strong>nadas:<br />

(1, a1) (2, a2) (3, a3) ... (n, an) ...<br />

Figura 1 – Plotagem dos termos <strong>de</strong> uma sequência em uma reta<br />

Figura 1 – Plotagem dos termos <strong>de</strong> uma sequência no plano cartesiano


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 52<br />

n<br />

Observando as figuras 1 e 2, é possível notar que os termos da sequência a n = estão ser<br />

n + 1<br />

aproximando <strong>de</strong> 1 quando n se torna gran<strong>de</strong>. De fato, a diferença:<br />

n<br />

n + 1<br />

n + 1 1 1<br />

= − = 1− n + 1 n + 1 n + 1<br />

po<strong>de</strong> ser tão pequena quanto se <strong>de</strong>sejar tomando-se n suficientemente gran<strong>de</strong>. Indicamos isso<br />

escrevendo:<br />

n<br />

lim = 1<br />

n→∞<br />

n + 1<br />

Em geral, a notação lim a n = L , significa que os termos da sequência {an} aproxima-se <strong>de</strong> L<br />

n→∞<br />

quando n torna-se gran<strong>de</strong>. Note que a seguinte <strong>de</strong>finição precisa do limite <strong>de</strong> uma sequência é muito<br />

parecida com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um limite <strong>de</strong> uma função no infinito.<br />

Definição 1: Uma sequência {an} tem o limite L e escrevemos<br />

lim a = L<br />

n→∞<br />

n<br />

<strong>ou</strong> n<br />

a → L quando n<br />

→ ∞<br />

se po<strong>de</strong>mos fazer os termos an tão perto <strong>de</strong> L quanto se queira ao se fazer n suficientemente gran<strong>de</strong>. Se<br />

lim a<br />

n→∞<br />

n<br />

existir, dizemos que a sequência converge (<strong>ou</strong> é convergente). Caso contrário, dizemos que a<br />

sequência diverge (<strong>ou</strong> é divergente).<br />

A figura 3 ilustra a <strong>de</strong>finição 1 mostrando os gráficos <strong>de</strong> duas sequências que têm limite L.<br />

Figura 3. Gráfico <strong>de</strong> duas sequências com lim a n<br />

= L<br />

n→∞


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 53<br />

Uma versão mais precisa da <strong>de</strong>finição 1 é a seguinte:<br />

Definição 2: Uma sequência {an} tem o limite L e escrevemos<br />

lim a = L<br />

n→∞<br />

n<br />

<strong>ou</strong> n<br />

a → L quando n<br />

→ ∞<br />

se para cada ε > 0 existir um correspon<strong>de</strong>nte inteiro N tal que<br />

a n − L < ε sempre que n > N.<br />

A <strong>de</strong>finição 2 é ilustrada pela figura 4, na qual os termos a1, a2, a3, ... são plotados em uma reta.<br />

Não importa quão pequeno um intervalo (L – ε , L + ε ) seja escolhido, existe um N tal que todos os<br />

termos da sequência <strong>de</strong> aN + 1 em diante <strong>de</strong>vem estar naquele intervalo.<br />

Figura 4. Definição 2<br />

Outra ilustração da <strong>de</strong>finição 2 é dada na figura 5. Os pontos no gráfico <strong>de</strong> {an} <strong>de</strong>vem estar entre<br />

as retas horizontais y = L + ε e y = L – ε se n > N. Esse <strong>de</strong>senho <strong>de</strong>ve ser válido não importa quão<br />

pequeno ε seja escolhido, mas geralmente ε menor requer N maior.<br />

Figura 5. Definição 2<br />

Se an se tornar gran<strong>de</strong> n se tornar gran<strong>de</strong>, usaremos a notação lim a n = ∞ . Temos:<br />

Definição: n<br />

n→∞<br />

lim a =<br />

sempre que n > M.<br />

Se n<br />

n→∞<br />

n→∞<br />

∞ significa que para cada número positivo M existe um inteiro N tal que an > N<br />

lim a = ∞ , então a sequência {an} é divergente. Dizemos que {an} diverge para ∞ .


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 54<br />

3. Proprieda<strong>de</strong>s sobre limites <strong>de</strong> sequência<br />

Se {an} e {bn} forem sequências convergentes e c for uma constante, então:<br />

( )<br />

lim a ± b = lim a ± lim b<br />

lim ca n = ci lim a n<br />

n n n n<br />

n→∞ n→∞ n→∞<br />

lim c = c<br />

n→∞<br />

a<br />

lim a<br />

n<br />

n n→∞<br />

lim =<br />

n→∞<br />

bn lim bn<br />

n→∞<br />

n→∞ n→∞<br />

( )<br />

lim a b = lim a i lim b<br />

n n n n<br />

n→∞ n→∞ n→∞<br />

( n )<br />

p<br />

lim a = lim a<br />

n→∞ n n→∞<br />

O Teorema do Confronto também po<strong>de</strong> ser adaptado para sequências.<br />

Se an ≤ bn ≤ cn para n ≥ n0 e lim a n = lim b n = L , então lim b n = L .<br />

n→∞ n→∞<br />

n→∞<br />

Figura 6. Teorema do Confronto<br />

As sequências {bn} está entre as sequências {an} e {cn}.<br />

Outro fato útil sobre limites <strong>de</strong> sequências é dado pelo seguinte teorema.<br />

lim a = 0, então lim a = 0<br />

n n<br />

n→∞ n→∞<br />

Vejamos alguns exemplos:<br />

p<br />

se p > 0 e an > 0


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 55<br />

n<br />

Exemplo 1: Verifique se a sequência a n = é convergente <strong>ou</strong> divergente. Se ela convergir,<br />

n + 1<br />

encontre o limite.<br />

Resolução: Dividimos o numerador e o <strong>de</strong>nominador pela maior potência <strong>de</strong> n e usando as<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos limites temos:<br />

n 1 lim1<br />

n→∞<br />

lim an = lim = lim =<br />

=<br />

n→∞<br />

n + 1 n→∞<br />

1<br />

1<br />

1 + lim1 + lim<br />

n n→∞ n→∞<br />

n<br />

1<br />

= 1<br />

1 + 0<br />

n<br />

Portanto, a sequência a n = é convergente e converge para 1.<br />

n + 1<br />

Exemplo 2: Verifique se a sequência<br />

convergir, encontre o limite.<br />

2<br />

3n − n − 2<br />

n 2<br />

a = 8n + 4n + 1<br />

é convergente <strong>ou</strong> divergente. Se ela<br />

Resolução: Dividimos o numerador e o <strong>de</strong>nominador pela maior potência <strong>de</strong> n e usando as<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos limites temos:<br />

lim an =<br />

= 3 0 0<br />

− −<br />

8 + 0 + 0<br />

2<br />

3n − n − 2<br />

lim<br />

n→∞<br />

2<br />

8n + 4n + 1<br />

= 3<br />

8<br />

Portanto, a sequência<br />

=<br />

lim<br />

⎛ 1 2 ⎞<br />

1 2<br />

⎜ ⎟ lim 3− lim − lim<br />

⎝ ⎠ n→∞ n→∞ n<br />

2<br />

=<br />

n →∞ n<br />

⎛ 4 1 ⎞<br />

4 1<br />

lim8 + lim + lim 2<br />

⎝ n n n→∞ n→∞ n<br />

⎠<br />

n →∞ n<br />

2<br />

n 3 − − 2<br />

n n<br />

n→∞<br />

2<br />

n ⎜8 + + 2 ⎟<br />

2<br />

3n − n − 2<br />

n 2<br />

a = 8n + 4n + 1<br />

Exemplo 3: Verifique se a sequência<br />

convergir, encontre o limite.<br />

é convergente e converge para 3<br />

8 .<br />

3<br />

4n + 2n 2<br />

n 2<br />

−<br />

a = é convergente <strong>ou</strong> divergente. Se ela<br />

2n + 5n + 1<br />

Resolução: Dividimos o numerador e o <strong>de</strong>nominador pela maior potência <strong>de</strong> n e usando as<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos limites temos:<br />

lim an =<br />

3<br />

4n + 2n 2<br />

lim<br />

n→∞<br />

2<br />

2n + 5n + 1<br />

− =<br />

lim<br />

⎛ 2 2 ⎞<br />

2 2<br />

⎜ ⎟ lim 4 + lim − lim<br />

⎝ ⎠ n→∞ n→∞ 2 3<br />

=<br />

n n→∞<br />

n<br />

⎛ 2 5 1 ⎞ 2 5 1<br />

⎜ ⎟ lim + lim + lim<br />

⎝ n n n ⎠ n n n<br />

3<br />

n 4 + − 2 3<br />

n n<br />

n→∞<br />

3<br />

n + + 2 3<br />

=<br />

n→∞ n→∞ 2<br />

n→∞<br />

3<br />

=


= 4 + 0 0<br />

− 4<br />

=<br />

0 + 0 + 0 0<br />

Portanto, a sequência<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 56<br />

= ∞<br />

3<br />

4n + 2n 2<br />

n 2<br />

−<br />

a = é divergente.<br />

2n + 5n + 1<br />

ln n<br />

Exemplo 4: Verifique se a sequência a n = é convergente <strong>ou</strong> divergente.<br />

n<br />

Resolução: Note que numerador e <strong>de</strong>nominador se aproximam do infinito quando n<br />

→ ∞ . Não<br />

po<strong>de</strong>mos empregar a Regra <strong>de</strong> L’Hôspital diretamente, porque ela não se aplica a sequências, mas sim<br />

a funções <strong>de</strong> uma variável real. Contudo, po<strong>de</strong>mos usar a Regra <strong>de</strong> L’Hôspital para a função<br />

relacionada f(x) =<br />

ln x<br />

lim<br />

x→∞<br />

x<br />

Portanto,<br />

n→∞<br />

ln x<br />

x<br />

=<br />

x→∞<br />

. Assim, temos:<br />

1<br />

lim x<br />

1<br />

ln n<br />

lim = 0.<br />

n<br />

= 0<br />

1<br />

= 0<br />

Exemplo 5: Determine quando a sequência an = (–1) n é convergente <strong>ou</strong> divergente.<br />

Resolução: Se escrevemos os termos da sequência, obteremos:<br />

{–1, 1, –1, 1, –1, 1, –1, ...}<br />

O gráfico <strong>de</strong>ssa sequência é exibido na figura 7. Como os termos oscilam entre 1 e –1<br />

infinitamente, an não se aproxima <strong>de</strong> número algum. Então, ( ) n<br />

lim 1<br />

{(–1) n } é divergente.<br />

( ) n<br />

−1<br />

Exemplo 6: Avalie lim<br />

n→∞<br />

n<br />

n→∞<br />

Figura 7. Exemplo <strong>de</strong> sequência divergente<br />

se ele existir.<br />

− não existe; isto é, a sequência


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 57<br />

( ) n<br />

−1<br />

Resolução: Temos que lim<br />

n→∞<br />

n<br />

( ) n<br />

−1<br />

Assim, temos que lim<br />

n→∞<br />

n<br />

1<br />

lim = 0.<br />

n<br />

=<br />

n→∞<br />

= 0.<br />

Figura 8. Exemplo <strong>de</strong> sequência convergente<br />

Exemplo 7: Para que valores <strong>de</strong> r a sequência {r n } é convergente?<br />

Resolução: Dada a função exponencial f(x) = a x , sabemos que os gráficos das funções exponenciais<br />

são crescentes quando a > 1 e <strong>de</strong>crescentes quando 0 < a < 1. Portanto, temos que:<br />

e portanto<br />

x<br />

lim a =<br />

x→∞<br />

∞ para a > 1 e<br />

Fazendo a = r, temos:<br />

⎧∞<br />

se r > 1<br />

n<br />

lim r = ⎨<br />

n→∞<br />

0 se 0 < r < 1<br />

É óbvio que<br />

⎩<br />

n<br />

lim1 = 1<br />

n→∞<br />

e<br />

n<br />

lim 0 = 0<br />

n→∞ x<br />

lim a = 0<br />

x→∞<br />

Se –1 < r < 0, então 0 < r < 1, assim:<br />

lim r<br />

n→∞<br />

n<br />

lim r<br />

n→∞<br />

n<br />

=<br />

lim r<br />

n→∞<br />

n<br />

= 0<br />

.<br />

para 0 < a < 1.<br />

= 0. Se r ≤ –1, então {r -n } diverge como no Exemplo 5. A figura 9 mostra os gráficos<br />

para vários valores <strong>de</strong> r. (O caso r = –1 é mostrado na figura 7.)


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 58<br />

Figura 9. A sequência an = r n<br />

Os resultados do Exemplo 7 estão resumidos a seguir:<br />

A sequência {r n } é convergente se –1 < r ≤ 1 e divergente para todos os <strong>ou</strong>tros valores <strong>de</strong> r.<br />

Exercícios<br />

⎧0<br />

se −1<br />

< r < 1<br />

n<br />

lim r = ⎨<br />

n→∞<br />

1 se r = 1<br />

60. O que é uma sequência?<br />

⎩<br />

61. O que significa dizer que lim a n = 8 ?<br />

n→∞<br />

62. O que significa dizer que lim a n = ∞ ?<br />

n→∞<br />

63. O que é uma sequência convergente? Dê dois exemplos.<br />

64. O que é uma sequência divergente? Dê dois exemplos.<br />

65. Liste os cinco primeiros itens das sequências abaixo:<br />

a) ( ) n<br />

a = 1− 0,2<br />

n<br />

b) n<br />

c)<br />

n + 1<br />

a =<br />

3n − 1<br />

( ) n<br />

−<br />

3 1<br />

a n =<br />

n!<br />

d) n<br />

nπ<br />

a =sen<br />

2<br />

e) a1 = 3, an + 1 = 2an – 1<br />

f) a1 = 4, an + 1 =<br />

g) an = 3n – 1<br />

a n<br />

a − 1<br />

n


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 59<br />

66) Encontre uma fórmula para o termo geral an das sequências abaixo, assumindo que o padrão dos<br />

primeiros termos continua.<br />

a)<br />

b)<br />

⎧1 1 1 1 ⎫<br />

⎨ , , , , ... ⎬<br />

⎩2 4 8 16 ⎭<br />

⎧1 1 1 1 ⎫<br />

⎨ , , , , ... ⎬<br />

⎩2 4 6 8 ⎭<br />

c) {2, 7, 12, 17, ...}<br />

d)<br />

⎧ 1 2 3 4 ⎫<br />

⎨− , , − , , ... ⎬<br />

⎩ 4 9 16 25 ⎭<br />

e)<br />

⎧ 2 4 8 ⎫<br />

⎨1, − , , − , ... ⎬<br />

⎩ 3 9 27 ⎭<br />

f) {0, 2, 0, 2, 0, 2, ...}<br />

g) {6, 11, 16, 21, 26, ...}<br />

67) Determine se as sequências abaixo convergem <strong>ou</strong> divergem. Se ela convergir, encontre o limite.<br />

a) a n = n(n − 1)<br />

b)<br />

c)<br />

d)<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

n + 1<br />

3n − 1<br />

3 + 5n<br />

2<br />

n + n<br />

n<br />

1 + n<br />

2<br />

e)<br />

f)<br />

g)<br />

h)<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

2<br />

3<br />

n<br />

n + 1<br />

n<br />

1 + n<br />

⎛ n ⎞<br />

a n = cos⎜<br />

⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

⎛ 2 ⎞<br />

a n = cos⎜<br />

⎟<br />

⎝ n ⎠<br />

i)<br />

j)<br />

k)<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

( − )<br />

( )<br />

⎧⎪ 2n 1 ! ⎫⎪<br />

⎨ ⎬<br />

⎪⎩ 2n + 1 ! ⎪⎭<br />

⎛ 2n − 3 ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ 3n + 7 ⎠<br />

2n − 4n<br />

5 2<br />

7 3<br />

3n + n −10<br />

68) Se R$ 1 000,00 forem investidos a uma taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong> 6%, compostos anualmente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> n<br />

anos, o investimento valerá an = 1 000(1,06) n reais.<br />

a) Encontre os cinco primeiros termos da sequência {an}.<br />

b) A sequência é convergente <strong>ou</strong> divergente? Explique.<br />

⎧ ⎫<br />

69) Calcule o limite da sequência ⎨ 2, 2 2 , 2 2 2 , ... ⎬<br />

⎩ ⎭<br />

4. Funções monótonas crescente e <strong>de</strong>crescente<br />

Uma sequência {an} é <strong>de</strong>nominada crescente se an < an + 1 para todo n ≥ 1, isto é, a1 < a2 < a3 < ...<br />

Uma sequência {an} é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>crescente se an > an + 1 para todo n ≥ 1.<br />

É dita monotônica se for crescente <strong>ou</strong> <strong>de</strong>crescente.<br />

Vejamos alguns exemplos:


Exemplo 1: Verifique se a sequência<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 60<br />

a =<br />

n<br />

3<br />

é <strong>de</strong>crescente.<br />

n + 5<br />

Resolução: Para a sequência ser <strong>de</strong>crescente, <strong>de</strong>vemos ter an > an + 1. Então:<br />

3<br />

n + 5 ><br />

3<br />

n + 5 ><br />

3<br />

(n + 1) + 5<br />

3<br />

n + 6<br />

Multiplicando cruzado vem:<br />

3(n + 6) > 3(n + 5)<br />

3n + 18 > 3n + 15<br />

18 > 15<br />

18 > 15 é verda<strong>de</strong>iro para todo n ≥ 1. Portanto, an > an + 1, e assim {an} é <strong>de</strong>crescente.<br />

n<br />

Exemplo 2: Verifique se a sequência a n = é <strong>de</strong>crescente.<br />

2<br />

n + 1<br />

Resolução: Devemos mostrar que an > an + 1, isto é:<br />

n<br />

n + 1<br />

(n + 1) + 1<br />

2<br />

n + 1 > 2<br />

n<br />

2<br />

n + 1 > 2<br />

n + 1<br />

n + 2n + 2<br />

Essa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é equivalente àquela que obtivemos pela multiplicação cruzada.<br />

n(n 2 + 2n + 2) > (n 2 + 1)(n + 1)<br />

n 3 + 2n 2 + 2n > n 3 + n 2 + n + 1<br />

2n 2 + 2n > n 2 + n + 1<br />

n 2 + n > 1<br />

É óbvio que para todo n ≥ 1, é verda<strong>de</strong>iro para n 2 + n > 1. Portanto, an > an + 1, e assim {an} é<br />

<strong>de</strong>crescente.<br />

Definição:<br />

Se an é monótona crescente, então a sequência é limitada inferiormente pelo seu primeiro<br />

termo. Ou seja, se existir um número m <strong>de</strong> forma que m ≤ an para todo n ≥ 1.<br />

Analogamente, se a sequência for monótona <strong>de</strong>crescente, ela será limitada superiormente.<br />

Ou seja, se existir um número M <strong>de</strong> forma que an ≤ M para todo n ≥ 1.<br />

Se ela for limitada superiormente e inferiormente, então an é uma sequência limitada.


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 61<br />

Teorema da <strong>Sequência</strong> Monotônica: Toda sequência limitada, monotônica, é convergente.<br />

Uma sequência que é crescente e limitada superiormente é convergente. Do mesmo modo, uma<br />

sequência <strong>de</strong>crescente que é limitada inferiormente é convergente. Esse fato é usado muitas vezes para<br />

lidar com séries infinitas, assunto que veremos no 2º semestre.<br />

Exercícios<br />

70) Determine se as sequências abaixo são crescente, <strong>de</strong>crescente <strong>ou</strong> não monotônica.<br />

1<br />

5<br />

a) a = n<br />

b)<br />

c)<br />

d)<br />

e)<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

1<br />

2n + 3<br />

2n − 3<br />

3n + 4<br />

1− e<br />

n<br />

a n =<br />

1 + e<br />

n<br />

n −<br />

e − e<br />

n<br />

a n =<br />

e<br />

n −<br />

+ e<br />

n<br />

71) Verifique se as sequências do exercício são limitadas.<br />

f)<br />

g)<br />

a =<br />

n<br />

a =<br />

n<br />

h) a = 2<br />

i)<br />

n<br />

a = n +<br />

n<br />

2<br />

n + 2n − 3<br />

2n −1<br />

2<br />

3n − 2<br />

2<br />

5n + 1<br />

n<br />

n + 1<br />

72) Suponha que você saiba que an é uma sequência <strong>de</strong>crescente e que todos os termos estão entre os<br />

números 5 e 8. Explique por que a sequência tem um limite. O que você po<strong>de</strong> dizer sobre o valor do<br />

limite?<br />

5. Funções contínuas<br />

O limite <strong>de</strong> uma função quando x ten<strong>de</strong> a a po<strong>de</strong> muitas vezes ser encontrado simplesmente<br />

calculando-se o valor da função em a. As funções com essa proprieda<strong>de</strong> são chamadas contínuas em a.<br />

A <strong>de</strong>finição matemática <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte estreitamente ao significado da palavra<br />

continuida<strong>de</strong> na linguagem do dia-a-dia. (O processo contínuo é aquele que ocorre gradualmente, sem<br />

interrupções <strong>ou</strong> mudanças abruptas.)<br />

Definição 1: Uma função f é contínua em número a se lim f(x)<br />

x→a figura 10)<br />

1<br />

n<br />

= f(a).<br />

Observe que a Definição 1 implicitamente requer três coisas para a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f. (Ver


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 62<br />

1) f(a) está <strong>de</strong>finida (isto é, a está no domínio <strong>de</strong> f)<br />

2)<br />

x→a lim f (x) existe<br />

3)<br />

x→a lim f (x) = f(a)<br />

Figura 10. Continuida<strong>de</strong> no ponto a<br />

A <strong>de</strong>finição diz que f é contínua em a se f(x) ten<strong>de</strong>r a f(a) quando x aproxima-se <strong>de</strong> a. Assim,<br />

uma função contínua f tem a proprieda<strong>de</strong> que uma pequena variação em x produza apenas uma<br />

pequena modificação em f(x). De fato, a alteração em f(x) po<strong>de</strong> ser mantida tão pequena quanto<br />

<strong>de</strong>sejarmos mantendo a variação em x suficientemente pequena.<br />

Se f está <strong>de</strong>finida próximo <strong>de</strong> a (em <strong>ou</strong>tras palavras, f está <strong>de</strong>finida em um intervalo aberto<br />

contendo a, exceto possivelmente em a), dizemos que f é <strong>de</strong>scontínua em a, <strong>ou</strong> que f tem uma<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> em a, se f não é contínua em a.<br />

Os fenômenos físicos são geralmente contínuos. Por exemplo, o <strong>de</strong>slocamento <strong>ou</strong> a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um veículo varia continuamente com o tempo, como a altura das pessoas. Mas a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong><br />

ocorre em situação tal como a corrente elétrica.<br />

Geometricamente, po<strong>de</strong>mos pensar em uma função contínua em todo número <strong>de</strong> um intervalo<br />

como sendo uma função cujo gráfico não se quebra. O gráfico po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senhado sem remover sua<br />

caneta do papel.<br />

Vejamos alguns exemplos:


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 63<br />

Exemplo 1: A figura abaixo mostra o gráfico <strong>de</strong> uma função f. Em quais números f é <strong>de</strong>scontínua? Por<br />

quê?<br />

Resolução: Parece haver uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> quando a = 1, pois aí o gráfico tem um buraco. A razão<br />

reconhecida para f ser <strong>de</strong>scontínua em 1 é que f(1) não está <strong>de</strong>finida.<br />

O gráfico também tem uma quebra em a = 3, mas a razão para a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> é diferente.<br />

Aqui f(3) está <strong>de</strong>finida, mas lim f (x)<br />

x→3 Logo f é <strong>de</strong>scontínua em 3.<br />

não existe (pois o limite esquerdo e o direito são diferentes).<br />

E sobre a = 5? Aqui f(5) está <strong>de</strong>finida, e lim f (x) existe (pois o limite esquerdo e o direito são<br />

x→5 iguais). Mas lim f (x) ≠ f(5). Logo f é <strong>de</strong>scontínua em 5.<br />

x→5 Exemplo 2: On<strong>de</strong> cada uma das seguintes funções é <strong>de</strong>scontínua?<br />

a) f(x) =<br />

2<br />

x − x − 2<br />

x − 2<br />

Resolução: Note que f(2) não está <strong>de</strong>finida; logo, f é <strong>de</strong>scontínua em 2.<br />

⎧ 1<br />

⎪ se x ≠ 0<br />

2<br />

b) f(x) = ⎨ x<br />

⎪<br />

⎩ 1 se x = 0<br />

Resolução: Aqui f(0) = 1 está <strong>de</strong>finida, mas<br />

x→0 lim f (x)<br />

1<br />

lim<br />

x<br />

≠<br />

x→0 2<br />

não existe. Logo f é <strong>de</strong>scontínua em 0.


⎧ − −<br />

⎪<br />

c) f(x) = ⎨ x − 2<br />

⎪<br />

⎩ 1 se x = 2<br />

2<br />

x x 2<br />

se x ≠ 2<br />

Resolução: Aqui f(2) está <strong>de</strong>finida e<br />

2<br />

x − x − 2<br />

lim f (x) ≠ lim<br />

x→2 x→2 x − 2<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 64<br />

= lim<br />

x→2 (x − 2)(x + 1)<br />

x − 2<br />

existe. Porém, lim f (x) ≠ f(2). Logo, f não é contínua em 2.<br />

x→2 = lim(x + 1)<br />

x→2 A figura 11 mostra os gráficos das funções no Exemplo 2. Em cada caso o gráfico não po<strong>de</strong> ser<br />

feito sem levantar a caneta do papel, pois um buraco, uma quebra <strong>ou</strong> pulo ocorrem no gráfico. As<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s ilustradas nas partes (a) e (c) são chamadas removíveis, pois po<strong>de</strong>mos removê-las<br />

re<strong>de</strong>finindo f somente no número 2.<br />

Figura 11. Gráficos das funções do Exemplo 2<br />

Definição 2: Uma função f é contínua à direita em um número a se +<br />

x→a esquerda em a se lim f (x) = f(a).<br />

−<br />

x→a = 3<br />

lim f (x) = f(a) e f é contínua à<br />

Definição 3: Uma função f é contínua em um intervalo se for contínua em todos os números do<br />

intervalo. (Se f for <strong>de</strong>finida somente <strong>de</strong> um lado do extremo do intervalo, enten<strong>de</strong>mos continuida<strong>de</strong> no<br />

extremo como continuida<strong>de</strong> à direita <strong>ou</strong> à esquerda.)


Vejamos um exemplo:<br />

Exemplo 3: Mostre que a função f(x) =<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 65<br />

2<br />

1− 1− x é contínua no intervalo [–1, 1].<br />

Resolução: Se –1 < a < 1, então, usando as proprieda<strong>de</strong>s dos limites, temos:<br />

lim f (x)<br />

x→a lim f (x)<br />

x→a x→a 2<br />

2<br />

= lim ( 1− 1− x ) = lim1− lim ( 1− x )<br />

x→a lim f (x) = f(a)<br />

2<br />

= 1 – lim( 1 x )<br />

x→a − = 1 –<br />

x→a x→a 2<br />

1− a<br />

Assim, pela Definição 1, f é contínua em a se –1 < a < 1. Cálculos análogos mostram que<br />

lim f (x) = 1 = f(–1) e lim f (x) = 1 = f(1)<br />

−<br />

x 1<br />

+<br />

x→−1 →−<br />

logo, f é contínua à direita em –1 e contínua à esquerda em 1. Consequentemente, <strong>de</strong> acordo com a<br />

Definição 3, f é contínua em [–1, 1].<br />

O gráfico <strong>de</strong> f está esboçado na figura 12. É a meta<strong>de</strong> inferior do círculo.<br />

Figura 12. Gráfico da função f(x) = − − 2<br />

1 1 x<br />

Em lugar <strong>de</strong> sempre usar as Definições 1, 2 e 3 para verificar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma função como<br />

feito no Exemplo 3, muitas vezes é conveniente usar o próximo teorema, que mostra como construir as<br />

funções contínuas complicadas a partir das simples.


5.1. Teoremas sobre continuida<strong>de</strong><br />

Teorema 1<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 66<br />

Se f e g forem contínuas em a e se c for uma constante, então as seguintes funções são contínuas,<br />

também, em a:<br />

1) f + g<br />

2) f – g<br />

Teorema 2<br />

3) cf<br />

4) fg<br />

f<br />

5) se g(a) ≠ 0<br />

g<br />

a) Qualquer polinômio é contínuo em toda a parte; <strong>ou</strong> seja, é contínuo em R = ( −∞, ∞ ) .<br />

b) Qualquer função racional é contínua sempre que estiver <strong>de</strong>finida; <strong>ou</strong> seja, é contínua em seu<br />

domínio.<br />

O conhecimento <strong>de</strong> quais funções são contínuas nos capacita a calcular muito rapidamente alguns<br />

limites, como os dos exemplos a seguir.<br />

Exemplo 4: Encontre<br />

x→−2 3 2<br />

x + 2x −1<br />

lim<br />

5 − 3x<br />

Resolução: A função f(x) =<br />

domínio, que é<br />

3 2<br />

x + 2x −1<br />

.<br />

5 − 3x<br />

⎧ 5⎫<br />

⎨x / x ≠ ⎬ . Portanto:<br />

⎩ 3⎭<br />

3 2<br />

x + 2x −1<br />

=<br />

x→−2 x→−2 lim<br />

5 − 3x<br />

x→−2 Teorema 3<br />

3 2<br />

x + 2x −1<br />

lim<br />

5 − 3x<br />

= ( ) ( )<br />

lim f (x) = f(–2)<br />

5 − 3( −2)<br />

3 2<br />

−2 + 2 −2 −1<br />

=<br />

é racional; assim, pelo Teorema 1, é contínua em seu<br />

1<br />

−<br />

11<br />

Os seguintes tipos <strong>de</strong> funções são contínuas em todo o número <strong>de</strong> seus domínios:<br />

polinômio funções racionais funções raízes<br />

funções trigonométricas funções trigonométricas inversas<br />

funções exponenciais funções logarítmicas


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 67<br />

ln x + arc tg x<br />

Exemplo 5: On<strong>de</strong> a função f(x) = 2<br />

x −1<br />

é contínua?<br />

Resolução: Sabemos do Teorema 3 que a função y = ln x é contínua para x > 0 e que y = arc tg x é<br />

contínua em R. Assim, pela parte 1 do Teorema 1, y = ln x + arc tg x é contínua em ( 0, ∞ ) . O<br />

<strong>de</strong>nominador y = x 2 – 1 é um polinômio, portanto é contínuo sempre. Assim, pela parte 5 do Teorema<br />

1, f é contínua em todos os números positivos x, exceto on<strong>de</strong> x 2 – 1 = 0. Logo, f é contínua nos<br />

intervalos abertos ( 0, 1 ) e ( 1, ∞ ) .<br />

Exercícios<br />

73) Prove que f(x) = x 2 é contínua em x = 2.<br />

74) A função f(x) =<br />

4 3 2<br />

2x − 6x + x + 3<br />

x −1<br />

é contínua em x = 1?<br />

75) Prove que f(x) = 2x 3 + x é contínua em todo ponto x = x0.<br />

76) Para que valores <strong>de</strong> x no domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição é contínua a função:<br />

x<br />

a) f(x) = 2<br />

x − 1<br />

d) f(x) = 10<br />

g) f(x) =<br />

−1<br />

2<br />

(x −3)<br />

⎧ x − x<br />

⎪ , se x < 0<br />

⎨ x<br />

⎪<br />

⎩ 2 , se x = 0<br />

b) f(x) =<br />

e) f(x) =<br />

1 + cos x<br />

3 + sen x c) f(x) = 1<br />

4 10 + x<br />

−1<br />

⎧<br />

2 ⎪ (x −3)<br />

⎨<br />

10 , se x ≠ 3<br />

⎪⎩ 0 , se x = 3<br />

h) f(x) = x cossec x =<br />

f) f(x) =<br />

x<br />

sen x<br />

x − x<br />

77) Escreva uma equação que expresse o fato <strong>de</strong> que uma função f é contínua no número 4.<br />

78) Se f é contínua em ( −∞, ∞ ) , o que você po<strong>de</strong> dizer sobre seu gráfico?<br />

79) Esboce o gráfico <strong>de</strong> uma função que é contínua em toda a parte, exceto em x = 3 e é contínua à<br />

esquerda em 3.<br />

80) Um estacionamento cobra R$ 3,00 pela primeira hora, <strong>ou</strong> parte <strong>de</strong>la, e R$ 2,00 por hora sucessiva,<br />

<strong>ou</strong> parte, até o máximo <strong>de</strong> R$ 10,00.<br />

a) Esboce o gráfico do custo do estacionamento como uma função do tempo <strong>de</strong>corrido.<br />

b) Discuta as <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s da função e sua significância para alguém que use o estacionamento.<br />

81) Se f e g forem funções contínuas, com f(3) = 5 e lim[ 2 f (x) − g(x) ] = 4, <strong>de</strong>termine g(3).<br />

x→3 x


82) Seja o gráfico abaixo:<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 68<br />

a) Estabeleça os números nos quais f é <strong>de</strong>scontínua e explique por quê.<br />

b) Para cada um dos números estabelecidos no item a, <strong>de</strong>termine se f é contínua à direita <strong>ou</strong> à<br />

esquerda, <strong>ou</strong> nenhum <strong>de</strong>les.<br />

83) Explique por que a função é <strong>de</strong>scontínua no número dado. Faça o esboço do gráfico da função.<br />

a) f(x) = ln x − 2 a = 2<br />

b) f(x) =<br />

⎧⎪<br />

⎨<br />

⎪⎩<br />

x<br />

e , se x < 0<br />

2<br />

x , se x ≥ 0<br />

a = 0<br />

2<br />

⎧ x − x −12<br />

⎪ , se x ≠ −3<br />

c) f(x) = ⎨ x + 3<br />

⎪<br />

⎩ − 5 , se x = −3<br />

a = –3<br />

84) Para quais valores da constante c a função f(x) =<br />

⎧⎪<br />

⎨<br />

⎪⎩<br />

2<br />

cx + 2x, se x < 2<br />

3<br />

x − cx, se x ≥ 2<br />

é contínua em ( −∞, ∞ ) ?<br />

85) Quais as seguintes funções f têm uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> removível em a? Se a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> for<br />

removível, encontre uma função g que é igual a f para x ≠ a e é contínua em R.<br />

a) f(x) =<br />

b) f(x) =<br />

c) f(x) =<br />

d) f(x) =<br />

2<br />

x 2x 8<br />

− −<br />

, a = –2<br />

x + 2<br />

x − 7<br />

, a = 7<br />

x − 7<br />

3<br />

x + 64<br />

, a = –4<br />

x + 4<br />

3− x<br />

, a = 9<br />

9 − x


6. Teorema <strong>de</strong> Bolzano<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 69<br />

Seja uma função f(x) contínua em um intervalo [a, b], tal que, f(a) . f(b) < 0. Então a função f(x)<br />

possui pelo menos uma raiz no intervalo [a, b].<br />

Po<strong>de</strong>mos enunciar também: Se f for contínua no intervalo fechado [a, b] e se f(a) e f(b) tiverem<br />

sinais contrários, então existirá pelo menos um c em [a, b] tal que f(c) = 0.<br />

Po<strong>de</strong>mos verificar este teorema graficamente:<br />

Figura 13. Teorema do Anulamento<br />

Pesquisar as raízes reais <strong>de</strong> uma equação polinomial P(x) = 0 é localizar (on<strong>de</strong>? quantos?) os<br />

pontos em que o gráfico cartesiano da função y = P(x) intercepta o eixo das abscissas (y = 0).<br />

seguinte:<br />

Assim, o teorema <strong>de</strong> Bolzano comporta uma interpretação geométrica baseada, em resumo, no<br />

a) sinal <strong>de</strong> P(a) ≠ sinal <strong>de</strong> P(b) → número ímpar <strong>de</strong> raízes<br />

Figura 14. Teorema do Anulamento


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 70<br />

b) sinal <strong>de</strong> P(a) = sinal <strong>de</strong> P(b) → número par <strong>de</strong> raízes<br />

Figura 15. Teorema do Anulamento<br />

Exemplo 1: Seja a função f(x) = x i ln(x) – 3,2. Po<strong>de</strong>mos calcular o valor <strong>de</strong> f(x) para valores<br />

arbitrários <strong>de</strong> x, como mostrado na tabela abaixo:<br />

x 1 2 3 4<br />

f(x) –3,20 –1,81 0,10 2,36<br />

Resolução:<br />

Pelo teorema <strong>de</strong> Bolzano, concluímos que existe pelo menos uma raiz real no intervalo [2, 3].<br />

Exemplo 2: Verifique que o polinômio P(x) = x 4 – 3x – 1 admite uma raiz real no intervalo [1, 2].<br />

Resolução: Temos que f(1) = 1 4 – 3 i 1 – 1 = 1 – 3 – 1 = –3 e f(2) = 2 4 – 3 i 2 – 1 = 16 – 6 – 1 = 10.<br />

Pelo teorema <strong>de</strong> Bolzano, concluímos que existe pelo menos uma raiz no intervalo [1, 2], pois<br />

f(1) i f(2) < 0.<br />

Exercícios<br />

86) Dada a função polinomial f(x) = x 3 + 2x + 1, será possível f(x) = 0 em [–1, 4]?<br />

87) Determine o valor <strong>de</strong> a <strong>de</strong> modo que a equação x 3 + x 2 + 5x + a = 0, tenha ao menos uma raiz no<br />

intervalo [–2, 0].<br />

88) Mostre que no intervalo<br />

⎡ π ⎤<br />

⎢<br />

0,<br />

⎣ 2 ⎥<br />

existe, pelo menos, uma raiz da equação cos x − 5 sen x = 0.<br />


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 71<br />

89) A função dada por y = 1<br />

x , em R* , possui f(–1) = –1 < 0 e f(1) = 1 > 0, mas não possui raiz entre –1<br />

e 1. Por que “falh<strong>ou</strong>” o teorema <strong>de</strong> Bolzano?<br />

90) Determine o valor <strong>de</strong> a <strong>de</strong> modo que a equação x 3 + x 2 + 5x + a = 0, tenha ao menos uma raiz no<br />

intervalo [–3, –1].<br />

91) Justifique que a função f(x) = cos<br />

e <strong>ou</strong>tra no intervalo [0, 1].<br />

π(x + 1)<br />

8<br />

+ 0,148x – 0,9062 possui uma raiz no intervalo [−1, 0]<br />

92) Justifique que a equação 4x − e x = 0 possui uma raiz no intervalo [0, 1] e <strong>ou</strong>tra no intervalo [2, 3].<br />

93) Dada a função polinomial f(x) = x 3 + 2x + 1, será possível f(x) = 0 em [–1, 4]?<br />

94) Quais as seguintes funções f têm uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> removível em a? Se a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> for<br />

removível, encontre uma função g que é igual a f para x ≠ a e é contínua em R.<br />

x − 2<br />

a) f(x) = , a = 2<br />

x − 2<br />

x + 4<br />

b) f(x) = , a = –4<br />

x + 4<br />

2<br />

2x − 3x<br />

c) f(x) = , a = 9<br />

2x − 3<br />

7. Teorema do Valor Intermediário<br />

Se f for contínua em [a, b] e se γ for um rela compreendido entre f(a) e f(b), então existirá pelos<br />

menos um c em [a, b] tal que f(c) tal que f(c) = γ.<br />

Figura 16. Teorema do Valor Intermediário<br />

Observe que o teorema do anulamento é um caso particular do teorema do valor intermediário.


8. Teorema <strong>de</strong> Weierstrass<br />

em [a, b].<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 72<br />

Se f for contínua em [a, b], então existirão x1 e x2 em [a, b] tais que f(x1) ≤ f(x) ≤ f(x2) para todo x<br />

Figura 17. Teorema <strong>de</strong> Weierstrass<br />

O teorema <strong>de</strong> Weierstrass nos conta que, se f for contínua em [a, b], então existirão x1 e x2 em [a,<br />

b] tais que f(x1) é o valor mínimo <strong>de</strong> f em [a, b] e f(x2) o valor máximo <strong>de</strong> f em [a, b].<br />

Ou <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tra forma: se f for contínua em [a, b], então f assumirá em [a, b] valor máximo e valor<br />

mínimo. Chamamos sua atenção para o fato <strong>de</strong> a hipótese <strong>de</strong> f ser contínua no intervalo fechado [a, b]<br />

ser indispensável; por exemplo, f(x) = 1<br />

, x ∈]0, 1], é contínua em ]0, 1] mas não assume, neste, valor<br />

x<br />

máximo.


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 73<br />

Respostas<br />

Capítulo <strong>III</strong><br />

<strong>Sequência</strong> <strong>ou</strong> <strong>sucessão</strong> <strong>numérica</strong><br />

60. Uma sequência é uma lista or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> números. Po<strong>de</strong> também ser <strong>de</strong>finida como uma função cujo<br />

domínio é o conjunto dos inteiros positivos. O contradomínio <strong>de</strong> uma sequência será consi<strong>de</strong>rado o<br />

conjunto dos números reais, <strong>ou</strong> seja, f : N* → R.<br />

A cada número inteiro positivo “n” correspon<strong>de</strong> um número real f(n).<br />

n → f(n) / a1 = f(1) ; a2 = f(2) ; a3 = f(3) ; ... ; an = f(n)<br />

Ou seja, um conjunto <strong>de</strong> números que obe<strong>de</strong>cem a uma lei <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong> modo que a passagem<br />

ao seu sucessor imediato se faça segundo a mesma lei.<br />

61. Significa que os elementos da sequência se aproximam <strong>de</strong> modo regular para o valor 8, <strong>de</strong> modo<br />

fixo, sem contudo atingí-lo.<br />

62. Significa que os elementos da sequência vão crescendo ilimitadamente, não se aproximando <strong>de</strong> um<br />

valor fixo.<br />

63. Se, quando n cresce, an se torna cada vez mais próximo <strong>de</strong> um número real L, diz-se que a<br />

sequência {an} tem limite L (<strong>ou</strong> converge para L) e se escreve: lim a n = L.<br />

Exemplos: an =<br />

⎛ 1 ⎞<br />

log ⎜1 + ⎟<br />

⎝ n ⎠ e an<br />

n<br />

= n<br />

2 .<br />

64. O que é uma sequência divergente? Dê dois exemplos.<br />

<strong>Sequência</strong> divergente é quando os elementos crescem in<strong>de</strong>finidamente, sem se aproximar <strong>de</strong> um<br />

valor, não existindo um limite.<br />

Exemplos: an = (–1) n e an = (–1) n i 2 n .<br />

65a) a1 = 0,8, a2 = 0,96, a3 = 0,992, a4 = 0,9994, a5 = 0,99968<br />

b) a1 = 1, a2 = 3<br />

5 , a3 = 1<br />

2 , a4 = 5<br />

11 , a5 = 6<br />

17<br />

c) a1 = –3, a2 = 3<br />

2 , a3 = 1<br />

− , a4 =<br />

2<br />

1<br />

8 , a5 =<br />

d) a1 = 1, a2 = 0, a3 = –1, a4 = 0, a5 = 1<br />

e) a1 = 3, a2 = 5, a3 = 9, a4 = 17, a5 = 33<br />

1<br />

−<br />

60<br />

x →∞


f) a1 = 4, a2 = 4<br />

3 , a3 = 4, a4 = 3<br />

2 , a5 = 3<br />

g) a1 = 2, a2 = 5, a3 = 8, a4 = 11, a5 = 14<br />

1<br />

2<br />

66a) a = n<br />

n<br />

1<br />

b) a n =<br />

2n<br />

c) a n = 5n − 3<br />

67a) Diverge<br />

b) Converge para 1<br />

3<br />

c) Converge para 5<br />

d) Converge para 1<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 74<br />

d)<br />

a n = ( 1)<br />

n<br />

− i<br />

n<br />

(n + 1)<br />

n−1 n−1 ⎛ 2 ⎞<br />

− i ⎜ ⎟<br />

e) a n = ( 1)<br />

⎝ 3 ⎠<br />

n n<br />

f) a n = ( − 1) + (+1)<br />

e) Converge para 0<br />

f) Diverge<br />

68a) 1060; 1123,60; 1191,02; 1262,48; 1338,23<br />

g) Diverge, entre –1 e 1<br />

h) Converge para 1<br />

i) Converge para 0<br />

b) Diverge, pois temos uma função exponencial <strong>de</strong> razão r = 1,06 > 1.<br />

69) 2<br />

70a) Decrescente<br />

b) Decrescente<br />

c) Crescente<br />

71a) Sim<br />

b) Sim<br />

c) Sim<br />

d) Sim<br />

d) Crescente<br />

e) Decrescente<br />

f) Decrescente<br />

e) Sim<br />

f) Não<br />

2<br />

g) Sim<br />

h) Sim<br />

g) a = 5n + 1<br />

n<br />

j) Converge para 2<br />

3<br />

k) Converge para 0<br />

g) Decrescente<br />

h) Decrescente<br />

i) Crescente<br />

i) Não<br />

72) Como {an} é uma sequência <strong>de</strong>crescente, temos que an > an + 1 para todo n ≥ 1. Como todos<br />

os termos variam entre 5 e 8, {an}, é uma sequência limitada. Pelo teorema da <strong>Sequência</strong><br />

Monotônica Limitada, {an} é convergente; isto é, {an} tem um limite L. L <strong>de</strong>ve ser menor do<br />

que 8, então {an} é <strong>de</strong>crescente. Então, 5 ≤ L < 8.<br />

73) Temos que<br />

x→2 lim f (x) = f(2) = 4, logo f(x) é contínua em x = 2.<br />

74) f(1) não existe, <strong>de</strong> modo que f(x) não é contínua. Definindo f(x) <strong>de</strong> modo que f(1) = lim f (x) = –8,<br />

x→1 se torna contínua em x = 1, isto é, x = 1 é uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> removível.


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 75<br />

75) Como f(x) = x é contínua para qualquer ponto x = x0, também o serão f(x) = x i x = x 2 ,<br />

f(x) = x 2 i x = x 3 , f(x) = 2x 3 e, finalmente, f(x) = 2x 3 + x é contínua para qualquer ponto x = x0, pois a<br />

soma e produto <strong>de</strong> funções contínuas também são funções contínuas.<br />

76a) Para todo x exceto x = ± 1 (em que o <strong>de</strong>nominador é zero)<br />

b) Para todo x<br />

c) Para todo x > –10<br />

d) Para todo x ≠ 3<br />

e) Para todo x, pois lim f (x) = f(3)<br />

x→3 f) Para todo x, exceto x = 0<br />

g) Para todo x ≤ 0<br />

h) Para todo x, exceto x = ± π , ± 2π , ± 3π , ...<br />

77)<br />

x→4 lim f (x) = f(4)<br />

78) O gráfico não tem buraco, pulo <strong>ou</strong> assíntota vertical.<br />

79) O gráfico <strong>de</strong> y = f(x) <strong>de</strong>ve ter uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> em 3 e <strong>de</strong>ve ter −<br />

x→3 lim f (x) = f(3).


80a)<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 76<br />

b) É <strong>de</strong>scontínua em t = 1, 2, 3 e 4. A pessoa que <strong>de</strong>ixar seu carro no estacionamento <strong>de</strong>verá saber<br />

que o valor cobrado mudará no começo <strong>de</strong> cada hora.<br />

81) 6<br />

82a) f(–4) não está <strong>de</strong>finido e lim f (x) (para a = –2, 2 e 4) não existe.<br />

x→a b) –4, nenhum dos dois; –2, à esquerda; 2, à direita.<br />

83a) f(2) não está <strong>de</strong>finido


lim f (x) não existe<br />

b)<br />

x→0 c)<br />

x→−3 84) 2<br />

3<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 77<br />

lim f (x) ≠ f(–3), pois lim f (x) = –7 e f(–3) = –5.<br />

x→−3 2<br />

⎧ x − 2x − 8<br />

⎪ , se x ≠ −2<br />

85a) g(x) = ⎨ x + 2<br />

⎪<br />

⎩ − 6 , se x = − 2<br />

b) A <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> não é removível, pois lim f (x) = 1 e lim f (x) = –1.<br />

+<br />

−<br />

x→7 x→7


6<br />

⎧ x + 64<br />

⎪ , se x ≠ −4<br />

c) g(x) = ⎨ x + 4<br />

⎪<br />

⎩ 16 , se x = − 4<br />

d) g(x) =<br />

⎧3 − x<br />

⎪ , se x ≠ 9<br />

⎪ 9 − x<br />

⎨<br />

⎪ 1<br />

, se x = 9<br />

⎪⎩ 6<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 78<br />

86) f(–1) = –2 e f(4) = 73. Pelo teorema <strong>de</strong> Bolzano, temos que f(–1) i f(4) < 0. Logo existe, pelo<br />

menos, uma raiz entre [–1, 4].<br />

87) 0 < a < 14<br />

⎛ π ⎞<br />

⎛ π ⎞<br />

⎡ π ⎤<br />

88) f(0) = 1 e f ⎜ ⎟ = –5. Como f(0) i f ⎜ ⎟ < 0, há pelo menos 1 raiz em 0,<br />

⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠<br />

⎢<br />

⎣ 2 ⎥<br />

⎦ .<br />

89) Por que a função não é contínua em [–1, 1].<br />

90) 5 < a < 33<br />

91) O teorema <strong>de</strong> Bolzano é satisfeito, pois f(–1) i f(0) < 0 e f(0) i f(1) < 0.<br />

92) Pelo teorema <strong>de</strong> Bolzano, temos que f(0) i f(–1) < 0 e f(2) i f(3) < 0. Portanto, a equação possui<br />

raízes nos intervalos dados.<br />

93) Sim, pois temos f(–1) i f(4) < 0, satisfazendo o teorema do anulamento.<br />

94a) A <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> não é removível, pois lim f (x) = 1 e lim f (x) = –1.<br />

+<br />

−<br />

x→2 x→2 b) A <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> não é removível, pois lim f (x) = 1 e lim f (x) = –1.<br />

+<br />

−<br />

x→−4 x→4 c) A <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> não é removível, pois lim f (x) = +<br />

x→3/ 2<br />

3<br />

2 1 e lim f (x) = −<br />

x→3/ 2<br />

3<br />

− .<br />

2


Bibliografia<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 79<br />

AVILA, G. Análise <strong>Matemática</strong> para licenciatura. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2006.<br />

DANTE, L. R. <strong>Matemática</strong>: Conceitos & Aplicações. 3 ed. São Paulo: Ática, 2004.<br />

GUIDORIZZI, H. L. Curso <strong>de</strong> Cálculo. vol. 2. Rio <strong>de</strong> Janeiro: 2001<br />

FERREIRA, J. A construção dos números. 1 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: SBM, 2010.<br />

FIGUEREIDO, D. G. Números Irracionais e Transcen<strong>de</strong>ntes. 3 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: SBM, 2010.<br />

HOFFMANN, L. D.; BRADLEY, G. L. Cálculo: um curso mo<strong>de</strong>rno e suas aplicações. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, LTC, 2002<br />

LIMA, E. L. Curso <strong>de</strong> Análise. vol. I. São Paulo: IMPA, 2001<br />

LOUREIRO, C.; PERES, E. e GARCIA, M. A Contribuição da Análise <strong>Matemática</strong> na Formação<br />

<strong>de</strong> Professores.<br />

NAME, M. A. Tempo <strong>de</strong> <strong>Matemática</strong>. s.e. São Paulo: Editora do Brasil, 1996.<br />

SPIEGEL, M. R. Cálculo Avançado. 3 ed. São Paulo: McGraw Hill, 1974.<br />

STEWART, J. Cálculo. vol. I. 5 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.<br />

STEWART, J. Cálculo. vol. II. 5 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.<br />

THOMAS, G. B. Cálculo. vol. I São Paulo, Pearson, 2005.


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 80<br />

Anexo 1<br />

O valor <strong>de</strong> π<br />

A primeira referência ao valor <strong>de</strong> π (pi) aparece na Bíblia, no Primeiro Livro dos Reis, 7,<br />

versículo 23: “Fez mais o mar <strong>de</strong> fundição, <strong>de</strong> <strong>de</strong>z côvados, <strong>de</strong> uma borda até à <strong>ou</strong>tra borda, redondo<br />

ao redor, e <strong>de</strong> cinco côvados ao alto; e um cordão <strong>de</strong> trinta côvados o cingia, em redor.” Aqui, o<br />

valor <strong>de</strong> π é 3, bastante inexacto, portanto.<br />

Des<strong>de</strong> sempre, este número mágico <strong>de</strong>spert<strong>ou</strong> a atenção dos estudiosos. Os historiadores<br />

calculam que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000 a.C., os homens têm consciência <strong>de</strong> que a razão entre a circunferência e o<br />

seu diâmetro é igual para todos os círculos. Deram conta que, se duplicarem a distância através <strong>de</strong> um<br />

círculo, então também a distância em volta <strong>de</strong>le é igual ao dobro. Em notação algébrica, diremos que<br />

π = circunferência<br />

diâmetro<br />

em que o valor <strong>de</strong> π é constante. Note-se que o nome “pi”, usando a letra grega, só foi introduzido em<br />

1706 por William Jones (1675-1749).<br />

O valor exato <strong>de</strong> π <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo <strong>de</strong>spert<strong>ou</strong> o interesse dos matemáticos. Arquime<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Siracusa<br />

(287-212 a.C.) cheg<strong>ou</strong> ao valor <strong>de</strong> 22<br />

7<br />

<strong>ou</strong> seja 3,142857…<br />

Só no século XV<strong>III</strong> é que se prov<strong>ou</strong> que π é um número irracional, isto é que não po<strong>de</strong> ser<br />

expresso como uma fração, própria <strong>ou</strong> imprópria. Em termos práticos, isso significa que o número <strong>de</strong><br />

casas <strong>de</strong>cimais que π po<strong>de</strong> ter é infinito.<br />

No século XIX, <strong>de</strong>monstr<strong>ou</strong>-se que π é um número transcen<strong>de</strong>ntal, isto é, não po<strong>de</strong> ser expresso<br />

por uma equação algébrica com coeficientes racionais.<br />

Como corolário, <strong>de</strong>ve dizer-se que é impossível fazer a “quadratura do círculo”, isto é, <strong>de</strong>senhar<br />

um quadrado com o mesmo perímetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado círculo.<br />

Po<strong>de</strong>m apreciar-se na tabela a seguir os progressos feitos no cálculo do valor <strong>de</strong> π. Só no século<br />

XX, nos anos 50, é que se começaram a utilizar computadores para o cálculo das casas <strong>de</strong>cimais <strong>de</strong> π.<br />

Os valores <strong>de</strong> π através dos séculos<br />

Pessoas/Povo Ano Valor<br />

Babilônia ~2000 B.C. 3 1<br />

8<br />

Egípcios ~2000 B.C.<br />

⎛16 ⎞<br />

⎜ ⎟ = 3,1605<br />

⎝ 9 ⎠<br />

Chineses ~1200 B.C. 3<br />

2


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 81<br />

Antigo Testamento ~550 B.C. 3<br />

Arquime<strong>de</strong>s ~300 B.C.<br />

Ptolomeu ~200 A.D.<br />

encontra 3 10 1<br />

< π < 3<br />

71 7<br />

211 875<br />

usa = 3,14163<br />

67 441<br />

377<br />

= 3,14166...<br />

120<br />

Chung Huing ~300 A.D. 10 = 3,16...<br />

Wang Fau 263 A.D.<br />

157<br />

= 3,14<br />

50<br />

Tsu Chung-Chi ~500 A.D. 3,1415926 < π < 3,1415929<br />

Aryabhatta ~500 3,1416<br />

Brahmagupta ~600 10<br />

Al-Khwarizmi 820 3,1416<br />

Fibonacci 1220 3,141818<br />

Ludolph van Ceulen 1596<br />

Calcula π<br />

<strong>de</strong>cimais<br />

até 35 casas<br />

Machin 1706 100 casas <strong>de</strong>cimais<br />

Lambert 1766 Prova que π é irracional<br />

Richter 1855 500 casas <strong>de</strong>cimais<br />

Lin<strong>de</strong>man 1882 Prova que π é transcen<strong>de</strong>ntal<br />

Ferguson 1947 808 casas <strong>de</strong>cimais<br />

Computador<br />

Pegasus<br />

1957 7 840 casas <strong>de</strong>cimais<br />

IBM 7090 1961 100 000 casas <strong>de</strong>cimais<br />

CDC 6600 1967 500 000 casas <strong>de</strong>cimais<br />

Eis algumas das fórmulas utilizadas para calcular o valor <strong>de</strong> π em computador:<br />

François Viète (1540-1603) <strong>de</strong>termin<strong>ou</strong> que:<br />

π =<br />

2<br />

1 1 1 1 1 1 1 1<br />

i + i + + i ...<br />

2 2 2 2 2 2 2 2<br />

John Wallis (1616-1703) mostr<strong>ou</strong> que:<br />

π =<br />

2i2i4i4i6i6... 2<br />

1i3i3i5i5i7... Euler (1707-1783) construiu esta fórmula:<br />

2 ∞ π 1<br />

∑<br />

=<br />

6 n<br />

1<br />

2


Observações:<br />

Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 82<br />

1 - Abu Ja'far Muhammad ibn Musa Al-Khwarizmi, matemático árabe nascido em Bagdad, por volta<br />

<strong>de</strong> 780, faleceu em 850. Do seu nome <strong>de</strong>rivam as palavras "algarismo" em português e "guarismo" em<br />

castelhano (guardamos sempre o artigo árabe nas palavras <strong>de</strong>rivadas daquela língua). Para além disso,<br />

escreveu um livro chamado "al-Kitab al-mukhtasar fi hisab al-jabr wa'l-muqabala" (traduzido para<br />

inglês com o título "The Compendi<strong>ou</strong>s Book on Calculation by Completion and Balancing”. De Al<br />

jabr, vem o nome Álgebra. Mais: sabe-se que Al-Khwarizmi escreveu um livro que <strong>de</strong>sapareceu, mas<br />

<strong>de</strong> que cheg<strong>ou</strong> até nós uma tradução latina com o título "Algoritmi <strong>de</strong> numero Indorum", <strong>ou</strong> seja, "Al-<br />

Khwarizmi sobre o modo Hindu <strong>de</strong> contar" e do nome latino que ali lhe <strong>de</strong>ram <strong>de</strong>riv<strong>ou</strong> o termo<br />

“algoritmo”.<br />

2 – Um número irracional é aquele que não po<strong>de</strong> ser expresso como uma fração (própria <strong>ou</strong> imprópria).<br />

Fração própria é a que tem o numerador inferior ao <strong>de</strong>nominador. Fração imprópria é aquela em que o<br />

numerador é maior <strong>ou</strong> igual ao <strong>de</strong>nominador. O numerador e o <strong>de</strong>nominador são, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

inteiros. Um número primo é um número maior do que 1, que não é divisível por nenhum número<br />

inteiro positivo, que não seja 1 <strong>ou</strong> o próprio número. Um número composto é um número inteiro<br />

positivo diferente <strong>de</strong> 1 e que não é número primo.<br />

3 – Os números transcen<strong>de</strong>ntais não po<strong>de</strong>m ser expressos como sendo a raiz <strong>de</strong> uma qualquer equação<br />

algébrica, com coeficientes racionais. Isto significa que π não po<strong>de</strong> satisfazer com exatidão equações<br />

do tipo 10,9π 4 – 240π² + 1492 = 0. Este tipo <strong>de</strong> equações envolve sempre números inteiros para o valor<br />

<strong>de</strong> π. O número π po<strong>de</strong> ser expresso através <strong>de</strong> uma fracção que não tem fim <strong>ou</strong> como o limite <strong>de</strong> uma<br />

série infinita. A fração 355<br />

113<br />

exprime o valor <strong>de</strong> π com exatidão até seis casas <strong>de</strong>cimais.<br />

Em 1882, o matemático alemão F. Lin<strong>de</strong>mann prov<strong>ou</strong> que π é transcen<strong>de</strong>ntal, acabando com<br />

2500 anos <strong>de</strong> especulação. Com efeito, prov<strong>ou</strong> que π transcen<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> a álgebra o representar na<br />

sua totalida<strong>de</strong>. Não po<strong>de</strong> ser representado através <strong>de</strong> qualquer série finita <strong>de</strong> operações aritméticas <strong>ou</strong><br />

algébricas. Não po<strong>de</strong> ser escrito num pedaço <strong>de</strong> papel tão gran<strong>de</strong> como o universo.<br />

Site consultado<br />

http://www.arlindo-correia.com/040901.html acessado em julho <strong>de</strong> 2008


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 83<br />

Anexo 2<br />

O número e, por quê?<br />

A noção <strong>de</strong> logaritmo quase sempre nos é apresentada, pela primeira vez, do seguinte modo: “o<br />

logaritmo <strong>de</strong> um número y na base a é o expoente x tal que a x = y”.<br />

Segue-se a observação: “os números mais frequentemente usados como base <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

logaritmos são 10, e o número e = 2,71828182...”; o que nos <strong>de</strong>ixa intrigados.<br />

De saída, uma pergunta ingênua: esta regularida<strong>de</strong> na sequência dos algarismos <strong>de</strong>cimais <strong>de</strong>sse<br />

número e persiste? Não. Apenas uma coincidência no começo. Um valor mais preciso seria e =<br />

2,718281828459...<br />

Não se trata <strong>de</strong> uma fração <strong>de</strong>cimal periódica. O número e é irracional, isto é, não po<strong>de</strong> ser obtido<br />

como quociente e = p/q <strong>de</strong> dois inteiros. Mais ainda: é um irracional transcen<strong>de</strong>nte. Isto significa que<br />

não existe um polinômio P(x) com coeficiente inteiros, que se anule para x = e, <strong>ou</strong> seja, que tenha e<br />

como raiz.<br />

Por que então a escolha <strong>de</strong> um número tão estranho como base <strong>de</strong> logaritmos? O que faz esse<br />

número tão importante? Talvez a resposta mais concisa seja que o número e é importante porque é<br />

inevitável. Surge espontaneamente em várias questões básicas.<br />

Uma das razões pelas quais a <strong>Matemática</strong> é útil às Ciências em geral está no Cálculo (Diferencial<br />

e Integral), que estuda a variação das gran<strong>de</strong>zas. Um tipo <strong>de</strong> variação dos mais simples e comumente<br />

encontrados é aquele em que o crescimento (<strong>ou</strong> <strong>de</strong>crescimento) da gran<strong>de</strong>za em cada instante é<br />

proporcional ao valor da gran<strong>de</strong>za naquele instante. Este tipo <strong>de</strong> variação ocorre, por exemplo, em<br />

questões <strong>de</strong> juros, crescimento populacional (<strong>de</strong> pessoas <strong>ou</strong> bactérias), <strong>de</strong>sintegração radioativa, etc.<br />

Em todos os fenômenos <strong>de</strong>ssa natureza, o número e aparece <strong>de</strong> modo natural e insubstituível. Vejamos<br />

um exemplo simples.<br />

Suponhamos que eu empreste a alguém a quantia <strong>de</strong> 1real a juros <strong>de</strong> 100% ao ano. No final do<br />

ano, essa pessoa viria pagar-me e traria 2 reais: 1 que tomara emprestado e 1 dos juros. Isto seria justo?<br />

Não. O justo seria que eu recebesse e reais. Vejamos por que. Há um entendimento tácito nessas<br />

transações, <strong>de</strong> que os juros são proporcionais ao capital emprestado e ao tempo <strong>de</strong>corrido entre o<br />

empréstimo e o pagamento.<br />

Assim, se meu cliente viesse me pagar seis meses <strong>de</strong>pois do empréstimo, eu receberia apenas 1<br />

1 2<br />

reais. Mas isto quer dizer que, naquela ocasião, ele estava com 1 ½ real meu e fic<strong>ou</strong> com esse dinheiro<br />

mais seis meses, à taxa <strong>de</strong> 100% ao ano; logo <strong>de</strong>veria pagar-me


Professores Cícero, Carlos, Conrad e Ubiratan – Uniban 2011 84<br />

2<br />

1 1 ⎛ 1 ⎞ 1 1 ⎛ 1 ⎞<br />

1 + ⎜1 ⎟ = 1 x 1 = ⎜1 + ⎟ reais no fim do ano. Isto me daria 2,25 reais, mas, mesmo assim,<br />

2 2 ⎝ 2 ⎠ 2 2 ⎝ 2 ⎠<br />

eu não acharia justo.<br />

período <strong>de</strong><br />

1 ano<br />

n<br />

Eu po<strong>de</strong>ria dividir o ano num número arbitrário n, <strong>de</strong> partes iguais. Transcorrido o primeiro<br />

1 ano<br />

n<br />

, eu estaria<br />

, meu capital emprestado estaria valendo<br />

⎛ 1 ⎞<br />

⎜1 + ⎟<br />

⎝ n ⎠<br />

2<br />

1<br />

1 + n reais. No fim do segundo período <strong>de</strong><br />

⎛ 1 ⎞<br />

reais, e assim por diante. No fim do ano eu <strong>de</strong>veria receber ⎜1 + ⎟<br />

⎝ n ⎠ reais.<br />

Mas, como posso fazer esse raciocínio para todo n, segue-se que o justo e exato valor que eu <strong>de</strong>veria<br />

⎛ 1 ⎞<br />

receber pelo meu real emprestado seria lim ⎜1 + ⎟ , que apren<strong>de</strong>mos nos cursos <strong>de</strong> Cálculo ser igual<br />

n→∞ ⎝ n ⎠<br />

ao número e. Um <strong>ou</strong>tro exemplo no qual o número e aparece.<br />

n<br />

Fonte: Adaptado do artigo <strong>de</strong> Elon Lages Lima<br />

n

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!